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AULA 12 – PODERES DO ÁRBITRO 1. Poderes do árbitro e tutela jurisdicional: · Tutela de conhecimento (arts. 18 e 31 – LA): Visa à declaração de um direito; Art. 18 – LA: O árbitro é juiz de fato e de direito, e a sentença que proferir não fica sujeita a recurso ou a homologação pelo Poder Judiciário. Art. 31 – LA: A sentença arbitral produz, entre as partes e seus sucessores, os mesmos efeitos da sentença proferida pelos órgãos do Poder Judiciário e, sendo condenatória, constitui título executivo. · Tutela cautelar (art. 22-B – LA): Visa à proteção de um direito. Possibilidade do árbitro de emergência; Art. 22-B – LA: Instituída a arbitragem, caberá aos árbitros manter, modificar ou revogar a medida cautelar ou de urgência concedida pelo Poder Judiciário. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência) Parágrafo único. Estando já instituída a arbitragem, a medida cautelar ou de urgência será requerida diretamente aos árbitros. (Incluído pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência) · Tutela de execução: Serve para satisfazer o direito. Envolve o monopólio estatal da força, portanto, os árbitros não apresentam tutela de execução. 2. O princípio competência-competência: · Durante a tramitação do processo arbitral, não cabe interferência do Poder Judiciário; · Poder do árbitro de julgar a priori a própria jurisdição. Se uma das partes disser que o árbitro não é competente, quem vai julgar a competência é o árbitro; · Poder de julgar a priori a existência, validade e eficácia da convenção arbitral (art. 8º, p. único – LA). Quem julga a existência, validade e eficácia da convenção arbitral é o árbitro e não o Judiciário; Art. 8º, Parágrafo único – LA: Caberá ao árbitro decidir de ofício, ou por provocação das partes, as questões acerca da existência, validade e eficácia da convenção de arbitragem e do contrato que contenha a cláusula compromissória. · Poder de julgar a priori a arbitrabilidade (art. 20 - LA). Arbitrabilidade consiste na possibilidade de se submetermos um litígio a uma decisão por via arbitral. · Poder de julgar a priori os próprios impedimentos e suspeições (art. 15 – LA): Semelhante aos demais; · Controle judicial a posteriori (arts. 20, § 2º, 32 e 33 – LA); Art. 20, § 2º - LA: Não sendo acolhida a argüição, terá normal prosseguimento a arbitragem, sem prejuízo de vir a ser examinada a decisão pelo órgão do Poder Judiciário competente, quando da eventual propositura da demanda de que trata o art. 33 desta Lei. Art. 32 – LA: É nula a sentença arbitral se: I - for nula a convenção de arbitragem; (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência) II - emanou de quem não podia ser árbitro; III - não contiver os requisitos do art. 26 desta Lei; IV - for proferida fora dos limites da convenção de arbitragem; V - não decidir todo o litígio submetido à arbitragem; (Revogado pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência) VI - comprovado que foi proferida por prevaricação, concussão ou corrupção passiva; VII - proferida fora do prazo, respeitado o disposto no art. 12, inciso III, desta Lei; e VIII - forem desrespeitados os princípios de que trata o art. 21, § 2º, desta Lei. Art. 33 – LA: A parte interessada poderá pleitear ao órgão do Poder Judiciário competente a declaração de nulidade da sentença arbitral, nos casos previstos nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 13.129, de 2015) (Vigência) Uma parte que considere que a arbitragem está lhe prejudicando deve permanecer calada até a conclusão do processo arbitral. O Poder Judiciário só pode interferir após concluído o processo arbitral. Essa contenção se faz plausível a fim de assegurar a eficácia e a duração razoável do processo arbitral. O número de processos arbitrais anulados é baixíssimo. Logo, o Poder Judiciário tende a concordar com as decisões arbitrais. 3. Natureza jurídica do árbitro: O árbitro é juiz de fato e de direito (art. 18 – LA). A letra da lei é questionada por parte da doutrina, mas a expressão se fez plausível para reafirmar e consolidar o cunho jurisdicional da arbitragem. Equiparação a funcionário público para fins penais (art. 17 – LA). Os árbitros, portanto, podem cometer crimes relativos ao cargo de funcionário público (ex: corrupção passiva, prevaricação, etc). · Arbitro presidente (art. 13, § 4º - LA): · Presente, obviamente, quando há tribunal arbitral; · Dirige os trabalhos da audiência; · Faz a interface da comunicação com os co-árbitros; · Redige as primeiras minutas da decisão; · Havendo empate, prevalece o voto do presidente; · Método de escolha: autonomia privada; · Secretário: · Auxilia no trabalho do tribunal arbitral; · Método de escolha: autonomia privada · Pode ser um árbitro ou terceiro; · Geralmente é um advogado mais jovem; 4. Nomeação do árbitro: · Número de árbitros: · Número ímpar (art. 13 – LA) – geralmente um ou três árbitros. É melhor o colegiado para ter dialética e contraposição na hora de decidir em comparação ao arbítrio de um único indivíduo; · Juízo arbitral singular (art. 13, § 1º); · Tribunal arbitral (art. 13, § 1º); · Definição do método de indicação pelas partes: · Autonomia privada e ordem pública: A ordem pública deve ser respeitada, apesar de ser um termo amplo; · Definição de método específico para nomeação (art. 13, § 3º - LA): Há uma maneira específica para nomear o árbitro; · Adesão às regras de instituição arbitral (art. 13, § 3º - LA) como a CCI, por exemplo; · Podem as partes indicar (embora seja raro se chegar a um consenso); · Pode ocorrer a indicação pela instituição arbitral; · Pode ocorrer a indicação por terceiro; · Pode ocorrer a indicação pelo Poder Judiciário (cláusula vazia); Muitas instituições arbitrais publicam listas de árbitro – que podem ser abertas ou fechadas, sendo que nas abertas é permitida a nomeação de um árbitro fora do rol. As listas fechadas são vistas como uma má prática de mercado. Confirmação: Controle pela instituição arbitral (art. 13, § 4º - LA): 5. A arbitragem multiparte (art. 13, § 4º – LA): Assemelha-se ao litisconsórcio: tem-se mais de uma parte em um dos polos ou em ambos – requerente/requerido). Quando se tem várias partes em um mesmo polo, as partes de um mesmo polo indicam um único árbitro – deve ocorrer um consenso. Se não houver um consenso em um dos polos (caso Paranapanema). O árbitro deve ser imparcial (paridade de armas), mantendo-se equidistante das partes, contudo, a neutralidade é uma utopia. Dessa forma, a escolha de um árbitro – sobretudo quando há um estudo prévio acerca da sua postura acerca de determinada seara – é um poder de influenciar a decisão arbitral. 6. Qualificação do árbitro: Capacidade e confiança (art. 13 - LA) + Previsão de qualificação adicional na cláusula arbitral O árbitro é capaz e deve ter a confiança das partes. Confiança aqui é objetivamente constatada pela independência, imparcialidade e pelo conhecimento da matéria a ser decidida. 7. Imparcialidade (art. 13, § 6º - LA): · Imparcialidade: O árbitro deve ser imparcial (art. 13, § 6º - LA); · Independência (art. 13, § 6º - LA): Imparcialidade não significa independência, embora caminhem juntas e estão expressas no parágrafo 6º do art. 13 da Lei de Arbitragem; · Habilidade (competência) (art. 13, § 6º - LA): O árbitro deve ter habilidade, ou seja, conhecimento da matéria; · Diligência (art. 13, § 6º - LA): Atuar com zelo · Discrição: Não pode comentar, nem falar do seu caso; · Revelação (art. 14, § 1º - LA): O árbitro deve fazer o disclosure, ou seja, impedir que as partes influenciem na sua independência e imparcialidade; A Lei 9.307 (LA) traz uma imparcialidade legal mínima, estando o árbitro submetido às mesmas regras de impedimento e suspeição presentes no CPC/15. Aqui é uma exceção – aplicação do CPC porque há disposição expressa na Lei de Arbitragem. · Imparcialidade legal mínima: · Equiparação a juiz estatal (art. 14 – LA); · Ausência das garantias constitucionaisda magistratura; · Criação de normas adicionais; · Arguição de impedimento ou suspeição: · Primeira oportunidade para falar nos autos (arts. 15 e 20 - LA); Acolhimento: substituição (arts. 15, p. único, 16 e 20 § 1º - LA). Rejeição: prosseguimento e possível anulação (arts. 20, § 2o, 32, II e 33). · Podemos ter normas de imparcialidade nos regulamentos de arbitragem e nos códigos de ética dos árbitros pelas instituições arbitrais. Diretrizes da IBA relativas a Conflitos de Interesses em Arbitragem Internacional: traz várias recomendações, as quais variam de gravidade. LISTA VERDE Inexistência de dever de revelação; Impossibilidade de recusa pelo interessado; Ex: Um árbitro leciona na faculdade de um dos advogados; LISTA LARANJA Zona limítrofe – tem-se o dever de revelar, mas caso não haja impugnação, o árbitro permanece; Dever de revelação; Aceitação pelo interessado: permanência do árbitro; Recusa pelo interessado: investigação dos fatos; Ex: O árbitro e o advogado de uma das partes integram – mas não integram mais – o mesmo escritório de advocacia. LISTA VERMELHA RENUNCIÁVEL Dever de revelação; Aceitação pelo interessado: permanência do árbitro; Recusa pelo interessado: substituição do árbitro; Ex: Um árbitro, bastante qualificado, foi casado no passado com uma das partes; LISTA VERMELHA IRRENUNCIÁVEL Situações mais graves; Dever de revelação; Impossibilidade de aceitação pelo interessado; Ex: O árbitro é parente ou representante de uma das partes ou, até mesmo, uma das partes; 8. Responsabilidade civil do árbitro: · Responsabilidade subjetiva: Exige a prova de dolo/culpa; · Quanto à responsabilidade penal, o árbitro é equiparado a funcionário público, podendo responder pelos crimes a ele inerentes (ex: prevaricação e corrupção passiva). Próxima aula: Procedimento arbitral.
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