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Introdução à Perícias Contra Incêndios Professor Flavio Augusto Carraro Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP C313i Carraro, Flavio Augusto Introdução à perícias contra incêndios / Flavio Augusto Carraro. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 40 p. : il. Color. 1. Perícia (Exame técnico. 2. Incêndios - Investigação . 3. Laudos periciais . I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD:23 ed. 363.28 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTOR Sou formado em Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil, sim fiz esta insanida- de! Tomei esta decisão de fazer a engenharia depois, principalmente pois já estava atuando a 10 anos com obras e projetos, mas o ensino veio apenas para reforçar a necessidade de ter esta dupla habilitação, e isto como professor foi ótimo pois qualificou ainda mais minhas aulas e incrementou meu conhecimento, na produção de material como este. Te- nho formação em Nível de pós-graduação em Engenharia de Segurança no Trabalho, em Engenharia de Avaliações e Perícia, além de uma MBA em Gestão Estratégica da Inovação e Propriedade Intelectual e sou Mestre em Eng. de Edificações e Saneamento. Sou adepto de alguns conceitos na minha vida que são o Design thinking (aprende enquanto executa, erros são parte do processo de aprendizagem), o Essencialismo (não preciso de muito, além de meu conhecimento para conseguir o que quero) e prezo por momentos de estudos, pois nos agrega valor enquanto pessoa, mas nos transforma não pelo que capturamos como conhecimento, mas sim quando os transferimos aos outros! Foi um prazer para mim escrever este material e espero que lhe direcionem nesta importante fase da vida de vocês para ser um “sharlock holmes” dos incêndios. Bons estudos! APRESENTAÇÃO DO MATERIAL A investigação ou ação pericial em um incêndio consiste na abordagem cuidadosa de uma cena, quem princípio não foi projetada para que incêndio acontecesse, dado os requisitos de segurança que os projetos e obras precisam cumprir para que edificação aconteça, mas o ponto essencial, é o que saiu “ao controle” dos dispositivos de segurança, prevenção e combate a incêndio previsto na edificação para que o incêndio acontecesse. Do ponto de vista técnico assim um incêndio somente pode acontecer, de maneira natural, acidental ou criminosa, e por este motivo é necessário que a investigação ou perícia de incêndio deve ser dotada de Método Científico e ação pericial ser cuidadosa na cena danificada de modo a entender origem dele, buscando vestígios, evidências e indícios. Neste sentido precisa entender a natureza do fogo, a dinâmica do incêndio e as variáveis a serem consideradas na abordagem do ambiente, entre outras variáveis com a interação dos materiais com o fogo, e até mesmo como os materiais vieram a ruir, ter desabamentos, e deixar inúmeras dificuldades para entender a evolução do incêndio, além de incutir perigos adicionais, para ação pericial, mesmo tendo o fogo sendo extinto. Existe uma série de situações a serem consideradas como por exemplo o próprio combate ao incêndio, quais os tipos de agentes extintores, quais são os métodos de extin- ção utilizados, e até mesmo fenômenos que pode derivar da ação do combate ao incêndio, e que muitos podem fugir ao controle como é o flashover, backdraft e as explosões. Pense que o processo de investigação precisa direcionar a uma lógica de per- cepção dos eventos que levaram ao incêndio, e que o laudo é um Storytelling (“Story” significa história e “telling”, contar) ao mesmo tempo que precisar ter confiabilidade jurídica, havendo um rigor científico, e na elaboração deste que muitos profissionais, em começo de carreira incorrem em erros, pois tentam argumentar somente pelo “achismo”, sem colocar as evidências necessárias e sequência de eventos para a evolução ao incêndio. SUMÁRIO TÓPICO I ......................................................................................................... 5 Método Científico e Ação Pericial TÓPICO II ...................................................................................................... 13 O Fogo, Dinâmica do Incêndio e Fenômenos do Incêndio TÓPICO III ..................................................................................................... 21 Fenômenos que Acontecem Durante o Incêndio TÓPICO IV .................................................................................................... 27 Aspectos Conclusivos da Perícia e o Laudo 4 Plano de Estudo: ● Método Científico e Ação Pericial; ● O fogo, dinâmica do incêndio e fenômenos do incêndio; ● Fenômenos que acontecem durante o incêndio; ● Aspectos conclusivos da perícia e o Laudo. Introdução à Perícias Contra Incêndios Professor Flávio Augusto Carraro 5TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial 1. MÉTODO CIENTÍFICO E AÇÃO PERICIAL Quando somos afetados por algo ou alguma coisa, que de certo modo interfere nossa saúde há o questionamento de qual seria a provável a causa? E se, somos cons- cientes, procuramos logo ajuda médica, o qual desenvolverá uma investigação diagnós- tica até que seja entendida a causa da doença ou enfermidade. Tal investigação segue um método científico, na qual não percebemos, já que o médico apenas nos fornece o diagnóstico final e o tratamento. O perito tem o mesmo papel que o médico, em relação ao incêndio, que por algum motivo se iniciou (causa), mas diferente de uma doença, geralmente o incêndio já não pode ser remediado. O Laudo Pericial assim tem a função diagnóstica, e o rito processo processual também segue uma metodologia científica, e visa direcionar os ritos legais e processos judiciais que normalmente decorrem do evento de um incêndio. O método científico segue os seguintes procedimentos: 6TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial FIGURA 1: ETAPAS DO MÉTODO CIENTÍFICO Fonte: O autor (2022). Perceba que existe uma relação de causa e efeito tal como uma investigação mé-dica, na investigação de um sinistro. Normalmente fazemos referência ao incêndio como sendo um sinistro, pois seus efeitos possuem relação direta com danos, perdas e destruição do ponto de vista material e quanto associamos a vidas humanas podemos falar de dor, ofensa física ou mesmo morte. 1.1 A investigação do sinistro e amparo legal A investigação de um sinistro associado a um incêndio consiste em um levantamen- to de uma cena “danificada”, que pelo próprio poder destrutivo das chamas, e do combate ao incêndio modificaram a “originalidade”, o que dificulta os entendimentos das possíveis causas que levaram à origem do incêndio, quanto a sua eventualidade, precisamos no processo investigatório lançar ao menos três hipóteses: natural, acidental ou criminosa. O processo investigatório levado a rigor é que direcionará a uma destas prováveis causas. O processo investigatório pericial sempre se inicia depois de lavrado um boletim de ocorrência, que por sua vez se direcionará a instalação de um inquérito. Por menor que seja a ocorrência do incêndio, o processo investigatório e o laudo devem observar as “minucias” jurídicas, pois o mesmo poderá ser validade ou invalidado pela presença ou ausência de “evidências e provas periciais”, ou mesmo falhas do processo de investigação se não seguirmos o método científico hora mencionando. Esclarecendo que a palavra método deriva do grego Méthodos é composto pelas palavras “Meta” e “hódos”, possíveis de serem traduzidas interpretativamente como cami- nho através do qual se busca o caminho da ciência. “Ao analisar um fato, o conhecimento científico não apenas trata de explicá-lo, mas também busca descobrir suas relações com outros fatos e explicá-los” (GALLIANO, 1986, p. 26). 7TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial Todo este cuidado na aplicação do rigor científico na perícia do incêndio, é estabe- lecer nexo causal, que de início se processam mais de uma linha teórica de investigação, mas que deverão, ao longo do processo confirmar uma das teorias anteriormente lançadas como hipóteses. Método científico pode ser definido como um conjunto de etapas e instrumen- tos pelo qual o pesquisador científico, direciona seu projeto de trabalho com critérios de caráter científico para alcançar dados que suportam ou não sua teoria inicial (CIRIBELLI, 2003 apud GARCIA, 2015, p. 3). A partir do que foi exposto anteriormente, podemos assim conceituar Perícia: QUADRO 1: DEFINIÇÃO DE PERÍCIA Fonte: adaptado de ACPF- (2022, p.1) A perícia criminal, prevista no Código de Processo Penal (CPP), é atividade típica de Estado, de cunho técnico-científico, mas pode em função das condições de disponibi- lidade de recursos dos estados ser delegado ao profissional de equivalente competência à área de atuação, desde que nomeado pelo poder judiciário, a fim de analisar vestígios, sendo indispensável para elucidação dos fatos a serem analisados. Neste sentido o perito é o representante do judiciário no campo de investigação, e seus conhecimentos técnicos e metodologia, devem ser direcionados por via documental, ao conhecimento do juiz. O produto do trabalho do perito, o Laudo, é o delineamento de todas as atividades feitas em campo, sequenciando os eventos da hipótese à conclusão, e ao mesmo devem ser ajuntadas as provas, para paramentar este documento de forma téc- nica, observando legislação e normas objetivamente, para que tenha valor jurídico. Antes de darmos prosseguimento, é necessário a observação de alguns tipos de perícias: 8TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial QUADRO 2: TIPOS DE PERÍCIAS Classificação Natureza Judicial Tem determinação por meio de ofício da justiça ou a pedido de partes envolvidas Extrajudicial É feita a pedido das partes, tendo a presença de peritos homologados poder judiciário Necessária (ou obrigatória) Imposta por lei, ou pela natureza do evento que será investigado, quando existe uma materialidade do fato e se prova por meio da perícia. No caso de não feito, o processo pode ser nulo por falta desta. Facultativa A prova pode vir por outros meios, sem a necessidade de perícia Oficial Oficializada por um juiz Requerida Havendo litígio por ser solicitada por uma das partes envolvidas Contemporânea ao processo Feita contemporânea ao processo Cautelar Realizada em fase preparatória da ação, e realizada antes do pro- cesso. Direta Tem presento o objeto da perícia Indireta Feita em decorrência dos indícios e sequelas Fonte: ACPF- (2022, p.1). O CPP descreve que a atividade é exercida pelo perito oficial ou oficializado por juiz, responsável pela produção da prova material, consubstanciada em laudo pericial, e para isto é necessário seguir o rito de identificação, coleta, processamento e correta inter- pretação dos vestígios dentro dos limites estabelecidos pela ciência. Art. 160 do CPP - Os peritos elaborarão o laudo pericial, onde descreverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesitos formulados. (ACPF, 2022, p.1). Os peritos criminais, independentes de ser um incêndio ou evento de outra natu- reza, precisam para desenvolver suas atribuições ter motivação do exercício por meio de requisições provenientes de autoridades competentes (juiz), este sendo o principal interes- sado nos procedimentos pré-processuais (inquéritos policiais) e processuais (processos judiciais) de natureza criminal. Em tese todo incêndio precisa, sem que haja manifestação de laudo explicitamente colocado, três possíveis causas como vimos anteriormente: natural, acidental ou criminoso. As linhas de investigação confluirão para uma destas três hipóteses, mas o juiz pode, dentro do processo de investigação estabelecer quesitos específicos, o que obriga o perito a ser objetivamente específico: Art. 280 do CPP. É extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos juízes. (ACPF, 2022, p.1) 9TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial 1.2 A abordagem da cena pericial O objetivo de qualquer ação pericial, é sim a investigação da causa, mas temos que entender que ela é muito influenciada pela forma com que os materiais interagiram com o fogo, o grau de interação, as características físico-químicas e a natureza dos materiais, os fenômenos da manutenção da chama, a relação de comburente, combustível e ignição, a dinâmica do incêndio, de modo a rastrear a origem ou foco inicial. Como falado anteriormente, a cena pericial, já leva em conta a condição de já ter sido modificada pelo próprio incêndio e seu processo de combate. A cena pericial assim precisa ser abordada com todos os conhecimentos anteriormente colocados, mas também cercada de cuidados na coleta das evidências. Mesmo que modificada a cena, para a ação pericial, é necessário que se desenvolva a preservação, limitando o acesso de pessoas e evitando em especial quanto ao deslocamento de materiais. Na abordagem inicial, o perito e equipe precisam fazer uso de entrevistas, em especial fazendo a coleta de relato das pessoas usuárias do edifício, relato dos próprios combatentes, ou outros tipos de testemunhas, as quais podem dar indícios de como o incêndio começou. Antes de proceder com a coleta das evidências, in loco, fazer uso de recursos fotográficos, filmagens. A fotografia ou filmagem forense é um dos importantes meios para representação da realidade encontrada no local sinistrado. Sua importância se dá na funda- mentação de um laudo pericial, visto que é um meio de identificação dos vestígios. Porém deve ser cercada de cuidados para registro da cena. Seu papel é elucidação post factum (“depois do fato” ou “depois do acontecimen- to”), de como ele fato realmente/possivelmente aconteceu. De certo modo a fotografia/ filmagem forense deixa “imortalizada” a cena, e ajuda no estabelecimento dos parâmetros para fundamentação das conclusões do perito. Alguns cuidados são necessários como por exemplo o tipo de equipamento, a lente usada, a iluminação, e a técnicaadequada ao registro, pois quando ajuntadas ao laudo precisam atender ao objetivo a que se propõe. A abordagem das amostras, é desejável que aconteça após o levantamento foto- gráfico, e dentro do rigor científico que vimos anteriormente, é necessário que aconteça já fazendo conjunção das entrevistas, e entendimento de possíveis causas do incêndio. Logo é preciso fazer o reconhecimento das necessidades, fase esta, que por mais experiência que o perito tenha, ainda não é o momento de lançar nenhuma hipótese, mas sim possíveis linhas de investigação. Para que haja completa definição do problema a ação pericial deve contar com uma série de recursos que vão desde a abordagem da parte documental da edificação, observação se os alvarás e vistorias foram todas feitas (bombeiro, prefeitura e agentes fis- calizatórios). É nesta fase que também é necessário averiguação de uso da edificação, se as instalações e os requisitos de segurança estavam operacionais, entre outros aspectos. 10TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial A abordagem de amostras, por uma questão de se poupar energia e recursos, já precisa ser direcionada a identificação da zona de origem/foco inicial do incêndio, fase esta que dentro do jargão da área é chamada de “escavação” nos destroços do incêndio. A escavação em si, também segue cuidados para busca de evidências, que deve ser acom- panhada de fotografia, desenhos pontuando o posicionamento da evidência. Tal abordagem de ser feita com ceticismo por parte da equipe pericial, sem pré-julgamentos e viés de experiência pessoal, apenas coletando a informação tal como ela chega, para depois, no processo investigativo se façam as correlações com as evidências coletadas. Pontuados estas condições iniciais podemos resumir a abordagem da cena pericial da seguinte forma: QUADRO 3: PRINCIPAIS ETAPAS DE ABORDAGEM DA CENA PERICIAL. ETAPA PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS Verificação dos aspectos preliminares do local Delimitação do local sinistrado e configuração do contorno a ser verificado; Determinação das áreas impactadas, verificação das condições de contorno (equipamentos obrigatórios de prevenção e combate a incêndio); Dinâmica do incêndio, materiais afetados e características dos materiais que com- põe o ambiente; Avaliação fotográfico e filmagem considerando a evolução do incêndio até seu provável foco; Coleta de informações do uso da edificação, atividades e pessoas a. A abordagem de depoimentos das pessoas auxilia a estabelecer linhas de investi- gação, e a postura do entrevistador é apenas direcionar as perguntas sem que haja interferência na fala da pessoa, pois por mais simples que seja uma informação, ela tornará relevantes para o direcionamento das investigações. i. Faça-se primeiro uma caracterização do indivíduo (nome, nascimento, profissão, sua função na edificação, etc...) ii. Faz uma abordagem sobre os dados da edificação, construção, reformas, se hou- ve alterações de funções considerando as funções originalmente estabelecidas etc. iii. Condições de manutenções, periodicidade, documentação envolvida na manuten- ção, profissionais habilitados etc. iv. Como boa parte dos incêndios podem ter relação com a infraestrutura, avaliar instalações elétricas, para-raios, prevenção e combate a incêndio, geradores (com- bustão), iluminação, alarmes ou quaisquer outros tipos de infra que apoiam o funcio- namento da edificação, tendo especial atenção para os aparelhos elétricos. v. Há de se direcionar uma especial atenção para verificação de usos atípicos, comportamentos atípicos, ou mesmo atitudes suspeitas de pessoas que possam ter acessado o edifício de forma diferente do habitual. 11TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial Coleta de evidências e escavação Dá-se o nome de escavação ao processo desenvolvido na busca de evidências dos objetos queimados, e que numa simples verificação visual já auxiliam numa prová- vel sequência de propagação do fogo, e destes em relação à sua volta, e na qual são verificadas sua interação com as chamas e com a fumaça, e até a natureza deste pode demonstrar possível correlação com o evento do fogo. A escavação precisa ser feita de modo a coletar o material, tentando estabelecer a relações de propagações, material comburente, gases emitidos por este e planos de propagação. É comum durante o processo de escavação o desenvolvimento de um racional de levantamento, seja por numeração ou por quadrantes, que devem ser replicados por fotos e anotados em croquis, para que a informação, depois de analisada a amostra, tenha-se o mapeamento da evolução do incêndio, quando uma das provas assim mostrar válida. Como o incêndio tem um dinâmica muito peculiar, há neste processo de investigação a busca de evidências no sentido contrário ao movimento do incêndio, partindo do pressuposto que mais perto do foco, maior pode ser a temperatura, e as zonas de irra- diação forem diminuídos à medida que se afasta deste. Logo é comum fazer de cima para baixo e de fora para dentro, e neste processo normalmente acontece a coleta de materiais de forro, cobertura, como em camadas até chegar no foco do incêndio. Como veremos um pouco mais adiante, o fogo sempre buscará se sustentar por três elementos, o combustível, o comburente e calor (fonte ignição), e neste ponto a uma estreita relação entre os materiais, os gases que foram emitidos por estes, e a projeção do fogo, no sentido de buscar o comburente (ar) poder levar as estru- turas como telhado a serem os principais afetados, e por consta disto é essencial que se busque o entendimento e retirada dos materiais caídos provenientes do telhado. Cada tipo de material apresenta um determinado tipo de comportamento, a depender da temperatura do incêndio, e com isto mostrar a dinâmica do fogo. Entenda que existe extratos de coleta desta escavação e assim devem ser feitos os registros fotográficos. Como equipamentos de apoio a escavação são utilizados materiais que não agri- dam a “evidência”, normalmente faz-se uso de pinceis, pinças, imãs, em alguns casos vassouras especiais, termômetros, sacolas plásticas de evidências etc. Potencial de calorimetria e profundidade da queima e carbonização É comum nesta fase tentar entender quais são as fontes de eletricidade, tubulações de gás, estoque de materiais combustíveis e sua relação como eventual foco, assim como é composição físico-química dos materiais que estavam nas imediações do foco ou de elementos associados à parte elétrica. É comum fazer uma verificação também das condições ambientais, calor, umidade, chuvas, raios ou outros eventos que repentinamente podem ter influenciado para o início do incêndio. Abordagem de fontes geradoras, de fogo, e suas relações com o foco inicial São evidências essenciais para determinação da temperatura atingida pelo fogo, que no momento da coleta pode já dar indícios de evolução do incêndio, mas nor- malmente em laboratório são determinantes para entendimento da variável tempo, temperatura entre outros aspectos. 12TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial Análise documental São abordadas informações desde os alvarás, licenças, licenças de equipamento especiais (quando se aplicar) e confrontação com o projeto aprovados dos siste- mas prevenção e combate a incêndio e pânico aprovados, como os requisitos de segurança já instalados. Fonte: O autor (2022). Perceba os itens de 1 a 6, é apenas abordagem preliminar do local e ficam restritas a coleta de informações: uso da edificação, atividades e pessoas, evidências e escavação, abordagem de fontes geradoras, busca do foco inicial, busca de elementos e materiais que podem manifestar o potencial de calorimetria, profundidade da queima e carbonização além da análise documental. O próximo passo do método científico é fazer as perguntas certas, a partir dos dados coletados, para as diversas linhas de investigação. É com estes questionamentos, é que se começa o processo de análises, e na qual a equipepericial, já paramentadas com as informações podem fazer uso de equipamentos, simuladores, análises estatísticas ou qualquer outro ferramental de modo a processar as evidências e dados coletados a fim de fundamentar ou refutar as hipóteses de prováveis causas. Estes processos de desenvolvi- mento das hipóteses, não é baseado pura e simplesmente nas experiências dos peritos, é sim a abordagem de dados. Depois de traçada duas ou três linhas de investigação, e à medida que são proces- sadas as evidências, haverá a validação de algumas hipóteses que direcionam a uma linha de investigação. Percebe-se que abordagem pericial segue uma metodologia cientifica analítica baseada em dados, e isto se dá pelo fato da importância e validação jurídica que ela precisa ter. 13TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial 13TÓPICO II O Fogo, Dinâmica do Incêndio e Fenômenos do Incêndio 2. O FOGO, DINÂMICA DO INCÊNDIO E FENÔMENOS DO INCÊNDIO Nesta unidade entenderemos todos os aspectos que envolvem o fogo, sua natu- reza, os fenômenos da termodinâmica do fogo, as relações de transferência de calor, a relação dos materiais e como podem influir na manutenção do fogo. A dinâmica do incêndio não é somente relacionada aos materiais em si, e se correlaciona com as fontes de ignição e comburentes entre outros fenômenos. Tendo conhecimento disto, é necessário que se conheça não somente os agentes extintores, mas também os métodos de extinção e como eles podem influir na evolução do incêndio. 2.1 Triângulo do fogo e quadrilátero do fogo, temperatura e calor O fogo é explicado pela termodinâmica como sendo uma reação química exotérmi- ca, e para a sua existência, é necessário que tenhamos ao menos um material combustível, comburente (oxigênio) e fonte de ignição (calor). A este conjunto se dá o nome de triângulo do fogo, já que sem a presença de um deles o fogo não tem as condições para acontecer. De fato, para o fogo existir, temos que ter ao menos estes três elementos associados. Quando fazemos estudo sobre incêndio, podemos inferir que existe uma quarta variável, que pode ser a interação de parte destas três variáveis anteriores, e é aceito pelas teorias mais modernas de estudo do fogo, que é reação em cadeia, porém esta tem relação com as condições ambientais de evolução do incêndio. 14TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial 14TÓPICO II O Fogo, Dinâmica do Incêndio e Fenômenos do Incêndio FIGURA 2: TRIÂNGULO DO FOGO E QUADRILÁTERO DO INCÊNDIO (REAÇÃO EM CADEIA) Fonte: CTPNSE SP (2022, p. 231) Os elementos que compõem o fogo são: 1. Combustível: essencialmente é o material que queima, entram nesta classe os materiais de natureza sólida, gasosa ou líquida e que em função da própria natureza físico-química, são capazes de gerar gases secundários decorrentes de sua combustão, e contribuem para a reação em cadeia. ● materiais sólidos: encontramos a madeira, o algodão, tecidos, papel, etc. ● liquidos voláteis e não-voláteis: a diferença que o primeiro despreendem gases inflamáveis a temperatura ambiente (alcool, eter, benzina, etc.) e os não voláteis é que precisam de temperaturas maiores para que entrem em combus- tão (oleo, graxas, etc.). ● gasosos: entram combustiveis, normalmente sob pressão, butano, propano, etano, etc. 2. Comburente: O oxigênio presente na atmosfera é de 21% sendo que para que exista a alimentação do fogo, basta 16%, e nesta quantidade já é capaz de se combinar com outros gases inflamáveis dos combustíveis, possibilitando a expansão do fogo. Podem ser entendidos também outros tipos de gases com mesmo potencial comburente. 3. Calor ou fonte de ignição: é em essência uma forma de energia, que dá início ao fogo ao mesmo tempo que o faz propagar. Pode ser decorrente de uma faísca, chama ou mesmo superaquecimento de um equipamento ou natureza parecida. O calor é assim motivador de uma possível reação em cadeia a de- pender das condições do ambiente. 15TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial 15TÓPICO II O Fogo, Dinâmica do Incêndio e Fenômenos do Incêndio A reação em cadeia, não pode ser vista com um elemento, mas sim como um fenômeno da conjunção da queima de combustíveis, que ao iniciarem a combustão, são geradores de calor, e este calor pode provocar os desprendimentos de mais gases e va- pores combustíveis. Para que a reação em cadeia exista, não necessariamente os três elementos do fogo precisam existir, mas sim a interação de ao menos dois deles, de modo que, as interações aconteçam de modo cíclico ou condição cíclica de transformação, e que isto gere novas situações para expansão do incêndio. A título de exemplificação, bastaria a emissão particulada de fagulhas, e estas entrariam em contato com outros materiais, gerando novas ignições, ou que o gás emitido por um material em específico, tivesse po- tencial de combustão para que uma vez em contato com a chama, já fosse suficiente para proliferação do incêndio. Discute-se o conceito de temperatura que emerge da ação de contato, e a conveniência de torná-lo menos abstrato levando em conta a quantidade de matéria envolvida. Mostra-se que o conceito de ‘energia térmica molar’, numericamente igual ao produto da constante dos gases pela temperatura absoluta, preenche aquele fim, expressando o conteúdo cinético da energia molar, além de permitir desonerar a entropia de inadequada dimensionalida- de. (FERREIRA, 2006, p. 1). O que citação quer dizer, é que ao temos a variação de temperatura, estamos atuando na forma com a qual a energia se manifesta no material e entre os materiais, em nível mo- lecular, em que há a cessão energética de maior temperatura para o de menor temperatura. Isto se explica por conta de um princípio chamado Entropia, que é um princípio da termodinâmica quanto ao ordenamento das partículas em um sistema. É assim com a temperatura uma grandeza que é explicada pela segunda Lei da Termodinâmica, e quanto maior for a diferença de temperatura entre os “meios” ou “materiais” maior será a entropia. Deste modo o processo do fogo e do incêndio ao mesmo tempo que envolve a temperatura, envolve a transformação da forma de energia de térmica para cinética, em nível molecular, e com pode direcionar a manutenção das reações em cadeia a depender do meio de transmissão na qual está acontecendo esta entropia. A temperatura, com que estaremos a todo instante envolvido, é uma variável que se apresenta sob um aspecto muito particular, mesmo na definição de seus valores numéricos. Isto se deve ao fato que é sem sentido juntar em uma única, a temperatura de dois corpos vizinhos. (FERREIRA, 2006, p. 1) Neste ponto precisamos diferenciar o que é calor e temperatura! Mas não são iguais você deve estar me perguntando? Não, não são! Enquanto calor é deve ser compreendido com o trânsito de energia entre corpos, sendo suas unidades de mensuração como sendo calorias (cal) ou joules (j), a temperatura é considerada o nível de agitação de moléculas, e é medida em graus Celsius (ºC), Fahrenheit (ºF) ou Kelvin (K). 16TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial 16TÓPICO II O Fogo, Dinâmica do Incêndio e Fenômenos do Incêndio Mas qual a importância de sabermos esta diferença?! Vejamos o quadro abaixo: QUADRO 4: DIFERENÇA ENTRE CALOR E TEMPERATURA Calor Temperatura Características Deve ser compreendido como o trânsito de energia cinética molecular dos corpos mais quentes para os mais frios. É a mensuração do Nível de agitação de moléculas e átomos e a relação com seu estado térmico. Como é medido? Pelo trânsito da energia térmica entre corpos ou sistemas. A grandeza expressa é gerada a partir da movimentação das moléculas e dos átomos. Unidades de medida cal (caloria) J (Joule) ºC (graus Celsius) ºF (graus Fahrenheit) K (Kelvin) Fonte: O autor (2022). 2.2 Fenômenos de transmissão do calor Como vimos o calor é uma forma de energia, e existe alguns fenômenos de trans- missão, quando estamosfalando de mudança de temperatura dentro do incêndio é motivo inclusive para a propagação e manutenção das reações em cadeia. São eles: FIGURA 3: TRANSFORMAÇÃO DA ENERGIA 17TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial 17TÓPICO II O Fogo, Dinâmica do Incêndio e Fenômenos do Incêndio I. A condução: é uma forma de transmissão de energia do calor, pelas próprias moléculas do material, em que o aquecimento irá se propagar ao longo deste. II. A convecção: Está associado a porção de massa de ar aquecida, em contato com as chamas, fazendo a mudança de temperatura por meio das partículas gasosas, que por sua vez podem entrar em contato com outros materiais com- bustíveis, e dada a temperatura podem gerar combustão em outros materiais. III. A irradiação: É e transmissão de calor por meio de ondas calorificas, e tende ter aumento gradual das temperaturas nas proximidades das chamas, e com e não necessariamente por meio de contato material. A influência dos meios de transmissão assim, são diferentes para cada tipo de mate- rial, decorrente principalmente da sua composição química, logo não podemos estabelecer temperaturas em que tais fenômenos venham a acontecer, mas existem, a depender do material envolvido na transmissão capacidades de superaquecimento, e com isto atingir a temperatura de fulgor, o ponto de combustão, e temperatura de ignição. No quadro abaixo podemos ver suas definições assim como alguns exemplos de temperatura. QUADRO 5: TEMPERATURA DE FULGOR, O PONTO DE COMBUSTÃO, E TEMPERATURA DE IGNIÇÃO. Temperaturas Características Exemplos Ponto de Fulgor é considerada a temperatura mínima para que o combustível consiga a liberação dos vapores e gases inflamáveis, que embora com- binado com o ar, começam a quei- ma, mas a chama não persiste pela condição de serem insuficientes. Álcool etílico 12,6°C Gasolina -42,0°C Querosene 38,0°C a 73,5°C Parafina 199,0°C Ponto de Combustão É a temperatura na qual o combustível libera vapores ou gases inflamáveis, que ao combinarem com ar e com a chama, se inflamam, e mesmo que haja a retirada da chama, o fogo pode persistir no interior do combustível, e essa persistência na temperatura fará gerar, do combustível, vapores e gases para manter o fogo ou a transformação em cadeia. Álcool etílico 15,8 °C Gasolina -39,8 °C Querosene 73,5°C Parafina - °C 18TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial 18TÓPICO II O Fogo, Dinâmica do Incêndio e Fenômenos do Incêndio Temperatura de Ignição É ocasionada por gases que se desprendem dos combustíveis e entram em combustão com o contato com o ar, independentemente de haver fonte de ignição ou calor. Álcool etílico 371,0°C Gasolina 257,0°C Querosene 254,0°C Parafina 245,0°C Fonte: O autor (2022) 2.3 Natureza dos materiais e agentes extintores Para que consigamos desenvolver uma correta análise pericial, que normalmente ocorre subsequente a extinção do incêndio é necessária que conheçamos as classes de in- cêndios, nome dado, em função dos principais materiais combustíveis, suas características diante do fogo, assim com seu agente extintor dada a natureza físico-química dos materiais que estão envolvidos no incêndio, fato este que não podemos deixar de considerar na análise pericial: QUADRO 6: CLASSES DE INCÊNDIO, MATERIAIS E AGENTES EXTINTORES Classes de incêndio Tipos de materiais Principais características Água Espuma CO2 BC ABC FE36 Unidade extintora classe K Unidade Extintora Classe D CLASSE A Madeira, Tecido, Papel, Fibras, Borracha O fogo se manifesta por meio de materiais sólidos queimando em superfície e profundidade, geralmente seus resíduos são brasas e cinzas; A extinção do incêndio acontece pelo méto- do do resfriamento e/ou abafamento. Sim Sim Não Não Sim Sim Não Não CLASSE B Óleo, Querosene, Gasolina, Solventes, GLP O fogo se manifesta por meio de combus- tíveis líquidos inflamáveis que tem por característica Queima em superfície, não deixando resíduos posteriores, e é extinto pelo método do abafamento. Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Não CLASSE C Equipamentos Elétricos, e Instalações Prediais Elétricas (energizados) O fogo manifesta-se por meio de materiais/ equipamentos energizados, ou alimenta- dos por energia elétrica, e cuja extinção somente pode ser realizada após cessar a corrente elétrica e com agente não condutor de eletricidade, e hipótese alguma pode ser usada extintores de espuma ou água. Após a cessão da corrente elétrica o incêndio pode ser classificado com A ou B podendo usar os agentes extintores de referência anteriores. Conduz eletricidade Conduz eletricidade Sim Sim Sim Sim Não Não CLASSE D Magnésio Pó de alumínio Potássio Titânio Zircônio É o fogo causado por metais pirofóricos (aluminio, antimônio, magnésio, etc.), e pela própria condição de ignição são materiais de difícil combate, sendo o método de abafamento o mais indica- do, não sendo possível a utilização de extintores de água ou espuma. provoca explosão provoca explosão não não não Não não Sim CLASSE K Óleo, Gordura Seu comportamento se equivale ao dos combustíveis, quando a queima superficial e ao método do abafamento, mas tem a si- tuação de deixar vestígios pela penetração que pode ocasionar em função do material que entram em contato. Não Não Não Não Não Não sim Não Compatível Incompatível Não Usar em hipótese alguma Fonte: O autor (2022). 19TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial 19TÓPICO II O Fogo, Dinâmica do Incêndio e Fenômenos do Incêndio Perceba que existem duas classes bem específicas de combate em incêndio que é a classe D, relacionada principalmente a fogos de artificio e classe K direcionada a combate a incêndio relacionado às cozinhas, na qual há grande quantidade de materiais inflamáveis, apresentam comportamento diferente e de queima mais prolongada que em combustíveis, e por isto a condição do fogo com estes materiais necessitam de agentes especiais. 2.3 Métodos de extinção Podemos agora desenvolver um pouco do entendimento dos métodos de extinção do incêndio, pois ações desta natureza podem interferir no processo investigatório, e a depender dos materiais que se encontram na cena pericial é necessário o entendimento que método de extinção aplicado, até porque alguns deles interferem diretamente na cena que será abordada. Levando em consideração o que estudamos em relação ao triângulo do fogo e mais recentemente entendimento da reação em cadeia, os métodos de extinção e combate a incêndio também podem interferir na análise pericial, e como veremos alguns deles podem até modificar a forma com que o fogo foi extinto, mas ao mesmo tempo pode dar informações de como o incêndio evoluiu. Dentre os métodos de combate a incêndio, podemos citar: Isolamento: consiste na retirada do material combustível, podendo ser a retirada do material que está queimando e ou material que está próximo ao fogo. FIGURA 4: MÉTODO DE EXTINÇÃO POR ISOLAMENTO Fonte: CTPNSE SP (2017, p. 235) Abafamento: consiste na extinção por retirada do comburente, e atua na relação entre o combustível e o acesso deste ao oxigênio. FIGURA 5: MÉTODO DE EXTINÇÃO POR ABAFAMENTO Fonte: CTPNSE SP (2017, p. 235) 20TÓPICO I Método Científico e Ação Pericial 20TÓPICO II O Fogo, Dinâmica do Incêndio e Fenômenos do Incêndio Resfriamento: consiste na extinção por meio da diminuição da temperatura e eli- minação do calor, e na maioria das vezes o agente extintor precisa penetrar no material até que o combustível não gere mais gases ou vapores e com isto consiga apagar o incêndio. FIGURA 6: MÉTODO DE EXTINÇÃO POR RESFRIAMENTO Fonte: CTPNSE SP (2017, p. 236) Perceba que os métodos de extinção de incêndio tomam por base o triângulo do fogo, mas temos que considerar a existência da reação em cadeia, que é uma condição de quando o fogo já está “propagando”, logo por mais que utilizemos um dos métodos anteriores, ainda é necessário que atuemos na evolução desteincêndio. Dentre os métodos que se aplicam diretamente sobre a fase de quando a reação em cadeia está em evolução, e tem se popularizado bastante é o uso de agentes extintores de natureza química, cuja ação é efetiva, justamente pela atuação do calor no elemento ex- tintor. Uma vez lançado ao ambiente, o agente extintor químico CTPNSE SP (2017, p.236), associa-se ao oxigênio presente no recinto, e suas moléculas, ao terem ação calorifica sobre as moléculas, se misturam com oxigênio não deixando disponível para captura pela chama, assim como qualquer outro gás inflamável que porventura tenha sido desprendido pelos materiais do ambiente, e com isto não há alimentação da reação em cadeia. Este método precisa estar associado ao um dos três anteriores para que tenha efetivação. Existem alguns cuidados, em especial pois existem alguns fenômenos que podem potencialização o incêndio, mesmo durante o seu combate, e tem interferência tanto no processo de extinção do incêndio e influência sobre o processo pericial como veremos na unidade a seguir. 21TÓPICO III Fenômenos que Acontecem Durante o Incêndio 3. FENÔMENOS QUE ACONTECEM DURANTE O INCÊNDIOW Você já deve ter imaginado que tudo isto que estudamos até aqui já é suficiente para uma abordagem pericial satisfatória? Não, infelizmente não, pois não basta conhecer o triângulo do fogo, sua relação com a reação em cadeia, as classes de incêndios (conforme material), os agentes de extinção assim como os métodos de combate para desenvolver uma correta análise da cena pericial. 3.1 Estágios do incêndio Basicamente um incêndio é composto essencialmente por quatro estágios, e para caracterização da evolução em um laudo lado que façamos a seguintes referências: QUADRO 7: ESTÁGIOS DE INCÊNDIO Fonte: O autor (2022). 22TÓPICO III Fenômenos que Acontecem Durante o Incêndio Mas para que conhecer as fases do incêndio? Primeiro é conhecer o ponto de inter- venção de maior probabilidade de se debelar o incêndio (ponto A) do gráfico, e o segundo é que a depender da fase em que o incêndio estiver, qualquer ação deve se direcionar no sentido de evitar que o incêndio se alastre para as áreas circunvizinhas ao incêndio principal (ponto B), para que os recursos, técnicas sejam aplicados de modo consciente. Quando existe a fase em que há a contenção do fogo, há apenas uma operacionalização de manutenção das condições para que se abaixa a curva de calor e com isto o incêndio seja debelado de fato (ponto C). É necessário também conhecer pois ainda existem fenômenos que somente podem acontecer com a evolução do incêndio. FIGURA 7: FASES DO INCÊNDIO Fonte: O autor (2022). 3.2 Flashover, backdraft e explosões Precisamos entender mais sobre alguns fenômenos que acontecem com o desen- volvimento do incêndio, e que podem modificar a história que os materiais são afetados, pois seus efeitos podem ser adversos, quando estes acontecem, e que mudam o direcionamen- to do incêndio colocando novas evidências para averiguação pericial. Os fenômenos que fazemos menção são o Flashover, o Backdraft, que podem mudar a dinâmica do incêndio, além do fato de termos Explosões, que merece um destaque à parte. Durante o processo de investigação pericial é muito importante entender a quais temperaturas os materiais do ambiente foram submetidos e de que forma eles podem nos contar isto. 23TÓPICO III Fenômenos que Acontecem Durante o Incêndio Vamos primeiro ao estudo dos fenômenos, que é pouco conhecido dos leigos, mas tem amplo conhecimento pelo corpo de bombeiros, já que este podem acontecer ainda durante o combate ao incêndio a depender das variáveis ambientais, modus operandis na intervenção do combate, ou mesmo da condição pré-existente e configuração do ambiente. Estes fenômenos são frutos diretamente do processo do incêndio e ainda podem potencia- lizar os impactos diretos sobre a cena pericial, por isto a importância de seu entendimento. Para que entenda a relação entre a evolução do incêndio e estes fenômenos fare- mos alguns acréscimos no gráfico anterior, o primeiro deles é o Flashover: FIGURA 8: FLASHOVER Fonte: O autor (2022). Flashover: O fenômeno acontece, em decorrência do material combustível que passa por um processo de pirólise (queima) durante o incêndio na fase ignição (1) e propagação (2), e com esta combustão é liberada uma quantidade de calor ao ambiente. É uma fase de intensa produção de gases, que associada à elevação da temperatura, e aumento da densidade da fumaça podem gerar, quando em contato com os materiais, condições para ignição espontânea. A fluidodinâmica dinâmica da fumaça em um ambiente, é que em função da tem- peratura e densidade em relação ao ar ambiente, haja concentração na parte superior do ambiente, próximo ao teto, mas quando a “nuvem” começa a ser preenchida, a tendência de que abaixe, e sua condição de aquecimento seja mais efetiva, e com isto, entre em contato com os materiais do ambiente, provocando ignição espontânea. 24TÓPICO III Fenômenos que Acontecem Durante o Incêndio O que explica isto é o fenômeno de transmissão da irradiação. Podemos entender o flashover como sendo a combustão por irradiação dos materiais que entram em contato com a fumaça quente, e ao atingir as temperaturas típicas de cada material entram em pirolise. É um fenômeno depende da expansão térmica sobre um determinado compartimento pela inserção de comburentes (gases), tendo a fumaça como vetor dado o aumento da temperatura dela. Uma vez acontecendo o Flashover, as únicas maneiras de fazer frente a extinção do incêndio é por meio do esfriamento e abafamento por meio do conjunto de gases quen- tes derivados da queima dos materiais, evitando que o “calor” movimente a fumaça quente sobre o ambiente dominada por esta. Para o esfriamento é realmente fazer a inserção de água diretamente na nuvem de fumaça, e quanto ao abafamento seria diminuir o supri- mento de oxigênio atmosférico no ambiente, o que em tese seria “fechar” o ambiente de modo que o suprimento de ar não adentre. Deste modo, cabe aos bombeiros no momento de o combate entender em qual momento precisam tomar uma ação ou outra, já que para adentrar ao recinto, podem ao abrir uma portar colocar mais suprimento de ar. Se olharmos no gráfico do flashover, é o exato momento em que o fogo entra em fase de evolução, entre o ponto A e o ponto B, em que a combustão se instala de modo contínuo (3). A dificuldade do flashover é que ele de certo modo, esconde eventual situação de identificação do foco do incêndio, já que pode, na sua evolução criar múltiplos focos, pelo simples contato da fumaça com os materiais. A questão pericial essencial, que a ignição por fumaça, pode inserir no contexto do incêndio ao menos dois dos três tipos de transmissão, a irradiação em primeiro lugar, e a convecção, sendo a condução de mais difícil identificação numa análise pericial, quando envolve este fenômeno. Existe outro fenômeno, e este é muito perigoso, podendo afetar as vidas que estão combatendo o incêndio. Ele decorre de disponibilização abrupta de oxigênio ou gás comburente ao ambiente em que a chama está, como por exemplo a explosão de uma janela, ou arrombamento de uma porta, ou o rompimento de vaso de pressão de gás comburente (botijão). Ele assemelha-se à uma explosão espontânea aumentando substancialmente a temperatura e volume de chamas, o que impacta os combatentes, o nome do fenômeno é o Backdraft. 25TÓPICO III Fenômenos que Acontecem Durante o Incêndio FIGURA 9: BACKDRAFT Fonte: O autor (2022). Para que Backdraft é a combinação de temperatura e disponibilidade de combu- rente ou gás inflamável que repentinamente pode alimentar as chamas, e com isto direcio- nar a evolução dela no sentindo de buscar este suprimento, veja em X e Y, são momentos que hipoteticamente acontece uma janela quebra, uma porta é arrombada ou quando um botijão de GLP, e com isto aumentando a temperaturaem função do tempo, deixando o incêndio ainda maior. O “Backdraft” é um momento em que o incêndio, mesmo que esteja sendo com- batido, foge à sua normalidade, pois ele expande-se por meio de onda de choque, com efeito imediato sobre os materiais combustíveis adjacentes ao evento, havendo acréscimo substancial da carga de incêndio assim como seu prolongamento. Logo existe a associação de um campo de inflamabilidade, poder energético dos gases, e temperatura de inflamação destes, influenciado pelo comburente. Para fins comparativos temos quadro a seguir: QUADRO 8: COMPARATIVO DOS FENÔMENOS LIGADOS AOS INCÊNDIOS. Flashover Backdraft Ocorrência Frequente Depende das condições ambientais Não é explosão Explosão Sem ondas de choque Apresenta ondas de choque Efeito se prolonga enquanto houver incêndio Efeito imediato Calor irradiado pela Fumaça *não pode ser descartado a transmissão por convecção ou condução. Faz uso do oxigênio, normalmente pela abertura abrupta de portas e janelas, e/ou ser alimentado por fontes de combustíveis (gases, por exemplo) Fonte: O autor (2022). 26TÓPICO III Fenômenos que Acontecem Durante o Incêndio A explosão, se diferença em relação aos outros fenômenos anteriores, em especial pela repentina ignição, potencial de produção de calor espontânea, e perturbação molecu- lar e geração de ondas de choque, e acontece essencialmente pela natureza química do material combustível envolvido. Em essência, podemos definir explosão como sendo uma liberação de energia térmica, luminosa que ao mesmo tempo provoca ondas mecânicas alto impacto, com expansão substancial de energia em curto espaço de tempo. Estas ondas por sua vez, estão carregadas de potencial de energia térmica (calor), lumínica (fogo) e cinética (ondas de choque ou pressão), que poderão potencializar reações em cadeia. Este potencial energético potencializa a movimentação das moléculas dos demais materiais envolvidos, gerando excitação nas mesmas e consequente aumento de tempera- tura. São exemplos de materiais explosivos a pólvora e nitroglicerina, além de uma série de gases que quando acondicionados em recipientes sob pressão podem ter o mesmo efeito. 27TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo 4. ASPECTOS CONCLUSIVOS DA PERÍCIA E O LAUDO 4.1 Normas e projetos E com as evoluções das normas, especialmente dos códigos dos corpos de bom- beiros estão cada vez mais restritivas, no sentido de fazer as especificações aderentes a contenção e auxílio ao combate ao incêndio, especialmente quanto ao comportamento e características auxiliem a não evolução do incêndio. Houve uma evolução dos códigos de prevenção no Brasil dos corpos de bombeiros com a ideia de compartimentação, e que a resistência dos materiais e até mesmo aspectos de configuração estrutural e desenho do edifício deve favorecer na contenção do incêndio e na forma com que impeça que o fogo se alastre para outras partes da edificação, ao mesmo tempo que seja efetivo nas manobras de evacuação e prevenção ao Pânico. Então os projetistas, precisam assim apresentar aos corpos de bombeiros como se fosse um sistema global de segurança, na qual acompanha um memorial justificativo, como o racional das decisões, requisitos de segurança adotado, cargas de incêndio entre outros aspectos considerados para a prevenção do incêndio, e que podem ser exigidos pelo corpo de bombeiro a depender do tipo de edificação. Quando se apresenta os projetos de prevenção e combate a incêndio e pânico podem ainda fazer exigências complementares, como medidas especificas às condições da edificação e sua localização. Não é possível assim relatar quais estes requisitos, pois são específicos para cada tipo de edificação, considerando sua função, seu grau de risco, população, mas todos eles de alguma forma terão os responsáveis por sua especificação. 28TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo Neste contexto é crucial para um perito ter conhecimento dos procedimentos as- sociados a legislação do corpo de bombeiro, e diga de passagem que cada estado possui seu código de prevenção e combate a incêndio, e do conjunto de normas associados aos materiais da construção civil. Neste último caso, a importância de consulta é crucial, pois grande parte das características técnicas dos materiais estão contidas nestas. A data de construção da edificação também é de crucial importância, pois esta localização no tempo, mostra as normas vigentes à época da edificação, tendo apenas validade novas legislações e normas caso a edificação tenha feito mudança de sua função e condições originais. 4.2 Estruturas e materiais de construção civil em situação de incêndio Na construção civil temos ao menos três tipos de materiais, relacionadas a morfologia dos edifícios, os quais podem apresentar diferentes comportamentos em relação a um incêndio. ● Os elementos estruturais; ● Os elementos de vedação; ● Os elementos de acabamento ou revestimentos. O fato é que um edifício não é composto somente por estes sistemas, mas são que primariamente passam as informações cruciais para a investigação pericial, e à medida que nos “aprofundemos na investigação” é necessário entender como os outros sistemas se com- portaram. Para fins didáticos optaremos para uma abordagem empírica descritiva e com isto correlacionar com alguns parâmetros dos materiais, no direcionamento investigativo. A depender das condições com as quais incêndio aconteceu, grande parte dos peritos, buscam entender como a edificação funcionava, por isto a importância de saber quais eram os requisitos de segurança previstos, e da configuração da edificação. Pois uma vez que abordem a cena pericial, direcionará o processo investigativo, na coleta de evidên- cias as quais contam a história do incêndio, muitas das quais em primeiro momento serão por abordagem empírica juntamente com o conhecimento do perito acerca dos materiais. Assim devem ser observadas algumas características sobre estes materiais, dentre eles podemos citar: 29TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo QUADRO 9: CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS Fonte: adaptado de CBMDF (2019, p.171) Veja que são todas características físicas, e muitas das quais dependem diretamen- te da experiência do perito e conhecimentos dos materiais. Para fins de investigação contra incêndio é necessária conhecer primeiramente a natureza das reações dos combustíveis (líquido, sólido e gasoso), e a correlação deles com calor, energia e temperatura, e muito destes conceitos derivam da termodinâmica. É necessário que o perito tenha conhecimento suficiente para uma abordagem qualitativa e quantitativa, sendo a primeira na cena da perícia e a segunda normalmente em laboratório por meio de experimentos laboratório. Mas não podemos deixar de mencionar que o fogo é uma reação química oxidação de maneira geral como aquelas em que há alteração do número de oxidação (nox) dos elementos químicos mediante transferência de elétrons entre a reação da chama e o mate- rial, que efetivamente sofre os efeitos físicos, logo devemos também entender a natureza físico-química dos elementos que foram afetados pela chama. Do ponto de vista químico reação indica também o processo de oxidar, ou seja, combinar um elemento com o oxigênio, transformando-o em um óxido. C (s) + O2(g) --------------- CO2 + ENERGIA Fonte: adaptado de CBMDF (2019, p. 45). Em essência as reações de qualquer espécie em conjunto com as chamas, depen- derá de um combustível (material da queima) havendo interação entre os gases da pirólise deste, com a presença de comburente (oxidante). A função desse comburente (oxidante) é oxidar o combustível, e isto deixa “rastros” químicos. Dessa forma, o comburente vai sofrer 30TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo uma redução (combustível transfere elétrons para o comburente), logo a forma com a qual a chama e a fumaça interagemcom o material, são em essência a “digital” que podemos coletar a qual nível de interação entre combustível e comburente aconteceram. Como o O2 é em essência o que está presente na atmosfera, é a interação mais comum, mas não podemos deixar de mencionar, que outros tipos de elementos químicos podem estar nas construções e nos materiais, e com isto existem outras formas de interação que podem também apresentar os vestígios de oxidação, como por exemplo Fl2, Cl2, NaCl, NaClO2, NaClO3 adaptados de CBMDF (2019, p.45). A depender da classe do elemento químico, existem outras formas de oxidações, mas é comum alguns tipos de materiais combustíveis também apresentarem outros tipos de oxidantes químicos, com comporta- mento equivalente ao que explicamos a pouco, e conseguem também liberar oxigênio, dentre eles podemos citar o fertilizante nitrato de amônio (NH4NO3), nitrato de potássio (KNO3) e peróxido de hidrogênio (H2O2), em todo caso o que essa oxidação também possui a liberação de uma energia calorifica que se associa a energia calorifica do combustível. Se a própria reação da oxidação e energia calorifica já são evidências, apesar de necessitar de uma fonte ígnea inicial, a combustão é, como falamos, uma reação exo- térmica, e quando a chama atinge o combustível, o decomporá em partículas menores, as quais darão sustentabilidade ao fogo, e nelas encontramos os radicais livres, que são espécies de elementos instáveis, e por conta disto quebram outros tipos de moléculas para fins de manter sua estabilidade, dentre eles os próprios materiais combustíveis. O radical produzido, quebra a molécula e produz outro radical, o que sucessivamente, explica, do ponto de vista químico, a reação em cadeia. Neste sentido podemos fazer a observação do calor de combustão (ΔHc) e calor de formação (ΔHf), o primeiro é obtido por meio do cone calorimétrico de combustão, ou, calculado por meio dos calores de formação dos componentes da reação, já o segundo pode ser entendido como a mudança de entalpia, em que um componente é formado no estável, se transforma em outro também em uma forma mais estável, a questão não está na transformação mas sim na energia para sua formação, ponto a se observar considerando a carga térmica a ser liberada. O calor de combustão fornecerá assim a energia total liberada. A taxa de liberação do calor, que a variação da energia em função do tempo, acaba sendo um dado mais significativo, e auxilia inclusive para dimensionamento do combate e com isto ser calculado o calor de combustão (adaptado de CBMDF. 2019, p. 46): Qo = m”.A. ΔH c 31TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo Existe a necessidade de se diferenciar a carga de incêndio geral, que é somatória das energias caloríficas possíveis de serem liberadas da combustão completa de todos os materiais combustíveis, contabilizando os revestimentos de parede e piso, as divisórias, tetos e tudo que estiver contigo dentro do espaço. Já a carga de incêndio específica preci- samos considerar o valor da carga de incêndio de cada material, dividido pela unidade de área ou volume que ele ocupa. A diferença é que o primeiro medimos em megajoule e o segundo megajoule/m2. Estas informações são, dentro das normas de prevenção mais atuais, obrigatórias de serem disponibilizadas em memorial para a aprovação no corpo de bombeiros, pois é através destes que o edifício fica enquadrado num determinado grau de risco e na qual serão obrigatório o atendimento de requisitos específicos a depender de sua classificação. Existem dois métodos de cálculo para determinação da carga de incêndio (por norma ou exigência do setor de aprovação do corpo de bombeiros), que além do enqua- dramento do risco, carga de incêndio, podem indicar uma possível uma temperatura no incêndio e tempo de duração. São os seguintes métodos: QUADRO 10: MÉTODOS DE CÁLCULOS DA CARGA DE INCÊNDIO Fonte: Adaptado de CBMDF (2019, p.176). Mas quando devemos adotar um ou outro? depende muito de quais informações conseguiu coletar em função do evento do incêndio. O método determinístico é mais usual, pois em acesso as evidências e conhecimento dos materiais, sua disposição na edificação, e quantidade é possível se fazer uma estimativa. Acaba sendo ainda mais usual quando a edificação mais antigas que não possuem possui memorial de cálculo das cargas de incêndio. Neste sentido, a análise pericial de edificações mais antigas apresenta mais dificuldades, pois todos estes cálculos também devem averiguados, e muitos dos materiais destas edificações não apresentam informa- ções suficientes. Cabendo o perito lançar mão de outras metodologias e ensaios para se chegar à carga de incêndio, temperatura e prolongamento do incêndio. 32TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo Sendo assim edifícios que mais novos já possuem tais informações, previamente a condição de sua construção, ficando assim a análise pericial, em caso de ocorrência de incêndio não desprovida de análise comparativa. Outro ponto a se avaliar é a interação que o fogo teve os elementos, que citamos no início, e como se comportaram os elementos estruturais, os elementos de vedação e os elementos de acabamento ou revestimentos, como fogo, e em fase do incêndio aconteceu esta interação, ou mesmo da forma com que os fenômenos (flashover, backdraft ou explo- são) foram influentes sobre estes. A depender do momento, da forma de interação com as chamas, temperatura apresentarão patologia específicas, como dilatações, fissuras, deformações, desplacamentos, entre outras que veremos um pouco mais adiante. Em todos estes aspectos é necessário entender a relação da temperatura e a manifestação da patologia. A determinação de uma temperatura exata é uma tarefa quase impossível, porém existe a possibilidade de aproximação pelo exame dos materiais que foram afetados, podemos assim recorrer à algumas grandezas de características do próprio material, como por exemplo: QUADRO 11: CARACTERÍSTICAS DO MATERIAL Fonte: Adaptado de LARA (2013, p. 29-38). Isto sempre tendo a relação de material antes do incêndio, em condições ambien- tais de uso comum e a relação com a condição pós incêndio, e todas elas são análises comparativas baseada nas características exclusivamente físicas. Quanto o incêndio tem relação com produtos combustíveis, que são produtos químicos, podemos fazer a rastreabilidade ou “DNA” do combustível, pois sua penetração nos materiais é bem específica a depender do tipo de combustível, muito em função de sua densidade e composição química, como por exemplo etanol, gasolina, GLP, diesel, e querosene, entre os mais comuns de serem encontrados nas construções. Em termos da natureza do incêndio isto pode direcionar a provável causa acidentais ou criminosas. 33TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo Dentro os quesitos essenciais que devem ser observados na elaboração de um laudo são: QUADRO 12: QUESITOS Fonte: O autor (2022). 4.3 Indicadores para o laudo pericial Um dos aspectos mais importantes da investigação forense e do laudo pericial é estabelecer a origem do fogo, e para isto existem inúmeros indicadores que podem ser usados para a determinação desta origem. A região em que começa o incêndio geralmente queima por mais tempo, justamente por ser um ponto de ignição essencial, portanto são área que apresentam os piores danos. Como a disponibilidade de comburente, o “oxigênio” é uma determinante para sua evolução do incêndio, há um direcionamento das chamas na busca dele, logo tendem as chamas serem debaixo para cima, o do ponto zero e direcionadas no sentido da busca do suprimento. Mas há de se observar que a depender das fontes de combustível e sistemas elétricos o ponto zero de a ignição poder estar alinhadas à estas fontes, normalmente os padrões do fogo e emissão de fumaças bem específicos. Os padrões de queima assim pos- sibilitam oque investigador conheça o comportamento do fogo e mostram como acontece a transferência de calor em especial pela indicação de reações materiais ao fogo, os mais comuns são: 34TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo ● V invertido ou triângulo invertido: É um padrão que se associa à baixa libera- ção de energia ou que não houve sustentação do fogo em sua fase inicial. Geralmente é um padrão que se associa a paredes resistentes ao fogo ou em superfícies não combustíveis. E quase sempre não é visto marcas no teto acima deste ponto pois não foi suficiente para formação de uma coluna de gases. FIGURA 10: V INVERTIDO OU TRIÂNGULO INVERTIDO: Fonte: Adaptado de Adaptado de CBMDF (2019, p.119). ● Coluna: Associado normalmente a materiais combustíveis que tenha aumento da taxa de liberação de energia, e que as marcam passam de V invertido para uma coluna, o que mostra que houve a liberação de gases conectivos e consistentes a partir do material. Indica que ainda não houve grande interação da pluma ou massa de gases aquecidos ascendentes a uma superfície horizontal, como o teto por exemplo, acima do fogo. Normal- mente acontece quando há uma massa de concentrada combustível. (sofá por exemplo). FIGURA 11: COLUNA Fonte: adaptado de Adaptado de CBMDF (2019, p.119). ● Padrão em V: Já demostra um padrão de evolução natural do incêndio. Isto porque quanto mais o incêndio se desenvolve, maior a taxa de liberação de energia, e por conseguinte produção de fumaça. Há grande possibilidade de ascensão e difusão da 35TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo massa gasosa, que pelo volume das chamas se torna aquecida, atingindo o teto, e com isto deflete-se para as laterais. As chamas e a fumaça assim vão em busca de espaços vazios a partir de um eixo central devido ao empuxo. A forma em V é determinada pelas considerando características de superfície, tamanho e forma da fonte inicial, mas condições de ventilação podem ser influentes sobre este padrão uma vez que é suprimento da chama, além disto há de considerar o o quão rápida foi a ignição da fonte de calor. FIGURA 12: PADRÃO EM V Fonte: adaptado de Adaptado de CBMDF (2019, p.119). São indícios também o deposito de fumaça nas superfícies dos objetos, e a de- pender das fontes de combustível a fuligem pode sobre os materiais podem indicar qual material foi queimado. Objetos de vidro e plásticos tendem a derreter na direção do fogo, distorcendo-se e inclusive podem indicar a direção dele. Como a o foco apresenta temperatura mais elevada em relação as demais porções do incêndio, quando em contato com elementos estruturais, podem influir na dilatação deste e apresentar fissuras, ruptura, desplacamento, ou mesmo levar a ruína parcial ou total indicando também pontos de origem. Como há movimentação estrutural, neste caso apresentado, é provável que janelas, acabamento sobre as paredes, teto e forros sofram movimentação, assim com patologias associadas a movimentação da estrutura. Se a edificação é dotada de dispositivos como alarmes de fumaça e incêndio, e a este ser dotada de central de monitoramento podemos verificar onde o alarme foi acionado primeiro, sugerindo a localização em que o incêndio começou, ou a ordem na qual foram acionados e isto dá o caminho de propagação do incêndio, dispositivos este que somente as edificações mais novas possuem. Quanto a velocidade do fogo, rápido ou lento, assim como o calor liberado podem ser identificados em alguns tipos de materiais e dos danos causados aos mesmos, como por exemplo a fragmentação de materiais de gesso, cerâmica, podem indicar rápido au- 36TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo mento de temperatura. O vidro por sua vez, com o rápido aumento da temperatura pode causar quebras no vidro, e quando o acúmulo de calor for lento, tende a fazer com que o vidro amoleça ao invés de quebrar. Já indícios de carbonização intensa indica que o fogo pode ter propagação lenta, porém fumegante sobre um determinado tipo de material de material sin- tético ou de queima demorada. A madeira quando carbonizada podem fornecer informações quanto ao tempo de exposição e quantidade de calor radiante proveniente do fogo. 4.3 Determinando a causa do incêndio Todo fogo obrigatoriamente depende de uma fonte de ignição, e por conta disto é necessário que se entenda quais são os artefatos ou eventos que podem causar ignição, podem ser decorrentes por exemplo de descarga atmosférica (raio), derivada da faíscas decorrentes de curto-circuito, fontes de combustível, dispositivos incendiários, aparelhos elétricos, situações ligadas a materiais inflamáveis e aumento de temperatura no local onde estão armazenados, ou mesmo objetos que se chocam e podem gerar faíscas. O fato é que a ignição sempre ter três hipóteses: acidental, natural e criminosa. O fato é que não podemos considerar apenas aspectos físicos ligados ao ambiente, temos que também considerar aspectos comportamentais dos usuários da edificação, como o estilo de vida das pessoas que vivem e trabalham no prédio. A título de exemplificação, se os indivíduos são fumantes, fazem uso de velas, se atuam com manipulação de materiais combustíveis e explosivos, ou mesmo se o ambiente apresenta alta carga de incêndio, como por exemplo livros e materiais de natureza equivalente. 4.4 O aspecto criminal do incêndio Dentre as possíveis razões que podem ser investigadas na investigação forense, especialmente de origem criminal fraude de seguros, sabotagem, tentativa de prejudicar uma pessoa ou empresa, problemas de saúde mental ou ocultar um crime anterior. Sendo que ausência de evidências bem peculiar neste tipo de situação, podendo direcionar a investigação para possível causa acidental ou natural. Indícios de arrombamento podem sugerir incêndio criminoso, como por exemplo portas com abertura forçada, janelas que- bradas, mas ferramental de arrombamento podem indicar intrusos no interior da edificação. É bem comum em incêndios criminosos o uso de líquidos inflamáveis, lançados em regiões que normalmente não teriam razão de estarem, exemplo querosene usado na limpeza e que em teoria deveria estar na dispensa é encontrado vestígios na sala de estar ou escritório. Na investigação este tipo de material inflamável é considerado um acelerador, 37TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo e a identificação de seu uso se dá por padrões de queimas bem definidas com demarcação das áreas queimadas e não queimadas, assim como podem ser identificadas por múltiplas origens de fogo e marcas de respingos. A dispensa de recipientes com líquidos inflamáveis também dispostos sem correlação com seu local de armazenagem. O uso de materiais combustível é comum em ação de limpeza, logo tais aceleradores podem também ter sido manipulados em condições adversas ao especificado pelo fabricante, e com isto ter levado a exposição a fontes de ignição ou armazenados de maneira inadequada. A verificação dos conteúdos que a edificação continha antes do incêndio ou a remo- ção destes itens da instalação, como um estoque comercial, objetos de valor agregado alto ou valor sentimental, quando removidos podem indicar incêndio criminoso, especialmente associado a caso de fraudes em seguro. Em alguns casos a depender da evolução do inquérito poderia direcionar a investigação da vida financeira e dos negócios do proprietário das instalações, sendo para isto autorização judicial, e com isto fornecer mais evidências de possíveis motivos. 4.5 Incêndios cujas causas podem ser oriundas eletricidade O incêndio provocado por corrente elétrica tem por característica ser produzido pela resistência do material e produção de calor, e a fiação elétrica geralmente tende em situações normais ter margem de segurança para que o calor produzido seja extremamente baixo e por conta do isolamento consiga ser dissipada. No entanto emocasiões muito específicas, como o curto-circuito, que pelo tempo de curto, podem atingir temperatura suficientes altas e com isto causar ignição, ocasionada especialmente pelo arco elétrico, o que direciona a investigação como sendo acidental. Um arco elétrico ocorre quando dois condutores entram em contato, em especial quando isolamento é danificado, e esse dano pode acontecer por várias razões, como superaquecimento, sobrecarga, dano mecânico e até mesmo defeitos de fabricação. Se por algum motivo, o superaquecimento derreter o isolamento o curto poderá acontecer. A situação da sobrecarga significa que fio está com corrente além de sua capacidade, e isto pode acontecer quando são “pendurados” mais equipamentos com potências altas, espe- cialmente quando são utilizados os famosos “T” ou “benjamin”. Esta condição também pode acontecer em relação a todo encaminhamento da fiação e sobrecarregar o quadro de ener- gia, e a instalação dos fusíveis, disjuntores, ou pelo tamanho de cabos incorretos, fazendo com que o isolamento derreta. Danos mecânicos causados por materiais contundentes, podem esmagar a fiação, enfraquecendo o cabo em um determinado ponto e fazendo que 38TÓPICO IV Aspectos Conclusivos da Perícia e do Laudo haja contato entre condutores. Como são materiais certificados, a não ser que sejam de origem suspeita (importados) podem conter defeitos de fabricação. Se por algum motivo haja entalhes no cabo, que podem ocasionar arcos, o incêndio uma vez instalado pode também gerar condições para que ocorram arcos em função do derretimento do isolamento. Quando a suspeita recais sobre aparelho elétrico, o equipamento precisa ser ins- pecionado cuidadosamente, e com isto fazer a busca de informações como marca, modelo, e número de série, e se for o caso contatar o fabricante para ver se tiveram episódios parecidos dentro do mesmo lote. 4.6 Fogo em estofamentos A propagação de um incêndio, em especial em residência pode estar associado a produtos cuja a pirolise formada dependem diretamente dos tipos de combustíveis dispo- níveis, como é o caso de móveis estofados, incluindo camas, colchões, sofás e poltronas, que são uma fonte potencial de combustível como a madeira como material estrutural e revestimentos sintéticos cujo materiais são altamente inflamáveis e sustentam o fogo inclu- sive com a emissão de gases combustíveis. Mobiliários mais atuais, até por uma questão de exigência normativa é frequente- mente produzido com retardantes de chamas, com por exemplo compostos a base de nitro- gênio e cloro, agentes estes inibidores de taxas de queima em têxteis, por isto são usados ou na composição dos tecidos ou em materiais impermeabilizantes dele. Existem ainda outros tipos de produtos químicos que podem aumentar a quantidade de carbonização e com isto conseguir criar “barreira” para impedir que o fogo se espalhe indefinidamente. 39 REFERÊNCIAS ACPF- Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais. O que é a Perícia Criminal? Disponível em https://apcf.org.br/pericia-criminal/o-que-e-a-pericia-criminal/. Acesso em 13 abri. 2022. BAILLY, Anatole. Dictionaire: Grec-Français. Rédiger avec le concour de E. Egger. Paris: Hachette, 1950. CBMDF. Manual de perícia em incêndios e explosões: conhecimentos gerais / Diretoria de Investigação de Incêndio – Brasília: Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, 2019. 310 p. CIRIBELLI, Marilda Corrêa. Como elaborar uma dissertação de Mestrado através da pes- quisa científica. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2003. CTPNSE SP - Comissão Tripartite Permanente de Negociação do Setor Elétrico no Estado de SP. Proteção Contra Incêndio. 2017. Disponível em http://www.sgc.goias.gov.br/upload/ arquivos/2017-03/manualcombateincendio.pdf. Acesso em 13.04.2022. FERREIRA, Guilherme Fontes Leal. Considerações sobre o conceito de temperatura e de temperatura absoluta. Revista Brasileira de Ensino de Física, Instituto de Física de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos/SP, v. 28, nº 1, 2006. Disponível em: ttps:// www.scielo.br/j/rbef/a/5nqXgLsznmNJkc4yRbQjHdK/. Acesso em: 12 abri. 2022. GALLIANO, Alfredo Guilherme. O Método Científico: Teoria e Prática. São Paulo: Harbra, 1986. LARA, Luiz Alcides Mesquita. Materiais de construção / Luiz Alcides Mesquita Lara. – Ouro Preto: IFMG, 2013. 214 p.: il. PRAÇA, Fabíola Silva Garcia. Metodologia da Pesquisa Científica: Organização Estrutural e os Desafios para Redigir o Trabalho de Conclusão. Revista Eletrônica “Diálogos Acadêmi- cos”, São Paulo/SP, v. 08, nº 1, p. 72-87, Jan-Jul, 2015. Disponível em https://www.uniesp. edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170627112856.pdf. Acesso em 20 abri. 2022. https://www.uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170627112856.pdf. https://www.uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170627112856.pdf. 40 CONCLUSÃO GERAL Prezado aluno (a) foi densa e extensa nossa rotina de estudo para este conteúdo, não foi? Como o próprio nome da disciplina disse é uma “introdução de perícia contra in- cêndio e pânico”, já que os conteúdos não se esgotam apenas neste material, e a perícia forense e a própria profissão do perito exige uma rotina de estudo a cada nova perícia. A ideia do material é lhe auxiliar no entendimento da relevância do Método Cientí- fico e sua relação com a ação pericial em um sinistro, e de como precisamos que para que a mesma aconteça tenha o amparo legal do judiciário e todo aparato estatal para que seja motivada. Explicamos como há uma rotina na abordagem da cena pericial e como estes cuidados são influentes sobre o processo investigatório. Como estamos falando de Perícia associada a incêndio é crucial que entendamos a composição do fogo, sua dinâmica e fenômenos associado ao fogo e ao incêndio, por insto é necessário não só a compreensão do triângulo do fogo, como também com a reação em cadeia deu uma nova percepção ao ponto de a teoria do incêndio ter a inserção do quadrilátero, com esta quarta variável. Como todo incêndio envolve também a necessidade de combate a incêndio, e com isto há mudança da cena pericial, é necessário que conhe- çamos os materiais e os seus respectivos agentes extintores assim como os métodos de extinção. Isto seria como se fosse o “abecedário” do incêndio. O incêndio apresenta uma dinâmica peculiar, com estágios e com alguns fenô- menos derivado da evolução do mesmo precisam ser compreendidos, o que potencializa as ações extintoras ao mesmo tempo que mostra que há um potencial destrutivo latente, mesmo durante o combate ao incêndio e que podem mudar a cena pericial, como é o caso do Flashover, backdraft e explosões. Por fim e de maneira bem densa, foram discutidos os aspectos conclusivos da perícia e o Laudo, qual a relação dele com a necessidade de se consultar as normas e pro- cedimento de aprovação de projeto, entender como as estruturas e materiais da construção civil se comportam em situação de incêndio. Como deve ser o processo investigatório, na busca de indicadores que podem ser colocados no laudo e determinando a causa do incêndio, em seu aspecto criminal, de natureza acidental, ou mesmo pelo tipo de uso ou ação humana da edificação. +55 (44) 3045 9898 Rua Getúlio Vargas, 333 - Centro CEP 87.702-200 - Paranavaí - PR www.unifatecie.edu.br UNIDADE I