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NOVA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS E DAS IRREGULARIDADES Duração e Execução Dos Contratos Administrativos Nesta unidade veremos como a Lei nº 14.133/2021 abordou os contratos administrativos, especialmente quanto à sua duração e à sua execução. Lembrando que as próximas provas de concursos públicos tendem a cobrar a estrita literalidade da legislação. Então, não deixe de ler a lei. 1. Duração dos contratos administrativos 1.1. Regra geral Na Lei nº 8.666/1993 a regra geral de duração dos contratos estava condicionada explicitamente aos créditos orçamentários (art. 57 da Lei nº 8.666/1993). Na Lei nº 14.133/2021, conforme o art. 105, a regra geral é que a duração dos contratos será a prevista em edital, devendo ser observado, contudo, no momento da contratação e a cada exercício financeiro, a disponibilidade de créditos orçamentários e a previsão no plano plurianual, quando ultrapassar um exercício financeiro. De forma esquematizada, pode-se dizer que a duração dos contratos administrativos na nova Lei de Licitações deve observar as seguintes diretrizes: Curso Ênfase © 2021 1 a) o prazo deve ser fixado no edital; b) deve haver disponibilidade prévia de créditos orçamentários no momento da contratação e também a cada exercício financeiro; c) quando a contratação ultrapassar um exercício financeiro, deve haver previsão no plano plurianual. Frisa-se que a Lei nº 14.133/2021 demonstrou forte preocupação com a disponibilidade orçamentária, a exemplo do previsto no art. 150. Art. 150. Nenhuma contratação será feita sem a caracterização adequada de seu objeto e sem a indicação dos créditos orçamentários para pagamento das parcelas contratuais vincendas no exercício em que for realizada a contratação, sob pena de nulidade do ato e de responsabilização de quem lhe tiver dado causa. (Grifos nossos.) 1.2. Exceção: contratos com prazos de até cinco anos (art. 106) O art. 106 da lei traz exceções à regra geral, prevendo hipóteses em que os contratos possam ser celebrados por até cinco anos. Trata-se dos casos de serviços e fornecimentos contínuos. Por serviços contínuos podemos considerar, por exemplo, prestação de serviços de limpeza, segurança, manutenção, dentre outros. Já as compras continuadas são aquelas com o fornecimento periódico determinado. Atenção ao fato de que o art. 106 em questão é aplicado ao aluguel de equipamentos e à utilização de programas de informática. É importante observar que o dispositivo legal admite que a Administração Pública firme o contrato desde o início já com prazo de vigência de cinco anos. Não se trata, portanto, de firmar o contrato com o prazo de 12 meses para posterior prorrogação por até 5 anos. Art. 106. A Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 5 (cinco) anos nas hipóteses de serviços e fornecimentos contínuos (...). Contudo, para que o contrato pertinente a serviços e fornecimentos contínuos possa ter o prazo de vigência de até cinco anos a lei fixa determinadas diretrizes, vejamos. Curso Ênfase © 2021 2 Atenção! I ‒ a autoridade competente do órgão ou entidade contratante deverá atestar a maior vantagem econômica vislumbrada em razão da contratação plurianual; II ‒ a Administração deverá atestar, no início da contratação e de cada exercício, a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação e a vantagem em sua manutenção; III ‒ a Administração terá a opção de extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos orçamentários para sua continuidade ou quando entender que o contrato não mais lhe oferece vantagem. A opção de Administração extinguir o contrato, sem ônus, quando não dispuser de créditos orçamentários somente ocorrerá na próxima data de aniversário do contrato e não poderá ocorrer em prazo inferior a dois meses, contado da referida data (art. 106, § 1º, da Lei nº 14.133/2021). O art. 107 prevê hipótese em que os contratos de serviços e fornecimentos contínuos podem ainda ser prorrogados. Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos poderão ser prorrogados sucessivamente, respeitada a vigência máxima decenal, desde que haja previsão em edital e que a autoridade competente ateste que as condições e os preços permanecem vantajosos para a Administração, permitida a negociação com o contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das partes. (Grifos nossos.) De forma esquematizada, temos que os contratos de serviços e fornecimentos contínuos podem ser prorrogados observando o seguinte: a) as prorrogações podem ser sucessivas; b) deve ser respeitado o prazo máximo de 10 anos; c) deve haver previsão em edital; Curso Ênfase © 2021 3 d) a autoridade competente deve atestar que as condições e preços permanecem vantajosos pra a Administração; e) será permitida a negociação como contratado ou a extinção do contrato sem ônus para ambas as partes (Administração Pública e contratado). 1.3. Exceção: contratos com prazos de até 10 anos (art. 108) De acordo com o art. 108 da Lei nº 14.133/2021, a Administração poderá celebrar contratos com prazo de até 10 (dez) anos nas hipóteses previstas nas alíneas “f” e “g” do inciso IV e nos incisos V, VI, XII e XVI do caput do art. 75 desta Lei. (Grifos nossos.) Trata-se de um rol de contratos que podem ser firmados por até 10 anos logo de partida. Em regra, são relacionados à segurança nacional; Forças Armadas; inovação e pesquisa científica e tecnológica e contrações para o Sistema Único de Saúde. Vejamos, então, em quais hipóteses são admitidos contratos com prazo de até 10 anos: a) bens ou serviços produzidos ou prestados no país que envolvam, cumulativamente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional (art. 75, IV, f, da Lei nº 14.133/2021); b) materiais de uso das Forças Armadas , com exceção de materiais de uso pessoal e administrativo, quando houver necessidade de manter a padronização requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante autorização por ato do comandante da força militar (art. 75, IV, g, da Lei nº 14.133/2021); c) para contratação com vistas ao cumprimento do disposto nos arts. 3º, 3º-A, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de contratação constantes da referida Lei (art. 75, V, da Lei nº 14.133/2021); d) para contratação que possa acarretar comprometimento da segurança nacional, nos casos estabelecidos pelo Ministro de Estado da Defesa, mediante demanda dos comandos das Forças Armadas ou dos demais ministérios (art. 75, VI, da Lei 14.133/2021); Curso Ênfase © 2021 4 e) para contratação em que houver transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde (SUS), conforme elencados em ato da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição desses produtos durante as etapas de absorção tecnológica, e em valores compatíveis com aqueles definidos no instrumento firmado para a transferência de tecnologia (art. 75, XII, da Lei nº 14.133/2021); f) para aquisição, por pessoa jurídica de direito público interno, de insumos estratégicos para a saúde produzidos por fundação que, regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da Administração Pública direta, sua autarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e financeira necessária à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o SUS, nos termos do inciso XII do caput desteartigo, e que tenha sido criada para esse fim específico em data anterior à entrada em vigor desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado no mercado (art. 75, XVI, da Lei 14.133/2021). 1.4. Exceção: contratos por prazo indeterminado (art. 109) O art. 57, § 3º, da Lei nº 8.666/1993 era claro ao impedir contratos por prazo indeterminado no âmbito das licitações. A Lei nº 14.133/2021 trouxe uma verdadeira revolução nesse aspecto, pois o art. 109 prevê expressamente a possibilidade de contratos por prazo indeterminado. Art. 109. A Administração poderá estabelecer a vigência por prazo indeterminado nos contratos em que seja usuária de serviço público oferecido em regime de monopólio, desde que comprovada, a cada exercício financeiro, a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação. Vejamos as diretrizes para que a Administração Pública possa celebrar contrato por prazo indeterminado. a) apenas nos casos em que a Administração Pública seja usuária de serviço Público; Curso Ênfase © 2021 5 b) o serviço público deve ser oferecido em regime de monopólio; c) deve ser comprovado em cada exercício financeiro a existência de créditos orçamentários vinculados à contratação. 1.5. Exceção: contratos com prazos especiais e diferenciados (arts. 110 e 114) O art. 110 prevê duração diferenciada para os contratos que gerem receita e economia para a Administração. Art. 110. Na contratação que gere receita e no contrato de eficiência que gere economia para a Administração, os prazos serão de: I ‒ até 10 (dez) anos, nos contratos sem investimento; II ‒ até 35 (trinta e cinco) anos, nos contratos com investimento, assim considerados aqueles que impliquem a elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas exclusivamente a expensas do contratado, que serão revertidas ao patrimônio da Administração Pública ao término do contrato. Note que nesses casos os prazos serão: a) de até 10 (dez) anos para contratos SEM investimento; b) de até 35 (trinta e cinco) anos para os contratos COM investimento que impliquem a elaboração de benfeitorias permanentes, realizadas exclusivamente a expensas do contratado, que serão revertidas ao patrimônio da Administração Pública ao término do contrato. O art. 114, por sua vez, prevê o prazo de vigência máxima de 15 anos para os contratos de operação continuada de sistemas estruturantes de tecnologia da informação. 1.6. Contratos por escopo Abstrai-se dos arts. 105, 106 e 111 da Lei nº 14.133/2021 que o contrato por escopo, em regra, será celebrado por prazo máximo de cinco anos. Contudo, de acordo com o art. 111, poderá ser prorrogado automaticamente caso o escopo definido inicialmente não seja alcançado no período fixado. Curso Ênfase © 2021 6 -- .. Art. 111. Na contratação que previr a conclusão de escopo predefinido, o prazo de vigência será automaticamente prorrogado quando seu objeto não for concluído no período firmado no contrato. (Grifos nossos.) O parágrafo único prevê ainda a hipótese de não conclusão decorrente de culpa do contratado. Nesses casos, deve se observar o seguinte: a) o contratado será constituído em mora, aplicáveis a ele as respectivas sanções administrativas; b) a Administração poderá optar pela extinção do contrato e, nesse caso, adotará as medidas admitidas em lei para a continuidade da execução contratual. Muito importante! Tema importante é a diferenciação entre contratos por escopo e contratos por prazo certo ou de trato sucessivo. Nos contratos por escopo, a avença somente será cumprida com a execução total do objeto contratual. Já nos contratos de trato sucessivo o contratado precisa cumprir as obrigações contratuais até o prazo final firmado. 1.7. Contratos de fornecimento e prestação de serviço associado (art. 113) O art. 113 prevê a vigência máxima dos contratos sob o regime de fornecimento e prestação de serviços associados. Nesses casos, a vigência máxima será definida pela soma do prazo relativo ao fornecimento inicial ou à entrega da obra com o prazo relativo ao serviço de operação e manutenção, este limitado a cinco anos contados da data de recebimento do objeto inicial. Frisa-se que é possível a prorrogação na forma do art. 107. Art. 107. Os contratos de serviços e fornecimentos contínuos poderão ser prorrogados sucessivamente, respeitada a vigência máxima decenal, desde que haja previsão em edital e que a autoridade competente ateste que as condições e os preços permanecem vantajosos para a Administração, Curso Ênfase © 2021 7 permitida a negociação com o contratado ou a extinção contratual sem ônus para qualquer das partes. 2. Execução dos contratos administrativos Acerca da execução dos contratos no âmbito das licitações alguns pontos merecem destaque. De acordo com o art. 115 da lei, o contrato deverá ser executado fielmente pelas partes, de acordo com as cláusulas avençadas, respondendo cada parte pelas consequências de sua inexecução total ou parcial. Além disso, “é proibido à Administração retardar imotivadamente a execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, inclusive na hipótese de posse do respectivo chefe do Poder Executivo ou de novo titular no órgão ou entidade contratante” (art. 115, § 1º). O cronograma de execução será prorrogado automaticamente pelo tempo correspondente caso haja impedimento, ordem de paralisação ou suspensão do contrato. Quanto à fiscalização dos contratos, o art. 117 traz a determinação de que deverá ser exercida por um ou mais representantes da Administração Pública designados especialmente para este fim. Na designação, os requisitos previstos no art. 7º devem ser atendidos. Art. 7º (...) I ‒ sejam, preferencialmente, servidor efetivo ou empregado público dos quadros permanentes da Administração Pública; II ‒ tenham atribuições relacionadas a licitações e contratos ou possuam formação compatível ou qualificação atestada por certificação profissional emitida por escola de governo criada e mantida pelo poder público; e III ‒ não sejam cônjuge ou companheiro de licitantes ou contratados habituais da Administração nem tenham com eles vínculo de parentesco, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, ou de natureza técnica, comercial, econômica, financeira, trabalhista e civil. (Grifos nossos.) Curso Ênfase © 2021 8 -- É permitida a contratação de terceiros para assistir e subsidiar os fiscais com informações pertinentes a essa atribuição. Nesses casos, deverão ser observadas as seguintes regras (§ 4º, art. 117). I ‒ a empresa ou o profissional contratado assumirá responsabilidade civil objetiva pela veracidade e pela precisão das informações prestadas, firmará termo de compromisso de confidencialidade e não poderá exercer atribuição própria e exclusiva de fiscal de contrato; II ‒ a contratação de terceiros não eximirá de responsabilidade o fiscal do contrato, nos limites das informações recebidas do terceiro contratado. Constitui dever do fiscal do contrato informar aos seus superiores sobre situação que demandar decisão ou providência que ultrapasse sua competência. O fiscal deve comunicar em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes (§ 2º, art. 117). Quanto à responsabilidade na execução do contrato, vejamos os principais pontos previstos na lei: a) O contratado será responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros em razão da execução do contrato (art. 120); b) A fiscalização não excluirá nem reduzirá a responsabilidade do contratado (art. 120); c) Somente o contratado será responsável pelos encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da execução do contrato (art. 121); Muito importante! A inadimplência do contratado em relação aosencargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transferirá à Administração a responsabilidade pelo seu pagamento e não poderá onerar o objeto do contrato nem restringir a regularização e o uso das obras e das edificações, inclusive perante o registro de imóveis. Ressalva-se, contudo, o previsto no § 2º do art. 121, que trata das contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra. Nesses casos, a Administração Curso Ênfase © 2021 9 .. responderá solidariamente pelos encargos previdenciários e subsidiariamente pelos encargos trabalhistas se comprovada falha na fiscalização do cumprimento das obrigações do contratado (§ 2º, art. 121). Por fim, registre-se que, com previsão no edital e no contrato, a Administração poderá, no âmbito das contratações de serviços contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra, para assegurar o cumprimento de obrigações trabalhistas pelo contratado (art. 121, § 3º): I ‒ exigir caução, fiança bancária ou contratação de seguro-garantia com cobertura para verbas rescisórias inadimplidas; II ‒ condicionar o pagamento à comprovação de quitação das obrigações trabalhistas vencidas relativas ao contrato; III ‒ efetuar o depósito de valores em conta vinculada; IV ‒ em caso de inadimplemento, efetuar diretamente o pagamento das verbas trabalhistas, que serão deduzidas do pagamento devido ao contratado; V ‒ estabelecer que os valores destinados a férias, a décimo terceiro salário, a ausências legais e a verbas rescisórias dos empregados do contratado que participarem da execução dos serviços contratados serão pagos pelo contratante ao contratado somente na ocorrência do fato gerador. Obra coletiva do Curso Ênfase produzida a partir da análise estatística de incidência dos temas em provas de concursos públicos. A autoria dos e-books não se atribui aos professores de videoaulas e podcasts. Todos os direitos reservados. Curso Ênfase © 2021 10 NOVA LEI DE LICITAÇÕES E CONTRATOS ADMINISTRATIVOS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS E DAS IRREGULARIDADES Duração e Execução Dos Contratos Administrativos 1. Duração dos contratos administrativos 1.1. Regra geral 1.2. Exceção: contratos com prazos de até cinco anos (art. 106) 1.3. Exceção: contratos com prazos de até 10 anos (art. 108) 1.4. Exceção: contratos por prazo indeterminado (art. 109) 1.5. Exceção: contratos com prazos especiais e diferenciados (arts. 110 e 114) 1.6. Contratos por escopo 1.7. Contratos de fornecimento e prestação de serviço associado (art. 113) 2. Execução dos contratos administrativos
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