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62 4. O PLANO DE AÇÃO E AS AVALIAÇÕES EXTERNAS – INSTRUMENTOS DE APOIO E MONITORAMENTO As grandes reformas educacionais de que se tem notícia sempre começam com um diagnóstico que auxilia na identificação dos principais desafios e construção das prioridades dos sistemas de ensino. Como identificar prioridades quando tudo parece ser prioridade? O Programa Educar pra Valer acredita que a prioridade da escola é ensinar. Os alunos da rede pública precisam ter acesso aos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, que se materializam no cur- rículo escolar, além de outras habilidades e competências relacionadas ao seu desenvolvimento socioemocional. Mas, para aprender algo na escola, a prioridade número um deve ser a aprendizagem da leitura e da escrita. Como prosseguir aprendendo na escola sem saber ler e escrever? É possível? Como ser cidadão sem saber calcular juros? Entender uma conta? Entender a metragem de algo? O EpV sugere um Plano de Ação muito simples, construído a partir de um diagnóstico de indicadores educacionais, tendo em vista os princí- pios que fundamentam o direito de aprender dos estudantes. Essa é uma proposta com definição de metas de aprendizagem que serão sistematica- mente acompanhadas e mensuradas através dos resultados das avaliações externas para alfabetização e quintos anos. O Plano também propõe ações estratégicas que auxiliam na conquista das metas. 63 4.1- A ESTRUTURA DO PLANO DE AÇÃO O plano é constituído de: objetivos, metas, ações estratégicas, cronograma, recursos humanos e financeiros. Os objetivos sugeridos para o Plano de Ação estão fundamentados nas boas práticas em gestão educacional pública e nas prioridades observadas nos municípios. A partir das diretrizes do Plano, serão definidas as metas e ações estraté- gicas para o município. 4.1.1- O QUE SÃO METAS As metas transformam os objetivos em tarefas específicas tem- porais e mensuráveis. Por exemplo: emagrecer 12kg em um ano ou construir uma casa até o final de 2020, com um valor estimado x. Uma vez definidas, as metas não podem ser engavetadas. Elas precisam ser comunicadas e perseguidas! 4.1.2- ESTRUTURA DO PLANO DE AÇÃO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO A seguir, será apresentada a estrutura de um Plano de Ação proposto pelo EpV. Esse Plano é semi-estruturado e possui duas diretrizes importantes: h as metas propostas através de objetivos estratégicos e indi- cadores municipais educacionais; h ações estratégicas baseadas em evidências que irão inspirar as atividades com vistas ao alcance das metas e vibilizar os processos de aprendizagem na escola. Apenas para efeito didático, as diretrizes para construção das metas e objetivos estratégicos estão organizadas em eixos e pilares que constituem as bases do programa. Com base no diagnóstico do município, as ações planejadas em cada eixo devem ocorrer de forma sistêmica e integrada às metas. 64 DIRETRIZES PARA DEFINIÇÃO DE METAS OBJETIVOS IMPORTANTES PARA MELHORAR A APRENDIZAGEM W Alfabetizar todas as crianças até o segundo ano do ensino fundamental W Alfabetizar todos que não foram alfabetizados na idade certa W Elevar o IDEB do Ensino Fundamental I W Elevar o IDEB do Ensino Fundamental II W Zerar o abandono W Elevar o índice de aprovação do município, pensando estratégias responsáveis para melhorar a aprendizagem W Universalizar o atendimento da Educação Infantil (4 e 5 anos) observando a melhoria da sua qualidade. DIRETRIZES PARA AS AÇÕES ESTRATÉGICAS GESTÃO DO SISTEMA EDUCACIONAL W Atender 100% das crianças em idade escolar obrigatória: 4 a 14 anos de idade W Cumprir os 200 dias letivos, bem como as 800 horas de aula W Reordenar rede de escolas W Fortalecer a autonomia das escolas (financeira, administrativo e pedagógica) W Definir critérios técnicos para a seleção de gestores escolares W Organizar a formação continuada dos professores observando o Piso Salarial Profissional Nacional – Lei nº 11.738 W Orientar as escolas a organizar a lotação de professores, formação de turmas, relação aluno professor AVALIAÇÃO DO SISTEMA W Avaliar sistematicamente o ensino fundamental W Organizar os resultados das avaliações externas para apoiar a gestão ACOMPANHAMENTO ÀS ESCOLAS W Instituir modelo de acompanhamento às escolas SUSTENTABILIDADE W Instituir incentivos às escolas e/ou profissionais que atingiram as metas W Realizar eventos municipais para premiar e/ou valorizar as escolas que se destacaram no alcance das metas. 65 4.1.3- ESTRUTURA DO PLANO DE AÇÃO DAS ESCOLAS Após a construção do Plano de Ação de educação do município, a secretaria deverá pactuá-lo com cada escola. Esta, por sua vez, deverá desenvolver o seu próprio Plano de Ação, um pouco mais simplificado que o da secretaria, porém alinhado às diretrizes, metas e ações estratégicas municipais. O fato de ser mais simples não significa menos importante. Isso diz respeito ao limite de atuação de cada instância. A secretaria somente irá alcançar seus resultados em parceria com as escolas. Por isso, todo mundo tem que estar engajado, falando a mesma linguagem, buscando as mesmas coisas, mesmo que com estratégias diferentes. Segue a estrutura do Plano de Ação da escola: DIRETRIZES PARA AS METAS OBJETIVOS IMPORTANTES PARA MELHORAR A APRENDIZAGEM Alfabetizar todas as crianças até o segundo ano do ensino fundamental. Alfabetizar todos que não foram alfabetizados na idade certa. Elevar o IDEB do Ensino Fundamental I. Elevar o IDEB do Ensino Fundamental II. Reduzir o abandono. Elevar o índice de aprovação do município, pensando estratégias responsáveis de melhorar a qualidade da aprendizagem. Universalizar o atendimento da Educação Infantil (4 e 5 anos) observando a melhoria da sua qualidade. DIRETRIZES PARA AS AÇÕES ESTRATÉGICAS ORGANIZAÇÃO PEDAGÓGICA Cumprir os 200 dias letivos, bem como as 800 horas de aula. Organizar a lotação de professores, observando o perfil alfabetizador. Observar os resultados das avaliações externas e organizar estratégias para superar as vulnerabilidades de aprendizagem. Organizar o trabalho pedagógico de apoio ao planejamento e a formação dos professores, incluindo as observações em sala de aula. Acompanhar, consolidar e garantir a frequência dos discentes e docentes. 66 4.2 - AS AVALIAÇÕES EXTERNAS, O MONITORAMENTO DAS METAS E DAS AÇÕES ESTRATÉGICAS As metas são mensuráveis e isso possibilita a definição de indicadores da escola e do município. Os indicadores são capazes de fornecer as informações que precisam ser analisadas pela gestão a fim de sa- ber se a escola e o município estão próximos ou não de alcançar a meta. Se a meta é ter 90% das crianças lendo fluentemente e, em agosto, se apenas 10% das crianças estão nesse nível, há que se rever as ações de intervenção. O EpV oferece às redes municipais que partici- pam do Projeto as avaliações diagnósticas e formati- vas para os anos iniciais do ensino fundamental, que são realizadas respectivamente no início e ao longo do ano letivo. Ao final do ciclo da alfabetização e dos anos iniciais do ensino fundamental (segundos e quintos anos), são realizadas avaliações externas padroni- zadas somativas por uma instituição externa espe- cializada capaz de mensurar a evolução do nível de aprendizagem nas redes de ensino. O quadro a seguir descreve a sequência dessas provas: PARA REFLETIR: 1) Você tinha conhecimento de que a secretaria possuía um Plano de Ação? Conhece as metas desse Plano? 2) De que maneira a escola pode contribuir para que o município atinja as metas propostas? 3) Quais estratégias o superintendente pode adotar para apoiar a escola na construção do seu Plano de Ação, em sintonia com as metas da secretaria de educação? 4) Como construir um processo comunicativo efi ciente objetivando a divulgação e conhecimento das metas do município por todos os profi ssionais da secretaria e das escolas, bem como pais e comunidade em geral? 68 As metas são definidas pelasavaliações somativas e as demais avaliações contribuem para moni- toramento da sua evolução ao longo do ano, dando suporte para as possíveis intervenções e realinha- mento das ações estratégicas. Após cada avaliação, o superintendente escolar deverá se apropriar dos indicadores de resultado das escolas. Essa é uma das suas principais tarefas. Estudando os resultados, ele estará apto a instigar reflexões para realizar uma análise de resultados, observando: os percentuais gerais do resultado de leitura e de acertos por escolas, por turma e ano; os percentuais por descritores por escola/ turma/ano nas provinhas objetivas; os alunos com maior difi culdade em leitura e o menor percentual de acerto na avaliação escrita; o que contribuiu para esses resultados; o que pode ser melhorado no processo para que a escola alcance suas metas; o que a escola vem fazendo para intervir nesses resultados. 69 ATENÇÃO: A secretaria de educação e as escolas devem assumir o compromisso de identifi car, de forma contínua e transparente, os resultados da aprendizagem dos estudantes, para que não haja surpresas negativas quando os resultados do IDEB forem divulgados pelo MEC. PARA REFLETIR: 1) Você conhece os resultados de avaliação do seu município? Como você analisa tais resultados? 2) Sabe quais as melhores escolas e as que possuem os maiores desafi os em relação à aprendizagem dos estudantes? 3) Como você organizaria um trabalho sistemático para a devolutiva dos resultados das avaliações externas? A escola precisa dar conta da frequência dos estudantes, do acompanhamento ao trabalho dos professores e de outras estratégias defi nidas em seu Plano de Ação. Tudo isso precisa ser monitorado pela superintendência, que deve apoiar a gestão no sentido de melhor con- duzir seu trabalho, realizando as correções de rumo em sintonia com as metas de aprendizagem.