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Autor: Prof. Livaldo dos Santos Colaboradores: Prof. Rodrigo Marchesin Oliveira Profa. Rachel Nilza Brandão Sistemas de Informação no Setor Público Professor conteudista: Livaldo dos Santos É formado em Administração pelas Faculdades Integradas Tibiriçá, com habilitação em Comércio Internacional, e pós-graduado em Administração de Empresas pela Faculdade São Judas Tadeu. É mestre em Ciências Sociais Aplicadas pela Universidade de Guarulhos (UNG). Leciona há mais de 18 anos e foi docente na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) por 8 anos e na Universidade Paulista (UNIP). Consultor e assessor de empresas, com experiência empresarial de mais de 35 anos, concentra seus serviços às empresas nas áreas de Gestão Estratégica, Estrutura e Reestruturação Organizacional, Reengenharia de Processos e Sistemas de Informação. Tem como clientes empresas privadas e públicas, como autarquias e bancos estaduais e federais. © Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) S237s Santos, Livaldo dos. Sistemas de Informação no Setor Público. / Livaldo dos Santos. – São Paulo: Editora Sol, 2022. 192 p. il. Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230. 1. Sistemas de informação. 2. Área pública. 3. Planejamento estratégico. I. Título. CDU 658.011.56 U516.07 – 22 Prof. Dr. João Carlos Di Genio Reitor Profa. Sandra Miessa Reitora em Exercício Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez Vice-Reitora de Graduação Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini Vice-Reitora de Administração Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia Vice-Reitor de Extensão Prof. Fábio Romeu de Carvalho Vice-Reitor de Planejamento e Finanças Profa. Melânia Dalla Torre Vice-Reitora de Unidades do Interior Unip Interativa Profa. Elisabete Brihy Prof. Marcelo Vannini Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar Prof. Ivan Daliberto Frugoli Material Didático Comissão editorial: Profa. Dra. Christiane Mazur Doi Profa. Dra. Angélica L. Carlini Profa. Dra. Ronilda Ribeiro Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista Profa. Deise Alcantara Carreiro Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto Revisão: Carla Moro Cristina Z. Fraracio Sumário Sistemas de Informação no Setor Público APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................ 10 Unidade I 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS ..................................................................................................................................... 11 1.1 Teoria Geral de Sistemas e Sistemas de Informação ............................................................. 11 1.2 Metodologia ........................................................................................................................................... 14 1.2.1 Exemplo de padronização de procedimentos ............................................................................. 15 1.2.2 Sistema de comunicações ................................................................................................................... 15 1.3 Teoria de Sistemas ............................................................................................................................... 18 1.4 O sistema e seus elementos ............................................................................................................. 20 1.5 Conceitos básicos ................................................................................................................................. 21 1.6 Propriedades dos sistemas ................................................................................................................ 21 1.7 SIG – Sistema de Informações Gerenciais.................................................................................. 22 1.8 Visão sistêmica – áreas básicas da empresa .............................................................................. 23 2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO............................................................................ 25 2.1 Sistema – Conceitos aplicados às empresas ............................................................................. 32 2.2 Evolução dos Sistemas de Informação ........................................................................................ 34 2.3 Classificação dos sistemas ................................................................................................................ 35 2.3.1 Sistemas de apoio às operações ....................................................................................................... 36 2.3.2 Sistemas transacionais (ST) ................................................................................................................. 36 2.3.3 Sistemas de controle de processo (PCS) ........................................................................................ 37 2.3.4 Sistemas colaborativos ......................................................................................................................... 37 2.3.5 Sistemas de apoio gerencial ............................................................................................................... 38 2.3.6 Sistemas de informação gerencial ................................................................................................... 38 2.3.7 Sistemas de apoio à decisão .............................................................................................................. 39 2.3.8 Sistemas de informação executiva .................................................................................................. 39 3 TECNOLOGIA DE HARDWARES E SOFTWARES ..................................................................................... 40 3.1 Tecnologia de hardware ..................................................................................................................... 40 3.2 Tecnologias de softwares .................................................................................................................. 49 3.2.1 Evolução dos Sistemas de Informação .......................................................................................... 49 3.2.2 Sistema de apoio às operações ......................................................................................................... 51 3.2.3 Sistema de processamento de transações .................................................................................... 51 3.2.4 Sistemas de controle de processos .................................................................................................. 59 3.2.5 Sistemas colaborativos ......................................................................................................................... 59 3.2.6 Sistemas de apoio gerencial ............................................................................................................... 62 3.2.7 Sistemas de Informação Gerencial .................................................................................................. 63 3.2.8 Sistemas de apoio a decisões ............................................................................................................. 65 3.2.9 Sistema de informação executiva .................................................................................................... 68 4 OUTROS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO .....................................................................................................72 4.1 ERP ............................................................................................................................................................. 72 4.2 Sistemas especialistas ......................................................................................................................... 80 Unidade II 5 REDES E PLANEJAMENTO EMPRESARIAL E DE TI ............................................................................... 91 5.1 Uso da internet e de redes de computadores ........................................................................... 91 5.1.1 Redes de computadores ....................................................................................................................... 91 5.1.2 Rede internet ..........................................................................................................................................105 5.1.3 Intranet ..................................................................................................................................................... 110 5.1.4 Extranet ......................................................................................................................................................111 6 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, TÁTICO E OPERACIONAL DE TI ..................................................111 6.1 Planejamento empresarial ..............................................................................................................117 6.2 Planejamento de Sistemas de Informação ..............................................................................121 6.3 Planejamento Estratégico da Tecnologia da Informação (Peti) ......................................123 7 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO – ÁREA PÚBLICA..................................................................................124 7.1 Sistemas estruturadores da Administração Pública Federal .............................................124 7.1.1 Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) .............. 124 7.1.2 Características ....................................................................................................................................... 126 7.1.3 Objetivos .................................................................................................................................................. 132 7.1.4 Benefícios do sistema ........................................................................................................................ 132 7.2 Sistema de Informações Organizacionais (Siorg) ..................................................................134 7.2.1 Características ....................................................................................................................................... 139 7.2.2 Objetivos .................................................................................................................................................. 140 7.2.3 Benefícios do sistema ........................................................................................................................ 140 7.3 Sistema Integrado de Dados Orçamentários (Sidor) ............................................................141 7.3.1 Características ....................................................................................................................................... 142 7.3.2 Objetivos .................................................................................................................................................. 144 7.3.3 Benefícios do sistema ........................................................................................................................ 145 7.4 SIGPlan – Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento de Governo Federal .........................................................................................................................................146 7.4.1 Características ....................................................................................................................................... 148 7.4.2 Objetivos .................................................................................................................................................. 150 7.4.3 Benefícios do sistema .........................................................................................................................151 7.5 Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) ...........................152 7.5.1 Características ....................................................................................................................................... 152 7.5.2 Objetivos .................................................................................................................................................. 156 7.5.3 Benefícios do sistema ........................................................................................................................ 156 7.6 Sistema de Administração de Serviços Gerais (Siasg) .........................................................157 7.6.1 Características ....................................................................................................................................... 158 7.6.2 Objetivos .................................................................................................................................................. 163 7.6.3 Benefícios do sistema ........................................................................................................................ 164 7.7 Sistema Integrado de Administração Patrimonial (Siapa) .................................................164 7.7.1 Características ....................................................................................................................................... 165 7.7.2 Objetivos .................................................................................................................................................. 165 7.7.3 Benefícios do sistema ........................................................................................................................ 166 7.8 E-Gov – Governo Eletrônico ..........................................................................................................167 8 A NOVA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ......................................................................................................168 8.1 Governança ...........................................................................................................................................170 8.2 Histórico do E-Gov – Governo Eletrônico ................................................................................173 8.3 E-Ping – Padrões de Interoperabilidade do E-Governo ......................................................174 9 APRESENTAÇÃO Esta disciplina trata da gestão e das alternativas de Sistemas de Informação para a área pública. Ela considera os sistemas internos voltados ao aumento da produtividade e à maior eficiência da Administração Pública e os sistemas relacionados com os contatos e atendimento à sociedade, como é o caso, no Brasil, do programa denominado Governo Eletrônico. Nossa disciplina apresenta os mais diversos programas governamentais federais, suas características, objetivos e benefícios, tais como aumento de produtividade, avanço tecnológico, mais transparência e participação popular no desenvolvimento e acompanhamento dos serviços prestados à sociedade. Ela aborda também os aspectos relacionados com a governança de TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação). A apresentação de conceitos básicos visa estabelecer um nivelamento de conhecimentos sobre tecnologia da informação para facilitar o entendimento das aplicações tecnológicas tanto na iniciativa privada quanto na Administração Pública. São discutidos alguns dos mais importantes Sistemas Estruturadores aplicados na Área Pública e abordadasas soluções direcionadas à gestão e ao controle das finanças, à organização, aos orçamentos, aos recursos humanos, à gestão de serviços gerais, à logística etc. Essa amplitude cobre as áreas funcionais do governo, demonstrando o funcionamento da máquina por meio das características, dos objetivos e dos benefícios dos sistemas de informações utilizados nessas áreas governamentais. O E-GOV, ou Governo Eletrônico, apresenta as definições de aplicação de ferramentas eletrônicas para a melhoria do acesso, do acompanhamento e da participação da sociedade nos serviços públicos por meio da internet e de seus infinitos recursos. Atendendo aos preceitos do Programa Pedagógico do Curso e de acordo com o Plano de Ensino da disciplina, os objetivos visam contribuir com o cumprimento das diretrizes definidas para o curso. O grande objetivo da disciplina consiste em levar o aluno a compreender os conceitos básicos acerca de Sistemas de Informação e os processos relacionados ao gerenciamento da tecnologia da informação no âmbito da Administração Pública. Outros objetivos menores contribuem para o alcance dos objetivos maiores, tais como identificar as possibilidades de melhoria de processos e de inovação dos serviços públicos a partir do uso estratégico das TICs (tecnologias da informação e da comunicação) e conhecer os processos e métodos para o planejamento de Sistemas de Informação para o setor público. 10 INTRODUÇÃO Estudaremos os Sistemas Estruturantes de Governo, que compreendem sistemas de informações integrados e compartilham automaticamente informações e bancos de dados de uma forma cada vez mais completa. Esses sistemas dão suporte ao núcleo central da Administração Pública pelo Governo Federal. Apresentam-se o Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), o Sistema de Organização e Inovação Institucional do Governo Federal (Siorg), o Sistema de Informações Gerenciais e de Planejamento (SIGPlan), o Sistema Integrado de Dados Orçamentários (Sidor), o Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), o Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape), bem como o Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais (Siasg) e o Sistema Integrado de Administração Patrimonial (Siapa), sem falar da estrutura de tecnologia da informação que está sendo formada pelas políticas ditadas pelo programa Governo Eletrônico. O estudo desse ferramental tecnológico deixa evidentes o esforço e o investimento governamental na aplicação de novas tecnologias e a intenção de melhorar o desempenho da Administração Pública pela modernização e pelo avanço tecnológico. O grande desafio será medir e avaliar os resultados e a efetiva melhoria de desempenho da Administração Pública em termos de responsabilização, transparência, aumento da produtividade, redução dos custos e aumento da eficácia em função das contribuições desse imenso aparato tecnológico. Estude o conteúdo, e que ele sirva como subsídio para a análise da realidade em relação à utilização e ao aumento de sua satisfação com os serviços públicos no Brasil. 11 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Unidade I 1 PRINCÍPIOS BÁSICOS 1.1 Teoria Geral de Sistemas e Sistemas de Informação A área de Organização, Sistemas e Métodos (OSM) compreende os estudos referentes a atividades administrativas voltadas para a obtenção da melhor produtividade possível dos Recursos Humanos (RH), Recursos Materiais (RM), e Recursos Tecnológicos (RT), por meio de técnicas científicas que envolvam os aspectos comportamentais e instrumentais no ambiente interno ou externo da empresa. A função de organização da empresa é definida como a ordenação e o agrupamento de atividades e recursos visando ao alcance dos objetivos e resultados estabelecidos. Estrutura Organizacional é o conjunto ordenado de responsabilidades, autoridades, comunicações e decisões das unidades organizacionais de uma empresa. O termo organização frequentemente tem sido empregado como sinônimo de arrumação, ordenação, eficiência; porém, para nosso objetivo, organização não pode ser entendida apenas como o quadro estrutural de cargos definidos pelos itens que elencamos a seguir: • respectivos títulos; • atribuições básicas; • responsabilidades; • relações formais; • nível de autoridade; • aspectos culturais. Nesses termos, podemos definir como função básica de organização o estudo cuidadoso da estrutura organizacional da empresa para que esta seja bem definida e possa atender às necessidades reais da empresa e aos objetivos estabelecidos de forma integrada com a organização informal e as estratégias definidas na companhia. A Estrutura Formal é oficialmente definida na empresa como todas as formalidades e todos os padrões vigentes quanto à forma de preparação e divulgação de normas. Será encontrada em: • simples comunicados; • instruções; 12 Unidade I • manuais de procedimentos ou organização; • forma gráfica (organograma); • forma descritiva (descrição de cargos). Embora necessária e muitas vezes desejada, a estrutura formal poderá não ser adequada em determinadas empresas e, mesmo sendo, terá de conviver com a estrutura informal, na qual os funcionários das empresas pertencem automaticamente e inevitavelmente à vida informal destas. Desse relacionamento do cotidiano, surgem: • entendimentos extraestruturais; • conceitos alheios às normas; • desentendimentos; • eventuais conflitos; • lideranças naturais; • amizades e ações benéficas ou prejudiciais à empresa. Na maioria dos casos, é dada liberdade total para a organização informal, mas isso é perigoso e não tem razão de ser, porque ela é administrável e positivamente direcionável. Nesse caso, inclusive, podem ocorrer: • transparência; • lealdade; • sentido colaboracionista. Quadro 1 − Atividades de organização em OSM Organização Projetar a criação, união ou eliminação de unidades, bem como acompanhar a respectiva execução Descrever e definir o objetivo e as funções de cada uma das unidades empresariais Divulgar, nos níveis competentes, os trabalhos desenvolvidos em OSM Implantar e acompanhar in loco os trabalhos desenvolvidos por OSM Elaborar, emitir e divulgar as normas, os regulamentos e os manuais necessários Estudar os ciclos organizacionais Analisar as alternativas de ação para promover a maturidade organizacional Avaliar impactos ou desgastes provenientes das ações e dos ciclos Estruturar as formas e necessidades de treinamento de pessoal visando ao desenvolvimento 13 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, em conjunto, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função. Na discussão de problemas empresariais de nossa época, a palavra sistema vem sendo usada com muita frequência, de tal forma que pesquisadores estão estudando sistemas, analistas veem as organizações como sistemas e aumenta gradativamente a instituição de órgãos e companhias sob enfoque sistêmico. Sistema pode ser considerado um conjunto de atividades interligadas de forma que todas estejam em uma relação direta, de maneira que possibilite alcançar determinados objetivos. Devem-se estudar os sistemas em uma empresa para: • identificar todos os sistemas que ocorrem na empresa, definindo de forma objetiva as entradas, as operações e as saídas, que devem estar sempre em sintonia com os objetivos preestabelecidos; • canalizar todas as forças e energias que ocorrem no sistema para os objetivos preestabelecidos; • estabelecer sistemas de controle e avaliação, permanentes em todas as fases do sistema (entradas, processos, saídas e retroalimentação), visando a acompanhar o desempenho em relação aos objetivos; • criar sistemas de retroalimentação que sejam verdadeiras reintroduções no processo para que este não perca o seu movimento dinâmico, para que não haja “estrangulamentos” no sistema de comunicações da empresa, de modo que autorregule os sistemas. Quadro 2 – Atividadesrelacionadas a sistemas em OSM Sistemas Análise de viabilidade econômica no desenvolvimento de sistemas Elaboração de cronogramas físicos/financeiros/pessoais para desenvolvimento Avaliação de equipamentos, instrumentos e ferramentas à disposição Análise e definição da amplitude dos níveis organizacionais contemplados Definição e estruturação dos dados em nível operacional das informações transacionais Definição e estruturação das atividades dos Sistemas de Informação para integração e planejamento das informações gerenciais Definição e estruturação das informações visando a proporcionar flexibilidade, adaptabilidade e respostas rápidas à tomada de decisões e ao apoío a estas O estudo de métodos induz a uma análise dos procedimentos e lógicas de ordenamento de atividades e processos. Método pode ser entendido como caminho ordenado e sistemático para se chegar a um fim. Esse caminho pode ser estudado como um sistema ou processo em nível operacional, tático, estratégico e filosófico, e nos três últimos ocorrem os processos intelectuais. 14 Unidade I Observação Como processo intelectual, entendemos a abordagem de qualquer problema mediante análise prévia e sistemática de todas as vias possíveis de acesso à solução. Já processo operacional é a maneira lógica de organizar a sequência das diversas atividades para chegar ao fim almejado. É a própria ordenação da ação. 1.2 Metodologia Metodologia, na prática, consiste em avaliar, analisar e estudar os vários métodos disponíveis, identificando, explicando e justificando as limitações, principalmente, as implicações e os possíveis resultados de suas utilizações. É a aplicação do método através de processos e técnicas, que não procura soluções, mas estuda a melhor maneira de abordar determinados problemas empresariais, no estado atual dos conhecimentos. Observação Metodologia vem do grego: meta − ao largo; odos − caminho; logos − discurso, estudo. Ciência é um conhecimento racional, metódico e sistemático capaz de ser submetido à verificação. Ao desenvolver as estruturas de recursos e de operações na empresa e definir procedimentos, rotinas e métodos, os profissionais estabeleceram a padronização na análise administrativa, envolvendo os aspectos organizacionais e de planejamento. A padronização procura a unificação e a simplificação das atividades administrativas segundo padrões, parâmetros e modelos preestabelecidos, aceitos pela empresa ou impostos pela criação de novos hábitos ou mudanças organizacionais. Os objetivos são: • o aumento da produtividade; • a redução de custos. Os esquemas padronizados e sistemáticos possibilitam: • facilidade de consultas, leitura, atualizações e guarda; • formação de conjuntos compactos ou sistemas integrados de informações e dados. 15 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO 1.2.1 Exemplo de padronização de procedimentos Análise administrativa ou de sistemas: • planejamento; • levantamento de dados e informações; • análise e seleção de alternativas; • proposta e implementação de alternativas; • avaliação e ampliação/melhorias. Os benefícios que se obtêm com a aplicação de métodos compreendem a: • integração de todas as atividades da empresa, por suas unidades organizadas dinamicamente, por meio de um inter-relacionamento constante e padronizado; • melhor qualidade na solução dos problemas, evitando a aplicação pura e simples de modelos externos nacionais ou estrangeiros, aclimatando-os quando possível e considerando as peculiaridades de cada cultura, linguagem e produto; • harmonização da aplicação dos recursos empresariais. Quadro 3 − Atividades relacionadas a métodos em OSM Métodos Racionalizar o trabalho Definir a movimentação de documentos Definir o fluxo de decisões dos sistemas Modificar os métodos de trabalho Municiar a empresa com ferramentas de análise e gestão de processos Atualizar técnicas administrativas e sistemas de trabalho 1.2.2 Sistema de comunicações Comunicação é o processo mediante o qual uma mensagem é enviada por um emissor por meio de determinado canal e entendida por um receptor. O sistema de comunicação é a rede por meio da qual fluem as informações que permitem o funcionamento da estrutura de forma integrada e eficaz (VASCONCELOS, 1972, p. 10). 16 Unidade I No sistema de comunicações devem ser consideradas as seguintes questões: • O que deve ser comunicado? • Como deve ser comunicado? • Quando deve ser comunicado? • De quem deve vir a informação? • Para quem deve ir a informação? • Por que deve ser comunicado? • Quanto deve ser comunicado? Esquemas de comunicação De maneira genérica, existem dois tipos diferentes de formação de esquemas de comunicação numa empresa. São eles: • formal: é conscientemente planejado, facilitado e controlado; segue a corrente de comando numa escala hierárquica; • informal: surge espontaneamente na empresa, como ação para sanar as necessidades de seus membros. Fluxos da comunicação As comunicações na empresa podem ser realizadas através dos seguintes fluxos: • horizontal: realizado entre unidades organizacionais diferentes, mas do mesmo nível hierárquico; • diagonal ou transversal: realizado entre unidades organizacionais e níveis diferentes; • vertical: realizado entre níveis diferentes, mas da mesma área. Custo da comunicação No estudo das comunicações entre pessoas ou unidades organizacionais, deve-se levar em consideração o aspecto custo para a empresa, pois a análise da transmissão das informações mostra que ela é muito mais custosa do que se poderia pensar, não tanto em virtude das despesas de apoio necessárias, mas principalmente em razão do tempo que ela absorve e das demoras que acarreta. O texto a seguir ilustra uma das dificuldades na comunicação intersetorial de uma empresa: a falha de interpretação da mensagem no momento de retransmití-la. 17 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Comunicados internos sobre o cometa Halley De: gerente-geral Para: gerente de divisão Na sexta-feira, às 17 horas, aproximadamente, o cometa de Halley estará visível nesta área. Trata-se de um evento que ocorre somente a cada 76 anos. Assim, por favor, reúna os funcionários no pátio da fábrica, todos usando capacetes de segurança, e explicarei a eles o fenômeno. Se estiver chovendo, não poderemos ver nada. Nesse caso, reúna os funcionários no refeitório e mostrarei a eles sobre o cometa. De: gerente de divisão Para: gerente da fábrica Por ordem do gerente-geral, na sexta-feira, às 17 horas, o cometa de Halley vai aparecer sobre na fábrica. Se chover, por favor, reúna os funcionários, todos, usando capacetes de segurança, e os encaminhe ao refeitório, onde o raro fenômeno terá lugar, o que acontece a cada 76 anos. De: gerente de fábrica Para: chefe de pessoal Por ordem do gerente-geral, às 17 horas de sexta-feira, o fenomenal cometa de Halley vai aparecer no refeitório, usando capacete de segurança. Se chover, o gerente-geral dará outra ordem, o que ocorre uma vez a cada 76 anos. De: chefe de pessoal Para: supervisor Na sexta-feira, às 17 horas, o gerente-geral vai aparecer no refeitório com o cometa da Halley, o que acontece a cada 76 anos. Se chover, o gerente-geral levará o cometa para o pátio da fábrica, usando capacete de segurança. De: supervisor Para: funcionários Na sexta-feira, às 17 horas, quando chover, o fenomenal Bill Halley, usando capacete de segurança e acompanhado pelo gerente-geral, vai passar pela fábrica com seus cometas. 18 Unidade I Observação Sistema aberto é aquele que mantém uma troca intensa de insumos com o ambiente de forma que seja alimentado com recursos humanos, materiais e tecnológicos; estes últimos incluem informações corretivas para os processos. 1.3 Teoria de Sistemas Bertalanffy foi um austríaco que enunciou, nos EUA, a Teoria dos Sistemas como resultado de seu trabalho de pesquisa científica, em 1950. Estudioso da Biologia, enfocou intensamente os organismos vivos. Desde a década de 1920,desenvolveu a abordagem orgânica, em contraponto à visão cartesiana e mecânica dos sistemas sociais. Na análise da sociedade, formulou o raciocínio sinérgico de que o todo do sistema torna-se maior que a soma das partes que o compõem. Enunciou a Teoria dos Sistemas como a ciência das ciências propondo que, em vez de serem analisadas isoladamente, ciências como Física, Matemática, Biologia e outras deveriam ser integradas, destacando as suas interdependências e aproveitando as qualidades holísticas do todo, que não seriam identificadas em sua abordagem isolada e independente. Conforme consta em Santos (2011), durante o século XVII, houve um grande desenvolvimento das ciências exatas, nos campos de estudos das ciências relacionadas a Física, Mecânica e Matemática. Os pressupostos (métodos, conceitos e suposições) dessas ciências valorizaram-se muito diante da humanidade e passaram a ser utilizados na análise dos fatos sociais em detrimento de outros conhecimentos: Teologia, misticismo e outras formas de interpretação. Com base nessa abordagem, surgiu o modelo mecânico de interpretação social, que visualizava a sociedade como uma máquina complexa na qual os resultados e processos eram relacionados por uma ação recíproca das causas naturais. Foram, então, identificados os seus elementos componentes, suas inter-relações, bem como a relação de causas e efeitos entre as entradas e saídas. Com o progresso das Ciências Biológicas, alguns séculos à frente, tomou forma o modelo orgânico da sociedade, que apresentava o princípio da interdependência das partes, analisando a sociedade como um organismo complexo e vivo. A partir daí, puderam ser verificadas as diversas diferenças características dos dois sistemas: 19 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Quadro 4 – Comparação dos sistemas Mecânico Orgânico Foco nos indivíduos e nos seus cargos Ênfase nos relacionamentos entre e dentro dos grupos Prevalência da autoridade e da dependência Confiança e crença recíprocas Rígida adesão à autoridade e responsabilidade dividida Interdependência e responsabilidade compartilhada Divisão do trabalho e supervisão rígida Participação e responsabilidade grupal Processo decisório centralizado Processo decisório descentralizado Controle rigidamente centralizado Compartilhamento de responsabilidades e de controle Solução de conflitos por meio de repressão e/ou hostilidade Solução de conflitos por meio de negociações Fonte: Santos (2011, p. 59). Em sua obra General System Theory (Teoria Geral dos Sistemas), Bertalanffy procurou, por meio da proposição da denominada Teoria dos Sistemas, uma conceituação geral que unisse e fundamentasse os diversos campos da ciência, apresentando os pressupostos básicos da sua teoria: • Há uma tendência para a integração das várias ciências naturais e sociais. • Essa integração parece orientar-se para uma teoria dos sistemas. • Essa teoria pode ser um meio importante de objetivar os campos não físicos do conhecimento científico, especialmente nas ciências sociais. • Desenvolvendo princípios unificadores que atravessam verticalmente os universos particulares das diversas ciências, essa teoria se aproxima do objetivo da unidade da ciência, o que pode levar a uma integração muito desejada e necessária na educação científica. Essa abordagem não lançou novos elementos formadores de uma ou de diversas ciências, mas sim um novo modo de tratá-las conjuntamente: o enfoque sistêmico. Esse raciocínio não as modifica; resume-se em observá-las sob um mesmo prisma. Segundo Oliveira (1992), o “moderno enfoque de sistemas” procura desenvolver: • uma técnica para lidar com a amplitude das empresas; • um enfoque interativo do todo, que não permite a análise de aspectos isolados de um sistema em virtude das intrincadas inter-relações das partes entre si e com o todo, e estas não podem ser tratadas fora do contexto total. • o estudo das relações entre os elementos componentes em preferência ao estudo dos elementos entre si, destacando-se o processo e as possibilidades de transição especificados conforme seus arranjos estruturais e sua dinâmica. 20 Unidade I 1.4 O sistema e seus elementos Um sistema pode ser definido de diversas formas, porém, aqui, partiremos da definição de que o sistema é um conjunto de partes interagentes, interdependentes e integradas que formam um todo unitário com determinado objetivo e que cumpre determinada função. Entradas Saídas Controle e avaliaçãoFeedback Processo Objetivos Figura 1 – Elementos do sistema Objetivos São a razão da existência do sistema, isto é, a finalidade para a qual o sistema foi criado. Entradas As entradas do sistema têm a função de caracterizar as forças que fornecem ao sistema o material, a energia e a informação para a operação ou o processo, que gerará determinadas saídas do sistema as quais devem estar em sintonia com os objetivos anteriormente estabelecidos. Processo O processo de transformação do sistema é definido como a função que possibilita a transformação de um insumo (entrada) em um produto, serviço ou resultado (saída). Esse processador é a maneira pela qual os elementos componentes interagem para produzir as saídas desejadas. Controles e avaliações Os controles e avaliações do sistema servem principalmente para verificar se as saídas estão coerentes com os objetivos estabelecidos. Para realizar o controle e a avaliação de maneira adequada, é necessária uma medida do desempenho do sistema chamada padrão. Retroalimentação Feedback, retroalimentação ou realimentacão do sistema pode ser considerado a reintrodução de uma saída sob a forma de informação. A realimentacão é um processo de comunicação que reage a cada entrada de informação incorporando o resultado da “ação-resposta”, desencadeada por meio de nova informação, a qual afetará seu comportamento subsequente, e assim sucessivamente. Essa realimentacão é um instrumento de regulação retroativa ou de controle em que as informações realimentadas são resultados das divergências verificadas entre as respostas de um sistema e os parâmetros previamente 21 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO estabelecidos. Portanto, o objetivo do controle é reduzir as discrepâncias ao mínimo, bem como propiciar uma situação em que esse sistema se torne autorregulador. 1.5 Conceitos básicos Ambiente de um sistema é o conjunto de elementos que não pertencem ao sistema. Qualquer alteração no sistema pode alterar os seus elementos, e qualquer mudança nos seus elementos pode modificar o sistema. Empresa Mercado mão de obra Concorrência Tecnologia Governo Sindicatos Fornecedores Sistema financeiro Consumidores Comunidade Figura 2 – Composição do ambiente do sistema Fonte: Santos (2011, p. 61). Os sistemas são compostos por partes que se interligam e cumprem, cada uma delas, uma função específica. São abordados de acordo com a sua posição e função em relação aos outros sistemas com os quais se relacionam. Por sistema entende-se sempre aquele que é o foco das atenções e do estudo no momento. Ao se analisar o ambiente onde está inserido, localiza-se o macrossistema ou ecossistema. Da mesma forma, se a análise tender para as partes que o compõem, identificar-se-ão os subsistemas, responsáveis por cumprir funções no seu âmbito, viabilizando a consecução de seus objetivos. Macrossistema ou ecossistema Sistema Subsistema Subsistema Figura 3 – Ambiente sistêmico Adaptada de: Santos (2011). 1.6 Propriedades dos sistemas Os sistemas são municiados com propriedades que decorrem do seu funcionamento e da busca do atendimento das necessidades dos seus clientes. A propriedade da equifinalidade define que um mesmo estado final pode ser alcançado partindo de diferentes condições iniciais e por maneiras diferentes. Não existem uma única forma e um só caminho para atingir o mesmo resultado. 22 Unidade I Assim que o sistema entra em funcionamento, as suas partes ou subsistemas, até então bem organizados, tendema desarranjar-se e direcioná-lo para a disfunção e o caos, o que se caracteriza como entropia do sistema. O processo entrópico decorre de uma lei universal da natureza na qual todas as formas de organização se movem para a desorganização e a morte. Existe também o empenho dos sistemas em se organizarem para a sobrevivência, por meio de maior ordenação e dispositivos de controle e ajustes, o que se chama homeostasia. Os sistemas abertos podem gerar entropia negativa, por intermédio da maximização da energia importada, o que pode ser obtido via maximização da eficiência com que o sistema processa essa energia. 1.7 SIG – Sistema de Informações Gerenciais Resultados Tratamento Decisões Dados Ações Ações Info Inform Controle e avaliação Informação I n f o r m a ç ã o Ações Figura 4 Entende-se por dado qualquer elemento identificado em sua forma bruta que por si só não conduz a uma compreensão de determinado fato ou situação, por exemplo, um nome qualquer, como Jurandir Barbosa, inserido em um registro de banco de dados de assinantes de serviço telefônico. Já a informação é o dado tratado por meio de filtros e interpretação, que permite ao executivo tomar decisões. Exemplo: consultor “Jurandir Barbosa”, especialista em desenvolvimento de sistemas de informações executivas e inteligência de negócios. Por gerencial entende-se o processo administrativo (planejamento, organização, direção e controle) voltado para resultados. Então, Sistema de Informações Gerenciais (SIG) é o processo de transformação de dados em informações utilizadas na estrutura decisória da empresa, de forma que proporcione a sustentação administrativa para a otimização de resultados esperados. 23 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Lembrete Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função. Dentre os objetivos do estudo de sistemas na empresa, podem ser citados: • Identificar todos os sistemas que ocorrem na empresa, definindo de forma objetiva as entradas, as operações e as saídas, que devem estar sempre em sintonia com os objetivos preestabelecidos. • Canalizar todas as forças e energias que ocorrem no sistema para os objetivos preestabelecidos. • Estabelecer sistemas de controle e avaliação permanentes em todas as fases do sistema (entradas, processos, saídas e retroalimentação), visando acompanhar o desempenho em relação aos objetivos. • Criar sistemas de retroalimentação que sejam verdadeiras reintroduções no processo para que este não perca o seu movimento dinâmico e para que não haja “estrangulamentos” no sistema de comunicações da empresa, de modo que autorregule os sistemas. • Definir e estruturar os dados operacionais e as informações transacionais. • Estabelecer a estruturação das atividades dos Sistemas de Informação para integração e planejamento das informações gerenciais. • Definir e estruturar as informações visando proporcionar flexibilidade, adaptabilidade, apoio e respostas rápidas à tomada de decisões. 1.8 Visão sistêmica – áreas básicas da empresa Marketing Produção Áreas funcionais-fim Áreas funcionais-meio Adm. financeira Adm. de materiais Adm. de recursos humanos Adm. de serviços Gestão empresarial Figura 5 24 Unidade I Áreas funcionais-fim Englobam as funções e atividades envolvidas diretamente no ciclo de transformação de recursos em produtos e de sua colocação no mercado. Pertencem a essa categoria as seguintes áreas funcionais: • marketing: é a função relativa à identificação das necessidades de mercado, bem como à colocação dos produtos e serviços junto aos consumidores; • produção: é a função relativa à transformação das matérias-primas em produtos e serviços a serem colocados no mercado. Observação A administração de marketing abrange a gestão e definições sobre os 4 Ps, denominados mix de marketing. Os 4 Ps correspondem a produto, preço, promoção e ponto de distribuição. Áreas funcionais-meio Congregam as funções e atividades que proporcionam os meios para que haja a transformação de recursos em produtos e serviços e sua colocação no mercado. Podem ser desse tipo, para uma empresa industrial e comercial qualquer, as seguintes áreas funcionais: • Administração financeira: função relativa a planejamento, captação, orçamento e gestão dos recursos financeiros, envolvendo também os registros contábeis das operações realizadas nas empresas. • Administração de materiais: função relativa ao suprimento de materiais, serviços e equipamentos, à normatizacão, ao armazenamento e à movimentação de materiais e equipamentos da empresa. • Administração de recursos humanos: função relativa ao atendimento de recursos humanos da empresa, ao planejamento e à gestão desse recurso, do seu desenvolvimento, dos seus benefícios, das suas obrigações sociais etc. • Administração de serviços: função relativa ao transporte de pessoas, à administração dos escritórios, à documentação, ao patrimônio imobiliário da empresa, aos serviços jurídicos, à segurança etc. • Gestão empresarial: função relativa ao planejamento empresarial e ao desenvolvimento de sistemas de informação. 25 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO 2 CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Existe um referencial teórico importante para a aquisição de conhecimentos para o entendimento dos sistemas de informação e a convivência com eles nas empresas, pois a área de Sistemas de Informação envolve um arcabouço de tecnologias das mais complexas às mais corriqueiras e cotidianas. Exigem-se, assim, para essa área, conceitos comportamentais e sistemas aplicáveis aos mais diversos campos empresariais ou não empresariais. O primeiro repositório é o de conceitos básicos que se referem a concepções humanas comportamentais e técnicas, que permitem entender os sistemas de forma geral, por meio da teoria geral de sistemas, de Ludwig von Bertallanfy, em seu funcionamento e suas aplicações práticas. Esses conceitos propiciam também o entendimento dos elementos que compõem um sistema, bem como a integração destes em prol do atingimento dos objetivos do sistema. A grande questão é o processo de desenvolvimento de soluções diante dos problemas cotidianos e especiais que surgem diariamente na gestão das empresas. Cabe indagar-se, então, como os especialistas em sistemas e tecnologia da informação aplicam as técnicas de identificação, análise e solução de problemas. Trata-se, de fato, de procedimentos sistemáticos que são aplicados para desenvolver ou modificar aplicações visando ao apoio à tomada de decisões e à gestão operacional das transações negociais. Os desafios gerenciais são desdobramentos estratégicos que são atribuídos aos gestores da área de Sistemas de Informação envolvendo a obtenção e o gerenciamento dos recursos humanos, materiais e tecnológicos ligados à área. A tecnologia da informação é utilizada com ferramenta estratégica, tática e operacional, facilitando o planejamento, a execução e o controle das atividades nas empresas. O acompanhamento das tecnologias da informação, de seus conceitos e de suas definições principais viabiliza os avanços no que tange a softwares, hardwares, tecnologia de rede, banco de dados e gestão de armazenamento, segurança e acesso às informações. Por sua vez, o acompanhamento das aplicações empresariais privadas e públicas é importante para lidar com os Sistemas de Informação, e esse é o caso desta disciplina e de seu livro-texto nos diversos níveis organizacionais: estratégico, tático e operacional. Esse acompanhamento também é importante para a viabilização do e-commerce, das parcerias em redes, bem como da obtenção de vantagens competitivas do negócio apoiadas pelo uso de tecnologias da informação. Desafios gerenciais Tecnologias da informação Conceitos básicos Processos de desenvolvimento Aplicações empresariais Sistemas de Informação Figura 6 – Sistemas de Informação – áreas principaisde conhecimento Fonte: O’Brien (2004, p. 6). 26 Unidade I Os Sistemas de Informação não consistem apenas no software desenvolvido ou adquirido para solucionar um problema ou uma situação, mas sim em diversos componentes, tão importantes quanto o software. Para a aplicação e o funcionamento dos Sistemas de Informação, temos de contar com pessoas capacitadas e motivadas, como usuários, analistas, programadores e desenvolvedores. Importantes são os conteúdos que serão tratados, transformados e acessados através de bancos de dados disponíveis. Para completar a plataforma onde serão desenvolvidos e executados os softwares que transformarão os dados, deve-se contar com equipamento de geração e potencial de processamento e armazenamento (tamanho dos discos e memória), que são denominados hardware, para o processamento e o acesso local em redes. Esses elementos componentes formam os chamados recursos do sistema de informação. Pessoas Redes Hardware DadosSoftware Recursos de SI Figura 7 – Sistemas de Informação – Recursos utilizados Fonte: O’Brien (2004, p. 6). Aplicações de TI Danos Potenciais Riscos Potenciais Possibilidades de Respostas • Melhorar o conhecimento do mercado. • Aumentar a capacidade de resposta. • Aperfeiçoar comunicações. • Melhorar seleções de estratégias. → • Qual a probabilidade de clientes e funcionários, parceiros empresariais ou concorrentes. • Invasões de privacidade. • Informações imprecisas. • Conluio. • Exclusão de facilidades essenciais. → Probabilidades: • Ações legais. • Boicotes dos consumidores. • Paralisações no trabalho. • Ameaças diversas. → Atenuação de riscos e custos: • Autorregulação. • Defesa. • Educação. • Códigos de ética. • Incentivos. • Certificação. Figura 8 – Responsabilidades e riscos no uso dos Sistemas de Informação Fonte: O’Brien (2004, p. 7). A partir da figura anteriormente apresentada, verificamos que a aplicação das soluções de sistemas de informações envolve grandes riscos referentes a segurança, acesso, manuseio e confiabilidade nos dados e informações. Esses aspectos exigem responsabilidades dos analistas das informações, dos geradores e dos usuários operacionais ou decisoriais. 27 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Na organização não basta investir em infraestrutura e em demais recursos exigidos pelas aplicações de Tecnologia da Informação (TI), faz-se necessária a elaboração de um planejamento de TI envolvendo a estruturação e o planejamento dos recursos de TI. Nessas definições, estão inseridos os aspectos de uso responsável desses recursos, compreendendo questões referentes a: • Qual o uso correto dos recursos de TI? • Quais os procedimentos de um usuário responsável de TI? • Como se proteger de acessos indevidos e crimes virtuais? • Como proteger dados, informações e mesmo o equipamento utilizado para armazená-los do acesso de terceiros? • Quais as questões éticas na utilização dos recursos informacionais da organização? • Quais as legislações aplicáveis no ambiente computacional e virtual? Como se deve aplicá-las e quais as consequências em não fazê-lo? • Quais são os usos adequados desses recursos? Os gestores devem estar atentos a essas aplicações em razão da importância dos recursos de tecnologia de informação nos negócios. O meio negocial atualmente é muito influenciado, para não dizer definido e direcionado, pela tecnologia e pelas inovações técnicas. O ambiente interconectado em redes locais, metropolitanas ou globais transformou a empresa em um nó da rede mundial, e todo o pensamento, a preparação e o funcionamento dos negócios são baseados nesse conceito de rede. Intranets são grandes exemplos de redes internas, extranets são de redes externas restritas aos parceiros e a internet é de interação global com a comunidade social ou empresarial. Os negócios em todos esses níveis de acesso às informações da empresa se expressam através de sites bem elaborados, troca de mensagens, documentos e informações, o que viabiliza os documentos formais eletrônicos (pedidos, notas e faturas), o e-commerce (comércio eletrônico), bem como o e-business de forma geral, que engloba todos os tipos de negócios realizados no ambiente virtual da internet. Como se pode visualizar na figura a seguir, a ligação lógica da organização, a elaboração das estratégias e planos apoiada nas tecnologias da informação e viabilizada pesadamente pelos Sistemas de Informação agrega valores aos negócios. Organização Estratégias Processos Sistemas de informação Ambiente de negócios Valor dos negócios $ Figura 9 – Sistemas de Informação – Apoio às estratégias Fonte: O’Brien (2004, p. 8). 28 Unidade I Saiba mais Consulte as sugestões de leituras sobre a realidade do ambiente de negócios feitas no site do Sebrae: PUBLICAÇÕES. Sebrae, [s.d.]. Disponível em: https://cutt.ly/pHCH5k3. Acesso em: 24 maio 2022. Os Sistemas de Informação são a evidência contributiva da tecnologia da informação para o ambiente negocial, pois viabilizam o aumento da eficiência e da eficácia da operação empresarial. A eficiência está ligada ao aperfeiçoamento dos processos e ao aumento da produtividade empresarial, em virtude da facilitação da circulação das informações e conhecimentos na empresa. A eficácia é aumentada pelo aumento do fluxo de informações, de forma capilar, alcançando todos os setores, por menores que sejam, e possibilitando a conscientização e a comunicação com todos, de forma que os comprometa com decisões e ações direcionadas, sinergicamente, para o alcance das metas individuais e dos objetivos globais da organização. O’Brien (2004, p. 8) destaca razões importantes – por que não dizer fatores críticos de sucesso? – que definem o êxito ou o fracasso do adequado projeto de desenvolvimento da tecnologia da informação na empresa, conforme o quadro a seguir. Quadro 5 – Fatores críticos de sucesso da aplicação da TI nas empresas Razões para o sucesso Razões para o fracasso Comprometimento do usuário e da alta administração Distanciamento dos usuários e decisores Definição clara das necessidades Especificação inadequada e/ou incompleta Bom planejamento Mudanças constantes nos planos e estratégias Metas e objetivos realistas e atingíveis Omissão executiva Educação corporativa Incompetência tecnológica Aplicação pragmática dos recursos tecnológicos no negócio Uso irresponsável dos investimentos e/ou sua desvinculação dos objetivos organizacionais e departamentais Adaptado de: O’Brien (2004). Dada a importância da Tecnologia e, consequentemente, dos Sistemas de Informação, cabe posicionar a área de TI no contexto das demais áreas funcionais da empresa. Desse modo, a área funcional de TI está diretamente ligada ao planejamento estratégico da empresa. As informações irrigam a organização, captam e conduzem as informações de todos os setores para a cúpula, da mesma forma que permitem a distribuição das decisões e estratégias emanadas das altas esferas para todos na organização. Todas as demais áreas funcionais – marketing, produção, suprimentos, financeiro, gestão de recursos humanos e de serviços, tecnologia da informação – também têm os três níveis de atuação: estratégico, tático e operacional. 29 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Cada uma das faixas delimitadas corresponde aos níveis organizacionais. No nível estratégico, no qual são definidos objetivos e estratégias para a organização em sua totalidade, são definidas as diretrizes gerais para todas as áreas funcionais. Nesse nível, os Sistemas de Informação e os recursos de Tecnologia da Informação são pensados e planejados para fornecer o apoio necessário às estratégias e vantagens estratégicas da organização. A TI facilita e viabiliza potencializar os demais recursos empresariais, bem como aumentar as possibilidades de aproveitamento de oportunidades no ambiente externo de negócios. Fica, assim, flagrante o uso de soluções de Business Inteligence (BI) e de sistema de informaçõesexecutivas. No nível organizacional tático, os objetivos estratégicos são desdobrados em diversos objetivos táticos, que servem de base para o planejamento do gestor de cada área funcional. Dentro das áreas, o planejamento visa definir objetivos táticos para a área, de forma que contribua com o atingimento de cada um dos objetivos organizacionais globais. Os recursos de TI são aplicados para direcionar informações, decisões e conhecimentos para apoio às decisões a serem tomadas pela Área Funcional por meio dos sistemas especialistas, sistemas integrados e sistemas de informações gerenciais, bem como dos Decision Support System (DSS) ou Sistema de Apoio às Decisões, em português. O apoio às operações configura a utlização de sistemas transacionais que processam os dados e informações por meio dos sistemas de folha de pagamento, do controle de contas a pagar e a receber, dos sistemas de Planejamento e Controle de Produção (PCP), dentre outros sistemas operacionais que viabilizam a geração e o controle das informações oriundas do nível operacional de atuação organizacional. Apoio às estratégias para vantagem competitiva Apoio à tomada de decisão empresarial Apoio às operações e aos processos Figura 10 – Papéis dos Sistemas de Informação Fonte: O’Brien (2004, p. 9). O crescimento geométrico da internet causou uma grande mudança na tecnologia da informação, com cuja importância os executivos, acadêmicos e tecnólogos concordam com unanimidade. Esse crescimento causou um grande impacto nos negócios, na sociedade e na própria tecnologia da informação. A World 30 Unidade I Wide Web, rede global de computadores, tornou-se uma plataforma vital de telecomunicações para diálogo virtual e para a colaboração e o comércio eletrônico entre as empresas e seus funcionários, clientes, fornecedores e parceiros comerciais. Os sites comerciais na internet, com suas home pages, tornaram-se pontos de referência para a permuta interativa de informações por correio eletrônico, sistemas de chat, fóruns de discussão e edição de multimídias. Por meio deles são realizadas também operações de comércio no atacado e no varejo, nas quais é vendida uma ampla gama de produtos e serviços. A internet está mudando a forma de funcionamento das empresas, de trabalho com as pessoas e como se dá o apoio da TI a operações e atividades do usuário final nas empresas, que estão se tornando empreendimentos interconectados. Observação O sistema de informação compreende um conjunto de pessoas, processos e recursos que coletam, transformam e disseminam informações em uma organização. Recebe dados como entradas e geram o produto informação como saída. A internet Internets Extranets Extranets Fornecedores e outros parceiros da empresa Compras, armazenamento, distribuição (logística) Consumidores e clientes da empresa Propaganda Vendas Atendimento ao cliente Fabricação e produção Contabilidade, finanças e administração Engenharia e pesquisa Fronteira da empresa Figura 11 – A internet e os negócios Fonte: O’Brien (2004, p. 12). Observação O e-business integra todas as atividades da operação de uma empresa, tais como os seus produtos, procedimentos e serviços, ao ambiente e aos recursos oferecidos pela internet. 31 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO A rede global e seus segmentos privatizados, de forma similar, dentro da empresa (intranet), entre uma empresa e seus parceiros comerciais (extranet) e demais possibilidades são a principal infraestrutura de tecnologia da informação, pois fornecem amplo suporte às operações da maioria das organizações de pequeno, médio e grande porte, em sistemas de comércio eletrônico e-commerce, envolvendo as empresas, seus clientes e fornecedores, bem como os sistemas colaborativos entre equipes e grupos de trabalho, conforme se pode verificar no quadro a seguir. Quadro 6 – Sistemas colaborativos e e-commerce Solução na internet Descrição Comércio eletrônico O comércio eletrônico compreende compra e venda, marketing e assistência a produtos, serviços e informações sobre uma multiplicidade de redes de computadores. Um empreendimento interconectado utiliza internet, intranets, extranets e outras redes para apoiar cada etapa do processo comercial Sistemas colaborativos Os sistemas colaborativos envolvem o uso de ferramentas de groupware para apoiar a comunicação, coordenação e colaboração entre os membros de equipes e grupos de trabalho em rede. Para implementar esses sistemas, um empreendimento interconectado depende de intranets, internet, extranets e outras redes Analisando a TI e a globalização, verifica-se que, na atualidade, uma economia globalizada é cada vez mais dependente da criação, administração e distribuição de recursos de informação por redes globais interconectadas como a internet, conforme se pode observar na figura a seguir. Observação E-commerce ou comércio eletrônico compreende compra, venda, promoção, entrega e pagamento de produtos ou serviços, utilizando-se dos recursos de internet, intranet ou extranet, ou de outra rede que interconecte o fornecedor com os seus clientes. Globalização Tecnologia da Informação Mercados globais emergentes Interconectando a empresa global Operações e alianças comerciais globalizadas Figura 12 – A TI e a globalização Fonte: O’Brien (2004, p. 13). 32 Unidade I As companhias globais atuam em ambientes altamente competitivos, onde se pode comprar de fornecedores de qualquer parte do mundo, o que aumenta o poder de barganha dos clientes globais. Em contrapartida, do ponto de vista do fornecedor, podem-se prospectar novos clientes no mundo todo e também obter clientes globais que atuam internacionalmente, com subsidiárias em diversas partes do mundo, abrindo possibilidades imensas a serem exploradas pelos seus fornecedores. Engana-se quem pensa que só o comércio é viabilizado pela globalização, pois os recursos humanos também se tornam globalizados. Os projetos das empresas ou dos grupos de empresas podem ser desenvolvidos com a colaboração de talentos de diversas nações e localidades espalhadas pelo mundo, o que não aconteceria com a mesma qualidade em nenhum país de forma isolada. 2.1 Sistema – Conceitos aplicados às empresas Retomaremos os conceitos básicos da teoria de Sistemas, de Bertallanfy, de forma que possa aplicá-los às empresas a fim de facilitar o entendimento do seu funcionamento e as interações com as demais organizações do ambiente negocial. Um sistema é composto por elementos, conforme dissemos anteriormente. O’Brien (2004), apresenta, na figura a seguir, os componentes genéricos de sistemas, desta feita aplicados ao entendimento das empresas e dos negócios. Ambiente Outros sistemas Fronteira do sistema Controle pela administração Processo de produção Entrada de matéria-prima Saída de produtos acabados Sinais de feedback Sinais de feedback Sinais de controle Sinais de controle Figura 13 – Componentes genéricos de sistemas Fonte: O’Brien (2004, p. 18). 33 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Teríamos de começar pelos objetivos e estratégias, que são anteriores aos demais elementos dos sistemas da empresa e são ligados ao seu planejamento estratégico, no qual são definidos os objetivos e a razão de existência do sistema. Eles são o que se pretende atingir, de forma geral, com o funcionamento do sistema em sua totalidade. O planejamento permite o controle, pela alta administração, dos rumos da organização e de seus produtos, serviços e resultados, bem como a averiguação para saber se estão ou não de acordo com o que foi preestabelecido como saída da operação. O controle, de forma mais abrangente, gera indicadores de desempenho relacionados ao atendimento de especificações na entrada de matérias-primas e insumos dos fornecedores da empresa, bem como a verificação da qualidade e do atendimento das exigências dos clientes e demais stakeholders no que tange aos produtosacabados, serviços e informações geradas como saídas da operação. Esses controles gerarão informações como feedback, que alimentarão um processo de apoio às decisões dos gestores para intensificar o que está dando certo e corrigir ou ajustar o que não está conforme o que foi preestabelecido. Os processos internos da organização, representados na figura anterior pelos processos de produção, são os procedimentos sistematicamente organizados para realizar o trabalho necessário pela transformação dos inputs nas saídas desejadas pelos clientes internos e externos da organização. A empresa-sistema está inserida em um ambiente que denominamos macrossistema. O macrossistema apresentado como o ambiente empresarial tem importante papel no desempenho da organização e do seu negócio. Comunidade Instituições financeiras Fo rn ec ed or es Ag ên ci as g ov er na m en ta is Sindicatos trabalhistas Concorrentes Acionistas Clientes Administração Sistemas de Informação Recursos econômicos: • Pessoas • Dinheiro • Matéria-prima • Máquinas • Terra • Energia • Informação Processos organizacionais: • Comercializar • Desenvolver • Produzir • Entregar produtos • Dar assistência Bens e serviços: • Produtos • Serviços • Pagamentos • Contribuições • Informações Figura 14 – Ambiente de negócios Fonte: O’Brien (2004, p. 19). Para constituição e funcionamento de um sistema de informações, dependemos da utilização dos recursos materiais, do hardware (máquinas e dispositivos físicos) e de mídias, que compõem a infraestrutura do sistema. Dependemos também dos recursos de software que são os sistemas 34 Unidade I em si, a inteligência necessária para captar os dados, interagir com o hardware e obter os resultados planejados e desejados pelos usuários. Os recursos humanos, ou peopleware, são as pessoas, os colaboradores formados e preparados que pensarão e farão funcionar todo o processo informacional. Dependemos ainda dos recursos comunicativos e de integração, que são os recursos de rede, compreendendo software, hardware e pessoas especialistas na telecomunicação e no suporte ao funcionamento das redes. O sistema de informações recebe as entradas de recursos de dados e procede ao processamento destes, gerando informações e conhecimentos necessários ao funcionamento da operação, para o qual foi planejado e elaborado. O armazenamento seguro dos recursos de dados é imprescindível à recuperação e à reaplicação das informações e dos conhecimentos gerados e obtidos durante as transações suportadas pelo sistema de informações. Re cu rs os d e ha rd w ar e: m áq ui na s e m íd ia s Recursos humanos: usuários finais e especialistas em SI Recursos de dados: banco de dados e bases de conhecimento Recursos de rede: meios de comunicação e suporte de rede Recursos de hardw are: program as e procedim entos Controle do desempenho do sistema Armazenamento de recursos de dados Entrada de recursos de dados Processamento de dados em informações Saída de produtos de informação Figura 15 – Componentes de um sistema de informação Fonte: O’Brien (2004, p. 20). 2.2 Evolução dos Sistemas de Informação Segundo O’Brien (2004, p. 26) os Sistemas de Informação compreendem uma tipologia vasta e complexa. Os tipos de sistemas dependem da natureza, da aplicação, dos níveis de decisão envolvidos, dos resultados gerais ou específicos, da inteligência artificial etc. A premissa dos sistemas, independentemente de seu tipo e aplicação, baseia-se na utilização de recursos de hardware, software, rede e pessoas para transformar os recursos de dados em produtos de informação. Os sistemas atuais tendem a ser Sistemas de Informação computadorizados, que recorrem a computadores em rede para realizar as atividades de processamento da informação. Nem sempre foi assim, mas, com o passar do tempo, o comportamento e a aplicação dos sistemas têm evoluído, de acordo com as necessidades dos usuários e a disponibilidade de novas tecnologias de hardwares e softwares, conforme pode ser visto no quadro a seguir. 35 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Quadro 7 – Expansão dos Sistemas de Informação Período Fase Descrição 1950 a 1960 Processamento de dados Processamento de dados considerando as transações, à manutenção dos registros e os processamentos contábeis 1960 a 1970 Relatórios administrativos Relatório administrativo de informações pré-estipuladas para apoio a decisões gerenciais. Geração de relatórios, através de Sistemas de Informação gerencial 1970 a 1980 Apoio à decisão Decision Support System (DSS), ou seja, Sistema de Suporte às Decisões Gerenciais 1980 a 1990 Apoio estratégico e ao usuário final Apoio tanto aos trabalhos em grupo quanto aos individuais. A preocupação é o aumento da produtividade. Os usuários têm recursos computacionais para a execução de suas tarefas. Os sistemas incluem: – sistemas de computação pelo usuário final – sistemas de informação executiva (EIS) –sistemas especialistas (ES) e outros sistemas baseados no conhecimento – sistemas de informação estratégica (EIS) 1990 a 2000 Conexão em rede global A internet, a extranet e a intranet mudam as relações entre as empresas, priorizando as relações e colaborações interorganizacionais. Prevalece a administração da operação globalizada Fonte: O’Brien (2004, p. 27). 2.3 Classificação dos sistemas Os Sistemas de Informação podem ser classificados de diversas formas. Pode-se começar por duas grandes categorias, considerando os níveis organizacionais: em que são aplicados e o que se espera deles. Veja na figura a seguir as categorias por níveis de atuação, os sistemas de apoio às operações e os sistemas de apoio gerencial. Sistemas de Informação Sistemas de apoio às operações Sistemas de apoio gerencial Sistemas de processamento de transações Sistemas de controle de processos Sistemas colaborativos Sistemas de informação gerencial Sistemas de apoio à decisão Sistemas de informação executiva Figura 16 – Classificação dos Sistemas de Informação Fonte: O’Brien (2004, p. 28). 36 Unidade I 2.3.1 Sistemas de apoio às operações Essa categoria de sistemas compreende os dispositivos de processamento de informações que viabilizam os trabalhos de execução, as atividades e as decisões programadas que permeiam as rotinas e os processos existentes em todas as áreas funcionais da empresa. O quadro a seguir traz exemplos de atividades operacionais: Quadro 8 – Áreas funcionais e atividades operacionais Área funcional Atividades operacionais Marketing Vendas Prospecção de clientes Visitas e propostas Levantamento de dados Produção Montagem Programação Montagem Controle de linha Compras Cotação de preços Cadastramento de fornecedores Qualificação de fornecedor Financeiro Aplicação de recursos em CDB Baixa de duplicatas Negociação com credores Recursos Humanos Dinâmica de seleção Entrevistas de candidatos Levantamento de necessidades de treinamento Geração de relação bancária para pagamentos Os sistemas de apoio às operações geram informações que atendem tanto aos clientes internos dos diversos processos da organização como aos clientes externos da empresa. Da mesma forma, também, são subsidiados com informações os fornecedores contratados. 2.3.2 Sistemas transacionais (ST) Sistemas transnacionais são adequados para acompanhar e receber os dados e as informações das transações econômicas, financeiras e quantitativas realizadas no dia a dia das áreas funcionais da empresa. Eles registram, armazenam e processam os dados provenientes de: • vendas; • pagamentos de funcionários; 37 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO • recebimentos de clientes; • pagamentos de fornecedores e de tributos; • acompanhamento e controle da produção; • previsão de vendas; • controle de entrada e saída de pessoas e materiais das áreas e da empresa. Atualmente a grande busca e o anseio das operações é transformar os sistemas transacionaisem sistemas de captação, processamento e geração de resultados em tempo real (real time), os chamados processamentos online, em tempo real, substituindo as versões tradicionais de processamento em lotes ou batches. O processamento em lotes capta os dados offline, armazena-os e, em um segundo momento, coteja-os com os cadastros em bancos de dados, atualizando, de tempos em tempos, as posições de cadastro. Com esse tipo de processamento, ao se consultar um dado ou registro de dados, pode-se encontrar uma situação que não corresponde à realidade, por faltar realizar uma ou mais atualizações de movimentação acumulada. 2.3.3 Sistemas de controle de processo (PCS) As automatizações totais ou parciais de processos geram facilidades e agilizações no processo. Um dos importantes motivos para isso são os controles digitais de processos. Observando, por exemplo, o preenchimento total de um vasilhame durante o processo de envase de um produto líquido visual e manualmente feito por um humano, percebemos que a ação requer uma resistência ímpar do colaborador para se manter concentrado em trabalho tão repetitivo e monótono. A percepção de não conformidades no envase do líquido é muito prejudicada pela falha humana, totalmente possível e frequente em operações deste tipo. Esse índice de incerteza no controle é muito reduzido com a adoção de um controle digital da operação através de dispositivos eletrônicos de controle. Além de controle, esses dispositivos podem ser acrescidos de softwares especialistas e podem processar os resultados e decidirem-se por ajustes tanto no controle quando nas tarefas e procedimentos de envase adotados na operação. Os ajustes e o ritmo passam a ser definidos automaticamente. 2.3.4 Sistemas colaborativos Os sistemas colaborativos, denominados groupware, são soluções informacionais que viabilizam o trabalho compartilhado. São muito utilizados no desenvolvimento de projetos, planejados, executados e monitorados a muitas mãos, com participações de colaboradores e terceiros em diversas localidades da região, do pais e do mundo. Esses procedimentos participativos tornam reais as sinergias de partes interessadas e colaborativas com o trabalho a ser realizado, tornando o processo mais criativo e inovador. As tecnologias de compartilhamento de ideias, dados, projetos, imagens e teleconferência são as mais aplicadas nesse tipo de solução de TI. 38 Unidade I As redes de computadores e de telecomunicações avançaram muito na capacidade de transmitir, receber e processar dados, imagens e vídeos em velocidades enormes e volumes muito elevados, se comparados com os existentes em décadas passadas. Observação Groupware compreende o software que apoia, amplia, coordena e administra a colaboração entre pessoas e grupos de pessoas, em trabalho interconectado, utilizando ferramentas eletrônicas para trabalho colaborativo. 2.3.5 Sistemas de apoio gerencial Os sistemas de apoio gerencial cumprem a mais nobre das funções informacionais: após o processamento de todos os dados e informações transacionais de controle de processos e de demais sistemas operacionais, os sistemas de apoio gerencial processam esses inputs e geram informações mais específicas e lógicas para subsidiar os processos decisórios da organização em todos os níveis organizacionais: operacional, tático e estratégico. As decisões são tomadas em todas as áreas e em diversos níveis da empresa. Os níveis servem para determinar os tipos de decisões tomadas, da mesma forma que o nível de detalhamento e aprofundamento das informações e conhecimentos a serem fornecidos aos usuários. Segundo O’Brien (2004), os sistemas são: • Sistemas de Informação Gerencial (SIG); • Sistemas de Apoio à Decisão (SAD); • Sistemas de Informação Executiva (EIS). 2.3.6 Sistemas de informação gerencial Existem decisões tomadas regularmente que servem para conduzir os trabalhos necessários para satisfazer as necessidades rotineiras da operação. Essas decisões consideram as informações sobre custos, volumes de produção, andamento de lotes em processo, vendas, dentre outras transações funcionais. As informações devem ser processadas, tabuladas e oferecidas aos gestores funcionais operacionais, táticos ou estratégicos, permitindo sua análise e deliberação e visando à intensificação dos procedimentos e resultados corretos, bem como à intervenção e à correção dos procedimentos e atividades que não estejam oferecendo resultados suficientes para o atingimento das metas e dos objetivos planejados. O grau de previsibilidade das informações e, consequentemente, das decisões é muito alto. A periodicidade de geração das informações e dos relatórios também é bem conhecida, pois essas informações se destinam a fornecer suporte a decisões programadas e bem estruturadas nas diversas áreas funcionais da empresa. 39 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO 2.3.7 Sistemas de apoio à decisão O termo em inglês é Decision Support System, mas a tradução de seus termos para o português resulta na sigla SAD. A diferença básica em relação ao SIG (Sistema de Informação Gerencial) é a previsibilidade das exigências do usuário quanto a conteúdo, periodicidade, grau de detalhamento e forma de apresentação das informações. As decisões suportadas pelas informações do SAD não são rotineiras e programadas, são decisões não programadas e pouco ou nada estruturadas. As decisões não programadas tendem a ser transferidas para um decisor de nível superior à medida que se apresentam inéditas e complexas ao decisor de um nível hierárquico inferior, que pode ter menos experiência e conhecimentos sobre o assunto específico e a integração deste com os demais assuntos corporativos. O decisor é testado pelo êxito e pela constância de acertos que obtém ao identificar, analisar e solucionar problemas inéditos e complexos. Para tanto, o decisor necessita de soluções informacionais, como o SAD, que permitem parametrizações, pesquisas em bancos de dados locais ou externos e modificações nas formas de apresentação do resultado, que pode ser mais detalhado ou mais sintético. Pode vir a ser útil também a utilização de novas fontes e especificações para levantamento de dados novos e inéditos, de acordo com a necessidade momentânea do usuário. Além do ineditismo e da alta capacidade de análise e decisão, fazem-se necessários ao decisor o apoio de especialistas em pesquisa de dados (data mining), a montagem de novos bancos de dados segmentados (datawarehouse), a parametrizações e as elaborações de soluções informacionais ad hoc específicas e customizadas para atender a situações singulares e específicas. 2.3.8 Sistemas de informação executiva Os executivos são profissionais que se dedicam integralmente ao planejamento estratégico, à execução dos planos e ao controle dessa execução. Atuam sempre com muitos dados e informações e necessitam de conhecimentos e tabulações quantitativas e qualitativas que resumam recursos informacionais de diversas áreas da empresa para que possam tomar decisões rápidas, completas e corretas. As decisões tomadas na alta administração podem ocorrer de forma programada, mas as mais importantes não são programadas, o que exige uma alteração no nível de detalhamento e na forma de tratar determinado grupo de informações. Essas opções de alteração devem constar no sistema de forma parametrizável e de fácil manuseio visando facilitar a vida do executivo. Relatórios, consultas e acessos elaborados em um Executive Information System (EIS) devem ser desenvolvidos por especialistas que tenham como maior preocupação ajustar os parâmetros e apresentações do sistema ao estilo de decisão e à forma de análise do executivo usuário. O executivo, em um clique, muda um dado numérico de sintético para analítico, em tela de consulta. Os ícones são muito claros e facilmente identificáveis. A operação desse sofisticado e dedicado sistema não pode exigir o concurso de especialistas para apresentar novas alternativas de apresentação
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