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91 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Unidade II 5 REDES E PLANEJAMENTO EMPRESARIAL E DE TI 5.1 Uso da internet e de redes de computadores 5.1.1 Redes de computadores Antes de entender os usos e as aplicações das redes de comunicação, faz‑se necessário entender o funcionamento de uma rede de telecomunicação; nela, vários componentes são utilizados, cada um com uma importante função no sistema. As redes de comunicação consistem em sistemas que permitem a um emissor enviar uma mensagem de comunicação para um determinado (quando não para diversos) receptor(es) através de um canal, um meio para a veiculação da mensagem a ser comunicada. Em primeiro lugar, como se apresenta na figura a seguir, há os Terminais (1), dispositivos físicos que podem ser terminais de vídeo ou computadores pessoais, os Personal Computers (PCs), interconectados e emulando terminais, de forma que enviem e recebam os dados e as informações que irão circular pela rede. Os Processadores de Telecomunicações (2) são os dispositivos que dão suporte às trocas de informações na rede, promovendo o controle e a conversão de dados. São os modems, roteadores e comutadores, que convertem de diversas formas os dados transmitidos, como a conversão de dados digitais em analógicos e vice‑versa. Estes dispositivos controlam a velocidade de transmissão dos dados, monitorando a eficácia, a precisão e a eficiência do fluxo de informações da rede. Para que os dados sejam enviados e recebidos pelos demais componentes da rede, são necessários os Canais de Telecomunicação (3), em geral, meios físicos pelos quais os sinais elétricos tramitam dentro da rede. Existe uma combinação de mídias que contemplam: • fios de cobre; • cabos coaxiais; • cabos de fibra óptica; • sistemas de micro‑ondas; e • satélites de comunicações. 92 Unidade II 5 Sistemas de telecomunicação Processadores de telecomunicações Canais de telecomunicações Micros terminais Computadores 1 2 23 4 Figura 34 − Modelo de Rede de Telecomunicação Fonte: O’Brien (2004, p. 116). Lembrete Redes são sistemas interconectados, compostos por computadores e estações de trabalho, somados a canais e dispositivos de telecomunicação. Os canais de telecomunicações se utilizam de diversas mídias, conforme apresentado anteriormente. O fio de pares trançados, o fio de telefone comum, também denominado de fio de cobre, ainda é um dos meios mais utilizados para a interligação física das redes de computadores. Adotado há muitas décadas para a transmissão de voz nas redes telefônicas de todo o mundo. Pela comodidade e otimização da instalação já existente, passou a ser compartilhado com as redes de comunicação de dados em redes locais e remotas pelo mundo. Os cabos coaxiais são meios de transmissão de alta qualidade e formam redes de alta performance, se comparadas às de fios de pares trançados, podendo ser instalados sob o chão ou submersos em lagos e mares pelo planeta. Essas redes permitem um fluxo de dados em alta velocidade, substituindo as redes de pares trançados em regiões metropolitanas com grandes demandas e altos volumes de dados, no fornecimento de serviços de comunicação, em serviços de TV a cabo e na transmissão em redes instaladas em prédios comerciais e condomínios domiciliares. São muito utilizadas em redes de curta distância, entre computadores e seus periféricos. Já a fibra óptica é constituída por filamentos capilarizados de fibra de vidro, isolados por uma delicada capa protetora. São imunes a radiações eletromagnéticas, também não gerando este tipo de radiação. Esta propriedade permite a formação de feixes com grandes volumes de filamentos de uma só vez. Outra qualidade que justifica o maior investimento financeiro, necessário para a implantação dessa nova mídia nas redes de telecomunicação, é a mínima necessidade de estações repetidoras de sinal em redes com esses meios de transmissão. Outra grande vantagem é a qualidade da transmissão de dados e pulsos, com uma margem muito pequena de erros e repetições na transmissão e circulação na rede. A segurança também é 93 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO reforçada e ganha um upgrade, comparativamente com as redes que se utilizam de fio de cobre, pois há maior dificuldade de “grampeamentos” indevidos, sendo um dos motivos a dificuldade de emendas dos cabos de fibra. Aquilo que por um lado é uma desvantagem operacional na instalação acaba se tornando uma grande vantagem no funcionamento e na funcionalidade da rede instalada. Observação Rede remota corresponde a uma rede de telecomunicações de dados com cobertura de uma grande área geográfica. Pa r t ran ça do Ca bo co ax ial Ca bo de fib ra óp tic a Figura 35 − Fios e cabos Fonte: O’Brien (2004, p. 123). Para viabilizar as grandes redes de telecomunicação, os meios físicos de transmissão são importantes, mas não suficientes para cobrir grandes distâncias, principalmente em redes metropolitanas, em razão das dificuldades de instalação. Neste ponto entram as estações de transmissões e repetições de micro‑ondas terrestres. Fazem parte da paisagem urbana, nos edifícios, as grandes antenas das estações repetidoras, que respondem pela transmissão de ondas de rádio de alta velocidade, espaçadas a cada 50 quilômetros de distância, aproximadamente. Ainda sobre as micro‑ondas de rádio, para viabilizar a transmissão de dados em grandes volumes por grandes distâncias, surgem as redes de satélites, custosas e de dimensões mundiais. Estas redes antes eram consideradas inadequadas para a comunicação em tempo real, em razão das grandes distâncias, o que ocasionava certo nível de delay. Elas estão ancoradas na comunicação por satélites, que se encontram em órbitas estacionárias, a 35 mil quilômetros de altitude, interligados a estações terrestres e que funcionam como enormes estações repetidoras espaciais, alimentadas por gigantescos painéis solares. Atualmente, as redes contam com novas tecnologias que visam melhorar as comunicações entre empresas, em nível mundial. O’Brien (2004) destaca o caso do Kmart, que utiliza redes de miniparabólicas denominada de Very Small Aperture Terminal (VSAT) – terminal de abertura muito pequena –, que conectam suas sedes e sua estação de trabalho espalhadas pelo mundo. 94 Unidade II Já os Sistemas de Telefonia Celular são baseados na ciência de célula de comunicação. São divididas em pequenas áreas geográficas de alguns quilômetros quadrados, assumidas pelas chamadas células de comunicação. Cada célula com seu próprio dispositivo de transmissão de potência reduzida, funcionando como uma miniestação repetidora de ondas de rádio, de uma célula para a outra, formando uma rede de células. Para completar, o sistema de computadores processadores de telecomunicação é responsável pela administração e pelo controle das transmissões de usuário a usuário na rede de telefonia móvel. As tecnologias celulares são hoje uma modalidade dinâmica e das mais abrangentes na comunicação de voz de dados. Com seu mix de tecnologias, os sistemas de comunicação celulares digitais viabilizam a utilização dos notebooks, tablets e aparelhos celulares na computação móvel. O grande avanço é a combinação de tecnologias de telefonia, processamento de telecomunicação e telecomunicação por micro‑ondas de rádio, acrescidas do uso de rede de satélites, bem como da telecomunicação celular, que resultará na Personal Communications Services (PCS) ou Serviços de Comunicações Pessoais, em toda a sua plenitude. A instalação e a configuração de meios físicos para estruturar e fazer funcionar uma rede de comunicação, em uma empresa ou em um edifício inteiro, são muito dificultosas e dispendiosas. Como as construções não contavam com esse tipo de instalação, em muitos casos, os conduítes e espaços entre paredes não são adequados e suficientes para a passagem dos cabos (de par trançado, coaxiais ou de fibra óptica). Desta forma, a única alternativa é viabilizar total ou parcialmentea comunicação sem fio (wireless). A LAN wireless conta com uma tecnologia de telecomunicação que se utiliza de ondas de rádio de alta ou de baixa frequência. Pode ser utilizada, também, a tecnologia de raios de luz infravermelha, que estabelece a conexão entre os componentes da rede, munidos dos respectivos dispositivos de recepção e emissão de sinais, sem fio. Embora os custos iniciais de uma LAN wireless sejam mais elevados, além de haver algumas limitações técnicas, como barreiras de obstrução do sinal, a LAN a sinal infravermelho transmite mais rápido que as de ondas de rádio e muito mais rápido que as de fio de cobre. Os Computadores (4) são a razão para a existência das redes, visando a sua interconexão para satisfazer as necessidades dos usuários. São utilizados computadores micros, pequenos, médios e de grande porte, os mainframes. Os computadores processam os dados e geram as informações para as redes. Contudo, podem ter diferentes funções, dependendo da topologia das redes. Podem funcionar como servidores de dados, comunicação ou impressão em uma pequena rede de microcomputadores. Servem de host (computador principal) de uma rede quando mainframes, centralizadores do processamento de uma rede. Já os computadores médios atuam com um processador de front‑end da rede. Front‑end corresponde a interface, dispositivos e meios para coletar entradas e interagir com os usuários, alimentando o restante do sistema back‑end com dados e informações a serem processados para gerar as saídas desejadas. Ficaram faltando os Sistemas de Telecomunicação (5), que consistem na inteligência do sistema de comunicação. São programas desenvolvidos e executados para gerenciar e controlar as atividades de telecomunicação da rede. Para os mainframes, são os programas monitores de telecomunicações; já nos 95 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO computadores servidores de rede, funcionam os sistemas operacionais de redes. São utilizados, também, os browsers, navegadores de rede, conforme constam na figura apresentada a seguir. 5 Sistemas de telecomunicação Processadores de telecomunicações Canais de telecomunicações Micros terminais Computadores 1 2 23 4 Figura 36 − Modelo de Rede de Telecomunicação Existem diversos tipos de redes, que podem ser analisadas considerando diferentes dimensões e características,podendo ser redes remotas ou locais, quanto à sua acessibilidade, redes cliente‑servidor e redes interorganizacionais. O porte e abrangência das redes são dimensões importantes para sua identificação e delimitação. As redes remotas, Wide Area Network (WAN) são redes de telecomunicações dispersas por uma grande área geográfica, distinguindo‑se das redes LAN pelo seu porte e sua maior estrutura de telecomunicações. Em geral, são redes públicas. São utilizadas para interconectar empresas multinacionais, gerando um fluxo de dados e informações entre os colaboradores e as áreas funcionais, distribuídos em diversas cidades, estados, países e continentes espalhados pelo mundo. Veja o exemplo nas figuras a seguir. Saiba mais Estude o material apostilado com o título Sistemas Telefônicos, especialmente os cabos para conexão telefônica, a rede telefônica fixa e o sistema móvel celular e a conexão do Brasil com o mundo: SILVA, M. A. G. T. Sistemas telefônicos: técnico de telecomunicações. [S.l.]: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense, 2010. Disponível em: https://cutt.ly/5HMHUU7. Acesso em: 24 maio 2022. 96 Unidade II San Francisco San Ramon ConcordRichmond Bakersfield La Habra Houston Nova Orleans Abidjan Cingapura Nova Guiné Brisbane Genebra Londres Aberdeen Figura 37 − Exemplo de rede remota WAN Fonte: O’Brien (2004, p. 117). Rede remota mundial São Paulo Rio de JaneiroParis Buenos Aires Santiago Tóquio Londres Bogotá Munique Cairo Figura 38 − Rede mundial WAN Continuando as exemplificações de tipos de redes, apresentam‑se as redes Local Área Network (LAN). Elas são um tipo de rede local que cobre uma área geográfica limitada, normalmente um escritório ou uma empresa, interconectando um número reduzido de pontos e entidades, sendo normalmente de domínio privado. São corriqueiras e usuais por proporcionarem condições de conexão em rede a usuários finais de departamentos e diversos tipos de grupos de trabalho. Os meios de comunicação são múltiplos, podendo ser cabos telefônicos comuns, cabos coaxiais ou sistemas de rádio sem fio (wireless) para interconexão de estações de trabalho de microcomputadores e demais periféricos, como impressoras, scanners e acesso a web, rede mundial de computadores. Conforme se pode observar na figura apresentada a seguir, para estabelecer a comunicação, os PCs possuem uma placa de rede, que é uma placa de circuitos que funciona como uma interface de rede. Normalmente, a rede conta com um microcomputador com uma maior potência de processamento e de armazenamento, por dispor de um disco rígido bem maior, o HD, possibilitando a concentração do 97 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO processamento e do armazenamento dos dados. Este equipamento cumprirá a função de Servidor de Rede, e nele estará instalado o sistema operacional de rede. O servidor gerenciará e distribuirá os recursos da rede para os demais microcomputadores, tais como versões e cópias de arquivos compartilhados e softwares disponibilizados para utilização dos usuários da rede. Ele também controlará o acesso às impressoras e demais periféricos compartilhados aos usuários da rede de computadores. Switch Servidor de rede BD e software compartilhados Impressão compartilhada Processador de interconexão com redes diversas Figura 39 – Rede Local – LAN (compartilhamento) Fonte: O’Brien (2004, p. 118). Em razão da praticidade e da redução de custos, ao mesmo tempo que oferece versatilidade e flexibilidade para a solução em rede para as empresas, existe uma grande tendência em reduzir o tamanho das redes e soluções em Sistemas de Informação. As redes cliente/servidor são o resultado deste processo de downsizing, que consiste na passagem para plataformas menores de computação, tais como dos sistemas de mainframes para redes de computadores e servidores pessoais (O´BRIEN, 2004). Este processo, embora vantajoso, exige investimentos em pessoal, recursos de hardware (equipamentos, cabeamentos, dispositivos) e em softwares, além do esforço e do tempo para a substituição das plataformas (hardwares e softwares) tradicionais e antigas, ligadas aos mainframes. Os sistemas legados são os mais tradicionais e antigos, não tão simples de substituir. Existem casos especiais em que se implantam novas plataformas mais modernas, mas se mantêm, de forma parcial ou total, algumas soluções antigas em funcionamento devido à sua complexidade e/ou ao tipo de conhecimentos envolvidos. Lembrete Plataforma significa o conjunto de hardware e software ajustado e alinhado para atender uma necessidade funcional, dentro do planejamento de TI. 98 Unidade II Servidor de rede Micros terminais Superservidor Sistema principal Servidores controladores de aplicativos Controle de banco de dados central Processamento do serviço pesado Figura 40 – Rede cliente/servidor Fonte: O’Brien (2004, p. 120). Os computadores de rede fornecem condições para os usuários utilizarem os applets, que são pequenos programas aplicativos compartilhados na rede através dos browsers de rede, ou seja, navegadores que permitem o acesso e a execução dos recursos disponibilizados. A computação em rede apresenta uma arquitetura que permitiu o desenvolvimento em dimensões cada vez maiores e com alta compatibilidade, como as redes cliente/servidor, as intranets, as extranets e a própria internet. Veja a figura: Servidor de aplicativos Servidor de BD Interface com o usuário Sistema Operacional de rede e aplicativos Sistema de gerenciamento de banco de dados – SGBD Figura 41 − Computadores em rede Fonte: O’Brien(2004, p. 120). Na figura se verifica que os computadores de rede, bem como os demais clientes da rede, estabelecem as interfaces com o usuário contando com os navegadores de rede para viabilizar a execução dos applets, visando ao atendimento de suas necessidades de processamento, acesso a dados, impressão ou interconexão com a internet. Da mesma forma, é possível identificar os servidores de rede cumprindo as suas funções de fornecer acesso aos softwares, sistemas operacionais e recursos computacionais compartilhados em rede. Por último, verificam‑se os servidores especiais de dados operacionais, de rede intranet ou internet, por meio de aplicações de gerenciamento de dados. 99 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Observação A rede cliente/servidor é estabelecida em um ambiente de computação, no qual as estações de trabalho e os clientes são interconectados a um computador central, o servidor, que fornece um serviço de processamento, dados, acesso, dentre outros. Rede estrela Servidor Rede anel Servidor Rede barramento Figura 42 – Topologias de redes Fonte: O’Brien (2004, p. 129). Um dos maiores e mais esperados benefícios de uma rede de telecomunicação é o compartilhamento de informações e de recursos de software e periféricos entre os usuários, ou mesmo oferecer um meio de armazenamento final superior ao que é utilizado sem a rede, através de um concentrador de dados. O termo topologia se refere ao arranjo ou “layout físico”, ou seja, o meio e a estrutura adotados para a conexão dos nós e dispositivos na rede. Os nós são os pontos no meio, que estão conectados entre si. A localização destes nós é denominada de endereço, através do qual são reconhecidos pela rede. 100 Unidade II As estratégias adotadas para a escolha da topologia são diversas e dependem de aspectos ligados à forma de comunicação, compartilhamento, centralização ou descentralização dos fluxos e dos dados a serem compartilhados na rede. Os nós podem ser fontes ou usuários de recursos da rede, ou ambos, o que define como será a topologia da rede do grau de confiabilidade, flexibilidade e custos planejados operacionalmente. Serão abordadas algumas topologias mais comuns de redes, visando apresentar de forma resumida as principais características de cada uma delas. Rede Anel A Rede Anel é uma topologia muito utilizada pela simplicidade do seu protocolo. Consiste em um conjunto de nós (terminais de telecomunicação) interligados através de um anel central de comunicação. As mensagens são recebidas e enviadas de forma unidirecional, entre o nó emissor ou receptor e o anel central. As estações interligadas ao anel não se intercomunicam diretamente, as mensagens são enviadas para o anel e ficam circulando nele até que sejam capturadas pela estação‑nó de destino. O protocolo unidirecional de transmissão é o usualmente adotado devido à simplicidade de controle e gerenciamento da comunicação. Este procedimento aumenta a segurança de entrega da mensagem, de forma coreta, com sequência e destino certos. A mensagem enviada fica circulando no anel até identificar o destino ou até retornar ao nó emissor, se houver esta opção, por tempo e quantidade de tentativas. Estes procedimentos permitem o envio simultâneo de uma mensagem para diversas estações da rede, que podem receber mensagens de todos os demais nós da rede. Existe pouca tolerância na rede às falhas de comunicação, endereçamento ou fluxo de informação. Nos diversos controles possíveis se torna difícil identificar onde houve a perda de controle para tentar retomar o caminho correto para a rede, em qual nó este controle deve ser recriado. Pode acontecer que uma anomalia no controle cause uma circulação eterna de uma mensagem no anel da rede. Uma possibilidade para aumentar a consistência do gerenciamento e do controle da rede é a criação de uma estação monitora, fixa ou temporária. Este nó seria responsável por acompanhar o desempenho da rede e o fluxo de mensagens em circulação, removendo, ou mudando de um nó para o outro, caso identifique a queda de uma linha de comunicação ou outros problemas no fluxo. Rede Barramento A denominação da rede é em função de sua configuração, que, por sua vez, depende de uma barra central, na qual todas as estações estão conectadas. Desta forma, o fluxo de informações, comandado pelo servidor, é canalizado numa única barra central, e todas as estações‑nós da rede percebem (ouvem) todas as informações que circulam na rede, o que torna muito simples o envio de um pacote do tipo multidifusão. Ao disponibilizar o pacote na rede, basta que haja o endereçamento de todos os nós e, 101 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO naturalmente, as estações terão acesso. Em geral, diversas técnicas são utilizadas para o gerenciamento e o controle do acesso à barra central, podendo ser centralizada ou descentralizada. Quando centralizada, o acesso, ou a negativa para determinada estação, é efetuado por uma única estação‑nó especial. No controle descentralizado, o monitoramento e a permissão de acessos são distribuídos por todas as estações da rede. A modalidade de controle utilizada é a multiplexação. Multiplexar consiste em entremear ou transmitir simultaneamente duas ou mais mensagens em um único canal (O’BRIEN, 2004). O multiplexador é um dispositivo eletrônico que permite a um único canal de telecomunicação veicular a transmissão simultânea de dados a partir de diversos terminais (O’BRIEN, 2004). Diferentemente da Rede Anel, em uma falha no fluxo de comunicação, o fluxo da rede não será interrompido: o seu desempenho é acompanhado com base na transmissão, na quantidade de nós conectados, no gerenciamento do acesso, no tipo e na velocidade de tráfego, dentre outros. Existem também os watchdog timer, relógios de prevenção que medem o tempo de transmissão/recepção alocados em cada transmissor, podendo desconectar os nós que falham durante o processo. Rede Estrela Uma rede estrela interconecta os computadores, estações de trabalho, a um computador central, host. Através deste host, os nós usuários podem se comunicar entre si e compartilhar os recursos disponíveis na rede. Quando se trata de mensagens e comunicação entre as estações, o host funciona como um comutador de telecomunicação. Quando os nós que compõem a rede se relacionam como clientes dependentes de relacionamento com um servidor central, não há solução melhor que a Rede Estrela. O gerenciamento central das comunicações facilita o gerenciamento do fluxo e a concentração de funções de operações de diagnósticos e gerenciamentos da rede. O host pode comutar ou chavear as comunicações entre as estações, mas também pode servir como um conversor de protocolos de telecomunicação, fazendo o papel de compatibilizador e nó de ligação entre redes diferentes de telecomunicação. O servidor, cotidianamente, vai gerenciar e harmonizar o padrão e a velocidade de comunicação entre os diversos transmissores e receptores existentes na rede. O controle e o contingenciamento de falhas de comunicação serão mais práticos se houver uma falha entre uma estação e o computador central; somente este nó usuário ficará desconectado, e o funcionamento da rede, em sua totalidade, não sofrerá nenhuma descontinuidade. Entretanto, se uma falha ocorrer no host, todo o sistema pode ficar fora do ar. Para evitar este grave problema, a solução seria a redundância de plataforma, mantendo um servidor back up paralelamente de prontidão para entrar em operação em caso de falha. Contudo, esta medida gerará grande aumento nos investimentos em instalação e manutenção. A capacidade do host passa a ser restritiva para o crescimento da rede, em termos de número de estações de trabalho e volume de dados e recursos a serem compartilhados e volume de dados a serem 102 Unidade II processados, acessados e armazenados na rede. Também ficam limitados os desempenhos cotidianos de velocidade de acesso e tempo de resposta da rede em função dacapacidade do computador central. Existem diversos tipos de topologias ou estruturas de rede, sendo importante o conhecimento das principais, considerando as suas características e prós e contras, conforme se pode verificar no quadro a seguir. Saiba mais Consulte o texto sobre redes de computadores: TORRES, G. Redes locais: topologias e periféricos. Clube do Hardware, 1º jun. 1998. Disponível em: https://cutt.ly/oHMH9Mn. Acesso em: 24 maio 2022. Quadro 25 – Topologias de rede – prós e contras Topologias Aspectos prós Aspectos contra Rede anel Facilidade de instalação Cabeamento simplificado Harmonização do desempenho Falha em um nó ocasiona queda dos demais Dificuldade de isolamento de falhas Rede barramento Simplicidade Facilidade de instalar Cabeamento simples Entendimento de funcionalidade facilitado Diminuição da velocidade de troca e processamento, em momentos de pico Dificuldade de isolamento de problemas Rede estrela Contorno facilitado de falhas de comunicação Flexibilidade para expansão e para inclusão de usuários Diversas facilidades de monitoramento, pelo controle centralizado Cabeamento mais complexo Maior investimento para instalação A alternativa geral é a utilização das estruturas mistas, aproveitando os pontos positivos de duas ou mais topologias, dependendo das características operacionais e das necessidades da empresa ou do setor de trabalho. As estruturas podem mesclar as topologias estrela, barramento ou anel. Tecnologias de redes – métodos de transmissão • Ethernet Robert MetCalf criou um sistema para conexão de estações da Xerox com servidores. Essa tecnologia de redes de computadores tinha uma velocidade inicial limitada a cem estações operando numa banda de 2 Mb/s, com cabo coaxial. Com o advento da fast ethernet, em 1990, a velocidade passou para 100 Mb/s, passando a ser utilizado o fio de par trançado. Posteriormente, com a utilização da fibra óptica, a rede atingiu a operação a 1 Gb/s. 103 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO A mais antiga rede no mercado teve seu custo reduzido pelo desenvolvimento tecnológico, ocasionando o aumento de sua utilização e a preferência no mercado. Normalmente utilizada com topologia barramento (coaxial) ou estrela (par trançado com HUB), nesta rede, todos os nós percebem o tráfego na rede, ou pelo menos retransmitem o que está circulando nesta. No controle de fluxo, dois nós, ao serem detectados em transmissão simultânea, são alertados e aguardam outra oportunidade para transmitirem, evitando a chamada “colisão” na comunicação. Esse é o Carrier Sense Multiple Access with Collision Detection (CSMA/CD). Quanto maior o número de nós da rede, mais aumentam as colisões. A cada “colisão”, os dados são perdidos, e o controle permite que os nós envolvidos aguardem o momento adequado para retransmitir, sem perda de dados ou perda de continuidade no fluxo ou para a estação usuária. • Token Ring Indicadas para redes de médio e grande porte, a rede Token Ring apresenta uma relação custo‑benefício pior que a da rede ethernet. Esta tecnologia de rede se baseia em uma lógica de Anel. A topologia física se utiliza de um sistema de Estrela, com hubs inteligentes. O custo de instalação dessa rede é elevado, sendo sua velocidade de transmissão bem menor que a das redes ethernet. Um dos grandes benefícios da rede Token é sua virtual imunidade de colisões de mensagens; por contar com dispositivos inteligentes, o controle e a solução de falhas são muito facilitados. Entretanto, não é recomendada para aplicação em pequenas operações. O controle da rede tem suporte do processo de controle de permissões para transmissão das estações usuárias. A lógica de funcionamento é circular, garantindo que todos os nós usuários transmitam. Saiba mais Consulte texto a seguir para atualizar os seus conhecimentos. AS TÉCNICAS de transmissão de dados nas redes sem fio Wi‑Fi (80). Kioskea.net, jun. 2014. Disponível em: https://cutt.ly/vHMJjYb. Acesso em: 24 maio 2022. Arquiteturas e protocolos A arquitetura e os protocolos de rede consistem em padrões a serem adotados pelos fabricantes de hardwares e softwares de comunicação de redes, visando à redução de custos e ao aumento da eficácia e da eficiência das soluções produzidas e comercializadas por meio de um maior compartilhamento e interatividade entre produtos oferecidos ao mercado. Tudo isso devido a uma maior compatibilidade entre as soluções dos diversos fabricantes. 104 Unidade II Os protocolos correspondem a um conjunto de regras e procedimentos padronizados, mesmo que limitado a um equipamento de um fabricante. Existem protocolos que padronizam características físicas dos cabos e conectores de terminais, computadores, modems e linhas de comunicação. Os protocolos podem estabelecer, também, regras para o processo de trocas de mensagens, sinais e códigos, durante uma sessão de telecomunicação entre terminais e computadores, dentre outros tipos de protocolos. A arquitetura de redes objetiva criar um ambiente (environment) capaz de desenvolver telecomunicação de forma flexível, simples e eficaz. O protocolo‑padrão permite o desenvolvimento de interfaces padronizadas para os diversos níveis existentes entre os sistemas de computadores e os usuários finais. O Open Systems Interconnection (OSI), Sistema de Interconexão de Sistemas Abertos, elaborado e apresentado ao mercado pela Organização Internacional para a Definição de Normas, tem sua funcionalidade em sete camadas. O Modelo OSI deve servir como padrão para o desenvolvimento das arquiteturas de redes. Adoção modular de sete camadas, na arquitetura de uma rede, simplifica e promove melhor manutenção, desenvolvimento e operação da rede, por profissionais do mercado. O sistema de protocolo TCP/IP, adotado pela internet, teve aceitação e padronização tão abrangentes com o passar do tempo que tornou a internet um padrão de arquitetura de rede de telecomunicação. O TCP/IP pode ser entendido por Protocolo de Controle de Transmissão/Protocolo de internet. Conforme se pode observar na figura, o TCP/IP se encontra estabelecido com cinco camadas de protocolos próprios, mas que equivalem às sete camadas do modelo OSI. Rede estrela Rede Estrela‑anel Figura 43 – Camadas da hierarquia de redes – TCP/IP Fonte: O’Brien (2004, p. 130). 105 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Lembrete Protocolos de internet correspondem a um grupo de regras e normas de funcionamento, padronizadas e formalizadas, que são atendidas para viabilizar troca de dados e informações entre computadores conectados em rede. 5.1.2 Rede internet A história da internet passa por pesquisas na Fundação de Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e evolui até a formação do Comitê Gestor da internet no Brasil. Quadro 26 – Histórico da internet no Brasil Período Histórico 1987 A Fundação de Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) conectaram‑se a instituições nos EUA 1988 A UFRJ conectou‑se à Ucla. Várias universidades e centros de pesquisa conectaram seus equipamentos a uma dessas instituições 1990 A Rede Nacional de Pesquisas (RNP) começa uma iniciativa cujo objetivo é implantar uma moderna infraestrutura de serviços de internet, com abrangência nacional. Até abril de 1995, a atuação da RNP se restringia às áreas de educação e pesquisa no País. Sua missão foi disseminar o uso da internet no Brasil, especialmente para fins educacionais e sociais 1991 Apresentação de um plano para melhor interconectar os diversos centros de pesquisa do país: –7 de junho: aprovação da implantação de um backbone para a RNP, financiada pelo CNPq –motivação: lentidão e problemas apresentados no modelo inicial 1992 a 1993 Implantação de um backbone de comunicação, cobrindo a maior parte do país, a velocidades mínimas de 9.600 bits por segundo (b/s) Implantação de um conjunto de aplicações em diversas áreas de especialização; planejamentopara o período 1994/1995 (lograr a efetiva consolidação da rede) 1994 a 1995 Quase todos os estados brasileiros tinham ponto de presença oficial da RNP ou operado por alguma instituição local e aberto à comunidade de educação e pesquisa na região As instituições que então se conectaram à RNP ou a redes estaduais eram primariamente voltadas para educação, pesquisa ou gestão governamental Cerca de quatrocentos instituições de ensino e pesquisa do país se ligaram em rede, incluindo a maioria das universidades e dos institutos de pesquisa governamentais Segundo as estimativas da época, mais de 10 mil hosts estavam interligados em rede no Brasil Adotada a premissa de que cada host era utilizado por seis usuários, o número total de usuários ativos era estimado em 60 mil, primariamente, para uso acadêmico 106 Unidade II Período Histórico Abril/1995 O Ministério das Comunicações e o Ministério da Ciência e Tecnologia decidem lançar um esforço comum de implantação de uma rede internet global e integrada para todo tipo de uso Surgiram as bases político‑estratégicas da internet no Brasil. Conectaram‑se 11 empresas no servidor WWW experimental da Embratel Neste cenário, a RNP foi chamada a cumprir nova missão Operação (continuada) de serviços de alocação de endereços IP e de registro de domínios Aderência de todas as iniciativas de redes no país a padrões gerais de engenharia, interconexão, segurança etc. Coleta e disseminação de informações sobre internet no Brasil: pontos de presença em todas as capitais, ligação entre as capitais geradoras de maior tráfego a velocidades de 2 Mb/s (antes 64 Kb/s) e transformação das ligações de 9.6 Kb/s em ligações a 64 Kb/s Maio/1995 Criação do Comitê Gestor da internet, que conta com a participação do MC e do MCT, de entidades operadoras e gestoras de espinhas dorsais, de representantes de provedores de acesso ou de informações,de representantes de usuários e da comunidade acadêmica Atribuições do Comitê Gestor: – fomentar o desenvolvimento de serviços de internet no Brasil – recomendar padrões e procedimentos técnicos e operacionais para a internet no Brasil – coordenar a atribuição de endereços de internet, o registro de nomes de domínios e a interconexão de espinhas dorsais – coletar, organizar e disseminar informações sobre os serviços de internet Principal problema para o Comitê Gestor: – acompanhar a transformação da internet no Brasil Principais transformações: – aumento de velocidade nos circuitos da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) – permissão de tráfego misto – acadêmico, governamental e comercial – estabelecimento, pela Telebras, de um backbone nacional e de outros backbones privados – em dezembro, todos os circuitos de 2 Mb/s correspondentes à parte principal da espinha dorsal da RNP estavam operacionais Comitê Gestor da internet do Brasil: – criado com o objetivo de assegurar qualidade e eficiência dos serviços oferecidos, assegurar justa competição entre provedores e garantir a manutenção de adequados padrões de conduta de usuários e provedores Membros do Comitê: – Ministérios (MCT, MC, Defesa, Planejamento e Indústria) – Casa Civil da Presidência da República – Agência Nacional de Telecomunicações – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – representantes do setor empresarial – provedores de acesso e conteúdo da internet – provedores de infraestrutura de telecomunicações – indústria de bens de informática, telecomunicações e software – setor empresarial usuário – representantes do terceiro setor (serviços) – representantes da comunidade científica e tecnológica 107 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO A internet transformou o ambiente empresarial em um contexto veloz, integrado e unificado ao interconectar bilhões de internautas em todo o mundo. A World Wide Web – WWW –, interface gráfica da internet, desenvolveu o seu potencial em criar uma nova interação das empresas, de forma fácil e amigável. O sonho humano de décadas de desenvolver meios de intercomunicar os membros da sociedade, em volumes astronômicos, tornou‑se realidade. A partir de sua criação na década de 1960, nos EUA, a internet evolui cada vez mais rapidamente, tornando‑se o meio de comunicação mais efetivo do globo. No Brasil, há um crescimento acelerado. Foi criado um novo ambiente, que necessita de regulamentação, de novas regras de relacionamento, distribuição de informações e privacidade de dados e conhecimentos valiosos. Este espaço, o cibernético, estabeleceu o ciberespaço, diferente do espaço físico e real, com uma estrutura maleável e flexível, onde todos podem atuar livremente e com acessos ilimitados a qualquer um dos nós da rede, redefinindo códigos e interagindo. A existência de objetos inacessíveis e não públicos elevam o grau de urgência de criação de instrumentos jurídicos, capazes de alcançar estes novos tipos de eventos e relacionamentos. Ao final de 2009, segundo estatísticas realizadas pelo Ibope (apud NÚMERO..., 2013), o Brasil atingiu 67,5 milhões de internautas, um crescimento de 1,2 milhões se comparado com a pesquisa realizada em setembro de 2009, ou seja, em apenas três meses, o Brasil teve crescimento de 1,77%, em número de internautas. Em quatro anos, a quantidade de internautas quase dobrou, alcançando o volume de 102 milhões. Veja o trecho de um artigo publicado sobre o assunto: O número de pessoas com acesso à internet no Brasil ultrapassou pela primeira vez a casa dos 100 milhões, segundo estudo divulgado nesta quarta‑feira (10) pelo Ibope Media. Os dados referentes ao primeiro trimestre de 2013 indicam que o país tem 102,3 milhões de internautas. O crescimento foi de 9% se considerados os 94,2 milhões de usuários registrados no terceiro trimestre de 2012. O comparativo se refere a este período de 2012, pois foi a partir dele que o instituto passou a considerar crianças e adolescentes com idade inferior a 16 anos. Agora, o levantamento inclui pessoas de 16 anos ou mais com acesso em qualquer ambiente (domicílios, trabalho, escolas, LAN houses e outros), além de crianças e adolescentes (de 2 a 15 anos de idade) com acesso em casa. Se consideradas as pessoas com acesso em casa ou no trabalho, somente em abril de 2013, o número fica em 72,7 milhões. Durante o mesmo período, o número de usuários ativos (que efetivamente usaram a web) em um desses dois ambientes ficou em 53,7 milhões. 102,3 milhões de usuários – 1º tri de 2013. 108 Unidade II 72,7 milhões têm acesso em casa ou no trabalho – abril 2013. 53,7 milhões efetivamente navegam em casa ou no trabalho – abril 2013 (NÚMERO..., 2013). Para entender o ambiente da internet, é preciso compreender o seu funcionamento. Dentre os componentes da internet estão os provedores da rede. Um provedor pode ser uma pessoa física ou jurídica; faz o papel de disponibilizar dados, informações, conhecimentos, acesso e comunicação, bem como serviços diversos. Lembrete WWW significa World Wide Web, denominação dada ao ambiente gráfico, que forma um sistema de documentos utilizado na internet. Permite o acesso a informações, no formato de hipertexto. O acesso é feito com o uso de um programa chamado navegador. A melhor classificação de provedores da internet é a da Rede Nacional de Pesquisa, em seu Guia do Usuário internet/Brasil – Versão 2.0 (REDE NACIONAL DE PESQUISA, 1996), que os denomina de provedores de serviços. É possível adotar a definição de Leonardi (2005), que institui cinco diferentes tipos de provedores: • provedor backbone; • provedor de acesso; • provedor de correio eletrônico; • provedor de hospedagem; • provedor de conteúdo. Quadro 27 − Tipos de provedores da internet Provedor Característica Provedores backbone Backbone significa espinha dorsal, é a estrutura física da internet. Permite a transferência de dados, interligando os computadores. É a instituição que mantém a infraestrutura necessária para disponibilizar serviços para outros provedores de acessoe hospedagem A interconexão dos computadores provedores cria a rede imensa que abrange o ambiente global da internet. Esta infraestrutura é formada por cabos, linhas telefônicas, satélites, estações repetidoras. A Rede Nacional de Pesquisa foi a primeira a possuir um backbone no Brasil. Visando ao desenvolvimento da internet no Brasil, o Governo autorizou que empresas particulares montassem os seus provedores 109 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Provedor Característica Provedores de acesso Disponibilizam acesso à internet, na maioria das vezes, através dos Provedores disponíveis, porém muitos contam com seus próprios recursos e provedores. Têm grande importância: sem esses provedores de acesso, a maioria dos internautas não teria acesso à rede. Nos dias atuais, esta dependência diminui, com o avanço dos recursos tecnológicos da rede Provedores de correio eletrônico A maioria dos provedores de acesso oferece, também, serviços de correio eletrônico, de e‑mail. No Brasil, conhecem‑se o Terra, o UOL, o IG, o Ibest etc. Provedores de hospedagem Oferecem um serviço de armazenamento de arquivos e dados dos internautas, gratuitamente ou não, contando com servidores próprios. O acesso remoto de terceiros aos dados armazenados é realizado conforme as cláusulas de um contrato de prestação de serviços, firmado coletivamente com os consumidores O fator negativo desses serviços, devido ao acesso de terceiros aos dados, é pirataria na internet. Dentre as empresas de hospedagem tradicional, surgiram recentemente empresas como o Rapidshare, consideradas de hospedagem rápida, contribuindo para a disseminação de conteúdos ilicitamente ou não autorizados pelos autores originais Provedores de conteúdo Provedores de conteúdo são as empresas ou pessoas que fornecem informações e conhecimentos que foram elaborados e desenvolvidos pelos provedores de informação. Já os provedores de informação criam as informações disponibilizadas pelos servidores próprios ou por terceiros Os tipos de provedores de conteúdos se dividem em comunidades online, blogs, fotologs, fóruns, dentre outros Tipos de provedores de conteúdo Comunidades online No Brasil, um bom exemplo é o antigo Orkut. Hoje, o grande exemplo é o Facebook As comunidades online também são conhecidas como comunidades de relacionamento online ou redes sociais. A questão não é a semelhança apenas. Pode ser que pessoas com características e preferências bem diferentes façam parte da mesma comunidade online. Contudo, dentro das redes sociais, os grupos vão sendo formados em verdadeiras subcomunidades e, aí sim, por interesses comuns Blogs Sistemas que existem há mais tempo no ambiente da internet. Muitos usuários da rede mundial fazem uso para divulgar seus pensamentos e ideologias São verdadeiros portais de pirataria também, pois disponibilizam conteúdos e links para textos, músicas e vídeos, nem sempre com distribuição autorizada Fotologs Divulgam fotos e imagens postadas pelos usuários cadastrados. Também considerada uma grande fonte de pirataria. Hoje se encontram em decadência, tendo sites mais modernos, como o Instagram Fóruns Bem mais conhecidos, são utilizados em sites diversos e em comunidades online. Contudo, o tipo característico é um fórum especializado. Em torno do sistema formam‑se comunidades específicas e especializadas em determinado tipo de assunto. São geradas discussões técnicas e específicas, aprofundando‑se em determinado tema, com compartilhamento de conhecimentos e esclarecimentos de dúvidas. Exemplos: Clube do Hardware Adaptado de: Leonardi (2005). Observação Backbone significa um meio de transferência de dados em alta velocidade e alta capacidade ao longo de centenas ou milhares de quilômetros. É a rede principal pela qual os dados de todos os clientes da internet circulam e são transmitidos. 110 Unidade II 5.1.3 Intranet A intranet é uma rede nos mesmos moldes da internet, contando com todos os recursos disponibilizados na rede mundial de computadores, tais como computadores interconectados, sites, comunidades, serviço de correio eletrônico, fórum, chat, dentre outros. O diferente é que o nível de acesso e a abrangência da rede são internos de uma organização. O acesso é permitido aos colaboradores da empresa por meio de user codes, senhas e níveis de permissão. Na figura podem‑se analisar os componentes e o funcionamento geral da intranet, bem como da extranet, que será abordada mais adiante. Roteador Roteador Firewall Firewall Extranet A internet Servidor da intranet Servidor principal Figura 44 – Exemplo de modelo de intranet e extranet Fonte: O’Brien (2004, p. 119). Para a construção de uma intranet, existe um método desenvolvido empiricamente que facilitaria os trabalhos. Benefícios da intranet: • excelente plataforma para divulgação de informações internamente; • servidores não necessitam de tanto hardware; • tecnologia Web apresenta capacidade de expansão. 111 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO 5.1.4 Extranet Da mesma forma que a intranet, a extranet conta com todos os recursos da internet, mas diferencia‑se pelo acesso restrito e pela sua abrangência. Os usuários são um pequeno grupo de stakeholders das operações da empresa. Stakeholdes são partes interessadas; neste caso, são fornecedores, clientes, empresas parceiras e outras instituições autorizadas. Oferece uma gama de aplicações e serviços, como utilização de softwares e hardwares mais sofisticados, por exemplo: • clientes: autosserviço, comercialização, marketing one‑to‑one, venda direta, encomenda de produtos ou serviços etc.; • fornecedores: administração de distribuição, administração da cadeia de valores e suprimentos (Supply Chain Management − SCM) e compras online. Na extranet as redes se conectam e permitem que recursos disponíveis na intranet de uma organização se intercomuniquem com outras organizações. As extranets permitem que parceiros acessem sites e outros recursos da intranet de acordo com níveis de permissão, consoante os interesses e as estratégias da empresa acessada. Saiba mais Leia o texto a seguir para saber diferenciar a extranet e a intranet, com exemplos práticos: VAZ, M. O que é extranet? Globo.com, 2012. Disponível em: https://cutt.ly/NHMJSKP. Acesso em: 24 maio 2022. 6 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO, TÁTICO E OPERACIONAL DE TI As organizações são subdivididas em três níveis administrativos e de atuação. São eles: o estratégico, o tático e o operacional. Tático Estratégia Operacional Níveis organizacionais Figura 45 – Níveis operacionais 112 Unidade II Como se pode verificar em Santos (2011), cada um dos níveis tem um planejamento específico, mas é integrado pelo desdobramento dos maiores nos menores, de forma que a consecução do menor efetive a consecução dos maiores. Exemplo: a consecução dos objetivos operacionais viabiliza a consecução dos objetivos táticos, e assim sucessivamente. Nível estratégico de influência O planejamento estratégico pode ser conceituado como um processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa, tendo em vista a obtenção de um nível de otimização na relação da empresa com o seu ambiente. Portanto, o nível estratégico de influência considera a estrutura organizacional de toda a empresa e a melhor interação dela com o ambiente. Nível tático de influência O planejamento tático tem por finalidade otimizar determinada área de resultado, e não a empresa em sua totalidade. Ao realizar o seu planejamento, com base nos objetivos estratégicos da organização, cada área determina como contribuir para a consecução dos objetivos primeiros. Portanto, o nível tático de influência considera determinado conjunto de aspectos homogêneos da estrutura organizacional da empresa. Nível operacional de influência O planejamento operacional pode ser considerado como o nível de execução e realização das tarefas. Neste nível, os objetivos táticos são desdobradosem objetivos e metas operacionalizáveis. Elaboram‑se os planos de ação, que determinam como as tarefas serão executadas e monitoradas. Portanto, o nível operacional considera uma parte bem específica da estrutura organizacional da empresa. Para o entendimento da organização é preciso ter uma compreensão sistêmica da empresa. Para tanto, sugerem‑se o estudo e compreensão das Áreas Funcionais da Organização, conforme detalhado anteriormente, o que permitirá o entendimento do funcionamento de quaisquer tipos de empresa, independentemente do ramo de atuação, do porte ou da estratégia adotada. Marketing Produção Áreas funcionais‑fim Áreas funcionais‑meioAdm. financeira Adm. de materiais Adm. de recursos humanos Adm. de serviços Gestão empresarial Figura 46 – Áreas funcionais 113 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO As áreas funcionais‑fim englobam as funções e atividades envolvidas diretamente no ciclo de transformação de recursos em produtos e de sua colocação no mercado. Pertencem a esta categoria as seguintes áreas funcionais: • marketing: é a função relativa à identificação das necessidades de mercado, bem como a colocação dos produtos e serviços junto aos consumidores; Quadro 28 – Os quatro Ps de marketing Tópico Atividades Produto Desenvolvimento dos produtos atuais Lançamento de novos produtos Estudo de mercado Forma de apresentação Embalagem Praça Expedição Venda direta Venda por atacado Promoção Material promocional Promoção Publicidade Propaganda Amostra grátis Preços Estudos e análises Estrutura de preços, descontos e prazos • produção: é a função relativa à transformação das matérias‑primas em produtos e serviços a serem colocados no mercado. Quadro 29 – Atividades da produção Tópico Atividades Fabricação Processo produtivo Programação Controle Qualidade Programação Controle Manutenção Preventiva Corretiva Já as áreas funcionais‑meio congregam as funções e atividades que proporcionam os meios para que haja a transformação de recursos em produtos e serviços e sua colocação no mercado. Estas são as seguintes áreas funcionais: 114 Unidade II • administração financeira: é a função relativa a planejamento, captação, orçamento e gestão dos recursos financeiros, envolvendo também os registros contábeis das operações realizadas nas empresas; Quadro 30 – Atividades financeiras Tópico Atividades Planejamento de recursos financeiros Orçamento Programação das necessidades de recursos financeiros Projeções financeiras Análise do mercado de capitais Captação de recursos financeiros Títulos Empréstimos e financiamentos (negociação e contratação de recursos) Administração de contratos de empréstimos e financiamentos (prestação de contas aos órgãos financiadores, amortização, correção e encargos financeiros dos contratos) Gestão dos recursos disponíveis Pagamentos (fundo fixo de caixa, controle de vencimento, borderôs, reajustes de preços) Recebimentos (controle de recebimentos, registros) Operações bancárias (abertura e encerramento de contas, transferências, conciliações) Fluxo de caixa Acompanhamento do orçamento financeiro Seguros Análise do mercado securitário Contratação de apólices Administração das apólices Liquidação de sinistros Contábil Contabilidade patrimonial (análise, registro patrimonial, correção monetária, depreciação e amortização do ativo fixo) Contabilidade de custos (apropriação, rateios, relatórios de custos) Contabilidade geral (demonstrações financeiras, relatórios contábeis, contabilidade de contratos de empréstimos e financiamentos, controle de correntistas) • administração de materiais: é a função relativa ao suprimento de materiais, serviços e equipamentos, normatização, armazenamento e movimentação de materiais e equipamentos da empresa; Quadro 31 – Atividades de suprimentos Tópico Atividades Planejamento de materiais e equipamentos Programação das necessidades de materiais e equipamentos Análise de estoques (classificação ABC, lote econômico, estoque de segurança etc.) Normatização e padronização Orçamento de compras Aquisições Seleção e cadastramento de fornecedores (contatos, coleta de dados sobre fornecedores, avaliação etc.) Compras de materiais e equipamentos (licitação, emissão de encomendas, acompanhamento de entregas) Contratação de serviços e obras 115 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Tópico Atividades Gestão de materiais e equipamentos Inspeção e recebimento (verificação de qualidade, quantidade, especificação etc.) Movimentação de materiais (transporte) Alienação de materiais e equipamentos Controle de estoques (localização física, controle de entradas, requisições, quantidades em estoque, separação de materiais, armazenagem etc.) Distribuição e armazenagem dos materiais e equipamentos (entrega ao requisitante ou a outros almoxarifados) • administração de recursos humanos: é a função relativa ao atendimento de recursos humanos da empresa, bem como ao planejamento e à gestão deste recurso, do seu desenvolvimento, além de benefícios, obrigações sociais etc.; Quadro 32 – Atividades da Administração de Recursos Humanos Tópico Atividades Planejamento Programação de necessidades de pessoal (quem, quando, para onde, quantos) Análise de mercado de trabalho Pesquisa de recursos humanos Orçamento de pessoal Suprimentos do quadro Cadastramento de candidatos a emprego Recrutamento Seleção (exames psicotécnicos, médico, teste de conhecimento profissional) Registro e cadastramento Contratação de mão de obra de terceiros Contratação de serviços e obras Gestão de recursos humanos Movimentação de pessoal (transferências, promoções, transformação de vagas, admissões, demissões) Cargos e salários Controle de pessoal (ponto, distribuição de efetivo, controle de produtividade) Acompanhamento de orçamento de pessoal Relações com sindicatos Desenvolvimento de recursos humanos Avaliação de desempenho Acompanhamento de pessoal Treinamento Pagamentos e recolhimentos Folha de pagamento Encargos sociais Rescisões dos contratos de trabalho Auxílios Benefícios Assistência médica Empréstimos e financiamentos Lazer Assistência social 116 Unidade II Tópico Atividades Obrigações sociais Medicina do trabalho Segurança do trabalho Ações trabalhistas Relatórios fiscais • administração de serviços: é a função relativa a transporte de pessoas, administração dos escritórios, documentação, patrimônio imobiliário da empresa, serviços jurídicos, segurança etc.; Quadro 33 – Atividades de Administração de Serviços Tópico Atividades Transportes Planejamento da frota de veículos e normatização do uso dos transportes na empresa Administração da frota de veículos (controles, alienações, programação do uso, relatórios sobre acidentes etc.) Serviços de apoio Manutenção, conservação e reformas dos locais e das instalações civis, elétricas e hidráulicas Administração de móveis e equipamentos de escritório normatização, padronização, controle físico, orçamento, inventário Planejamento e operação do sistema de comunicação telefônica Serviços de zeladoria, limpeza e copa Manutenção da correspondência da empresa (recebimento, expedição e classificação, serviços de malote) Administração dos arquivos (normatização, padronização e organização de arquivos) Serviços de gráfica Relações públicas Segurança Serviços jurídicos Informações técnicas e acervo bibliográfico Patrimônio imobiliário Cadastro do patrimônio imobiliário Alienação e locação de imóveis Administração do patrimônio imobiliário (reformas, modificações, construções de edificações, documentação, regularização) • gestão empresarial: é a função relativa ao planejamento empresarial e ao desenvolvimento de sistemas de informações. O planejamento estratégico é uma técnica administrativa que, por meio da análise do ambiente de uma organização, identifica as oportunidades a serem aproveitadas e as ameaças a serem combatidas ou evitadas. Internamente, analisam‑seos pontos fortes a serem utilizados e exibidos diante dos desafios externos, bem como os pontos fracos que devem ser melhorados. Tudo isso visa ao cumprimento da sua missão, contando‑se com o estabelecimento de propósitos, políticas e diretrizes para a organização em sua totalidade. Uma das principais ferramentas utilizadas é a tecnologia da informação, considerando‑se o desenvolvimento e a aplicação de Sistemas de Informação operacionais, gerenciais, inteligentes e específicos para executivos. 117 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Quadro 34 – Atividades de Gestão Empresarial Tópico Atividades Planejamento e controle empresarial Planejamento estratégico Acompanhamento das atividades da empresa Auditoria Sistemas de informação Planejamento de sistemas de informação Desenvolvimento e manutenção de sistemas de informação Processamento de dados Nota‑se que o planejamento estratégico está incluso em uma área funcional‑meio, a gestão empresarial. O que é perceptível, também, é que o planejamento estratégico empresarial e o planejamento de Sistemas de Informação estão juntos e se completam. 6.1 Planejamento empresarial Todas as organizações possuem uma estratégia de negócio, seja a microempresa, seja a grande corporação internacional. Essa estratégia é a forma como a organização enxerga o mercado em que atua, como vê as ameaças e como se defende delas, como prospecta e aproveita as oportunidades que aparecem, como gere seu orçamento, dentre outros. O que diferencia as empresas é a forma como fazem essa gestão, como atuam. A estratégia intuitiva é encontrada apenas em pequenas empresas. Nas grandes, que não passaram por um processo formal de planejamento, a estratégia evolui a partir da interação das atividades de cada departamento funcional da empresa. No entanto, a soma dos métodos departamentais raramente equivale à melhor estratégia. Um bom planejamento estratégico deve responder a algumas questões: • Quem são e como agem meus concorrentes? • Quais são as ameaças ao meu negócio? • Quais são as oportunidades que não aproveitamos? • De que modo meu setor irá se desenvolver? • Qual a melhor posição a ser adotada para competir a longo prazo? Conforme Santos (2011), a estratégia competitiva é a forma de determinar um lugar a chegar e combinar os meios que serão usados para se chegar lá. Algumas empresas usam termos diferentes para o mesmo sentido; assim, meta, missão e objetivo podem ter o mesmo significado para diferentes organizações. O que precisamos ter claro é a diferença entre fim − onde a empresa pretende chegar − e meios, como e com que recursos pretende chegar. No centro da figura a seguir estão as metas da organização, 118 Unidade II seus objetivos econômicos e não econômicos. As setas simbolizam as políticas operacionais básicas, com as quais a organização pretende atingir as metas. Dependendo do setor de atuação, a administração pode ser mais ou menos específica na articulação dessas políticas operacionais. Pontos fortes e pontos fracos da companhia Valores pessoais dos principais implementadores Expectativas mais amplas da sociedade Ameaças e oportunidades da indústria (econômicas e técnicas) Fatores internos à companhia Fatores internos à companhia Estratégia competitiva Figura 47 – Elementos da estratégia competitiva A figura mostra a estratégia e o mercado de uma forma mais ampla. Mostra que toda ação estratégica está apoiada em quatro pilares básicos, conforme explicado no quadro a seguir. Quadro 35 Pilar Descrição Pontos fortes e pontos fracos Toda organização tem aspectos que a diferenciam em relação à concorrência, como tecnologia, recursos financeiros, força da marca, liderança de mercado, dentre outros. São perfis que podem ser melhores ou piores em comparação com os outros concorrentes. Saber onde a organização é forte e onde é inferior à concorrência é fundamental para traçar uma estratégia correta Valores pessoais Consistem nas motivações e necessidades dos principais executivos. Os pontos fortes e os fracos combinados com os valores determinam os limites internos do sucesso da implementação da estratégia Ameaças e oportunidades Dizem respeito ao mercado em que a organização atua. Determinam os limites externos de sua atuação, o grau de risco e as recompensas potenciais para esta atuação Expectativas amplas Englobam o que a organização espera de políticas governamentais, interesses sociais e outros Adaptado de: Porter (1986). A análise correta desses quatro fatores englobados é fundamental para o sucesso ou o fracasso da estratégia a ser implementada. Um dos modos de fazer isso é seguir um roteiro de perguntas sobre metas e políticas: 119 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO • As metas são mutuamente alcançáveis? • Será que as políticas operacionais básicas se dirigem para as metas? • Elas se reforçam mutuamente? • Exploram as oportunidades? • Abordam as ameaças? • Atendem aos interesses mais amplos da sociedade? • Ajustam‑se aos recursos disponíveis? • Refletem aquilo que a organização faz bem? • Foram bem compreendidas pelos principais executivos? • Têm congruência com os valores internos? Existem cinco forças competitivas básicas: Ameaça de novos entrantes Poder de negociação dos fornecedores Poder de negociação dos compradores Ameaça de produtos ou serviços substitutos Entrantes potenciais Substitutos Fornecedores Compradores Concorrentes na indústria Rivalidade entre as empresas existentes Figura 48 Para Santos (2011), existem diversos tipos de barreiras para a entrada de novos concorrentes, como necessidade de alto investimento, no caso da indústria de mineração; existência de patentes, na indústria farmacêutica; legislação, nas telecomunicações, que dependem de concessão governamental; e outras. Quanto maior a barreira, menor o risco de ingresso de novos competidores. A ameaça de substituição pode ser exemplificada com o caso clássico da esponja de aço versus a esponja de material sintético. Durante anos, a esponja de aço Bombril reinou absoluta no mercado 120 Unidade II de material de limpeza, até que a 3M, uma indústria que se posiciona como uma organização de inovações, lançou a esponja de material sintético que substitui, com algumas vantagens, a de aço. O poder de negociação dos fornecedores está relacionado com a influência deles no resultado de uma negociação. Quanto menor o número de fornecedores e menos substituível o produto, menor a concorrência do setor e maior a força dos fornecedores. Um exemplo é a indústria de papel de impressão, na qual atuam não mais que quatro organizações. Os preços praticados no mercado interno são sempre alinhados com os do mercado externo, independentemente da demanda. Outro exemplo é o produto protegido por patente, que só pode ser produzido por uma única organização. Já o poder de negociação dos compradores trata‑se da capacidade destes compradores na negociação em larga escala com fornecedores de melhores condições de preço, prazo de pagamento, prazo de entrega e qualidade. A rivalidade entre atuais concorrentes aponta que quanto mais rivalidade houver no setor, mais baixos serão os preços praticados e menor será a rentabilidade total. Estas cinco forças competitivas orientam a formulação das estratégias, mas nunca devemos nos esquecer do fator governo. Uma lei pode acabar literalmente com um segmento e criar outro. Foi o que aconteceu com a indústria de manipulação de amianto. Ao se comprovar que a manipulação da matéria‑prima fazia mal aos operários da linha de produção, uma lei proibiu sua manipulação. Caixas d’água, por exemplo, passaram a ser fabricadas com fibras sintéticas. Para fabricantes que manipulavam o amianto, a lei foi mortal. Para empresas como a Tigre, especialista em tubos e conexões de PVC, foi uma enorme oportunidade (SANTOS, 2011). Segundo Rezende e Abreu (2001), o Planejamento Estratégico Empresarial (PEE) é um processo empresarial quecompõe a função Gestão Empresarial, conforme visto anteriormente; ele é dinâmico e interativo e determina a visão, a missão, os objetivos e as estratégias de curto, médio e longo prazos, bem como as funções empresariais e os procedimentos de uma organização. A sua elaboração pode ser feita através da Matriz Swot, quando acontece a análise do ambiente (interno e externo), das ameaças e oportunidades, dos seus pontos fortes e fracos, permitindo o estabelecimento do direcionamento global de uma organização. O grande desafio é o alinhamento total da empresa em relação ao seu ambiente, ao mercado e às demais partes interessadas. É um processo formal e visa produzir e articular resultados, gerando sinergia entre todas as partes componentes da organização. Observação Matriz Swot, ou FOFA, significa Strenghts (Forças), Weaknesses (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças). No planejamento estratégico, exercita‑se o raciocínio que avalia o ambiente interno – forças e fraquezas – e o externo – oportunidades e ameaças, com vistas ao estabelecimento de estratégias globais para a empresa. 121 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO 6.2 Planejamento de Sistemas de Informação A atuação na área de tecnologia da informação compreende a capacitação e o desenvolvimento de habilidades voltadas para lidar com três dimensões muito importantes: • organização (processos); • pessoas (peopleware); • tecnologia (IT). Nesta perspectiva e estabelecendo o elo entre a questão organizacional administrativa e a tecnologia da informação, os Sistemas de Informação também se subdividem hierarquicamente, quase da mesma forma que os níveis organizacionais, a saber: • sistemas de nível estratégico; • sistemas táticos; • sistemas de conhecimento; • sistemas operacionais. As informações são agrupadas de forma mais simplificada, como informações operacionais e informações gerenciais. Neste contexto, o Plano Diretor de Tecnologia da Informação (PDTI) se apresenta como o instrumento alinhador dos recursos de tecnologia da informação com as necessidades de suporte ao Planejamento Estratégico da Empresa (PEE). O elemento denominado peopleware corresponde aos recursos humanos, devidamente capacitados para atuarem tecnicamente utilizando os componentes de hardware e de software, disponibilizados pela tecnologia da informação nas empresas. A questão á tão óbvia que o próprio desenvolvimento de soluções informatizadas para os negócios considera, antes de todas as questões técnicas de hardwares, aplicativos diversos, linguagens, pessoal técnico em análise e programação, ou mesmo o escopo do sistema de informação, o entendimento do negócio, os quesitos do planejamento estratégico empresarial, bem como o planejamento estratégico de informações, para depois, gradativamente, considerar os aspectos técnicos citados. Veja no quadro a seguir. 122 Unidade II Quadro 36 − Etapas para o desenvolvimento de Sistemas de Informação Etapa Descrição Planejamento estratégico da empresa A alta administração já deve ter definidas a missão da empresa (seu propósito mais amplo) e a visão de longo prazo, com os objetivos (metas) e os projetos associados a tais objetivos. Esses projetos são desdobrados para as áreas funcionais da empresa – em subprojetos, planos de ação até o nível de ações operacionais. Um maior detalhamento define as metas de cada área funcional, ou seja, resultados quantificados que se espera atingir para cada um dos objetivos. O detalhamento dessas metas define os desafios a serem buscados pelos colaboradores no plano operacional Planejamento estratégico da informação − os analistas de sistemas Em parceria com a alta administração e com base na visão e seus desdobramentos estabelecem‑se as diretrizes para o uso estratégico da informação e da tecnologia. Isto é, definem‑se os indicadores e relatórios que o sistema de informações deve gerar, bem como a tecnologia de informação necessária ao armazenamento, ao processamento e à comunicação das informações De uma forma geral, o planejamento estratégico da informação deve definir, partindo da visão e do seu desdobramento: – quais indicadores internos e externos devem ser considerados – que informações são relevantes e potencialmente importantes para possibilitar tais indicadores – como a informação será estruturada: como será recolhida, em que meios e em que formatos corretos – como será feito o processamento da informação, isto é: – quais os métodos e os instrumentos apropriados – como a informação será armazenada e acessada pelos usuários – como a informação poderá ser aplicada em ações e tomada de decisões São também definidas prioridades no desenvolvimento de sistemas Análise da área de negócios Os analistas de sistemas definem e modelam os processos necessários para operar uma área específica de negócios; definem como esses processos se inter‑relacionam e que dados são necessários. É desenvolvida separadamente em cada área. Nesta atividade, definem‑se o que é e o que faz o sistema. A prototipação pode ser utilizada. Trata‑se da criação de um modelo do sistema que será implementado. Serve para que os usuários avaliem as decisões já tomadas e contribuam para seu detalhamento Projeto do sistema Os analistas de sistemas definem uma solução conceitual para o sistema a ser implementado, ou seja, como será o sistema em termos de arquitetura, dados e procedimentos. A solução final é fruto de um processo de refinamentos sucessivos de cada um desses elementos. Nesta atividade, exerce um papel preponderante a modelagem dos dados, que é a base para toda a estruturação dos serviços do sistema Construção do sistema Os analistas de sistemas, com programadores, implementam o sistema em linguagem de computador para que possa ser colocado em operação Implantação do sistema É feita a reunião dos diversos componentes do sistema (equipamentos, software, pessoas) de maneira gradual e sistemática, estabelecendo passos seguros para a sua integral operação no ambiente do usuário. A implantação final é fruto de um planejamento realizado antecipadamente no início das atividades de desenvolvimento do SI. A implantação do sistema exige o treinamento dos usuários, especialmente na forma como acessam, alteram e introduzem dados e informações Manutenção do sistema Uma vez implantado o sistema, este requer uma contínua manutenção. A manutenção reúne todas as atividades relacionadas a mudanças no SI. As principais causas de mudanças são: – correção de erros – adaptação (a novos ambientes operacionais ou devido a mudanças em legislação, em critérios corporativos ou ainda na estrutura organizacional) – aperfeiçoamento do sistema (inclusão de novas funções, mudança de interfaces etc.) – bugs 123 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO A concatenação dos dois planejamentos, o Planejamento Estratégico Empresarial e o Planejamento Estratégico da Tecnologia da Informação, faz sentido quando se percebe que os sistemas desenvolvidos simultaneamente, ou em épocas bem diferentes e distantes, terão de ter a integração, entre si, como uma questão prioritária e sempre urgente. A implantação de uma nova solução em Sistemas de Informação surtirá efeito apenas se estes forem integrados e sinérgicos com os demais sistemas existentes. Este efeito potencializará os benefícios de cada sistema e gerará novos benefícios pelo compartilhamento de resultados dos sistemas entre si. Em Rezende (2001), verifica‑se que o Planejamento Estratégico Empresarial (PEE), importante instrumento de gestão, cria condições de flexibilidade empresarial, aumentando as suas capacidades de se adaptar às mudanças no ambiente externo. Quando o processo de decisão estratégica, tática ou operacional está em andamento, inexoravelmente, devem‑se pesquisar as tecnologias disponíveis naquele momento e tomar consciência delas, visando ampliar a gama de soluções possíveis e aumentando grandemente as chances de sucesso dasalternativas escolhidas, ou as melhores estratégias a serem adotadas. Planejar ações, sem considerar as possibilidades tecnológicas, pode ser um erro fatal para o bom desempenho empresarial. O Planejamento Estratégico de Tecnologia da Informação (Peti) é o resultado das indagações, pesquisas e atualizações tecnológicas, somadas a uma metodologia efetiva, etapas inteligentes, implementação avaliada e operacionalização ativa, para subsidiar o processo, a elaboração e a execução do Planejamento Estratégico Empresarial. 6.3 Planejamento Estratégico da Tecnologia da Informação (Peti) O planejamento das informações empresariais é um processo imprescindível para as organizações que querem ter sucesso em suas atuações num ambiente conturbado e caótico. Para que sejam inteligentes e competitivas, devem desenvolver potencial para atuar na nova era: a era da informação. O planejamento das informações, alinhado ao planejamento estratégico empresarial, viabilizará a otimização de todos os recursos da empresa, dentre eles os recursos da Tecnologia da Informação (TI). O suporte dos recursos de TI aos negócios permitirá uma melhor organização, elaboração e execução de orçamentos empresariais, racionalizando ao máximo os procedimentos e viabilizando o seu cumprimento. A TI tem relevante papel na aplicação de tecnologias emergentes que estão surgindo e se desenvolvendo, o que provoca um ciclo que vai produzir a necessidade de mudanças nas demais empresas que atuam no mercado, e estas mudanças provocarão uma tensão por modernização em prol do aumento da competitividade da empresa primeira. Os conceitos de qualidade, produtividade, efetividade, modernidade, perenidade, rentabilidade, inteligência competitiva e inteligência empresarial estão colocados em outro contexto atualmente. 124 Unidade II Assim, o nível de exigência para esses aspectos depende totalmente do alinhamento do Peti ao PEE para adequar as organizações ao exigente mercado dos negócios. O alinhamento entre o Peti e o PEE não trata apenas do uso racional e otimizado dos recursos de softwares e hardwares oferecidos pela TI, mas de relações bem mais complexas. Estabelece‑se a partir da relação vertical, horizontal, transversal, dinâmica e sinérgica das funções empresariais. Assim, são promovidos o ajuste e a adequação da estratégia da TI. 7 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO – ÁREA PÚBLICA 7.1 Sistemas estruturadores da Administração Pública Federal 7.1.1 Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) é um órgão gestor da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), do Ministério da Fazenda (MF), e tem a função de registrar, acompanhar e controlar a execução do orçamento, das finanças e do patrimônio da federação. O governo federal sempre conviveu com problemas de ordem administrativa, como é de conhecimento de todos, partindo da situação apresentada em 1986, baseada em questões administrativas referentes à administração dos recursos públicos e à elaboração de peças orçamentárias unificadas. No ano de 1986, existiam procedimentos antigos e inadequados para as execuções das atividades, bem como a falta ou deficiência no controle das disponibilidades e no cumprimento dos orçamentos elaborados pelo governo, nas mais diversas unidades espalhadas pelas unidades da federação, dentre outros problemas que foram resolvidos ou amenizados, a partir de 1987, conforme consta no quadro a seguir. Quadro 37 – Problemas administrativos no governo federal Problemas detectados até 1986 Características gerais apresentadas Métodos rudimentares e inadequados de trabalho Na maioria dos casos, os controles de disponibilidades orçamentárias e financeiras eram exercidos sobre registros manuais Falta de informações gerenciais Em todos os níveis da Administração Pública. Utilização da Contabilidade como mero instrumento de registros formais Desatualização na escrituração contábil Muitas dificuldades para extrair informações atualizadas para a tomada de decisões. Existiam problemas para realizar a escrituração em pelo menos 45 dias, entre o encerramento do mês e o levantamento das demonstrações orçamentárias, financeiras e patrimoniais, inviabilizando o uso das informações para fins gerenciais Dados inconsistentes e não padronizados Devido à diversidade de fontes de informações e de uma falta de padronização nos tratamentos e interpretações sobre cada conceito adotado, foram detectadas muitas inconsistências nos dados utilizados, o que comprometia o suporte e o próprio processo de tomada de decisão Defasagem técnica Quando os colaboradores não estão preparados, sobrecarregam os processos e aumentam as chances de falhas. Existia um despreparo técnico no funcionalismo público. Havia um alheamento às técnicas mais modernas de Administração Financeira. O processo de escrituração contábil era um mero instrumento de registro e atendimento a formalidades na gestão dos recursos públicos 125 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO NO SETOR PÚBLICO Problemas detectados até 1986 Características gerais apresentadas Mecanismos deficientes Os instrumentos de controle não evitavam – nem mesmo facilitavam – o desvio de recursos públicos, não permitindo a identificação e a responsabilização dos maus gestores, bem como a seleção e a valorização dos bons administradores públicos Má gestão na tesouraria Havia diversas contas bancárias, uma para cada despesa ou destinação específica: conta bancária para material permanente, conta bancária para pessoal, conta bancária para material de consumo, dentre outras. Esse procedimento e essa forma de gerir os recursos monetários geravam um aumento dos custos administrativos devido às diversas contas bancárias, além de aumentar o estoque de numerário existente. Adaptado de: Brasil (s.d.b). O governo passou a encarar a situação como um grande desafio administrativo e começou, em março de 1986, a tomar certas providências bem planejadas e pragmáticas. Surgiu a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), com a missão de assessorar o Ministério da Fazenda na elaboração e execução de orçamentos unificados, iniciando‑se já no exercício de 1987. Detectadas as necessidades de informações gerenciais para o suporte às decisões e a agilização do processo decisório no governo, eclodiu uma urgência de planejamento e desenvolvimento de um sistema de informações que integrasse os demais sistemas financeiros, na programação, execução e controle orçamentário, no âmbito do Poder Executivo, suprindo os gestores com informações just‑in‑time, confiáveis, precisas e no tempo certo, em todos os níveis gerenciais. O Serpro ficou tecnicamente responsável pelo planejamento e pelo desenvolvimento do Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal, o Siafi. Em parceria com a STN, o projeto foi elaborado e executado em um ano; tudo foi preparado para entrar em operação em 1987, devido à urgência em sanar os problemas apresentados. A partir do funcionamento do Siafi, passaram a ser possíveis o acompanhamento do orçamento unificado e a execução de diversos controles internos e de gastos públicos, na esfera do governo federal. A partir do Siafi, o governo federal passou a contar com: • Uma solução para os problemas de administração dos recursos públicos apontados. • Uma conta única para gerir, que atende a todas as saídas de dinheiro: — com o registro de sua aplicação; — com a identificação do servidor público que a efetuou. • Ferramenta poderosa para executar, acompanhar e controlar com eficiência e eficácia a utilização dos recursos governamentais. 126 Unidade II 7.1.2 Características O Siafi consiste em um sistema de informações que conta com uma infraestrutura de terminais e estações de trabalho espalhadas por todo o território nacional. O sistema processa e controla a execução das peças orçamentárias: • financeira e patrimonial; • contábil dos órgãos da Administração Pública Direta Federal; •
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