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CUIDADO AO IDOSO CUIDADO AO IDOSO ORGANIZADORES ANDRÉ LUIZ FIDELIS LIMA; ANA GABRIELA SILVA. ORGANIZADORES ANDRÉ LUIZ FIDELIS LIMA; ANA GABRIELA SILVA. Cuidado ao idoso GRUPO SER EDUCACIONAL Cuidado ao idoso é um livro direcionado para estudantes dos cursos da área de enfermagem e correlatos. O livro traz conteúdo sobre a saúde do idoso, os agravos mais comuns, o comportamento orgânico do idoso, e as políticas públicas de atenção à saúde do idoso. Após a leitura da obra, o leitor vai aprender conceitos de termos relaciona- dos à pessoa idosa; compreender a avaliação multidimensional do idoso; entender o envelhecimento populacional; saber as demências e o mal de Parkinson; informar-se sobre o envelhecimento e o HIV; ter visão geral da importância da administração e vias medicamentosas para os cuidados com os idosos; avaliar a importância da necessidade das relações entre idoso; conhecer as políticas de saúde relevantes à saúde do idoso; estudar como é realizada a avaliação global de saúde da pessoa idosa, e muito mais. Aproveite a leitura do livro. Bons estudos! gente criando futuro I SBN 9786555583120 9 786555 583120 > C M Y CM MY CY CMY K CUIDADO AO IDOSO Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Lima, André Luiz Fidelis. Cuidado ao idoso / André Luiz Fidelis Lima; Ana Gabriela Silva. – São Paulo: Cengage – 2020. Bibliografia. ISBN 9786555583120 1. Enfermagem 2. Silva, Ana Gabriela. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria André Luiz Fidelis Lima Enfermeiro generalista pela Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal). Biólogo licenciado pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal), e pós-graduado em Gestão de saúde pública e meio ambiente pela Ucamprominas, em Enfermagem em urgência e emergência também pela Ucamprominas, e em Formação em educação a distância pela Universidade Paulista (Unip). Docente da Universidade Paulista – Polo Maceió/Alagoas. Ana Gabriela Silva Bacharel em Enfermagem pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Mestre em Ciências pela UFSJ, especialista em Urgência e emergência e em Programa de Saúde da Família pela Faculdade Batista de Minas Gerais (FBMG). Doutora em Ciências pela UFSJ. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Introdução ao estudo da saúde do idoso ..................................................................9 Introdução.............................................................................................................................................10 1 Noções preliminares ......................................................................................................................... 11 2 A Gerontologia e os tipos de envelhecimento .................................................................................. 16 3 Processo de envelhecimento ............................................................................................................ 17 4 Atividade da vida diária e o envelhecimento .................................................................................... 21 5 Capacidade funcional da pessoa idosa .............................................................................................. 23 6 O envelhecimento populacional e o enfermeiro ............................................................................... 26 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................30 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................31 UNIDADE 2 - Agravos mais comuns nos idosos ...............................................................................33 Introdução.............................................................................................................................................34 1 Demências .........................................................................................................................................35 2 Osteoporose ....................................................................................................................................... 38 3 Mal de Parkinson .............................................................................................................................. 39 4 Violência ............................................................................................................................................40 5 Queda ................................................................................................................................................42 6 Depressão .........................................................................................................................................44 7 Envelhecimento e AIDS ...................................................................................................................... 45 8 Incontinência urinária ....................................................................................................................... 47 9 Incontinência fecal ............................................................................................................................ 48 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................51 UNIDADE 3 - Entendendo o comportamento orgânico do idoso ......................................................53 Introdução.............................................................................................................................................54 1 Noções preliminares ......................................................................................................................... 552 Biologia do envelhecimento .............................................................................................................. 57 3 Entendimento farmacológico ............................................................................................................. 62 4 Interação medicamentosa e o envelhecimento ................................................................................ 65 5 Adesão medicamentosa em Idosos ................................................................................................... 68 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................72 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................73 UNIDADE 4 - Políticas públicas de atenção à saúde do idoso ..........................................................75 Introdução.............................................................................................................................................76 1 Modalidades de atendimento ao idoso e rede de apoio ...................................................................77 2 Políticas relevantes à pessoa idosa .................................................................................................... 80 3 Estatuto do Idoso ............................................................................................................................... 81 4 Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa ....................................................................................... 82 5 Atribuição da Atenção Básica no Atendimento à Saúde do Idoso .....................................................83 6 Promoção de hábitos saudáveis ....................................................................................................... 86 7 Avaliação global da pessoa idosa ...................................................................................................... 89 8 Planejamento do cuidado ao idoso domiciliar e institucionalizado ...................................................94 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................97 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................98 A Contabilidade tem várias divisões que se dedicam a áreas específicas, como a Contabilidade Tributária, também conhecida por Contabilidade Fiscal, que trata da administração dos tributos. A primeira unidade tratará do sistema de apuração e alíquotas dos impostos, os procedimentos da escrituração contábil e os de alguns métodos para calcular os tributos e saber como apurar os principais tributos, como Imposto de Renda, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins. A unidade 2 mostrará como é o pagamento dos tributos pelas empresas e as técnicas para realizar o planejamento tributário. Falaremos sobre o fato gerador do imposto e o que fazer para que esse fato não ocorra, além de discorrer sobre procedimentos para uma eficiente elisão fiscal. A diferença entre elisão e evasão fiscal também será explicada nesta unidade. Detalharemos ainda sobre como realizar um diferimento do crédito tributário e uma eficiente gestão de planejamento tributário, explicando os tipos de planejamentos existentes. Na sequência, será apresentado o sistema de apuração do crédito tributário, um importante assunto ligado à Contabilidade Tributária. As diferenças temporárias existentes entre o lucro líquido da empresa e o processo de registro e controle delas e como essas diferenças afetam o lucro da empresa serão discutidas nesta terceira unidade. Por fim, abordaremos os procedimentos técnicos contábeis da constituição do crédito tributário, seu sistema de cálculo, e o funcionamento do registro das diferenças nos livros fiscais de apuração de lucro líquido e da contribuição social do lucro líquido, além do sistema de informatização utilizado hoje. Finalizando este livro, a unidade 4 apresenta a contabilização dos efeitos nos sistemas de regimes de tributação e por que o processo de registro e apuração dos ajustes fiscais depende do regime fiscal da empresa. Você aprenderá que o regime de lucro real, lucro presumido e simples nacional se diferenciam no processo de contabilização. As características dos regimes de tributação e as reservas de reavaliação fecham a unidade. Bons estudos! PREFÁCIO UNIDADE 1 Introdução ao estudo da saúde do idoso Olá, Você está na unidade Introdução ao Estudo da Saúde do Idoso. Conheça aqui a importância do estudo da pessoa idosa, direcionada para a área da saúde, especialmente para o profissional enfermeiro, que desde a sua formação inicial é posto como líder e educador da equipe de enfermagem, além de estar em linha de frente promovendo educação, saúde e reabilitação nos diversos ambientes do cuidar. O conhecimento das alterações do processo da biologia do envelhecimento torna o enfermeiro apto a desenvolver de forma integral os cuidados da assistência de enfermagem à pessoa idosa. Para tal situação, se faz necessário conhecer tecnicamente e cientificamente os aspectos dos processos anatômicos, fisiológicos, farmacológicos e biopsicossocial do indivíduo considerado idoso. É primordial que o profissional enfermeiro englobe, no processo de sistematização da assistência de enfermagem, questões éticas, morais, e as políticas de saúde pública, direcionadas para compreender um melhor dimensionamento e necessidade para com o idoso. Entenda que as ações de promoção, prevenção e recuperação são fatores primordiais para reabilitar um indivíduo as suas rotinas diárias e necessárias para atingir uma melhor qualidade de vida, principalmente porque o idoso está passando pelo processo do envelhecer. Além disso, a equipe multiprofissional deve atentar, zelar ou vigiar um processo do envelhecimento ativo e saudável, que envolva ações intersetoriais, com o objetivo de humanizar e prestar um cuidado holístico para uma melhor assistência à pessoa idosa. Para tal situação se faz necessário a formação continuada do profissional enfermeiro e da sua equipe de enfermagem. Estudar a disciplina de cuidado ao idoso é ter compreensão que a saúde desses indivíduos e não se restringe por existência ou ausência de patologias orgânicas. É de grande valia para quaisquer profissionais investir amplamente no preparo do conhecimento e da compreensão do mundo do idoso, pois são clientes, complexos, que exigem do profissional enfermeiro mais tempo para planejar, elaborar e intervir na sistematização do ato do cuidar. Bons estudos! Introdução 11 1 NOÇÕES PRELIMINARES A unidade de Introdução ao Estudo da Saúde do Idoso apresentará o Cuidado ao Idoso como um desafio para os profissionais da saúde, principalmente o enfermeiro, por se tratar de uma área do conhecimento complexa, que tem como objetivo a garantia da atenção à saúde de forma integral, humanizada e holística, proporcionando adequadamente o ato do cuidar. Encontramos, na área da saúde da pessoa idosa, princípios norteadores que contribuem para um bem-estar do processo anatômico e fisiológico do envelhecimento, para que ocorra de forma ativa e saudável. É importante salientar que esses princípios estarão ligados às políticas de saúde públicas direcionadas ao idoso, e ao mesmo tempo associados aos diversos campos intersetoriais da assistência à pessoa idosa. Nas diversas áreas do conhecimento, a palavra idoso tem um significado associado aos indivíduos com mais de 60 anos em países em desenvolvimento. Já nos países considerados desenvolvidos, todas as pessoas com 65 anos ou mais são considerados idosos. Então, podemos considerar que indivíduos com muitos anos de vida são chamados de idosos. Envelhecer tem um significado de antigo, idoso ou aqueleindivíduo com características de velho, mas podemos ir além desse significado e dizer que o envelhecer é uma sequência contínua de diminuição das funções do corpo humano ou orgânica, não é sinônimo de surgimento das disfunções dos órgãos ou patologias. No entanto, é algo inevitável nos seres humanos, faz parte do ciclo vital com o passar do tempo. No processo do envelhecimento, as alterações corporais e funcionais dos órgãos são inevitáveis, além das mudanças bioquímicas, imunológicas e psíquicas por consequência natural das mudanças contínuas do envelhecer. A equipe multiprofissional, direcionada ao ato do cuidar, precisa compreender, psicologicamente, que a pessoa idosa poderá apresentar sensações de inaptidão, de velhice, estresse, episódios de tristezas e desenvolverem um processo de depressão diante da nova etapa do seu desenvolvimento biológico. Algumas características dessas alterações comportamentais podem ser percebidas com a redução da capacidade de adaptação de viver em meio social. Devemos atentar para os comportamentos de isolamento, que podem colocar a pessoa idosa em vulnerabilidade e, com isso, aumentar a probabilidade do processo do adoecer. O enfermeiro precisa se fundamentar em três critérios técnicos e científicos, baseados na Política Nacional de Atenção ao Idoso para uma prestação adequada da assistência de enfermagem. O primeiro critério é fazer com que a pessoa idosa participe ativamente dos processos sociais, dando-lhe autonomia para o desenvolvimento das rotinas diárias; o segundo critério é promover 12 a saúde e desenvolver o bem-estar no processo do envelhecer; e; o terceiro, e último critério, é promover a criação de um ambiente domiciliar ou comunitário saudável, propício e adequado ao processo do envelhecimento. Essas práticas visam, principalmente, reabilitar a pessoa idosa as suas rotinas diárias normais, e precisa estar associadas aos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde do Brasil. Precisamos entender que desenvolver um trabalho efetivo com um público específico requer do profissional enfermeiro, além do conhecimento básico da sua área, uma especialidade direcionada ao estudo alvo em questão, nesse caso da nossa disciplina, os cuidados com o indivíduo idoso. Levando em consideração o contexto dessa unidade de estudo, dizemos que existem duas áreas do conhecimento que desenvolvem trabalhos com as pessoas idosas: geriatria e gerontologia. A primeira é considerada uma especialidade da área médica, direcionada ao público idoso, e exercida pelo médico geriatra. A segunda é considerada uma especialidade multiprofissional, direcionada aos diversos estudo dos aspectos do processo do envelhecimento, então, dizemos, por exemplo, que o enfermeiro gerontólogo que irá desenvolver uma assistência de enfermagem em gerontologia. Independentemente de ser um profissional geriatra ou gerontólogo, ambos necessitam e devem entender a epidemiologia do processo do envelhecimento para compreender o perfil de morbimortalidade de uma população com predomínio de patologias crônicas e degenerativas, que podem incapacitá-las. Além disso, o aumento das hospitalizações em idades avançadas tem causado preocupações aos profissionais geriatras e gerontólogos, pois se relacionam às altas taxas de novos agravos orgânicos entre idosos, que duram por meses e anos, exigindo um acompanhamento continuo dos profissionais de saúde para planejarem uma sistematização do cuidado. Figura 1 - Pessoa Idosa Fonte: Marish, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: Na imagem de fundo branco, com diversos ambientes coloridos, observamos cinco figuras de pessoas idosas exercendo atividades de rotina diárias. Na primeira imagem, o idoso se encontra sentado, manipulando a sua rede social, em seu notebook, sobre uma mesa. Na segunda imagem, a idosa se encontra sentada em uma poltrona vermelha, fazendo 13 crochê. Na terceira imagem, o idoso se encontra em pé, praticando exercício físico em casa. Na quarta imagem, o idoso se encontra sentando manipulando um computador sobre uma mesa e escutando música com o fone de ouvido. Na quinta imagem, temos dois idosos, de gêneros diferentes, sentados jogando dama. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 1.1 O Idoso: conceitos gerais Vamos iniciar nossos conceitos relacionados à disciplina Cuidado ao Idoso e é importante, antes de tudo, definir a palavra Saúde, que vem do latim salus, que tem um significado direcionado ao “bom estado físico” do indivíduo. Então, levando em consideração o significado da palavra, podemos dizer que um indivíduo idoso com saúde é aquele que se encontra em bom estado físico ou saudável (OPAS/OMS, 2020). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o conceito de saúde é baseado em diversos modelos holísticos e propostos historicamente que diz, na integra: Saúde é o estado de completo bem-estar físico, psíquico e social, e não somente a ausência de doenças. O estado de completo bem-estar físico, mental e social depende de fatores médicos e sociais. Dessa forma, o estado de saúde das pessoas depende de forma significativa da alocação de recursos em setores como a educação, alimentação, infraestrutura sanitária e habitacional, incentivos ao trabalho, promoções ao estilo de vida saudável com atividades de lazer e cuidados com o meio ambiente (OMS, 1974, s.p.). 1.2 O Idoso: Geriatria e Gerontologia No campo dos Cuidados ao idoso, existem duas palavras que são bem utilizadas: Geriatria e Gerontologia. São campos de estudos que atuam com o mesmo público, o idoso, mas possuem 14 finalidades distintas. No geral, ambas as áreas se direcionam para a qualidade de vida e bem- estar do idoso. Profissionais que desejarem atuar com os cuidados ao idoso, devido ao constante aumento dessa população no Brasil, precisam compreender de forma mais eficaz e com medidas de intervenções resolutivas o mundo da pessoa idosa e, para isso, é necessário se especializar em geriatria e/ou em gerontologia (SBGG, 2020). Figura 2 - Conceitos de Gerontologia e Geriatria Fonte: SBGG, 2020 (Adaptado). #ParaCegoVer: Na imagem observamos um esquema organizacional e didático dos conceitos de gerontologia (gero é igual a velho e logia é igual a estudo, que resulta em estudo do velho - pessoa idosa). A geriatria é a parte da gerontologia voltada para as questões médicas do processo do envelhecimento que se ocupa em estudar as patologias, distúrbios da pessoa idosa, bem como o seu tratamento. Vamos continuar se aprofundando em geriatria, considerada uma especialidade da área da Medicina. Podemos dizer que o profissional médico é chamado de geriatra. Ambas as áreas desenvolvem o objetivo de prestação de assistência, levando em consideração a promoção da saúde, prevenção, tratamento das patologias, reabilitação e cuidados paliativos. Além disso, estão ligadas por desenvolverem cuidados de saúde desde a promoção de um processo do envelhecimento adequado e saudável até o tratamento e a reabilitação do indivíduo idoso. A ação contínua do envelhecer gera um impacto no comportamento do corpo, e pode demandar uma abordagem planejada e diferenciada (SBGG, 2020). O campo da geriatria lida, diariamente, com as patologias relacionadas ao idoso como, por exemplo, as demências, o aumento da pressão arterial sistêmica (hipertensão arterial), o 15 aumento das taxas glicêmicas (o diabetes) e a osteoporose (DIAS, 2012). O médico geriatra também está direcionado aos tratamentos das disfunções orgânicas, multicausais, como tonturas, vertigem, síncopes, desmaios, crises convulsivas, incontinência urinária e tendência a quedas. Os cuidados paliativos aos idosos também, fazem parte da geriatria, e estão associados aos cuidados dos pacientes idosos e portadores de patologia sem perspectiva de cura. É importante dizer que a medicina geriátrica vem avançando dia a dia em prol da longevidade, qualidade de vida e melhor segurança para a pessoaidosa (SBGG, 2020). Os profissionais, das diversas outras áreas que se destinam a estudar o idoso são chamados de gerontólogos. A gerontologia tem a finalidade de estudar o processo do envelhecimento nos aspectos biopsicossocial e em outras dimensões dos conhecimentos científicos. Trabalham em conjunto, como já foi mencionado nessa unidade, com o médico geriatra. 1.3 O Idoso: Senescência x Senilidade O crescimento acelerado da população de idosos vem ocorrendo de forma contínua em todas as partes do mundo e, principalmente, no Brasil. Isso se deve às melhores condições da qualidade de vida e aos avanços tecnológicos associados com a diminuição das taxas de natalidade, que contribuíram para o um aumento significativo dessa população (BRASIL, 2006). É de extrema importância, para todos os profissionais que trabalham com o cliente idoso, aprender, conhecer, compreender e diferenciar as modificações funcionais orgânicas do processo do envelhecimento, chamadas de senescência, daquelas da ação contínua do envelhecer patológico, chamada de senilidade. É preciso, principalmente, para os profissionais enfermeiros, diferenciar o normal do patológico. No entanto, isso pode ser algo complicado e difícil, pois inúmeras circunstâncias se superpõem e, portanto, não deve ser atribuindo ao processo da velhice. Não podemos e nem devemos esquecer que sintomatologias patológicas, inúmeras vezes, são plausíveis de tratamento e cura (BRASIL, 2006). Por outro lado, não pode ser considerado sinônimo de doença o processo natural de envelhecer. Devemos solicitar, enquanto profissional da saúde, exames para diferenciar o tratamento natural do envelhecimento, das patologias que o idoso pode vir a apresentar. 16 2 A GERONTOLOGIA E OS TIPOS DE ENVELHECIMENTO Como já tínhamos definido, a gerontologia é uma área do conhecimento humano que se direciona ao estudo contínuo do envelhecimento e as suas mudanças, ao logo do tempo, nos diferentes aspectos biopsicossocial e cultural, distintamente da área geriátrica, que tem a finalidade de estudar clinicamente o idoso, tentando objetivar na prevenção e tratamento das doenças. Os estudos da ação contínua do envelhecimento tiveram início no século XIX, mas hoje em dia o tema é abordado de forma bem mais complexa, porque o processo de envelhecimento não é algo fácil de entender. Esses estudos requerem aspectos multidisciplinares e multiprofissionais, que envolvem até a forma de organização da sociedade, ou seja, extrapolam o meio da saúde e desencadeiam outros fatores socioeconômicos e culturais (FECHINE; TROMPIERI, 2012). Inúmeros estudiosos do campo da saúde do idoso deduzem cientificamente que existem cinco distintos tipos do processo de envelhecer: • Envelhecimento biológico; • Envelhecimento cronológico; • Envelhecimento Funcional; • Envelhecimento Psicológico; • Envelhecimento Psicológico; O envelhecimento biológico é uma ação contínua e faz parte do processo natural do ser humano. Tem início com a maturação sexual e, ao longo, do tempo, provoca através de manifestações, externas e internas, uma instabilidade funcional orgânica e, com isso, chega a diminuir a viabilidade vital do indivíduo, ao longo do tempo. O envelhecimento cronológico é distinto do biológico, e se identifica somente com o passar dos anos. Ele é bem importante na determinação dos critérios para elaborar as políticas pública direcionadas as pessoas idosas (FECHINE; TROMPIERI, 2012). O que precisamos perceber com muita atenção é que o processo do envelhecer chega ir além de questões biológicas e cronológicas. Ele pode ser caracterizado por questões sociais, e nesse tipo de envelhecimento, o indivíduo inicia um processo da falta de oportunidades futuras para a sua vida, se sentindo totalmente excluído dos padrões que a sociedade impõe e, com esse sentimento, deixa de desenvolver interações sociais e tende a se isolar em ambientes domésticos, ocasionando processo orgânicos depressivos com evolução para a morte. 17 Associado ao envelhecimento social, temos as questões psicológicas da pessoa idosa, que estão direcionadas às manifestações cognitivas como, por exemplo, atenção, percepção, memória, raciocínio, juízo, imaginação, pensamento e linguagem. Além disso, os estudos nos mostram que inúmeros idosos desenvolvem manifestações de mudanças de personalidade (MINAS GERAIS, 2006). Neste, podemos identificar a chamada síndrome do ninho vazio, que pode ser explicada, cientificamente, quando os idosos se deparam com a saída dos filhos do ambiente domiciliar, ou ainda, quando ocorre a morte dos filhos ou de um parente bem ligado a família (MINAS GERAIS, 2006). É importante lembrar que, no Brasil, os indivíduos não estão preparados ou não se preparam para o momento do óbito. Não faz parte da nossa cultura e, quando isso ocorre, geralmente, sofrem um extremo abalo psicológico, que pode ocasionar o aceleramento do processo de envelhecimento, chamado de senescência (DIAS, 2012). Muitos estudiosos da área da geriatria e gerontologia estão indo muito além, e dizem que o corpo humano é bem mais complexo. Já dizem que existe a chamada quarta idade, que pode ser caracterizada pelo nítido processo do envelhecimento funcional, associado às adaptações do organismo humano ao meio social. E, com isso, desenvolvem uma dependência pelas dificuldade de desenvolverem suas atividades básicas da vida diária (ABVD) que fazem parte do ciclo vital de qualquer indivíduo, como se alimentar, se locomover, se vestir, se levantar, se sentar, descansar e deitar, entre outras (MORAES, 2012). É importante deixar claro que a quarta idade pode aparecer em qualquer situação ou momento do ciclo vital, mas é comum ser detectado na pessoa idosa com idade bem avançada. Envelhecer de forma harmoniosa depende de questões multifatoriais, externas e internas, de como levamos a vida diariamente O processo de envelhecer adequadamente não tem uma fórmula ou norma que podemos seguir. O envelhecimento é heterogêneo e cada indivíduo tem a sua maneira particular de passa por essa ação contínua ao longo do tempo. Existem pessoas que passam o seu ciclo vital se cuidando, e mesmo assim, não tem saúde, enquanto outras não se preocupam com o processo do envelhecer e vivem a velhice sem preocupações exageradas (LEBRA, 2009). Estes últimos, consideramos e chamamos corpos humanos de elite, os quais tem pouquíssimos riscos de desenvolverem patologias e incapacidades funcionais e, ao mesmo tempo, exercem as funções físicas e mentais em perfeito estado orgânico. 3 PROCESSO DE ENVELHECIMENTO Conceituar o processo do envelhecimento é algo difícil. Biologicamente pode ser considerado uma ação contínua que perdura toda a vida, ou seja, dura todo o ciclo vital do indivíduo (MORAES, 2012). De forma multidisciplinar, podem existir diversas definições do processo de envelhecer, se levarmos em consideração a visão biopsicossocial, a autonomia da pessoa idosa e a sua qualidade 18 de vida. Esses fatores resultam na saúde do idoso e retarda, um pouco mais, o processo do envelhecimento. É importante dizer que pessoas com um poder aquisitivo reduzido envelhecem mais rapidamente, resultado de aspectos multifatorial que não favorecem uma vida saudável e cheia de desafios diários. Figura 3 - Conceitos de Saúde do Idoso Fonte: MORAES, 2012 (Adaptado). #ParaCegoVer: Na imagem observamos um esquema organizacional e didático da saúde do idoso. Temos saúde mental associada com a saúde física (independência funcional e autonomia) e ambas se conectam à independência financeira, que se liga ao suporte familiar e integração social. 3.1 Aspectos gerais do processo do envelhecimento O profissional enfermeiro, no ato do cuidar da pessoa idosa, precisa se atentar para as modificações morfológicas, externas e internas, e funcionais do organismo do idoso (MINAS GERAIS, 2006). Além disso, é importante salientar que a composição e a conformação corporal também sofrerão importantes mudançasno processo do envelhecer, tais como: • O tecido adiposo (gordura) do corpo do idoso tem a tendência de aumentar com o passar da idade; • Na região do tecido subcutâneo, ou seja, situado sob a pele, geralmente, existe a dimi- nuição das gorduras dos membros superiores e inferiores, e o aumento do tecido gordu- roso no tórax e abdômen, caracterizando a chamada região gordurosa centralizada; • A quantidade hídrica no corpo do idoso reduz cerca de 15 a 20% nas regiões orgânicas in- tracelulares e, ao mesmo tempo, ocorre também a redução dos sais minerais e vitaminas das regiões internas e externas das células, principalmente sódio e potássio, resultando 19 em maior susceptibilidade de complicações do organismo que estão relacionadas às diminuições de substâncias líquidas e, com isso, aumenta a dificuldade de reposição do volume hídrico perdido do corpo humano; • Existe diminuição dos componentes líquidos associado ao aumento do tecido adiposo corporal, que provavelmente poderá contribuir para as modificações do processo de absorção, atividade celular e eliminações das substâncias tóxicas na pessoa idosa; • A diminuição da proteína albumina modifica o transporte de inúmeras substâncias san- guíneas; • A atividade basal celular reduz, em média, 10% a 20% com o avanço da idade, interferin- do nas necessidades calóricas diárias; • A beneficência da glicose pode se alterar, desenvolvendo conflitos para se diagnosticar determinadas patologias como, por exemplo, o diabetes melitos. 3.2 Epidemiologia do envelhecimento. Antes de adentrar nos dados científicos, do processo do envelhecimento, é preciso entender o que é epidemiologia. A epidemiologia é considerada uma área da saúde pública direcionada ao entendimento da ação contínua (processo) da saúde e doença da população em um determinado ambiente. Podemos entender como um campo das ciências da saúde que estuda os fatores determinantes do processo do adoecimento e associa com a população humana (LEBRA, 2009). Os diversos fatores do processo do envelhecimento, no Brasil, vêm sendo destacado, constantemente, na saúde pública, para que os profissionais tenham um olhar diferencial, integral, holístico e humanizado para a população que está passando por essas modificações do envelhecimento. É importante dizer que, entre 1980 a 2000, o Brasil computou um grande aumento dessa população, de idosos, que resultou em um crescimento de 56% dessa população, e estima-se, para as próximas décadas, um aumento de 100% de idosos na população brasileira (LEBRA, 2009). Para entender o processo da epidemiologia do envelhecimento, é necessário compreender a transição demográfica, que pode ser direcionada para o sentido de uma população jovem passar lentamente ou gradativamente para uma faixa de população mais idosa. Esse processo demográfico tem início com a queda dos números de mortalidade, avançando com a redução dos números de natalidade, e resulta nas modificações das faixas e estruturas etárias de um determinado conjunto de indivíduos (DIAS, 2012). A transição demográfica é caracterizada por três fases, diferentes: • Primeira fase elevadas taxas de mortalidade e de fecundação; 20 • Segunda fase redução das taxas de mortalidade e crescimento da população; • Terceira fase redução da taxa de fecundação e ocorrência do envelhecimento da população. Quando conseguimos entender o que é a transição demográfica, então, compreendemos mais facilmente a transição epidemiológica. Essa última se refere as mudanças lentas que ocorrem a longo prazo nas taxas de adoecimento (morbidade), invalidez e morte e, geralmente, é caracterizada, por um conjunto específico de indivíduos, de faixas etárias semelhantes e especificas, e que ocorrem paralelamente às modificações demográficas e mudanças econômicas e sociais. Então, podemos afirmar que a epidemiologia do envelhecimento está associada à transição demográfica e à transição epidemiológica, e que as duas caminham juntas para melhor entender o envelhecimento populacional. Figura 4 - Conceitos de Epidemiologia do Envelhecimento Fonte: MORAES, 2012 (Adaptado). #ParaCegoVer: Na imagem observamos um esquema organizacional e didático do conceito da epidemiologia do envelhecimento. Temos a transição demográfica evoluindo para a transição epidemiológica. Urbanização, industrialização, renda, educação, tecnologia médica e saúde pública associada com o declínio da fertilidade e, ao mesmo tempo, associada com a recessão econômica e aumento das desigualdades, resultando em declínio da mortalidade por doenças infectocontagiosas (período de transição demográfica). Envelhecimento da população e aumento das doenças crônico- degenerativas, resultando em persistência ou reemergência de doenças infectocontagiosas (transição epidemiológica). 21 Em média de cinco décadas, o Brasil transitou de um perfil de adoecimento e morte (morbimortalidade), características dos indivíduos jovens, que são as doenças infectocontagiosas, para um perfil de morbimortalidade de patologias crônicas e degenerativas, que são características típicas dos indivíduos idosos, gerando incapacidades das faixas etárias da população idosa (MORAES, 2012). Essa transição existiu devido ao processo de aproximação tecnológica dos achados clínicos e diagnósticos, favorecendo as intervenções terapêuticas e imunobiológicas, que minimizam as mortes por essas patologias. Entretanto, é importante salientar que a utilização de tecnologia para a saúde deve implicar em aumento dos gastos diretos e indiretos para o sistema de saúde pública e privada. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 4 ATIVIDADE DA VIDA DIÁRIA E O ENVELHECIMENTO Vamos entender conceitos importantes relacionados à atividade da vida diária e ao processo do envelhecimento (NERI, 2011). São termos que irão ajudar qualquer profissional que desenvolva os seus trabalhos diários com a pessoa idosa. Então, podemos dizer que: • Mobilidade é a aptidão que uma pessoa desenvolve ao se mover em um determinado ambiente. É considerada uma atribuição básica para a execução de atividades e realizar tarefas do dia a dia para manter a sua independência. • Independência é a aptidão que uma pessoa desenvolve para ter o auto cuidar. É considerada uma atribuição 22 básica para a execução de atividades realizadas no dia a dia, sem precisar do auxílio de outro indivíduo. • Dependência é considerada uma incapacidade de realizar uma ou mais tarefas do dia a dia. Precisa do auxílio de uma outra pessoa. Tem as suas definições através de escalas testes para definir se a incapacidade é leve, moderada e/ou avançada. • Autonomia é a aptidão que um a pessoa desenvolve de responder por si mesma. É considerada o poder de eleger as suas regras e condutas, e de responder pelos seus atos no dia a dia. Diante do processo do envelhecer dos indivíduos, o propósito dos cuidados e atendimento à saúde não se objetivam somente em prolongar o ciclo vital mas, principalmente, tenta estabilizar a capacidade funcional e orgânica do indivíduo de tal forma que esse indivíduo apresente-se autônomo e independente por muito longos tempos da sua vida (NERI, 2011). Para que isso venha a se suceder, o sistema de saúde público e privado deve garantir o acesso universal aos atendimentos e cuidados de saúde, e que esses estejam baseados nas políticas de atenção de saúde pública, enfatizando primordialmente a promoção de saúde e a prevenção das patologias (TEIXEIRA, 2006). Além disso, a pessoa idosa deve ser clinicamente avaliada de forma integral, humanizada e holística, com a finalidade de manter a capacidade funcional desse indivíduo. Para avaliar a capacidade do indivíduo idoso em relação a sua autonomia e as questões de independência, existem vários fatores clínicos, testes e escalas que são chamadas de avaliação funcional (TEIXEIRA, 2006). Uma mensuração funcional deve • abranger e mensurar o processo do equilíbrio e mobilidade do idoso; • avaliar a funçãointelectivo, intelectual, mental (funções cognitivas); • avaliar a capacidade para executar a atividade de vida diária (AVD) e as atividades instru- mentais de vida diária (AIVD). 4.1 Atividade da Vida Diária (AVD) Levando em consideração as AVD, podemos dizer que são atividades básicas e rotineiras, de autocuidado, semelhantes com as habilidades que aprendemos no período da infância. São caraterizadas pelas tarefas de: • comer ou alimenta-se; • ir ao banheiro; 23 • escolher a roupa e arrumar-se; • higiene pessoal; • manter-se continente; • locomover-se e transferir-se de um local para o outro. 4.2 Atividade Instrumental da Vida Diária (AIVD) As tarefas denominadas de atividades instrumentais da vida diária (AIVD) são habilidades consideradas complexas para serem executadas, mas são de extrema necessidade para se viver independente (NERI, 2011). Podemos considerar que essas habilidades são geralmente aprendidas durante todo o período da adolescência. São caracterizadas: • pela gerência das finanças; • em saber lidar com transporte, por exemplo: dirigir ou navegar; • em saber fazer compras; • em saber preparar os seus alimentos; • em saber usar o telefone e outros aparelhos de comunicação; • em saber gerenciar as medicações diárias; • pela manutenção das atividades domésticas. Não podemos esquecer que as AVD e AIVD são habilidades conjuntas, que os indivíduos precisam executar para se tornar independentes (UNA/SUS, 2014). Os geriatras, especializados no processo de reabilitação, os profissionais assistentes sociais, enfermeiros entre outros, que são envolvidos com os cuidados aos idosos, geralmente mensuram as AVD e AIVD como parte primordial do processo avaliativo funcional da pessoa idosa (TEIXEIRA, 2006). O problema em manusear as AIVDS é particularmente percebida em idosos que são acometidos pela doença de Alzheimer e em outras demências. Mensurar as AIVD pode apoiar num processo avaliativo clínico e diagnóstico, bem como determinar qual o tipo de assistência e cuidados diários devem ser administrados para a pessoa idosa (NERI, 2011). 5 CAPACIDADE FUNCIONAL DA PESSOA IDOSA Conceituar a palavra capacidade é atribuir para um determinado individuo uma aptidão, disposição ou habilidade de querer aprender ou absorver alguma coisa. Então, podemos dizer que é a aptidão ou habilidade de escolher fazer algo. 24 Para a pessoa idosa, a capacidade funcional está ligada às execuções das tarefas do dia a dia ou do seu cotidiano. Isso garante o seu processo de querer aprender ou absorver, que podemos denominar de autonomia (MINAS GERAIS, 2006). Quando esse processo está sendo prejudicado, falamos que a pessoa idosa está sendo afetada nas tarefas do seu cotidiano. De forma holística, a capacidade funcional é descrita como a manutenção das aptidões físicas e mentais desenvolvidas ao longo da sua existência. Elas são de extrema necessidade para que a pessoa idosa tenha uma vida independente, com muita autonomia no seu cotidiano (SOARES; MONIER, 2016). Os profissionais geriatras e gerontólogos mensuram e avaliam o grau de preservação da aptidão de realização de atividades básicas de vida diária – AVDs e o grau de habilidade para executar atividades instrumentais de vida diária – AIVDs como sendo uma relação estreita, paralela e conjunta. As pesquisas da área da pessoa idosa consideram a capacidade funcional como um forte indício de saúde para a pessoa idosa, ao mesmo tempo que considera que a dependência desses indivíduos é um sinal de falência da aptidão física e psicossocial, independentemente que seja por patologia, pelo uso de fármacos, por traumas ou pelo processo do envelhecer (SOARES ; MONIER, 2016) O processo de mensurar ou avaliar a pessoa idosa deve investigar e inserir todos os diversos fatores (dimensões) do processo de saúde e doença. É considerada uma avalição multidimensional e deve ter como finalidade principal a definição de diagnóstico funcional global e etiológico (disfunções/doenças), bem como o planejamento e execução de um plano de cuidados. 25 Figura 5 - Avaliação Multidimensional do Idoso Fonte: MINAS GERAIS, 2006 (Adaptado). #ParaCegoVer: Na imagem observamos um esquema organizacional e didático da avaliação multidimensional do idoso. Temos um a tabela com duas colunas e dezesseis linhas com as dimensões a serem avaliadas com os seus respectivos instrumentos de avaliação. Identificação – anamnese, queixa(s) principal(is) - anamnese, sistemas fisiológicos principais-anamnese e exame físico dos aparelhos/sistemas, avaliação da cavidade oral-exame da cavidade oral, atividades de vida diária básicas (autocuidado) - índice de Katz, atividades de vida diária instrumentais- escala de Lawton-Brody / escala de Pfeffer, mobilidade-timed up and go test e get up and go test/teste de Romberg - nudge test - suporte unipodálico, avaliação cognitiva-mini-mental- fluência verbal-lista de 10 palavras reconhecimento de figuras - teste do relógio, avaliação do humor - escala geriátrica de depressão comunicação: acuidade visual- Snellen simplificado, comunicação: acuidade auditiva-teste do sussurro comunicação: voz-avaliação da voz, avaliação nutricional-mini-avaliação nutricional, avaliação de medicamentos-listagem dos medicamentos, história pessoal atual e pregressa-anamnese familiar avaliação socio familiar - anamnese familiar. Diagnóstico funcional global que resulta no plano de cuidados (ações preventivas, promocionais, curativas, paliativas e reabilitadoras. 26 6 O ENVELHECIMENTO POPULACIONAL E O ENFERMEIRO O Ministério da Saúde (MS) do Brasil, desde meados do final dos anos 90, planeja e desenvolve ferramentas administrativas e políticas que conceituam o que seria a pessoa idosa nos diversos âmbitos. O MS elaborou a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) que define a pessoa idosa como sendo um indivíduo com 60 anos ou mais. Essa PNSPI é regulamentada pelo Decreto 1948 de 03/06/1996, associado com o Estatuto do Idoso (EI), Lei 10.741 de 01/10/2003. Tanto a PNSPI quanto o EI tem por finalidades garantir e regulamentar o direito da pessoa idosa no âmbito das políticas sociais no Brasil (SANDRI; ALVAREZ, 2018). Já foi explicado, ao longo dessa unidade de ensino, que a faixa etária cronológica não é indício para as modificações que acompanham o processo do envelhecimento do ser humano, já que esse processo é considerado multifatorial e ocorrem inúmeras diversidades que estão relacionadas ao estado de saúde, habilidades e níveis de independência entre indivíduos de faixa etária semelhantes. Para ter acesso à garantia de assistência que são estipuladas na PNSPI, é preciso que os indivíduos considerados idosos pelo MS estejam na faixa etária estabelecida no regimento dessa PNSPI, independentemente dos aspectos biológicos. Os dias atuais nos dizem que os direitos dos idosos devem ser respeitados e precisa prevalecer, já que são considerados os indivíduos que tem maior crescimento populacional por conta da ampliação da expectativa de vida, que aumentou, aceleradamente, dos 51 para os 75 anos entre os anos de 1950 e 2010. Estudiosos afirma, ainda, que a estimativa de vida, em 2040, chegará, em média, aos 80 anos de vida (SANDRI; ALVAREZ, 2018). Dessa forma, a população mundial está passando pelo processo do envelhecimento acelerado, e é importante dizer que essas modificações estão acontecendo rapidamente nos países considerados em desenvolvimento. O envelhecimento é heterogêneo, mas com o avanço da idade, as diferenças individuais tendem cada vez mais a aumentar (SANDRI; ALVAREZ, 2018). Porém, o aceleramento do declínio pode ser algo influenciado e reversível para qualquer faixa etária, desde que os órgãos governamentais, juntamente com as políticas públicas, estabeleçam critérios de promoção e prevenção a saúde, mudança de vida (qualidade) e âmbitos saudáveis para a pessoa idosa (UNA/SUS, 2014). Cada vez mais percebemos o números crescente de idosos que estão atingindo 80,90 anos de idade, e é importante dizer que isso se deve ao aumento da expectativa de vida mas, por outro lado, também percebemos o acentuado aumento do indivíduo idoso diagnosticado com demências, surpreendendo, cada vez mais, os profissionais de saúde, e alertando as autoridades públicas sobre a vulnerabilidade e o risco de maus tratos que está população sofre no ambiente doméstico (LEBRA, 2009). 27 Pensando em uma melhor expectativa e qualidade de vida para a pessoa idosa, a OMS sugeriu, de forma documentada, e publicada em 2011, a Década do Envelhecimento Saudável de 2020 a 2030 (OMS, 2020). Essas propostas sugerem modificações para os cuidados com a saúde do idoso, tendo como apoio as políticas públicas de cada país envolvido com esse plano. As 10 propostas são listadas a seguir, conforme descritas no resumo do relatório mundial de envelhecimento e saúde, da Organização Mundial da Saúde, no ano de 2015. • Primeira proposta: estabelecer uma plataforma de inovação e mudanças; • Segunda proposta: apoiar o planejamento do país para agir por um envelhecimento saudável; • Terceira proposta: coletar melhores dados globais em relação ao envelhecimento saudável; • Quarta proposta: promover pesquisas que abordem as necessidades atuais e futuras de pessoas mais velhas; • Quinta proposta: alinhar o sistema de saúde para as necessidades dos idosos; • Sexta proposta: definir os conceitos teóricos para um cuidado de longo prazo; • Sétima proposta: garantir os recursos humanos para os cuidados integrais às pessoas idosas; • Oitava proposta: empreender uma campanha global para combater a discriminação con- tra a pessoa idosa, o Ageism; • Nona proposta: definir áreas de investimento econômico; • Décima proposta: ampliar o trabalho global da rede para cidades e comunidades amigas do idoso. Neste viés, o enfermeiro gerontólogo é um profissional importante, pois presta assistência e cuidado para os indivíduos durante todo o seu ciclo de vida, nas diferentes circunstâncias e nas diversas áreas do conhecimento do processo do envelhecer populacional (SANDRI; ALVAREZ, 2018). Inúmeros estudos da enfermagem gerontológica brasileira afirmam a extrema necessidade de maiores quantidades de profissionais da enfermagem especializados e informados sobre os cuidados da saúde do idoso, para que a prestação da assistência seja bem mais eficaz e resolutiva. 28 Figura 6 - Enfermeiro Gerontólogo Fonte: Michaeljung, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: Na imagem, com fundo fosco em branco, observamos a enfermeira gerontóloga prestando um do cuidado de escuta terapêutica a uma paciente que se encontra sentada. O conhecimento produzido pelos profissionais enfermeiros precisa se consolidar em excelentes práticas assistenciais, de modo que exista uma diminuição da lacuna entre a teoria e a prática, impactando modificações no cuidado do enfermeiro ao idoso. Dessa forma, observaremos uma melhor contribuição, visando um processo de sistematização da assistência de enfermagem bem preponderante para um envelhecimento saudável, seguro e de qualidade para todos os idosos. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 29 Enfim, compreender a sistematização do processo da assistência de enfermagem ao cliente idoso não é nada fácil, mas deve ter como finalidade a persistência e valorização do querer fazer e contribuir do idoso, de acordo com a sua necessidade, para que ele possa desenvolver um processo de independência e autonomia. O enfermeiro necessita entender os novos paradigmas de atenção à saúde da pessoa idosa contribuindo, dessa forma, para a promoção, prevenção, tratamento e reabilitação da pessoa idosa no processo do envelhecimento preferencialmente saudável. FIQUE DE OLHO A atuação do enfermeiro, no ramo da saúde do idoso, deve ser centrada no processo de educação e saúdes, levando em consideração o processo do envelhecimento. Baseado nesse contexto, leia na íntegra o artigo: O papel da enfermeira na reabilitação do idoso, acessando o link https://www.scielo.br/pdf/rlae/v8n1/12437.pdf 30 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • aprender conceitos de termos relacionados à pessoa idosa; • entender o processo do envelhecimento e os aspectos que interferem nesse processo; • aprender a importância da epidemiologia do envelhecimento para a compreensão do enfermeiro no ato do cuidar da pessoa idosa; • compreender a avaliação multidimensional do idoso; • compreender o processo de avaliação funcional da pessoa idosa; • entender e compreender o envelhecimento populacional. PARA RESUMIR BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa idosa / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. DIAS, L. C. Tratado de medicina da família e comunidade: princípios, formação e prática. Porto Alegre: Artmed, 2012. FECHINE, B. R. A.; TROMPIERI, N. O processo de envelhecimento: as principais alterações que acontecem com o idoso com o passar dos anos. Rev Cient Inter. Campos dos Goyta- cazes – RJ, V. 1, n. 20, 106-132, jan/mar, 2012. LEBRA, M. L. Epidemiologia do envelhecimento. Bol. Inst. Saúde: Envelhecimento & Saú- de. N. 47, 23-26, abril, 2009. MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Departamento de atenção à saúde do idoso. Belo Horizonte: SAS/MG, 2006. MORAES, E. N. Departamento de Atenção Básica. Atenção à saúde do Idoso: aspectos conceituais. Brasília: Ministério da Saúde /Pan-Americana da Saúde, 2012. NERI, A. L. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. OPAS/ OMS. Organização Pan-Americana da Saúde e Organização Mundial da Saúde. Indicadores de saúde: Elementos Conceituais e Práticos. Disponível em https://www. paho.org/hq/index.php?option=com_content&view=article&id=14401:health-indicator- s-conceptual-and-operational-considerations-section-1&Itemid=0&limitstart=1&lang=pt. Acesso em: 01 de jul. de 2020. SANDRI, J. V. A.; ALVAREZ, A, M. O envelhecimento populacional e o compromisso da enfermagem. Rev Bras Enf. São Paulo, 770-771, 2018. SOARES, R. R.; MONIER, E. B. Saúde do idoso e a saúde da família. Universidade Federal do Maranhão/UNA-SUS. São Luís: EDUFMA, 2016. SBGG. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. O que é geriatria e gerontologia, 2020. Disponível em: https://sbgg.org.br/espaco-cuidador/o-que-e-geriatria-e-gerontolo- gia/. Acesso em: 01 de jul. de 2020. UNA/SUS. Universidade Aberta do Brasil e Sistema Único de Saúde. Curso de especializa- ção da saúde da família. Módulo: cuidado integral a saúde do idoso. Brasília: UNB, 2014. TEIXEIRA I. N. A. O. Definição de fragilidade em idosos: uma abordagem multiprofissio- nal. 2006. 198f. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação, Campinas, 2006. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS UNIDADE 2 Agravos mais comuns nos idosos Você está na unidade Agravos mais comuns nos idosos. Conheça aqui sobre os principais agravos que acometem mais frequentemente os idosos, como as demências, osteoporose, mal de Parkinson, queda, depressão e incontinência urinária e fecal. Além disso, será estudado sobre a violência contra os idosos, um grupo vulnerável. Aprenda também sobre o envelhecimento e a infecção pelo vírus HIV. O envelhecimento ocorre de maneira fisiológica, porém, algumas patologias e o uso de alguns fármacos podem acelerar as mudanças fisiológicas que ocorrem naturalmente, como as alterações musculares e mudança no equilíbrio e na agilidade de executar as atividades de rotina cuidados de higiene pessoal. Bons estudos! Introdução 35 1 DEMÊNCIAS O profissional que trabalha diretamente cuidando da saúde dos idosos se depara com diversos problemas relacionados com as demências. Não é incomum os idosos apresentarem problemas de memória e também de comportamento decorrente do avanço da idade e também do início das manifestaçõesda demência. A prevalência de demência com o avançar da idade dobra a cada cinco anos, chegando a cerca de 20% dos idosos com idade acima de 80 anos. Lembrando que a população de octogenários no Brasil é que mais cresce atualmente. O início dos sintomas começa a partir dos 65 anos de idade, sendo comum a presença de um comportamento perturbador e também a principal causa das internações nos institutos de longa permanência dos idosos. Apesar de ser popularmente considerada como algo normal, a demência não faz parte do envelhecimento saudável, sendo uma alteração prejudicial (KANE, 2015). A demência é caracterizada pela alteração na memória, ocorrendo de maneira gradual, sem apresentar um início definitivo. Algumas mudanças no cérebro são comuns nos idosos, como redução da memória a curto prazo e da capacidade de aprendizagem, porém, quando ocorrem, não são necessariamente devido à demência, podendo ser apenas devido ao avançar da idade (KANE, 2015). Os idosos apresentam perda cognitiva leve, o que leva à perda da memória associada com a idade. Ainda, pode ocorrer perda da capacidade do uso da linguagem, do pensamento e alteração no humor, sem afetar a realização das tarefas diárias e influenciar a autonomia. Já os idosos com a presença da demência apresentam alterações mentais mais graves, que irão progredir com o passar do tempo. No envelhecimento normal é comum o idoso perder coisas ou esquecer os detalhes, enquanto que na demência ocorre o esquecimento por completo dos acontecimentos. Além disso, há um prejuízo na capacidade do idoso com demência de executar tarefas comuns, como cozinhar, cuidar da higiene corporal, dirigir e até mesmo realizar a administração das finanças da casa. A demência pode apresentar características semelhantes à depressão no indivíduo idoso, como redução na quantidade de alimento ingerido ou nas horas de sono. Mas, na maioria das vezes, o paciente mantém os hábitos alimentares e o padrão de sono normal até que a doença esteja em estágio avançado. Uma outra diferença é que as pessoas com depressão raramente esquecem de fatos importantes ou assuntos pessoais, enquanto que as pessoas com demência apresentam esquecimento frequente (KANE, 2015). As causas mais comuns da demência é a doença de Alzheimer, sendo ela uma doença cerebral primária. Cerca de 60% a 80% dos idosos com demência têm a doença de Alzheimer. 36 Essa patologia apresenta alteração hormonal. Nesse tipo de demência, ocorre uma redução do nível de acetilcolina no cérebro. A acetilcolina é um neurotransmissor que auxilia na comunicação das células nervosas, auxiliando também na memória, aprendizagem e concentração. Além desse tipo, ainda existem • demência vascular • demência por corpos de Lewy • demência fronto-temporal • demência relacionada ao vírus da imunodeficiência humana (HIV) As manifestações podem ocorrem com mais de uma dessas demências sendo chamadas de demência mista (KANE, 2015). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Após o diagnóstico da demência, alguns quadros podem ser revertidos pelo tratamento, quando não há danos extensos no cérebro. Porém, ainda hoje o diagnóstico ocorre muitas vezes tardiamente, quando já ocorreram danos extensos. Dentre os principais quadros clínicos que podem causar a demência podemos destacar a hidrocefalia de pressão normal, hematoma subdural, deficiência de tiamina, deficiência de niacina, deficiência de vitamina B12 e hipotireoidismo. Além delas, algumas doenças associadas à demência podem agravar os sintomas, como a diabetes, a bronquite crônica, a doença renal crônica, as doenças do fígado e a insuficiência cardíaca. O uso de álcool, mesmo em quantidade pequena, também pode piorar o quadro de demência, sendo recomendado que interrompa o uso dessa substância. A progressão da doença e a mudança do estado mental ocorre em um período variável, de 2 a 10 anos. Essa progressão irá depender principalmente das causas. Nas pessoas com 37 demência vascular, por exemplo, normalmente a demência ocorre após o acidente vascular cerebral e a progressão da demência ocorre a cada novo acidente vascular cerebral, ocorrendo uma leve melhora do indivíduo entre os intervalos dos acidentes vasculares. Já nos pacientes que apresentam a doença de Alzheimer, a progressão da doença ocorre de maneira gradual e, na doença de Creutzfeldt-Jakob, a progressão da demência ocorre de forma rápida e contínua, ambas sem nenhuma melhora do quadro clínico durante a evolução (KANE, 2015). Nos idosos que são mantidos em clínicas de repouso ou passam por um longo período de internação, a progressão da demência tende a acelerar e dificulta a retomada da rotina quando eles retornam para suas residências, por exemplo. Além disso, a presença de dor, falta de oxigênio, distúrbios urinários e constipação também podem influenciar na piora do quadro da demência. Os sintomas apresentados pelo indivíduo com demência podem ser gerais, como a perda de memória, desorientação, problemas em executar tarefas diárias simples e mudança do humor. O principal sintoma que aparece ainda na fase precoce é a perda de memória, em especial para os fatos recentes. Outras manifestações são dificuldade em utilizar o vocabulário correto, pensamento abstrato, perda do bom senso e emoções instáveis e imprevisíveis, com mudanças repentinas de alegria para tristeza (KANE, 2015). No estágio intermediário da demência, é possível observar dificuldade em aprender e lembrar de informações novas, dificuldade em executar tarefas simples, como comer, tomar banho e ir ao banho. Além disso, pode ocorrer a perda de locais simples, como não saber onde é o banheiro ou o próprio quarto. Nesse estágio da doença, o idoso fica mais propenso a quedas e apresenta alterações nas habilidades manuais. Por fim, na demência tardia, o idoso apresenta dificuldade em conversar e, às vezes, até incapacidade de falar. Os eventos recentes e passados são perdidos completamente e, em alguns casos, os idosos não reconhecem os familiares e até mesmo o próprio rosto no espelho. Nessa fase é necessária atenção redobrada, devido à dificuldade em alimentar-se, sendo necessário muitas vezes triturar os alimentos para a ingestão. Nesse período, as infecções, como a pneumonia, são as principais consequências que acometem o idoso, devido à aspiração alimentar, por exemplo. Em relação ao diagnóstico, ele deve ser feito pelo médico através de teste de estado mental, testes neuropsicológicos e exames de imagem. É importante também avaliar o histórico clínico como a idade do indivíduo, tempo decorrido desde o aparecimento dos primeiros sintomas, se existem outras comorbidades e quais os medicamentos em uso. Após o diagnóstico, o tratamento deve ser baseado no controle para prevenir ou retardar a evolução da demência, orientar medidas de segurança e apoio para o indivíduo e para a família. Lembrando que o tratamento não irá reestabelecer as funções mentais na maioria das vezes, mas irá retardar a sua progressão rápida e, com isso, melhorará a qualidade de vida para o paciente (KANE, 2015). 38 2 OSTEOPOROSE A osteoporose é caracterizada por um quadro clínico em que ocorre o enfraquecimento dos ossos, ou seja, eles se tornam mais finos e frágeis. Isso é chamado perda da densidade óssea, devido a isso fica mais fácil de ocorrer fraturas. Essa patologia é mais comum entre as mulheres, mas pode ocorrer nos homens também. Na maioria dos casos ela desenvolve devido ao envelhecimento, à redução dos níveis dos hormônios sexuais e também à baixa no organismo de vitamina D e cálcio. É possível prevenir o seu aparecimento através da suplementação de vitamina D e cálcio, associado ao exercício físico, como caminhadas e musculação (RENA, 2019). Em indivíduos com osteoporose, os ossos que apresentam maior vulnerabilidade são os ossos do pulso, coluna e quadril. As fraturas podem ocorrer com quedas de própria altura ou até mesmo em batidas mais fortes, que em indivíduos saudáveis nãoprovocaria nenhum dano. Já no indivíduo afetado com a osteoporose, ocorre a fratura. Os indivíduos que apresentam maiores chances de desenvolver a osteoporose são aqueles muito magros, de raça branca ou asiática, indivíduos que estão há muito tempo acamados e aqueles que consomem tabaco ou álcool. Inicialmente não há nenhum sintoma que possa identificar a presença da osteoporose, sendo o diagnóstico realizado quando ocorre alguma fratura. O diagnóstico é realizado a partir do exame radiológico DXA, dosagem de vitamina D e cálcio. Normalmente estes exames são realizados em mulheres após os 65 anos de idade, que apresentam ou não casos de fraturas. Alguns médicos solicitam esses exames de forma preventiva, para que possa ser realizado o diagnóstico antes que ocorra alguma fratura (RENA, 2019). A partir do diagnóstico, é iniciado o tratamento, que pode ser o tratamento da fratura ou a prevenção dela com mudança alimentar, inserindo alimentos ricos em cálcio, suplemento de vitamina D, atividade física e exames de rotina para acompanhar a evolução do quadro. As pessoas que fumarem devem ser orientadas a parar e o consumo de álcool deve ser limitado, principalmente a partir dos 65 anos, como forma de prevenção (RENA, 2019). FIQUE DE OLHO A osteoporose normalmente é diagnosticada após queda e fratura óssea em mulheres acima de 65 anos, sendo uma doença silenciosa e de fácil diagnóstico e tratamento. O maior problema da osteoporose são as sequelas da fratura, pois a regeneração óssea no idoso é lenta e prolongada. 39 3 MAL DE PARKINSON O mal de Parkinson é uma patologia neurodegenerativa que ocorre de maneira progressiva, afetando o cérebro e a medula espinhal. Uma das características dessa doença é o tremor que ocorre mesmo em repouso, o aumento do tônus muscular, a redução para realizar os movimentos voluntários e a instabilidade postural. A frequência na população a partir dos 40 anos de idade é de 1:250, acima dos 65 anos, sobe para 1:100 e, acima dos 80 anos de idade, fica em 1:10 pessoas afetadas, ou seja, a frequência é maior com o avançar da idade (GUYTON, 2006). Figura 1 - Mal de Parkinson Fonte: Obencem, iStock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem mostra uma mão de uma pessoa jovem segurando a mão de uma pessoa mais velha. As principais mudanças morfológicas observadas no mal de Parkinson são as células nervosas, chamadas de gânglios basais, que se degeneram. Essas células são responsáveis por manter os movimentos musculares suaves e coordenados, mantendo também a postura corporal. Esses gânglios basais liberam neurotransmissores para que ocorra o impulso nervoso. O principal neurotransmissor é a dopamina. A partir da sua degeneração, ocorre menor produção de dopamina e, consequentemente, menor número de conexões nervosas, o que impede que ocorra a suavização dos movimentos, ocorrendo, assim, os tremores, a perda da coordenação motora e as alterações posturais e de deambulação. Atualmente, as causas do mal de Parkinson ainda não são totalmente esclarecidas. Uma explicação é que o acúmulo anormal de sinucleína, uma proteína encontrada no cérebro que auxilia a comunicação das células nervosas, pode interferir nas funções nervosas. Essa proteína pode acumular nos corpos de Lewy, causando o Parkinson, e também a doença de Alzheimer e demência. Isso pode ser explicado devido à presença da doença de Alzheimer em um terço dos 40 indivíduos com mal de Parkinson. Outra teoria é a hereditariedade, uma vez que cerca de 15% a 20% das pessoas que apresentam o mal de Parkinson apresentam familiares que desenvolveram a doença (GUYTON, 2006). O diagnóstico pode ser realizado a partir do exame físico e clínico. Os exames de imagem, como a tomografia computadorizada e a imagem por ressonância magnética podem ser realizadas para detectar se existe ou não alguma perturbação estrutural para os sintomas apresentados. Mas esses exames não são confirmatórios e, sim, exames que excluem outras causas possíveis, ou seja, o diagnóstico é baseado nos sintomas clínicos do paciente (GUYTON, 2006). Após o diagnóstico, pode ser iniciado o tratamento com o medicamento levodopa, que é um fármaco que faz a reposição de dopamina para o cérebro. Esse tratamento medicamentoso pode ser eficiente e retardar a progressão da doença por muitos anos. Além disso, esse medicamento reduz a rigidez muscular, melhora o movimento e reduz substancialmente os tremores. 4 VIOLÊNCIA A violência é caracterizada por uma ação única ou repetida que cause ao outro sofrimento e angústia. Além disso, ela pode ocorrer em relação interpessoal que tenha expectativa de confiança, como filhos e pais, ou por outro que não tenha vínculo nenhum com a pessoa e seja apenas um prestador de serviço, como um cuidador de idoso, por exemplo (DE SOUZA MINAYO, 2017). A violência pode ocorrer de diversas formas, como • física; • psicológica; • sexual; • exploratória; FIQUE DE OLHO É importante o profissional de saúde conhecer quais medicamentos o paciente faz uso, pois eles podem causar sintomas semelhantes ao do mal de Parkinson, como os tremores e a perda de equilíbrio. Além disso, com o avançar da idade é comum a perda do equilíbrio e também o aparecimento de pequenos tremores, que não tendem a progredir como o Parkinson, sendo esse um diagnóstico diferencial, porém complexo. 41 • abandono • negligência. A violência física pode ser qualquer ação que gere dor no outro, como, por exemplo, beliscões, empurrão, queimadura, administração de medicamentos de forma bruta. Esse tipo de violência normalmente é percebido através de lesões corporais que não tem explicação ou que são recorrentes, e o idoso justifica de maneira duvidosa como, por exemplo, “Isto não foi nada, eu apenas encostei na panela quente” ou “eu escorreguei e caí, normal, pois sou idoso”. Figura 2 - Agressão ao idoso Fonte: Ocskai Mark, Shutterstock, 2020. #ParaCegoVer: A imagem mostra um idoso com marcas de agressão física. A agressão psicológica é caracterizada por qualquer ação que gere um dano psicológico no idoso, como ações de intimidação, ações de infantilização, atos de humilhação, ameaças, insultos, isolamento e até mesmo o julgamento do idoso pelo outro como uma pessoa invalida ou incapaz. Não é incomum isso ocorrer por parte dos próprios familiares, que julgam o idoso com alguém que não tem capacidade para realizar suas atividades, pois eles são lentos ou incapazes e isso causa mudanças psicológicas, levando à tristeza e até ao quadro depressivo (DE SOUZA MINAYO, 2017). A agressão ainda pode ser sexual, quando a pessoa idosa é abusada sexualmente ou forçada ao ato sexual sem seu consentimento. Ela ainda pode sofrer a exploração material ou financeira, sendo que a exploração material é quando outro indivíduo reside junto ao idoso, usufruindo da sua propriedade de forma abusiva, sem contribuir para a manutenção dos bens. Ainda pode ocorrer a exploração financeira que ocorre através da venda de bens do idoso sem o consentimento dele ou, ainda, realizar o uso da renda financeira do idoso sem o consentimento legal dele ou, mesmo que tenha o consentimento, realize de maneira exploratória, ou seja, não dê as condições adequadas para o idoso em relação ao seu aporte financeiro e use o dinheiro 42 dele para o benefício próprio. Isso não é incomum, pois muitos idosos sustentam a sua família, enquanto que os mais novos não trabalham ou, se o fazem, não contribuem para as despesas na casa. Além disso, muitos idosos dependem de outra pessoa para ir ao banco receber o auxílio da aposentadoria, por exemplo, e quando recebem o auxílio, não repassam para o idoso e, quando repassam, fazem de maneira incompleta, ou seja, uma parte do dinheiro não é entregue (DE SOUZA MINAYO, 2017). O idoso também é vítima de abandono e negligência. As famílias tendem a isolar os idosos, não realizando os cuidados necessários e nem a assistência que eles precisam, ou seja, o responsável legal pelo idoso não presta os devidoscuidados, deixando o idoso abandonado. Outra situação comum é a negligência, em que ocorre a omissão dos cuidados básicos ou quando eles ocorrem são de maneira insatisfatória, ou seja, o idoso não recebe nem os cuidados mínimos para que tenham as suas necessidades básicas atendidas, como cuidados com a higiene e a alimentação. Durante o atendimento do idoso, o profissional de saúde deve ficar atento aos sinais, como hematomas frequentes e sem explicação, quedas frequentes, perda de peso e desnutrição sem causa patológica que justifique, higiene corporal prejudicada, sonolência excessiva devido ao uso abusivo de medicamentos sedativos, mudança de comportamento quando é questionado sobre algum tipo de violência. A maioria dos idosos nega a violência por medo ou vergonha, por isso o profissional precisa estar atento aos sinais e abordar de maneira que deixe o idoso confortável para falar, lembrando sempre que durante a consulta de enfermagem as informações obtidas são confidenciais. A confidencialidade pode dar conforto e segurança para que o idoso fale sobre as agressões que tem vivenciado. Mesmo que o idoso não considere violência, é importante o profissional explicar para ele a gravidade da situação que ele relatar e quais as medidas que devem ser tomadas com ajuda do profissional de saúde com base na Portaria GM/MS nº 1271/2014. Essa portaria trouxe a violência contra o idoso como um agravo à saúde de notificação compulsória. Assim, todo profissional da saúde que deparar com qualquer ato de violência contra o idoso deve realizar a notificação obrigatoriamente (BRASIL, 2014). 5 QUEDA A principal causa de morbidade na população idosa são as quedas. Em média, 35% dos idosos que residem em suas residências sofrem alguma queda anualmente. Já os idosos que moram em institutos de longa permanecia, a taxa de queda chega a ser de 50% de queda por ano, com cerca de 25% com ferimentos graves, como fraturas. Após a primeira queda, é comum o medo de cair novamente pelo idoso e isso pode prejudicar a qualidade de vida dele. As principais consequências que podemos observar após a queda nos idosos são as fraturas, hematoma subdural., internações, risco de iatrogenias, incapacidade física e o risco de óbito decorrente da própria queda ou das complicações decorrentes dela. 43 A maioria das quedas dos idosos ocorrem de forma acidental devido aos riscos ambientais e às mudanças fisiológicas que ocorrem com o avançar da idade. Durante o envelhecimento, ocorrem mudanças no controle postural e da marcha, o que por si só já pode propiciar a queda. Além disso, há uma redução da propriocepção, os reflexos tornam-se mais lentos e a força muscular fica menor, além da imobilidade de alguns idosos, constituindo fatores que podem contribuir para a queda do indivíduo. Uma outra alteração comum é a hipotensão ortostática, que é a queda da pressão sistólica quando ocorre a mudança de posição do indivíduo da posição de decúbito ou sentado para a posição ortostática de maneira rápida. Essa hipotensão pode levar a uma instabilidade postural e causar uma queda. Além da mudança de posição, alguns medicamentos hipertensivos, por exemplo, podem apresentar esse efeito colateral, aumentando também as chances de queda do idoso. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Dentre as causas de quedas podemos destacar causas acidentais, mesmo como tropeções e escorregões devido à variação do solo ou devido à presença de água no chão ou sabão, por exemplo. A interação do ambiente é um fator importante, pois a presença de tapetes sem antiderrapante, moveis baixos ou instáveis, falta de barras de apoio, iluminação inadequada, calçados impróprios, animais de estimação que ficam entre os pés quando o idoso vai caminhar, pisos lisos e sem antiderrapantes, escadas, degraus e presença de rachaduras podem ser obstáculos para o idoso e propiciar a queda. Além dos fatores ambientais, fatores como a síncope, que é a perda súbita da consciência, tontura, doenças do sistema nervoso central, distúrbios cardíacos, uso de alguns medicamentos como os anti-hipertensivos, antidepressivos, sedativos e diuréticos e incontinência urinária são fatores que também podem ocasionar a queda do idoso. A prevenção de queda pode ser feita a partir de atividades físicas regulares que aumentam a resistência física e a agilidade, aumentando também o equilíbrio do idoso. O uso de sapatos apropriados, com solas antiderrapantes também podem auxiliar na prevenção de quedas. A 44 casa do idoso precisa ser adaptada, evitando o uso de tapetes, por exemplo, e móveis que não oferecem estabilidade para o idoso sentar ou deitar. A iluminação precisa ser trocada para luzes mais fortes, que permitam uma claridade maior para que o idoso consiga enxergar nitidamente o ambiente. No caso de o idoso precisar de óculos, é importante que ele mantenha sempre as lentes com o grau correto para evitar quedar também. 6 DEPRESSÃO A depressão é caracterizada como um transtorno mental comum. • No idoso, a taxa de depressão é de 2% dos idosos em geral. • De 10% a 12% daqueles que frequentam ambulatórios ou centros de saúde • Em 50% dos idosos que moram em instituições de longa permanência. Nos idosos ainda é comum a depressão subsindrômica, que é a presença de apenas alguns sintomas da depressão nesse grupo de indivíduos. Devemos lembrar que a depressão é diferente da tristeza, pois ela é permanente por um período de semanas até anos e interfere de maneira significativa na vida social do indivíduo. Nos idosos, ela não manifesta de maneira clara, sendo na maioria das vezes confundida como um aspecto normal do envelhecimento. Nos idosos não é incomum a busca do serviço de saúde para obter prescrição de medicamentos, o que acarreta em um outro problema que são os efeitos colaterais dos medicamentos e até mesmo a piora do prognóstico de outras doenças devido à inferência da qualidade do autocuidado devido à depressão. Portanto, apesar de ser menos evidente no idoso, a depressão pode acarretar em consequências graves e interferir na qualidade de vida dele (KANE, 2015). Devido ao diagnóstico ser diferenciado pelo idoso, por conta das manifestações serem distintas, temos o quadro de distimia, que é a manifestação dos sinais da depressão mais leves e por um período de tempo maior. Na distimia, segundo Kane (2005), há presença do humor depressivo por cerca de dois anos, associado a três ou quatro dos sintomas, como • insônia ou sono excessivo; • aumento ou redução do peso sem justificativa; • sentimento de culpa excessiva ou inutilidade; • fadiga; • perda da concentração; • agitação; 45 • pensamento constante de morte ou suicídio. O tratamento após o diagnóstico pode ser não farmacológico através da psicoterapia e de exercícios. A psicoterapia é indicada como um tratamento adjuvante à farmacoterapia, mas também pode ser utilizada como tratamento de primeira escolha. As psicoterapias mais utilizadas e que apresentam melhores resultados são • TCC (tratamento cognitivo comportamental) • PST (Problem Solving Therapy) • Terapia psicodinâmica O TCC é centrado em trabalhar as estruturas mentais do paciente, com o objetivo de ele superar estruturas não adaptativas e reforçar as adaptativas. Nesse contexto, o adaptativo indica o que irá ajudar o paciente a ter uma vida normal. Durante as sessões do TCC, o paciente é estimulado a romper padrões de evitação e de desesperança; enfrentar situações temidas; e; reduzir emoções dolorosas ou a excitação autonômica. Já o PST realizada a ativação comportamental através do encorajamento do idoso em selecionar e resolver problemas diários, com o intuito de aumentar a confiança e diminuir a sensação de impotência, que são sintomas comuns da depressão. Enquanto que a terapia psicodinâmica busca explicar os problemas psíquicos com base em conflitos inconscientes originados na infância e seu objetivo é a superação de tais conflitos. E o tratamento mais utilizado é o convencional
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