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AULA 13 - ARBITRAGEM

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AULA 13 – PROCEDIMENTO ARBITRAL 
1. Inexistência de procedimento previsto em lei: 
Procedimento significa como esses atos são praticados e como se organizam em uma sequência. O procedimento carrega consigo a ideia de rito. O passo a passo que o processo percorre é o que chamamos de procedimento. 
A lei de arbitragem, não querendo a arbitragem engessada, deseja que a arbitragem seja definida através das circunstâncias de cada caso e, por isso, não há procedimento previsto no diploma. Tem-se o que chamamos de flexibilidade do procedimento arbitral. Conforme as necessidades de determinada disputa, molda-se o caminho até a decisão arbitral. As partes, no exercício da autonomia privada, podem modelar os procedimentos previstos em lei.
Como a autonomia privada é um direito/poder garantido por lei, este direito é limitado também pelo próprio ordenamento jurídico. A arbitragem, sendo exercício de jurisdição, deve respeitar as garantias processuais fundamentais, entre as quais pode-se destacar o devido processo legal, contraditório, ampla defesa, paridade de armas, fundamentação das decisões e assim por diante. 
Não havendo acordo entre as partes, cabe ao(s) árbitro(s) escolher os procedimentos.
2. Técnicas para a definição do procedimento:
· Adesão a procedimento de instituição (art. 21 – LA): Pode-se aderir aos procedimentos presentes no regulamento de uma instituição – como a CAMARB, por exemplo.
· Problemas da modificação do procedimento em arbitragem institucional: Pode-se alterar os procedimentos, desde que tal mudança não atente contra um aspecto fundante/estruturante do regulamento – uma vez que a câmara não aceitará celebrar o procedimento. Ex: A CCI tem previsão de uma análise da sentença para dar sugestões aos árbitros antes que a sentença seja assinada pelas partes (controle de qualidade). Ora, se as partes dispõem que não haverá tal análise, a CCI se negará a realizar a arbitragem;
· Problemas da adoção de procedimento de instituição em arbitragem ad hoc: Outro exemplo trata-se da arbitragem ad hoc, sob pena de se constatar o mesmo problema no que tange à modificação de regulamentos institucionais. 
3. Fases do procedimento arbitral:
Quod Plerumque accidit: Aquilo que geralmente acontece.
· Fase de instauração: 
· Fase de organização;
· Fase de desenvolvimento:
· Bifurcação;
· Sequenciamento; 
4. A fase de instauração: 
Fase inicial do procedimento arbitral. 
· Critério da lei:
· Investidura dos árbitros (art. 19 – LA);
· Retroatividade à data do requerimento (art. 19, §1º - LA); 
· Critério de regulamento. Ex: CCI 2017 – art. 4(2): A data do recebimento do Requerimento pela Secretaria deverá ser considerada, para todos os efeitos, como a data do início da arbitragem. 
Principais marcos. 
a) Requerimento de instauração de arbitragem:
Conteúdo - ex: art. 4(3) do Regulamento CCI: O Requerimento deverá conter as seguintes informações (...)
A fase de instauração não se confunde com uma petição inicial, uma vez que nesta (petição inicial) deve conter todos os pedidos das partes. Na arbitragem, na fase de desenvolvimento teremos a oportunidade de fazermos o desenvolvimento das nossas alegações. 
b) Resposta do requerido: 
· Resposta do requerido x contestação;
· Pedido contraposto (reconvenção);
· Cross claims; 
c) Indicação dos árbitros; 
d) Verificação da imparcialidade e independência dos árbitros: Cabe às partes realizar a impugnação da possível parcialidade ou dependência dos árbitros, que será analisada. Caso indeferida ou caso não haja a manifestação de qualquer das partes, o processo arbitral seguirá;
e) Investidura dos árbitros: A confirmação do árbitro, sendo depositado de confiança desde a nomeação até o final do processo arbitral, com a elaboração da sentença;
f) Estratégias para a fase de instauração: Os procedimentos trazidos pelos regulamentos não são muito detalhados;
5. Fase de organização:
É nessa fase de organização em que se fixa de modo definitivo qual é o pedido do requerente.
Etapas: Termo de arbitragem, decisão dos árbitros sobre o procedimento e cronograma provisório.
Principais marcos: 
· Eventual adendo à convenção de arbitragem (art. 19, § 2º - LA);
· Ato de missão, termo de arbitragem ou termos de referência;
Termo de arbitragem não se confunde com compromisso arbitral. O compromisso arbitral é uma espécie de convenção de arbitragem que apresenta o litígio já configurado. O termo arbitral põe ordem e método no processo arbitral. 
Possibilidade de dispensa para regulamento: casos de arbitragem expedita 
Decisão sobre a condução do procedimento (“OP1”).
Tem-se também um cronograma provisório – o que de certa forma permite uma maior previsibilidade ao longo do processo arbitral.
6. Fase de desenvolvimento:
· Subfase postulatória: 
Envolve alegações iniciais, respostas, réplicas e tréplicas. As partes, aqui, devem dizer o que realmente têm em mão, tudo o que querem expor. 
Pode haver revelia caso uma parte não se defenda.
Parte da doutrina considera existir uma subfase de produção de documentos. As partes solicitam os documentos que os interessam e que estão na posse da outra parte.
· Subfase de saneamento:
A princípio não há pois o problema em tese já foi resolvido, mas podem existir questões a serem resolvidas mediante bifurcação.
· Subfase instrutória: 
Voltada para a produção de provas. 
A maioria dos regulamentos é omissa acerca de como as provas serão feitas. Desse modo, as partes e caso não haja consenso, os árbitros serão os encarregados de tal missão.
Daí emerge a importância do Soft law (IBA Rules on the Taking of Evidence in International Arbitration e Regras de Praga). 
Método de produção das principais espécies de prova:
a) Documentos: 
· Apresentação de documentos pela parte;
· Exibição de documentos pela parte contrária e terceiros;
· Redfern Schedule;
· Discovery e e-discovery: deve-se tomar bastante cuidado. Caso o advogado entregue os documentos, isso não será objeto de discovery;
b) Depoimento pessoal – inquirição direta, inquirição pelo próprio advogado da parte ou influência da ausência sem justa causa sobre a sentença (art. 22, § 2º - LA). 
c) Testemunhas: Também podem participar do processo arbitral.
· Condução coercitiva (art. 22, § 2º - LA) – contudo, o árbitro necessita da colaboração do Judiciário uma vez que não possui tutela executória. 
· A inquirição pode acontecer pelos árbitros, de forma direta pelos advogados ou com o intermédio dos advogados.
· São vedados procedimentos fustigatórios (que provoquem um constrangimento nas testemunhas).
· Subfase decisória: Proferida a sentença e demonstradas as possíveis soluções.

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