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UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA GABRIELA JESUS TEIXEIRA LITERATURA INFANTIL CONTAÇÃO DE HISTORIA EM MODO LÚDICO GOIANIRA-GO 2022 UNIVERSIDADE PAULISTA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA GABRIELA JESUS TEIXEIRA TÍTULO: LITERATURA INFANTIL CONTAÇÃO DE HISTORIA EM MODO LÚDICO GOINAIRA - GO 2022 Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de PEDAGOGIA Universidade Paulista – Polo de GOIANIRA - GO Orientação: nome do orientador Elaborada de forma automática pelo sistema da UNIP com as informações fornecidas pelo(a) autor(a). Jesus Teixeira, Gabriela. ....Literatura Infantil : Contação de historia em modo Lúdico / Gabriela Jesus Teixeira. - 2022. ....31 f. ....Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) apresentado ao curso de Pedagogia da Universidade Paulista, Goianira, 2022. ....Orientadora: Prof.ª Celina . Nascimento. ....1. Literatura Infantil. 2. Lúdico. 3. Historia. I. . Nascimento, Celina (orientadora). II. Título. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, а Deus, qυе fez com que meus objetivos fossem alcançados, durante todos os meus anos de estudos. Aos meus pais, que me incentivaram nos momentos difíceis e compreenderam a minha ausência enquanto eu me dedicava à realização deste trabalho. Aos professores, pelas correções e ensinamentos que me permitiram apresentar um melhor desempenho no meu processo de formação profissional ao longo do curso. À instituição de ensino UNIP, essencial no meu processo de formação profissional, pela dedicação, e por tudo o que aprendi ao longo dos anos do curso RESUMO A Literatura Infantil é uma prática interdisciplinar que está relacionada com outros modos de expressão (o movimento, a imagem, a música) que formam a bagagem comunicativa da criança desde os seus primeiros anos. Este trabalho traz como tema “A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL” e tem como objetivo compreender a importância da contação de histórias na Educação Infantil como incentivo a leitura, auxílio na aprendizagem e no desenvolvimento integral da criança. É importante para a formação de qualquer criança ouvir histórias, pois suscita o imaginário infantil, estimula o intelecto e a formulação de hipóteses desenvolvendo assim, o potencial e as habilidades da criança. A contação de histórias infantis, utiliza de literatura como um recurso metodológico e também em atividades lúdicas, pois as crianças adoram estes momentos de interação com livros. Trabalhar com história, traz atenção e a curiosidade das crianças para o que esta sendo contado, e consequentemente se interessem nas atividades seguintes, demonstrando prazer em executá-las, além de aguçar o seu imaginário e desenvolver a sua oralidade deixando as aulas sempre mais instigantes. A partir de leituras realizada , construí a pergunta central deste trabalho interrogando, “COMO A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS CONTRIBUI PARA A CRIANÇA?”, pois acredito que a criança necessita ouvir histórias infantis para desenvolver sua personalidade em todas as etapas do seu desenvolvimento. Para fundamentar o tema escolhido busquei referencias em Abramovich, Áries, Lajolo, entre outros. Este estudo se caracteriza por uma pesquisa qualitativa, de embasamento teorico bibliográfico tendo como foco a contração de histórias na Educação Infantil. Os dados obtidos através de leituras de livros e artigos diversos. Com base nos estudos, nas questões levantadas, constata-se que a conotação de história vai muito além de ouvir histórias. É viajar pelo mundo dos livros e da imaginação, encantando e despertando no aluno a curiosidade e o desejo por novas descobertas e aprendizagens. Palavras-chave: Educação Infantil, Historia, Livros, Lúdico ABSTRACT Children's Literature is an interdisciplinary practice that is related to other modes of expression (movement, image, music) that form the communicative baggage of children from their earliest years. This work has as its theme "STORY TELLING IN CHILDHOOD EDUCATION" and aims to understand the importance of storytelling in Early Childhood Education as an incentive to reading, aid in learning and in the integral development of the child. It is important for the formation of any child to hear stories, as it raises the child's imagination, stimulates the intellect and the formulation of hypotheses, thus developing the child's potential and skills. Children's storytelling uses literature as a methodological resource and also in recreational activities, as children love these moments of interaction with books. Working with history, brings children's attention and curiosity to what is being told, and consequently they are interested in the following activities, showing pleasure in executing them, in addition to sharpening their imagination and developing their orality, making the classes always more exciting. . From readings carried out and , I built the central question of this work asking, "HOW STORY TELLING CONTRIBUTES TO CHILDREN?", because I believe that children need to hear children's stories to develop their personality at all stages of their development. To support the chosen theme, I looked for references in Abramovich, Aries, Lajolo, among others. This study is characterized by a qualitative research with a case study, as it investigates the experience lived in the internship, focusing on storytelling in Early Childhood Education. The data obtained through readings of books and various articles. Based on the studies, on the issues raised, it appears that storytelling goes far beyond listening to stories. It is traveling through the world of books and imagination, enchanting and awakening in the student the curiosity and desire for new discoveries and learning. Keywords: Early Childhood Education, History, Books, Playful SUMÁRIO Sumário INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 6 CAPÍTULO I – Referencial Curricular Nacional e a Leitura infantil .......................... 9 1.1 A HORIGEM DA LITERATURA INFANTIL..............................................11 1.2 A CHEGADA DA LITERATURA NO BRASIL..........................................12 1.3 A contação de histórias como meio pedagógico na educação infantil .............14 CAPÍTULO II – MÉTODO ................................................................................................... 34 CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO ....................................................................... 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 38 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 40 6 INTRODUÇÃO A literatura está diretamente ligada à formação do ser humano e ao seu desenvolvimento intelectual, resultando em cidadãos mais conscientes e críticos. Em abordagem ao tema Literatura infantil destaca - se como o modo lúdico influencia na aprendizagem das crianças em fase inicial de desenvolvimento cognitivo. Considerando a importância da literatura, ressalta-se que sua essência é instrumento motivador e desafiador, sendo capaz de transformar um indivíduo em sujeito ativo, reflexivo eque sabe compreender o contexto em que se vive e modificá-lo quando necessário, desempenhando um aspecto social. Segundo Rego "Na literatura as palavras funcionam como matéria-prima da criação artística nos seus mais diferentes gêneros (1995, p.10)" nesse sentido, compreende se que a literatura amplia o conhecimento de mundo das crianças e que nessa fase pode se trabalhar com o lúdico assim despertando interesse e curiosidade. Por conseguinte, nos explica Caldin (2003) nos últimos anos do século XX, a ideia acerca da necessidade e relevância da literatura infantil na formação de pequenos leitores se consolidou, passando a fazer parte das discussões concernentes às políticas públicas de educação e cultura. Nos dias atuais pode se notar a falta de incentivo à literatura e a distância entre os livros e as crianças. Sabendo dessa situação e refletindo sobre possibilidades de ampliação do conhecimento, buscamos como objetivo geral elevar a qualidade e o incentivo à leitura para as crianças, com isso deve se reconhecer a importância da contação de histórias para crianças para que haja interação entre eles e o livro. Para objetivos específicos deve - se promover contação de histórias por meio de fantoches, personagens, musicalização, apresentar e interagir com eles deixando-os usufruir dos livros nos sentidos de tocar, manusear e se envolver, apresentar aspectos teóricos sobre a história infantil na educação infantil, ressaltar o papel do professor na formação de futuros leitores, apresentar aspectos concretos sobre a importância das histórias infantis no desenvolvimento integral da criança. Desenvolve a capacidade de atenção e curiosidade e até repetir frases ditas na história. Abramovich cita que: 7 É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem estar, o medo, a alegria, o pavor a insegurança, a tranquilidade e tantas outras mais, e viver profundamente tudo que as narrativas provocam em quem a ouve, com toda a sua amplitude, significância e verdade que cada uma dela faz (ou não) brotar. Pois ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário (2006, p.17) Desta forma, queremos compreender a atual situação das escolas, no que diz respeito ao desenvolvimento de ações que possam difundir o prazer pela Literatura infantil contando com a contribuição das ideias de autores como Regina Zilberman (1985), Nelly Novaes Coelho (2000), Fanny Abramovich (1995), entre outros, que defendem o despertar o gosto pela leitura desde muito pequenos através do seu uso pedagógico e artístico. Por conseguinte, acredita - se que é muito importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas histórias, pois possibilita desenvolver o imaginário infantil, responder perguntas, encontrar e criar novas ideias, estimular o intelecto, descobrir o mundo, sentir emoções desenvolvendo assim, todo o potencial da criança, levando a pensar, questionar, duvidar. Com relação aos questionamentos dos autores e ao tema abordado levanta se a questão "COMO A CONTAÇÃO DE HISTÓRIA EM MODO LÚDICO CONTRIBUI PARA A CRIANÇA?" a criança por sua grande capacidade de afetividade e por sua facilidade de converter o fantástico em real, necessita ouvir histórias infantis, implicando em toda a sua personalidade o afetivo, o cognitivo que estão plenamente unidos em todas as etapas do desenvolvimento. Ademais, há muitos impasses e discussões acerca deste tema, pois a Educação infantil foi por muito tempo negligenciada e tratada com indiferença, onde não se trabalhava com o desenvolvimento da criança, somente sendo cuidadas e alimentadas para que os pais pudessem trabalhar. Para fundamentar o tema em questão busquei referências de autores das literaturas tais como Fanny Abramovich, Regina Zilberman, Nelly Coelho, Lucia Rego, Clarice Caldin entre outros, tais que influenciam e trazem contextos relevantes sobre a contação de história, alguns livros também utilizados para pesquisa foram O Lúdico na prática pedagógica, pedagogia do movimento, universo lúdico no contexto pedagógico entre outros. 8 Esta monografia traz se caracterizada por ser uma pesquisa bibliográfica de modo qualitativo, que estuda pensamentos de vários autores e artigos. Tendo como foco a literatura infantil e a contação de histórias em modo lúdico. Segundo Andrade (2017), é uma espécie de trabalho que objetiva discussões acerca de um tema, isto é, elaborar um ajuntamento de conhecimentos reunidos de obras de toda natureza, no almejo de conduzir o futuro leitor a compreender determinado assunto de maneira mais ampliada. Para melhor entendimento do texto delineou -se alguns títulos que consistem em capítulos assim apresentados. No primeiro capítulo apresentamos o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil, a origem da literatura infantil, a chegada da literatura no Brasil e a contação de história como meio pedagógico na educação infantil. Assim podendo descrever como é a literatura pela visão da BNCC, como ela surgiu e chegou até o Brasil e como hoje usamos ela como meio de ensinar. No capítulo dois pode se ver foco que o trabalho levou e a quem a pesquisa foi direcionada, onde citamos os alunos, opiniões e comentários de autores referente a pesquisa utilizada e como ela já se desenvolveu. No capítulo três há uma leitura sobre um contexto geral do trabalho com texto e citações de autores sobre o tema em geral para as análises, teorizando os resultados que obtivemos após as leituras obtidas. Essa pesquisa tem por finalidade investigar as contribuições da literatura infantil e como a contação de história em modo lúdico. influenciam no processo de aquisição da leitura nos anos inicias. 9 CAPÍTULO I – Referencial Curricular Nacional e a Leitura infantil O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil tem como objetivo auxiliar na realização do trabalho educativo diário junto às crianças, nos CMEI’s, creches, pré-escolas e entidades equivalentes. Segundo este documento “A educação infantil é considerada a primeira etapa da educação básica [...] tendo como finalidade o desenvolvimento integral da criança”. (BRASIL, 1998a, p. 11). Tal documento foi concebido, portanto, de maneira a servir como meio de orientação sobre objetivos, conteúdos e orientações didáticas para os profissionais que atuam com crianças pequenas. O Referencial é constituído por eixos de trabalho: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. A Literatura Infantil está inserida dentro do eixo linguagem oral e escrita. De acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil – RCNEI, esses eixos são guias para a construção de diferentes linguagens pelas crianças e para as ligações com os objetos de conhecimento: Referente à Literatura Infantil, destacamos de forma especial o eixo: linguagem oral e escrita, que é considerado de suma importância para as crianças desenvolverem maior participação nas diferentes práticas sociais: A Linguagem oral está presente no cotidiano e na prática das Instituições de Educação Infantil à medida que todos que dela participam crianças e adultos, falam se comunicam entre si, expressando sentimentos e ideias. As diversas instituições concebem a linguagem e a maneira com as crianças aprendem de modos bastante diferentes. (BRASIL, 1998b, p. 119). No ambiente escolar cabe ao professor dar a devida importância para esse ato, realizando com antecedência uma seleção da história que irá contar, trabalhando com dedicação tanto a riqueza do texto quanto o encanto das ilustrações, instigando na criança a curiosidade pelo livro. O professor também deverá organizar um ambiente agradável para a leitura, nesse ambiente a criança deverá manipular e “ler” os livros em momentos dirigidose espontâneos. Assim, este ato deve ser estimulado e incentivado, constantemente. 10 Deixar as crianças levarem um livro para casa, para ser lido junto com seus familiares, é um fato que deve ser considerado. As crianças, desde muito pequenas, podem construir uma relação prazerosa com a leitura. Compartilhar essas descobertas com seus familiares é um fator positivo nas aprendizagens das crianças, dando sentido mais amplo para a leitura. (BRASIL, 1998b, p. 135). Com os diversos pontos positivos, é necessário ressaltar que a leitura provoca de diversas formas em especial o conhecimento do mundo principalmente para as crianças. A leitura de histórias é um momento em que a criança pode conhecer a forma de viver, pensar, agir e o universo de valores, costumes e comportamentos de outras culturas situadas em outros tempos e lugares que não o seu. A partir daí ela pode estabelecer relações com a sua forma de pensar e o modo de ser do grupo social ao qual pertence. As instituições de educação infantil podem resgatar o repertório de histórias que as crianças ouvem em casa e nos ambientes que frequentam, uma vez que essas histórias se constituem em rica fonte de informação sobre as diversas formas cultuais de lidar comas emoções e com as questões éticas, contribuindo na construção da subjetividade e da sensibilidade da criança. (BRASIL, 1998b, p. 143). A leitura e a contação de histórias são de grande importância na educação infantil, pois abordam além das questões já apontadas, pontos essenciais como a imaginação, a magia, as emoções, o faz de conta e o prazer pela leitura. Ter acesso à boa leitura é dispor de uma informação cultural que alimenta a imaginação e desperta o prazer pela leitura. A intenção de fazer com que as crianças, desde cedo, apreciem o momento de sentar para ouvir histórias exige que o professor, como leitor, preocupa-se em lê-la com interesse, criando um ambiente agradável e convidativo à escuta atenta, mobilizando a expectativa das crianças, permitindo que elas olhem o texto e as ilustrações enquanto a história é lida. (BRASIL, 1998b, p. 143). 11 O RCNEI, por sua vez, ajuda a enriquecer essa questão (literatura Infantil), fornecendo ideias que possam contribuir para todos aqueles que estejam envolvidos na educação infantil. 1.1 A Origem da literatura infantil Segundo Áries (1981, p. 17), a arte mostra que na idade média, se desconhecia a infância e a criança era vista como um adulto em miniatura 10 acompanhando a vida social dos adultos, sendo diferenciada muitas vezes apenas pelo seu tamanho e não pela sua idade. “Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou a falta de habilidade.” Sem diferenciações de idade não havia, portanto, quase nunca livros voltados especialmente para as crianças. Sobre a datação do surgimento da infância Batista e Moreno (2005, p. 8), apontam a seguinte afirmativa: Nos séculos XVII e XVIII, movimentos culturais e religiosos, como o Iluminismo e Protestantismo, deram lugar ao descobrimento da infância, considerando-a como etapa diferente da idade adulta e tratada diferencialmente. À medida em que concepções fatalistas e predeterminastes da vida foram desaparecendo as pessoas sentiam- se mais protagonistas da própria existência e passaram a atribuir um papel importante a educação das crianças. Com o surgimento do sentimento de infância, a Literatura popular, começa a dar lugar a uma leitura apropriada também para as crianças, como “[...] as Fábulas e La Fontaine, editadas entre 1668 e 1694 [...] os Contos da Mamãe Gansa que Charles Perrault publicou em 1697 [...]” (LAJOLO; ZILBERMAN, 2003, p. 15), porém mesmo podendo ser caracterizada como leitura para os pequenos essas obras foram escritas em um período em que inexistia o gênero “literatura infantil”. Sobre a transformação da literatura popular em uma literatura para a infância, Cademartori (1987, p. 33) faz a seguinte afirmativa “No século XVII, o francês Charles Perrault (Cinderela, Chapeuzinho Vermelho) coleta contos e lendas da idade Média e adaptados, constituindo os chamados contos de fadas.” Através de suas adaptações de contos 12 folclóricos e lendas, destinados até então aos adultos, Perrault responsável pelo primeiro surto da Literatura infantil, Lajolo e Zilberman (2003), constitui um novo gênero literário, com direcionamento também as crianças. Convertendo uma produção popular e de circulação oral em leitura infantil, com adaptação pedagógica, e relatos moralizantes: O trabalho de Perrault é o de um adaptador. Parte de um tema popular trabalha sobre ele e acresce-o de detalhes que respondem ao gosto da classe à qual pretende endereçar seus contos: a burguesia. Além dos propósitos moralizantes, que não tem a ver com a camada popular que gerou seus contos, mas com os interesses pedagógicos burgueses. (CADEMARTORI, 1987, p. 36). A Literatura infantil, portanto, começa a apresentar-se, segundo Cunha (1990), a partir do momento em que os ideais burgueses atingiram seu auge no século XVIII, ideais de uma classe social que se consolidou causando mudanças na sociedade, como o modelo familiar burguês e a reorganização da escola. 1.1 A CHEGADA DA LITERATURA NO BRASIL No Brasil, a história da literatura infantil é bem mais recente; data apenas do século XIX, em que encontramos alguns especialistas escrevendo esta literatura popular (FARIA, 2004) ou uma literatura totalmente engajada com um direcionamento pedagógico e escolar, sem características ou preocupações estéticas. Somente, nos anos 20, do século XX, que aparecerá um escritor e, principalmente, uma obra literária genuinamente compromissada com a infância e suas especificidades, isto é, a literatura infantil brasileira passa a surgir em um cenário importante quando Monteiro Lobato publica “A menina do Narizinho Arrebitado”, em 1921, e, com isso, nos presenteia com o sítio do Pica-Pau Amarelo, uma caracterização do que é escrever para crianças. Como dissemos anteriormente, no Brasil, quem abre as portas para essa nova literatura(moderna) é Monteiro Lobato, que segundo Siqueira: 13 [...] é um visionário que acreditou no livro como meio eficaz de modificar a percepção do leitor iniciante. Ele possibilitou à criança as possibilidades para imaginar, criar e recriar, sem o medo da opressão. Em suas obras este autor sempre deixa um espaço para a interlocução com seu destinatário, estimulando a formação da consciência crítica. (2008, p. 66 e 67). Monteiro Lobato destaca-se com a publicação, em 1921, de sua grande obra “A menina do narizinho arrebitado”, que se tornou um sucesso nacional para as crianças e, sem dúvida, o crescimento das vendas deste livro ocorreu devido à 24 maneira como o autor fazia referência à realidade comum e familiar da criança, através das narrativas do livro, onde ele misturava o imaginário com o cotidiano real. Lobato acreditava que os pequenos leitores eram capazes de adquirir o senso crítico através de palavras simples, que eram facilmente compreendidas pela criança. Por isso, usando uma linguagem criativa e instigante, para que o pequeno leitor compreendesse melhor, o autor rompe com o padrão tradicional culto e introduz a oralidade na fala dos personagens e do narrador, o que permitiu que o leitor se emocionasse durante a leitura de suas histórias e se sentisse motivado a ler outras histórias (SANTOS, 2009). Sendo assim, aos poucos, os livros deixam de ter apenas um caráter moralista (narrativas tradicionais) e passam a ter um caráter emancipatório (narrativas modernas) que possibilita o leitor ampliar seus conhecimentos através da imaginação, criação e reconstrução do conhecimento. As narrativas literárias,por sua vez, têm como função facilitar a compreensão do meio que o cerca e assim emancipar-se dos dogmas que a sociedade lhe impõe e isto é possível através da reflexão proporcionada por leituras; literatura, portanto, torna-se, uma experiencia para o mundo. Acredita se nesse momento que a literatura infantil assume o papel de desenvolver nas crianças o senso crítico e analítico, tornando-a mais consciente, competente, com sensibilidade e imaginação. A partir dessa circunstancia a literatura tem dimensão social, provoca e enriquece o conhecimento do leitor, contribuindo de forma ímpar na formação da criança. 14 1.3 A contação de histórias como meio pedagógico na educação infantil Frantz (2001), acredita que: “A literatura infantil é também ludismo, é fantasia, é questionamento, e dessa forma consegue ajudar a encontrar respostas para as inúmeras indagações do mundo infantil, enriquecendo no leitor a capacidade de percepção das coisas” (FRANTZ, 2001, p. 16) Por conseguinte, pode-se dizer que os adultos são mediadores no processo de crescimento das crianças e fornecem equipamentos para se adaptar ao conhecimento. Portanto, os adultos, como portadores da responsabilidade de cuidar e treinar crianças como adultos, devem-se influenciar com contação de histórias e mostrar como o mundo literário pode ser inspirado. Ouvir história é recuperar a herança empírica do homem, seus medos, descobertas e desejos. As crianças sabem muito bem o que é essa herança empírica no turbilhão de sentimentos que vivenciam, é onde entra a figura do professor/contador de histórias como mediador deste processo de aprendizagem de lidar com as emoções (SOUZA; BERNARDINO, 2011, p. 242). Para tanto, as crianças precisam ser agregadas ao mundo da leitura, especialmente pelos pais leitores, que estimulam a envoltura, interesse e condições auspiciosas para a aprendizagem. Ademais, a bagagem cultural e social, que os pais fornecem no momento inicial, são de muita importância. Abramovich (1988) explica que os pais possuem um ofício solene de fornecer a aproximação com a leitura de maneira significativa e profícua, possibilitando o ingresso no qual o docente desenvolverá com a leitura. Sendo assim, quando os pais auxiliam e orientam os filhos desde o começo de sua vida, seja em qual for a atividade, proporcionam que ela obtenha uma atenção social mediada, pois a aprendizagem obtém significado e colabora para a afável desempenho da criança na sua vida escolar. Além do âmbito familiar, a escola também tem grande responsabilidade de inserir o ensino de literatura infantil, pois como discorrido por inúmeros autores, como 15 Barros (2013), a este ambiente compete a tarefa de formar alunos leitores. É essencial que o aprendiz para além de decodificar letras, saiba compreender e reproduzir de maneira crítica o que foi lido. Isso é de extrema importância, pois praticamente todas as informações que irão adquirir no decorrer da visão serão por meio da leitura. Como ensina Cagliari (2009), a leitura necessita ser compreendida para além de uma atividade de decodificação, mas como uma atividade complexa que envolve questões relacionadas a contextos culturais, ideológicos e filosóficos. Esclarecendo melhor, Barros (2013) ensina que Quando se fala de literatura, fala-se de uma relação bastante estreita entre leitor e leitura. O leitor, no momento da leitura, ativa sua memória, relaciona fatos e experiências e entra em conflito com seus valores. Nesse aspecto a Literatura Infantil torna-se uma grande aliada da escola em suas várias possibilidades: divertindo, estimulando a imaginação, desenvolvendo o raciocínio e compreendendo o mundo (BARROS, 2013, p. 21). A Literatura, sobretudo a infantil, é um meio de mostra os sentimentos e palavras, que direcionam o aprendiz para o desenvolvimento intelectual, de sua personalidade, atendendo suas necessidades e elevando sua competência crítica. Por mais, acrescenta Barros: A importância da Literatura Infantil se dá no momento em que a criança toma contato oralmente com ela, e não somente quando se tornam leitores. Dessa forma, ouvir histórias tem uma importância que vai além do prazer. É através dela que a criança pode conhecer coisas novas, para que seja iniciada a construção da linguagem, da oralidade, de ideias, valores e sentimentos, os quais ajudarão na sua formação pessoal (BARROS, 2013, p. 22) Ao ter contato com as histórias despertam a curiosidade da criança a si própria querer ler um livro, diversificando as leituras, com o propósito de deslumbra-las e despertar-lhes o prazer, favorece o hábito de leitura, permitindo que o aprendiz gere e reconte estória que ouvem. 16 Com isso, Abramovichi (2003) diz que: É através duma história que se podem descobrir outros lugares, outros tempos, outros jeitos de agir e de ser, outra ética, outra ótica... È ficar sabendo História, Geografia, Filosofia, Política, Sociologia, sem precisar 12 saber o nome disso tudo e muito menos achar que tem cara de aula... Porque se tiver, deixa de ser literatura, deixa de ser prazer e passa a ser didática, que é outro departamento (não tão preocupado em abrir as portas da compreensão do mundo) (ABRAMOVICH, 2003, p.17). Complementando, Porto e Porto (2012) explicam que as contações de histórias despertam o interesse dos aprendizes pela leitura à maneira que possibilita a curiosidade das crianças acerca dos personagens e enredo, incitando a imaginação por meio da edificação de imagens, uma vez que a criação de como são os personagens são trabalhados, por exemplo, tratando-se de uma tarefa que envolve tanto o ouvir quanto o ler um livro. Além do mais, as histórias possibilitam o entendimento de situações variadas e conflitos, além do reconhecimento das histórias ao ambiente de quem as escuta, assiste ou lê. Melhor complementando, A partir de histórias simples, a criança começa a reconhecer e interpretar sua experiência da vida real. Pode, a partir de uma experiência relatada na história, identificar-se com a situação narrada, compreender melhor o universo em que se situa, refletir sobre a história ficcional que pode se aproximar da realidade vivida. Nessa interpretação das histórias contadas, é importante o papel desempenhado pelo contador para que haja de fato estimulação à leitura e prazer ao se ter contato com a narrativa (PORTO; PORTO, 2012, p. 119). Apresentar a literatura de maneira prazerosa não quer dizer que não deva ser levada a sério, pois como método fundamental para formar novos leitores, além de divertir, deve educar para a formação crítica, fluente e pensante, seja através de contos de fadas, gibis, mitos, fabulas e/ou lendas. Daí a precisão do docente preparar 17 e aperfeiçoar suas aulas, embalando o aluno em atividades lúdicas e prazerosas, fazendo-o um adulto/leitor idôneo, que não considere a leitura como obrigação. Assim nos diz Barros: Fica evidente que a escola se torna fator fundamental na aquisição do hábito de leitura e formação do leitor, pois ela é o espaço destinado ao aprendizado da leitura. Deste modo, as atividades literárias diferenciadas no contexto educacional são muito importantes para o bom desempenho da criança (BARROS, 2013, p. 22). Formar leitores é papel complexo que desafia os educadores em geral, principalmente nesta era da comunicação de massa, ocasionada pela televisão e internet. Sendo assim, incitar a ler deve ocorrer, também, através de exemplos - o professor precisa ser um leitor dedicado. Essa bagagem o permitirá fazer escolhas adequadas para oferecer livros destoantes, elaborar leitura em voz alta, contar histórias, mostrar livros, nomes de autores, etc. Ao respeitar a faixa etária do educando e conhecer os processos adequados a cada fase, desenvolverápráticas de leitura que os ensinará a ler e, ao mesmo tempo, incitará para o interesse pela leitura. Existem estratégias que tem ajudado a alçar o sucesso dentro da leitura, como os “projetos literários” e o “cantinho da leitura”. Uma biblioteca diversificada, em gêneros, conteúdos e suportes, também é um quesito necessário para a edificação de um leitor. Enfim, é preciso atenção e preparo do docente/contador de histórias, a saber: 1. Saber escolher o que vai contar, levando em consideração o público e com qual objetivo; 2. Conhecer detalhadamente a história que contará; 3. Preparar o início e fim no momento da contação e narrá-la no ritmo e tempo que cada narrativa exige; 4. evitar descrições imensas e com muitos detalhes, favorecendo o imaginário da criança; 5. Mostrar à criança que o que ouviu está ilustrado no livro, trazendo-a para o contato com o objeto 18 do livro e, por consequência, o ato de ler; 6. e por último, saber usar as possibilidades da voz variando a intensidade, a velocidade, criando ruídos e dando pausas para propiciar o espaço imaginativo (SOUZA; BERNARDINO, 2011, p. 245). Contar estórias contribui para o despertar do aprendiz a um mundo de possibilidades, encantamento, impasses, soluções, descoberta de mundo e, principalmente, imaginário que os irão fazer ver o mundo de inúmeras formas, além de estimulá-lo a querer aprender a ler. O professor necessita angariar conhecimentos de que a motivação e criatividade são essências, daí a precisão de se trabalhar o lúdico, por exemplo. Sabendo que a leitura é quem maior contribuirá para a formação de alunos leitores críticos, por isso é que se faz necessário que a escola também tenha a concepção da indispensabilidade de espaços para a prática de contação de histórias, criando ambientes para isso, para todos os envolvidos, alunos, professores, família etc. Sobre, Souza e Bernardino (2011) explicam que: O horário adequado é aquele onde as crianças estão relaxadas, para pensar sobre a história que viram ou escutaram mostrar o livro a criança e deixar que está o manuseie é importante para a interação com o objeto, antes do recreio ou almoço ou ao final do dia são os melhores momentos para a contação. Quando ao espaço físico, sugere ambientes fechados, que evitem a dispersão, como a sala de aula, o bom é criar um ambiente de aconchego e a proximidade mantendo as crianças próximas em círculo (SOUZA; BERNARDINO, 2011, p. 247). Ao escutar histórias, as crianças manifestam sentimentos de alegria, medo, tristeza, etc. são estas experiências que alicerçam suas interpretações, suas opiniões acerca do que foi lido, elaborando seus acervos formativos de informações que o tornarão um ser autônomo de pensamento. Enfim, a literatura possui um dever, também, no desenvolvimento cognitivo da criança. 19 Essa prática de contar e escutar histórias não deve partir apenas na escola, com os professores, deve ocorrer em suas rotinas domiciliares, com os pais. Ao ouvir e manusear o livro, a criança despertará um interesse que colabora para a formação dele enquanto leitor e oferecerá uma visão mais abrangente do espaço que faz parte. Zilberman (2003) diz ao respeito do trabalho do professor que, o professor leitor não é somente mais uma pessoa letrada, é um leitor que sabe usufruir de um grande número de variedades de leituras, como ler jornais, revistas, bulas de remédio, romances, gibis etc. e que sabe ensinar/transmitir isso a seus alunos com prazer, demonstrando gosto e entendendo o que estimula seus alunos, para assim aplicar uma melhor estratégia literária. Para explicitar essas discussões em prática, como Simplício (2015), aplicar e descrever algumas atividades envolvendo o uso de histórias infantis utilizadas com aprendizes no nível do ensino infantil. Entre os enredos, a autora utilizou em uma das oficinas a famosa história de Chapeuzinho Vermelho. Optando assim pela utilização de história de fadas, pois um dos seus objetivos é ensinar que: [...] a vida é com frequência desconcertante para a criança, ela necessita mais ainda que lhe seja dada a oportunidade de entender a si própria nesse mundo complexo com a qual deve aprender a lidar. Para que possa fazê-lo, precisa que a ajudem a dar um sentido coerente ao seu turbilhão de sentimentos. Necessita de ideias sobre como colocar ordem na sua casa interior, e como base nisso poder criar ordem na sua vida. Necessita de uma educação moral que, de modo sutil, a conduza às vantagens do comportamento moral, não por meio de conceitos éticos, abstratos, mas daquilo que lhe parece tangivelmente correto e, portanto, significativo (BETTELHEIM, 2007 apud SIMPLÍCIO, 2015, p. 42). Para Simplício (2015) utilizar fantoches para os dedos para contar a história a turma. De maneira dramatizada, as crianças foram incitadas a recontar a história juntas, cada uma interpretando seu personagem. Assim para que os alunos pudessem recriar situações imaginativas que agregassem com os personagens da história, cooperando para a formação de um sujeito complexo, indivíduo da unidade emoção- 20 cognição-imaginação. Além do mais, a dramatização é essencial para o desenvolvimento emocional e social das crianças, além de oportunizar que façam experimentos acerca de como diferentes tipos de sujeitos da sociedade se Inter relacionam entre si. 2 FAMÍLIA O termo família vem do latim “famulus” que significa um conjunto de servos e dependentes, de um chefe ou senhor, que vivem sobre o mesmo teto, já o seu significado no dicionário diz que família é: grupo de indivíduos, constituídos por consanguinidade, ou adoção, ou por descendência dum tronco ancestral comum. Ao longo do tempo o conceito de família vem se modificando conforme o andamento da sociedade em seus aspectos, político, social, econômico e cultural. Não há um conceito fixo, visto que a família sofre mudanças significativas ao longo do tempo, dessa forma seu conceito sempre está em constante reformulação. Antigamente nos fins do século XIX a família era composta pelo modelo patriarcal em que o pai era o chefe da casa tendo como seus dependentes esposa, filhos e agregados. Com o tempo a mãe vem ocupando este lugar. Hoje tem um percentual significativo de mulheres que desempenham seu papel no mercado de trabalho e que ainda são mães e chefe de casa, algumas são mães solteiras o que não as impede de ser o chefe da casa. É importante destacar que o conceito de família não está ligado somente a laços de sangue, a adoção é um exemplo nítido. Para Ferrari e Kaloustian (2008, p. 11-12): A família é o espaço indispensável para a garantia da sobrevivência de desenvolvimento e da proteção integral dos filhos e demais membros, independemente do arranjo familiar ou da forma como vêm se estruturando. É a família que propicia os aportes afetivos e sobretudo materiais necessários ao desenvolvimento e bem-estar dos seus componentes. Ela desempenha um papel decisivo na educação formal e informal, é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários, e onde se aprofundam os laços de solidariedade. É também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observados valores culturais. 21 Hoje temos a família como a base de tudo. É nela o primeiro espaço de socialização, de construção de valores e princípios, de conflitos, de afeto, é onde iniciamos o nosso primeiro contato com a cidadania. “A família é percebida não como o simples somatório de comportamentos, anseios e demandas individuais, mas sim como um processo interagente da vida e das trajetórias individuais de cada um de seus integrantes” (FERRARI; KALOUSTIAN, 2008, p. 13). Contudo para que a família possa desenvolver seu papel é necessário o apoio de políticas públicas, voltadas principalmente para as famílias debaixa renda e que vivem em extrema pobreza. A crescente violência praticada por menores e por adultos oriundos de famílias pobres vem sendo algo discutido em torno da desagregação familiar, da falta de uma estrutura familiar, que não soube dá o afeto eeducação para seus filhos, famílias que sofreram e sofrem a carência de uma assistência sócio- política por parte das autoridades competentes. Isto significa que a família, tal qual a comunidade, precisa de apoios direcionados ao maior e melhor usufruto de bens e serviços indispensáveis à alteração da qualidade de vida e exclusão a que estão submetidas [...] O sucesso da atenção à saúde e à educação depende da conjugação de ações e apoios advindos das demais políticas e sobretudo de uma rede de apoio e envolvimento das famílias e comunidades no usufruto eficaz destas atenções básicas. (CARVALHO, 2008, p. 102- 103). Nogueira (1993) em seu livro Estatuto da Criança e do Adolescente comentado: Lei n. 8069 de 13 de julho de 1990, expõem a importância e o papel da família como instituição básica, essencial e indispensável à sociedade organizada, argumentando que os pais têm uma grande responsabilidade para a formação dos filhos. Para encerrar o capítulo faz-se necessário citar a constituição de 1988, que afirma ser a família a base da sociedade e que possui por lei proteção do estado, no artigo 226 diz ser dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 3.1 Conceito de habitus 22 Um termo que já foi objeto de estudo por Aristóteles, para mencionar as características de corpo e alma adquiridas no processo de aprendizagem, e também pelo filosofo Émile Durkheim em sua obra “Evolução Pedagógica” (1995). Mas foi com os estudos de Pierre Bourdieu que o conceito de habitus teve destaque, em pesquisas realizadas na Argélia de 1950 a 1960. A amostra para o estudo foi observar o comportamento de camponeses acostumados em uma vida rural e por conseqüência do sistema capitalista submetidos à vida urbe sem qualquer amparo e referências. O objetivo de Bourdieu em desenvolver o conceito de habitus segundo Setton (2002) surge da necessidade de apreender as relações de afinidade dos agentes e as estruturas e condicionantes sociais. Em outras palavras é como a “estrutura social” influencia a subjetividade dos sujeitos, percepções de uma “matriz” que pode afetar os sujeitos, como o modo de pensar e de agir por exemplo. Para Bourdieu (1992, p. 180 apud Setton, 2002, p. 64) “Sendo produto da história, é um sistema de disposição aberto, que é incessantemente confrontado por experiências novas e, assim, incessantemente afetado por elas.” E nos parâmetros de Bourdieu, Setton, assim conceituou habitus: Concebo o conceito de habitus como um instrumento conceptual que me auxilia pensar a relação, a mediação entre os condicionamentos sociais exteriores e a subjetividade dos sujeitos. Trata-se de um conceito que, embora seja visto como um sistema engendrado no passado e orientando para uma ação no presente, ainda é um sistema em constante reformulação. Habitus não é destino. Habitus é uma noção que me auxilia a pensar as características de uma identidade social, de uma experiência biográfica, um sistema de orientação ora consciente ora inconsciente. Habitus como uma matriz cultural que predispõe os indivíduos a fazerem suas escolhas. Embora controvertida, creio que a teoria do habitus me habilita a pensar o processo de constituição das identidades sociais no mundo contemporâneo. (SETTON, 2002, p. 61). Esclarecendo que habitus não é destino ele pode ser durável, mas não fixo, ou seja, a interação das experiências passadas em confronto com as ações presentes e futuras dos sujeitos afetados. 23 3.1.1 Relação habitus, leitura e família Os conceitos acima discutidos sobre habitus pode ajudar na compreensão de que o ato de ler é um hábito, que poderá ou não ser construído socialmente, como apresentado por Bourdieu, assim, ninguém nasce com o costume de ler ou com o prazer de ler, embora talvez tenha que ser levado em conta que algumas pessoas possam ter características pessoais mais propensas a desenvolver o hábito da leitura, como a introspecção. A leitura pode ser despertada por agentes socializadores como a escola, a biblioteca e a família, podendo ou não ser trabalhados de modo simultâneos, porém, é importante que a leitura seja motivada a priori pela família, por ser esta o primeiro espaço de sociabilidade do individuo, onde ele venha a conhecer a leitura como um hábito já praticado no lar. Portanto, um indivíduo que nasce numa atmosfera familiar em que presencia o pai ou a mãe lendo um livro, observará que aquele objeto prende a atenção dos pais por alguns minutos ou horas, entenderá que é uma coisa boa, porque qua ndo crianças, temos referências por aquilo que os pais fazem e/ou gostam de fazer. O gosto pela leitura está diretamente associado aos estímulos que são proporcionados à criança desde muito cedo. O contexto familiar é de grande importância. Quando a criança cresce no meio de livros e vê, à sua volta, adultos lendo é despertado nela o hábito de ler, considerando que a formação de um leitor não se dá através de produtos, e sim, de estímulos. (NASCIMENTO; BARBOSA, 2006. p. 1). Por isso o hábito de ler deve ser praticado desde cedo, mesmo que a criança não saiba ler. O incentivo da família é imprescindível para que as coisas aconteçam, e várias pontes podem contribuir, como contar histórias ao dormir, canções de ninar, compras de livros e o próprio hábito dos pais de lerem na presença dos filhos, como 24 jornais, revistas e etc. Segundo Bourdieu habitus são disposições incorporadas pelos agentes sociais, atuando como um operador de estruturas que induzem a subjetividade do individuo. Relacionando o conceito de habitus por Bourdieu esse agente social funciona como a família que opera com suas experiências passadas para possíveis ações futuras dos sujeitos, ou seja, uma criança que cresce numa família de cultura letrada terá chances maiores de se tornar um leitor. E conviver com pais que apreciam um bom livro, uma boa leitura, que possuem livros em casa, que freqüentam livrarias e bibliotecas e que no dia a dia aplicam a leitura em seus lares. Para aprender a ler e desenvolver o gosto pela leitura, é fundamental estarmos integrados em comunidades leitoras e, dessa maneira, construir sempre novos sentidos e compartilhar significados com nossos pares. Assim, para continuarmos lendo pelo resto da vida, com a mesma emoção e mantendo a mesma curiosidade sobre o mundo dos escritos, é preciso conviver com outro para quem a relação com a literatura é também intensamente vivida. (SOUZA, 2004, p. 56). Os hábitos de leitura dos pais afetam a maneira como os filhos irão tratar o livro e a leitura, é um olhar diferente daqueles em que na família a leitura é tratada de maneira esporádica ou que não faça parte do cotidiano familiar. As estruturas e as condições sociais que a família possui, como colocar a disposição de variedades de livros em casa, a mediação da leitura pelos pais, atitudes de levarem os filhos para visitas a livrarias, bibliotecas e espaços que promovem a leitura no bairro ou em outro local, são formas que contribuem para que a leitura faça parte da vida deles. Se a leitura é um hábito a ser construído gradati vamente, então podemos afirmar que tal hábito é motivado por um comportamento do meio, na atmosferafamiliar geralmente os filhos são influenciados pelo que os pais praticam ou gostam 25 de fazer, como exemplo, pais que apreciam um estilo de música, provavelmente seus filhos terão o mesmo gosto musical, principalmente quando são influenciados desde cedo. Pode ser um esporte, um instrumento musical, uma profissão ou um modo de agir dos pais, em fim, são coisas que podem influenciar os filhos ao mesmo caminho que os pais. É o que acontece com a leitura, quando na família o hábito de ler se faz presente, as possibilidades dos filhos serem leitores são maiores ao comparar com famílias em que a leitura não faz parte na vida do lar. “A prontidão pela leitura é determinada, em grande parte, pela atmosfera literária e lingüística reinante na casa da criança”. (BAMBERGER, 1991, p. 71). A família que é conhecedora da importância que a leitura exerce em uma pessoa, sabe da responsabilidade que possui em contribuir de forma positiva, para que a leitura seja vista pelos filhos, como um mundo mágico, cheio de descobertas, fazer do livro o melhor amigo em bons e maus tempos. Como um bem indispensável e que é a base para qualquer ser humano a família tem o papel de ensinar valores e princípios que julgam serem corretos para elas e para sociedade. Tais valores e princípios são transmitidos para as gerações futuras, e a leitura é um bem que as famílias deveriam transmitir para suas novas gerações, algumas conhecem o valor da leitura outras nem tanto. Pais leitores, filhos leitores. Pelo menos é o que se espera numa família leitora, é claro que não bastaria apenas pais serem leitores e não contribuírem para 26 que seus filhos sejam também, e esse estímulo deve ser cultivado nas crianças antes delas conhecerem a decodificação dos signos. Porque conhecer a leitura pela decodificação, não é um modo nada convidativo, quando o objetivo é despertar o gosto pela leitura. Toda criança adora ouvir estórias, principalmente, quando são contadas pela mãe, pai ou avós, porque é mais que um estímulo e sim uma total relação de afeto. Um momento que deve ser compartilhado e praticado todos os dias. As canções de ninar são as primeiras historinhas contadas, ou melhor, cantadas pelos pais ou avós ao embalar filhos e netos para dormir, quem não lembra ou sabe de alguma canção? Podemos afirmar que as canções de ninar são o primeiro contato da criança com o universo da leitura, porém, elas não são o suficiente para despertar a leitura, pois formar leitores é um processo a longo prazo. Os pais devem manter o interesse pelos livros para que os filhos façam o mesmo, e não deixar essa importância desaparecer aos poucos, caso contrário os filhos deixaram também. Segundo Bamberger (1991, p. 72) descreve “Da mesma forma que os professores, a função dos pais como modelos é decisiva, isto é, se eles mesmo gostarem de ler, induzirão facilmente os filhos a ler regulamente.” O adulto que pega uma criança no colo e a embala com aquelas cantigas tradicionais, que brinca com o bebê usando as histórias, adivinhações, rimas e expressões do nosso folclore, que folheia uma revista ou um livro buscando as figuras conhecidas e pergunta o nome delas, está colaborando e muito! – para uma atividade positiva diante da leitura. (SANDRONE; MACHADO, 1991, p. 11) Todavia não se deve impor aos filhos a importância da leitura e sim estimular 27 o gosto, ou seja, mostrar o lado bom, como o da fantasia, do mágico, aguçar a curiosidade da criança por algo ainda desconhecido, sem injunção de obrigatoriedade, ou seja, tentar criar um ambiente saudável de leitura. Os livros com gravuras em que somente as imagens falam por si só são livros ideais para crianças que ainda não sabem ler. Os pais ao lerem tais livros podem interpretar e contar a estória, de um modo que a criança preste atenção, fazendo caras e bocas, com entonação dos sons como, por exemplo, o som do cachorro ao latir, elementos indispensáveis que um contador de estórias deve ter, a qualidade de entreter, o que seria o lúdico. Para Bamberger (1991, p. 50) afirma que “A criança entra em contato com a linguagem das gravuras antes da linguagem das letras. Uma vez que ela já aprendeu a entender o significado das figuras, é necessário que o material de leitura inicial as contenha em grande número.” Uma das primeiras coisas que as crianças devem pegar e ver são livros de gravuras. Antes mesmo que a criança seja realmente capaz de compreender o texto, os pais devem ler em voz alta e falar-se sobre o livro, contemplando com ela as gravuras e nomeando as coisas que nelas se vêem. (BAMBERGER, 1991, p. 71). Segundo Litton (1975) o gosto das crianças pela leitura varia de acordo com o crescimento físico e mental, então, os pais devem estar atentos quanto a isso. Respeitar o limite da criança é essencial para não sobrecarregar com estórias longas, com isso desmerecendo a leitura, assim, o indicado na faixa etária infantil são estórias curtas com bastantes gravuras. Os pais devem prezar pela qualidade da leitura, conquistar aos poucos sem pressão ou presa. Alguns pais cometem o erro de apresentar o livro somente quando a criança aprende a decifrar a palavra escrita, pensam em não comprar um livro porque 28 o filho ainda não sabe ler e que seria dinheiro em vão, comprar uma coisa que seria inútil. Acontece também alguns casos em que os pais desestimulam a curiosidade da criança, e quando ela vai pegar um livro e querer folhear, costumam dizer coisas do tipo “larga esse livro você não sabe ler” ou “não pegue você vai rasgar ou amassar o livro”, são situações que acontecem e que acabam criando uma barreira entre a criança e o livro, como o medo de mexer e alguém brigar ou mesmo de entender que o livro não é algo bom. No livro “Cobras em compostas” da escritora Ana Cristina Araújo Ayer de Oliveira, que possui o pseudônimo de Índigo, o Ministério da Educação que é a editora responsável pelo livro, fez uma pequena entrevista com a autora, disponível no final do livro, e na primeira pergunta indagou a escritora por qual motivo começou a gostar de ler, Ana Oliveira responde que: “Desde que me conheço por gente. Quando não sabia ler, pedia toda noite para minha mãe contar histórias. Em casa sempre tivemos muitos livros. Minha mãe não permitia extravagâncias com roupa, sapato e brinquedos, mas livros ela comprava sem pensar duas vezes.” (OLIVEIRA, 2006, p. 114) Têm casas onde os pais trancam seus livros nas estantes, ninguém pode tocá-los a não ser eles, ou porque foram caros ou porque é único e, por isso, deve mantê-lo longe das crianças. Contudo, como toda criança é curiosa os pais deveriam permitir o uso dos livros, pois, como esperam que seus filhos sejam leitores com essa atitude, anulando a curiosidade da criança em relação ao livro. Mesmo que elas sejam iletradas e que tais livros não sejam para suas idades é importante 29 que aconteça esse contato. Mas os pais preferem repreender, dessa maneira induzindo a criança a pensar que o objeto livro não seja algo bom e/ou que não deva tocá -lo por medo de repreensão dos pais. Talvez não seja a priori um contato mais adequado, uma vez que podem ser livros que não convêm com as idades da criança, contudo o importante é permitir a curiosidade da criança com o objeto livro. Para Bamberger (1991, p. 50) “[...] a disponibilidade de livros, representa um papel decisivo no despertar interesses de leitura.”, porém não adianta crescer em um ambiente cercado de livros que são inatingíveis. O livro vai virando um santo no altar. Ou de um caroço de mamão: todo mundo diz que é muito bom, tem papaína, faz bem para o aparelho digestivo, mantêm a saúde, mas a primeira coisa que todomundo faz quando corta o mamão é jogar fora os caroços. Sadio demais e gostoso de menos. (SANDRONE; MACHADO, 1991, p. 134). É o caso também dos livros didáticos que as mães tem o maior cuidado de encapá-los, de escrever o nome do filho para não perder, em fim, medidas de conservação e segurança, e alertam os filhos quanto ao cuidado. É claro que é imprescindível que a criança ou adolescente aprenda os cuidados necessários para o bom uso do livro. Entretanto, as mães não recomendam que explorem o livro, as informações, as imagens, despertando a curiosidade em relação ao livro, ficando aquele contato somente quando o professor passa exercício ou em períodos de prova. A família que possui uma rotina de leitura pode contribuir e muito para a formação do hábito de leitura da criança. Conviver em um espaço letrado, onde os pais são vistos freqüentemente com livros, induz aos filhos o mesmo 30 comportamento. “[...] o fato de a criança está inserida numa cultura letrada tem uma influência positiva significativa em seu progresso em leitura [...]” (TERZI, 2001, p. 14). Corroborando Sandrone e Machado (1991) afirmam que os pais que lêem e possuem hábitos de leitura desenvolvidos podem ficar tranqüilos que os filhos serão bons leitores. Argumentam que “Numa casa onde os pais gostam de ler, mesmo que não disponha de uma boa biblioteca, a criança cresce valorizando naturalmente aqueles objetos cheios de sinais que conseguem prender atenção das pessoas por tanto tempo” (SANDRONE; MACHADO, 1998, p. 12). O simples costume do pai aos domingos comprar o jornal da manhã e ler e a mãe lendo livros de receita ou mesmo as revistas de novelas, são ações observadas pelos filhos. Todavia, além do comportamento dos pais é preciso uma dedicação especial para incentivar o desenrolar do hábito, ou seja, estabelecer um meio favorável para à hora da leitura, onde pais e filhos estejam dispostos a compartilhar momentos únicos que a leitura proporciona. As estórias contadas antes de dormir é uma ótima opção de incentivo, após o momento da leitura os pais devem perguntar o que o filho achou da estória o que gostou e o que não gostou, ou seja, fazer a criança interagir. Estabelecer aos poucos uma rotina de leitura assim como a hora do estudo e do almoço. Se a mãe e o pai lerem os livros dos filhos de vez em quando, isso não só incentivará a ler como também como também proporcionará uma base para discussão. Os pais poderão compreender melhor os próprios filhos e a 31 significação dos livros para o seu desenvol vimento. (BAMBERGER, 1991, p. 71). Alguns pais querem que seus filhos sejam bons alunos, mas para ser um bom aluno é preciso ser leitor, por isso os pais deveriam estar preocupados em estabelecer um hábito de estudo e quanto maior o tempo, melhor o filho será nos estudos. Mas estudar requer ler, e quando o filho não foi estimulado desde cedo a ler ou quando conheceu a leitura por obrigação nas escolas, é frustrante para criança ou adolescente ter que ler muito, repercutindo no desempenho escolar. A maneira como a leitura é desenvolvida no ambiente familiar vai determinar de modo positivo ou negativo para a formação do filho leitor, de maneira que há pais, que sabem da importância da leitura, porém não mostram o exemplo em casa, como ler na frente dos filhos, contar estórias, e outras maneiras de incentivo. São pais que impõem a leitura como uma obrigação, que acreditam que ler é importante apenas para os estudos, assim para se ter um bom emprego, deixando de lado a leitura de lazer, que para eles seria perda de tempo, dessa forma a criança ou o adolescente tem a leitura como uma frustração. “Se a leitura deve ser um hábito, deve ser também fonte de prazer, e nunca uma atividade obrigatória, cercada de ameaças e castigos e encarada como uma imposição do mundo adulto. Para se ler é preciso gostar de ler.” (SANDRONE; MACHADO, 1998, p. 11). O escritor Wagner Costa em seu livro “Quando meu pai perdeu o emprego” na parte que fala sobre “Autor e obra” ele comenta da influência do pai no incentivo da leitura no lar “[...] meu pai, o Zé Mineiro, sabia contar histórias de um jeito todo 32 especial, e eu viajava dos limites da realidade para os horizontes da fantasia.” (COSTA, 1993, p. 63). É fato que toda criança adora ouvir estórias, e a família faz parte da formação do leitor, porque ela é ou pelo menos deveria ser a primeira a incentivar o gosto pela leitura. O amor pelo livro não é coisa que aparece assim de repente. É preciso ajudar a criança a descobrir o que eles lhe podem oferecer. Cada livro pode trazer uma idéia nova, ajudar a fazer uma descoberta importante e ampliar o horizonte da criança. Aos poucos ela ganha intimidade com o objeto -livro. Uma coisa é certa: as histórias que os pais contam e os livros que pais e filhos vêem juntos formam a base do interesse a ler e a gostar dos livros. (SANDRONE; MACHADO, 1998, p. 16). Bamberger (1991, p. 72) cita algumas maneiras de como os pais podem incentivar a leitura para os filhos: a) contar histórias e ler em voz alta para os filhos com freqüência; b) organizar uma biblioteca de acordo com a idade e o gosto da criança; c) incentivar que o filho compre livros com a mesada; d) reservar um tempo para a leitura em que cada membro da família possa participar; e) participar do mundo literário do filho, conversar o que ele está lendo; f) mostrar ao filho o que a leitura pode trazer de bom para eles, que os livros dão segurança, luz e beleza às suas vidas. Não só levar os filhos aos parques, praças, shoppings, mas levar também nas bibliotecas e em espaços que promovam a leitura, livrarias e feiras de livros. Quando ainda são pequenos tem a alternativa da brinquedoteca, um local muito recreativo e lúdico, de grande estímulo de leitura para as crianças. Acompanhar e participar das atividades nesses locais junto com os filhos é imprescindível, ao observar os 33 pais realizando tais atividades a criança se mostra mais interessada, fora que o contato com outros adultos e crianças nesse universo letrado é um diferencial positivo. 34 CAPÍTULO II – MÉTODO O metodo escolhido para realização do TC foi de pesquisa bibliografica de modo qualitativo afim de estudar diversos autores e artigos com o objetivo de ter varias falas e discuçoes a respeito de um mesmo tema, para ampliar o conhecimenro sobre o assunto em questão. O foco de pesquisa se direciona a alunos da Educação Infantil com o tema proposto de Literatura infantil – Contação de Historias em modo lúdico, como trabalhar com eles e como trazer a literatura para o dia a dia das crianças induzindo as a se tornarem adutos leitores e com isso ajudando também no seu desenvolvimento cognitivo e no imaginario infantil, despertando curiosidades e interesses. A pesquisa em questão foi desenvolvida no decorrer de tres meses com a leitura de varios artigos e livros sendo um deles o de Juracy A. Saraiva, Palavras Brinquedos e brincadeiras onde ela fala que: A importância da função simbólica que brinquedos e brincadeiras desempenham justifica sua introdução no âmbito escolar e, por um lado, elimina a falsa ideia de que o lúdico está dissociado de finalidades utilitárias; por outro, reafirma que as atividades pedagógicas podem constituir um prolongamento do mundo da infância e se orientar para a recuperação dos elos entre a aprendizagem e o riso. Por isso, propõe-se que a ludicidade não seja contraposta à aprendizagem sistemática, mas que com ela estabeleça uma estreita ligação para garantir às crianças, por meio de brinquedos, jogos e brincadeiras, a experiência do simbólico, a manutenção de vínculos com sua realidade sociocultural e o domíniode habilidades cognitivas, sobretudo aquelas relacionadas à leitura e à escrita. No texto ela mostra os beneficios da lúdicidade no dia a dia da criança e como isso a motiva a querer interagir e saber mais sobre o assunto, mostrando que brincar tambem e aprender. Pode se destacar também sobre o livro OS 35 JOGOS E O LÚDICO NA APRENDIZAGEM ESCOLAR onde os autores sitam que: “O brincar é sério, uma vez que supõe atenção e concentração. Atenção no sentido de que envolve muitos aspectos inter-relacionados, e concentração no sentido de que requer um foco, mesmo que fugidio, para motivar as brincadei- ras. O brincar supõe também disponibilidade, já que as coisas mais importan- tes da vida da criança – o espaço, o tempo, seu corpo, seus conhecimentos, suas relações com pessoas, objetos e atividades – são oferecidas a uma situação na qual ela, quase sempre, é a única protagonista, a responsável pelas ações e fantasias que compõem essa atividade.” Pode -se entao sitar diversos altores renomados sobre o assunto onde trazem propostas parecidas com pensamentos diferentes tais como Fanny Abramovich, Flavia Muniz, Monteiro Lobato, Ana Maria Machado entre outros. Por conseguinte, não podemos falar de ludicidade sem sitar Jean Piaget . Piaget estudou os estágios de desenvolvimento de noções e operações, buscando analisar os esquemas utilizados pelas crianças em sua perspectiva própria, ou seja, desconsiderando o que aprendiam na escola. Para isso, adotou um método clínico ( Piaget et al., s.d.; Delval, 2002) em que propunha situações experimentais que permitiam observar os modos de as crianças compreenderem ou realizarem procedimentos em problemas de física ou matemática. Foi ele um grande nome da literatura infatil onde realizou diversos estudos e nos entregou varios artigos e livros sobre o assunto em questão sendo um grande nome da Pedagogia. 36 CAPÍTULO III – ANÁLISE E DISCUSSÃO A ludicidade é primordial na infância em que deve ser vivenciada não só como uma mera distração, mas também com a finalidade de ampliar suas potencialidades, pois o conhecimento é construído por meio de suas interações e das trocas com o meio ao longo da vida. A partir do estudo realizado foi possível compreender a importância que lúdico pode trazer quando incluídos na educação infantil, proporcionando um desenvolvimento integral uma vez que estimulam diversas áreas no âmbito social, cognitivo, afetivo.. Portanto é importante ressaltar que levar o lúdico para o âmbito escolar como proposta pedagógica pode ser uma atitude que requer uma reflexão por parte dos educadores com relação a sua finalidade, pensando em atividades que estimulem e desafiem os alunos, para que eles possam desenvolver o abto de leitura e o imaginario. Cunha expõe que, se literatura infantil e adulta se afastam na essência da literariedade, então não haverá literatura infantil, já que a mesma não será considerada literatura e, portanto, arte. Para que haja de fato uma literatura para crianças é necessário ser, antes de tudo, literatura e ter portanto, qualidades e características de um bom texto. Cunha, valendo-se de Andrade (1964) aponta a importância do texto para crianças. Este não deve ser uma literatura menor, de menos qualidade, mas provida de linguagem adequada e escrita com decência. Além disso, muitas vezes aliteratura infantil é infantilizada, ocasionando a deformação das palavras e da própria arte. Sendo assim, segundo a autora a literatura infantil são todas as obras realmente artísticas voltadas à criança e providas de características peculiares deste gênero. A literatura está em constante mudança, mas as boas obras continuam vivas. A literatura se faz presente nas brincadeiras, nas rodas cantadas, na arte e nos filmes infantis. Na educação infantil ela esta sempre articulada com as atividades lúdicas, pois a literatura promove o desenvolvimento da criança, além da imaginação, da criatividade, do seu senso crítico. Uma história pode entreter e despertar a curiosidade das crianças, mas pode 37 também enriquecer se estimular a imaginação, ajudar a desenvolver o intelecto, se estiver harmonizada com suas ansiedades e aspirações, de modo que possa auxiliar nas sugestões para os problemas que a perturbam. Como bem coloca Abramovich (2005): [...] é importante para a formação de qualquer criança ouvir, muitas histórias...Escutá-las é o início da aprendizagem para ser um leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo...(p.16) O contato da criança com os livros antes de aprender a ler auxilia a torná-lo significativo como um objeto que proporciona satisfação. Isto ocorre porque ao tocar, manusear, olhar,alisar o livro e brincar com as folhas e gravuras, a criança sente um prazer similar ao proporcionado pelo brinquedo. Historicamente, literatura infantil e escola estiveram e estão intimamente ligadas. Com certeza que as histórias contribuem em muitos momentos e em diferentes aspectos da escolaridade infantil, mas sabe-se que é principalmente na escola, na maioria das vezes que a criança entra em contato com as histórias que servirão de entretenimento e cultura. 38 CONSIDERAÇÕES FINAIS A leitura está diretamente ligada à formação do ser humano e ao seu desenvolvimento intelectual, resultando em cidadãos mais conscientes e críticos. O livro tem o poder de ampliar o conhecimento, despertar a imaginação e os sentimentos, fazer refletir acerca de diferentes assuntos. Através da leitura os pais e educadores conseguem ajudar no desenvolvimento cognitivo e de habilidades e aprender a ler é apenas o primeiro estágio. Por isso, os livros devem ser apresentados à criança logo nos primeiros anos de vida. Além disso, é importante fazer com que o contato com a leitura se torne algo natural e tornar o ato de ler algo que dê prazer. Isso deve ser feito não apenas em casa pelos pais, mas também pelos professores, na escola. No caso dos pais, eles devem introduzir os livros de forma natural e sem pressão, por meio de atividades que estimulem o interesse dos filhos. Adotando algumas práticas como o hábito de lerem juntos, ler livros que sejam de um assunto que a criança se interesse, estimulando-a a fazer perguntas. Aqui a criatividade faz toda a diferença, desde criar um cantinho dos livros, que estimule o processo de leitura, até criar o hábito de ler todas as noites para a criança. Um aspecto interessante da leitura em família é que, além dos benefícios intelectuais, há também os emocionais, já que momentos de leitura e de contação de histórias aumentam “o vínculo dos pais com os filhos”. Já no caso das escolas, os professores devem adotar uma prática pedagógica que estimule o ato de ler. Eles devem introduzir a leitura de jornais, revistas e livros durante as aulas, como forma de estudar a língua portuguesa, aumentar o vocabulário, trabalhar a interpretação de textos. Estimule conversas em torno da história, deixe a criança fazer perguntas e torne a leitura uma atividade agradável. Respeitando sempre o limite, o tempo e a realidade de cada aluno. Ao ler, os alunos aumentam seu repertório, seu conhecimento a respeito de diversos assuntos, adquirem informação, aprendem e se tornam cidadãos mais críticos. Isso é fundamental na formação dos alunos e refletirá diretamente na sua vida adulta. 39 O lúdico proporciona um desenvolvimento sadio e prazeroso, pois enquanto está brincando, aprende os conteúdos de maneira mais leve, fugindo do método tradicional de ensino. O presente estudo mostrou como é importante o lúdico não só para vida escolar mas também para a vida pessoal das crianças, levando em consideração que contribui para a formação de cidadãos independentes, capazes de interagir com o outro, de respeitarregras, valores que devem ser tratados desde a infância para se tornarem adultos melhores. Usar atividade lúdica é uma maneira de ensinar, os conteúdos escolares de forma mais estimulante promovendo aulas com qualidade indo de encontro com os interesses e necessidades dos alunos. Portanto utilizar o lúdico como uma ferramenta nas dificuldades de aprendizagem pode trazer resultados positivos, pois a criança está envolvida emocionalmente na ação, ficando mais atenta e a aprendizagem pode se tornar mais significativa. É preciso que o professor assuma um papel de facilitador do conhecimento oferecendo momentos em que as crianças trabalhem de forma autônoma e ativa favorecendo a construção da sua própria aprendizagem. Além disso, faz com que os alunos se divirtam tornando mais agradável as aulas e consequentemente o processo de aprendizagem. Podemos concluir então que o lúdico auxilia tanto na aprendizagem quanto no desenvolvimento pessoal, desenvolve o indivíduo como um todo, dessa forma incluílo na educação infantil durante sua prática docente resultará no desenvolvimento integral além de tornar as aulas mais dinâmicas e leves para os alunos. 40 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infantil: gostosuras e bobices 5ª ed. São Paulo:Scipione,2006. ANDRADE, M. M. Introdução à Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Atlas, 2007 ARIES, Philippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981. BATISTA, Cleide Vitor Mussini; MORENO, Gilmara Lupion. Visão histórico-filosófica de infância, perspectiva de infância na contemporaneidade. In: ZAMBERLAN, Maria Aparecida Trevisan (Org.). Educação Infantil: subsídios teóricos e práticas investigativas. 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