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Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB Causas de adenomegalias: - Infecciosas. - Neoplásicas. - Auto-imunes. - Reacionais (resposta à drogas, vacinas, pequenas infecções, por ex: faringite/ amigdalite, “gânglio satélite”, forma reacional do organismo frente a uma infecção próxima). Observação: 1. Paciente percebeu gânglio(s) aumentado (s) ou foi achado de exame físico? 2. É realmente gânglio (cisto, l ipoma, nódulos)? Devemos saber diferenciar propedeuticamente. 3. Considerar a idade do paciente: • < 30 anos 80% são condições benignas. • > 50 apenas 40% são condições benignas e 60% são malignas), portanto cuidado com gânglios em pessoas de idade. 4. Tem repercussão sistêmica? Ou se é um g â n g l i o i s o l a d o ( m e n o s v a l o r propedêutico), gânglio disseminado (= resposta sistêmica). Síndrome mono like: - Síndrome da mononucleose/mono-like/ mononucleose smile. • Síndrome = conjunto de sinais e sintomas que podem ser produzidos por várias doenças. CARACTERÍSTICAS: saber!! ✓ B o m e s t a d o g e r a l c o m b a i x a repercussão sistêmica. ✓ Adenomegalia. ✓ Quadro de instalação recente com manifestações clínicas que regridem após 3 a 4 semanas. ✓ Hepato-esplenomegal ia d iscreta ( d o l o r o s o , c h e i o d e s a n g u e , hipertrofiado). ✓ Exantema máculo-papular discreto por alguns dias ou ausente. ✓ Febre geralmente discreta. - Síndromes mono likes mais frequentes no nosso meio: • Citomegalovírus. • Toxoplasmose. • Sífilis. • Mononucleose Infecciosa. • Infecção aguda pelo HIV. - Do ponto de vista infeccioso, essas são as mais preva lente , a fas tando outras causas neoplásicas, autoimunes e racionais. Protocolo laboratorial inicial: - Hemograma: não faz diagnóstico, apenas sugere algo. - PCR/ VHS (pedir para todo paciente febril, com doença sistêmica). • PCR se eleva muito principalmente em infecções bacterianas, em demasia etiologias sobre muito pouco. - Raio X de tórax e baciloscopia se suspeita d e T B o u d e m i c o s e s p r o f u n d a (histoplasmtoae, criptococose…). • Quando se pensa em TB deve se sentar em micose profunda e vice versa, pois elas s ã o i d ê n t i c a s c l i n i c a m e n t e , fisiopatologiacmente, são diagnósticos diferenciais umas das outras. - 1ª bateria sorológica: para doenças mono- like. • C M V , t o x o p l a s m o s e , s í fi l i s , mononucleose infecciosa, HIV agudo. • Eventualmente: Brucelose. 29 Adenomegalias Febris Infe"iosas Dr. Foccacia - DATA: 25/04 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB - Se sorologias negativas e persistência da adenomegalia: fazer biópsia do gânglio e histopatológico completo. • Um gânglio está “pedindo para ser tirado”, portanto a retirada do gânglio, quando se afasta doença mono like, é fundamental. Dados propedéuticos importantes: - Anamnese cuidadosa: cronologia da instalação dos sintomas e sua evolução. - Comportamento preferência sexual. - Uso de drogas ilícitas e medicamentos. • Determinado remédio pode desenvolver um gânglio (medicamentoso). - Bom estado geral (mono-like) - Emagrecimento (doenças consumptivas). - Anemia e sudorese noturna: pensar em TB e micoses profundas, e como diagnóstico diferencial, o linfoma. - Artralgia (auto-imune). - Alterações oculares (toxoplasmose, TB, micoses, sarcoidose). • Paciente com adenomegalia devemos pedir um exame de fundo de olho. - Hepatoesplenomegalia. - Língua (AIDS, escarlatina, neoplasias). - Prurido cutâneo (doenças exantemáticas, hematológicas). - Dor óssea (leucemia aguda) e gânglios disseminados. - Características do gânglio: • Supraclavicular esquerda = gânglio de Virchow sinal de Trosier, tumores abdominais. - Drena todos vasos l infáticos do abdome. • Inguinal: IST. - Pois a drenagem linfática dos MMII é para região inguinal. • Cervical: síndrome mono-like. • Único, doloroso: gânglio satélite de pequena infecção próxima (amigdalite, faringite..). • Retroauricular e BEG: rubéola. • Quantidade, consistência, mobilidade; dor à palpação, aderência aos planos profundos. • Generalizados: AIDS agudo ou diagnóstico diferencial com neoplasia. • Fistulizados (secreção purulenta): TB ou micose profunda (pr inc ipa lmente blastomicose) . • Flutuação (bartonelose – febre por mordedura do gato). Mononucleose infecciosa benigna: - Etiologia: vírus Epstein-Barr (VHB - Grupo Herpes tipo 4). • DNA vírus. • Se mantém em latência clínica (sem sintomas). - Transmissão pela saliva (“doença do beijo”). • Predomina em adolescentes do gênero feminino. QUADRO CLÍNICO: - Precedido de dor de garganta, faringite. • Exsudato. • Petéquias no palato (sinal de Hoogland). - Adenomegalia cervical, submandibular. - H e p a t o e s p l e n o m e g a l i a c o m hepatotropismo (hepatite). - Exantema pós-ampicilina (lembrar que o exantema pode fazer parte do quadro clínico, independentemente do uso de antibiótico). DIAGNÓSTICO: 30 Período % de TV % gravidade 1º trimestre 17% Alta 2º trimestre 25% Média 3º trimestre 65% Baixa Média global 41% Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB - Diagnóstico é feito pela pesquisa de anticorpos IgM específicos contra antígenos do Vírus Epstein-Barr. - Linfocitose (atipia linfocitária ~ 20-50%). • Hemograma é importante nesse caso. - Tratamento: repouso (evolução é benigna). ✴ Raramente o VEB pode causar doença sistêmica grave desencadeando: linfoma de Burkitt, carcinoma nasofaringe, anemia hemolítica, linfoma de Hodking. COMPLICAÇÕES: são raras mas podem ocorrer - Hematológicas = anemia auto-imune (0,5 a 3%); neutropenia, plaquetopenia e linfomas. - Ruptura esplênica (pela esplenomegalia). - Neurológica = encefalite, meningite asséptica (em indivíduo imunossuprimido) - Renais = nefrite intersticial = hematúria; proteinúria. - Cardíacas = ST-T. - Hepática = hepatite fulminante. São muito raras, ocorrem nos adultos, indivíduos de mais idade ou imunossuprimidos. Citomegalovirose: - Herpes vírus tipo 5 presente em todas as secreções humanas na infecção aguda. - A maioria da população é portadora do vírus de forma latente. • É o vírus mais presente na humanidade. Com 3/ 4 anos de idade toda a população já está infectada pelo CMV, mas que fica latente. - P o l i m o r fi s m o c l í n i c o : d e s d e Imunocompetente assintomático a formas mono-like. - Imunossupressão: recrudescências e disseminação para órgãos nobres (sistema nervos, coração…). - Forma congênita são mais graves (15 - 20% ): microcefalia, convulsões, surdez, icterícia, hepatosplenomegalia, retardo mental, surdez. - Diagnóstico: sorologia IgM específico + e PCR. • Só IgG é infecção antiga. - Terapêutica: • Em formas leves: sintomáticos e repouso absoluto. • Formas graves: ganciclovir e foscarnet tem se tentado com pouco sucesso. • O último lugar que ele negativa, é no sêmen, então cuidado com secreções. - Reativação: situações de reativação do CMV sem ser síndrome mono like. • Pacientes submetidos a grandes cirurgias. • Transplante de órgãos (pós transplante). • Aplasia de medula por qualquer causa. Toxoplasmose: - Causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. - Infecção X Doença: na toxoplasmose, tem o indivíduo que é portador do toxoplasma ( i n f e c ç ã o ) , e q u e s e e n t r a e m imunodepressão é doença, e se é tratado volta a ser infectado. No estado de São Paulo infectados gira em torno de 50%) • Hospedeiro definitivo: gato (50% estão infectados). - Ciclo intestinal em que elimina oocistos pelas fezes, que são infectantes. - Só o gato que faz isso e transmite para o ser humano e outros animais (se ingerirmos carne contaminada por toxoplasma vamos adquirir a infecção). 31 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB • Hospedeiros intermediários: homem e outros animais.- Predomina nos locais de clima quente e úmido (São Paulo ~40 % de toxo-Infecção). - Formas: ‣ Adquiridas. ‣ Congênitas (Tétrade de Sabin: 4 sitacoes clínicas bem definidas). Nasce com: - Retardo mental. - Micro ou macrocefalia (por excesso de LCR). - Convulsão crônica. - Calcificações cerebrais (vistas no Rx). ‣ Reativação (corioretinite e encefalite = grave) : indiv íduo que desenvolve imunossupressão. - Ind iv íduos com AIDS , 80% tem reativação da toxoplasmose no SNC. - FORMAS DO PARASITA: • Taquizoíta: formas livres no sangue. • Bradizoítas: formas císticas nos tecidos. - Toxoplasmose ocular e do SNC é devido a ruptura desse cisto na retina e no SNC (pedir fundo de olho e LCR) • O o c í s t i c a ( c o m e s p o r o c i s t o s e esporozoítas): eliminado pelo gato. - Formas infectantes após multiplicação no intestino do gato. RECORDANDO… - Gato elimina oocistos que atinge os animais e homens. - A mulher pode transmitir para o seu conceito causando a forma congênita. - O homem se infecta comendo carne mal passada que contenha cistos do toxoplasma ou por contato com fezes de gato (forma adquirida). TRANSMISSÃO VERTICAL: - A TV é mais grave quanto mais próximo do início da gestação. - A transmissão vertical ocorre somente na fase aguda da infecção. - Portanto, não há risco de a toxoplasmose envolver mais de uma gestação (pois na 2ª gestação ela já vai ter anticorpos). • portanto, ocorre na primo infecção e na primo gestação. • Exceção: grávidas HIV + (facilitação, pode transmitir em qualquer gravidez). - O grande problema da toxoplasmose é no imunossuprimido e na gestação, fora disso é uma doença mais benigna, que se mantém na forma de infecção (não há cura parasitológica). - O que fazer na gestante portadora de toxoplasmose? • Acalmar a gestante. • Tentar tratar pelo menos a gestante. • Diminuir a quantidade de parasitas. 32 Taquizoíta Bradizoítas Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB • Não usar medicações (tóxicas para criança). - Existem países, que dão a opção de abortamento induzido, mas no Brasil é proibido. DIAGNÓSTICO: - Clínico - Epidemiológico- Sorológico: • Sorologia por imunofluorescência indireta/ ELISA (IgM/IgG). - IgM positivo já fecha o diagnostico. - Só IgG posit ivo sugere infecção passada. • Teste da Avidez: pesquisa do IgG pelo antígeno (ELISA). É um teste de rotina nas gestantes, junto com a amnioscopia p/ ver se tem toxoplasma no LA (= criança exposta). - Infecção recente (1 a 3 meses): < 30%. • Risco grande de transmissão vertical. - Infecção anterior: > 60% (menor risco de transmissão vertical). • IgA (ELISA): infecção recente: > 40 U/ml Auxiliar: hemograma/FO/TC crânio/líquor. TRATAMENTO: - Sulfadiazina + Pirimetamina = Terapêutica de escolha! - Espiramicina (comp = 1,5 M UI ou 500mg) = • Terapêutica de escolha na grávida! (1º e 2º trimestre, no 3º tem pessoas que já dão a sulfa + pirimetamina). • E associado em formas grave (paciente com forma ocular ou encefalite). - Associar Ácido folínico p/ todo mundo: para prevenir a trombocitopenia. • 10mg nas refeições. - Tratamentos alternativos: Co-Trimexazol (bactrin), Clindamicina, Atovaquona. • Para pacientes alérgicos à sulfa. - Corticosteróide: para coriorretinite. • Pois decorre de uma ruptura do cisto (lesão mecânica, inflamatória para proteger a retina). PROFILAXIA: - Gato doméstico (fezes): oocisto pode sobreviver no solo por meses. - Lavagem de verduras e frutas: baratas, insetos e moscas são hospedeiros transportadores de oocistos. - Evitar carne crua ou semi-crua (carne congelada ou aquecida a > 66 graus mata o toxoplasma gondii). - Atenção especial para: • Grávidas soronegativas. • P a c i e n t e s i m u n o d e fi c i e n t e s (especialmente portador de HIV-AIDS). HIV agudo: - C l in icamente muito semelhante à mononucleose infecciosa. - Se dá após 2-4 semanas do contágio e dura 3-4 semanas. • Quadro agudo regride em 3 a 4 semanas. • Tomar cuidado: paciente chega em um consultório, relata um quadro monilike que regride, o que pode nos fazer pensar em um diagnóstico errado de mononucleose i n f e c c i o s a ( q u e r e g r i d e espontaneamente), mas que na verdade era um HIV agudo que temos que tratar. • Portanto, na suspeita de mononucleose infecciosa, pesquisar HIV. - Quadros variáveis, desde assintomática até quadros um pouco mais exuberante (até com encefalite). - Os testes sorológicos podem falsear nessa fase. • Fazer, então PCR/NAT ou repetir a sorologia. • Se confirmado, podem começar a tratar: - Esquema básico : Dolutegravir + Tenofovir + Lamivudina. - Já começar a tratar. 33 Infectologia ATD2 Catarina Alipio XXIIB Caso clínico: - Identificação: F.N., 28 anos, caminhoneiro, masculino, casado, nascido em Piracicaba, procedente de São Paulo. - Queixa e duração: Febre há uma semana. - História da Moléstia Atual: Há uma semana começou com quadro de mal-estar, de início insidioso, com mialgia, A febre com temperatura em torno de 37,5oC. ocorre no fim da tarde. Há dois dias notou aumento de caroços na região do pescoço. Estão doloridos e doem ainda mais à palpação. Notou o aparecimento de manchas avermelhadas no tórax e no pescoço, que não coçam. - I n t e r ro g a t ó r i o s o b re o s d i v e r s o s aparelhos: Refere mudança do hábito intestinal. Evacua uma vez ao dia, fezes de consistência amolecida, pastosas. Nega sintomas gastro-intestinais altos, como náusea e vômitos. Refere dor de garganta ao engolir alimentos e mesmo saliva, porém não sabe dizer quando começou. Nega tosse, secreção catarral ou dispnéia. Refere artralgia de pequena intensidade nas articulações dos joelhos. - Antecedentes pessoais e familiares: Paciente é caminhoneiro, faz o caminho entre São Paulo e Nordeste com frequência. Retornou de Recife há 2 semanas, onde passou três dias. Por força de sua profissão, dorme em postos de serviço nas rodovias. Alimenta-se nestes mesmos locais. É tabagista de dois maços por dia e é etilista social. Há um mês sofreu um acidente na rodovia Rio-Bahia com traumatismo no tórax e (sic). Ficou internado em Jequié (Bahia) e recebeu sangue no primeiro dia e no 3o. • Dia recebeu alta. • Tem atividade sexual com garotas de programa nestas viagens. Nega uso de preservativos. Refere atividade sexual estritamente heterossexual. Nega uso de drogas endovenosas. Já fumou maconha e o faz raramente, quando alguém disponibiliza a droga. Acha que tomou todas as vacinas da infância, mas não sabe ao certo. Nega imunizações recentes. Viaja acompanhado de um gato de estimação. Pai e mãe vivos: o pai tem doença de Chagas e a mãe é hipertensa. Tem tia com transtorno bipolar. Sua esposa é saudável. Tem dois fi l h o s ( m e n i n o s d e 6 e 4 a n o s ) , aparentemente saudáveis. - Exame físico: Bom estado geral, corado, hidratado, anictérico, acianótico e eupneico. • PA: 125 x 85 mmHg FC: 80 bpm FR: 16 ipm T: 39,1o C. - Exame neurológico: ndn. - Adenopatia cervical anterior e posterior com linfonodos de 1 a 2 cm de diâmetro, móveis, não coalescidos, dolorosos à palpação; presença de linfonodos semelhantes nas cadeias occipital, supraclavicular e axilar bilateralmente. - Orofaringe com hiperemia +++, hipertrofia amigda l iana ++/4+ , sem exsudatos purulentos. Enantema de pálato duro, com pequenas lesões eritematosas difusas. - Bulhas rítmicas normofonéticas, sem sopros; murmúrio vesicular presente bilateralmente, sem estertores. - Há roncos discretos e difusos, e ausência de sibilos. - Abdome indolor à palpação profunda, fígado a 3 cm do rebordo costa l d i re i to , discretamente doloroso à palpação, consistência normal, bordos regulares. baço percutível e palpável a 2 cm. rebordo costal, consistência mole, discretamente doloroso à palpação profunda. -Pele com discreto exantema máculo-papular no tronco e na região cervical. 34
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