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INTRODUÇÃO A GERONTOLOGIA 4

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INTRODUÇÃO A 
GERONTOLOGIA 
AULA 4 
 
 
Prof. Cristiano Caveião 
CONVERSA INICIAL 
O nosso objetivo para esta aula é avaliar as diferentes vertentes do processo 
de envelhecimento. Portanto, dividimos nosso encontro em cinco temas, como 
se seguem: 
• processo de envelhecimento e avalição multidimensional do idoso; 
• o envelhecimento bem-sucedido e o malsucedido; 
• reconhecimento das grandes síndromes geriátricas; 
• grandes síndromes geriátricas; e 
• determinantes do envelhecimento ativo. 
TEMA 1 – PROCESSO DE ENVELHECIMENTO E 
AVALIAÇÃO MULTIDIMENSIONAL DO IDOSO 
Já descobrimos que sobre o envelhecer existem duas vertentes de estudos, 
uma que aborda o envelhecimento na condição de sociedade, que remete às 
questões epidemiológicas, demográficas e às políticas públicas, e o estudo do 
envelhecimento individual, que remete às questões de por que envelhecemos, 
mais relativos aos processos biológicos e psicológicos (Borges; Coimbra, 2008). 
O primeiro tipo de estudo tem como referência os determinantes da saúde, 
que envolvem a vulnerabilidade sob o ponto de vista social, sendo conceituada, 
então, como “um constructo multidimensional, onde condições 
comportamentais, socioculturais, econômicas e políticas interagem com os 
processos biológicos ao longo da vida” (Barbosa; Oliveira; Fernandes, 2019, p. 
357) 
Diante do exposto, tem-se que a vulnerabilidade social está atrelada a 
condições econômicas, nível de escolaridade baixo, dificuldade de acesso a 
saúde, propensão a violência física e psicológica e ausência de suporte social. A 
importância dessa análise está no fato de que todos esses pontos influenciam na 
percepção de saúde, visto que são elementos que impactam na qualidade de vida 
dos idosos (Jesus et al., 2017; Barbosa; Oliveira; Fernandes, 2019). 
Já o segundo tipo de estudo tem como base o envelhecimento como algo 
“inexorável, dinâmico e irreversível, caracterizado pela maior vulnerabilidade às 
agressões do meio interno e externo e, portanto, maior suscetibilidade nos níveis 
celular, tecidual e de órgãos/aparelhos/sistemas” (Borges; Coimbra, 2008, p. 
152), ou seja, tem a vulnerabilidade avaliada de outro ponto de vista, atrelada 
às questões biológicas, fisiológicas e patológicas. 
Ops, patológica? Então, a velhice é doença? Não! Em situações basais, o 
idoso e o jovem possuem as mesmas condições, o que muda é que os idosos não 
possuem mais as mesmas “reservas” que os jovens têm, e isso os torna mais 
frágeis. Afinal, “quanto maior a reserva funcional, menor será a repercussão do 
declínio considerado fisiológico (envelhecimento fisiológico)” (Borges; Coimbra, 
2008, p. 153). Vamos compreender esse processo: o envelhecimento biológico 
ocorre diariamente, mas, ao atingirmos a fase adulta, mais precisamente entre os 
30 e 40 anos, nós estamos no auge de nossas funções fisiológicas; passada uma 
década (entre 40 e 50 anos), inicia-se o processo de declínio dessas funções. A 
perda das funções ocorre de forma progressiva, chegando a 1% a cada ano de 
vida. 
Esse processo de envelhecimento pode ser de uma forma bem-sucedida 
(senescência) ou malsucedida (senilidade), sendo que no primeiro caso as funções 
fisiológicas são mantidas, já no segundo caso são permeadas por patologias, 
conforme veremos de forma mais detalhada no próximo tópico. 
TEMA 2 – O ENVELHECIMENTO BEM-SUCEDIDO E O 
MALSUCEDIDO 
Conforme vimos anteriormente, o envelhecimento não é a causa de doenças. 
Existem duas maneiras de envelhecer: a primeira é de forma saudável, com pouca 
perda das funções fisiológicas, em que o indivíduo pode ter limitações, mas sem 
incapacidade. Entretanto, o mais comum é que as pessoas cheguem a essa fase 
da vida com perdas funcionais expressivas, o que acarreta diversas fragilidades, o 
que conhecemos como síndrome da fragilidade ou frailty. Essa síndrome é mais 
comum entre as mulheres de baixo nível econômico, e seus principais fatores de 
risco são: “[...] hereditariedade, [...] má nutrição, sedentarismo, senescência, 
sarcopenia (perda muscular), anorexia e a presença de múltiplas comorbidades 
ou doenças incapacitantes” (Borges; Coimbra, 2008, p. 154). 
Esse tipo de síndrome é muito próximo dos idosos que envelhecem com 
patologias, pois ambos têm a propensão de se tornar dependentes, conforme 
aponta a Figura 1: 
Figura 1 – Formas de envelhecimento 
Fonte: Borges; Coimbra, 2008, p. 154. 
Diante do exposto, percebe-se que os maiores fatores para um envelhecer 
saudável são: hereditariedade e hábitos de vida. 
Mas o que determina que um indivíduo envelheceu bem e outro não? São 
itens como a preservação da autonomia, que remete “a capacidade de decisão 
diretamente relacionada à cognição e ao humor (motivação)” (Borges; Coimbra, 
2008, p. 157). Esses fatores relacionam-se com a independência, que se refere à 
capacidade de executar o que foi decidido. Este último (a independência) possui 
estreita relação com a mobilidade e a comunicação (Borges; Coimbra, 2008). 
Assim, conclui-se que envelhecer de forma saudável é ter autonomia e 
independência para poder tomar decisões e executá-las sem o auxílio de outros. 
Destaca-se que não são atividades extravagantes e extraordinárias, são as 
atividades básicas, relativas do autocuidado, conforme demonstrado na figura a 
seguir: 
Figura 2 – Funcionalidades e seus componentes 
Fonte: Moraes; Marino; Santos, 2010. 
Teixeira e Neri (2008) corroboram o exposto quando mencionam que 
“envelhecimento bem-sucedido seria o processo de estar saudável e ativo, 
considerando-se as dimensões física, cognitiva e social”, enquanto um 
envelhecimento malsucedido pode ser caracterizado por problemas psicossociais 
e diminuição da saúde. 
Há uma variação entre o que se determina como um envelhecimento bem-
sucedido e um malsucedido de acordo com os valores culturais de cada 
população, mas, para os padrões ocidentais, o reconhecimento mais aceitável é 
o da autonomia[1]. 
Alguns de vocês podem estar pensando que envelhecimento saudável pode 
estar relacionado a longevidade, entretanto se destaca que isso não corresponde 
à verdade, pois existem inúmeras pessoas que estão acamadas, mas que, devido 
https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c=/gradNova/2022/bachareladoGerontologia/introGerontologia/a4&hash=3u0Jf1zuk93zpxVYIcnLAj1zPyLFA4oks0t93G5hYIloj6yGVs2mBatInEZQDcMRzuuASgqloRoxpZmpO2LKPOYV+mYHJp8Ybs+yeQZbeoTaM8Kb+dCu4FX0v42RJdioAVDVRcClBWUEAZZw2IRWJjBuVabWx/MAuMfePORUVy0=&ne=False#_ftn1
a sua ausência de contato com o mundo exterior e, consequentemente, com vírus, 
bactérias etc., podem sobreviver por várias décadas, mas isso não significa que a 
sua qualidade de vida esteja preservada (para essas pessoas, busca-se a melhor 
qualidade possível, dentro da sua condição de vida, mas não que essa seja a 
situação ideal de envelhecimento). 
O envelhecimento bem-sucedido está relacionado aos hábitos de vida e aos 
valores particulares que permeiam o curso da vida. 
TEMA 3 – RECONHECIMENTO DAS GRANDES 
SÍNDROMES GERIÁTRICAS 
Vimos anteriormente que, para se considerar um envelhecimento saudável, 
é preciso autonomia e independência, as quais se relacionam, respectivamente, 
às questões cognitivas, que correspondem à capacidade mental de compreender 
e resolver os dilemas cotidianos e de humor, atrelados aos processos mentais; e 
à mobilidade, que corresponde à capacidade de deslocamento, e à comunicação, 
que se refere à capacidade de estabelecer relacionamentos. 
Ok, mas quando o idoso perde uma dessas funções, o que ocorre? Inicia-se 
o que chamamos de grandes síndromes geriátricas, que, de acordo com 
Moriguchi (2016), são síndromes “de alta prevalência, são multifatoriais e estão 
associadas à morbidade substancial e a desfechos desfavoráveis”. 
Conforme exposto na figura a seguir, as grandes síndromes geriátricas 
correspondem a 
“incapacidade cognitiva, instabilidade postural, imobilidade e incapacidade c
omunicativa”(Moraes; Marino; Santos, 2010, p. 55, grifo 
nosso), insuficiência familiar e quando o idoso não é bem não acompanhado 
pode ocasionar a iatrogenia, há ainda a incontinência urinária que afeta a 
mobilidade. 
Figura 3 – Grandes síndromes geriátricas 
Fonte: Moraes; Marino; Santos 2010, p. 56. 
Normalmente, os idosos que possuem as grandes síndromes geriátricas, 
principalmente aqueles que apresentam dificuldades de mobilidade, apresentam 
maior probabilidade de hospitalização e institucionalização. 
Vamos analisar de forma mais aprofundada esses 7 “is” no próximo tema da 
nossa aula! 
TEMA 4 – GRANDES SÍNDROMES GERIÁTRICAS 
Conforme mencionamos anteriormente, os 7 “is” são referentes às 
incapacidades, insuficiências e imobilidades atreladas às grandes síndromes 
geriátricas. Portanto, nesse momento, vamos analisar cada um desses tópicos. 
• Incapacidade cognitiva: cognição é o conjunto das funções cerebrais 
formado por memória, capacidade de planejamento e sequenciamento de 
atividades complexas (chamada de função executiva), capacidade de 
compreensão e de expressão (linguagem), capacidade motora, 
denominada como práxia, capacidade de reconhecimento de estímulos 
visuais, auditivos e táteis (gnosia) e capacidade de localização (função 
visioespacial) (Borges; Coimbra, 2008, p. 194), ou seja, a incapacidade 
cognitiva corresponde ao comprometimento das funções encefálicas que 
vão prejudicar a funcionalidade do indivíduo. Segundo Moriguchi (2016), 
“o declínio cognitivo dificulta a realização das atividades diárias e as 
relações sociais e familiares, prejudicando gradativamente a autonomia do 
idoso”. Dentre as principais etiologias, encontramos: delirium, depressão, 
demência e doença mental (esquizofrenia, parafrenia e oligofrenia), sendo 
que as duas primeiras possuem causas reversíveis, e as duas últimas, 
irreversíveis. O quadro a seguir apresenta de forma resumida as principais 
diferenças entre as incapacidades cognitivas: 
Quadro 1 – Principais diferenças entre as incapacidades cognitivas 
Achado Delirium Demência Depressão Doença mental 
Início 
Agudo, em geral, 
noturno 
Insidioso Variável Variável 
Evolução 
Flutuante, intervalos de 
lucidez diurnos, piora à 
noite 
Progride lentamente 
Variação 
diurna discreta 
Variável 
Duração Horas a semanas Meses ou anos ------- --------- 
Consciência Reduzida 
Precisa até estágios 
avançados 
Geralmente 
intacta 
Geralmente pouco 
alterada, exceto 
nas agudizações 
Atenção 
Hipo ou hiperalerta, 
desatenção (focalizar, 
sustentar, desviar 
atenção), flutuação 
durante o dia 
Usualmente normal 
Redução leve 
da atenção 
Redução leve da 
desatenção 
Orientação 
Usualmente alterado 
para o tempo, tendência 
a confundir pessoas e 
locais 
Frequentemente 
alterado 
Normal 
Em geral normal, 
exceto nas 
agudizações 
Memória 
Alteração da memória 
imediata e recente, com 
desatenção 
Alteração da 
memória recente e 
remota, sem intenção 
Normal 
Redução da 
atenção 
Preservada até 
fases avançadas 
da doença 
Percepção 
Ilusões e alucinações 
(usualmente visuais) 
comuns 
Presentes em fases 
moderadas a 
avançadas 
Ausentes, 
exceto na 
depressão 
psicótica 
Frequentes, 
psicopatias 
complexas, 
frequente 
paranoia 
Linguagem 
(fala) 
Incoerente, hesitante, 
lenta ou rápida 
Dificuldade em achar 
as palavras 
Normal Normal 
Ciclo sono-
vigília 
Sempre 
Frequentemente sono 
fragmentado 
Insônia 
terminal 
Normal 
Doença médica 
ou efeitos de 
drogas 
Uma ou ambas 
presentes 
Frequentemente 
ausente 
Ausentes 
(depressão 
secundária) 
Ausentes 
Fonte: Moraes; Marino; Santos, 2010, p. 58. 
O delirium corresponde a um estado confusional agudo, que envolve a 
consciência, a atenção, a cognição e a percepção. É muito comum a associação 
de delirium aos pacientes com síndrome de demência. A demência, por sua vez, 
caracteriza-se por redução da capacidade cognitiva e baixo rendimento funcional. 
Está relacionada aos casos de Alzheimer, por corpos de Lewy, frontotemporal, 
vascular e mista. A depressão caracteriza-se por sintomas como humor 
deprimido, redução no interesse de variadas atividades, insônia ou hipersonia, 
alteração no peso e fadiga. Quanto às doenças mentais, destaca-se que a 
incapacidade cognitiva pode ser causada tanto pela doença em si quanto pelo 
seu tratamento e que pacientes assim diagnosticados apresentam grandes 
privações sociais, o que gera um comprometimento da qualidade de vida desses 
indivíduos (Moraes; Marino; Santos, 2010; Unimed, [S.d.]). 
• Instabilidade postural: o equilíbrio postural relaciona-se com o 
planejamento e a execução de ações, assim a instabilidade pode provocar 
quedas, aumento das morbidades e incapacidade funcional. Destaca-se 
que as quedas são responsáveis por 40% das internações de idosos e 
encontram-se em sexto lugar na causa de óbitos entre idosos. A queda 
provoca no idoso o medo de nova ocorrência, e isso faz com que este 
perca parte de sua autonomia. As quedas, invariavelmente, estão 
relacionadas a ambientes inseguros para os idosos e deficiências das 
condições fisiológicas, já que o equilíbrio corporal é mantido pela 
integração entre informações sensoriais captadas pela visão, sistema 
vestibular e propriorreceptores, e a deficiência em um desses sistemas 
pode propiciar a instabilidade postural (Moraes et al., 2018; Moraes; 
Marino; Santos, 2010). 
• Imobilidade: essa síndrome caracteriza-se pela limitação de movimento, 
ou seja, relaciona-se com a capacidade de se locomover sem o auxílio de 
outros para realização de atividades cotidianas. Essa limitação traz sérias 
consequências para a qualidade de vida do idoso, ainda mais por ser 
progressiva. Em seu grau máximo, o idoso é considerado como um 
dependente completo, mas em estágios menos críticos também são 
considerados como situações preocupantes (Vilela; Moraes; Lino, 2008; 
Moraes; Marino; Santos, 2010). 
• Incontinência esfincteriana: refere-se à incontinência urinária e/ou fecal. 
Sua prevalência está em mulheres que habitam casas asilares e inicia-se 
aproximadamente aos 64 anos. A incontinência urinária pode estar 
atrelada ao estresse, “caracterizada pela perda involuntária de urina 
sincrônica ao esforço, espirro ou tosse”; ser decorrente de urgência, 
“caracterizada pela perda involuntária de urina, associada ou 
imediatamente precedida de urgência miccional”; de causa mista, que 
refere-se a perda involuntária de urina concomitante à urgência miccional 
e ao esforço; e, por fim, de transbordamento, que é “caracterizada pelo 
gotejamento e/ou perda contínua de urina associados ao esvaziamento 
vesical incompleto, devido à contração deficiente do detrusor e/ou 
obstrução na via de saída vesical” (Moraes; Marino; Santos, 2010). Essas 
causas são relatadas pelos pacientes da seguinte forma: tenho perda 
involuntária de urina, tenho dificuldades de controlar a urina e, por fim, 
tenho dificuldades de segurar a urina até chegar ao banheiro. A 
incontinência fecal é decorrente das diversas mudanças que ocorrem 
fisiologicamente no intestino com o envelhecimento, mas suas causas 
estão relacionadas a AVC, a neuropatia periférica (principalmente a do 
diabetes) e declínio cognitivo (Vilela; Moraes; Lino, 2008). 
• Incapacidade comunicativa: está atrelada à capacidade de compreensão 
e expressão. As áreas da comunicação são: “linguagem, audição, 
motricidade oral e voz (fala). A visão pode ser incluída como a quinta 
função comunicativa, atuando como função compensatória, na ausência 
das outras habilidades da comunicação oral-verbal” (Moraes; Marino; 
Santos, 2010). Diante disso, podemos concluir que a incapacidade 
comunicativa provoca uma restrição social, além da perda parte de sua 
autonomia, por restringir a tomada decisão. 
• Iatrogenia: define-se por “doença ou dano físico, psicológico ou funcional 
decorrente de tratamentos indicadospelos profissionais de saúde” 
(Unimed, [S.d.]), ou seja, são patologias causados pela prática médica. 
Estão mais presentes na vida dos idosos devido a maior exposição, ou seja, 
como, normalmente, sua condição é de patologias associadas, há uma 
maior frequência a serviços de saúde, o que o deixa mais propenso a ser 
vítima de “erro” médico. Entre as causas mais comuns, encontramos 
a iatrofarmacogenia, que é provocada pelo emprego dos medicamentos 
em geral, das radiações, do sangue, dos contrastes radiológicos, dos 
anestésicos etc. (Lacaz, [S.d.], p. 103); internação hospitalar; iatrogenia 
da palavra, relativa à falta de técnica para dar más notícias; iatrogenia do 
silêncio, quando não há escuta ativa das queixas do paciente e da 
família; subdiagnóstico, quando julga que as queixas de saúde são 
apenas decorrentes do envelhecimento; cascata propedêutica, 
ocasionada por excesso de exames e procedimentos médicos 
desnecessários; distanásia, corresponde a obstinação terapêutica a fim de 
evitar a morte, causando diversos danos e perda da qualidade de vida; e, 
por fim, a prescrição de intervenções fúteis e/ou sem comprovação 
científica (Moraes; Marino; Santos, 2010; Pagano et al., 2018). 
• Insuficiência familiar: as alterações ocorridas nos últimos anos referente 
ao seio familiar, como redução da fecundidade, entrada da mulher no 
mercado de trabalho, valorização do individualismo e conflitos 
intergeracionais, alguns dos pontos de impacto na relação dos idosos nas 
famílias, visto que muitos idosos eram acolhidos pelas famílias, 
principalmente quando demonstravam alguma fragilidade. 
Por fim, destacamos que o atendimento médico tradicional, por diversas 
vezes, não é suficiente para avaliar um idoso que apresente as síndromes 
geriátricas associadas a outras tantas comorbidades, tão características nessa 
faixa etária. A melhor forma de se conduzir um tratamento ao idoso é por meio 
da avaliação geriátrica, que avalia de forma holística os diferentes problemas 
apresentados pelos pacientes e, por meio de uma abordagem multidimensional 
e interdisciplinar, considera não apenas as patologias apresentadas, mas também 
a capacidade funcional e a qualidade de vida do idoso. 
TEMA 5 – DETERMINANTES DO ENVELHECIMENTO 
ATIVO 
Para que possamos compreender o tema abordado, é preciso inicialmente 
conceituá-lo. Então, define-se por envelhecimento ativo: “o processo de 
otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o 
objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais 
velhas” (Campos; Ferreira; Vargas, 2015, p. 2222), ou seja, o envelhecimento ativo 
é chegar à velhice e conseguir aproveitá-la, com qualidade de vida, com a saúde 
física e a mental preservadas, tendo plena capacidade de executar as atividades 
diárias sem o auxílio de terceiros (Alves; Guizilli, 2010). 
A preocupação com os determinantes do envelhecimento ativo surgiu no 
ano de 2002, quando a OMS lançou o Plano Internacional de Ações sobre o 
Envelhecimento (PIAE), em Madri, Espanha, durante a Assembleia Mundial para o 
Envelhecimento. Nesse encontro, foi apresentado o desafio para o 
desenvolvimento de ações que propiciassem às pessoas chegar à velhice ativas, 
e assim foram criados os determinantes do envelhecimento ativo, classificados 
em oito partes, sendo que duas delas perpassam todas as outras (gênero e 
cultura) devido a sua influência no envelhecimento (Farias; Santos, 2012; Borges; 
Coimbra, 2008), conforme demonstrado na figura a seguir: 
Figura 4 – Determinantes do envelhecimento ativo 
 
Esses determinantes apontam como será a qualidade de vida do idoso, pois, 
tendo bons resultados nesses quesitos, presume-se que terá uma boa velhice, 
entretanto, quanto mais deficitária se mostrar a realidade nos pontos destacados, 
menor será a qualidade de vida do idoso. Por exemplo, o idoso que se sente 
acolhido pela sociedade e faz parte de algum grupo terá maior chance de 
envelhecimento ativo (determinante social). Verificando o determinante de 
ambiente físico, por exemplo, tem-se a qualidade de vida a que o idoso está 
exposto, visto que ambientes perigosos trazem insegurança ao indivíduo e 
podem limitar sua mobilidade. 
Enfim, assim como os determinantes de saúde apresentam interrelação com 
a qualidade de vida das pessoas, os determinantes do envelhecimento ativo 
também apresentam essas relações de ação/situação e resultado futuro. 
NA PRÁTICA 
Vimos que a capacidade funcional do idoso reflete diretamente na sua 
qualidade de vida, assim é necessário realizar uma avaliação geriátrica 
considerando a individualidade de cada idoso após identificar suas fragilidades e 
verificar quais intervenções terapêuticas promovem maior autonomia e qualidade 
de vida a esse idoso. Mas você sabe como são realizadas as avaliações geriátricas? 
Leia o artigo Avaliação geriátrica ampla e sua utilização no cuidado de 
enfermagem a pessoas idosas, disponível 
em: <https://www.scielo.br/j/csc/a/hcBn67RFRt3brvSNp5YsDFh/?format=pdf&la
ng=pt>. Acesso em: 6 jan. 2022. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, estudamos que o processo de envelhecer tem duas vertentes: o 
envelhecimento individual (relacionado às funções fisiológicas do indivíduo) e o 
https://www.scielo.br/j/csc/a/hcBn67RFRt3brvSNp5YsDFh/?format=pdf&lang=pt
https://www.scielo.br/j/csc/a/hcBn67RFRt3brvSNp5YsDFh/?format=pdf&lang=pt
envelhecimento como sociedade (relacionado aos determinantes de saúde). 
Compreendemos que envelhecimento pode ser bem-sucedido 
(senescência) quando as funções fisiológicas são mantidas, ou malsucedido 
(senilidade), quando é permeado por patologias. 
Entendemos que os idosos normalmente possuem grandes síndromes 
geriátricas (que correspondem aos 7 “is”) e que pacientes com esse diagnóstico 
apresentam grandes privações sociais. Assim, a avaliação geriátrica é 
fundamental para investigar a capacidade do idoso de realizar atividades básicas 
e determinar a melhor forma de conduzir o tratamento, possibilitando a melhora 
na qualidade de vida dessa população. 
REFERÊNCIAS 
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MACEDO, A. R. Envelhecer com arte longevidade e saúde. São Paulo: Atheneu, 
2010. 
BARBOSA, K. T. F.; OLIVEIRA, F. M. R. L.; FERNANDES, M. G. M. Vulnerabilidade 
da pessoa idosa: análise conceitual. Rev. Bras. Enferm., v. 72, ed. suplementar 2, 
p. 352-60, 2019. 
BORGES, A. P. A.; COIMBRA, A. M. C. (Orgs.). Envelhecimento e saúde da 
pessoa idosa. Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio 
Arouca. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2008. 
CAMPOS, A. C. V.; FERREIRA, E. F.; VARGAS, A. M. D. Determinantes do 
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Coletiva, v. 20, n. 7, p. 2221-2237, 2015. 
JESUS, I. T. M. et al. Fragilidade de idosos em vulnerabilidade social. Acta 
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LACAZ, C. S. Iatrofarmacogenia. Disponível em: 
<https://www.scielo.br/j/reeusp/a/DgDX65hjdMG7ysLBzY6s7MQ/?format=pdf&
lang=pt>. Acesso em: 6 jan. 2022. 
MORAES, D. C. et al. Instabilidade postural e a condição de fragilidade física 
em idosos: revisão integrativa. Ciênc. Cuid. Saúde, v. 17, n. 1, jan./mar. 2018. 
MORAES, E. N. Processo de envelhecimento e bases da avaliação 
multidimensional do idoso. In: BORGES, A. P. A.; COIMBRA, A. M. C. 
(Orgs.). Envelhecimento e saúde da pessoa idosa. Rio de Janeiro: Fundação 
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MORAES, E. N.; MARINO, M. C. A.; SANTOS, R. R. Principais síndromes 
geriátricas. Rev. Med., v. 20, n. 1, p. 54-66, 2010. 
MORIGUCHI, Y. Entendendo as síndromes geriátricas. Porto Alegre: 
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PAGANO, A. R. A terapêutica medicamentosa, interações potenciais e 
iatrogenia como fatores relacionados à fragilidade em idosos. Rev. Bras. Geriatr. 
Gerontol., Rio de Janeiro, v. 21, n. 5, p. 610-619, 2018. 
TEIXEIRA, I. N. D. O.; NERI, A. L.Envelhecimento bem-sucedido: uma meta no 
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UNIMED. Síndromes geriátricas I – Incapacidade cognitiva e iatrogenia. 
Disponível em: 
<https://www.acoesunimedbh.com.br/sessoesclinicas/wordpress/wp-
content/uploads/2014/08/Sindromes-Geriatricas-I.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2022. 
 
 
 
[1]Se ficou curioso, leia o artigo de Teixeira e Neri (2008): Envelhecimento 
bem-sucedido: uma meta no curso da vida. O tópico Variações culturais aborda de 
forma bem completa e detalhada a diferença de percepção conforme a cultura 
dos povos. O artigo encontra-se disponível em: 
<https://www.scielo.br/j/pusp/a/gZHYGynvbQ7F3pFBqChVVVd/?lang=pt>. 
Acesso em: 5 jan. 2022. 
 
https://conteudosdigitais.uninter.com/libraries/newrota/?c=/gradNova/2022/bachareladoGerontologia/introGerontologia/a4&hash=3u0Jf1zuk93zpxVYIcnLAj1zPyLFA4oks0t93G5hYIloj6yGVs2mBatInEZQDcMRzuuASgqloRoxpZmpO2LKPOYV+mYHJp8Ybs+yeQZbeoTaM8Kb+dCu4FX0v42RJdioAVDVRcClBWUEAZZw2IRWJjBuVabWx/MAuMfePORUVy0=&ne=False#_ftnref1

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