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AQUISIÇÕES E REESTRUTURAÇÕES EMPRESARIAIS AULA 1 Prof. Rodrigo Malta Meurer CONVERSA INICIAL Durante nossos estudos, abordaremos de forma conceitual e por meio de exemplos os diferentes aspectos societários que ocorrem nas diferentes empresas. Conforme abordagem a ser apresentada no decorrer da disciplina, estudaremos os seguintes pontos: 1. Aspectos conceituais. 2. Aspectos normativos. 3. Técnicas empregadas. 4. Planejamento dos trabalhos. 5. Execução dos trabalhos. 6. Conclusão dos trabalhos. Esses são os temas que serão abordados no decorrer da disciplina. Na aula de hoje estudaremos as formas com que uma empresa pode realizar investimento em outras sociedades, podendo ocorrer devida participação societária por intermédio, ou seja, participação de uma sociedade por meio de outras empresas, a qual a entidade possui investimentos. No decorrer da disciplina, verificaremos as condições de participação societária necessárias na investidora na contabilização da conta investimentos no Ativo Não Circulante. Com isso, nas primeiras aulas, vamos nos aprofundar nos aspectos conceituais e normativos. Deste modo, vamos identificar os diferentes tipos de participações societárias e os diferentes métodos de avaliação desses investimentos. Nas próximas aulas, discutiremos aquisição de participação societária, voltando-nos, principalmente, às operações de combinações de negócios, que se trata de uma das formas com que o adquirente obtém o controle sobre um ou mais negócios. Posteriormente, buscaremos compreender os conceitos fundamentais para consolidação de demonstrações contábeis, apresentando os procedimentos para consolidação. Em seguida, buscaremos entender a reestruturação societária das entidades com o principal foco na observância da união de uma ou mais sociedades em, até mesmo, da junção de entidades, com intuito de formar outra entidade, sendo ainda analisadas as principais operações descritas como: Incorporação, Cisão e Fusão. Por fim, veremos a reestruturação das sociedades. No entanto, nesta aula buscaremos o entendimento sobre a reestruturação financeira em casos de falência e recuperação judicial. Dessa forma, temos o modelo completo que será abordado durante nossos estudos. CONTEXTUALIZANDO Os investimentos são pontos importantes no contexto de uma organização, lembrando que existe uma série de decisões a serem tomadas em uma entidade, ligadas a suas atividades operacionais e de financiamentos, ademais, tem-se as atividades de investimentos que devem ser avaliadas para alcance de melhores resultados. Continuando, os usuários de uma empresa devem tomar decisões quanto aos investimentos de seus recursos em busca de crescimento e desenvolvimento, pois o objetivo dos sócios é o lucro. Nesta aula, vamos nos aprofundar nos conceitos de investimentos em participações societárias, buscando o entendimento dos diferentes investimentos que ocorrem de uma empresa sobre outra. Nessa mesma linha, vamos estudar sobre as diferentes formas de investimentos, que se tratam até mesmo da aquisição e/ou compra de ações de outra entidade, e a partir disso aprofundar nos conceitos de participações societárias ligadas à influência significativa e controle de uma sociedade sobre outra. Mais adiante, identificaremos o valor de uma ação, aprofundando-se na mensuração do valor dessa ação adquirida e, por meio das diferentes grandezas dos investimentos, avaliaremos as questões de participação societária entre essas empresas. Observaremos, então, por meio da avaliação da participação de uma entidade sobre a outra, diferentes tipos de controle. Estes, por sua vez, serão conceituados e exemplificados para melhor entendimento durante a aula. Dessa maneira, no decorrer da disciplina, vamos nos centrar principalmente nos investimentos que possuem intenção de permanência, ou seja, uma extensão da atividade econômica da investidora sobre a investida, que são caracterizados pela não intenção de sua venda, envolvendo a conta Ativo Não Circulante do grupo Investimento. Esses investimentos serão normalmente classificados com ou sem influência significativa e verificada ainda a presença ou não do controle de uma investidora sobre investida. O entendimento desses conceitos será fundamental no decorrer da disciplina. TEMA 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS DE INVESTIMENTOS EM PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS Uma entidade possui três tipos de atividades. Nessa linha, essas atividades são separadas em operacionais, de investimentos e de financiamentos. O objetivo da disciplina em questão será voltado as atividades de investimentos. O termo investimento é entendido como aplicação de recursos, os quais possuem a intenção de obtenção de benefício econômico futuro (Vieira; Souza, 2018). Para tanto, ao efetuar um investimento, é necessário que o investidor leve em consideração o retorno que poderá ter em relação ao risco assumido por este (Borges, 2016). Com isso, devemos saber que as contas do grupo Investimentos são classificados conforme os arts. 178 e 179 da Lei n. 6.404/1976, no Ativo Não Circulante, estão presentes também, as contas dos ativos realizáveis a longo prazo, Imobilizado e Intangível. Ainda, o art. 179 da Lei n. 6.404/1976, estabelece que investimentos são classificados como “as participações permanentes em outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa” (Brasil, 1976). Dessa maneira, entendemos que os investimentos são aqueles com as características de permanente, ou seja, não se destinam à venda e não fazem parte de operações destinadas à manutenção das atividades na empresa. Nesse contexto, Gelbcke et al. (2018) colocam que, no subgrupo Investimentos, os ativos são divididos em dois tipos: participações permanentes em outras sociedades e outros investimentos permanentes. Ainda conforme Gelbcke et al. (2018, p. 516), os autores ressaltam que “neste último subgrupo deverão estar classificadas as propriedades para investimento, quando existirem, mas separadamente das participações permanentes em outras sociedades e de outros investimentos permanentes”. Os investimentos permanentes podem ser entendidos como as aplicações de uma empresa (investidora) sobre outra empresa (investida), em que possui a intenção de expansão ou a diversificação de suas atividades (Borges, 2016). Sendo que essas participações podem envolver o Capital Social da entidade investida através de ações ou quotas mantidas pela empresa investidora (Gelbcke et al, 2018; Santos; Lopes, 2020). É indispensável entendermos, então, que os objetivos da investidora é a expansão e a diversificação de suas atividades. Nessa acepção, corroborando com essas afirmações, Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 30-31) apontam as seguintes intenções da investidora sobre a investida. Garantir atividade complementar. Garantir fornecimento de matéria-prima, tecnologia e serviços. Aumentar a participação no mercado. Manter cliente estratégico. Sobre essa ótica, é importante entendermos que o objetivo da investidora na investida não é o de realizar aplicações para posteriormente liquidá-las. Isso porque, levando-se em consideração os objetivos apontados por Perez Júnior e Oliveira (2012), podemos colocá-los da seguinte forma: supomos que somos sócios de uma empresa do setor de varejo e em determinado período alcançamos lucros, justificados pelas altas demandas do consumidor por nossos produtos em nossa empresa. A partir disso, realizamos uma avaliação de como realizar novos investimentos e chegamos à conclusão de que não devemos injetar capital em nossa empresa, mas, sim, buscar participação societária em outras empresas do setor de varejo. O referido ato se trata de uma estratégia, pois, ao adquirirmos ações ou quotas de outras empresas concorrentes de nosso mercado, podemos adquirir os clientes dessas empresas para o nosso mercado, pois estamos aumentandonosso campo de atuação por meio da participação em outras empresas. No mais, estamos complementando nossas atividades e garantindo nosso crescimento no mercado, uma vez que detemos mais participação neste. Nesse ponto de vista, é importante ter a visão sobre o mercado e, assim, tomar as decisões, que possam trazer benefícios para nossa empresa. Ainda, podemos também ampliar nosso mercado sobre outros tipos de produtos, os quais nós não trabalhamos, assim, podemos investir em outras empresas, aumentando nosso leque de produtos e nossas oportunidades no mercado. Nesse pensamento, somos proprietários de uma indústria que produz bebidas destiladas e desejamos adquirir participação em uma empresa que produz bebidas fermentadas. Ao efetuarmos esse investimento, aumentamos nossa participação no mercado e oferecemos dois tipos de bebidas. Nesse contexto, vamos considerar um exemplo prático de lançamento contábil, ao qual ocorreu uma operação de investimento no valor de R$100.000,00, com pagamento à vista de 50% e o restante para 30 dias. Temos a contabilização de investimento descrita da seguinte forma: Quadro 1 – Lançamentos contábeis na investidora Contas Débito Crédito Investimento (Ativo Não Circulante) R$ 100.000,00 Banco Conta Movimento (Ativo Circulante) R$ 50.000,00 Contas ou Títulos a Pagar (Passivo Circulante) R$ 50.000,00 Total R$ 100.000,00 R$ 100.000,00 Fonte: Meurer, 2020. O exemplo em questão se trata de investimento permanente. Como visto já anteriormente, os investimentos são classificados em dois tipos em seu subgrupo, sendo em participações permanentes em outras sociedades e outros investimentos permanentes. Todavia, existem os investimentos temporários, estes, por sua vez, são liquidados logo após, ou seja, revendidos com propósitos especulativos (Almeida, 2013; Vieira; Souza, 2018). Sendo o principal objetivo do investimento temporário, a manutenção e a obtenção de benefícios com a sua venda. Nesse caso pessoal, este tem finalidade contrária ao investimento realizado de maneira permanente, sendo tratado no Pronunciamento Técnico CPC 48 (2016) – Instrumentos Financeiros. A fim de demonstrar o que já foi descrito, vejamos a classificação dos investimentos. Tabela 1 – Tipos de Investimentos Tipos de Investimentos Permanentes Controlada Coligada Joint Venture Temporários Instrumentos Financeiros Fonte: Elaborado com base em CPC 48, 2016. Por meio da tabela, fica simples a distinção de investimento permanente e temporário. Nessa perspectiva, nosso objetivo na disciplina em questão, como já comentado, serão as participações societárias tidas como permanentes registradas no Ativo Não Circulante no grupo Investimentos. Ao falarmos sobre investimentos permanentes relacionados à investidora com a investida, não devemos deixar de citar o instrumento de gestão denominada em inglês de Holding, conhecida como sociedade controladora. Esta tem como propósito a participação societária em outras empresas. Conforme o art. 2º da Lei n. 6404//76, “a companhia pode ter por objeto participar de outras sociedades; ainda que não prevista no estatuto, a participação é facultada como meio de realizar o objeto social, ou para beneficiar-se de incentivos fiscais”. Observemos, a seguir, a Figura 1: Figura 1 – Participação societária Fonte: Meurer, 2020. Conforme a figura, observamos que a empresa A se trata de uma sociedade controladora, que possui participação nas empresas B, C, D e E. Com isso, é importante sabermos qual o percentual de participação entre as empresas e como devemos interpretar as referidas participações. No decorrer da disciplina, vamos passar por diversos temas que estarão trazendo o entendido a respeito da figura em questão. TEMA 2 – INFLUÊNCIA SIGNIFICATIVA E CONTROLE SOCIETÁRIO Como comentado anteriormente, nosso objetivo é falar somente dos investimentos tidos como permanentes, pois existe uma diferença em que devemos prestar atenção no momento de lançarmos no Balanço Patrimonial. Exemplo: Ativo circulante Instrumentos financeiros Ativo não circulante Realizável a longo prazo Instrumentos financeiros Investimentos Investimentos em participações societárias. Isto posto, vamos verificar somente a conta Investimentos e examinar se a investidora possui influência significativa ou se exerce controle sobre a investida. Observemos, então, a figura a seguir, que retrata o tema a ser discutido. Figura 2 – Coligada, controlada e negócios em conjunto Fonte: Meurer, 2020. Por meio da figura retratada, conseguimos ter uma maior noção dos investimentos permanentes e temporários e os CPCs que as disciplinam. Nos próximos tópicos, vamos entender os conceitos e definições, quanto a influência significativa e controle entre as empresas. De acordo ainda com a figura, vamos nos centrar no CPC 18 R2 (2012) e no CPC 19 R2 (2012), que disciplina sobre Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimentos Controlados em Conjunto. 2.1 INFLUÊNCIA SIGNIFICATIVA EM UMA INVESTIDA Aqui, vamos nos aprofundar sobre o que seria influência significativa de uma empresa, em que possui participação sobre a empresa investida, chamada então de coligada. Este é o nome dado à empresa que possui influência significativa da investidora, sendo assim, a influência significativa adquirida pelo investidor não configura como controle e nem controle em conjunto (Perez Júnior; Oliveira, 2012). Desse modo, vamos compreender que a influência significativa pode se dar por meio de duas métricas, sendo quantitativa e qualitativa. Quanto à quantitativa, é retratado no CPC 18 R2 (2012) em seu item 5, que a influência significativa ocorre quando “o investidor mantém direta ou indiretamente [...] vinte por cento ou mais do poder de voto da investida, presume-se que ele tenha influência significativa, a menos que possa ser claramente demonstrado o contrário”. Por meio disso, a investidora detém influência significativa sobre a investida, dando o direito a ela do poder de participar das decisões financeiras e operacionais da investida (Perez Júnior; Oliveira, 2012). Para Gelbcke et al. (2018), a influência significativa fornece ao investidor benefícios atrelados ao processo decisório da investida, porém, sem o poder de controlá-la. Entende-se, então, que uma influência significativa deve ser de 20% ou mais de participação societária na investida, dando à investidora o poder de voto, caso contrário, participações do investidor abaixo de 20%, assume-se que ele não possui influência significativa sobre a investida (CPC 18 R2, 2012). Não possuindo influência significativa, esses investimentos são classificados como Outros Investimentos Permanentes, localizado também no grupo Investimentos, o qual discutiremos em nossas próximas aulas, ou podem ser classificados como Instrumentos Financeiros. No caso de Instrumentos Financeiros, estes não são o objetivo de nossa disciplina, pois são investimentos temporários, que por sua vez são disciplinados pelo CPC 48 (2016). Todavia, devemos entender, também, que influência significativa não se trata de controle da investidora sobre a investida e nem como controle em conjunto. Para melhor entendermos a respeito, a influência significativa pode ser evidenciada da seguinte forma para o investidor, de acordo com o CPC 18 R2 (2012) em seu item 6. (a) representação no conselho de administração ou na diretoria da investida; (b) participação nos processos de elaboração de políticas, inclusive em decisões sobre dividendos e outras distribuições; (c) operações materiais entre o investidor e a investida; (d) intercâmbio de diretores ou gerentes; (e) fornecimento de informação técnica essencial. Com isso, observamos que a influência significativa pode ser obtida por meio quantitativo conforme já discutido e pode ser advinda também por meio dos pontos ressaltados acima no CPC 18 R2 (2012) em seu item 6, que se entende como métrica qualitativa. E, de certa forma, o uso do termo coligada não especificao percentual mínimo de participação, com isso, cabe entendermos se existe ou não influência significativa, podendo essa influência ser de forma direta ou indireta (Gelbcke et al., 2018). A fim de compreendermos melhor a respeito, tem-se que um investidor detém 18% do capital votante da empresa Alfa e possui, além desse capital votante, representação no conselho da administração, no qual são tomadas as decisões. Ao verificarmos nosso exemplo, vemos que a empresa não possui quantitativamente influência significativa de 20% ou mais do capital votante da investida, pois o investidor detém somente 18% não considerando como coligada. Todavia, ele possui representação no conselho da administração, nesse caso, a investidora possui influência significativa. Percebe-se, então, que devemos avaliar não só quantitativamente, mas também qualitativamente. 2.2 CONTROLE SOCIETÁRIO DE UMA INVESTIDA Diferente de influência significativa de uma investidora sobre a investida, o controle societário é disposto por Perez Júnior e Oliveira (2012), quando o investidor detém mais de 50% do capital votante da empresa investida. Ou seja, participações inferiores a 50% do capital votante não podem ser consideradas a empresa investida como controlada. Corroborando com o já descrito, o CPC 36 R3 (2012), em seu item 6, denota que “o investidor controla a investida quando está exposto a, ou tem direitos sobre, retornos variáveis decorrentes de seu envolvimento com a investida e tem a capacidade de afetar esses retornos por meio de seu poder sobre a investida”. Desse modo, assim como no tópico anterior, além de ter o controle quantitativamente, é necessário que observemos alguns atributos fundamentais para determinação de controle sobre a investida. Uma vez que o investidor detém o controle sobre outra empresa, ele possui, conforme o CPC 36 R3 (2012), item 10, “poder sobre a investida quando tem direitos existentes que lhe dão a capacidade atual de dirigir as atividades relevantes, ou seja, as atividades que afetam significativamente os retornos da investida”. Conforme o item 7 do CPC 36 R3 (2012), observemos os atributos para que o investidor detenha o controle da investida. (a) poder sobre a investida. (b) exposição a, ou direitos sobre, retornos variáveis decorrentes de seu envolvimento com a investida. (c) a capacidade de utilizar seu poder sobre a investida para afetar o valor de seus retornos. A partir disso, podemos compreender que, com o controle, vem a possibilidade de dirigir políticas financeiras e operacionais de determinada empresa, passando a assumir os riscos e os benefícios. Para entendermos melhor a respeito do termo controle da investidora (controladora) sobre a investida (controlada), há alguns pontos que não devem ser negligenciados, seguindo como base o CPC 36 R3 (2012), o investidor ou empresa investidora possui o controle, quando tem mais da metade do poder de voto, possuindo a capacidade de dirigir a política financeira e operacional da investida, o poder de nomear e/ou afastar a maioria dos membros que compõem o conselho e, por fim, a capacidade de influenciar a maioria dos votos em reuniões do conselho. Conforme a definição do termo controle, sabemos então que o investidor ou a empresa investidora recebe o nome de controladora, e a sociedade investida recebe o nome de controlada. Assim como colocado no tópico anterior sobre influência significativa, uma sociedade pode desempenhar controle de maneira direta e/ou indireta. Tais pontos vamos estudar mais adiante. No mais, é importante entendermos que a influência significativa e o controle são obtidos por meio da participação no capital votante da empresa investida, ou seja, compra de ações ordinárias. Desse modo, empresas possuem ações ordinárias e preferenciais, tais especificações sobre esses tipos de ações serão abordadas mais a fundo no próximo tema desta aula. Para entendermos mais, suponhamos que realizamos um investimento que resultou na compra de 15.000 ações ordinárias da empresa Alfa. Sabe-se que essa empresa possui um total de 20.000 ações ordinárias e, conforme Lei n. 10.303/2001, esta estabelece que em uma sociedade empresária ela não deve possuir mais que 50% de ações preferenciais sem direito ao voto. Para o exemplo em questão, consideramos que a empresa Alfa não possui ações preferenciais. Vamos realizar os cálculos com o intuito de verificar a existência ou não de controle nosso sobre a empresa Alfa: Por meio do cálculo realizado, podemos identificar que existe nosso controle sobre a empresa Alfa. E se considerarmos que a empresa Alfa possui mais 50% em ações preferenciais, isso daria um total de 40.000 mil ações. Será que ainda teríamos o controle sobre essa empresa? Vamos realizar os cálculos novamente. Realizados os cálculos, observa-se que alcançamos 37,5% de participação total sobre a empresa Alfa, será que temos o controle sobre essa empresa? Bom, a avaliação de controle de uma empresa sobre a outra está relacionado somente ao cálculo do capital votante, ou seja, nas ações ordinárias. Portanto, nossa participação total na empresa é de 37,5%, mas possuímos o direito de voto em 75%. Concluímos, aqui, que exercemos o controle sobre a empresa Alfa. TEMA 3 – IDENTIFICAÇÃO DO VALOR DA AÇÃO DE UMA EMPRESA Para compreendermos a participação societária de uma empresa sobre a outra, é necessário que saibamos como é identificado o valor de uma ação de uma empresa. Ou seja, certa sociedade possui 1 milhão de ações, qual é o valor dessas ações? Com isso, é crucial que possamos entender, que esses tipos de sociedades podem ser constituídos por Sociedades por Cotas de Responsabilidade Limitada (LTDA) e Sociedades por Ações (S.A.). Nessa linha, sabemos que existe o direito a voto ao adquirir ações ordinárias e o direito aos resultados da empresa ao adquirir ações preferenciais. Com isso, vamos relembrar de forma abrangente quais as características de ações ordinárias e preferenciais, conforme Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 31): Ações ordinárias: Conferem ao acionista direito de voto na empresa na realização das assembleias de acionistas; São menos negociadas no mercado que as preferenciais; Menor liquidez. Ações preferenciais: Garantem aos acionistas maior participação nos resultados da empresa; Não dão direito a voto; Possuem Preferência na distribuição dos resultados; Possuem Prioridade no recebimento de proventos e no reembolso de capital em caso de dissolução da sociedade em relação aos demais acionistas; São mais negociadas, maior liquidez. Constata-se, então, a diferença entre adquirir ações ordinárias em relação as ações preferenciais. A proporção de ações preferenciais não deve ser superior a 50%. Pois conforme a Lei n. 6404/1976, art. 15, alterada pela Lei n. 10.303/2001, ela ressalta que o número de ações preferencias sem direito a voto deve ser no máximo 50%. Desde 2001, as sociedades anônimas podem emitir somente uma ação preferencial a cada ação ordinária. Desta forma, a distribuição de ações pode ser assim demonstrada: Tabela 3 – Percentual de ações Capital Até 2001 Controle % Ações Ordinárias 100.000 50.001 50,001% Ações Preferenciais 100.000 Total 200.000 50.001 25,001% Fonte: Elaborado com base em Perez Júnior e Oliveira, 2012. Conforme observado na tabela pessoal, para se ter o controle é necessário ter no mínimo 25% de participação no capital total da empresa, conforme consta na descrição da tabela. De modo que, para se obter o controle, deve-se possuir participação maior que 50% do capital votante. Então, sabemos os pontos pelos quais distinguimos as ações ordinárias das ações preferenciais, e o percentual mínimo para se obter o controle sobre determinada sociedade. Com isso, como é imposto o valor nominal de uma ação? Para entendermos melhor a respeito, o valor nominal da ação é aquele obtido por meio da divisão do capital social pelo número total de ações em uma empresa, conforme previsto em legislação, com o intuitode assegura a riqueza ao detentor das ações. Nessa linha pessoal, o valor nominal de uma ação, conforme Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 33), consiste no “valor que consta da escritura da empresa (contrato social, no caso de Limitadas, ou estatuto social, no caso das Sociedades por Ações)”. De certo modo, entendemos que o valor nominal referente à ação de uma sociedade será determinado conforme documento constitutivo. A Lei n. 6404/1976, art. 11, coloca alguns pontos referentes à determinação do valor nominal de uma ação como sendo: Art. 11. O estatuto fixará o número das ações em que se divide o capital social e estabelecerá se as ações terão, ou não, valor nominal. § 1º Na companhia com ações sem valor nominal, o estatuto poderá criar uma ou mais classes de ações preferenciais com valor nominal. § 2º O valor nominal será o mesmo para todas as ações da companhia. § 3º O valor nominal das ações de companhia aberta não poderá ser inferior ao mínimo fixado pela Comissão de Valores Mobiliários. Indo mais além, o art. 13 da Lei n. 6404/1976 impõe que “é vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal”. Para tanto, a restrição referente ao Art. 13 da Lei 6404/1976 não é aplicável a sociedades que possuem somente descrito em seu estatuto social o valor de seu capital social e a quantidade de ações. Dessa forma, como poderíamos calcular o valor nominal da ação nessa sociedade que não possui tal informação. Bom, supomos que a empresa Beta S.A. possui um capital social de R$100.000,00, a um total de 50.000 ações, porém, não possui em seu estatuto social o valor nominal da ação, então, como podemos calculá-lo? Após o cálculo, vimos que o valor nominal referente a cada ação é de R$ 2,00. Continuando com o nosso exemplo, podemos provar o valor obtido no cálculo anterior da seguinte forma: Por meio dos exemplos, observamos o valor nominal da ação no momento da constituição da sociedade. Para tanto, temos que considerar que em momentos posteriores pode ocorrer a subscrição de novos valores, pois Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 33) afirmam que “subscrever é o ato em que o sócio ou acionista se compromete a aplicar recursos na empresa”. Devemos ainda considerar que não é permitida a emissão de ações a preços inferiores ao seu valor nominal, de acordo com a Lei n. 6404/1976. Salvo os casos em que as ações não possuem valor nominal. A fim de compreendermos melhor a respeito, vamos considerar o exemplo anterior, em que a empresa Beta S.A. possui 50.000 ações ordinárias e sabemos que o valor nominal dessas ações corresponde a R$ 2,00. Nessa linha, consideremos também que possuímos participação nessa empresa em 15.000 ações, dessa forma, nosso valor total nominal referente a essas ações adquiridas será de R$ 30.000,00 (15.000 ações x R$ 2,00 = R$ 30,000). E qual seria a nossa participação nessa empresa? Vamos aos cálculos: Pois bem, possuímos participação referente a 30%, podemos chegar ao mesmo resultado dividindo o valor nominal de nossa participação de R$ 30.000,00 pelo valor do capital social de R$ 100.000,00. É importante acrescentarmos sobre nossa participação na empresa Beta S.A., que não controlamos esta sociedade, pois possuímos participação inferior a 50% do capital votante. Notamos que não há problemas e nem dificuldades quanto aos cálculos e ao entendimento a respeito de nossa participação. Mas, se tomarmos outra situação, em que houve a emissão de 10.000 novas ações, com valor nominal por ação de R$ 3,00, logo o número total de ações da empresa Beta S.A. seria de 60.000 ações e não de 50.000 ações. Podemos perceber que nossa participação seria menor, por conta da integralização dessas novas ações realizadas por outro acionista. Com a entrada de um novo acionista investindo em mais 10.000 ações, nossa participação na empresa Beta S.A. seria reduzida de 30% para 25%. Contudo, é necessário que a gente contabilize o novo valor integralizado, correspondente a R$30.000,00 (10.000 ações x R$3,00 valor nominal da ação = R$30.000,00). Ao realizar essa contabilização, nós teríamos o mesmo percentual de participação que anteriormente? Bom, é necessário que o montante excedente ao valor do capital social anterior seja registrado no ágio na emissão de ações. Vamos acompanhar os lançamentos a serem feitos em nossa empresa: Tabela 4 – Lançamentos Nessa linha de pensamento, é necessário realizar a diferença do valor nominal da ação anterior em relação as novas ações emitidas (R$ 3,00 – R$ 2,00), ou seja, obtemos a diferença de R$ 1,00. Assim, registramos o valor relacionado ao aumento de capital social em R$ 20.000,00 (10.000 novas ações X R$ 2,00 valor nominal da ação = R$ 20.000,00), de acordo com nossa participação na empresa Beta S.A. Além disso, registramos o ágio da emissão dessas ações, com valor correspondente a R$ 10.000,00 (10.000 ações emitidas X R$1,00 valor nominal representado pela diferença). Com isso, o Capital Social seria correspondente a R$ 110.000,00 na sociedade. Sendo assim, teríamos o mesmo percentual de participação calculado pelo número de ações e pelo valor do Capital Social. Percebe-se que alcançamos a mesma participação societária na Beta S.A., uma vez que calculado não somente pelo número de ações, mas também em relação ao capital social. No mais, não podemos deixar de falar sobre a variação patrimonial, o qual Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 33) retratam essa como sendo “o valor da riqueza da empresa, avaliada de acordo com as práticas contábeis, representada pelo Patrimônio Líquido (PL) contábil dividido pela quantidade de ações ou cotas que compõem o capital social”. Para simplificar, vamos utilizar a empresa Beta S.A. novamente, porém, antes da emissão das novas ações, ou seja, nesse período a empresa tinha R$ 100.000,00 correspondente ao Capital Social, sendo a nossa participação na mesma em R$ 30.000,00. A fim de entendermos sobre variação patrimonial, vamos imaginar que a empresa Beta S.A., além de seu capital social de R$ 100.000,00, apurou no final do exercício um valor de R$ 25.000,00 referente a Lucro Líquido. Nessa linha, é necessário efetuarmos a soma das contas, da qual fazem parte do PL, alcançando então um valor correspondente a R$ 125.000,00. Vamos aos cálculos: Alcançamos um valor patrimonial da ação de R$ 2,50, lembremos que nosso investimento foi de R$ 2,00 na empresa Beta S.A. e, com o decorrer das atividades realizadas pela empresa, esta alcançou desempenhos, os quais foram referentes a R$ 0,50. Vamos observar como ficariam os lançamentos: Tabela 5 – Lançamentos Deste modo, há a riqueza gerada pela sociedade, sem considerar a emissão das ações e sem considerar a distribuição dos dividendos. TEMA 4 – TIPOS DE CONTROLE: CLASSIFICAÇÃO ACERCA DO PERCENTUAL DE PARTICIPAÇÃO No decorrer desta aula, vimos quais são os pontos necessários para que uma sociedade possua influência ou controle sobre a outra e como realizamos a identificação do valor de uma ação em uma empresa. Nessa acepção, vamos focar nas diferentes formas de controle. Sendo elas: Controle Isolado, Controle em Conjunto, Controle Compartilhado e o Controle Integral. No Controle Isolado, Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 36), caracterizam este quando “o controle de uma empresa normalmente é exercido pelo investidor ou empresa investidora que detenha mais de 50% do capital votante (cotas de sociedades limitadas ou ações ordinárias de sociedades por ações)”. Figura 3 – Controle Isolado Fonte: Meurer, 2020. Por meio da figura, observamos que o Controle Isolado pode também ser chamado de Controle Direto. Assim, é possível entendermos que a empresa Alfa possui mais de 50% do capital votante da empresa Beta, no mais, o controle é exercido diretamente pela empresa Alfa. O Controle Conjunto, por sua vez, como o próprio nome já diz, é realizado por mais de uma empresa. O CPC 18 R2 (2012) traz a definição em seu item 3: “é o compartilhamento, contratualmente convencionado, do controle de negócio,que existe somente quando decisões sobre as atividades relevantes exigem o consentimento unânime das partes que compartilham o controle”. Para nos fundamentarmos melhor a respeito, os autores Perez Júnior e Oliveira (2012) ressaltam que o controle conjunto é quando os investidores possuem o mesmo percentual de participação, sendo impedidos de tomarem decisões isoladamente, sem o consentimento em conjunto. Figura 4 – Controle conjunto Fonte: Meurer, 2020. Observamos na figura que as empresas Alfa e Beta possuem os mesmos percentuais desempenhando o controle conjunto sobre a empresa Beta e não unilateral. Com isso, esse tipo de controle também pode ser chamado de Joint Venture. No Controle Compartilhado, diferente do Controle Conjunto, os investidores não possuem mais que 50% do capital votante. Perez Júnior e Oliveira (2012, p.36) afirmam que “o capital votante é formado por um grupo controlador, composto normalmente pelos maiores acionistas, cuja a somatória de participações não ultrapassará 50% do capital votante”. Figura 5 – Controle compartilhado Fonte: Meurer, 2020. Por meio da Figura 5, podemos compreender melhor o que foi descrito por Perez Júnior e Oliveira (2012), pois houve a união das empresas Alfa e Ômega para exercerem o Controle Compartilhado, visto que nenhuma das empresas detém participação superior a 50%, mas juntas conseguem obter 55% do capital votante, o que caracteriza a empresa Beta como controlada pelas empresas Alfa e Ômega. O Controle Integral é parecido com o Controle Isolado, no entanto, Perez Júnior e Oliveira (2012) colocam que no controle integral é quando uma empresa possui a totalidade de ações da empresa controlada, o que diferencia do controle isolado, deste modo, ao possuir o total de participação do capital votante da controlada, ela pode ser chamada então de subsidiária integral. Figura 6 – Controle compartilhado Fonte: Meurer, 2020. Por meio da Figura 6, observamos que existe um percentual de 100% de participação da Empresa Alfa sobre Beta, o que compreende um controle integral. TEMA 5 – TIPOS DE CONTROLE: CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PROPRIEDADE DOS TÍTULOS PATRIMONIAIS Além do que já foi visto, é importante entendermos que a participação de uma sociedade, ou seja, da investidora sobre a investida, pode ser de forma direta ou indireta. Essa participação direta ou indireta pode se dar em função de uma influência significativa ou até mesmo do controle. Para entendermos melhor a respeito, vamos relembrar a Figura 1, a qual observamos logo no início de nossa aula. Figura 7 – Participação societária Fonte: Meurer, 2020. Podemos observar, então, por meio da Figura 7, que a empresa A possui o controle diretamente das empresas B, C, e D. Mas e quanto à empresa E? Podemos ver que a empresa A possui 6% de participação, sendo essa participação exercida de forma direta. Então, podemos dizer que a participação da empresa A sobre a empresa E é de apenas 6%? Não, pois, como visto, a empresa A possui participação indireta na empresa E por meio das empresas B, C e D. Segundo o CPC 18 R2 (2012) e Perez Júnior e Oliveira (2012), esse tipo de participação é aquela em que uma empresa investidora obtém a participação de uma empresa por meio de outra empresa. Para entendermos melhor a respeito, vamos realizar os cálculos. Como podemos observar, a participação da empresa A sobre a Empresa E é de 25,8%. Esse percentual foi obtido por meio dos cálculos realizados acima, tendo em vista a participação indireta da empresa A sobre a empresa E por intermédio da empresa B. Ou seja, dos 5% de participação da empresa B sobre a empresa E, a empresa A possui exatamente 5%, pois existe o controle integral da empresa A sobre a empresa B. Referido cálculo realizado em relação a participação indireta da empresa A em E, por meio da empresa B, deve ser realizado nas demais empresas (C e D). Após a apuração de todos os cálculos, compreendemos que se trata a empresa E de uma coligada, pois a empresa A por possuir participação no capital votante superior a 20% possui influência significativa. Notando-se, também, uma participação tanto direta, como também indireta da empresa A sobre a empresa E. TROCANDO IDEIAS Durante nossa aula, abordamos conteúdo referente aos Investimentos localizados no Ativo Não Circulante do Balanço Patrimonial. Nesse enfoque, vimos as participações societárias tidas como coligadas e as participações societárias vista como controladas. Diante do que foi estudado, você conhece alguma empresa que possui participações societárias em coligadas e controladas em conjunto? NA PRÁTICA Observemos a Figura 8 e, com base ns informações fornecidas, vamos determinar os tipos de investimentos (controlada, coligada ou sem influência significativa) da empresa Avante. O gabarito pode ser encontrado ao final deste material, após a seção Referências. Figura 8 – Participação da empresa Avante Fonte: Meurer, 2020. Crédito da imagem: Volha Hlinskaya/Shutterstock. Analise as alternativas a seguir e defina se é controlada, coligada ou sem influência significativa. A empresa Avante detém 80% do capital votante da empresa Belarus. A empresa Avante possui 5% do capital votante da empresa Caxias. A empresa Belarus tem 22% do capital votante da empresa Caxias. A empresa Avante possui 8% do capital votante da empresa Delta. A empresa Avante possui 12% do capital votante da empresa Elefante, sendo que a empresa Avante transferiu funcionários responsáveis pela área de finanças para a empresa Elefante. Em nosso segundo exemplo, vamos verificar qual o percentual de participação da empresa A sobre as empresas. Observemos a Figura 9. Figura 9 – Participação da empresa A sobre as demais empresas Fonte: Meurer, 2020. Conforme a figura, podemos afirmar que: a) A empresa C e I são controladas de A. b) A participação indireta de A em F e H é idêntica. c) A participação indireta de A em H é de 51,1%. d) G é controlada indireta de A. e) A empresa A participa indiretamente em I com 9,25%. O gabarito encontra-se ao final do material, após as referências. FINALIZANDO Em nossa aula, tivemos como foco a discussão relacionada aos aspectos conceituais referentes aos investimentos em participações societárias. Por meio disso, pudemos entender as formas de investimentos que podem ser classificados em temporários e permanentes. Em meio a isso, nosso foco durante a disciplina está somente nos investimentos permanentes. Portanto, focamos no decorrer da discussão somente nas participações que são classificadas no Ativo Não Circulante do grupo Investimentos. Compreendemos que esses tipos de investimentos são adquiridos por meio de cotas ou ações de outras empresas e que o objetivo deles está ligado à expansão das atividades da empresa investidora e não em sua venda posterior. Com base nisso, estudamos o que seria uma participação societária de uma empresa sobre a outra, tida como influência significativa e também por meio de controle. Na influência significativa, vimos que é necessário que a empresa investidora possua participação acima de 20% do capital votante na empresa investida. No mais, observamos, também, que a influência significativa pode ser obtida não somente por aspectos quantitativos, mas também por aspectos qualitativos que juntos são pontos cruciais para determinar se a empresa investida é uma coligada e possui influência significativa da investidora. Continuando, buscamos saber o que seria controle de uma sociedade sobre a outra e, desse modo, vimos que, para se ter esse tipo de controle, é fundamental possuir mais de 50% do capital votante da empresa investida. Podemos colocar essa participação como participação da empresa controladora sobre a empresa controlada. Após isso, buscamos saber como mensurar o valor de uma ação, sendo que, o valor nominal da ação pode estar explícito no estatuto social da entidade, ou não. Caso este não esteja, vimos que devemos realizar a divisão do valor do Capital Social da empresapelo número total de ações, alcançando então o valor nominal da ação. No mais, vimos que para alcançarmos o valor patrimonial de uma ação é necessário considerarmos não somente o Capital Social como dito anteriormente, mas todas as contas que fazem parte do grupo do Patrimônio Líquido, dividindo esse valor total pelo número total de ações. E, ao final do tópico, vimos as mudanças que podem ocorrer em uma empresa, quanto à emissão de novas ações e como devem ser realizados os cálculos. Finalizando nossa aula, aprendemos que o controle de uma empresa sobre a outra pode se dar de diferentes maneiras: controle isolado, controle conjunto, controle compartilhado e controle integral. No mais, buscamos o entendimento a respeito da participação de uma empresa sobre a outra, de forma direta ou indireta. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Contabilidade Avançada: textos, exemplos e exercícios resolvidos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. BORGES, V. N. Contabilidade societária I. 1. ed. Rio de Janeiro: Sedes, 2016. BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 6 jan. 2021. BRASIL. Lei n. 10.303, de 31 de outubro de 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10303.htm>. Acesso em: 6 jan. 2021. CPC. Investimento em coligada, em controlada e em empreendimentos controlados em conjunto. 2012. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=49>. Acesso em: 6 jan. 2021. CPC. Negócios em conjunto. 2012. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/274_CPC_19_%20R2_rev%2013.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2021. CPC. Demonstrações consolidadas. 2012. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=67>. Acesso em: 6 jan. 2021. CPC. Instrumentos financeiros. 2016. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/530_CPC_48.pdf>. Acesso em: 6 jan. 2021. GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades, de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. Atlas, 2018. PEREZ JÚNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. D. Contabilidade avançada: texto e testes com respostas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SANTOS, D. P. P.; LOPES, M. Notas sobre a responsabilidade contratual do alienante pela violação das cláusulas de declarações e garantias nos contratos de alienação de participação societária representativa de controle. Revista Brasileira de Direito Civil-RBDCivil, v. 24, n. 2, p. 241, 2020. VIEIRA, S. B.; SOUZA, M. M. Relação entre o nível de evidenciação dos investimentos em coligadas, empreendimentos controlados em conjunto e controladas e as características das companhias de capital aberto brasileiras. Revista de Finanças e Contabilidade da Unimep, v. 5, n. 2, p. 71-87, 2018. GABARITO Primeiro exercício: Primeiramente, tem-se a afirmação de que “a empresa Avante detém 80% do capital votante da empresa Belarus”. Essa participação se configura como a de controle, ou seja, conforme Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 36), “o controle de uma empresa normalmente é exercido pelo investidor ou empresa investidora que detenha mais de 50% do capital votante”. Na segunda afirmação, a empresa Avante possui apenas 5% do capital votante da empresa Caxias, todavia, existe uma influência de forma indireta da empresa Avante em relação à Caxias. Vamos considerar o seguinte: a empresa Belarus possui um capital social de R$ 100,00 e, ao verificarmos a participação de 80% da empresa Avante sobre ela, temos que existe uma participação de R$80,00. Dito isso, a empresa Belarus possui participação de 22% sobre a empresa Caxias, sendo assim, desses 22% temos influência indireta na empresa Caxias de 17,2%. Com isso, 5% mais os 17,2% resulta em um total de 22,2%. Concluímos que se trata de um investimento em coligada. Relembramos, por meio do CPC 18 R2 (2012), que, quantitativamente, a influência significativa deve ser de 20% ou mais do poder de voto da investida. Logo, já sabemos responder à terceira afirmação, pois os 22% de participação da empresa Belarus sobre a Caxias significam que ela possui influência significativa. Em relação à quarta afirmativa, a empresa Avante não possui influência significativa sobre a empresa Delta, pois possui participação inferior a 20%. Por fim, temos a afirmação da Avante sobre a Elefante. Adiantamos que possui influência significativa, pois, além dos 12% de participação do capital votante da empresa Elefante, a Avante possui funcionários da área financeira que estão na empresa Elefante. Dessa maneira, devemos observar se existe influência significativa não só quantitativamente, mas também qualitativamente. Segundo exercício: Passo a passo de como interpretar a participação da empresa A sobre as outras empresas: A alternativa A, sabemos que a empresa A detém mais de 50% do capital votante de C, logo, a empresa C é controlada pela empresa A. Entretanto, devemos realizar os cálculos de participação da empresa A sobre a empresa I. Com isso, seguem os cálculos: (20% X 10% X 25%) = 0,005 = 0,5%. (60% X 70% X 20%) = 0,084 = 8,4%. (30% X 30% X 20%) = 0,0178 = 1,8%. Por meio dos resultados obtidos, conclui-se que a participação da empresa A sobre empresa I é correspondente a 10,7% de participação. Dessa forma, I não é controlada de A. Descarta a alternativa A. Na alternativa B, não precisamos recorrer aos cálculos, pois somente por observação podemos notar que a participação da empresa A em F e H são distintas. Já na alternativa C, esta dispõe que existe uma participação indireta da empresa A sobre a H, no percentual de 51,1%. Ao observar a figura, vimos que essa participação é indireta, mas e o percentual, será que é isso mesmo? Vamos aos cálculos novamente. (20% X 10% X 25% X 20%) = 0,001 = 0,10%. (60% X 70%) = 0,42 = 42%. (30% X 30%) = 0,09 = 9%. Os resultados alcançados apontam a participação da empresa A em H de 51,1%. Portanto, a alternativa C está correta. Na alternativa D, é afirmado que a empresa G é controlada indireta da empresa A, se efetuarmos os cálculos, a empresa A possui somente 20% de participação em G, o que não dá o direito de controle para a empresa A. Por fim, a alternativa E diz que a empresa A participa indiretamente da empresa I em 9,25%. Nós já realizamos esse cálculo em nossa primeira alternativa e, como já vimos, a participação da empresa A sobre a I é de 10,7% e não de 9,25, portanto, está errada. AQUISIÇÕES E REESTRUTURAÇÕES EMPRESARIAIS AULA 2 Prof. Rodrigo Malta Meurer CONVERSA INICIAL Olá, estudantes! Anteriormente, discutimos sobre os aspectos conceituais de investimentos em participações societárias, falamos também sobre suas formas de reconhecimento e finalizamos com os tipos de controle de uma sociedade sobre a outra. Desse modo, é relevante informar que cada empresa possui sua particularidade em relação aos seus investimentos, e nem sempre os métodos utilizados por uma empresa serão usados como base para outras. Para tanto, relembrando alguns pontos que já estudamos, existem diferentes formas de investimentos de uma sociedade sobre outra. Isto posto, quando existe a participação de uma sociedade sobre a outra, mas não há influência significativa e nem controle, esse tipo de investimento é classificado como Outras Participações Societárias, localizadas também no grupo Investimentos no Balanço Patrimonial. Ou pode ocorrer de esse investimento ser destinado à venda, sendo classificado então como Instrumentos Financeiros, o qual é disciplinado pelo CPC 48. Do contrário, caso exista a influência significativa ou o controle, é classificado como Participações Societárias Permanentes. Esses pontos, já apresentados em nossos estudos, serão aprofundados nesta aula, pois avançaremos nos diferentes métodos de avaliação de investimentos e nas questões relacionadas aos Lucros NãoRealizados. Com isso, apresentado os temas a serem discutidos nesta aula, desejamos a todos bons estudos. CONTEXTUALIZANDO Ao se verificar as diferentes formas de investimentos de uma sociedade sobre a outra, ou de uma investidora sobre a investida, vemos que ocorrem diferentes classificações de participações, de acordo com o nível de influência da sociedade investidora sobre a investida. Essa influência está atrelada principalmente à quantidade de ações, aos tipos de ações e às questões de influência da controlada sobre as decisões da administração. Vamos estudar sobre controles em conjunto, que nada mais é do que o compartilhamento do controle, que ocorre justamente quando existem decisões a serem tomadas em relação a uma atividade econômica da empresa. Com isso, é necessário um acordo, que se dá pelo consentimento de ambas as partes que participam conjuntamente desse controle. Nessa visão, em decorrência da participação societária e sua influência, ocorre que, em alguns casos, as participações societárias serão avaliadas pelo método de custo ou por meio do método de equivalência patrimonial. Portanto, sabe-se que, quando uma entidade possui investimentos e não possui o poder de tomar decisões e nem de influenciá-las, deve ser classificada como outras participações, e essas participações são avaliadas pelo método de custo, como veremos mais adiante em nossa aula. Nesse método, a mensuração é realizada em momento inicial, sendo reconhecido em primeiro momento o mesmo pelo seu valor adquirido, ou seja, custo histórico de aquisição. Por sua vez, em se tratando de investimento em controlada, controlada em conjunto e coligada, estes serão avaliados pelo método de equivalência patrimonial. Esse método busca a avaliação dentro dos padrões de participação societária, reconhecendo pelo valor correspondente à aplicação percentual dos recursos. E, ao final de nossa aula, vamos ver as questões de transações entre as sociedades controladas, controladas em conjunto e coligadas, nas quais são identificadas questões de Lucros Não Realizados. TEMA 1 – OS DIFERENTES TIPOS DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA E SUA NORMATIZAÇÃO PELO CPC Anteriormente, soubemos como distinguir os investimentos classificados como temporários e permanentes. O primeiro não é o foco principal de nossa disciplina, pois como vimos anteriormente, esses são tratados de acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 48 (2016), o qual se delimita aos Instrumentos Financeiros. Dito isso, nosso foco está nos investimentos permanentes no grupo Investimentos localizado no Ativo Não Circulante. Vamos relembrar, então, a seguinte figura: Figura 1 – Coligada, controlada e negócios em conjunto Fonte: Meurer, 2021. Focaremos nas participações societárias, que possuem influência significativa e controle, buscando também compreender quais as diferenças de ambos e como esses devem ser tratadas. Nesse sentido, faz-se importante termos tais diferenças em mente conforme os Pronunciamentos Técnicos que as disciplinam, para que possamos verificar quais os métodos de avaliação entre os diferentes tipos de participações societárias. Vamos observar o quadro a seguir, o qual demonstra algumas diferenças de tratamento contábil. Quadro 1 – Questionamento quanto ao tipo de tratamento contábil, em relação ao tipo de participação A investida é Resposta Método de Avaliação Por quê? Controlada (50% ou mais do capital votante)? Sim Equivalência Patrimonial Sendo Controlada, não precisa verificar outros critérios Não Indeterminado Precisa verificar se é coligada Coligada (20% do capital votante ou influência administrativa)? Sim Equivalência Patrimonial Sendo Coligada, não precisa verificar outros critérios Não Custo Histórico de Aquisição Não sendo Controlada e nem Coligada, a avaliação será pelo método de custo Fonte: Perez Júnior e Oliveira, 2012, p. 40. Por meio do quadro, é possível identificarmos que o Método de Equivalência Patrimonial (MEP) é utilizado para tratamento contábil das participações societárias referidas como controladas, controladas em conjunto e coligadas. E no que tange às outras participações societárias não classificadas como controladas e nem como coligadas, estas não devem ser avaliadas pelo MEP. Esses métodos serão abordados logo após o Tema 2 desta aula, que trata de controladas em conjunto ou Joint Ventures. Retomando ao nosso assunto, o método de avaliação, tanto para controlada como para coligada é o mesmo, então temos o porquê de distinguir essas diferentes participações. Bom, existe algumas diferenças quanto à contabilização, ou seja, na sociedade controladora e controlada existe o termo consolidação dos demonstrativos, o qual nada mais é do que a realização da junção dos demonstrativos de ambas sociedades, representando ao final apenas uma sociedade. Diferente, então, das participações societárias relacionadas a coligadas, nas quais não é realizada a consolidação dos demonstrativos. A respeito de consolidação, esse assunto será abordado em nossas aulas posteriores. TEMA 2 – O CPC 19 (R2): NEGÓCIOS CONTROLADOS EM CONJUNTO (JOINT VENTURES) Os negócios controlados em conjunto, também chamados de Joint Ventures, em inglês, são aqueles que são realizados por mais de uma empresa, como o próprio nome já diz. Nesse entendimento, o CPC 19 (R2) trata sobre Negócios em Conjunto, e tanto o CPC19 quanto o CPC 18 R2 (2012) trazem a definição de negócios controlados em conjunto em seu item 7: “é o compartilhamento, contratualmente convencionado, do controle de negócio, que existe somente quando decisões sobre as atividades relevantes exigem o consentimento unânime das partes que compartilham o controle”. Buscando compreender melhor a respeito, Perez Júnior e Oliveira (2012) apontam que o controle conjunto é realizado quando os investidores possuem o mesmo percentual de participação. Nesse fundamento, os investidores devem tomar as decisões também em conjunto, dessa maneira, deve haver o consentimento entre as partes. Já que, de acordo com Perez Júnior e Oliveira (2012), no controle conjunto, os dois investidores devem deter o mesmo percentual de participação, sendo esse de 50% para cada investidor. Dessa forma, Gelbcke et al. (2018, p. 576) colocam que: O controle conjunto tem origem sempre que dois ou mais sócios compartilham o controle da entidade de modo que as decisões exijam consenso das partes que estão compartilhando o poder, de forma que a investida se torna uma joint venture para esses investidores. Essa partilha do controle é usualmente definida no estatuto ou contrato social ou em documentos firmados à parte, como um acordo de acionistas. A fim de solidificarmos nosso entendimento sobre o tema, o CPC 19 R1 (2012) dispõe, em seu item 5, as seguintes características de um negócio em conjunto. A primeira mostra que “as partes integrantes estão vinculadas por acordo contratual”, e a segunda que “o acordo contratual dá a duas ou mais dessas partes integrantes o controle conjunto do negócio”. Logo, as decisões não devem ocorrer de maneira isolada, pois a participação compartilhada pode possuir mesmos percentuais, ou percentuais diferentes, desde que ocorra o controle conjunto firmado em acordo contratual. Vejamos o exemplo da figura logo abaixo. Figura 2 – Controle conjunto Fonte: Meurer, 2021. Nesse sentido, identificamos que as empresas Alfa e Beta possuem os mesmos percentuais, desempenhando então o controle conjunto, conhecido como Joint Venture. Geralmente, as entidades que estão sob o controle conjunto tendem e/ou buscam acumular capital para expandir suas atividades, sejam elas quanto à sua manutenção e/ou crescimento econômico, sendo também uma das formas de dividir os riscos potenciais do negócio (Gelbcke et al., 2018). Nesse âmbito, esse tipo de participação se destaca pela diminuição dos custos de produção, uma vez que também diminui a concorrência, pois ocorre uma maior absorção e ampliação de seu mercado. À vista disso, o controleconjunto é desempenhado quando os acionistas ou sócios da empresa não exercem individualmente os direitos sobre a investida, seja esse controle de forma direta ou indireta. Vale ressaltar que o controle não precisa ser igual para ser compartilhado, haja vista que os investidores podem possuir também diferenças percentuais em suas participações societárias e ainda assim desempenhar o controle conjunto. Corroborando com esse ponto, Gelbcke et al. (2018, p. 576) afirma que: O controle pode ser compartilhado, quando o estatuto ou acordo firmado entre tais sócios ou acionistas definir que o controle será compartilhado, ou seja, que haverá decisões consensuais entre as partes no exercício do poder para reger as políticas financeiras e operacionais da entidade. Com isso, podemos considerar que a empresa A possui 55% e a empresa B possui 45% de participação na empresa F, ou seja, participações diferentes, mas o controle pode ser compartilhado, desde que se tenha declarado no estatuto um acordo firmando o controle compartilhado, havendo então o julgamento das decisões a serem tomadas de forma consensual. Você conhece alguma empresa brasileira que possua negócio em conjunto? Bom, as empresas Oi e Cielo, em 2010, conforme dados do site Cielo (2010), fecharam um contrato para criação de uma joint venture com o nome de Paggo Soluções e Meios de Pagamento S.A. Com participação igual entre Oi e Cielo, a criação dessa nova empresa teve como objetivo a expansão das atividades relacionadas à aceitação de meios de pagamento. Voltando-se ao ano de 2019, verifiquemos a ilustração abaixo, a qual traz parte do demonstrativo da empresa Oi. Figura 3 – Demonstrativo da empresa Oi Fonte: Site B3 (Brasil, Bolsa, Balcão), [S.d.]. Conforme o demonstrativo acima, percebe-se que a empresa Oi possui, então, participações em coligadas e controladas em conjunto. Assim sendo, tais parcerias, em grande parte, têm como objetivo a maximização de mercado da empresa, pois levando-se em consideração o que foi pontuado anteriormente por Gelbcke et al. (2018), as entidades em controle comum buscam expandir suas atividades nas questões de manutenção, e ademais, buscam também o seu crescimento. E a parceira da Oi com a Cielo não foi diferente, pois com a criação da nova empresa PAGGO, houve a unificação dos serviços da Oi com as formas de pagamentos da Cielo. Em outras palavras, houve expansão das atividades, tanto da Oi como da Cielo, com a criação de uma Joint Venture. TEMA 3 – AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DE CUSTO A avaliação de investimentos é o nome dado quando a empresa investidora deve reconhecer qualquer variação patrimonial dos resultados obtidos na investida em seu investimento, conforme sua participação (Gelbcke et al., 2018). A avaliação de investimento pelo método de custo ocorre quando uma investida não se encaixa em relação à sua participação societária como coligada, controlada ou controlada em conjunto (Velter, 2015). Quando não existe a participação societária como mencionado acima, devemos então realizar a avaliação do investimento pelo método de custo. Quer dizer, não havendo o controle e/ou a influência significativa em uma participação societária permanente, devemos classificar tal participação no grupo Investimentos como Outras Participações Societárias, desde que esse investimento não possua como interesse a venda posterior. Velter (2015) acrescenta que os investimentos avaliados pelo método de custo de aquisição são quase todos aqueles em que as participações societárias da investidora na investida compreendem um percentual menor que 20% do capital investido na investida. O método de custo nada mais é do que avaliar o investimento pelo seu valor ao qual foi adquirido. E para Ribeiro (2013), a avaliação pelo método de custo consiste em avaliar os investimentos, vinculando a estes seus valores originais de transação. Entendemos, então, que esses valores, como dito anteriormente, são os valores pagos originalmente para adquirir um produto ou fabricá-lo. Nesse olhar, o investimento deve ser reconhecido pelo seu custo de aquisição e não ocorrerão mensurações subsequentes em detrimento das variações do patrimônio da investida. Além disso, a avaliação de investimento pelo seu valor de aquisição deve englobar, nesse valor, aqueles gastos incluídos com tributos não recuperáveis, fretes e corretagens (Ribeiro, 2013). Velter (2015, p. 22), pontua também que o custo de aquisição deve englobar os seguintes valores: Valor aplicado na formação de capital para constituição de nova sociedade; Valor despendido na aquisição ou subscrição de novas ações ou quotas por aumento de capital, inclusive ágio; Montante pago pela compra de ações de terceiros, inclusive ágio ou deságio; Valor pago a título de corretagem. Vamos supor, então, que a empresa Alfa decidiu aplicar um montante de seus recursos de forma permanente na empresa Beta. A empresa Beta, por sua vez, possui R$200.000,00 de capital social, sendo representado por 200.000 ações. Sabendo disso, a empresa Alfa adquiriu 10.000 ações ao valor de R$1,10 por ação da empresa Beta, com ágio por ação de R$ 0,10 (os conceitos de ágio e deságio vamos discutir em outra aula). No exemplo em questão, houve ainda uma taxa de corretagem de R$ 200,00. A taxa de corretagem corresponde ao custo, a qual é incorrida na intermediação do investimento realizada por uma instituição com somente esse objetivo. Desse modo, os valores despendidos pela empresa Alfa foram os seguintes: 10.000 ações X R$1,00 = R$10.000,00. Ágio de R$0,10 por cota = R$1.000,00. Valor da corretagem = R$200,00. Total de = R$11.200,00. Podemos ver que o valor total pela compra de ações da empresa Beta foi de R$11.200,00. Dessa maneira, devemos realizar a seguinte contabilização. D – Investimento na empresa Beta (outras participações societárias) R$11.200,00 C – Caixa/ Banco conta Movimento Com base nos lançamentos realizados por meio do método de partidas dobradas, devemos reconhecer o valor original das ações, mais os valores de ágio e gasto com corretagem, os quais devem englobar o valor original e assim formar o valor total do investimento, o qual nada mais é do que o custo de aquisição. Então, a empresa Alfa somente terá alterações do valor de aquisição de R$ 11.200,00 quando ocorrer redução do seu valor recuperável (impairment). Caso ocorra alteração no saldo do investimento, este pode ser representado por meio da ocorrência de alienação de ações pela investidora, ocasionando em redução de sua participação na investida. Podendo também ocorrer alterações do valor da aquisição, quando a investidora adquirir mais ações, aumentando então a sua participação e deixando de realizar o registro no grupo de Outras Participações Societárias. Dessa maneira, a participação pode passar a ter uma influência significativa e ser avaliada pelo Método de Equivalência Patrimonial, o qual é foco do próximo tema, em que certamente haveria uma mudança de registro no grupo de contas do Investimento. Quanto à perda do valor do investimento em relação ao seu valor recuperável (impairment), Gelbcke et al. (2018, p. 542) coloca que “é relativo à redução do saldo contábil do ativo ao seu valor recuperável (perda estimada) sempre que o saldo contábil do ativo for superior”. Esse reconhecimento é necessário toda vez que o investimento realizado pela investidora na investida possa ter um prejuízo na investida. Nesse ponto, a investida aufere um prejuízo que, por sua vez, causa a diminuição do patrimônio, o qual foi investido pela investidora. Sendo assim, Gelbcke et al. (2018) impõe que a investida, ao auferir prejuízo, diminui o valor do patrimônio, e que consequentemente o valor recuperável do investimento pode estar afetado, pois o valor de aquisição do investimento, o qual se encontra em uso pela investidora, sofreu de desvalorização, devendo reconhecer uma perda. Sabemos, então, que os investimentos não classificados com influência significativae/ou controlada são reconhecidos inicialmente pelo seu valor original, e depois, é realizada uma avaliação rotineira a respeito do seu valor recuperável. No mais, devem ser registradas também na investidora as variações que ocorrem na investida acerca da distribuição a títulos de dividendos, que de acordo com o item 16 da Interpretação Técnica ICPC 09 R2 (2014), ressalta o seguinte: Quando da avaliação dos investimentos nas demonstrações separadas pelo método do custo, a investidora deve reconhecer receita ou despesa apenas quando da declaração ou recebimento dos dividendos (ou outras formas de distribuição de resultado da investida) ou quando da alienação ou outra forma de baixa de tais investimentos. Por meio do apresentado no ICPC 09 R2, percebe-se que deve ser realizado o registro de receita ou despesa pelo método de custo somente quando a investida realizar a declaração de títulos de dividendos. Sendo também reconhecida como despesa somente por meio da declaração e alienação ou outra baixa dos investimentos. Identifica-se, então, que o recebimento de dividendo ou a diminuição da participação da investidora na investida não resultará em aumento ou diminuição do que foi investido, mas sim em receita e/ou despesa quando ocorrerem. A fim de compreendermos melhor esse assunto, vamos supor que a investidora tenha adquirido 5.000 ações ao valor de R$ 10.000,00 da investida. Deve ser reconhecido inicialmente os seguintes lançamentos: D – Investimentos (outras participações societárias) R$10.000,00 C – Caixa/Bancos conta movimento Realizados os lançamentos em relação ao reconhecimento do investimento adquirido na investida, sabe-se que a investidora possui participação na investida em apenas 10%. Por sua vez, a investida declarou distribuição de R$ 40.000,00 a título de dividendos aos seus acionistas, com isso, a investidora detém R$ 4.000,00 (R$ 40.000,00 X 10% = R$ 4.000,00) referentes a dividendos a receber. Os lançamentos devem ser da seguinte forma: D – Dividendos a receber R$4.000,00 C – Receita com dividendos Com base na contabilização, não houve aumento do valor anteriormente investido, mas sim uma variação acerca da alteração do lucro ou prejuízo da investidora no período. Após isso, no momento do recebimento dos dividendos, devem ser realizados os seguintes lançamentos: D – Caixa/Bancos conta movimento R$4.000,00 C – Dividendos a receber Além do mais, essas ocorrências nos 2 anos seguintes à investida não apresentaram distribuição de dividendos. Esses fatos fizeram com que a investidora julgasse que seu investimento poderia estar afetando, ou seja, uma desvalorização. Sob essa ótica, a investidora efetuou, então, o teste de impairment, pelo qual identificou que, atualmente, o valor justo de seu investimento compreende a R$ 1,50 o valor de cada ação, que anteriormente era de R$ 2,00. Além disso, foi realizada a mensuração do valor em uso dos investimentos por meio da aplicação do modelo de dividendos descontados, o qual já tivemos uma aula sobre avaliação de empresas. Dando continuidade, por meio da aplicação do modelo, a investidora estimou o valor em uso de R$ 1,00 para cada ação. Diante dos achados alcançados pela investidora, devemos compreender que, entre o valor justo e o valor em uso, deve ser utilizado aquele que apresente o maior valor, sendo esse o valor recuperável. Portanto, temos que o valor justo é maior que o valor em uso, sendo esse utilizado como valor recuperável. Para realizar os cálculos novamente, sabe-se que a investidora possui 5.000 ações da investida ao valor recuperável de R$ 1,50. Nesse caso, o valor será de R$ 7.500,00. Esse valor apresenta-se inferior ao valor de R$ 10.000,00 pelo qual foi investido. Por consequência, a investidora deve reconhecer a perda estimada com impairment, sendo esse valor a diferença entre o custo histórico e o valor recuperável, o qual será de R$2.500,00. Deve-se realizar os seguintes lançamentos: D – Despesa com reconhecimento de impairment (Resultado) R$2.500,00 C – Perda estimada por impairment (Investimento) Identificamos, então, que a perda estimada por impairment na investida é uma conta retificadora do grupo Investimento, classificada no Ativo Não Circulante. Desse modo, o custo de aquisição de R$ 10.000,00 localizado também no grupo Investimento é reduzido pelo crédito com a perda por impairment, reduzindo o saldo de R$ 10.000 dos Investimentos para R$ 7.500,00. Já a despesa com reconhecimento de impairment é uma conta de resultado, a qual impactará no lucro ou prejuízo da investidora no período. TEMA 4 – AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL: ABORDAGEM GERAL O Método de Equivalência Patrimonial (MEP) é aquele em que inicialmente é reconhecido o investimento pelo custo e posteriormente ajustado pelo reconhecimento da parte do investidor nas alterações da investida (CPC 18 R2, 2012). Sendo assim, diferentemente do método anterior visto em nossa aula, o MEP é realizado em sociedades que possuem participações societárias em coligadas, controladas e controladas em conjunto. Vale apontar que no método de custo visto anteriormente, observamos que nele deve ser reconhecido o custo de aquisição do investimento, e que posteriormente este não sofre alterações, salvo em alguns casos já discutidos. No caso do MEP, este nós devemos reconhecer pelo método de custo, no entanto, os investimentos sofrem alterações de acordo com as participações societárias na investida ocorridas em seu Patrimônio Líquido – PL, ou seja, alterações pós-aquisição do investimento. Nessa lógica, o CPC 18 R2 (2012), em seu item 3, retrata o seguinte “as receitas ou as despesas do investidor incluem sua participação nos lucros ou prejuízos da investida, e os outros resultados abrangentes do investidor incluem a sua participação em outros resultados abrangentes da investida”. Gelbcke et al. (2018) ressaltam que o termo Equivalência Patrimonial se origina de algo “que equivale a parte do patrimônio líquido da investida”. Sendo assim, entendemos que, em mudanças que ocorrem no patrimônio da investida, deve ser reconhecido o montante referente à participação da investidora. A fim de aprofundarmos o que estamos discutindo, voltemos novamente ao CPC 18 R2 (2012), em seu item 10: Pelo método da equivalência patrimonial, o investimento em coligada, em empreendimento controlado em conjunto e em controlada (neste caso, no balanço individual) deve ser inicialmente reconhecido pelo custo e o seu valor contábil será aumentado ou diminuído pelo reconhecimento da participação do investidor nos lucros ou prejuízos do período, gerados pela investida após a aquisição. Assim, Perez Júnior e Oliveira (2012) informam que o MEP tem por objetivo determinar as participações, de acordo com o valor que foi investido. Dessa maneira, a investidora deve manter o valor contábil do investimento conforme as variações que ocorrem na investida em seu Patrimônio Líquido, mantendo o valor proporcional à sua participação na data do balanço. A lei n. 6.404/76, em seu art. 248, realça os seguintes pontos: No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo com as seguintes normas (Redação dada pela Lei nº 11.941, de 2009). I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas; II - o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre o valor de patrimônio líquidoreferido no número anterior, da porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada; III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II, e o custo de aquisição corrigido monetariamente; somente será registrada como resultado do exercício: a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada; b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos; Buscando um melhor entendimento sobre o que foi já descrito no tópico, vamos imaginar que uma investidora adquiriu 30% do capital votante da investida; o capital social da investida é de R$ 100.000,00, ou seja, a investidora possui R$ 30.000,00 de participação na investida. No ano seguinte, a investida auferiu um lucro de R$ 45.000,00. Qual seria a contabilização com base no método de equivalência patrimonial? Em nosso exemplo, realizamos os cálculos de participação da investidora sobre a investida proporcionalmente à sua participação. A seguir, vamos utilizar a contabilização por meio de razonetes, para ficar mais fácil a nossa compreensão. Observamos, então, que a investidora deve reconhecer em seu balanço o resultado positivo de R$ 13.500,00 proporcionalmente à sua participação na empresa investida. Além disso, deve-se realizar o reconhecimento a débito referente à entrada de Investimento do grupo do Ativo Não Circulante, e em contrapartida, deve ser realizado o lançamento a crédito, reconhecendo a receita de equivalência patrimonial no demonstrativo de resultado da empresa investidora. O CPC 18 R2 (2012) estabelece que devem ser reconhecidos não somente os lucros da investida, mas também os seus prejuízos. Então, vamos imaginar que a investida apurou um prejuízo de R$ 32.000,00 no ano seguinte. Sabendo que a participação da investidora continua sendo de 30%, como deve ser calculada a proporção da investidora, frente ao prejuízo da investida? Diferentemente do exemplo anterior, no qual a investida tinha auferido um lucro, dessa vez esta auferiu um prejuízo. Conforme os cálculos desenvolvidos, a investidora possui, então, um saldo negativo de equivalência patrimonial de R$ 9.600,00 correspondente à sua participação na investida. Vamos à contabilização. Temos, então, o lançamento de despesa de equivalência patrimonial no resultado da investidora e um lançamento a crédito na conta Investimento, ocasionando uma redução em seu saldo. Com base nos exemplos, conseguimos compreender que os resultados da investidora são impactados pelas variações de resultados que ocorrem também na investida. Todavia, lembramos que anteriormente, no método de custo, o lucro ou prejuízo da investidora era impactado pelos dividendos. Desse modo, como devemos prosseguir com a distribuição de dividendos pelo MEP, sabendo que os lucros e prejuízos da investida são reflexo nos resultados da investida? Sob esse novo enfoque, o CPC 18 R2 (2012) emprega que a distribuição de dividendos deve ser registrada na própria conta do investimento, que será reduzida e representará a participação percentual da investidora na investida, que teve seu Patrimônio Líquido reduzido devido à distribuição dos lucros. Nesse sentido, seguindo o disposto no pronunciamento, os investimentos pelo MEP, a questão dos dividendos, esses não são reconhecidos no resultado da investidora, entretanto, os mesmos causam na conta investimento sua redução. Entendemos, então, que não devemos realizar um lançamento acerca da distribuição de dividendos no resultado da investidora, pois haveria um pequeno problema. E qual seria esse problema? Bom, sabemos que o lançamento de receita com dividendos no resultado da investidora não é o adequado, pois refletiria no lucro e/ou prejuízo da empresa e consequentemente afetaria o patrimônio líquido dessa empresa. Ou seja, não haveria a consonância entre os valores do ativo e passivo, visto que no ativo está ocorrendo uma diminuição da conta Investimento pelo MEP pela distribuição dos dividendos, enquanto no resultado da empresa, estaria ocorrendo um aumento. Com isso em mente, vamos retornar ao exemplo. Vamos supor que, agora, a investida tenha declarado a distribuição de dividendos no valor de R$6.000,00, referente a resultados em períodos anteriores que não haviam, até então, sido distribuídos. A participação da investidora na investida continua sendo de 30%. De acordo com isso, com a realização dos devidos cálculos, a investidora possui, então, o valor de R$ 1.800,00 referente à sua participação na distribuição de dividendos no valor total de R$ 6.000,00. Realizemos a contabilização pelo MEP. Veja que não foi realizado lançamento na conta de resultados da investidora, haja vista que realizamos o débito do valor de Dividendos a Receber e, em contrapartida, o crédito na conta Investimento, como redutora. Continuando, no momento do recebimento de dividendos, devemos reconhecer no caixa da investidora o débito referente ao valor de R$ 1.800,00 e um crédito na conta dividendos a receber, assim como foi realizado no tema anterior desta aula. Para finalizar a discussão sobre o MEP, tem-se também os lançamentos no Patrimônio Líquido da investida que não transitam no resultado. Conforme o CPC 18 R2 (2012), ainda em seu item 3, devem ser reconhecidas pelo MEP as alterações referentes a “sua participação em outros resultados abrangentes da investida”. Portanto, outros resultados abrangentes devem ser reconhecidos no investimento da investidora, conforme sua participação. Para entendermos melhor, vamos considerar o mesmo exemplo que estamos utilizando, porém, dessa vez, supomos que a investida possui um instrumento financeiro classificado para a venda. A partir disso, a empresa investida deve atualizar o valor de custo em relação ao seu valor justo do instrumento financeiro. Essa variação entre valor de custo e valor justo deve ser apresentada como ajuste de avaliação patrimonial no Patrimônio Líquido da investida. Nesse caso, imaginemos que a investida registrou um ganho de R$ 4.000,00. Sabemos que a participação societária da investidora sobre a investida continua sendo de 30%. Logo, a investidora possui a participação sobre esse ganho auferido pela investida no valor de R$ 1.200,00. Devemos contabilizá-lo da seguinte forma: Conforme os lançamentos, observamos que a investidora deve reconhecer, por meio do MEP, um débito em sua conta Investimento aumentando a mesma. E um crédito em sua conta no Patrimônio Líquido de Ajuste de Avaliação Patrimonial, também havendo um aumento. De todo o caso, houve um acréscimo na conta Investimento da investidora causado pelo ganho com ajuste de seus instrumentos financeiros pelo valor justo adequado na investida. Devemos compreender, dessa forma, que poderia ocorrer também uma perda, ou seja, o valor justo poderia estar inferior ao valor contábil registrado na investida, o que de certa forma refletiria em redução da conta Investimentos na investidora. Para simplificar o discutido sobre o MEP, vejamos a figura a seguir, que retrata o principal enfoque da investidora sobre a investida. Figura 4 – Participação Investidora e Investida Fonte: Meurer, 2021. Por meio da imagem, podemos verificar que o Patrimônio Líquido da investida pelo MEP deve refletir na conta Investimento da investidora. O colocado na figura é uma ilustração simples do que nós já discutimos durante o tema. TEMA 5 – AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS PELO MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL: RESULTADOS NÃO REALIZADOS No Método de Equivalência Patrimonial (MEP), pode ocorrer a eliminação de resultados não realizados, que podem ser entendidos como Lucros Não Realizados (LNR). A lei n. 6.404/76, em seu art. 248, realça os seguintes pontos: No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da equivalência patrimonial, de acordo com as seguintes normas (Redação dada pela Lei nº 11.941,de 2009). I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas. Conforme exposto no art. 248 da lei 6.404/76, o lucro realizado não deve ser considerado na aplicação do MEP, destarte, o montante correspondente a LNR deve ser eliminado quando do reconhecimento da MEP pela investidora. Para entendermos melhor a respeito, os LNR ocorrem nas vendas de mercadorias de uma entidade que pertence ao mesmo grupo de empresas. Perez Junior e Oliveira (2012) descrevem que os resultados não realizados podem ser advindos com um certo tipo de frequência, os quais envolvem as operações de compra e de venda de ativos. Entretanto, os LNR não ocorrem quando o preço de venda entre essas sociedades é igual ao preço de custo. Essas operações de compra e venda de ativos podem ocorrer pela compra de estoques, bens do imobilizado, investimentos e outros ativos (Gelbecke et al., 2018). Para complementar nosso entendimento, essas operações ocorrem, como antes dito, entre empresas de um mesmo grupo econômico. Por conseguinte, essas transações são comuns entre investidoras e suas investidas, como coligadas, controladas e/ou controladas em conjunto. Em vista disso, essa situação ocorre quando a empresa investidora adquire mercadorias de sua coligada ou controlada. Gelbcke et al. (2018, p. 629) colocam duas situações em que podem ocorrer esse tipo de transação, porém uma diferente da outra. A empresa que comprou as mercadorias já as vendeu para terceiros, ou seja, os ativos transacionados não constam mais no estoque do investidor ou de suas investidas, na data do balanço; A empresa que comprou as mercadorias ainda tem saldo daquelas mercadorias em estoque, na data do balanço. No primeiro ponto, podemos entender que determinada empresa comprou mercadorias, porém já efetuou suas vendas. Nessa circunstância, não haverá lucros nos estoques decorrentes das operações entre as sociedades, pois já ocorreu na venda. Já no segundo tópico, esse será aprofundado nos tópicos subsequentes a esse tema. É importante acrescentar que essas operações entre empresas não ocorrem somente pela compra de mercadorias da investidora para com a investida, pois a investida também pode adquirir produtos de sua investidora. Nessa situação, devemos entender o seguinte, que quando a investidora vende para sua investida, a operação é compreendida como a existência de uma transação descendente (dowstream), conforme o CPC 18 R2 (2012). Por sua vez, o CPC denomina como transação ascendente (upstream) quando a investida vende produtos para sua investidora. O LNR somente constará quando a adquirente mantiver o produto na empresa na data de divulgação de suas informações contábeis. 5.1 CONTABILIZAÇÃO DOS LUCROS NÃO REALIZADOS EM COLIGADAS Vamos considerar primeiramente um exemplo que envolve a venda dos produtos adquiridos da investida pela sua investidora. Usaremos como base para formulação do próximo exemplo, bem como dos demais, a bibliografia de Gelbcke et al. (2018) Imaginemos que a coligada B vendeu para a sua investidora A mercadorias por R$ 140.000,00, e o custo da coligada para adquirir essas mercadorias foi de R$ 100.000,00. Temos o seguinte: COLIGADA B Vendas R$ 140.000,00 (-) CMV R$ 100.000,00 (=) Lucro Bruto R$ 40.000,00 A investidora A no mesmo exercício vendeu essas mesmas mercadorias por R$ 140.000,00. Verifiquemos novamente: Investidora A Vendas R$ 140.000,00 (-) CMV R$ 100.000,00 (=) Lucro Bruto R$ 40.000,00 Nesse exemplo, o lucro não permaneceu nos estoques a serem eliminados, nada devendo ser ajustado para a aplicação do MEP na investidora. Sendo assim, tal situação só ocorreu porque o produto adquirido pela investidora foi vendido para terceiros, nesse caso, o resultado a ser consolidado representa as vendas por R$ 140.000,00, os custos com as mercadorias vendidas de R$ 100.000,00 e o lucro bruto a ser consolidado de R$ 20.000,00. E se imaginarmos, agora, que as mercadorias continuam no estoque da investidora? Desse ponto, Gelbcke et al. (2018) se posicionam que, caso isso aconteça em coligada, não deve ser eliminada a totalidade dos LNR, mas sim o % correspondente à participação da investidora sobre os LNR de suas investidas. E conforme a lei n. 6404/76, em seu art. 248, havendo mercadorias em estoque em transações entre sociedades de mesmo grupo, o lucro deve ser eliminado para a aplicação do MEP. Sob esse enfoque, vamos considerar o mesmo exemplo anterior, porém, as mercadorias adquiridas pela investidora ainda não foram vendidas, permanecendo os estoques no balanço da investidora A. A eliminação, então, seria da totalidade do lucro na transação no valor de R$ 40.000,00 correspondente à diferença entre o valor da venda de R$ 140.000,00 para a investidora e o valor de R$ 100.000,00 correspondente à obtenção dessas mercadorias pela coligada B. Agora, utilizando o mesmo exemplo anterior, com base na bibliografia de Gelbcke et al. (2018), imagine que a coligada B apurou um lucro líquido de R$ 500.000,00 e que a investidora detenha 45% de participação na coligada B. Lucro Líquido da Coligada B R$500.000,00 (-) Lucros não realizados contidos no estoque de A R$40.000,00 (=) Lucro líquido ajustado para equivalência patrimonial R$460.000,00 (x) Percentual de participação de A em B 45% (=) Receita de Equivalência Patrimonial R$207.000,00 Desse modo, deve ser realizado os seguintes lançamentos avaliados pelo MEP: Observa-se, então, que houve o lançamento de um débito de R$ 207.000,00 e em contrapartida crédito no mesmo valor no resultado da investidora pelo MEP. Vamos supor outra circunstância, que o valor de R$ 20.000,00 referente ao LNR, possua alíquota de IRPJ e CSLL de 34% sobre esse lucro (R$ 40.000,00 X 34% = R$ 13.600,00). Temos, então, que o LNR é de R$ 26.400,00 (R$ 40.000 – R$ 13.600,00 = R$ 13.200,00). Como ficaria? Lucro Líquido da Coligada B R$500.000,00 (-) Lucros não realizados contidos no estoque de A R$26.400,00 (=) Lucro líquido ajustado para equivalência patrimonial R$473.600,00 (x) Percentual de participação de A em B 45% (=) Receita de Equivalência Patrimonial R$213.120,00 Agora, vamos inverter as transações. Vamos admitir que a investidora A tenha vendido mercadorias para a coligada B. Para facilitar, vamos considerar os mesmos valores do exemplo anterior. Lucro Líquido da Coligada B R$500.000,00 (x) Percentual de participação de A em B 45% (=) Receita de Equivalência Patrimonial R$225.000,00 Após o reconhecimento do investimento e receita de equivalência patrimonial da investidora, devemos encontrar a quantia do LNR. LNR contido no Estoque da Coligada B R$400.000,00 (x) Percentual de participação de A em B 45% (=) Lucros a Realizar com Coligada R$11.880,00 Estamos considerando sobre o valor de R$ 40.000,00 a alíquota de tributos de 34%. Devem ser realizados os seguintes lançamentos: Podemos identificar que a conta LNR com Coligada é uma conta retificadora do resultado da investidora, a qual compreende ao LNR que a empresa investidora obteve ao vender as mercadorias para a coligada B. Em contrapartida, houve o lançamento a crédito de Lucros a Realizar com Coligada, e essa conta estará reduzindo do valor de Investimento em Coligada. Agora, vamos considerar que no início do ano seguinte a Coligada B tenha vendido para terceiros as mercadorias adquiridas da investidora A no ano anterior. Devemos, então, realizar os seguintes lançamentos. Percebe-se que apenas invertemos os lançamentos conforme o momento da venda de mercadorias a terceiros realizada pela coligada B. 5.2 CONTABILIZAÇÃO DOS LUCROS NÃOREALIZADOS EM CONTROLADAS Neste tópico, vamos verificar os exemplos de contabilização por meio do MEP, em que as transações ocorrem entre controladora e controlada (dowstream) e quando ocorre de controlada para controladora (upstream), assim como realizado em tópico anterior. Conforme o CPC 18 R2 (2012), em seu item 28A: Os resultados decorrentes de transações descendentes (downstream) entre a controladora e a controlada não devem ser reconhecidos nas demonstrações contábeis individuais da controladora enquanto os ativos transacionados estiverem no balanço de adquirente pertencente ao mesmo grupo econômico. O disposto neste item deve ser aplicado inclusive quando a controladora for, por sua vez, controlada de outra entidade do mesmo grupo econômico. O ICPC 09 R2 (2014), em seu item 55B, dispõe o seguinte: Nas demonstrações individuais, quando de operações de venda de ativos da controladora para suas controladas (downstream), a eliminação do lucro não realizado deve ser feita no resultado individual da controladora, deduzindo-se cem por cento do lucro contido no ativo ainda em poder do grupo econômico, em contrapartida da conta de investimento (como se fosse uma devolução de parte desse investimento), até sua efetiva realização pela baixa do ativo na(s) controlada(s). Por meio do pronunciamento acima, podemos compreender as operações que envolvem a venda de mercadorias de investidora para coligada, da qual são reconhecidos os LNR na proporção de sua participação. Enquanto na operação de venda de controladora para controlada, é reconhecido 100% do LNR. Vamos utilizar o seguinte exemplo: a controladora A vendeu a sua controlada B mercadorias no valor de R$ 100.000,00, sendo o custo dessas mercadorias de R$ 80.000,00, o qual foi pago pela controladora. A controlada mantém 100% dessas mercadorias em estoque, dessa forma, tem-se R$ 20.000,00 correspondente aos LNR. Vamos supor que a controladora possua 60% de participação no capital votante da controlada, e que a controlada tenha apurado um lucro líquido de R$60.000. Lucro Líquido da Controlada R$60.000,00 (x) Percentual de participação de A em B 60% (=) Receita de Equivalência Patrimonial R$36.000,00 Realizamos os seguintes lançamentos, reconhecendo o resultado pelo MEP. Logo após o reconhecimento de investimento referente ao resultado de equivalência patrimonial, devemos realizar os cálculos ligados a quantia de LNR. LNR contido no Estoque da Controlada R$20.000,00 (-) Tributos sobre o Lucro não realizado de 34% R$6.800,00 Posteriormente, é necessário realizar a contabilização referente à eliminação do LNR no investimento da controlada, contabilizando também de forma separada o impacto tributário, pois de acordo com o CPC 18 R2 (2012), no seu item 28C, o MEP “deve produzir o mesmo resultado líquido e o mesmo patrimônio líquido para a controladora que são obtidos a partir das demonstrações consolidadas dessa controladora e suas controladas”. Nesse caso, assim como disposto por Gelbcke et al. (2012), o melhor procedimento para as demonstrações contábeis seria considerar os tributos diferidos. Assim, veja a seguir a contabilização subsequente. Aqui, note que, nos lançamentos realizados, seguimos do mesmo modo que quando existe a venda de mercadorias da investidora para coligada, sendo que a conta LNR com Controlada refere-se a uma conta redutora do resultado da controladora, e a conta Lucros a Realizar com Controlada representa uma diminuição do grupo Investimentos da Controladora. No terceiro lançamento, percebemos que ocorre o reconhecimento tributário dos LNR, do Tributo Diferido no valor de R$ 6.800,00, pois ocorreu uma redução do valor de R$ 20.000,00. O resultado de R$ 20.000,00 de LNR no resultado da investidora é temporário, pois pelas regras de IRPJ e CSLL, o valor desses impostos deveria ser pago normalmente, porém, as contas de resultados são por regime de competência. Diante disso, o ganho de R$ 20.000,00 somente será computado no resultado da empresa quando esse for vendido a terceiros ou baixado por perda, conforme discutido por Gelbcke et al. (2018). Vamos imaginar agora o contrário, a controlada vende para a controladora. Nesse exemplo, vamos perceber que esse tipo de transação se assemelha com a coligada vendendo para a investidora. Para tanto, o CPC 18 R2 (2012), em seu item 28B, coloca que “os resultados decorrentes de transações ascendentes (upstream) entre a controlada e a controladora [...] devem ser reconhecidos nas demonstrações contábeis da vendedora” enquanto essas mercadorias não forem vendidas a terceiros. O ICPC 09 R2 (2014), em seu item 56A, ressalta o seguinte: Nas demonstrações individuais da controladora, quando de operações de venda de ativos da controlada para a controladora ou entre controladas, o cálculo da equivalência patrimonial deve ser feito deduzindo-se, do patrimônio líquido da controlada, cem por cento do lucro contido no ativo ainda em poder do grupo econômico. Pois então, entendemos que a operação de venda de mercadorias da controlada para controladora deve reconhecer os 100% do valor dos LNR. Agora, vamos utilizar um exemplo para entendermos melhor. Imaginemos que a controlada B realizou uma venda à sua controladora A no valor de R$ 100.000,00 de mercadorias, e os custos das mercadorias adquiridas pela controlada foi de R$ 80.000,00. Nessa mesma linha, vamos supor também para esse exemplo que 50% dessas mercadorias tenham sido vendidas, e que a participação da controladora é de 70% na controlada, e que esta apurou um lucro líquido de R$ 200.000,00 no exercício em questão. Cálculo da Margem do Lucro Receita de venda da controlada B a controladora A R$100.000,00 (-) CMV na controlada B R$80.000,00 (=) Lucro bruto da controlada B nessa situação R$20.000,00 Margem de lucro (Lucro bruto/Receita de venda) 20% Cálculo do lucro no estoque da controladora A R$100.000,00 (-) Parte já vendida para terceiros (50%) R$50.000,00 (=) Saldo em estoque no balanço da controladora (50%) R$50.000,00 (x) Percentual da margem de lucro 20% (=) LNR contidos no estoque do grupo R$10.000,00 Lucro líquido da controlada B R$200.000,00 (-) Lucros não realizados R$10.000,00 (=) Lucro líquido ajustado equivalência patrimonial R$190.000,00 (x) Percentual de participação de A em B 70% (=) Receita de equivalência patrimonial R$133.000,00 Realizamos então a seguinte contabilização: Bom, finalizamos as possíveis transações entre empresas de mesmo grupo. Nesse contexto, englobamos as transações ascendentes (upstream) e descendentes (dowstream). Fazendo um breve resumo, as transações ascendentes, como vimos anteriormente, ocorrem quando é realizada a venda de mercadorias da investida para investidora, podendo ocorrer entre investida para coligada, controlada para controladora e controladas em conjunto para controladora. Logo, é necessário nas operações ascendentes realizar o ajuste pelo MEP, estabelecendo o lucro por meio da retirada do LNR, o qual ainda não foi vendido para terceiros, para então verificar a participação por meio do MEP na investida. As transações descendentes ocorrem quando a venda de mercadorias é realizada da investidora para a coligada, controladora para controlada e controladora para controladas em conjunto. Nesse tipo de transação, devemos entender que nas transações que envolvem venda de mercadorias da investidora para coligada e controladora para controladas em conjunto, o lucro a ser eliminado corresponde de forma proporcional à participação societária dessas empresas. Em nossa aula, não tivemos exemplos sobre a venda de controladora para negócios em conjunto, no entanto, a base de cálculos e lançamentos é igual ao que detalhamos no exemplo de venda de investidora para coligada. Para as transações de venda de controladora para controlada, a eliminação do LNR deve ser de forma integral. TROCANDO IDEIAS No decorrer de nossa aula, pudemos verificar as diferentes participações societárias e como essas participaçõessão avaliadas. Nessa linha, busque pelo site <www.b3.com.br>, que dispõe de diversas informações de empresas que negociam na B3 (Brasil, Bolsa, Balcão). Continuando, escolha um setor e uma empresa que você deseja verificar no site da B3. Em seguida, você irá encontrar diversas informações contábeis, como o exemplo das participações societárias de empresa sobre outras. Sob a ótica das empresas negociadas na B3, busque identificar os grupos empresariais de suas respectivas cidades, vejam quais são as linhas operacionais dessas empresas que atuam em suas cidades. Tente identificar a força desses grupos empresariais frente a outras empresas que atuam no mesmo segmento em sua cidade. Ou seja, veja as questões de crescimento e desenvolvimento desses grupos empresariais frente a outras empresas que atuam em mesmo segmento de forma individual. NA PRÁTICA O gabarito para os exercícios a seguir pode ser encontrado ao final deste material, após as referências. Exercício 1) A coligada B vende para sua Investidora A, por R$ 140.000,00, mercadorias que lhe custaram R$100.000,00. Agora, vamos supor que nada desses estoques tenha sido vendido a terceiros (permanecendo nos estoques da Investidora A na data do balanço). Admitindo que a única mutação do Patrimônio Líquido da coligada B no período foi o lucro líquido de R$ 300.000,00 (que contém o lucro não realizado de R$ 40.000,00) e uma participação de A no capital de B de 50%, qual seria a Receita de Equivalência Patrimonial de A, e os lançamentos contábeis a serem realizados? Exercício 2) A Holding S. A. comprou, em 01 de janeiro de 2019, 60% do capital social da Subsidiária S. A. pelo valor de R$ 6.000,00. A subsidiária S.A. tinha um patrimônio líquido nessa data a valor justo de R$ 8.200,00. A empresa apurou um lucro de R$ 200,00 no exercício social de 2019 e declarou dividendos de R$ 100,00 em 31 de dezembro de 2019. Quais os lançamentos contábeis que a Holding S.A. deve elaborar pelo método de equivalência patrimonial? Exercício 3) A Holding S.A. adquiriu, em 01 de janeiro de X4, 51% das ações do Capital Social da Investida S.A. pelo valor total de R$ 5.100,00. O patrimônio líquido da Investida S.A. a valor justo teve a seguinte evolução nos exercícios sociais de X4 e X5. Saldo em 01/01/X4 R$ 10.000,00 Lucro apurado em X4 R$ 2.000,00 Dividendos declarados em 31/12/X4 a serem pagos em 05/02/X5 R$ 2.500,00 Saldo em 31/12/X4 R$ 9.500,00 Prejuízo apurado em X5 R$ 300,00 Saldo em 31/12/X5 R$ 9.200,00 Quais são os lançamentos pelo Método de Equivalência Patrimonial - MEP que a Holding deve reconhecer? FINALIZANDO Esperamos que você tenha compreendido os diferentes métodos de avaliação de investimentos e como esses devem ser contabilizados pelas empresas. Recapitulando os temas de nossa aula, no primeiro, buscamos verificar as diferentes participações societárias e como essas se distinguem uma das outras, quanto aos seus processos de avaliação. Dentre esse assunto, exploramos quais os CPCs que tratam sobre essas diferentes participações societárias. Verificamos as questões de participação societária, as quais se caracterizam como negócios em conjunto. Vimos que nesse tipo de investimento, a participação societária pode ser igual a 50% entre as controladoras, ou diferente, como a exemplo: uma controladora com 45% e outra com 55%. Essa participação igual ou diferente não importa, desde que haja o consentimento entre os investidores quanto às decisões a serem tomadas e conjunto. Na sequência, verificamos os métodos de avaliação dos investimentos. Vimos que existem dois métodos que podem ser utilizados. O primeiro se trata do método de custo. Conforme disposto durante a aula, os investimentos que utilizam esse método se tratam daqueles que a participação societária não possui ao menos a influência significativa sobre uma empresa. Sendo assim, esses investimentos devem ser classificados como Outras Participações Permanentes no grupo Investimentos. Além disso, devem ser reconhecidos pelo seu custo histórico. Esse tipo de investimento, conforme nossos estudos, deve ser avaliado periodicamente, pois existem indícios que o mesmo tenha sofrido de desvalorização, sendo então necessário realizar o teste de redução ao valor recuperável de ativos. Ainda, existe as questões de distribuição de dividendos pela investida, ou a alienação de novas ações reduzindo a participação da investidora, o que consequentemente afeta o seu resultado. O segundo método que abordamos foi o MEP. Vimos que empresas caracterizadas como coligadas, controladas e negócios controlados em conjunto devem ser avaliados pelo MEP. Nesse método, como apontado durante a aula, é necessária a mensuração do investimento de forma periódica, ou seja, a investidora deve reconhecer o reflexo do resultado de sua investida em seu resultado. Para tanto, é necessário considerar o percentual de participação societária da investidora. Investigando ainda o MEP, delineamos no último tópico os Lucros Não Realizados (LNR). Vimos que estes podem ocorrer entre sociedades de um mesmo grupo econômico, melhor dizendo, investidora e investida. Por conseguinte, vimos que os LNR são aqueles gerados entre essas sociedades, quando ocorre transações descendentes e ascendentes, sendo destacado ainda que os LNR perfazem quando não ocorre a venda a terceiros (total ou parcialmente). Para finalizar, vimos, por meio de exemplos, as diferenças de contabilização quanto aos LNR, como destacado principalmente entre transações envolvendo coligadas e controladas. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro 1976. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 de dezembro de 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 11 fev. 2021. B3 (Bolsa, Balcão, Brasil). Demonstrativos da Oi S.A., 2019. Disponível em: <https://www.rad.cvm.gov.br/ENETCONSULTA/frmGerenciaPaginaFRE.aspx? NumeroSequencialDocumento=91839&CodigoTipoInstituicao=2>. Acesso em: 11 fev. 2021. BANCO do Brasil e Cielo anunciam parceria com a Oi para operar o serviço de mobile payment: parceria Cielo e Oi. Cielo, 2010. Disponível em: <https://www.cielo.com.br/portal/cielo/servicos/banco-do-brasil-e-cielo-anunciam-parceria-com-a- oi-para-operar-o-servico-de-mobile-payment.html>. Acesso em 11 fev. 2021. CPC, Comitê De Pronunciamentos Contábeis. ICPC 09 (R2). Demonstrações Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas e Aplicação do Método da Equivalência Patrimonial, 2014. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/494_ICPC_09_(R2)_rev%2009.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 18 (R2). Investimento em Coligada, em Controlada e em Empreendimentos Controlados em Conjunto, 2012. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?id="49">. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 19 (R2). Negócios em Conjunto, 2012. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/274_CPC_19_%20R2_rev%2013.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 48. Instrumentos Financeiros, 2016. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/530_CPC_48.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades, de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. Atlas, 2018. PEREZ JÚNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. D. Contabilidade avançada: Texto e testes com respostas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. RIBEIRO, O. M. Contabilidade Intermediária. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2013. VELTER, F. Contabilidade avançada. Grupo Gen-Editora Método Ltda., 2015. GABARITO Exercício 1 Lucro Líquido da coligada B R$ 300.000,00 (-) lucros não realizados contidos no estoque de A R$ 40.000,00 (=) lucro líquido ajustado para fins de equivalência patrimonial R$ 260.000,00 (X) percentual de participação de A em B 45% 50% Receita de Equivalência Patrimonial R$ 130.000,00 Temos que R$ 40.000,00 correspondem ao LNR, poisnão foi vendido a terceiros ainda. Nesse caso, devemos subtrair esse valor dos R$ 300.000,00, referente ao lucro líquido da coligada B. Após subtração, é realizado somente o cálculo referente ao percentual da empresa A em B, chegando ao resultado de R$130.000,00 de Receita de Equivalência Patrimonial. Os lançamentos devem ser realizados desta forma: Exercício 2 01/01/2019 Débito Crédito Investimento na subsidiária S.A. R$ 6.000,00 a Disponível R$ 6.000,00 Pela aquisição do investimento Aqui, devemos primeiramente reconhecer o valor que foi adquirido da Subsidiária pela Holding S.A. Depois, é necessário apurar os percentuais do lucro e dividendos da Subsidiária S.A., que correspondem à Holding S.A. 31/12/2019 Débito Crédito Investimento na subsidiária S.A. R$ 120,00 a Receita de Equivalência Patrimonial R$ 120,00 Pelo registro da parcela proporcional do lucro apurado pela investida Dividendos a receber R$ 60,00 a Investimento na Subsidiária S.A. R$ 60,00 Pelo registro dos dividendos declarados Desse modo, temos que o lucro da subsidiária foi de R$ 200,00 (R$ 200,00X60% = R$ 120,00). Posteriormente, a subsidiária apurou dividendos de R$ 100,00 (R$ 100,00 X 60% = R$ 60,00). Com isso, os lançamentos referentes à equivalência patrimonial se deram desde o valor adquirido pela Holding S.A. até os valores posteriores, correspondentes à sua participação na Subsidiária S.A. conforme proporção de participação. Exercício 3 01/01/X4 Débito Crédito Investimento na Investida S.A. R$ 5.100,00 a Disponível R$ 5.100,00 Pela aquisição de participação societária Observamos novamente que é necessário realizar o reconhecimento do valor referente da aquisição da Investida S.A. pela Holding S.A., logo após, reconhecer as participações referentes da Holding S.A. na Investida S.A. em 31/12/X4. 31/12/X4 Débito Crédito Investimento na investida S.A. R$ 1.020,00 a Receita de Equivalência R$ 1.020,00 Pelo reconhecimento proporcional do lucro na investida Dividendos na investida S.A. R$ 1.275,00 a Investimento na investida S.A. R$ 1.275,00 Pelo registro dos dividendos declarados A receita de equivalência patrimonial da Holding S.A. é de R$1.020,00, ou seja, (R$ 2.000,00X51% = R$ 1.020,00). Depois, deve ser feito o reconhecimento de dividendos, que foi de R$ 1.275,00 (R$ 2.500,00X51% = R$ 1.275,00). Logo após, realizamos os seguintes lançamentos: 05/02/X5 Débito Crédito Disponível R$ 1.275,00 a Dividendos a receber R$ 1.275,00 Pelo recebimento de dividendos 31/12/X05 Débito Crédito Despesa de equivalência patrimonial R$ 153,00 a Investimento na investida S.A. R$ 153,00 Pelo reconhecimento proporcional do prejuízo na investida Com isso, finalizamos os lançamentos correspondentes à participação da Holding S.A. na Investida S.A. Precisamos também saber que deve ser reconhecido o prejuízo de R$ 153,00 (R$ 300,00 X 51% = R$ 153,00) referente à participação da Holding S.A. na Investida S.A. AQUISIÇÕES E REESTRUTURAÇÕES EMPRESARIAIS AULA 3 Prof. Rodrigo Malta Meurer CONVERSA INICIAL Anteriormente, discutimos sobre os aspectos normativos dos investimentos provenientes de participação societária em uma investida. Ademais, nos pautamos principalmente nas questões de negócios controlados em conjunto e nas diferentes formas de avaliação dos investimentos. Ainda, buscamos compreender o que seria o controle conjunto e como este se difere de outras participações societárias, as quais ocorrem somente entre controladora e controlada de maneira individual. No mais, atentamos para as diferentes formas de avaliação das participações societárias entre investidora e investida. Logo, avançamos nas particularidades de investimentos, que são avaliados pelo método de custo e pelo método de equivalência patrimonial. Contemplamos, então, que os investimentos avaliados pelo método de custo geralmente são aqueles pelos quais a participação da investidora sobre a investida não se caracteriza como influência significativa e nem de controle. Nesse ponto, foi possível compreender que os investimentos que possuem influência significativa e/ou controle devem ser avaliados pelo método de equivalência patrimonial. Além disso, nos aprofundamos quanto às questões de contabilização em ambos os métodos. Após isso, discutimos os procedimentos a serem utilizados para resultados não realizados em transações. Por conseguinte, nesta aula buscaremos nos concentrar sobre as participações societárias e principalmente no que tange às combinações de negócio. Nesse sentido, daremos então continuidade a nossa aula. Desejamos a todos bons estudos. CONTEXTUALIZANDO Em se tratando de combinações de negócios, estas ocorrem por meio de uma operação ou outro evento através do qual um adquirente pode obter o controle de um ou mais negócios. Com isso, tal tipo de investimento é caracterizado quando há o controle da investidora sobre a investida, sendo que não é necessária a existência de forma jurídica para a sua operação, haja vista que esse tipo de controle pode ser obtido por meio de uma simples assinatura mediante acordo entre acionistas. Com isso, na aula em questão, vamos abordar sobre a aplicação do método de aquisição em combinação de negócio. Desse modo, trataremos especificamente sobre a identificação do adquirente, determinação da data de aquisição, reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis adquiridos, dos passivos assumidos e das participações societárias de não controladores na adquirida e reconhecimento e mensuração do ágio por rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho proveniente de compra. Dando continuidade à aplicação do método de aquisição em combinação de negócio, discutiremos sobre a identificação do adquirente, pelo qual é necessário o estabelecimento da figura do adquirente e adquirida. Nesse caso, para identificar o adquirente, é necessário verificar a entidade que obtém o controle da adquirida. Logo após, é fundamental determinar a data de aquisição do investimento, ou seja, a data do controle obtido pela investidora. Nesse âmbito, iremos compreender o reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis adquiridos, dos passivos assumidos e das participações societárias de não controladores na adquirida. Vamos nos atentar também para o reconhecimento e mensuração do ágio por rentabilidade futura goodwill ou do ganho proveniente de compra vantajosa. Nessa lógica, vamos buscar o entendimento quanto ao tempo ou ao período de mensuração, o qual segue o período da data de aquisição pelo qual o adquirente realiza os ajustes para reconhecimento da combinação de negócios. Ao final de nossa aula, o último tema tratará de combinações de negócios em estágios e combinações de negócios sem a transferência da contraprestação. TEMA 1 – AQUISIÇÃO DE PARTICIPAÇÃO SOCIETÁRIA E COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS As combinações de negócios são tratadas pelo CPC 15 R1 (2011), correlato com as Normas Internacionais de Contabilidade IFRS 3. Além disso, o CPC 15 R1 (2011), em seu apêndice A, define combinações de negócios como sendo “uma operação ou outro evento por meio do qual um adquirente obtém o controle de um ou mais negócios, independentemente da forma jurídica da operação”. Como bem podemos ver, um grande ponto da definição de combinações de negócios está na obtenção de controle, o qual se trata da capacidade de governar as políticas financeiras e operacionais da investida, assim como estudamos nas aulas anteriores. E o que seria um negócio? De acordo com o CPC 15 R1 (2011), ainda em seu apêndice A, negócio é: Um conjunto integrado de atividades e ativos capaz de ser conduzido e gerenciado como objetivo de fornecer bens ou serviços a clientes, gerando receita de investimento (como dividendos ou juros) ou gerando outras receitas de atividades ordinárias. Nesse caso, esse pronunciamento trata especificamente de quando a entidade adquire o controle de um negócio. Esse controle, assimcomo descrito no CPC 15 R1 (2011), não precisa ser necessariamente uma empresa. Com isso, tomemos como base dois pontos ressaltados por Gelbcke et al. (2018, p. 1346). Obtenção do controle de outra sociedade pode se dar por outros meios que não a “compra” de capital votante, como, por exemplo, mediante assinatura de acordo de acionistas ou outra forma pela qual a entidade venha a ter poder sobre a investida a ponto de dirigir suas atividades relevantes, inclusive usando esse poder em seu próprio benefício; o CPC 15 (R1) não discute as situações em que não há, de fato, transferência de controle. Assim, estão excluídos dele os casos em que um grupo de empresas faz com que uma das empresas do grupo “compre” outra empresa que já pertença ao mesmo grupo. Transações entre entidades sob controle comum não estão abrangidas pelo CPC 15 e não são discutidas neste capítulo; O negócio sobre o qual se obteve o controle não necessariamente deve ser uma sociedade com personalidade jurídica distinta, ou seja, também será denominada de combinação de negócios a obtenção do controle sobre um conjunto líquido de ativos que constitua um negócio, tal como quando uma empresa compra uma divisão de outra empresa; uma operação como essa pode atender à definição de negócio. Podemos observar que estão em negrito as palavras negócio, controle e grupo. Já vimos durante esta aula a definição de negócio. E quanto à definição de controle? Nós a vimos em aulas anteriores, mas vamos relembrá-la com a ajuda do CPC 36 R3 (2012), que, em seu item 6, define controle como quando “o investidor controla a investida quando está exposto a, ou tem direitos sobre, retornos variáveis decorrentes de seu envolvimento com a investida e tem a capacidade de afetar esses retornos por meio de seu poder sobre a investida”. Entendido a respeito da obtenção de controle, temos então que distinguir entre uma operação de aquisição de controle e outra que pode muitas vezes na sequência gerar, ou não, provocar a incorporação, fusão e cisão. Percebe-se então, que o termo grupo não é aplicado ao CPC 15 R1 (2011). Portanto, sociedades nomencladas como Joint Ventures, como vimos em nossas aulas anteriores, não estão relacionadas às combinações de negócios, pois não abrangem sociedades que estão sob controle comum, ou na formação de negócios em conjunto (Gelbcke et al., 2018). Isso de certo modo pode ser visto no CPC 15 R1 (2011), o qual restringe-se somente às operações de combinação de negócio entre entidades economicamente independentes, pelo qual o controle é transferido de uma parte para outra. Desse modo, explica-se então a restrição de negócios controlados em conjunto. Ademais, Gelbcke et al. (2018) ressaltam que “a expressão “combinação de negócio” não era comumente empregada no Brasil para representar a obtenção de controle, mas sim “fusões e aquisições”. Todavia, esses termos não devem ser tomados como sinônimos, e nem devem as operações ser denominadas de fusão, incorporação e cisão (Gelbcke et al., 2018), pois essas operações se tratam de operações jurídicas nas quais as sociedades passam por modificações, ou seja, as mudanças que ocorrem pelas operações de fusão, incorporação e cisão, não necessitam da obtenção de controle. Não iremos adentrar nessas operações nesta aula, pois serão assunto de aulas posteriores. Para entendermos melhor, vamos supor que a empresa Alfa realizou uma compra de 55% do capital votante da empresa Beta. Nessa situação, a empresa Alfa obteve o controle da empresa Beta. Em tal caso, deve ser aplicado o CPC 15 R1 na data da obtenção do controle, independentemente de a empresa Alfa efetuar uma incorporação de sua adquirida. Agora, vamos imaginar que a empresa Beta, posteriormente, realizou a transferência de controle para a empresa Ômega, mas a controladora ainda continua sendo a empresa Alfa. Nesse caso, também houve uma combinação de negócio, porém, está fora de aplicação do CPC 15 R1, pois Gelbcke et al. (2018), dispõem que antes e depois da transação, nada mudou, pois o controle continua sendo da empresa Alfa, e o CPC 15 R1 (2011) se restringe à operação de negócios entre entidades economicamente independentes. Os casos colocados anteriormente são relacionados ao controle exercido somente por uma empresa, portanto, controle total. Agora, imaginemos que a empresa Alfa e Beta se uniram e formarão uma participação conjunta, ou seja, as empresas Alfa e Beta exercem o controle conjunto sob a empresa Ômega. Nessa ótica, como vimos anteriormente em nossa aula, há o consenso entre os controladores quanto às decisões a serem tomadas. Novamente, essa situação não é aplicada pelo CPC 15 R1 (2011), pois se restringe a operações entre sociedades economicamente independentes. Com base nos exemplos em questão, o CPC 15 R1 (2011) deve ser aplicado obrigatoriamente sempre que determinada operação ou outro evento resultar na obtenção do controle, desde que o conjunto de ativos líquidos adquiridos atenda à definição de negócios, nos termos da norma, que a combinação não envolva entidades que antes e depois da transação sejam controladas pela mesma parte ou partes (pessoas físicas ou jurídicas) e que a transação não seja relativa à formação de negócios em conjunto. TEMA 2 – APLICAÇÃO DO MÉTODO DE AQUISIÇÃO EM COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS Vimos o conteúdo mais conceitual de combinações de negócios, mas, tendo isso em mente, como é aplicado o método de aquisição em combinação de negócios? O CPC 15 R1 (2011) salienta que uma combinação de negócio é caracterizada quando os ativos adquiridos e os passivos assumidos constituem um negócio, caso contrário, deve ser realizada a contabilização por aquisição de ativo. Nessa linha, a aplicação do método de aquisição de combinação de negócios exige o atendimento dos seguintes pontos, conforme CPC 15 R1 (2011) item 5. (a) identificação do adquirente; (b) determinação da data de aquisição; (c) reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis adquiridos, dos passivos assumidos e das participações societárias de não controladores na adquirida; e (d) reconhecimento e mensuração do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho proveniente de compra vantajosa. Sendo assim, temos os seguintes pontos a serem considerados para a aplicação do método de aquisição de combinação de negócio. O último tópico será discutido no Tema 3. 2.1 IDENTIFICAÇÃO DO ADQUIRENTE Em toda combinação de negócios, terá que ser estabelecida a figura do adquirente e da adquirida, mesmo nos casos de genuínas fusões (CPC 15 R1, 2011). Por meio disso, as orientações do CPC 36 Demonstrações Consolidadas devem ser utilizadas para identificar o adquirente, que nada mais é do que a entidade que obtém o controle sobre a adquirida. Já ressaltamos durante a aula o que seria o controle. O controle, desse modo, pode dar ao adquirente, de acordo com o CPC 36 R3 (2012), o poder sobre mais da metade do direito de voto por acordo com outros investidores; pode também oferecer o poder de controlar as políticas operacionais e financeiras de outra entidade por estatuto ou acordo. E por fim, de apontar ou remover a maioria dos membros da diretoria ou do conselho da administração (CPC R3 36, 2012). Recapitulamos os poderes que o adquirente possui quando obtém o controle sobre a investida. Contudo, o CPC R3 36 (2012) mostra que, no caso de ocorrer a combinação de negócio em que esta não identificar claramente a entidade da combinação de negócio que é adquirente, devem ser observados os itens B14 a B18 dispostos no CPC 15 R1 (2011), em que o adquirente é normalmente a entidade: Que transfere dinheiro ou outros ativos; Que emite ações, desde que a operação não se caracterize como uma aquisição reversa; Cujos proprietários retêm ou recebem a maior parte dos direitos de voto na entidade combinada; Cujos proprietários têm a capacidade ou poder de eleger ou destituir a maioria dos membros do conselho de administração e alta administração (diretoria);Cujo tamanho relativo (mensurado por meio de ativos, receitas ou lucros) é significativamente maior em relação às demais entidades da combinação; Que iniciou a combinação. Com isso, esses pontos facilitam, então, a identificação do adquirente. Mas também não devemos negligenciar as questões de aquisição reversa. O que seria uma aquisição reversa? De acordo com o CPC 15 R1 (2011), a aquisição reversa se dá quando uma entidade que emite títulos (adquirente legal) é considerada como a adquirida para fins contábeis. Para compreendermos melhor, vamos ao exemplo disposto no CPC 15 R1 (2011) em seu item B19. Aquisição reversa ocorre quando a entidade fechada (sem ações listadas no mercado) quer tornar- se uma empresa listada, mas sem fazer o processo de abertura de seu capital, ou seja, sem obter o registro de companhia aberta. Para esse fim, a entidade fechada promove um acordo contratual com uma companhia aberta (a combinação propriamente) por meio do qual a entidade fechada – passa a ser uma investida da companhia aberta e os ex-sócios da entidade fechada recebem participações no capital da companhia aberta. Nesse exemplo, a companhia aberta é o adquirente legal porque ela emitiu instrumentos de participação societária e a entidade fechada é a adquirida legal porque seus instrumentos de capital foram adquiridos. Para concluirmos o exemplo citado, a aquisição reversa tem por vezes como objetivo a obtenção ou um acesso barato ao mercado de capitais utilizando os créditos fiscais resultantes de prejuízos fiscais em períodos anteriores. 2.2 DETERMINAÇÃO DA DATA DE AQUISIÇÃO Quanto ao período da data de aquisição de combinação de negócio, esta é aquela pela qual o controle da adquirida é obtido. O CPC 15 R1 (2011) trata a respeito em seu item 9. A data em que o adquirente obtém o controle da adquirida geralmente é a data em que o adquirente legalmente transfere a contraprestação pelo controle da adquirida, adquire os ativos e assume os passivos da adquirida – a data de fechamento do negócio. Contudo, o adquirente pode obter o controle em data anterior ou posterior à data de fechamento. Conforme a demarcação realizada, o controle adquirido pelo adquirente pode ser obtido antes ou depois da data de fechamento do negócio. Supomos que somos o adquirente de uma empresa, mas, antemão, realizamos um contrato que determina que somos adquirentes, e que vamos possuir o controle da adquirida na data de aquisição; sendo assim, obtemos o controle da adquirida antes da data de fechamento do negócio. Nesse caso, devemos reconhecer todas as informações pertinentes sobre a combinação de negócio na data de aquisição (CPC 15 R1, 2011). 2.3 RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO DOS ATIVOS IDENTIFICÁVEIS ADQUIRIDOS, DOS PASSIVOS ASSUMIDOS E DAS PARTICIPAÇÕES SOCIETÁRIAS DE NÃO CONTROLADORES NA ADQUIRIDA Quanto ao reconhecimento dos ativos identificáveis adquiridos e dos passivos assumidos e das participações societárias de não controladores na adquirida, de acordo com o CPC 15 R1 (2015), devem ser reconhecidos separadamente do ágio por expectativa de rentabilidade futura o goodwill a partir da data de aquisição. Saiba mais Ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) corresponde à diferença entre o valor pago e o valor justo dos ativos líquidos da adquirida. Vamos supor que a empresa Alfa comprou à vista um conjunto de equipamentos por R$ 10.000,00, com valor justo apurado em R$ 9.500,00. Temos os seguintes lançamentos: Lançamento 1 Débito Crédito Ativo Imobilizado R$ 10.000,00 Conta corrente bancária R$ 10.000,00 Lançamento 2 Débito Crédito Ativo Imobilizado R$ 9.500,00 Goodwill R$ 500,00 Conta corrente bancária R$ 10.000,00 Temos dois tipos de lançamentos, porém o que constitui um negócio adquirido é o lançamento 2, pois houve o reconhecimento de forma separada do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill). Para entendermos do que se trata o goodwill, Martins et al. (2010) ressaltam como o montante de lucros futuros que são esperados acima da rentabilidade que seria normal de uma empresa, o qual pode ser mensurado através da diferença entre o valor da empresa e o seu patrimônio líquido, avaliado a valores de mercado. Dando continuidade, no método de aquisição de combinações de negócios, o reconhecimento dos ativos identificáveis adquiridos e os passivos assumidos devem atender, na data da aquisição, às definições de ativo e de passivo dispostas no CPC 00 R2 (2019), o qual trata sobre “Estrutura Conceitual para relatório Financeiro”. Todavia, o CPC 25 (2009), que trata sobre “Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes”, dispõe que esses não devem ser reconhecidos pelo adquirente na data de aquisição, uma vez que não é provável a saída de recursos, e que não se tem a confiabilidade suficiente para ser mensurado. Por sua vez, o CPC 15 R1 (2011), em seu item 23, coloca que “o adquirente deve reconhecer, na data da aquisição, um passivo contingente assumido em combinação de negócios, mesmo se não for provável que sejam requeridas saídas de recursos (incorporando benefícios econômicos) para liquidar a obrigação”. Dessa maneira, pelo CPC 15 “Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes”, estas devem ser reconhecidas no momento da aquisição de seu negócio, indo de encontro ao disposto pelo CPC 25. De todo modo, para as combinações de negócios, as empresas devem seguir o CPC 15, o qual trata especificamente dessas aquisições. Quanto ao critério geral de mensuração exigido pelo CPC 15 R1 (2011), deve ser considerado o valor justo para mensurar os ativos e os passivos assumidos pelos seus respectivos valores justos na data de aquisição. O CPC 46 (2012), o qual trata sobre “Mensuração do Valor Justo”, destaca que: É uma mensuração baseada em mercado e não uma mensuração específica da entidade. Para alguns ativos e passivos, pode haver informações de mercado ou transações de mercado observáveis disponíveis e para outros pode não haver. Contudo, o objetivo da mensuração do valor justo em ambos os casos é o mesmo – estimar o preço pelo qual uma transação não forçada para vender o ativo ou para transferir o passivo ocorreria entre participantes do mercado na data de mensuração sob condições correntes de mercado (ou seja, um preço de saída na data de mensuração do ponto de vista de participante do mercado que detenha o ativo ou o passivo). Analisando o CPC 15 R1 (2011), têm-se as exceções de reconhecimento e mensuração de Tributos sobre o Lucro. Nesse caso, o CPC 15 R1 (2011) coloca que “o adquirente deve reconhecer e mensurar ativos e passivos fiscais diferidos, advindos dos ativos adquiridos e dos passivos assumidos em uma combinação de negócios”, de acordo com o CPC 32 (2009), o qual disciplina sobre Tributos sobre o Lucro. Além de tudo, o CPC 15 R1 (2011) frisa em seu item 67 “que o adquirente não deve ajustar a contabilização de combinações de negócios anteriores por conta de alterações anteriormente reconhecidas nos ativos fiscais diferidos registrados”. Todavia, o CPC 15 realça que, a partir da data de sua aplicação, o adquirente deve reconhecer como ajuste de resultado os Tributos sobre Lucro. Com isso, o adquirente deve contabilizar os potenciais efeitos fiscais de diferenças temporárias e de prejuízos fiscais (ou bases negativas de contribuição social sobre o lucro líquido) da adquirida existentes na data da aquisição ou originados da aquisição, de acordo com o CPC 32 Tributos sobre o Lucro. E o que seria diferença temporária? Conforme CPC 32 (2009), em seu item 19, nada mais é do que “bases fiscais dos ativos identificáveis adquiridos e passivos assumidos não são afetadas pela combinação de negócios ou são afetadas de forma diferente”. Exemplo: quando o valor contábil do ativo é aumentado ao seu valor justo, mas a base fiscal do ativo permanece ao custo para o proprietário anterior, surge uma diferença temporária tributável que resulta em passivo fiscal diferido. Contrariamente, o ativofiscal diferido ocorre quando o valor justo de um ativo identificável é menor do que sua base fiscal. Vamos imaginar, agora, que a empresa Alfa comprou à vista 100% do capital social de Beta por $ 8.950,00. O acervo líquido de Beta na data da aquisição é o seguinte: Quadro 1 – Acervo Líquido da empresa Beta Valor Contábil Valor Justo A. Ativo Líquido 2000 2000 B. Ativo Imobilizado 5000 8000 C. Passivos (600) (600) D. Passivo Fiscal Diferido 0 (1.020) E. Acervo Líquido 6400 8380 Podemos observar por meio do quadro que está ocorrendo aumento do valor contábil do ativo imobilizado para o seu valor justo, nesse caso, assim como colocado no exemplo, surge o passivo fiscal diferido, pois existe uma parcela de tributos a serem pagas sobre o valor referente ao montante de R$ 3.000,00 de aumento do ativo imobilizado. No mais, conseguimos ver uma diferença de R$ 3.000,00 entre o valor contábil e o valor justo do ativo imobilizado. Nessa conjuntura, para o nosso exemplo, foram considerados tributos de 34% incidentes sobre a parcela de lucros, no valor de R$ 3.000,00, o qual deve ser reconhecido na base fiscal para dispêndio futuro. Tem-se o seguinte valor: R$ 1.020 (R$ 3.000,00 X 34%). Devemos também realizar o seguinte registro contábil da combinação de negócio na empresa Alfa: Lançamentos Débito Crédito Investimentos - Participações societárias R$ 6.400,00 Investimentos - Mais-valia de ativos R$ 3.000,00 Investimentos - Goodwill R$ 570,00 Investimento - Passivo fiscal diferido R$ 1.020,00 Conta corrente bancária R$ 8.950,00 Podemos observar por meio dos lançamentos que a empresa Alfa reconheceu o montante total de R$ 6.400,00 a débito, o qual compreende ao acervo líquido a valor contábil da empresa Beta em que foi investido. Após isso, houve o reconhecimento a débito mais-valia do investimento, pois houve um acréscimo do valor contábil do imobilizado em relação ao seu valor justo (R$ 8.000 – R$ 5.000). Além disso, a empresa Alfa reconheceu a débito a goodwill de R$ 570,00 (R$ 8.950 – 8.380). Em contrapartida, a empresa Alfa lançou a crédito uma conta redutora de Investimento, relacionada ao passivo fiscal diferido no valor de R$ 1.020,00 e a crédito o valor de R$ 8.950,00, referente ao gasto à vista para a aquisição de sua participação societária na empresa Beta. Agora abordando as questões voltadas a participações societárias de não controladores na adquirida, o CPC 15 R1 (2012) coloca que o adquirente deve realizar a mensuração da combinação de negócio na sua data de aquisição, e quanto à participação dos não controladores, os instrumentos patrimoniais que conferem a esses detentores podem ser avaliados no momento de sua liquidação de acordo com o item 19 do CPC 15. (a) pelo valor justo, ou (b) pela participação proporcional atual conferida pelos instrumentos patrimoniais nos montantes reconhecidos dos ativos líquidos identificáveis da adquirida. Todos os demais componentes da participação de não controladores devem ser mensurados ao valor justo na data da aquisição. Desse contexto, da participação dos não controladores em momento de liquidação, pode ser realizada a mensuração pelo seu valor justo ou de acordo com a sua participação. TEMA 3 – MAIS-VALIA, ÁGIO POR EXPECTATIVA DE RENTABILIDADE FUTURA E COMPRA VANTAJOSA O ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) é definido pelo CPC 15 R1 (2011), em seu apêndice A, que estabelece que o goodwill “é um ativo que representa benefícios econômicos futuros resultantes de outros ativos adquiridos em uma combinação de negócios, os quais não são individualmente identificados e separadamente reconhecidos”. Nesse sentido, o ágio por rentabilidade futura (goodwill) somente existirá se houver uma combinação de negócios (fusão, cisão e incorporação) correspondente à diferença entre o valor pago e o valor justo dos ativos líquidos da adquirida, enquanto o ágio por mais-valia sobre os ativos líquidos da adquirida refere-se à diferença entre o valor justo dos ativos líquidos adquiridos e seu valor contábil (valor patrimonial contábil) no balanço da adquirida. De acordo com CPC 15 R1 (2011), o adquirente deve reconhecer o ágio por rentabilidade futura goodwill determinado pela diferença positiva entre o valor justo da contraprestação transferida em troca do controle da adquirida somado ao valor das participações de não controladores na adquirida e, se houver, ao valor justo de alguma participação preexistente do adquirente na adquirida, e quando o valor justo líquido dos ativos identificáveis adquiridos dos passivos assumidos. Continuando, no goodwill, o registro deve ser feito no: Balanço Individual: deve ser alocado no subgrupo investimentos. Quanto ao ágio por mais-valia sobre os ativos líquidos, esse deve ser registrado no: Balanço Individual: alocado no subgrupo investimentos. Com base nisso, vamos realizar algumas possiblidades que possam ocorrer entre as empresas. Nessa linha, vamos supor que a empresa XX comprou 100% do Capital Social de WW pelo valor de R$7.000,00. A diferença entre o ativo total e passivo total, tem-se o acervo líquido de Beta a valor contábil que era de R$ 4.000,00, representado por R$ 7.000,00 em ativos e R$ 3.000,00 em passivos. O acervo líquido de Beta a valor justo era de R$6.000,00, representado por ativos avaliados em R$ 8.000,00 e passivos avaliados em R$ 2.000,00. Devemos realizar os seguintes lançamentos da empresa Alfa. Lançamentos Débito Crédito Investimentos - Valor Patrimonial R$ 4.000,00 Investimentos - Mais-valia de ativos R$ 2.000,00 Investimentos - Ágio R$ 1.000,00 Conta corrente bancária R$ 7.000,00 Temos aqui o seguinte: três lançamentos a débito e um a crédito. Primeiramente, foi registrado o valor contábil do investimento, e posteriormente reconheceu-se o valor de mais-valia dos ativos, que conforme visto anteriormente, se trata da diferença entre o valor justo e valor contábil. Após isso, foi reconhecido R$ 1.000 a débito, ou seja, ágio na expectativa de rentabilidade futura (goodwill), que também foi visto anteriormente, o qual nada mais é do que a diferença do valor em que foi pago na aquisição pelo valor justo do investimento. Sabendo disso, tivemos então o último lançamento, que foi o crédito do dinheiro que saiu da conta corrente da empresa para o pagamento do investimento adquirido à vista. Agora vamos imaginar que a empresa Alfa comprou à vista 100% do capital social de Beta pelo valor de R$ 7.000,00. O acervo líquido de Beta a valor contábil era de R$ 4.000,00, representado por R$ 7.000,00 em ativos e R$ 3.000,00 em passivos. O acervo líquido Beta a valor justo era de R$ 3.500,00, representado por ativos avaliados em R$ 7.500,00 e passivos avaliados em R$ 4.000,00. Vamos efetuar novamente os lançamentos. Lançamentos Débito Crédito Investimentos - Valor Patrimonial R$ 4.000,00 Investimentos - Goodwill R$ 3.500,00 Investimentos - Menos valia de ativos R$ 500,00 Conta corrente bancária R$ 7.000,00 Notamos que ocorreu uma situação um pouco diferente da anterior, pois houve dois registros a débito e dois a crédito. Nessa linha, temos um débito correspondente ao valor contábil do investimento, em seguida, há o débito no valor de R$ 3.500,00 de ágio (R$ 7.000 – R$ 3.500), referente à diferença entre o valor de aquisição e o valor justo do investimento adquirido. Em seguida, foi realizado o registro a crédito de menos valia, pois o valor contábil se encontra a R$ 500,00 acima do valor justo (R$ 7.000 – R$ 7.500). E para finalizar, foi realizado o registro de saída de R$ 7.000,00 da conta corrente bancária da empresa Alfa. Vamos nos aprofundar um pouco mais: agora a empresa Alfa comprou à vista 100% do capital social de Beta pelo valor de R$ 10.000,00. O valor foi pago através de um terreno transferido para os acionistas de Beta, contabilizado em R$ 10.500,00 e avaliado em R$ 10.000,00. O acervo líquido de Beta a valor contábil era de R$ 6.000,00, representado por R$ 11.000,00 em ativose R$ 5.000,00 em passivos. O acervo líquido de Beta a valor justo era de R$ 8.000,00, representado por ativos avaliados em R$ 12.000,00 e passivos avaliados em R$ 4.000,00. Devemos efetuar então os seguintes lançamentos: Lançamentos Débito Crédito Perda na avaliação a valor justo R$ 500,00 Terrenos R$ 500,00 Temos aqui um débito e um crédito no valor de R$ 500,00. Lembramos que a empresa Alfa adquiriu 100% do capital social de Beta, pagando-a por meio de terreno. O terreno de Alfa possuía um valor contábil registrado de R$ 10.500,00, todavia, seu valor justo avaliado era de R$ 10.000,00, ou seja, ocorreu uma perda de valor do terreno da empresa Alfa. Prosseguindo, temos o restante dos lançamentos. Lançamentos Débito Crédito Investimentos - Valor Patrimonial R$ 6.000,00 Investimentos - Mais-valia de ativos R$ 2.000,00 Investimentos - goodwill R$ 2.000,00 Terrenos R$ 10.000,00 Agora, temos um débito referente ao valor contábil de R$ 6.000,00, um débito de R$ 2.000,00 mais-valia de ativos (R$ 10.000 – R$ 8.000), diferença entre o valor contábil e o valor justo. Logo depois, temos o ágio de R$ 2.000, que corresponde à diferença entre o valor que foi adquirido o investimento para o seu valor justo (R$ 10.000 – R$ 8.000). Ademais, temos o lançamento a crédito de terrenos no valor de R$ 10.000,00. Quanto às questões de avaliação subsequente do ágio, o CPC 04 R1 (2010) disciplina sobre o “Ativo Intangível”, em seus itens 107 e 108, pontuando que: Ativo intangível com vida útil indefinida não deve ser amortizado. De acordo com o Pronunciamento Técnico CPC 01 – Redução ao Valor Recuperável de Ativos, a entidade deve testar a perda de valor dos ativos intangíveis com vida útil indefinida, comparando o seu valor recuperável com o seu valor contábil: (a) anualmente; e (b) sempre que existam indícios de que o ativo intangível pode ter perdido valor. No mais, Gelbcke et al. (2018, p. 688) acentua que “todo o saldo contábil do investimento é testado em relação ao seu valor recuperável, em conformidade com as exigências do CPC 01”. O goodwill não é reconhecido separado, pois este integra o valor do investimento conforme Gelbcke et al. (2018). Sendo assim, o CPC 01 R1 (2010), o qual trata sobre Redução ao Valor Recuperável de Ativos, acentua em seu item 6: Valor contábil é o montante pelo qual o ativo está reconhecido no balanço depois da dedução de toda respectiva depreciação, amortização ou exaustão acumulada e ajuste para perdas. Perda por desvalorização é o montante pelo qual o valor contábil de um ativo ou de unidade geradora de caixa excede seu valor recuperável. Valor recuperável de um ativo ou de unidade geradora de caixa é o maior montante entre o seu valor justo líquido de despesa de venda e o seu valor em uso. Valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa futuros esperados que devem advir de um ativo ou de unidade geradora de caixa. Relembramos alguns conceitos básicos que são fundamentais para verificação do valor recuperável do ágio. De acordo com Gelbcke et al. (2018), na ausência de valor justo, o valor recuperável deve ser determinado pelo seu valor em uso do investimento. Além do mais, o CPC 01 R1 (2010) exige anualmente que para os investimentos, seja realizado o teste do valor recuperável para ágio da rentabilidade futura (goodwill), independentemente de haver ou não quaisquer indícios de redução de seu valor. Sobre o comentado, supondo que a empresa Alfa possua um ágio maior que sua perda, acompanhemos então a situação da empresa logo abaixo. Quadro 2 – Representação financeira da empresa Alfa Disponibilidades 100 Contas a receber 200 Máquinas e equipamentos 5000 Ágio 1000 Passivos (150) Valor líquido 6150 Valor Recuperável 6020 O quadro anterior demonstra a situação financeira da empresa Alfa, que apresentou uma diferença de R$ 130,00 entre seu valor líquido e seu valor recuperável. Todavia, o ágio é maior que essa perda, pois apresenta um valor de R$ 1.000,00. Vamos aos lançamentos necessários. Lançamentos Débito Crédito Perda com ágio R$ 130,00 Provisão para ágio R$ 130,00 Esse registro diz respeito à perda contábil, temos, então, um lançamento a débito afetando o resultado da empresa e em contrapartida um lançamento a crédito constituído pela provisão de ágio, diminuindo o valor do investimento. Vamos supor, agora, que a empresa Alfa apresente uma perda maior que o seu ágio; acompanhemos novamente a situação abaixo. Quadro 3 – Representação financeira da empresa Alfa Disponibilidades 100 Contas a receber 200 Máquinas e equipamentos 5930 Ágio 70 Passivos (150) Valor líquido 6150 Valor Recuperável 6020 Vemos que agora a diferença do valor líquido para o valor recuperável continua a mesma (R$ 130,00), no entanto, o ágio se encontra com valor abaixo de R$ 130,00. Como devemos contabilizar? Lançamentos Débito Crédito Perda com redução do valor recuperável R$ 130,00 Provisão para ágio R$ 70,00 Provisão para perdas de valor recuperável R$ 60,00 Novamente, temos o registro contábil de perda, pelo qual tem-se um débito que impactará no resultado da empresa, e dois lançamentos a crédito reduzindo o valor dos investimentos. Agora que compreendemos um pouco melhor o valor recuperável de um ativo, adentramos nas questões de compra vantajosa, que nada mais é do que o ganho proveniente de compra vantajosa (deságio) corresponde ao excesso do valor justo da adquirida em relação ao valor pago (CPC 15 R1, 2011). Esse ganho deve ser reconhecido diretamente no resultado do exercício. Consideremos que a empresa CC tem 80% do capital social de CD. Os balanços individuais das duas empresas possuem as seguintes informações: Quadro 4 – Composição financeira CC CD Ativo Circulante R$ 2.000,00 Ativos a valor justo R$ 10.000,00 Investimento - Valor justo do acervo líquido R$ 8.000,00 Patrimônio líquido R$ 10.000,00 Investimento - Ágio R$ 900,00 Total do ativo R$ 10.900,00 Capital social R$ 9.800,00 Reservas R$ 1.100,00 Total do passivo + PL R$ 10.900,00 Supondo que CC adquira à vista mais 5% das ações do capital de CD pelo valor de R$490, temos o seguinte registro contábil: Lançamentos Débito Crédito Investimento - Valor justo do acervo líquido R$ 500,00 Ganho em transação de capital R$ 10,00 Conta corrente bancária R$ 490,00 Os lançamentos realizados demonstram um débito referente ao valor justo do investimento (R$ 10.000,00 empresa CD X 5% adquirido CC = R$ 500,00). Após isso, temos um ganho de R$ 10,00 nessa transação, pois pagamos o valor referente a R$ 490,00. Logo, temos a seguinte situação financeira na empresa CC em seu balanço patrimonial individual. Quadro 5 – Composição financeira CC Ativo Circulante R$ 1.510,00 Investimento - Valor justo do acervo líquido R$ 8.500,00 Investimento - Ágio R$ 900,00 Total do ativo R$ 10.910,00 Capital social R$ 9.800,00 Reservas R$ 1.100,00 Ganho em transação de capital R$ 10,00 Total do passivo + PL R$ 10.910,00 Podemos ver que o balanço individual da empresa CC passou por mudanças. Essas mudanças foram no Ativo Circulante, que resultaram na diminuição do valor em função da saída de recursos, e também em um aumento no valor de investimentos. Mais ao final, podemos ver um impacto no resultado da CC, condizente com o ganho dessa transação, o qual afetou o PL da empresa. TEMA 4 – PERÍODO DE MENSURAÇÃO No período de mensuração, de acordo com CPC 15 R1 (2011), pode ocorrer de a contabilização inicial da combinação de negócio estar ainda incompleta ao final do exercício, dessa forma, o adquirente deve reconhecer em seus demonstrativos valores provisórios. No decorrer do período de mensuração, o adquirente deverá realizar ajustes dos valores provisórios reconhecidos na data de aquisição que possam refletir qualquer mudança de informação que tenha ocorrido no período de aquisição. O CPC 15 R1 (2011) reporta que o período de mensuraçãofinaliza somente quando o adquirente obtiver as informações necessários quanto às possíveis mudanças no período de aquisição. Nessa linha, o pronunciamento ressalta ainda que o período de mensuração não deve ultrapassar um ano da data de aquisição. Sobre o período de mensuração, o adquirente deve observar alguns pontos, os quais são descritos pelo CPC 15 R1 (2015), em seu item 46. (a) os ativos identificáveis adquiridos, os passivos assumidos e qualquer participação de não controladores na adquirida; (b) a contraprestação transferida pelo controle da adquirida (ou outro montante utilizado na mensuração do ágio por expectativa de rentabilidade futura – goodwill); (c) no caso de combinação de negócios realizada em estágios, a participação detida pelo adquirente na adquirida imediatamente antes da combinação; e (d) o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou o ganho por compra vantajosa. Esses pontos, conforme o CPC 15 R1 (2011), são fundamentais para a realização de ajustes provisórios nos demonstrativos da empresa adquirente, pois podem fornecer informações após a data de aquisição que afetaram o valor do ativo adquirido. Para entendermos melhor, caso o adquirente não possua a contabilização completa até o final do exercício da empresa, deverá realizar ajustes provisórios. Vamos considerar que a empresa XX adquiriu a empresa YY em 31/08/19, com base nisso, a empresa XX contratou uma avaliação independente para um imobilizado (veículo) adquirido da combinação de negócio. A referida avaliação do veículo não estava completa no final do exercício social da empresa XX em 31/12/19. Sendo assim, como visto anteriormente no CPC 15 R1, deve ser reconhecido um valor provisório do ativo, desse modo, a empresa XX reconheceu um valor justo de R$ 35.000,00 do veículo. Esse ativo possui uma vida útil de 5 anos. E após 8 meses da data de aquisição, o ativo recebeu uma avaliação com valor justo na data de aquisição por R$ 40.000,00. Percebemos, que no final do exercício de 2019, a empresa XX considerou um valor provisório de R$ 35.000, pois a avaliação do ativo foi alcançada somente após esse período. Por sua vez, a empresa XX deve, de acordo com instruções no CPC 15 R1 (2011), divulgar em suas notas explicativas que a contabilização inicial da combinação de negócio não foi realizada, pois a avaliação do ativo não foi completada a tempo no exercício, sendo considerado um valor provisório de R$ 35.000,00. Continuando, no exercício de 2020, a empresa XX deve fornecer explicações, que o valor provisório do ativo no exercício de 2019 deve ser ajustado, conforme a avaliação realizada no ano de 2020, a qual teve um valor justo de R$ 40.000,00 do ativo na data de aquisição. Dessa maneira, no exercício social de 2020, a empresa XX deve realizar ajustes quanto ao ativo no ano de 2019. Seguindo então, ela deve reconhecer no exercício social de 2019 um aumento de R$ 4.750,00 do valor contábil do veículo, exclusos já a depreciação no valor correspondente a R$ 250,00 no período de 4 meses de uso. Ou seja (R$ 35.000,00 – R$ 40.000,00 = R$ 5.000,00), temos então uma diferença de R$ 5.000,00, esses R$ 5.000,00 devem ser depreciados conforme vida útil do veículo [(R$ 5.000,00/ 60 meses) X 4 meses] = R$ 250,00. Com isso, tem-se aqui um aumento com a despesa de depreciação a um débito de R$ 250,00 afetando o resultado da empresa XX e, em contrapartida, um crédito de depreciação acumulada, diminuindo o valor do imobilizado. Percebe-se que dividimos o valor de R$ 5.000,00 conforme vida útil do veículo de 5 anos = 60 meses. Após isso, multiplicamos por 4, número de meses referente ao período de aquisição até o encerramento do exercício social da empresa XX em 2019. Logo após, deve ser reconhecida uma diminuição do ágio por expectativa de rentabilidade futura no valor de R$ 5.000,00 no exercício de 2019. Verifiquemos abaixo os lançamentos realizados do início ao fim: Finalizamos, então, nosso exemplo e podemos identificar que o período de mensuração do ativo foi de 8 meses, portanto, não ultrapassou o prazo de 1 ano. Todavia, a empresa XX teve que reconhecer um valor provisório no exercício de 2019, pois não havia ainda a avaliação final do ativo quanto ao seu valor de aquisição. Vale ressaltar que, de acordo com o CPC 15 R1 (2011), os custos incorridos no momento da aquisição da combinação de negócios para efetivação da operação devem ser contabilizados como despesas no resultado no exercício em que forem incorridas. Podemos citar como exemplos: custo com contadores, advogados, peritos, administração entre outros. Além disso, os custos referentes à emissão de títulos de dívida e patrimoniais não são considerados aqui, pois são tratados pelo CPC 48 (2016), o qual disciplina sobre “Instrumentos Financeiros”. TEMA 5 – ORIENTAÇÕES ADICIONAIS PARA APLICAÇÃO DO MÉTODO DE AQUISIÇÃO A TIPOS ESPECÍFICOS DE COMBINAÇÕES DE NEGÓCIOS Neste tema, vamos discutir dois pontos específicos, sendo combinações de negócios realizadas em estágios e combinações de negócios realizadas sem a transferência da contraprestação. 5.1 COMBINAÇÕES DE NEGÓCIOS REALIZADAS EM ESTÁGIOS É importante lembrar que o período de mensuração de combinações de negócios é de no máximo um ano, e que consequentemente pode acontecer de a empresa não conseguir estimar o valor justo do ativo no exercício social, devendo então considerar um valor justo provisório. E o adquirente somente reconhecerá o valor da avaliação do ativo quando obtiver as informações necessários que demonstrem as possíveis alterações do investimento (CPC 15 R1, 2011). Sobre esse enfoque, o CPC 15 R1 (2011) fixa, em seu item 42, que a: Combinação de negócios realizada em estágios, o adquirente deve mensurar novamente sua participação anterior na adquirida pelo valor justo na data da aquisição e deve reconhecer no resultado do período o ganho ou a perda resultante, se houver, ou em outros resultantes abrangentes, conforme apropriado. Em períodos contábeis anteriores, o adquirente pode ter reconhecido ajustes no valor contábil de sua participação anterior na adquirida, cuja contrapartida tenha sido contabilizada como outros resultados abrangentes (em ajustes de avaliação patrimonial), em seu patrimônio líquido. Sobre a mesma base de contabilização de outros resultados abrangentes, caso a empresa efetue a alienação de sua participação anterior, deve novamente mensurar a mesma. A fim de identificarmos os pontos aqui discutidos, vamos admitir que a empresa CRR tenha adquirido em 31/12/x0 participação em 20% do capital votante da empresa FFH, todavia, a empresa CRR já possuía 55% de participação do capital votante da empresa FFH, em exercício anterior. Nessa circunstância, a empresa CRR possui um total de 75% do capital votante da empresa FFH, e por esse motivo, a empresa CRR deve novamente mensurar a sua participação anterior a valor justo conforme a data de aquisição, e reconhecer o ganho ou perda no resultado do período. 5.2 COMBINAÇÕES DE NEGÓCIOS REALIZADAS SEM A TRANSFERÊNCIA DA CONTRAPRESTAÇÃO Conforme o que nós estamos estudando, ocorre a combinação de negócio quando se realiza a contraprestação, ou seja, o pagamento do valor, e/ou a transferência de recursos. Mas a combinação de negócio pode ser realizada sem a transferência dessa contraprestação, e conforme o CPC 15 R1 (2011), em seu item 43, existem as seguintes circunstâncias que não envolvem a contraprestação. (a) a adquirida recompra um número tal de suas próprias ações de forma que determinado investidor (o adquirente) acaba obtendo o controle sobre ela; (b) direito de veto de não controladores que antes impedia o adquirente de controlar a adquirida perde efeito; (c) adquirente e adquirida combinam seus negócios por meio de acordos puramente contratuais. O adquirente não efetua nenhuma contraprestação em troca do controle da adquirida e também não detém qualquer participação societária na adquirida, nem na data de aquisição tampoucoantes dela. Exemplos de combinação de negócios alcançada por contrato independente incluem, quando permitidas legalmente, juntar dois negócios por meio de acordo contratual (stapling arrangements) ou da formação de corporação duplamente listada (dual listed Corporation). Além de tudo, a combinação de negócios pode ocorrer por acordo contratual, sendo o stapling arrangements e dual listed. O CPC 15 R1 (2011) denota que o primeiro tipo de contrato nada mais é do que a combinação dos valores mobiliários. Esse valores mobiliários são tidos como ações, debêntures, cotas e fundos de investimentos entre empresas, que posteriormente devem ser negociados e cotados conjuntamente. Já o segundo corresponde a duas companhias que funcionam como uma única entidade operacional, as quais buscam dividir os riscos e benefícios de seus negócios, mas continuam a manter suas identidades jurídicas e listagens em bolsa de valores de forma separada (CPC 15 R1, 2011). Dessa conjuntura, as combinações de negócios não ocorrem somente pela transferência de contraprestação, pois acordos podem surgir entre as empresas, pelos quais não é necessária a transferência de parcela de valor. TROCANDO IDEIAS A combinação de negócios é um processo vantajoso. Com isso, você saberia dizer quais as vantagens de uma combinação de negócio para o adquirente e sua adquirida? E até que ponto essa combinação deixa de se tornar uma combinação de negócio? NA PRÁTICA O gabarito para os exercícios a seguir pode ser encontrado ao final deste material, após as referências. Questão 1) Associe cada uma das definições abaixo com o respectivo conceito ao qual se refere, indicando o número correspondente sendo: 1 – Combinação de negócios; 2 – Negócio; 3 – Sociedade adquirida; 4 - Acervo líquido; 5 – Goodwill; 6 – Ativo identificável; 7 – Participação de não controladores; 8 – Sociedade adquirente. ( ) a. Ativos e passivos que constituem um negócio, mas que não representam uma pessoa jurídica estabelecida formalmente. ( ) b. Operação ou outro evento por meio do qual um adquirente obtém o controle de um ou mais negócios, independentemente da forma jurídica da operação. ( ) c. Ativo que representa benefícios econômicos futuros resultantes de outros ativos adquiridos em uma combinação de negócios, os quais não são individualmente identificados e separadamente reconhecidos. ( ) d. Entidade que obtém o controle da adquirida. ( ) e. Conjunto integrado de atividades e ativos capaz de ser conduzido e gerenciado para gerar retorno, na forma de dividendos, redução de custos ou outros benefícios econômicos, diretamente a seus investidores ou outros proprietários, membros ou participantes. ( ) f. Ativo capaz de ser separado ou dividido da entidade e vendido, transferido, licenciado, alugado ou trocado, individualmente ou em conjunto com outros ativos e passivos ou contrato relacionado, independentemente da intenção da entidade em fazê-lo que surge de um contrato ou de outro direito legal, independentemente de esse direito ser transferível ou separável da entidade e de outros direitos e obrigações. ( ) g. Parte do patrimônio líquido de controlada não atribuível direta ou indiretamente à controladora. ( ) h. Negócio ou negócios cujo controle é obtido pelo adquirente por meio de combinação de negócios. Questão 2) A Cia Alfa iniciou entendimento em julho de X5 com os acionistas da Empresa Beta para compra à vista de 50% de suas ações, o que irá lhe conferir o controle, uma vez que, antes dessa aquisição, já possuía 20% de participação nessa companhia. As discussões preliminares foram feitas até fins de agosto de X5 com base no balanço de junho de X5 da Empresa Beta, sendo que a compra das ações foi formalizada em 30/09/X5. Com base nas avaliações econômicas que foram realizadas por Alfa, foi acertado o preço de R$ 6,00 por ação, o que inclui o prêmio por controle. O Patrimônio Líquido de Beta, na data da aquisição, era formado por 3.000.000 de ações ordinárias com valor patrimonial de R$ 4,00. Os ativos identificáveis adquiridos e os passivos assumidos de Beta na data aquisição foram avaliados da seguinte forma e milhar: Quadro 6 – Composição financeira Valor Justo Valor Contábil ATIVOS Disponíveis R$ 2.000,00 R$ 2.000,00 Recebíveis R$ 5.500,00 R$ 5.000,00 Imobilizados R$ 12.500,00 R$ 10.000,00 Intangíveis R$ 2.000,00 R$ - Total R$ 22.000,00 R$ 17.000,00 PASSIVOS Empréstimos R$ 3.500,00 R$ 3.500,00 Contas a pagar R$ 1.500,00 R$ 1.500,00 Total R$ 5.000,00 R$ 5.000,00 Valor Líquido R$ 17.000,00 R$ 12.000,00 Adicionalmente, Alfa determinou a participação dos não controladores com base no valor justo dessa participação, porque isso representa bem o valor econômico dessa participação, tomando como base a cotação das ações, na data da operação que era R$ 5,40. Analisando o caso apresentado, identifique: 1. A data da aquisição. 2. O valor justo da contraprestação transferida. 3. O valor justo da participação preexistente. 4. O valor justo da participação dos não controladores. 5. Valor atribuído ao negócio. 6. O valor justo dos ativos identificáveis. 7. O valor justo dos passivos assumidos. 8. O total dos tributos diferidos (Alíquota de 34%). 9. O valor justo dos ativos líquidos. 10. O Goodwill. FINALIZANDO Esperamos que você tenha compreendido os assuntos abordados nesta aula. Relembrando, primeiramente buscamos compreender do que se trata uma combinação de negócio. Vimos que a combinação de negócio está na obtenção de controle da investidora frente à sua investida. Nesse mesmo tópico, vimos algumas definições, inclusive a definição de negócio, que por sua vez se trata de um conjunto de atividades que são conduzidas sob um gerenciamento, em busca de alavancar as receitas em relação ao que foi investido. Também pudemos notar que as combinações de negócios, em acordo com o CPC 15 R1 (2011), se restringem a operações de negócios entre entidades economicamente livres. No decorrer de nossa aula, notamos que a aplicação do método de combinação de negócio exige o atendimento de alguns pontos. Nesse sentido, é necessária a identificação da figura do adquirente, o qual está realizando o investimento e obtendo o controle sobre a adquirida. Além do reconhecimento do adquirente, deve-se verificar também a data de aquisição, pois esta é fundamental nas questões de avaliação dos investimentos obtidos, como visto durante a aula. Logo em seguida, estudamos sobre o processo de reconhecimento e mensuração dos ativos identificáveis adquiridos, dos passivos assumidos e das participações societárias de não controladores na adquirida. No reconhecimento, é necessário ser reconhecido separadamente o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), após isso, na mensuração, devem ser reconhecidos os valores justos respectivos dos ativos. Quanto à participação dos sócios não controladores, esta deve ser mensurada pelo seu valor justo, ou de acordo com o percentual de suas participações. Em continuidade, vimos as questões de mais-valia, ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) e compra vantajosa. Nesses pontos, definimos cada um a fim de compreender a diferença entre ambos. Para melhor entendimento, supomos vários cenários diferentes de contabilização, que se aprofundou quanto à avaliação dos mesmos. Ligado a esse assunto, verificamos o período de mensuração dos investimentos adquiridos em combinações de negócios. Nesse tópico, vimos as exigências quanto ao prazo de finalização da mensuração, e quais são as exigibilidades em casos de não haver uma avaliação definitiva do investimento. Ao final, verificamos as questões de combinações de negócios em estágios, que alinhado ao tema anterior, o adquirente deve realizar ajustes com base no valor justo no seu investimento na data de aquisição, caso venha ocorrer mudanças no mesmo, ligadas ao aumento de participaçãoe/ou diminuição da participação na adquirida, após o período de mensuração. Também compreendemos que as combinações de negócios podem ocorrer ainda sem a transferência da contraprestação. REFERÊNCIAS CPC, C. D. P. C. ICPC 00 (R2). Estrutura Conceitual para Relatório Financeiro, 2019. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/573_CPC00(R2).pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. ICPC 01 (R1). Redução ao Valor Recuperável de Ativos, 2010. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos-Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?id="2">. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. ICPC 04 (R1). Ativo Intangível, 2010. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/187_CPC_04_R1_rev%2014.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 15 (R1). Combinações de Negócios, 2011. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/235_CPC_15_R1_rev%2014.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 25. Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes, 2009. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/304_CPC_25_rev%2014.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 32. Tributos sobre o Lucro, 2009. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/340_CPC_32_rev%2014.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 36 (R3). Demonstrações Consolidadas, 2012. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/448_CPC_36_R3_rev%2008.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 46. Mensuração do Valor Justo, 2012. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/395_CPC_46_rev%2014.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 48. Instrumentos Financeiros, 2016. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/530_CPC_48.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades, de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. Atlas, 2018. MARTINS, E. et al. Goodwill: uma análise dos conceitos utilizados em trabalhos científicos. Revista Contabilidade & Finanças, v. 21, n. 52, 2010. GABARITO Sequência correta da questão 1: 4, 1, 5, 8, 2, 6, 7 e 3. Resolução da questão 2: 1. A data da aquisição. 30/09/X5. A compra das ações foi formalizada em 30/09/X5. 2. O valor justo da contraprestação transferida. 3.000.000 X 50% X 6,00 = 9.000.000. A empresa Alfa adquiriu 50% de participação societária na empresa Beta. A empresa Beta possui 3.000.000 de ações, e o valor justo é de R$6,00. 3. O valor justo da participação preexistente. 3.000.000 X 20% X 5,40 = 3.240.000. A empresa Alfa antemão aos 50% em que ela adquiriu da empresa Beta, ela já possuía 20%. E o valor de R$5,40, é correspondente ao valor justo de R$5,40, determinada na data de operação. 4. O valor justo da participação dos não controladores. 3.000.000 X 30% X 5,40 = 4.860.000. Conforme visto no questionamento anterior, a participação dos sócios não controladores foi conforme valor justo de R$5,40, sendo que, a empresa Alfa, possuía 50% e depois adquiriu mais 20%, sobrando apenas 30% correspondente aos sócios não controladores. 5. Valor atribuído ao negócio. (2) + (3) + (4) = 17.100.000. Basta realizar a soma dos resultados anteriormente encontrados. 6. O valor justo dos ativos identificáveis. 22.000.000. Basta verificarmos a situação financeira da empresa Beta, de acordo com o quadro. 7. O valor justo dos passivos assumidos. 5.000.000. Basta verificarmos a situação financeira da empresa Beta, de acordo com o quadro. 8. O total dos tributos diferidos (Alíquota de 34%). 1.700.000. Basta realizarmos o cálculo da diferença entre o valor justo total e o valor contábil total do ativo (R$22.000.000,00 – R$17.000.000,00 = R$5.000.000,00), R$5.000.000,00 vezes a alíquota de 34% teremos o valor do tributo diferido de R$1.700.000,00. 9. O valor justo dos ativos líquidos. (6) – (7) – (8) = 15.300.000. Basta subtrair o valor justo do ativo pelo valor justo do passivo e dos tributos diferidos. 10. O Goodwill. (5) – (9) = 1.800.000. É o valor justo da aquisição menos o valor justo líquido dos ativos, assim como vimos durante a aula. 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/29 AQUISIÇÕES E REESTRUTURAÇÕES EMPRESARIAIS AULA 4 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/29 Prof. Rodrigo Malta Meurer CONVERSA INICIAL Antes de darmos sequência aos nossos estudos, é fundamental relembrarmos alguns pontos discutidos em aulas anteriores sobre combinação de negócios. Em primeiro lugar, a combinação de negócios é obtida por meio da obtenção de controle da empresa investidora sobre a empresa investida. Além disso, conforme o CPC 15 R1 (2011), esse tipo de operação ocorre entre sociedades economicamente livres. Ademais, é importante para a aplicação do método de combinação de negócios a observância de alguns pontos, conforme pautados anteriormente, por exemplo, a identificação do adquirente, a data de aquisição, o processo de reconhecimento e mensuração dos ativos, passivos e participação societária de não controladores e o reconhecimento e mensuração do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) ou do ganho proveniente da compra vantajosa. Logo após, vimos as questões relacionadas ao período de mensuração da combinação de negócios, e algumas questões específicas relacionadas às combinações de negócios em estágios e sem a transferência da contraprestação. Voltando às questões pautadas em aulas anteriores, temos o desenvolvimento da disciplina quanto às participações societárias tidas como permanentes. Nesse âmbito, vamos avançar nesta aula abordando as demonstrações contábeis consolidadas. Desejamos a você bons estudos! CONTEXTUALIZANDO Em torno do assunto participações societárias permanentes, é indispensável falar sobre as demonstrações contábeis consolidadas. Nessas demonstrações diferentes das demonstrações individuais, é realizada a junção dos demonstrativos das empresas controladoras e controladas, com o intuito de refletir em um único demonstrativo os resultados referentes ao grupo econômico. 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/29 Sabendo que deve ser realizada a junção das operações de um grupo econômico em um mesmo demonstrativo, é importante entendermos como deve ser realizada a elaboração dessas demonstrações contábeis consolidadas, visto que, para a elaboração das demonstrações contábeis consolidadas, é necessário realizar o somatório de contas de grupo semelhante, algo que vamos nos aprofundar melhor nesta aula. Contudo, ao falar sobre as demonstrações contábeis consolidadas, não devemos negligenciar as questões voltadas à participação de não controladores, sendo que essa participação deve estar explícita na demonstração consolidada da controladora. Outro ponto fundamental é a questão dos resultados não realizados, conforme já vimos em nossas aulas e vamos novamente abordar neste encontro. Por último, vamos nos aprofundar nos quesitos voltados à apresentação nas demonstrações consolidadas da mais-valia e do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill). Assim como vimos nas aulas anteriores, em todos os ativos e passivos devem ser determinados o valor do goodwill e o valor referente à compra vantajosa. Para isso, o ativo e o passivo devem ser mensurados a valor justo. Vale ressaltar que, no momento do reconhecimento inicial do investimento em demonstrativo individual da controladora, o goodwill deve ser reconhecido de acordo com a participação. Todavia, vamos ver que, no momento da consolidação, é necessário o reconhecimento do goodwill dos controladores e não controladores. TEMA 1 – DEMONSTRAÇÕES CONSOLIDADAS: ASPECTOS CONCEITUAIS A consolidação das demonstrações contábeis nada mais é do que apresentar as operações de forma conjunta da controladora à sua controlada ou controladas. Gelbcke et al. (2018, p. 714) afirmam que: O objetivo da consolidação é apresentar aos usuários da informaçãocontábil, principalmente acionistas e credores, os resultados das operações e a posição financeira da sociedade controladora e de suas controladas, como se o grupo econômico fosse uma única entidade. Sobre o olhar de Perez Júnior e Oliveira (2012), “o objetivo da consolidação de demonstrações contábeis é refletir o resultado das operações e a verdadeira situação econômica, patrimonial e financeira de todo o grupo de empresas sob um único comando”. 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/29 Conforme Gelbcke et al. (2018), as demonstrações consolidadas permitem uma melhor análise, já que está sendo observado apenas um único demonstrativo. Entretanto, ao elaborar os demonstrativos consolidados, as empresas controladas não são obrigadas a realizar os demonstrativos consolidados, sendo obrigadas somente empresas chamadas controladoras. Além disso, as demonstrações consolidadas não eliminam as empresas controladoras e suas controladas de elaborarem as demonstrações contábeis individuais. A fim de compreendermos melhor a respeito, empresas que detêm o controle devem elaborar a consolidação dos demonstrativos, excluindo as empresas que possuem o controle compartilhado ou influência significativa, ou que não possuem nenhuma influência (Gelbcke et al. 2018). O CPC 36 R3 (2012) disciplina sobre as “Demonstrações Consolidadas”. Nele, podemos fortalecer o discutido em parágrafo anterior, pois em seu item 2ª, este retrata que é exigido “que a entidade (controladora) que controle uma ou mais entidades (controladas) apresente demonstrações consolidadas”. Complementando, ainda no CPC 36 R3 (2018), há a determinação de que todas as companhias abertas com participação em controladas, independentemente do percentual em relação ao PL da controladora, deverão elaborar e publicar as demonstrações contábeis consolidadas. Desse ponto, o investidor deve determinar se é controlador avaliando se de fato exerce controle sobre a investida, de acordo com a lei n. 6.404/76, art. 243, é pontuado em seu inciso II que: §2º Considera se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. Ainda, o CPC 36 R3 (2012) apresenta os seguintes pontos para a determinação de controle, em seu item 7: a) poder sobre a investida; b) exposição a, ou direitos sobre, retornos variáveis decorrentes de seu envolvimento com a investida; e c) a capacidade de utilizar seu poder sobre a investida para afetar o valor de seus retornos. Tais pontos foram somente relembrados, pois já discutimos sobre eles em nossas aulas anteriores. 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/29 TEMA 2 – METODOLOGIA DE ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONSOLIDADAS As demonstrações consolidadas consistem em somar os valores que correspondem às contas de mesmo grupo, e de acordo com o CPC 36 R3 (2012), em seus itens 19 e 20: A controladora deve elaborar demonstrações consolidadas utilizando políticas contábeis uniformes para transações similares e outros eventos em circunstâncias similares. A consolidação da investida se inicia a partir da data em que o investidor obtiver o controle da investida e cessa quando o investidor perder o controle da investida. Esses são os requisitos contábeis para a elaboração das demonstrações contábeis consolidadas em uma empresa, sendo possível entender que contas similares devem ser somadas. E que as demonstrações consolidadas devem ser iniciadas a partir da data em que o investidor adquirir o controle. Seguindo as questões relacionadas à data das demonstrações contábeis consolidadas, é essencial recorrermos novamente ao CPC 36 R3 (2012), em seus itens B92 e B93. As demonstrações contábeis da controladora e de suas controladas utilizadas na elaboração das demonstrações consolidadas devem ter a mesma data-base. Quando o final do período das demonstrações contábeis da controladora for diferente do da controlada, a controlada deve elaborar, para fins de consolidação, informações contábeis adicionais de mesma data que as demonstrações contábeis da controladora para permitir que esta consolide as informações contábeis da controlada, a menos que seja impraticável fazê-lo. Se for impraticável fazê-lo, a controladora deve consolidar as informações contábeis da controlada usando as demonstrações contábeis mais recentes da controlada, ajustadas para refletir os efeitos de transações ou eventos significativos ocorridos entre a data dessas demonstrações contábeis e a data das demonstrações consolidadas. Em qualquer caso, a diferença entre a data das demonstrações contábeis da controlada e a das demonstrações consolidadas não deve ser superior a dois meses, e a duração dos períodos das demonstrações contábeis e qualquer diferença entre as datas das demonstrações contábeis devem ser as mesmas de período para período. Nesse caso, devemos ter certa atenção quanto à data de elaboração das demonstrações contábeis, uma vez que, conforme os dispostos em negrito na citação acima, a empresa controladora e suas controladas devem elaborar as demonstrações contábeis em mesma data-base, caso não seja possível, devem ser disponibilizadas informações contábeis adicionais. 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/29 De todo modo, se ainda for impraticável a utilização de informações contábeis adicionais para a consolidação, a empresa controladora deve utilizar as informações contábeis mais recentes da controlada para realizar a consolidação, sendo fundamental que a diferença entre as demonstrações contábeis da controlada para as demonstrações consolidadas não sejam superiores a dois meses, conforme disposto pelo CPC 36 R3 (2012). Falando sobre as questões relacionadas à data para a elaboração das demonstrações contábeis, cabe também entendermos que a consolidação não parte do princípio em que se realiza somente a soma das contas similares, pois é necessário que ocorra também a exclusão de algumas contas, como as elencadas por Viceconti e Neves (2018, p. 1047): a) as participações de uma sociedade em outra; b) os saldos de quaisquer contas entre as sociedades; c) as parcelas correspondentes aos resultados, ainda não realizados, de negócios entre as sociedades, que constem no resultado do exercício, dos lucros ou prejuízos acumulados, do custo dos estoques ou do Ativo Não Circulante das respectivas demonstrações contábeis. Com isso, deve seguir um controle rigoroso quanto a essas operações para facilitar a realização das demonstrações contábeis. Viceconti e Neves (2018) destacam que é fundamental que empresas de um mesmo grupo se atenham quanto ao controle de suas transações, levando em conta a contabilização dessas operações de maneira padronizada, já que essas informações dispostas no demonstrativo consolidado serão de grande valia para os usuários externos, como os investidores, fornecedores, bancos, entre outros, e para os usuários internos da empresa, como os administradores (Perez Júnior; Oliveira, 2012). TEMA 3 – EVIDENCIAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DE NÃO CONTROLADORES A participação de uma empresa controladora sobre sua controlada pode ser advinda de uma participação societária integral, contudo, assim como colocado por Gelbcke et al. (2018), uma controladora pode não ter a totalidade das ações de uma empresa controlada, ou seja, de 100%, seja esse controle exercido direta ou indiretamente. 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/29 Por conseguinte, para participações que não são integrais, é necessário que ocorra o reconhecimento nos demonstrativos consolidados acerca da participação de outras empresas não controladoras, correspondente à quantia de ações não pertencentes à controladora. Desse contexto, Gelbcke et al. (2018) destacam que o reconhecimento dasparticipações correspondentes aos sócios não controladores deve integrar o patrimônio líquido consolidado. Aprofundando sobre o discutido, o CPC 36 R3 (2012) mostra, em seu item 22, que “uma controladora deve apresentar as participações de não controladores no balanço patrimonial consolidado, dentro do patrimônio líquido, separadamente do patrimônio líquido dos proprietários da controladora”. Entendemos, então, que a participação dos sócios minoritários deve estar presente no demonstrativo consolidado, todavia, deve ser reconhecida separadamente em relação à participação da empresa controladora. E de acordo com o item B94 do CPC 36 R3 (2012), “a entidade deve atribuir os lucros e os prejuízos e cada componente de outros resultados abrangentes aos proprietários da controladora e às participações de não controladores”. Após analisar esses pontos, as demonstrações contábeis consolidadas devem seguir os seguintes procedimentos, conforme o CPC 36 R3 (2012), item B86: (a) combinar itens similares de ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa da controladora com os de suas controladas; (b) compensar (eliminar) o valor contábil do investimento da controladora em cada controlada e a parcela da controladora no patrimônio líquido de cada controlada (...); (c) eliminar integralmente ativos e passivos, patrimônio líquido, receitas, despesas e fluxos de caixa intragrupo relacionados a transações entre entidades do grupo (resultados decorrentes de transações intragrupo que sejam reconhecidos em ativos, tais como estoques e ativos fixos, são eliminados integralmente). Vamos colocar de forma simplificada para compreendermos melhor os requisitos que devem ser seguidos ao elaborar o balanço patrimonial consolidado. Excluir investimento Método de Equivalência Patrimonial de controladas; Excluir o valor do PL das investidas que correspondem à controladora; Retirar o valor do PL das investidas correspondente aos não controladores; Excluir os direitos e as obrigações entre empresas do mesmo grupo econômico; Excluir o Resultado da Equivalência Patrimonial; 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/29 Excluir a participação dos não controladores no lucro líquido da investida. Para compreendermos melhor o que foi exposto até aqui, vamos imaginar que a empresa Alfa S.A., companhia de capital aberto, tem 80% da participação acionária na Beta S.A. Ambas as sociedades apresentaram as seguintes demonstrações contábeis individuais em 31/12/20: Tabela 1 – Situação patrimonial de Alfa e Beta 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/29 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/29 Com base nos balanços patrimoniais e de resultado das empresas, observamos abaixo a consolidação. Tabela 2 – Consolidação 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/29 Observamos por meio da Tabela 2 a situação patrimonial da empresa controladora Alfa e a empresa controlada Beta em 31/12/20. Os valores em vermelho correspondem à eliminação acerca 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/29 da participação da empresa controladora sobre a controlada. Vamos passo a passo compreender o que foi realizado. Primeiramente, foi feita a soma das contas semelhantes entre controladora e controlada, assim como disciplina o CPC 36 R3 (2012) em seu item B86. Logo após, realizou-se a eliminação das contas correspondentes aos investimentos, e em seguida foi eliminado o montante correspondente à participação de 80% da controladora no capital social, na reserva de capital e na receita de equivalência patrimonial na controlada. Essas contas estão identificadas com a letra A. A fim de tirar dúvidas quanto à receita de equivalência patrimonial, esta foi eliminada conforme seu valor de R$ 120,00, visto que o lucro líquido da controlada, conforme o enunciado, foi de R$ 150,00 (R$ 150,00 X 80% = R$ 120,00). Continuando, devemos reconhecer a participação dos sócios não controladores nos demonstrativos, porém, de maneira separada. Com isso, podemos identificar a participação dos sócios não controladores por meio da letra C. Os valores da tabela correspondentes aos sócios não controladores foram baseados em seu percentual de participação, nesse caso de 10%. Os mesmos então possuem participação sobre o capital social, reserva de capital e sobre o lucro líquido da controladora, que foi de R$ 150,00 (R$ 150,00 X 20% = R$ 30,00). Além disso, foi realizada a eliminação das transações entre partes, identificadas com a letra B, pois a empresa Alfa vendeu mercadorias para a empresa Beta, e para fins de consolidação, deve-se realizar a anulação desses saldos. Para finalizar, vimos que a eliminação é realizada por meio do Débito e do Crédito, e sabemos que as contas classificadas no passivo são aquelas conhecidas como a origem dos recursos. Desse modo, para a eliminação destas, basta realizar o lançamento a débito com o valor correspondente ao ajuste necessário. Para as contas do ativo, conhecidas como as de aplicações de recursos, que possuem natureza devedora, basta o lançamento a crédito com o valor do ajuste. E no mais, na tabela observamos a abertura de uma conta referente à participação dos sócios não controladores no valor de R$ 100,00, ou seja, foi a contrapartida dos débitos referentes à participação desses acionistas minoritários, alcançando, somados, o valor de R$100,00, que deve ser reconhecido no patrimônio líquido de maneira separada da participação dos sócios controladores. 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/29 Vamos observar abaixo como ficaram os lançamentos dos valores já consolidados no balanço patrimonial e demonstrativo de resultado. Tabela 3 – Balanço Patrimonial e demonstrativo consolidado 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/29 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/29 É importante observarmos que o lucro consolidado deve ser igual ao lucro da controladora. No exercício anterior, o lucro consolidado foi igual ao lucro individual da controladora. Caso aconteça de ser diferente, a empresa deve apresentar nota explicativa demonstrando a conciliação entre os dois resultados. TEMA 4 – TRATAMENTO DOS RESULTADOS NÃO REALIZADOS NO PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO Os lucros realizados ocorrem quando a empresa compradora revende todas as mercadorias que comprou de outra empresa do mesmo grupo para terceiros. Em contrapartida, os Lucros não Realizados ocorrem quando essa mesma empresa compradora não revende todas as mercadorias para terceiros. E do ponto de vista de Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 411), “Lucros não realizados ocorrem quando há operações de compra e venda de bens entre as empresas consolidadas desde que esses bens sejam mantidos no ativo da compradora”. Caso a compradora tenha revendido a terceiros a totalidade das mercadorias adquiridas, não há então os lucros não realizados. Os lucros não realizados podem ser advindos da venda de mercadorias da controlada para a sua controladora ou da controladora para a sua controlada. No primeiro caso, se não ocorrer a venda das mercadorias adquiridas pela controladora, há então os lucros não realizados. De acordo com Souza e Borba (2013), a empresa vendedora deve reconhecer o lucro normalmente, e além disso, a controladora deve deduzir o lucro não realizado do lucro líquido da controlada e aplicar então, para fins de equivalência patrimonial, o percentual de sua participação. Após esses ajustes, é possível realizar a consolidação, na qual os lucros não realizados devem ser excluídos do estoque da empresa controladora que efetuou a compra dessas mercadorias. Ao falarmos do segundo caso, no qual a controladora vende para sua controlada, mercadorias que ainda permanecem em estoques, existirão então os lucros não realizados. Souza e Borba(2013), denotam que, nesse tipo de transação, a controlada não precisa realizar ajuste em seu demonstrativo de resultado. Mas ainda de acordo com esses autores, a controladora deve eliminar de seu resultado a parcela dos lucros não realizados. Nesse caso, a controladora em seu demonstrativo individual deve reconhecer a crédito em conta redutora de seu investimento e a 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/29 débito em sua conta de resultado o valor correspondente à parcela dos lucros não realizados (Souza; Borba, 2013). Para entendermos melhor, vamos considerar o mesmo exemplo anterior, porém, a empresa Alfa vendeu mercadorias para empresa Beta por $ 100,00 e elas custaram $ 80,00. As mercadorias continuam em estoque. O lucro não realizado nos estoques na consolidação deve ser totalmente eliminado. Para isso, é necessário reduzir o valor da equivalência patrimonial e o valor dos estoques consolidados. O resultado da venda também deve ser eliminado. O cálculo da equivalência ficará da seguinte forma: Tabela 4 – Consolidação 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/29 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/29 Podemos visualizar o seguinte: os lançamentos identificados como A, B e C são os mesmos mencionados em nosso exemplo anterior, os quais devem ser realizados. No entanto, nesse exemplo em questão, houve a venda de mercadorias da controladora para sua controlada no valor de R$ 100,00, e essas mercadorias custaram para a controladora R$ 80,00. Vamos nos centrar nos valores em vermelho: primeiramente foi eliminada a parcela dos lucros não realizados, que anteriormente o valor era de R$ 120,00, e com R$ 20,00 de lucros não realizados, esse valor passou a ser de R$ 100,00. No demonstrativo individual da controladora, foi realizado então um registro a crédito de R$ 20,00 de lucros não realizados, reduzindo o valor dos investimentos. Em contrapartida, um registro a débito em uma conta de resultado, o qual também ocasionou em sua diminuição. Para realizar a consolidação, temos a eliminação dessas contas, as quais podem ser identificadas pela letra D na Tabela 4. Desse modo, foi eliminado o valor de R$ 20,00 referente aos lucros não realizados contidos no estoque, e o mesmo valor eliminado em conta referente a lucros a realizar. Quanto às receitas, elimina-se o valor de R$ 100,00 correspondente ao valor de venda, e o valor de R$ 80,00 referente ao valor de custo de aquisição. Essas contas estão identificadas com a letra T. Em contrapartida, temos os mesmos valores que estão presentes no estoque. TEMA 5 – APRESENTAÇÃO NAS DEMONSTRAÇÕES CONSOLIDADAS DA MAIS-VALIA E DO ÁGIO POR EXPECTATIVA DE RENTABILDIADE FUTURA Ao falar sobre ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), o CPC 15 R1 (2011) o define em seu apêndice A como “um ativo que representa benefícios econômicos futuros resultantes dos ativos adquiridos em combinação de negócios, os quais não são individualmente identificados e separadamente reconhecidos”. Desse modo, o goodwill corresponde à diferença entre o valor pago e o valor justo dos ativos líquidos da adquirida. E quanto à mais-valia? Esta, por sua vez, refere-se à diferença entre o valor justo dos ativos líquidos adquiridos e seu valor contábil (valor patrimonial contábil) no balanço da adquirida. O adquirente deve reconhecer o ágio por rentabilidade futura goodwill determinado pela diferença positiva entre o valor justo da contraprestação transferida em troca do controle da 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/29 adquirida somado ao valor das participações de não controladores na adquirida e, se houver, ao valor justo de alguma participação preexistente do adquirente na adquirida e o valor justo líquido dos ativos identificáveis adquiridos dos passivos assumidos (CPC 15 R1, 2011). Para entendermos melhor a respeito, reforçamos que tanto o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), como também o ágio por mais-valia de ativos líquidos deve ser registrado no grupo investimentos, no balanço individual da controladora. Entretanto, ocorrem algumas mudanças nesses registros no momento em que a controladora realizar a consolidação dos demonstrativos contábeis. No demonstrativo consolidado, o goodwill deve ser registrado no subgrupo do intangível, diferentemente do balanço individual. No caso da mais-valia, essa não é registrada no subgrupo do intangível, mas deve ser alocada aos respectivos ativos que lhe deram a origem. Vamos supor que ocorreu o reconhecimento de um goodwill e de um ágio mais-valia em nossa empresa CJ, devemos reconhecer ambos em nosso balanço patrimonial no grupo investimentos. Somos controladores da empresa CV e, com isso, somos obrigados a realizar o demonstrativo consolidado ao final do exercício, desse jeito, temos que lançar o goodwill no balanço consolidado no subgrupo do intangível, e no caso da mais-valia, o mesmo foi em relação aos estoques. Desse modo, lançamos os valores de mais-valia em seu grupo de origem, o qual é o estoque, e não nos investimentos no balanço consolidado. Ao falarmos sobre reconhecimento e mensuração dos ativos adquiridos e dos passivos assumidos, esses devem ser mensurados a valor justo, de acordo com os padrões ressaltados no CPC 15 R1 (2011) “Combinações de Negócios”. E de acordo com Gelbcke et al. (2018), a baixa do goodwill ocorrerá somente pela venda, ou no reconhecimento de uma redução do valor recuperável. E ainda conforme Gelbcke et al. (2018, p. 2213), o goodwill “na data da obtenção do controle não pode ser amortizado, exceto o que está previsto no ICPC 09 para circunstâncias muito específicas de vida útil econômica determinada”. Um ponto importante está relacionado ao reconhecimento da mais-valia e do goodwill. Segundo Gelbcke et al. (2018), a empresa controladora deve reconhecer a parcela total da participação de controladores e não controladores da mais-valia no balanço consolidado. E quanto ao goodwill, seu valor total também deve ser reconhecido como balanço patrimonial consolidado caso a participação de não controladores no reconhecimento inicial seja avaliada pelo seu valor justo (ICPC 09 R2, 2014). 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/29 Vamos considerar um exemplo diferente dos anteriores: vamos supor que agora a empresa Alfa possua controle integral sobre a empresa Beta. Foram elaborados os seguintes lançamentos de consolidação: Tabela 5 – Consolidação 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/29 Na tabela 5, observamos as eliminações realizadas. Para entendermos a situação exposta acima, ocorreu: 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/29 A – Eliminação dos valores referentes aos investimentos. B – Eliminação dos valores referentes as transações entre partes. C – Eliminação do saldo referente ao resultado de equivalência patrimonial. T – O lucro de R$300.000,00 não foi distribuído aos dividendos, permanecendo o mesmo nas reservas de lucros. Até este ponto, temos o entendimento dos lançamentos. Agora, vamos imaginar que na data de aquisição do controle da empresa Beta, a empresa Alfa esqueceu de contabilizar alguns passivos e ativos adquiridos e teve que recalcular a contrapartida contingente no valor de R$ 200.000,00. Ao refazer os cálculos, a empresa Alfa chegou a um valor pago de R$ 1.900.000,00 composto por R$ 200.000,00 de goodwill, R$ 100.000,00 de mais-valia do ativo imobilizado, R$ 500.000,00 de mais-valia de estoque, R$ 200.000,00 foi uma carteira de clientes identificada e R$ 100.000,00 foi uma provisão identificada não reconhecida. Devemos consolidar esses saldos da seguinte forma: Tabela 6 – Consolidação 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/29 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/29Podemos identificar que houve novos lançamentos, e que esses podem ser identificados pela letra E. Presenciamos que a empresa apurou um ágio, e ainda havia esquecido de contabilizar algumas contas do ativo e do passivo. Desse modo, temos que no momento da consolidação é necessário realizar os lançamentos do mais valia em contas de suas respectivas origens, assim como foi já discutido anteriormente. E no caso do goodwill, este deve ser registrado no grupo do intangível, diferente, caso fosse no balanço individual, no qual tem-se o registro do mesmo no grupo de investimentos. No que tange à carteira de clientes, esta se trata de uma ativo intangível, o qual deve ser alocado logo abaixo. E quanto à provisão possível, esta deve ser alocada no grupo já existente de provisões no passivo, aumentado o valor dessa conta, pela qual não foi reconhecida. TROCANDO IDEIAS Pudemos compreender durante a aula o que seriam demonstrações contábeis consolidadas, além das mudanças de contabilização quanto ao reconhecimento da mais-valia e do ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) no demonstrativo individual e no consolidado. No contexto de nossas aulas, busque observar por meio do site <www.b3.com.br> as mudanças dos demonstrativos individuais para os demonstrativos consolidados. Veja as mudanças de valores nas contas de determinada empresa e busque observar o que foi abordado durante nossos estudos, a fim de compreender melhor o que exatamente foi realizado nos demonstrativos consolidados da empresa controladora. NA PRÁTICA O gabarito para os exercícios a seguir pode ser encontrado ao final deste material, após as referências. Questão 1) De acordo com as discussões realizadas durante a aula, o art. 250 da lei n. 6.404/76 estabelece que, no processo de consolidação das demonstrações contábeis, deve ser excluso: http://www.b3.com.br/ 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 25/29 ( ) a. Ativos de curto e longo prazo. ( ) b. O valor do patrimônio líquido. ( ) c. Os saldos de quaisquer contas entre as sociedades. ( ) d. Somente os passivos de longo prazo. ( ) e. Ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) e mais-valia. Questão 2) A Alfa S.A. adquiriu 60% do capital social da Beta S.A. em 01/01/X1 pelo valor de R$ 180, que correspondia nessa mesma data à aplicação desse percentual sobre o valor do patrimônio líquido da investida. A Controlada S.A. apurou um lucro de R$ 50 em X1 e declarou dividendos de R$ 35 em 31/12. A situação patrimonial das empresas após a aquisição do controle em 31/12/X1 era a seguinte (em R$ milhões): Alfa Beta Investimentos 180 Outros ativos 490 430 Total 670 430 Outros passivos 70 80 Patrimônio Líquido 520 300 Lucro Líquido das Vendas 80 50 Total 670 430 Considerando as informações fornecidas e que os lucros auferidos no período foram incorporados ao patrimônio líquido, assinale a alternativa que apresenta informação incorreta: ( ) a. O patrimônio líquido total consolidado será R$ 630 milhões. ( ) b. O ativo total consolidado será R$ 920 milhões. ( ) c. O passivo exigível consolidado será R$ 164 milhões. ( ) d. O valor das participações de não controladores no patrimônio líquido consolidado será R$ 126 milhões. 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 26/29 Questão 3) A controladora XX vendeu mercadorias que lhe custaram R$ 1.000,00 à controlada ZZ. A venda foi feita a prazo por R$ 1.250,00. No mesmo dia, a controlada ZZ vendeu a prazo metade dessas mercadorias por R$ 630,00. Considerando essas informações, qual é o valor do estoque a ser eliminado, a crédito, na consolidação das demonstrações? ( ) a. 500,00 ( ) b. 625,00 ( ) c. 630,00 ( ) d. 125,00 ( ) e. 620,00 FINALIZANDO Nossa aula está finalizada e esperamos que você tenha compreendido do que se trata demonstrações consolidadas, bem como quais os tratamentos utilizados para a sua elaboração. Nos centramos primeiramente no que seriam demonstrações consolidadas, aqui, podemos compreender que estas se referem à junção dos demonstrativos da controladora com os de suas controladas. Nesse tópico, foi possível compreender que as empresas que desempenham o controle são obrigadas a realizar o demonstrativo consolidado. Continuando, demonstrativos consolidados têm como objetivo principal o fornecimento do resultado consolidado do grupo econômico, auxiliando no processo de tomada de decisão dos investidores. Para a elaboração desse demonstrativo, é necessária a adição de contas semelhantes da controladora e da(s) sua(s) controlada(s). No entanto, é também necessária a eliminação de algumas contas ou valores, como por exemplo, aquelas relacionadas aos investimentos, às transações entre as empresas e ao resultado de equivalência patrimonial. Dentro dessa ótica, partimos para a discussão da participação dos sócios não controladores. Vimos aqui, que é necessária a eliminação dessas contas, e além disso, as participações de não controladores devem ser evidenciadas também no demonstrativo consolidado, porém de maneira separada. 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 27/29 Logo depois, iniciamos a discussão quanto aos lucros não realizados, notamos que estes ocorrem quando existem transações entre empresas do mesmo grupo. Nessas transações entre empresas, podem originar de lucros realizados ou não. Caso a empresa controladora venda mercadorias para a sua controlada, ou vice-versa, e a empresa a qual adquiriu possua, ainda, essas mercadorias de forma parcial ou total em seus estoques, há então os lucros não realizados. Por fim, discutimos sobre as questões voltadas ao ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) e a mais-valia. Ademais, nessas contas, pudemos identificar algumas mudanças relacionadas aos seus registros. Quando reconhecidas no balanço patrimonial individual da controladora, devem ser registradas no grupo investimentos. No entanto, ao realizar o balanço patrimonial consolidado, o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill) é registrado no subgrupo do intangível, enquanto a mais-valia deve ser registrada em sua conta, a qual se deu sua origem. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 15 de dezembro de 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 11 fev. 2021. CPC, C. D. P. C. ICPC 09 (R2). Demonstrações Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas e Aplicação do Método da Equivalência Patrimonial, 2014. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/494_ICPC_09_(R2)_rev%2009.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 15 (R1). Combinações de Negócios, 2011. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/235_CPC_15_R1_rev%2014.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. _____. CPC 36 (R3). Demonstrações Consolidadas, 2012. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/448_CPC_36_R3_rev%2008.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2021. GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades, de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. Atlas, 2018. 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 28/29 PEREZ JÚNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. D. Contabilidade avançada: Texto e testes com respostas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. SOUZA, M. M.; BORBA, J. A. Curso de Contabilidade Avançada. Florianópolis: Departamento de Ciências Contábeis/UFSC, 2013. VICENCONTI, P.; NEVES, S. Contabilidade avançada e análises das demonstrações financeiras. 18. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. GABARITO Questão 1) letra c Questão 2) letra a Na alternativa B, se formos realizar a soma do total do ativo da empresa Alfa mais o total do ativo da Beta, vamos obter o valor de R$ 1.100,00. Desse valor, deve-se eliminar os investimentos de R$ 180,00, alcançando o valor de R$ 920,00. No caso da alternativaC, essa também está correta, pois, na soma de outros passivos de Alfa e Beta, vamos obter o valor de R$ 150,00, mas ocorreu a distribuição de dividendos, de R$ 35,00, e a obrigação aqui se centra no valor dos sócios não controladores. Então, ao aplicar o percentual de participação dos não controladores sobre os R$ 35,00, obtém-se o valor de R$ 14,00. Nesse caso, R$ 150,00 mais R$ 14,00 é igual a um total de R$ 164,00 de obrigações exigíveis. Na alternativa D, basta aplicarmos os percentuais de 40% dos sócios não controladores sobre o capital social e sobre o lucro líquido. Do valor total obtido de R$ 140,00, deduzindo desse valor R$ 14,00 referente à distribuição de dividendos, obtendo então os R$ 126,00. A alternativa A foi a única que sobrou, sendo incorreta, pois o lucro apurado da controladora deve ser igual ao lucro consolidado, caso não seja, deve-se apresentar notas explicativas. Questão 3) letra d Venda R$ 1.250,00 50% R$ 625,00 Custo R$ 1.000,00 50% R$ 500,00 21/11/2022 20:15 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 29/29 Lucro Não Realizado R$ 125,00 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/41 AQUISIÇÕES E REESTRUTURAÇÕES EMPRESARIAIS AULA 5 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/41 Prof. Rodrigo Malta Meurer CONVERSA INICIAL Nesta aula, vamos avançar quanto às formas de reestruturação societária, abordando primeiramente os aspectos conceituais, a fim de compreendermos melhor do que se trata a reestruturação societária. Após entendermos os aspectos conceituais, identificaremos como é realizada a mensuração da troca de ações nesses tipos de reestruturações societárias, verificando ainda as questões voltadas à proteção dos investidores, como o tag along. Além disso, vamos nos aprofundar em três formas distintas de as sociedades se reestruturarem. No decorrer da aula, vamos entender que a reestruturação societária é uma remodelação ou uma transformação. Essa restruturação pode se dar por meio de incorporação, cisão e fusão. Nessas três formas, vamos nos aprofundar quanto aos aspectos conceituais, sendo possível identificar nitidamente a diferença entre elas. Além disso, por meio de exemplos, teremos uma melhor base de como é realizada uma reestruturação por meio de incorporação, cisão e fusão e como deve ser o procedimento contábil a ser realizado em cada uma. CONTEXTUALIZANDO As sociedades podem ser reestruturadas, o que muitas vezes ocorre por motivos relacionados ao crescimento econômico no mercado no qual elas operam. Desse modo, essas sociedades, ao buscarem o seu desenvolvimento, acabam por ser transformadas, divididas e/ou podem encerrar suas atividades. Na reestruturação dessas sociedades, ocorre o processo de troca de ações e/ou conhecido também como substituição de ações. Esse processo, tem o objetivo de buscar o equilíbrio patrimonial, pois, conforme Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 283), “os sócios devem manter o mesmo patrimônio 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/41 que tinham antes da operação” de incorporação. Nessa mesma conjuntura, é fundamental discutir sobre garantias aos acionistas minoritários, ligadas à sua maior proteção quanto a venda de suas ações. Em relação a esse assunto sobre reorganização societária, existem as reestruturações nomencladas como incorporação, cisão e fusão. A incorporação ocorre quando uma empresa absorve uma ou mais sociedades, ou seja, a empresa absorve o patrimônio de outra empresa. Ao realizar esse ato, a empresa incorporadora traz os ativos e passivos para dentro de seu patrimônio, desaparecendo a incorporada. O processo de cisão ocorre quando a empresa transfere as parcelas de seu patrimônio para uma ou mais empresas, as quais são constituídos somente por esse propósito. A empresa que recebe essas parcelas de patrimônio pode ser extinta, caso haja a transferência total do patrimônio da empresa que efetua esse tipo de reestruturação. A fusão, por sua vez, também é uma das formas de reestruturação societária, porém, diferente das anteriores, ocorre quando ocorre a união de duas ou mais empresas, originando então uma nova sociedade. Os pontos aqui colocados serão aprofundamos no decorrer dessa aula, fazendo o uso de exemplos. TEMA 1 – ASPECTOS CONCEITUAIS E TIPOS DE REORGANIZAÇÕES SOCIETÁRIAS As reorganizações societárias são entendidas como mudanças realizadas pelas sociedades, que acabam por gerar mutações na estrutura de sua sociedade (Coelho, 2009). Perez Júnior e Oliveira (2012) e Vieira e Moreira (2017) denotam que o crescimento econômico no mercado mundial faz com que as empresas busquem maiores ganhos, mas são várias as empresas que buscam o mesmo devido ao crescimento, gerando então maiores competividades. Nesse âmbito, Vieira e Moreira (2017) revelam que o maior nível de competividade faz surgir novas ideias dada a necessidade dessas empresas em continuar nesse mercado competitivo. Nesse contexto, as empresas buscam então por modificações e, para isso, muitas vezes sofrem de reestruturações. 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/41 Essas reestruturações societárias ou reorganização societárias são regidas pela Lei n. 6.404/76, Lei das Sociedades Anônimas, as quais nada mais são do que combinações de negócios que envolvem diferentes formas de transformação, como a incorporação, a cisão e a fusão. Mas para Gelbcke et al. (2018), as combinações de negócios são reconhecidas pelo reconhecimento do controle, da figura do adquirente e da adquirida, da data de aquisição, ou seja, não se confunde com as formas jurídicas de transformações societárias conhecidas como fusão, cisão e incorporação. Diante desses pontos colocados, as reorganizações societárias podem ser dadas por meio de: Incorporação; Cisão; Fusão. Esses tipos de reorganizações societárias serão discutidos após o Tema 3. De antemão, serão verificadas as questões envolvendo as trocas de ações em reorganizações societárias, e sobre o tag along, compreendido como proteção ao acionista minoritário. Continuando o nosso assunto sobre as reorganizações societárias, essas reestruturações causam alteração na estrutura de uma empresa, que, com isso, busca alcançar alguns benefícios. De acordo com Passos e Vila (2010), as empresas que realizam essa reorganização buscam como objetivo o melhoramento e a ampliação de suas atividades, além da diversificação de suas atividades e um importante meio de gestão. Conforme Poeta, Souza e Murcia (2010), as empresas no Brasil constantemente realizam a reorganização societária com o propósito de alcançar a redução das suas cargas tributárias, em relação à opção de regimes tributários, como lucro real, presumido ou simples nacional. O art. 223 da Lei n. 6.404/76 argumenta: A incorporação, fusão ou cisão podem ser operadas entre sociedades de tipos iguais ou diferentes e deverão ser deliberadas na forma prevista para a alteração dos respectivos estatutos ou contratos sociais. § 1º Nas operações em que houver criação de sociedade serão observadas as normas reguladoras da constituição das sociedades do seu tipo. § 2º Os sócios ou acionistas das sociedades incorporadas, fundidas ou cindidas receberão, diretamente da companhia emissora, as ações que lhes couberem. § 3º Se a incorporação, fusão ou cisão envolverem companhia aberta, as sociedades que a sucederem serão também abertas, devendo obter o respectivo registro e, se for o caso, promover a admissão de negociação das novas ações no mercado secundário, no prazo máximo de 120 (cento 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/41 e vinte) dias, contados da data da assembleia geral que aprovou a operação, observando as normas pertinentes baixadas pela Comissão de Valores Mobiliários. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.457, de 5/5/1997) § 4º O descumprimento do previstono parágrafo anterior dará ao acionista direito de retirar-se da companhia, mediante reembolso do valor das suas ações (art. 45), nos 30 (trinta) dias seguintes ao término do prazo nele referido, observado o disposto nos §§ 1º e 4º do art. 137. (Parágrafo acrescido pela Lei nº 9.457, de 5/5/1997). (Brasil, 1976) Desse modo, conforme colocado por Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 276), “em todas as operações, a decisão quanto à sua realização deve ser tomada, em cada sociedade, pela forma prevista para a alteração do estatuto ou contrato social”. No caso das sociedades abertas, Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 276) acentuam que “a decisão deverá ser tomada em assembleia geral extraordinária”. TEMA 2 – MENSURAÇÃO DE TROCAS DE AÇÕES EM REORGANIZAÇÕES SOCIETÁRIAS E TAG ALONG Para a realização de reorganizações societárias, seja por meio de incorporação, cisão ou fusão, devem ser explicitadas algumas situações em protocolo firmados pelos órgãos de administração ou sócios das sociedades de interesse. Para entendermos melhor a respeito, o art. 224 da Lei n. 6.404/76 ressalta o seguinte: Art. 224. As condições da incorporação, fusão ou cisão com incorporação em sociedade existente constarão de protocolo firmado pelos órgãos de administração ou sócios das sociedades interessadas, que incluirá: I - o número, espécie e classe das ações que serão atribuídas em substituição dos direitos de sócios que se extinguirão e os critérios utilizados para determinar as relações de substituição; II - os elementos ativos e passivos que formarão cada parcela do patrimônio, no caso de cisão; III - os critérios de avaliação do patrimônio líquido, a data a que será referida a avaliação, e o tratamento das variações patrimoniais posteriores; IV - a solução a ser adotada quanto às ações ou quotas do capital de uma das sociedades possuídas por outra; V - o valor do capital das sociedades a serem criadas ou do aumento ou redução do capital das sociedades que forem parte na operação; 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/41 VI - o projeto ou projetos de estatuto, ou de alterações estatutárias, que deverão ser aprovados para efetivar a operação; VII - todas as demais condições a que estiver sujeita a operação. Parágrafo único. Os valores sujeitos a determinação serão indicados por estimativa. (Brasil, 1976) Além desses pontos a serem destacados no protocolo, este deve ainda conter, conforme a Lei n. 6.404/76, uma justificativa das sociedades que pretendem realizar a devida reorganização societária conforme art. 225, e após isso, seguir critérios quanto a formação de capital, advinda das operações de incorporação, cisão e fusão, conforme art. 226 (Brasil, 1976). Desse modo pessoal, entendemos agora que, para a realização de reorganização societária, é necessário seguir alguns pontos específicos, por exemplo, protocolo, justificação da devida reorganização societária e o processo de formação de capital. Voltando-se então para o propósito desse tema, Perez Júnior e Oliveira (2012) ressaltam alguns pontos que devem constar no protocolo, como: relação de substituição, critérios de avaliação, data-base da reestruturação societária, variações patrimoniais posteriores e valor de reembolso das ações dos acionistas dissidentes. Vamos ver agora o que significa cada um desses pontos. Primeiramente, a relação de substituição, entendida como a substituição de ações, ou troca de ações. Conforme Perez Júnior e Oliveira (2012), “É a relação entre os direitos de sócio existentes antes e depois da operação. Em geral, busca-se o equilíbrio patrimonial dessa relação, ou seja, os sócios devem manter o mesmo patrimônio que tinham antes da operação”. A substituição dessas ações pode se dar por diferentes alternativas. De acordo com Perez Júnior e Oliveira (2012), pode ser por meio do valor patrimonial contábil, valor patrimonial de mercado ou pelo valor de cotação em bolsa de valores. Verifiquemos a Tabela 1: Tabela 1 – Relação substituição de ações Informações básicas Cia Alfa Incorporada Cia Beta Incorporadora Patrimônio Líquido (PL) Contábil Capital Social A 100.000 500.000 Reservas B 20.000 50.000 Total do PL a valor contábil C = A+B 120.000 550.000 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/41 Diferença de ativos a valor de mercado conforme laudo dos peritos nomeados em assembleia D 24.000 220.000 Total do PL a valor de mercado E = C+D 144.000 770.000 Quantidade de ações F 50.000 500.000 Valor nominal G = A/F 2,00 1,00 Valor patrimonial contábil H = C/F 2,40 1,10 Valor patrimonial de mercado I = E/F 2,88 1,54 Média das cotações em bolsa J 4,32 1,92 Relação de substituição pelo: Valor patrimonial contábil H 2,40 1,10 Cada ação de Alfa será trocado por: 1 ação 2,18 ações Valor patrimonial de mercado I 2,88 1,54 Cada ação de Alfa será trocado por: 1 ação 1,87 ações Média das cotações em bolsa J 4,32 1,92 Cada ação de Alfa será trocado por: 1 ação 2,24 ações Fonte: Perez Júnior; Oliveira,2012, p. 271. Podemos observar, na tabela, que o total de ações emitidas pela incorporadora é calculada com base na proporção do valor da incorporada, haja vista que podemos observar a proporção do valor da ação que a incorporadora emitirá para substituir as ações da incorporada. Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 271-272) destacam ainda que “É importante que o critério adotado preserve o valor real dos patrimônios dos envolvidos para que não ocorram ganhos ou perdas entre os acionistas envolvidos”. Quanto ao critério de avaliação, vimos vários descritos anteriormente, porém a lei não exige nenhum específico, e a escolha de determinado método pode ocasionar diferentes efeitos e pode não constar no protocolo (Perez Júnior; Oliveira, 2012). Os mesmos autores acrescentam que, “Em outras palavras, o negócio é realizado pelo valor de mercado e a formalização obedece o valor contábil” (Perez Júnior; Oliveira, 2012) para fins fiscais. 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/41 Além disso, existe a data base da reestruturação societária. Conforme Perez Júnior e Oliveira (2012), a avaliação da posição patrimonial deve ser realizada na posição patrimonial do período em questão, conhecido como período de avaliação do patrimônio, o qual ocorre no período de tempo necessário ao levantamento do balanço patrimonial e à avaliação do patrimônio da empresa. Nos processos de incorporação, cisão e fusão, deve-se ter como atenção dois momentos, descritos por Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 272) como “a data em que é feita a avaliação do patrimônio líquido a ser vertido (data-base para avaliação); e a data em que a assembleia aprova a incorporação”. Devida situação ocorre também para as realizações de fusões e cisões, obedecendo às especificidades de cada uma. Entre a data-base de avaliação até o período de aprovação em assembleia, podem surgir questões voltadas a um lucro ou prejuízo patrimonial, resultante das atividades da empresa (Perez Júnior; Oliveira, 2012). Essas variações são entendidas como variações patrimoniais posteriores. No protocolo já citado anteriormente, deve estar evidenciado a quem esse resultado deve pertencer, seja para os sócios novos, seja para sócios antigos, para a distribuição de dividendos obrigatórios, entre outros (Perez Júnior; Oliveira, 2012). Dentre os parâmetros aqui discutidos, existe ainda o reembolso do valor das ações a acionistas dissidentes, os quais não estão de acordo com os termos da negociação deliberados na assembleia geral (Perez Júnior; Oliveira, 2012). Esse tipo de acionista possui o direito de recesso a uma empresa, em relação à qual não concordou com alguma decisão tomada pela assembleia geral, tendo o direito de reembolso de suas ações, assim como já discutido. Tais acionistas, ao não concordarem com as decisões tomadas em assembleia geral, podem receber o reembolso no valor de suas ações com a sua saída da companhia. Aofalarmos sobre as questões de saída de acionistas de uma companhia por não concordarem com os termos deliberados em assembleia geral, ´=e importante lembrar-nos das questões voltadas às vendas das ações dos acionistas majoritários, que podem então passar o controle para outro investidor. Nesse processo, existe o chamado Tag Along, que, por sua vez, busca fornecer uma proteção aos acionistas minoritários nas empresas listadas em bolsas de valores. Por que fornecer proteção? Quando ocorre o investimento em uma empresa, certamente que a pessoa que vai efetuar esse ato busca saber a real situação dessa empresa. Nesse processo, ele busca verificar as questões voltadas à administração dessa sociedade, para assim adquirir certo tipo de 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/41 confiança ao efetuar o investimento. Mas, em momento posterior, os sócios controladores podem vender suas ações que estavam sendo avaliadas em preços robustos, passando o controle a outros sócios. Você, como acionista minoritário, pode acompanhar tal movimento e vender suas ações ou não. Caso decida por vendê-las, você terá direito a receber no mínimo 80% do valor delas, a serem oferecidos pelos novos controladores. Para entendermos melhor, caso uma empresa não possua tal mecanismo de proteção ao acionista minoritário, os novos compradores poderiam adquirir somente as ações dos sócios majoritários, e, desse modo, os acionistas minoritários seriam obrigados a vender a preços baixos suas ações, ou continuarem com sua participação na empresa, porém com novos controladores. Se não existisse o tag along, os acionistas minoritários ficariam com as ações em mãos e com outro controlador, ou as venderiam a preços muito baixos. O tag along pode ser visto nas principais empresas listadas na B3. Muitas vezes, os acionistas minoritários têm direito a receber até 100% do valor de suas ações, mas vale ressaltar que, conforme a Lei n. 6.404/76, essa proteção só é imposta aos acionistas detentores de ações ordinárias, cujos detentores possuem o poder de voto em assembleia geral, todavia as empresas podem estender devida proteção aos acionistas que possuem ações preferenciais (Brasil, 1976). O Tag Along está previsto no art. 254 da Lei n. 6.404/76. TEMA 3 – INCORPORAÇÃO Conforme o art. 227 da Lei n. 6.404/76, a incorporação “É a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhe sucede em todos os direitos e obrigações” (Brasil, 1976). Além disso, o art. 227, incisos 1, 2 e 3 da mesma lei esclarece alguns requisitos para isso: § 1º A assembleia-geral da companhia incorporadora, se aprovar o protocolo da operação, deverá autorizar o aumento de capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão. § 2º A sociedade que houver de ser incorporada, se aprovar o protocolo da operação, autorizará seus administradores a praticarem os atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital da incorporadora. § 3º Aprovados pela assembleia-geral da incorporadora o laudo de avaliação e a incorporação, extingue-se a incorporada, competindo à primeira promover o arquivamento e a publicação dos atos da incorporação. (Brasil, 1976) 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/41 Desse modo, no processo de incorporação, as empresas incorporadas deixam de existir, sendo a empresa incorporadora a nova sucessora de suas personalidades jurídicas (Perez Júnior; Oliveira, 2012; Gelbcke et al., 2018). Vejamos a Figura 1, na ocorrência de operação denominada de incorporação. Figura 1 – Operação de incorporação Como bem podemos observar na Figura 1, a Cia Alfa absorve a Cia Beta, assumindo seus direitos e obrigações. Além disso, Gelbcke et al. (2018, p. 2441), acrescenta que: uma empresa absorve todo o patrimônio de outra, trazendo seus ativos e passivos para dentro do patrimônio da incorporadora, desaparecendo a incorporada. Então, caso a controladora incorpore sua única controlada, em termos contábeis as novas demonstrações contábeis da incorporadora serão praticamente iguais ao que eram antes suas demonstrações consolidadas com a controlada. Apenas no patrimônio líquido haverá uma mudança, porque onde antes existia a participação dos não controladores passa agora a existir um aumento do valor do capital social da incorporadora (às vezes o aumento não se dá totalmente no capital social, podendo parte ser incrementado em algumas reservas). No processo de incorporação, isso pode existir com empresa de um mesmo grupo ou com qualquer outro tipo de empresa. No tocante à incorporação, esta pode ser obtida sem ou com a participação entre as sociedades. No primeiro caso, em que ocorre a incorporação sem a participação entre as sociedades, entende-se que não existe o controle nem influência significativa. Dessa maneira, Perez Júnior e Oliveira (2012) e Almeida (2013) colocam que, quando na incorporação as sociedades estão sob controle comum, devem ser avaliados a troca de ações entre a incorporadora e incorporada e o seu acervo líquido a valor contábil. Caso estas não estejam sob controle comum, os autores ressaltam que pode ocorrer a transferência de controle. Nesse caso, a avaliação entre incorporadora e incorporada deve ser ajustado do acervo líquido ao valor justo na operação, assim como descrito no CPC 15 R1 (CPC, 2011). Para compreendermos melhor, pode ocorrer a incorporação de empresas que não possuam influência significativa nem o controle de uma sobre a outra, porém 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/41 determinada empresa possui o controle comum sobre ambas, ou pode ocorrer de estas não possuírem influência significativa e/ou o controle, e nem tampouco estarem sob controle comum de uma outra empresa. Assim, entendemos que as sociedades em si que buscam a incorporação não possuem participação entre elas. De tal modo, o processo contábil da incorporação passaria pelo encerramento das contas de receitas, custos e despesas da incorporada e das contas de ativo, passivo e patrimônio líquido. Seriam reconhecidos os ativos, passivos e capital social (valor do acervo líquido), em contrapartida, na conta incorporação, e o acervo líquido seria integralizado no capital social da empresa incorporadora (Perez Júnior; Oliveira, 2012). Vamos considerar o exemplo de Almeida (2013) para entendermos sobre a contabilização na ocorrência de incorporação, em que os acionistas da Holding S.A. e da Alienada S.A. decidiram que a primeira incorporaria a segunda, em 30-09-X1, com base no acervo líquido avaliado pelo valor justo, já que a operação é entre partes não relacionadas e vinculadas à efetiva transferência de controle. Tabela 2 – Acervo Líquido da Alienada Acervo Líquido da Alienada Conta A valor contábil A valor justo Ativos 370 465 Passivos -70 -70 300 395 Esse exemplo está relacionado à transferência de controle, porém sem a participação entre sociedades. Nessa linha, o acervo da alienada deve ser avaliado a valor justo. A seguir, vamos verificar como ficaria a consolidação. Tabela 3 – Situação patrimonial das empresas Holding e Alienada Conta Antes Lançamentos Após Holding Alienada Débito Crédito Alfa Ativos 1.000 370 b - 95 1.465 Passivos 300 70 370 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/41 Capital Social 500 180 a - 120 800 Ajuste de avaliação patrimonial b - 95 95 Lucros Acumulados 150 90 a - 90 150 Lucro de 01/01/X1 a 30/09/X1 50 30 a - 30 50 Total Passivos + PL 1.000 370 215 215 1.465 Lançamentos com a letra A: lançamentos que representam a transferência do patrimônio da empresa Alienada para a Holding. Lançamentos com a letra B: lançamento de ajuste a avaliação patrimonial, uma vez que a diferença entre o valor contábil pelo valor justo foi de R$ 95. Desse modo, a Holding deve efetuar um ajuste de avaliaçãopatrimonial. Vale ressaltar aqui que, caso a incorporação se desse sob controle comum, a alienada seria avaliada pelo seu valor contábil e deixariam de existir então as contas referentes ao aumento do ativo, relacionado ao valor justo. Sabendo-se disso, vamos então verificar como devem ser realizados os lançamentos de incorporação na Alienada: Tabela 4 – Lançamentos Alienada 3/09/x1 Lançamentos Alienada 3/09/x1 Débito Crédito Incorporação 370 a ativos 370 Pelo registro de transferência dos ativos Passivos 70 a incorporação 70 Pelo registro de transferência dos passivos Capital Social 180 Lucro acumulado 90 Resultado do período 30 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/41 a incorporação 300 Pelo registro do valor destinado ao aumento do capital social da Holding Observamos aqui que os lançamentos realizados na Alienada não são complicados, haja vista que foram realizados conforme seu balanço patrimonial. Mas devem ser realizados os lançamentos referentes à incorporação na Holding. Observemos na Tabela 5 como prosseguir: Tabela 5 – Lançamentos na Holding 30/09/x1 Lançamentos na Holding 30/09/x1 Ativos 370 a incorporação 370 Pelo registro de transferência dos ativos Incorporação 70 a passivos 70 Pelo registro de transferência dos passivos Incorporação 300 a Capital Social 300 Pelo registro do valor destinado ao aumento do capital social decorrente da incorporação da alienada Ativos 95 Ajuste de avaliação patrimonial 95 Pelo registro da mais-valia dos ativos da Alienada Os lançamentos realizados na Holding, quanto à sua incorporação, não são complicados, sendo necessário realizar o reconhecimento na conta Ativos referente ao valor justo, e a abertura da conta Ajuste de avaliação patrimonial. Além da incorporação sem a participação entre as sociedades, pode ocorrer de a incorporação ser realizada com participação entre sociedades, ou seja, que possuem já o controle ou influência significativa. Esse tipo de participação, como já bem sabemos, é avaliada pelo método de equivalência patrimonial. Todavia, existem as participações que não existem a influência significativa e nem o controle, ou seja, uma empresa possui 10% de participação em outra empresa. É uma forma 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/41 também de participação, no entanto sem influência significativa nem controle. Desse modo, deve ser avaliado pelo valor justo. Assim, devem ser realizados ajustes correspondentes aos percentuais de participação dos acionistas, além de que, caso haja acionistas dissidentes, deve ser realizado o respectivo registro em conta do passivo de sua participação (Almeida, 2013). Vamos aqui considerar novamente o exemplo de Almeida (2013), em que agora ocorre a incorporação com a participação entre sociedades. Os acionistas da Holding S.A. possuem 10% das ações do capital social da Investida S.A., e a participação é avaliada pelo valor justo. Os acionistas de ambas as sociedades decidiram em 30/09/X1 que a primeira incorporaria a segunda, com base no acervo líquido da Investida S.A. avaliado pelo valor justo. A Investida S.A. é considerada a sociedade adquirida e o seu acervo líquido deverá ser avaliado a valor justo. Tabela 6 – Acervo Líquido da Investida Acervo Líquido da Investida Conta A valor contábil A valor justo Ativos 370 465 Passivos -100 -100 270 365 Aqui, podemos ver que deve ser reconhecido o valor justo da alienada, e além disso, ao efetuar a incorporação, deve ser avaliado o acervo líquido contábil da Investida ao seu valor justo. Continuando, temos as seguintes situações ainda. Tabela 7 – Dados da Investida Participação a valor justo da Holding em Investida 33 Valor justo dos instrumentos financeiros de capital emitidos por Holding para os acionistas da Investida 357 Custo de aquisição do controle (33+357) 390 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/41 Valor justo do acervo líquido da investida 365 Ágio (390-365) 25 O CPC 15 R1 (CPC, 2011) destaca, em seu item 32, que: O adquirente deve reconhecer o ágio por expectativa de rentabilidade futura (goodwill), na data da aquisição, mensurado pelo montante que (a) exceder (b) abaixo: (a) a soma: i. da contraprestação transferida em troca do controle da adquirida, mensurada de acordo com este Pronunciamento, para a qual geralmente se exige o valor justo na data da aquisição (ver item 37); ii. do montante de quaisquer participações de não controladores na adquirida, mensuradas de acordo com este Pronunciamento; iii. no caso de combinação de negócios realizada em estágios (ver itens 41 e 42), o valor justo, na data da aquisição, da participação do adquirente na adquirida imediatamente antes da combinação; (b) o valor líquido, na data da aquisição, dos ativos identificáveis adquiridos e dos passivos assumidos, mensurados de acordo com este Pronunciamento. Após isso, observamos a seguinte situação patrimonial das empresas e os lançamentos de consolidação. Tabela 8 – Situação patrimonial das empresas Holding e Investida Conta Antes Lançamentos Após Holding Investida Débito Crédito Alfa Participação na Investida 33 a - 33 Outros Ativos 967 370 b - 95 1.432 Ágio c - 25 25 1.000 370 1.457 Passivos 300 100 400 Capital Social 500 190 a - 47 c - 25 762 Lucros Acumulados 200 80 a - 80 200 Ajuste de avaliação patrimonial b - 95 95 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/41 1.000 370 200 200 1.457 Lançamentos com a letra A: lançamentos de eliminação das participações e dos lucros acumulados da Investida. Lançamentos com a letra B: lançamento de mais valia dos ativos da Investida, diferença entre valor justo e valor contábil dos ativos adquiridos. Lançamentos com a letra C: lançamento de reconhecimento de ágio, diferença entre valor justo e o valor pago. Após isso, é necessário realizarmos os lançamentos na Investida: Tabela 9 – Lançamentos Investida 31/09/x1 Lançamentos Investida 31/09/x1 Débito Crédito Incorporação 370 a ativos 370 Pelo registro de transferência dos ativos Passivos 100 a incorporação 100 Pelo registro de transferência dos passivos Capital Social 190 Lucro acumulado 80 a incorporação 270 Pelo registro do valor destinado ao aumento do capital social da Holding Novamente, os lançamentos efetuados na Investida são os mesmos descritos conforme sua situação patrimonial. No entanto, a diferença está nos lançamentos que devem ser realizados na Holding, que devem ser expressos da seguinte forma: Tabela 10 – Lançamentos na Holding 31/09/x1 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/41 Lançamentos na Holding 31/09/x1 Ativos 370 a incorporação 370 Pelo registro de transferência dos ativos Incorporação 100 a passivos 100 Pelo registro de transferência dos passivos Incorporação 270 a participação em Investida 33 a Capital Social 237 Pelo registro da eliminação da participação acionária de 10% no capital social da investida e respectivo aumento de capital social da incorporadora Ativos 95 a Ajuste de avaliação patrimonial 95 Pelo registro da mais-valia dos ativos incorporados Ágio 25 a Capital Social 25 Pelo registro do ágio apurado na transação Os lançamentos efetuados na Holding devem ter a nossa atenção, principalmente no reconhecimento do capital social, e após isso, o reconhecimento de mais valia de ativos e do goodwill. Gelbeck et al. (2018) destacam que, quando ocorre a incorporação com a participação entre sociedades, ou seja, controladora e controlada, as demonstrações a serem realizadas na incorporadora serão iguais às demonstrações consolidadas, mas, ao realizar os lançamentos, deixa de existir a conta dos acionistas não controladores, e passa a integrar, nesse lugar, o aumento do capital social da incorporadora. 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/18/41 Além disso, vale destacar que, caso a incorporação ocorra com a participação entre sociedades, cuja controladora possui participação total sobre outra empresa, a consolidação e os lançamentos relacionados à incorporação a serem realizados na subsidiária e na holding são os mesmos, os quais são realizados na incorporação sem a participação entre sociedades, sob controle comum, no entanto essa participação é avaliada pelo método de equivalência patrimonial. TEMA 4 – CISÃO Nesse tipo de reestruturação societária, a empresa que realizar esse ato realiza a transferência de capital para uma empresa já existente, ou criada somente para esses fins. O art. 229 da Lei n. 6.404/76 conceitua a cisão e ressalta os requisitos descritos nos incisos de 1 ao 5: A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. § 1º Sem prejuízo do disposto no art. 233, a sociedade que absorver parcela do patrimônio da companhia cindida sucede a esta nos direitos e obrigações relacionados no ato da cisão; no caso de cisão com extinção, as sociedades que absorverem parcelas do patrimônio da companhia cindida sucederão a esta, na proporção dos patrimônios líquidos transferidos, nos direitos e obrigações não relacionados. § 2º Na cisão com versão de parcela do patrimônio em sociedade nova, a operação será deliberada pela assembléia-geral da companhia à vista de justificação que incluirá as informações de que tratam os números do art. 224; a assembléia, se a aprovar, nomeará os peritos que avaliarão a parcela do patrimônio a ser transferida, e funcionará como assembléia de constituição da nova companhia. § 3º A cisão com versão de parcela de patrimônio em sociedade já existente obedecerá às disposições sobre incorporação (art. 227). § 4º Efetivada a cisão com extinção da companhia cindida, caberá aos administradores das sociedades que tiverem absorvido parcelas do seu patrimônio promover o arquivamento e publicação dos atos da operação; na cisão com versão parcial do patrimônio, esse dever caberá aos administradores da companhia cindida e da que absorver parcela do seu patrimônio. § 5º As ações integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia cindida serão atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na proporção das que possuíam; a atribuição em proporção diferente requer aprovação de todos os titulares, inclusive das ações sem direito a voto. (Parágrafo com redação dada pela Lei n. 9.457, de 5/5/1997). (Brasil, 1976) 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/41 Visto o conceito e requisitos na realização da cisão, temos então que a operação em que se realiza a transferência das parcelas de seu ativo e do seu passivo para outra empresa denomina-se cisão. Observemos a Figura 2 para entendermos melhor a respeito. Figura 2 – Operação de Cisão A figura demonstra, de maneira simples, o que exatamente ocorreu, visto que a empresa Alfa realizou a transferência de seu patrimônio para as empresas Beta e Ômega e, com a devida transferência de capital a outras empresas, houve a reestruturação societária conhecida como cisão. Mas é importante termos em mente que esse processo pode ocorrer de forma total ou de forma parcial. Vamos imaginar que a empresa Alfa transfira 100% de seu capital apenas para a empresa Beta. Nesse caso, a empresa Alfa deixa de existir, já que a empresa Alfa transferiu a totalidade de seu capital. Todavia, pode ocorrer de a empresa Alfa efetuar a transferência de capital de 50% para a empresa Beta e 50% para a empresa Ômega, em decorrência de um desentendimento entre os sócios da empresa Alfa. Nesse ponto, ocorre também a cisão total, porém as sociedades que receberam o capital da empresa Alfa não foram extintas. Agora, ao levarmos em consideração a cisão realizada de forma parcial, esta pode-se dar por meio da transferência de 60% do capital da empresa Alfa, para a empresa Beta, permanecendo a empresa Alfa com os 40% restantes de seu capital. Desse modo, podemos compreender as diferentes formas de cisão. É importante compreendermos que, nas reestruturações identificadas como cisões, deve ser realizada a transferência do acervo líquido a valor contábil para a empresa cindida. Além disso, cabe compreendermos os aspectos relacionados à contabilização nesse tipo de operação, que, conforme disposto por Perez Júnior e Oliveira (2012, p. 302), devem ser realizado da seguinte forma: 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/41 Creditar as contas de ativos pelo valor das parcelas que serão transferidas para nova sociedade, debitando, em contrapartida a conta cisão [...]. Debitar as contas passivas pelo valor das parcelas que serão transferidas para nova sociedade, creditando. em contrapartida a conta cisão [...]. Debitar a conta capital social pelo correspondente ao patrimônio líquido transferido, creditando, em contrapartida a conta cisão. Debitar a conta dos sócios retirantes pelo total que lhes toca na operação, creditando, em contrapartida a conta cisão. Nesse contexto, a fim de compreendermos o que foi exposto sobre cisão, vamos, por meio do exemplo disposto em Almeida (2013), aprofundarmos na contabilização. Com isso, temos que os acionistas da Holding S. A. decidiram proceder à cisão parcial com transferência de parte de seu patrimônio para a Empresa A que pertence aos mesmos acionistas da Holding S. A. Tabela 11 – Balanço Patrimonial da Holding antes da cisão ATIVO PASSIVO Disponível 340 Fornecedores 180 Estoques 310 Contas a pagar 50 Terrenos 350 Empréstimos 290 Móveis e Utensílios 400 Depreciação acumulada -80 Patrimônio Líquido Capital Social 600 Lucros Acumulados 200 Total 1.320 1.320 Temos aqui o balanço patrimonial da Holding antes da cisão, no entanto existe a empresa A, que já é uma sociedade existente. Acompanhemos na Tabela 12 o Balanço Patrimonial empresa A antes da cisão. Tabela 12 – Balanço Patrimonial da empresa A antes da cisão ATIVO PASSIVO 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 21/41 Disponível 157 Fornecedores 65 Estoques 515 Contas a pagar 105 Veículos 360 Depreciação acumulada -72 Patrimônio Líquido Capital Social 500 Lucros Acumulados 290 Total 960 960 Conforme colocado, observamos os balanços patrimoniais de ambas as empresas antes da cisão. Agora, vejamos a seguir quanto aos valores a serem transferidos de bens e obrigações da Holding para a empresa A. Tabela 13 – Ativos e Passivos da Holding a serem transferidos para a empresa A Ativos e Passivos da Holding a serem transferidos para a empresa A Disponível 55 Estoques 145 Móveis e utensílios 400 Depreciação acumulada de móveis e utensílios -80 Empréstimos -270 Valor do Acervo Líquido 250 Já temos, então, a situação patrimonial de ambas as empresas antes da cisão, e a informação de quais são os valores transferidos da Holding para a empresa A. Logo, devemos então realizar os lançamentos de cisão na Holding. Tabela 14 – Lançamentos de cisão na Holding Débito Crédito Cisão empresa A 520 Depreciação acumulada 80 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 22/41 Disponível 55 Estoques 145 Móveis e utensílios 400 Pela Transferência dos ativos da Holding S.A. para a empresa A Empréstimos 270 Cisão empresa A 270 Pela Transferência dos passivos da Holding S.A. para a empresa A Capital Social (600*31,25%) 250/800 = 31,25% 187,5 Lucros acumulados (200*31,25%) 62,5 Cisão empresa A 250 Pela cisão do capital social e de lucros acumulados, proporcional ao acervo líquido contábil transferido para a empresa A Identificamos, por meio dos lançamentos acima, que a Holding deve realizar a contabilização condizente com as parcelas transferidaspara a empresa A. É preciso ter atenção quanto ao cáculo do capital social, haja vista que devemos considerar o valor do acervo líquido condizente com a diferença entre os ativos e passivos tranferidos para a empresa A e dividi-los pelo total do patrimônio líquido da Holding. Esse cálculo é realizado com o intuito de encontrar o percentual que foi transferido para a empresa A. Dando continuidade, finalizados os lançamentos de cisão relacionados à absorção do patrimônio da empresa Holding pela empresa A, devemos realizar o balanço patrimonial da Holding após a cisão. É importante compreendermos que foi realizada a transferência de recursos da empresa Holding para a empresa A. Sendo assim, os valores antes dispostos no balanço patrimonial da Holding antes da cisão devem ser organizados novamente. Ou seja, a Holding tinha um valor de seu disponível de R$ 340 (conta devedora) antes da cisão, mas a Holding transferiu R$55 (efetuar crédito) de seu disponível para a empresa A, restando no disponível da Holding R$ 285. Portanto, basta sabermos a origem e a aplicação dos recursos, haja vista que os valores devem ser creditados, e a aplicação desses recursos devem ser debitados. Tabela 15 – Balanço patrimonial da Holding 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 23/41 ATIVO PASSIVO Disponível 285 Fornecedores 180 Estoques 165 Contas a pagar 50 Terrenos 350 Empréstimos 20 Patrimônio Líquido Capital Social 412,5 Lucros Acumulados 137,5 Total 800 800 Com base no balanço patrimonial da Holding acima, notamos que ocorreram mudanças no balanço patrimonial da empresa após a cisão, as quais estão relacionadas aos lançamentos realizados de cisão da Holding, ou seja, houve a transferência de bens e obrigações para a empresa A. Essa transferência ocasionou uma diminuição nos bens e obrigações, que podem ser observadas no balanço patrimonial da Holding após a cisão. Ademais, devemos também realizar os lançamentos de recebimento do valor do patrimônio decorrente da cisão realizada pela Holding na empresa A: Tabela 16 – Lançamentos de recebimento do valor do patrimônio decorrente da cisão realizada pela Holding na empresa A Débito Crédito Disponível 55 Estoques 145 Móveis e utensílios 400 Depreciação acumulada 80 Cisão 520 Pela Transferência de ativos da Holding S.A. 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 24/41 Cisão 270 Empréstimos 270 Pela Transferência dos passivos da Holding S.A. Cisão 250 Capital Social (600*31,25%) 250/800 = 31,25% 187,5 Lucros acumulados (200*31,25%) 62,5 Pela transferência de parcela do capital social e de lucros acumulados da Holding Por meio dos lançamentos realizados na empresa A, conseguimos compreender que a transferência de bens e obrigações originou uma saída de bens e obrigações da Holding, que devem ser reconhecidos como a entrada de bens e obrigações na empresa A. Após os lançamentos, foi realizado o balanço patrimonial da empresa A após a cisão da Holding. Aqui devemos compreender que a empresa A antes da absorção do patrimônio da Holding tinha em seu disponível um valor de R$ 157 (conta devedora), e a Holding transferiu R$ 55 de seu disponível para a empresa A. Temos aqui novamente a questão de origem (crédito) e aplicação (débito) de recursos, uma vez que a saída de recursos do disponível da Holding proporcionou em um crédito, e a aplicação desses recursos na empresa A proporcionou em um débito de R$ 212 (R$ 157 + R$ 55). Até aqui foi levada em consideração somente a conta de disponibilidades, mas sabemos que o mesmo deve ser considerado para as outras contas. Tabela 17 – Balanço patrimonial da empresa A ATIVO PASSIVO Disponível 212 Fornecedores 65 Estoques 660 Contas a pagar 105 Veículos 360 Empréstimos 270 Depreciação acumulada -72 Móveis e utensílios 400 Depreciação acumulada -80 Patrimônio Líquido 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 25/41 Capital Social 687,5 Lucros Acumulados 352,5 Total 1.480 1.480 Observado o balanço patrimonial da empresa A, compreendemos que houve o aumento no valor de algumas contas e o acréscimo de outras. Isso está relacionado à transferência de bens e obrigações da Holding para a empresa A. Mas a cisão pode ocorrer de outras maneiras, por exemplo, a empresa Alfa pode transferir bens e obrigações não somente para uma empresa, mas também para duas empresas, como Ômega e Sigma. O processo de contabilização é o mesmo, porém o que muda é a parcela de valores que será transferida a cada empresa, uma vez que pode ser igual ou diferente. TEMA 5 – FUSÃO Diferente das reestruturações vistas anteriormente por meio da incorporação e cisão, a fusão ocorre quando duas sociedades se unem e/ou se juntam, formando então uma nova empresa, uma nova sociedade. O art. 228 da Lei n. 6.404/76 traz o conceito de fusão e alguns requisitos que devem ser observados. A fusão é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e obrigações. § 1º A assembleia-geral de cada companhia, se aprovar o protocolo de fusão, deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das demais sociedades. § 2º Apresentados os laudos, os administradores convocarão os sócios ou acionistas das sociedades para uma assembleia-geral, que deles tomará conhecimento e resolverá sobre a constituição definitiva da nova sociedade, vedado aos sócios ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de que fazem parte. § 3º Constituída a nova companhia, incumbirá aos primeiros administradores promover o arquivamento e a publicação dos atos da fusão. (Brasil, 1976) As sociedades que se unem para originar uma nova sociedade são extintas. Acompanhemos o exemplo ilustrativo logo a seguir. Figura 3 – Operação de fusão 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 26/41 Por meio da figura, as empresas Alfa e Ômega se juntaram, e nesse processo de junção foram extintas, todavia originou-se uma nova empresa, levando o nome de Beta. É interessante observarmos que a fusão pode ocorrer sem ou com a participação entre as sociedades. Em todo caso, o processo aqui é similar ao demonstrado na incorporação. A fusão sem a participação entre sociedades pode ocorrer por meio do controle comum, em que o acervo líquido é avaliado ao seu valor contábil na transferência, ou, caso a fusão se dê na transferência de controle, o acervo líquido deve ser avaliado pelo seu valor justo na transferência de controle. Por outro lado, quando houver a fusão com participações entre as sociedades, seus patrimônios devem ser avaliados pelo método de equivalência patrimonial, exceto quando existirem participações que não se caracterizam com influência significativa e/ou o controle, que deverão ser avaliadas em relação ao acervo líquido a valor justo. Cabe salientar que os aspectos contábeis utilizados na fusão são similares, os quais foram elucidados na incorporação. Para entendermos melhor como se dá o processo de fusão, vamos novamente pegar como auxílio o exemplo disposto por Almeida (2013), em que os acionistas das empresas Alfa S.A. e Beta S.A. decidiram unir as duas empresas, criando uma nova sociedade denominada Sigma S.A. Alfa S.A. detém 100% das ações do capital social de Beta S.A. O exemplo aqui colocado considera que há uma participação entre sociedades, portanto deve ser avaliado pelo método de equivalência patrimonial. Prosseguindo com o nosso exemplo, é possível verificar a composição patrimonial das três empresas. Tabela 18 – Composição patrimonial das empresas Alfa, Beta e Sigma Composição Patrimonial Alfa Beta Sigma 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 27/41 Ativos Investimentos Beta 540 Outros Ativos 1.460 740 2.200 Passivos 600 200 800 Patrimônio Líquido 1.400 540 1.940 Aqui temos, então, as empresas Alfa e Beta,as quais realizaram a fusão e, com isso, originaram a empresa Sigma. Vale destacar novamente que a empresa Alfa já possui participação na empresa Beta. Acompanhemos como devemos efetuar os lançamentos de fusão na empresa Alfa, condizentes com os valores transferidos para a empresa Sigma. Novamente, devemos ter o entendimento de contas de origem (credoras) e contas de aplicação (devedoras). Tabela 19 – Lançamentos de fusão na empresa Alfa Débito Crédito Fusão 2000 Investimento Beta 540 Outros ativos 1.460 Pela Transferência dos ativos para a Sigma Passivos 600 Fusão 600 Pela Transferência dos passivos para a Sigma Patrimônio Líquido 1.940 Fusão 1.940 Pela transferência do acervo líquido para a Sigma Por meio do exposto nos lançamentos acima, a composição patrimonial antes pertencente à empresa Alfa passa a pertencer à empresa Sigma. Portanto, devemos também realizar os lançamentos de fusão da empresa Beta. Tabela 20 – Lançamentos de fusão da empresa Beta 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 28/41 Débito Crédito Fusão 740 Ativos 740 Pela Transferência dos ativos para a Sigma Passivos 200 Fusão 200 Pela Transferência dos passivos para a Sigma Patrimônio Líquido 540 Fusão 540 Pela transferência do acervo líquido para a Sigma Assim como foram realizados os lançamentos na empresa Alfa, procede-se da mesma forma em relação à empresa Beta, a qual transferiu sua composição patrimonial para a empresa Sigma. Para concluirmos os lançamentos, devemos efetuá-los na empresa Sigma, porém de maneira contrária, pois está ocorrendo a entrada dos valores referentes à composição patrimonial das empresas Alfa e Beta. Tabela 21 – Lançamentos de fusão da empresa Sigma Débito Crédito Investimento Beta 540 Outros ativos 1.460 Fusão Alfa 2.000 Pela Transferência dos ativos de Alfa Fusão Alfa 600 Passivos 600 Pela Transferência dos passivos de Alfa Fusão Alfa 1.940 Patrimônio Líquido 1.940 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 29/41 Pela transferência do acervo líquido de Alfa Débito Crédito Ativos 740 Fusão Beta 740 Pela Transferência dos ativos de Beta Fusão Beta 200 Passivos 200 Pela Transferência dos passivos de Beta Fusão Beta 540 Patrimônio Líquido 540 Pela transferência do acervo líquido de Beta e eliminação do investimento Finalizados os lançamentos, sabe-se que agora as empresas Alfa e Beta extinguiram, porém, formaram uma nova sociedade nomenclada como Sigma. Vale pontuar que os mesmos processos que ocorrem na incorporação (por exemplo, a incorporação sem a participação entre sociedades e com a participação entre sociedades) também acontecem na fusão e devem ser avaliados de diferentes formas, como já vimos no decorrer da aula. TROCANDO IDEIAS Durante a aula, pudemos compreender as diferentes formas de reorganizações societárias realizadas entre as empresas e as diferentes contabilizações. Além disso, existem as questões voltadas aos benefícios dessas operações. Sendo assim, procure buscar exemplos dessas diferentes formas de reorganização societária discutidas no decorrer de nossa aula. Desse modo, você vai notar que é algo muito comum. Além disso, ressaltamos alguns benefícios dessas reorganizações durante esta aula. Assim, procure estudar alguns casos e busque entender os motivos que fizeram com que as empresas realizassem a devida reorganização societária. 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 30/41 NA PRÁTICA Questão 1 Quanto à reestruturação das sociedades por meio de incorporação, cisão e fusão, conforme a Lei n. 6.404/76 (Brasil, 1976), é correto dizer que: a) a fusão é realizada somente entre empresas que possuem já uma participação caracterizada com influência significativa e/ou o controle. b) a incorporação ocorre quando uma empresa transfere, de forma parcial ou total, o seu capital para outra empresa existente, ou que foi criada somente para esse objetivo. c) a fusão e a cisão ocorrem em processos de reestruturação iguais, uma vez que ambas as empresas buscam sua união para a formação de uma nova sociedade. d) a incorporação é entendida como aquela em que uma empresa realiza a absorção de uma ou mais empresas, sucedendo-a(as) em todos os direitos e obrigações. e) a cisão ocorre quando duas empresas ou mais se juntam, tendo como propósito a criação de uma nova sociedade. Questão 2 Os acionistas da Alfa e da Beta decidiram que a Alfa incorporaria a Beta, em 28/02/X1, com base no acervo líquido avaliado pelo valor contábil, já que ambas as sociedades estão sob o mesmo controle. Assim, temos as seguintes situações entre as empresas. Tabela 22 – Situação contábil das empresas Alfa e Beta Conta Antes Alfa Beta Ativos 2.000 740 Passivos 600 140 Capital Social 1.000 360 Lucros Acumulados 300 180 [1] 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 31/41 Lucro de 01/01/X1 a 28/02/X1 100 60 Total Passivos 2.000 740 Com base na situação exposta acima, realize os lançamentos referentes à consolidação. Tabela 23 – Lançamentos referentes à consolidação da incorporação da empresa Beta pela empresa Alfa – Exercício Conta Antes Lançamentos Após Alfa Beta Débito Crédito Alfa Ativos 2.000 740 Passivos 600 140 Capital Social 1.000 360 Lucros Acumulados 300 180 Lucro de 01/01/X1 a 28/02/X1 100 60 Total Passivos 2.000 740 Logo após, realize os lançamentos na empresa Alfa e Beta em relação à incorporação em 28/02/X1. Questão 3 (Mestrado em Contabilidade/2018-2 – UFBA) Os acionistas da Holding S. A. decidiram em 31/12/20X1 proceder à cisão parcial de seu patrimônio para criação de duas novas sociedades, denominadas Empresa A e Empresa B. O Balanço Patrimonial da Holding S. A. antes da cisão parcial era o seguinte: Tabela 24 – Balanço Patrimonial da Holding S. A. antes da cisão parcial ATIVO PASSIVO Disponível 500 Fornecedores 360 Terreno 700 Contas a pagar 100 Móveis e Utensílios 800 Empréstimos 580 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 32/41 Depreciação acumulada -160 Instalações 1.000 Patrimônio Líquido Dep. Acumulada -200 Capital Social 1.200 Lucros Acumulados 400 Total 2.640 2.640 Os acionistas também deliberaram pela seguinte transferência de bens e obrigações da Holding S. A. para a criação da empresa A e da empresa B: Tabela 25 – Transferência de bens e obrigações da Holding S. A. para a criação da empresa A e da empresa B Ativos e Passivos Empresa A Empresa B Disponível 80 110 Terreno 700 Móveis e Utensílios 800 Depreciação acumulada de móveis e utensílios -160 Fornecedores -70 -130 Empréstimos -230 Valor do Acervo Líquido 480 620 a) Realize os lançamentos referentes a cisão na Holding S.A. em relação às empresas A e B. Logo após, realize o balanço patrimonial da Holding após lançamentos de cisão; b) Realize os lançamentos de criação da empresa A e, após isso, o seu balanço patrimonial; c) Realize os lançamentos de criação da empresa B e, após isso, o seu balanço patrimonial. Questão 4 (Com base em Sefaz/RJ, concurso Analista de Controle Interno – 2011/Prova 2) As empresas Santos e Ribeiro apresentavam os seguintes Balanços Patrimoniais em 01/01/X3: 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 33/41 Tabela 26 – Balanço Patrimonial das empresas Santos e Ribeiro em 01/01/X3 Empresa Santos Caixa R$ 3.000,00 Financiamentos R$ 1.500,00 Terrenos R$ 2.000,00 Capital Social R$ 3.500,00 Ativo Total R$ 5.000,00 Passivo Total R$ 5.000,00 Empresa Ribeiro Caixa R$ 2.500,00 Financiamentos R$ 1.000,00 Terrenos R$ 1.500,00 Capital Social R$ 3.000,00 Ativo Total R$ 4.000,00 Passivo Total R$ 4.000,00 Diante da situação patrimonial de ambas, as empresas Santos e Ribeiro decidiram efetuar a fusão nesta ocasião, constituindo uma nova sociedade com o nome de Souza. Qual foi o valor do Patrimônio Líquido da empresa Souzaem janeiro de X1? a) R$ 9.000,00. b) R$ 10.000,00 c) R$ 8.000,00 d) R$ 6.500,00 e) R$ 5.000,00 FINALIZANDO Esperamos que você tenha compreendido as reestruturações societárias. Vamos relembrar o que foi abordado no decorrer desta aula. Primeiramente, buscamos compreender os aspectos conceituais sobre reestruturações societárias. Logo em seguida, vimos como deve ser realizado esse processo. Quanto a alguns requisitos básicos, vimos a questão de tag along. Passadas as questões conceituais, buscamos identificar os tipos de reestruturações societárias, que podem ser originadas da incorporação, cisão e fusão. 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 34/41 Em primeiro momento, estudamos que as reestruturações societárias se referem a um processo que modifica a estrutura das empresas quanto à composição patrimonial. Esse processo de restruturação geralmente ocorre por conta de as empresas buscarem a ampliação e diversificação de suas atividades. Logo após, verificamos que, no processo de reestruturação das empresas, estas devem seguir um protocolo, no qual são dispostas as questões de troca de ações. Além disso, devem estar explícitos os critérios de avaliação, data base e restruturação, entre outros pontos. Verificamos também o que seria tag along, que é uma proteção fornecida ao sócio não controlador da empresa nos momentos de venda de suas participações. No decorrer de nossa aula, prosseguindo com a reestruturação societária, pudemos compreender que esta pode-se dar por meio da incorporação, cisão e fusão. A incorporação é um processo pelo qual uma entidade absorve a outra, adquirindo os direitos e obrigações da outra empresa. A cisão ocorre na transferência de capital para uma ou mais empresas. Esse tipo de transferência pode-se dar para uma empresa já existente ou uma empresa criada somente para tal propósito. Por fim, adentramos na reestruturação realizada por meio da fusão, que, diferente das outras duas comentadas, permite que duas ou mais empresas se juntam com o intuito de formar uma nova sociedade. Assim, durante esta aula, aprofundamos as questões de contabilização em ambos os processos de reestruturações societárias. REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. Contabilidade avançada: textos, exemplos e exercícios resolvidos. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2013. BRASIL. Lei n. 6.404, de 15 de dezembro 1976. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 17 dez. 1976. COELHO, F. U. Curso de direito comercial: direito de empresa, sociedades. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 2. 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 35/41 CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. CPC 15 (R1) – Combinações de Negócios, 3 jun. 2011. CPC, 4 ago. 2011. Disponível em: <http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/235_CPC_15_R1_rev%2014.pdf>. Acesso em: 28 mar. 2021. GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades, de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. PASSOS, G. R. P; VILA, E. N. Ágio em operações de incorporação reversa indireta: um estudo de caso sob o ponto de vista contábil e fiscal. In: CONGRESSO USP DE CONTROLADORIA E CONTABILIDADE, 10., São Paulo, 2010. PEREZ JÚNIOR, J. H.; OLIVEIRA, L. M. D. Contabilidade avançada: texto e testes com respostas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2012. POETA, K. Z.; SOUZA, M. M.; MURCIA, F D. R. Fusão Itaú-Unibanco: uma análise da situação econômico-financeira antes e após a reorganização societária. Revista de Contabilidade da UFBA, v. 4, n. 2, p. 47-59, 2010. VIEIRA, G. S.; MOREIRA, S. C. F. Reorganização societária. Libertas – Revista de Ciênciais Sociais Aplicadas, v. 7, n. 2, p. 265-276, 2017. GABARITO Questão 1: alternativa D. Questão 2: resolução: Consolidação: Conta Antes Lançamentos Após Alfa Beta Débito Crédito Alfa Ativos 2.000 740 2.740 Passivos 600 140 740 Capital Social 1.000 360 a - 240 1.600 Lucros Acumulados 300 180 a - 180 300 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 36/41 Lucro de 01/01/X1 a 28/02/X1 100 60 a - 60 100 Total Passivos 2.000 740 240 240 2.740 Devem ser elaborados os seguintes lançamentos referentes à incorporação em ambas as empresas: Lançamentos Beta 28/02/x1 Débito Crédito Incorporação 740 a ativos 740 Pelo registro de transferência dos ativos Passivos 140 a incorporação 140 Pelo registro de transferência dos passivos Capital Social 360 Lucro acumulado 180 Resultado do período 60 a incorporação 600 Pelo registro do valor destinado ao aumento do capital social da Alfa Lançamentos Alfa 28/02/x1 Ativos 740 a incorporação 740 Pelo registro de transferência dos ativos Incorporação 140 a passivos 140 Pelo registro de transferência dos passivos Incorporação 600 a Capital Social 60 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 37/41 Pelo registro do valor destinado ao aumento do capital social decorrente da incorporação da Beta Questão 3: resolução: a) Realize os lançamentos referentes à cisão na Holding S.A., em relação às empresas A e B. Em seguida, realize o balanço patrimonial da Holding após lançamentos de cisão. Lançamentos Débito Crédito Cisão empresa A 780 Disponível 80 Terreno 700 Pela Transferência dos ativos da Holding S.A. para a empresa A Fornecedores 70 Empréstimos 230 Cisão empresa A 300 Pela Transferência dos passivos da Holding S.A. para a empresa A Capital Social (1200*30%) 480/1600 = 30% 360 Lucros acumulados (400*30%) 120 Cisão empresa A 480 Pela cisão do capital social e de lucros acumulados, proporcional ao acervo líquido contábil transferido para a empresa A Débito Crédito Cisão empresa B 750 Depreciação acumulada de móveis e utensílios 160 Disponível 110 Móveis e utensílios 800 Pela Transferência dos ativos da Holding S.A. para a empresa B Fornecedores 130 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 38/41 Cisão empresa B 130 Pela Transferência dos passivos da Holding S.A. para a empresa B Capital Social (1200*38,75%) 620/1600 = 38,75% 465 Lucros acumulados (400*38,75%) 155 Cisão empresa A 620 Pela cisão do capital social e de lucros acumulados, proporcional ao acervo líquido contábil transferido para a empresa B Balanço patrimonial da Holding após cisão ATIVO PASSIVO Disponível 310 Fornecedores 160 Instalações 1.000 Contas a pagar 100 Depreciação acumulada -200 Empréstimos 350 Patrimônio Líquido Capital Social 375 Lucros Acumulados 125 Total 1.110 1.110 b) Realize os lançamentos de criação da empresa A e, após isso, o seu balanço patrimonial. Lançamentos Débito Crédito Disponível 80 Terrenos 700 Cisão 780 Pela Transferência dos ativos da Holding S.A. 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 39/41 Cisão 300 Fornecedores 70 Empréstimos 230 Pela Transferência dos passivos da Holding S.A. Cisão 480 Capital Social 360 Lucros Acumulados 120 Pela transferência de parcela do capital social e de lucros acumulados, proporcional ao acervo líquido contábil transferido Balanço Patrimonial da empresa A após cisão ATIVO PASSIVO Disponível 80 Fornecedores 70 Terrenos 700 Empréstimos 230 Patrimônio Líquido Capital Social 360 Lucros Acumulados 120 Total 780 780 c) Realize os lançamentos de criação da empresa B e, em seguida, o seu balanço patrimonial. Lançamentos Débito Crédito Disponível 110 Móveis e utensílios 800 Depreciação acumulada de móveis e utensílios 160 Cisão 750 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 40/41 Pela Transferência dos ativos da Holding S.A. Cisão 130 Fornecedores 130 Pela Transferência dos passivos da Holding S.A. Cisão 620 Capital Social 465 Lucros Acumulados 155 Pela transferência de parcela do capital social e de lucros acumulados, proporcional ao acervo líquido contábil transferido Balanço Patrimonial da empresa B apóscisão ATIVO PASSIVO Disponível 110 Fornecedores 130 Móveis e utensílios 800 Depreciação acumulada de móveis e utensílios -160 Patrimônio Líquido Capital Social 465 Lucros Acumulados 155 Total 750 750 Questão 4: alternativa D. Como ocorreu uma reestruturação chamada de fusão, esta é a junção de duas ou mais sociedades, formando então uma nova empresa. Essa junção leva em consideração a união do patrimônio líquido de ambas as sociedades que buscam formar uma nova. O gabarito para as questões desta seção pode ser encontrado ao final deste material, após as referências. [1] 21/11/2022 20:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 41/41 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/20 AQUISIÇÕES E REESTRUTURAÇÕES EMPRESARIAIS AULA 6 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/20 Prof. Rodrigo Malta Meurer CONVERSA INICIAL Nesta aula, diferente das outras, vamos verificar as questões voltadas à recuperação judicial das empresas, buscando entender principalmente o que significa tal ponto e por que algumas empresas acabam por necessitar da utilização de devida medida. Logo após, abordaremos questões voltadas à instauração do processo de recuperação judicial. Nesse tópico, vamos frisar muito as questões voltadas aos pressupostos para a instauração da falência. Com devidas discussões em torno aos meios que as empresas podem utilizar para voltar ao curso normal de suas atividades, vamos verificar novamente as questões ligadas às reestruturações societárias, que podem ser utilizadas como meio de saída da crise pela qual a empresa está passando. Verificando as questões ligadas à recuperação judicial, vamos adentrar nos pontos voltados à falência de uma empresa, ou seja, quando esta não possui mais condições de retomar suas atividades. Por fim, vamos finalizar descrevendo a recuperação extrajudicial e a diferença desta com a recuperação judicial, abordada no início desta aula. CONTEXTUALIZANDO Primeiramente, vamos abordar o tema relaciona à recuperação judicial, que se trata de um processo frequentemente visto em empresas brasileiras, com o intuito de evitar a falência. Esse tipo processo é utilizado muitas vezes com a intenção de recuperar as atividades da empresa, como o próprio nome já se refere, haja vista que, por meio dele, busca-se evitar o encerramento das atividades e demissão de funcionários, ou seja, evitar a falência. Nesse sentido, é fundamental o atendimento de alguns requisitos no processo de recuperação judicial, sendo um desses a instauração, que se trata da arrecadação dos bens do empresário em 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/20 busca de pagar o maior número de credores possíveis, pois a empresa vive sobre possibilidades de não cumprir com suas obrigações básicas. Vamos compreender que, para empresas em situações de iminente insolvência, existem possibilidades de ocorrer algum tipo de reorganização societária, como fusão, cisão ou incorporação. Essa reorganização pode ocorrer em empresas que vivem em péssimas condições para a continuação de suas atividades e, desse modo, buscam a devida reorganização societária com o intuito de se sobressair novamente com suas atividades. Ou seja, são medidas societárias para auxiliar as empresas em sua recuperação. No que se refere à falência, esta ocorre quando uma empresa já não possui a capacidade de cumprir com o pagamento de suas obrigações e, consequentemente, não tem mais a capacidade de prosseguir com suas atividades. Por sua vez, a recuperação extrajudicial se apresenta como um acordo, o qual é realizado entre a empresa devedora e seus grupos credores. A recuperação extrajudicial, assim como a recuperação judicial, possui alguns requisitos, os quais vamos discutir no decorrer dessa aula. TEMA 1 – RECUPERAÇÃO JUDICIAL DE EMPRESAS A atividade econômica e financeira de uma empresa pode passar por momentos de crises, as quais podem ser advindas de diferentes origens, podendo ser, conforme Tomazette (2017), decorrentes de crise de rigidez, crise de eficiência, crise econômica, crise financeira e crise patrimonial. Tomazette (2017) destaca que as crises de rigidez e de eficiência são menos preocupantes, uma vez que podem ser solucionadas por meio de uma boa administração. Todavia, as crises econômica, financeira e patrimonial são mais sérias, pois afetam os usuários internos e externos como um todo. Sob essa ótica, existem algumas alternativas para as empresas que estão em crise, sendo a primeira advinda propriamente do mercado e a segunda por meio de soluções estatais. Nessas soluções, segundo Tomazette (2017) argumenta, pode ocorrer um acordo com o devedor (empresa) ou com o credor. Este, nessa situação, poderia ser uma empresa que realizou um empréstimo à empresa devedora, ou até mesmo uma empresa fornecedora de matéria-prima para a empresa 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/20 devedora. Digamos que possuímos uma empresa, porém que ela está com dificuldades de realizar o pagamento de mercadorias adquiridas, que são fundamentais para a fabricação de nossos produtos. Essas mercadorias já estão com pagamentos atrasados e não possuímos capital de giro para efetuar o devido pagamento. Desse modo, optamos por fazê-lo da seguinte forma: damos participação ao capital de nossa empresa ao fornecedor, tornando este um sócio de nossa empresa. Entendemos que ocorreu aqui um acordo. Ao observarmos na bibliografia de Tomazette (2017), ele ressalta que muitas vezes os investidores veem a possibilidade de investir, adquirir o controle, incorporar uma sociedade que vive em momentos de crises, auxiliando no processo de melhoria da situação econômica e financeira da sociedade. Essas alternativas de resolução de crises nas empresas podem ocorrer de maneira natural, pois pode ocorrer de essas alternativas não serem ainda suficientes, pois dependendo do mercado onde a empresa atua, mesmo com tais alternativas, elas ainda podem ser insuficientes. Pode ocorrer também, conforme Tomazette (2017, p. 39), de “o empresário, que passa pela crise, se recusar a permitir o ingresso de novos investidores, o que inviabiliza a solução do mercado”. Caso as soluções de mercado sejam impraticáveis, passam a ser consideradas as soluções estatais, as quais, por sua vez, se referem à existência do apoio estatal, a fim de auxiliar a empresa na superação de determinada crise. Esse tipo de solução só passa a ser considerada quando a primeira solução por meio de mercado não é aplicável (Tomazette, 2017). As empresas que estão passando por crises que não são solucionáveis por meio do mercado têm a possibilidade de solucioná-las por meio de soluções estatais. Para isso, o governo brasileiro fornece duas soluções, que são destacadas por Tomazette (2017), como sendo a recuperação judicial e extrajudicial. Em ambas ocorre a atuação do poder jurídico, o qual irá acompanhar a aplicação dos processos de acordo com lei. Em nosso quinto tema aprofundaremos o tema relacionado à recuperação extrajudicial. A recuperação judicial, conforme Lei n. 11.101/05, em seu art. 47, regulamenta que a: recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica. (Brasil, 2005) 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/20 Diante do citado, podemos observar a importância da solução estatal, por meio da intervenção do Estado, com o intuito de assegurar a continuidade e/ou funcionamento das atividades na empresa (Tomazette, 2017), pois a recuperação judicial é uma medida que tem a finalidade de superar as crises,ou evitá-las. Sob esse olhar, Tomazette (2017), estabelece uma série de elementos essenciais à recuperação judicial, descritos como: Série de atos; Consentimento dos credores; Concessão judicial; Superação da crise; e, Manutenção das empresas viáveis. Quanto à série de atos, Tomazette (2017) salienta que a empresa deve tomar não somente uma alternativa para a superação da crise em que vive, ou seja, ela deve tomar uma série de alternativas, que podem modificar suas relações externas e internas, a fim de alcançar sua recuperação. Ao buscar diferentes possibilidades para alcançar a recuperação da empresa, o empresário necessita do consentimento não somente dos investidores mas também dos fornecedores, bancos e funcionários. Nessa linha, a Lei n. 11.101/05 esclarece, em seu art. 45, juntamente em seus incisos, que: Nas deliberações sobre o plano de recuperação judicial, todas as classes de credores referidas no art. 41 desta Lei deverão aprovar a proposta. § 1º Em cada uma das classes referidas nos incisos II e III do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada por credores que representem mais da metade do valor total dos créditos presentes à assembleia e, cumulativamente, pela maioria simples dos credores presentes. § 2º Nas classes previstas nos incisos I e IV do art. 41 desta Lei, a proposta deverá ser aprovada pela maioria simples dos credores presentes, independentemente do valor de seu crédito. § 3º O credor não terá direito a voto e não será considerado para fins de verificação de quorum de deliberação se o plano de recuperação judicial não alterar o valor ou as condições originais de pagamento de seu crédito. (Brasil, 2005) Por meio do citado, a empresa em recuperação judicial irá buscar uma série de possibilidades que visam sua recuperação, mas, para isso, é necessário o consentimento da maioria de seus credores. Mesmo após o consentimento dos credores, é necessária a concessão judicial para dar 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/20 início à recuperação judicial da empresa e assim dar sequência às atividades de recuperação previstas e autorizadas da empresa, conforme explícito na Lei n. 11.101/05. A respeito da concessão judicial, é fundamental deixar em evidência que não é a parte jurídica que irá recuperar a empresa, pois isso é responsabilidade exclusiva desta. O poder jurídico apenas verificará o cumprimento das atividades conforme previsto legalmente (Tomazette, 2017). Após a concessão jurídica, a empresa deve realizar uma série de práticas, previamente autorizadas, as quais busquem a sua superação da crise. É fundamental aos credores analisar a possibilidade de manutenção ou o possível encerramento de suas atividades. Caso o último apresente em maiores possibilidades, é fundamental dar início ao processo de recuperação judicial (Tomazette, 2017). TEMA 2 – INSTAURAÇÃO DO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL O processo de recuperação judicial, é uma oportunidade de a empresa se reerguer, voltando ao curso normal de suas atividades, sem que prejudique os usuários internos e externos caso fossem encerradas as suas atividades. No entanto, os meios apontados no tópico anterior nem sempre servem para livrar a empresa de seus riscos, restando apenas a liquidação de suas atividades. Tomazette (2017, p. 41) menciona que “Nesse caso, instaura-se um procedimento tendente ao encerramento das atividades empresariais, com a devida baixa no registro”. De acordo com a Lei n. 11.101/05 em seu art. 75.: A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os intangíveis, da empresa. Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da celeridade e da economia processual. (Brasil, 2005) Para a instauração do processo de falência é necessário que existam determinados pressupostos, como a legitimidade passiva específica, a insolvência do devedor (estado falimentar) e a decretação judicial. Por meio desses pressupostos, é possível a instauração de falência na empresa (Tomazette, 2017). 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/20 A legitimidade passiva específica é aplicada ao processo de instauração de falência para empresários e sociedades empresárias, ou seja, aqueles caracterizados como devedores (Tomazette, 2017). Desse modo, entende-se que aqueles que não exercem atividade empresarial não estão sujeitos também à falência. Continuando, no pressuposto na insolvência do devedor, deve ser apontado de fato a incapacidade de cumprimento das obrigações pelo devedor. Conforme Tomazette (2017), a insolvência a ser observada nesse pressuposto é a jurídica e não a econômica. O art. 94 da Lei n. 11.101/05 determina, em seus incisos 1 e 2, que: Será decretada a falência do devedor que: I - sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários- mínimos na data do pedido de falência; II - executado por qualquer quantia líquida, não paga, não deposita e não nomeia à penhora bens suficientes dentro do prazo legal. (Brasil, 2005) Desse modo, observamos que é necessária uma série de fatores que demonstrem a incapacidade do devedor de quitar suas obrigações, pois não basta demonstrar que o montante do ativo é inferior ao passivo, assim como na insolvência econômica. Por fim, há o último pressuposto para a instauração de falência, que é a decretação judicial, que, por sua vez, verificará os dois pressupostos anteriormente descritos, tornando realmente o estado de falência como um estado de direito (Tomazette, 2017). Por meio desses pressuspostos, verificará a existência de fatos que acarretam na não necessariedade do pedido de falência. A Lei n. 11.101/05, em seu art. 96, destaca que: A falência requerida com base no art. 94, inciso I do caput desta Lei, não será decretada se o requerido provar: I - falsidade de título; II - prescrição; III - nulidade de obrigação ou de título; IV - pagamento da dívida; V - qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigação ou não legitime a cobrança de título; 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/20 VI - vício em protesto ou em seu instrumento; VII - apresentação de pedido de recuperação judicial no prazo da contestação, observados os requisitos do art. 51 desta Lei; VIII - cessação das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do pedido de falência, comprovada por documento hábil do Registro Público de Empresas, o qual não prevalecerá contra prova de exercício posterior ao ato registrado. (Brasil, 2005) Tais controles, conforme descrito por Tomazette (2017), evitam os abusos e fornecem maior satisfação aos credores. O autor argumenta ainda que um dos pontos a serem observados no momento da decretação judicial é sua eventual viabilidade econômica, que viria a impedir a falência. Nesse âmbito, o art. 95 da Lei n. 11.101/05 ressalta que “Dentro do prazo de contestação, o devedor poderá pleitear sua recuperação judicial”. Ou seja, é uma oportunidade de realizar até mesmo o pedido de recuperação judicial, buscando então o empresário a recuperação do curso normal das atividades na empresa. TEMA 3 – REORGANIZAÇÃO DA EMPRESA NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL É fundamental elencar que, no momento do pedido de recuperação judicial, o devedor deve elaborar um planejamento para a retomada das atividades da empresa e sua saúde econômica/financeira das atividades da empresa. Esse planejamento deve ser consentido pelos credores (Tomazette, 2017). Cada empresa que vive um processo de crise econômica-financeira possui sua particularidade quanto à crise e, desse modo, exige diferentes formas para ser tratada a devida crise. Tais planos podem ser definidos pelo empresário devedor, que pode levar em consideração osplanos alternativos também pautados pelos seus credores (Tomazette, 2017). Nessa questão, deve ser definido um prazo de elaboração de plano para recuperação judicial da empresa. Além disso, devem constar os seguintes elementos, conforme a Lei n. 11.101/05, em seu art. 53: O plano de recuperação será apresentado pelo devedor em juízo no prazo improrrogável de 60 (sessenta) dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação judicial, sob pena de convolação em falência, e deverá conter: 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/20 I - discriminação pormenorizada dos meios de recuperação a ser empregados, conforme o art. 50 desta Lei, e seu resumo; II - demonstração de sua viabilidade econômica; e, III - laudo econômico-financeiro e de avaliação dos bens e ativos do devedor, subscrito por profissional legalmente habilitado ou empresa especializada. Parágrafo único. O juiz ordenará a publicação de edital contendo aviso aos credores sobre o recebimento do plano de recuperação e fixando o prazo para a manifestação de eventuais objeções. (Brasil, 2005) Para entendermos o que foi citado acima, comecemos pelo ponto II, o qual destaca que, na recuperação judicial, deve demonstrar a viabilidade econômica. Ou seja, demonstrar aos credores e ao juízo que o plano a ser executado para a recuperação judicial possui viabilidade para assim a empresa se recuperar de sua crise (Tomazette, 2017). No terceiro ponto, é destacada a questão do laudo econômico-financeiro, que nada mais é do que a avaliação dos bens e ativos da empresa em recuperação judicial, realizado por um profissional (Tomazette, 2017). Depois colocados esses pontos, nos centramos então ao primeiro deles, que trata dos meios utilizados para a recuperação judicial. Sob esse aspecto, o art. 50 da Lei n. 11.101/05 determina que uma das formas de recuperação da empresa frente a uma crise vivida é por meio da “cisão, incorporação, fusão ou transformação de sociedade, constituição de subsidiária integral, ou cessão de cotas ou ações, respeitados os direitos dos sócios, nos termos da legislação vigente” (Brasil, 2005). Nesse sentido, Tomazette (2017) afirma que medidas societárias voltadas ao desenvolvimento das atividades da empresa podem ser utilizadas como meios de recuperação judicial. O autor vai um pouco mais além, ao dispor que tais medidas relacionadas à reestruturação societária podem permitir o melhoramento do alcance das atividades no mercado, trazendo também a diversificação das atividades, além de causar mudanças de titularidades de controle sobre a sociedade. De certo modo, quando falamos sobre reestruturação societária, existe a transformação da sociedade, que pode acontecer conforme a Lei n. 6.404/76, pela mudança, por meio da qual a empresa nomenclada como limitada passa a ser uma sociedade anônima, ou quando os sócios se retiram da organização tornando-a uma empresa individual de responsabilidade limitada. Esse tipo de transformação pode ocasionar em melhoras na administração e melhor gestão de custos, 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/20 trazendo para a sociedade o alcance de desempenhos, que pode ser uma saída para a crise financeira pela qual está passando (Tomazette, 2017). TEMA 4 – FALÊNCIA A falência de acordo com Tomazette (2017, p. 368) “é o procedimento visando à liquidação do patrimônio do devedor, para satisfação dos credores de acordo com uma ordem legal de preferência, para evitar maiores prejuízos na condução da atividade pelo devedor”. Desse modo, a falência ocorre pelo fechamento das atividades de uma entidade, que causa uma série de efeitos, por exemplo, o impacto direto aos seus empregados, os quais deixam de exercer sua atividade remunerada. Tomazette (2017, p. 367) afirma que com a falência ocorre a “liquidação patrimonial forçada em relação aos devedores empresários que não têm condições de superar a crise econômico financeira pela qual estão passando”. Sabendo-se disso, a empresa que enfrenta graves crises econômicas e que não obteve êxito no processo de recuperação judicial deve proceder à liquidação forçada do patrimônio do devedor (Tomazette, 2017). Desse modo, entendemos que, com a falência, ocorre a liquidação do patrimônio do devedor. Mas não devemos deixar de destacar que até mesmo com a liquidação forçada do patrimônio da empresa deve ser priorizada a “satisfação dos credores de acordo com uma ordem legal de preferência, para evitar maiores prejuízos na condução da atividade pelo devedor” (Tomazette, 2017, p. 368). Aprofundando-nos um pouco mais, o inciso 2 do art. 61 da Lei n. 11.101/05 coloca que na falência “os credores terão reconstituídos seus direitos e garantias nas condições originalmente contratadas, deduzidos os valores eventualmente pagos e ressalvados os atos validamente praticados no âmbito da recuperação judicial”. Nesse sentido, a falência tem por objetivo o encerramento das atividades e não a recuperação delas, haja vista que possui o intuito de pagamento da empresa devedora aos seus credores. Tomazette (2017) destaca que a falência é realizada de maneira conjunta, de acordo com a satisfação de todos os credores, não se limitando a apenas um credor. Após isso, a falência é dividida em três fases: fase pré-falimentar, fase falimentar e fase pós-falimentar. 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/20 Na fase pré-falimentar, Tomazzete (2017) denota que o pedido de falência é analisado pelo juiz, que deverá decretar a falência ou não, pois a análise do pedido de falência é realizado em torno a alguns pressupostos, os quais foram discutidos no tema 2 desta aula. Essa fase inicia-se pelo pedido de falência, e depois, caso sejam verificados os pressupostos para que haja recuperação dessa empresa, é realizado então pedido de recuperação judicial. Caso haja a possiblidade de sua recuperação, não existirá passagem para as próximas fases. Analisado a primeira fase, e identificada a falência e/ou a impossibilidade de continuação da empresa, encaminha-se então para a segunda fase. Na fase falimentar, é realizada a apuração do ativo, do passivo, pagamento dos credores e medidas complementares (Tomazette, 2017). Essa fase nada mais é do que o afastamento do devedor e a realização da apuração dos valores presentes ainda na entidade, que serão devidamente passados para os credores conforme suas participações. Essa fase é destacada pela satisfação dos credores quanto à segurança de seus créditos (Tomazette, 2017). Finalizada a fase falimentar, sobrevém a fase pós-falimentar, que decorre dos efeitos causados pela falência, principalmente pelo afastamento do devedor das atividades da empresa. Essa fase destaca-se pela oportunidade de o devedor buscar a extinção de suas obrigações, que são pautadas, conforme o art. 158 da Lei n. 11.101/05, da seguinte maneira: Extingue as obrigações do falido: I - o pagamento de todos os créditos; II - o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo; III - o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei; IV - o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei. (Brasil, 2005) Esse tipo de requerimento realizado pelo devedor gera uma nova atuação jurisdicional. Dentro do que já foi discutido, Tomazette (2017) realça que, para que a falência alcance os seus objetivos, devem ser seguidos alguns princípios, como: igualdade entre credores, celeridade processual e economia processual. 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/20 A igualdadede credores ocorre justamente pela junção de todos os credores contra o devedor. Nessa linha, ocorre de forma consensual o afastamento do devedor, no entanto os recursos a serem recebidos pelos credores dependerão de sua importância na empresa, ou seja, decorrerão do grau de sua importância no contexto da empresa (Tomazette, 2017). No caso da celeridade processual, é fundamental que a atuação jurisdicional ocorra de maneira rápida, pois os ativos presentes em uma empresa podem sofrer depreciação, além de outros fatores que colaboram para sua desvalorização (Tomazette, 2017), prejudicando a todos envolvidos no processo, como a exemplo o devedor e os credores, por isso é importante que o processo ocorra de maneira rápida. A economia processual se baseia no mesmo princípio do discutido anteriormente, uma vez que é indispensável a redução do tempo da atuação jurisdicional, a fim de reduzir o tempo e os custos no decorrer desse processo. TEMA 5 – RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL Em nosso primeiro tema tratado nessa aula, podemos reconhecer que a recuperação judicial é um acordo entre devedor e credores, o qual busca recuperar a situação econômica e financeira da empresa e trazê-la para o curso de suas atividades, tirando-a da crise. Além do acordo entre devedor e credores quanto à recuperação judicial de uma empresa, existem também outros acordos, como aquele realizado extrajudicialmente entre devedor e credores. Tomazette (2017) reitera que, na recuperação judicial, existe a intervenção do Poder Judiciário, que é parte importante para o consenso do devedor e credores, porém isso demanda um maior custo, sendo que existe a atuação de um administrador judicial e a convocação de várias assembleias de credores. Esse caminho toma um certo tempo, o que, conforme discutido, incorre em certos custos a fim de minimizá-los. Na recuperação extrajudicial, Tomazette (2017) pontua que a intervenção estatal é acessória, e o devedor (empresa) terá a possibilidade de administrar extrajudicialmente um acordo com seus credores de maneira simples, com o objetivo de recuperação da empresa. A recuperação extrajudicial, portanto, possui o mesmo objetivo de recuperação da empresa, assim como ocorre na 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/20 recuperação judicial. Entretanto, a recuperação extrajudicial é mais simples e prática, sendo que o Poder Judiciário apenas está presente na aprovação do processo de recuperação judicial. O processo de recuperação extrajudicial exige, para sua concretização, certos pressupostos quanto ao devedor e aos credores. Para o devedor, este deve se encaixar como empresários individuais ou sociedades empresárias. Assim, instituições públicas e privadas, de consórcio, de cooperativa de crédito, de previdência complementar, de assistência à saúde, de seguro são exemplos de algumas sociedades que estão excluídas da recuperação extrajudicial, mesmo sendo sociedades empresariais (Tomazette, 2017). Os credores poderão realizar o acordo de recuperação extrajudicial. Conforme Tomazette (2017, p. 353), são “credores com garantia real, os credores com privilégio especial, os credores com privilégio geral, os credores quirografários e os credores subordinados”, todavia é importante destacar que não precisam ser todos os credores presentes na empresa. Existem credores que devem ser excluídos desse tipo de acordo, como é o caso dos credores fiscais (governo), por conta de sua dedicação ao poder público; credores trabalhistas (colaboradores), por não terem tanta força de negociação; e excluídos os credores que não possuem interesse nesse tipo de transação por possuírem segurança nos seus créditos em razão do seu direito na propriedade, por exemplo, o arrendador mercantil (Tomazette, 2017). Após a definição dos credores que estarão envolvidos na recuperação extrajudicial, conforme já comentado no início no parágrafo anterior, pode-se então colocar em prática com estes os planos para a recuperação da empresa. Nesse âmbito, surgem então duas modalidades: recuperação extrajudicial de homologação facultativa e recuperação extrajudicial de homologação obrigatória. Na recuperação extrajudicial de homologação facultativa, ocorre a adesão total de todos os credores na recuperação extrajudicial e, como o próprio nome já diz, ela é facultativa, já que existe o acordo unânime do devedor com a totalidade dos credores (Tomazette, 2017). Tal ponto pode ser verificado no art. 162 da Lei n. 11.101/05, que define que “O devedor poderá requerer a homologação em juízo do plano de recuperação extrajudicial, juntando sua justificativa e o documento que contenha seus termos e condições, com as assinaturas dos credores que a ele aderiram” (Brasil, 2005). A recuperação extrajudicial de homologação obrigatória existe quando não ocorre de forma unânime, quando há adesão de apenas 3/5 dos credores. Conforme já citado, apresentando 3/5 de 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/20 todos os créditos, já se considera expressivamente válido o acordo, sendo necessária apenas a homologação judicial para os credores que não aderiram a devido acordo. De acordo com o art. 163 da Lei n. 11.101/05, na recuperação extrajudicial obrigatória: O devedor poderá, também, requerer a homologação de plano de recuperação extrajudicial que obriga a todos os credores por ele abrangidos, desde que assinado por credores que representem mais de 3/5 (três quintos) de todos os créditos de cada espécie por ele abrangidos. (Brasil, 2005) Para finalizarmos a discussão sobre recuperação extrajudicial, a homologação em ambos os casos, seja na recuperação extrajudicial de homologação facultativa, seja na homologação obrigatória, o devedor deve cumprir com alguns requisitos, que podem ser verificados conforme os incisos da Lei n. 11.101/05 em seu art. 161. O devedor que preencher os requisitos do art. 48 desta Lei poderá propor e negociar com credores plano de recuperação extrajudicial. § 1º Não se aplica o disposto neste Capítulo a titulares de créditos de natureza tributária, derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidente de trabalho, assim como àqueles previstos nos arts. 49, § 3º, e 86, inciso II do caput, desta Lei. § 2º O plano não poderá contemplar o pagamento antecipado de dívidas nem tratamento desfavorável aos credores que a ele não estejam sujeitos. § 3º O devedor não poderá requerer a homologação de plano extrajudicial, se estiver pendente pedido de recuperação judicial ou se houver obtido recuperação judicial ou homologação de outro plano de recuperação extrajudicial há menos de 2 (dois) anos. § 4º O pedido de homologação do plano de recuperação extrajudicial não acarretará suspensão de direitos, ações ou execuções, nem a impossibilidade do pedido de decretação de falência pelos credores não sujeitos ao plano de recuperação extrajudicial. § 5º Após a distribuição do pedido de homologação, os credores não poderão desistir da adesão ao plano, salvo com a anuência expressa dos demais signatários. § 6º A sentença de homologação do plano de recuperação extrajudicial constituirá título executivo judicial, nos termos do art. 584, inciso III do caput, da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil. (Brasil, 2005) Com base nesses requisitos é que será possível a homologação da recuperação extrajudicial. TROCANDO IDEIAS 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/20 Observamos as questões voltadas à recuperação judicial de empresas, o que ocorre quando uma empresa busca tal ato, a fim de evitar o encerramento de suas atividades, ou seja, quando uma empresa busca sua recuperação, conforme o próprio nome já diz. Saiba mais Diante dos aspectos abordados em nossa aula, busquem verificar as empresas listadas na B3 que estão em recuperação judicial como a exemplo de Eternit – ETER3, Inepar – INEP3, Renova – RNEW11 e Lupatech – LUPA3, e pesquisem as notasexplicativas acessando o link a seguir: [B3]. Disponível em: <http://www.b3.com.br>. Acesso em: 30 mar. 2021. Busquem observar o comportamento dessas empresas, quanto ao histórico de suas cotações. Também, a fim de melhor compreender os pedidos de recuperação judicial das empresas, vejam as questões voltadas ao ambiente interno e também ao ambiente externo que influenciaram em um decréscimo de suas atividades, por exemplo, as crises, o que pode ser justificado pelo pedido de recuperação judicial, dessas empresas. NA PRÁTICA Questão 1 Conforme a Lei n. 11.101/05 em seu art. 47, “A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores” (Brasil, 2005). Desse modo, ainda de acordo com o disposto acima, é possível requerer o pedido de recuperação judicial, conforme os arts. 48 e 49 da Lei n. 11.101/05, o devedor que: Julgue as alternativas abaixo e explique por que são verdadeiras ou falsas. ( ) a. É falido, ou seja, que esteja declarado sob questões de falência, mas terá a oportunidade de requerer a recuperação judicial. ( ) b. Um dos pontos fundamentais para o devedor requerer o pedido de recuperação judicial é que não tenha sido já condenado, ou que tenha algum administrador ou sócio controlador que tenha http://www.b3.com.br/ 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/20 passado por condenação. ( ) c. Não ser falido, pois a empresa deve possuir a viabilidade para a recuperação da crise que está sofrendo. ( ) d. Ter, há menos cinco anos, obtido concessão de recuperação judicial. Questão 2 Sabe-se que, na falência, existem três fases, sendo considerada a fase falimentar a mais importante em relação às fases pré-falimentar e pós-falimentar, de acordo com Tomazette (2017). Assinale a alternativa incorreta. ( ) a. A fase falimentar é importante, pois busca a satisfação dos credores. ( ) b. Busca afastar o devedor da empresa antes de ocasionar em mais prejuízos, liquidando o patrimônio e garantindo os créditos dos credores. ( ) c. Essa fase é importante, uma vez que pode trazer a satisfação dos credores e, de certo modo, estes podem dar destino a esses créditos para uma possível continuação da empresa. ( ) d. A fase falimentar permite ao devedor administrar a empresa em relação aos créditos correspondentes aos seus credores. Questão 3 Quais seriam os princípios específicos da falência? ( ) a. Igualdade entre credores, economia processual e celeridade processual. ( ) b. Série de atos, consentimento dos credores e economia processual. ( ) c. Legitimidade passiva específica, insolvência do devedor e declaração judicial. ( ) d. Igualdade entre credores, declaração judicial e superação de crise. Questão 4 A respeito da recuperação judicial, é correto afirmar que: 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 17/20 ( ) a. Na recuperação judicial, a empresa que passa por devida crise deve apresentar mensalmente as informações de seu balanço para o juiz e para os seus credores. ( ) b. A recuperação judicial é uma fase que é seguida posteriormente de sua falência, pois o objetivo da recuperação judicial é apenas trazer a satisfação dos credores. ( ) c. Na recuperação judicial, é realizado um acordo entre devedor e credores, os quais vão resolver a situação de crise da empresa somente mediante a assessoria de advogados. ( ) d. Na recuperação judicial, é dispensável a consentimento dos credores quanto ao pedido de recuperação judicial, uma vez que o devedor da empresa é o responsável pelas atividades da entidade, e não os credores. Questão 5 ADe que forma as crises que podem afetar a continuidade da empresa podem ser descritas? Assinale a alternativa correta. ( ) a. Crise financeira, crise operacional, crise política, crise internacional e crise por problemas maquinários. ( ) b. Crise de empregados, crise política, crise de internacional e crise patrimonial. ( ) c. Crise de rigidez, crise de eficiência, crise econômica, crise financeira e crise patrimonial. ( ) d. Crise operacional, crise política, crise de mercado, crise financeira e crise patrimonial. FINALIZANDO No decorrer de nossa aula, podemos verificar num primeiro momento que se trata da recuperação judicial. Sobre esse ponto, podemos compreender que a recuperação judicial nada mais é do que uma ferramenta utilizada pelas empresas com o objetivo de superar determinadas crises que estas possam estar sofrendo, visando então voltar ao curso normal de suas atividades e/ou conduzir suas atividades normalmente. Além disso, atentamos também para as questões voltadas à instauração da falência. Para tanto, a empresa deve estar de acordo com três pressupostos,: legitimidade passiva específica, insolvência do 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 18/20 devedor (estado falimentar) e a decretação judicial. Como bem vimos, caso a empresa não se encaixe nesses pressupostos e exista ainda a possibilidade de sua recuperação, a empresa pode entrar com o pedido de recuperação judicial. Já em momento posterior de nossa aula, tratamos sobre os meios que podem ser utilizados pelas empresas, com o intuito de alcançar a superação de determinada crise. Nesse ponto, vimos a respeito da reestruturação societária, que é uma das formas de as empresas buscarem resultados positivos e superar a crise pela qual está passando. Devida reestruturação pode ser uma saída da crise, pois com a reestruturação societária, esta pode trazer benefícios relacionados a uma maior abrangência no mercado, reduzindo a concorrência e causando uma diminuição dos seus custos. Discutindo sobre as alternativas de saída de crise, que podem ser utilizadas por uma empresa, percebe-se que muitas vezes elas não são suficientes, e muitas empresas podem estar em situações muito críticas, como não conseguir arcar até mesmo com suas obrigações. Desse modo, o falido entra em processo falimentar, sendo afastados os bens da empresa, colocando-os à disposição dos credores. Por fim, abordamos sobre a recuperação extrajudicial, a qual vimos que pode ser possível por meio de um acordo entre o devedor e os credores, e depois somente homologado pelo Poder Judiciário. A diferença entre a recuperação judicial e a extrajudicial está exatamente no ponto em que, naquela, a empresa incorre em todo o processo de uma ação judicial, pela qual a empresa deve prestar uma série de informações sobre sua situação ao juízo, diferente da recuperação extrajudicial, conforme discutido durante a aula. Espero que todos vocês tenham compreendido os pontos discutidos nesta aula, pois são muito utilizados no cotidiano pelas empresas. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei n. 11.101, de 9 de fevereiro 2005. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 9 fev. 2005. TOMAZETTE, M. Curso de direito empresarial: falência e recuperação de empresas. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2017. v. 3. 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 19/20 GABARITO Questão 1 F, V, V, F. Na questão 1, podemos nos amparar no art. 48 da Lei n. 11.101/05, que traz os seguintes pontos: Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I - não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; (Inciso com redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 7/8/2014) IV - não ter sido condenado ou não ter, como administradorou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. (Brasil, 2005) Questão 2 Alternativa D. Conforme discutido em nossa aula, a alternativa D é errada, pois a fase falimentar nada mais é do que o afastamento do devedor e a realização da apuração dos valores presentes ainda na entidade, que serão devidamente passados para os credores conforme suas participações. Essa fase é destacada então pela satisfação dos credores quanto a segurança de seus créditos (Tomazette, 2017). Questão 3 Alternativa A. Tomazette (2017) elenca os seguintes princípios da falência: igualdade entre credores, celeridade processual e economia processual. Em nossa aula, ambos foram discutidos. Questão 4 Alternativa A. 21/11/2022 20:13 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 20/20 A alternativa B é errada pelo seguinte motivo: na recuperação judicial, a empresa busca tal quesito para alcançar novamente a estabilidade de suas atividades, e não para entrar em processo de falência. Na alternativa C, é importante ter o consentimento dos credores nas questões ligadas à recuperação judicial, mas, mesmo após esse consentimento, ainda é necessária a concessão judicial para dar início à recuperação judicial. Então, a recuperação judicial vai muito mais além do que somente a assessoria dos advogados. Por fim, a alternativa D está incorreta, haja vista que a continuidade da atividade de uma empresa não depende somente do devedor (empresa), mas sim de seus credores (fornecedores, bancos, investidores etc). Portanto, a alternativa A é a correta, sendo que a apresentação mensal de informações da empresa está prevista no art. 22 da Lei 11.101/05 (Brasil, 2005). Questão 5 Alternativa C. A alternativa correta é a C, já discutida no início de nossa aula. No restante das alternativas, podemos verificar uma série de crises colocadas, as quais não têm impacto na continuidade de uma empresa, como crise de maquinário, crise política, crise de mercado, entre outras.