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MEP, Provisões, Passivos e Ativos Contingentes

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MEP, Provisões, Passivos e Ativos Contingentes
Prof.ª Stephanie Kalynka
Descrição
Método de equivalência patrimonial (MEP), provisões, passivos
contingentes e ativos contingentes.
Propósito
Aplicar o método da equivalência patrimonial (MEP) e reconhecer os
procedimentos contábeis a serem adotados para as provisões, passivos
contingentes e ativos contingentes.
Objetivos
Módulo 1
Métodos de equivalência patrimonial
Aplicar o método de equivalência patrimonial.
Módulo 2
Provisões, passivos contingentes e ativos
contingentes
Reconhecer os procedimentos contábeis em provisões, passivos e
ativos contingentes.
As muitas dúvidas sobre como contabilizar os fatos
administrativos das empresas vão desde como contabilizar
investimentos, por exemplo, que são realizados em outras
companhias, até como registrar desastres que são ocasionados
por empresas e afetam o meio ambiente e as pessoas ao seu redor.
Pensando nisso, neste material, será possível compreender como
registrar e analisar os investimentos realizados por empresas
brasileiras, tal como o caso da Magazine Luiza, que investe na
empresa Netshoes. E vamos entender ainda como os lucros ou
prejuízos das empresas investidas impactam suas investidoras.
Além disso, veremos como a contabilidade trata o que se chama de
contingências, tal como o caso dos desastres que ocorreram nas
barragens das cidades de Mariana e Brumadinho, em Minas Gerais.
Essas e outras operações estarão destacadas ao longo deste
material. Então, fica o convite para que você navegue neste
conteúdo!
Introdução
1 - Métodos de equivalência patrimonial
Ao �nal do módulo, você será capaz de aplicar o método de equivalência patrimonial.
Conceitos
Primeiras palavras
Você já parou para pensar por que algumas empresas investem em
outras? Normalmente quando pensamos nisso vem a nossa cabeça que
empresas investem em outras porque querem obter retornos.
E esse pensamento está correto, visto que o significado da palavra
investimento já nos remete a obter retorno. Logo, vamos entender ao
longo deste módulo o que devemos fazer contabilmente quando uma
empresa investe em outra. De forma específica, vamos tratar sobre
investimentos em coligadas, em controladas e em empreendimento
controlado em conjunto.
E já vamos começar dizendo que as empresas que possuem
investimentos em coligadas, em controladas e em empreendimento
controlado em conjunto precisam avaliar esses investimentos pelo
método da equivalência patrimonial (NBC TG 18).
Equivalência patrimonial (MEP) é um método de
contabilização por meio do qual o investimento é
inicialmente reconhecido pelo custo e, a partir daí, é
ajustado para refletir a alteração pós-aquisição na
participação do investidor sobre os ativos líquidos da
investida (NBC TG 18).
Ou seja, se uma empresa investe em outra, no momento da aquisição,
registramos na contabilidade o valor ao qual foi pago, mas na sequência
devemos utilizar o método da equivalência patrimonial para
contabilização desses investimentos.
As receitas ou as despesas da empresa que investiu incluem sua
participação nos lucros ou prejuízos da investida, e os outros resultados
abrangentes da empresa que investiu incluem a sua participação em
outros resultados abrangentes da investida (NBC TG 18).
Contabilizar pelo método equivalência patrimonial
significa dizer então que o investimento precisa refletir
o percentual do patrimônio líquido da empresa que foi
investida.
Mas antes de iniciarmos o entendimento prático dessa operação, vamos
verificar alguns conceitos iniciais para ficar mais fácil a compreensão.
Conceitos iniciais sobre equivalência
patrimonial
Vamos entender alguns conceitos que serão aplicados ao longo do
módulo para que possamos compreender a aplicabilidade da
equivalência patrimonial.
Vimos que as empresas que possuem investimentos em coligadas, em
controladas e em empreendimento controlado em conjunto precisam
avaliar esses investimentos pelo método da equivalência patrimonial.
Mas o que significa coligadas, controladas e empreendimento
controlado em conjunto? Vamos entender cada item.
Uma empresa é considerada coligada quando o investidor tem
influência significativa sobre ela. Influência significativa é o
poder de participar das decisões sobre políticas financeiras e
operacionais de uma investida, mas sem que haja o controle
individual ou conjunto dessas políticas.
Atenção: A Lei nº 6.404/76 presume existir influência
significativa quando se tem 20% ou mais do capital votante
(ações ordinárias) sem controlá-la.
Como exemplo, temos a empresa JBS S.A, que divulgou em sua
última publicação anual de relatórios contábeis que a empresa
JBS Ontario é reconhecida como uma coligada da JBS S.A, pois
apesar da empresa ter participação, ela não atende aos
requisitos de controle, devido a um acordo operacional com um
terceiro que possui todos os direitos de tomada de decisão e
exposição à variabilidade nos retornos. Nesse caso, a JBS S.A
Coligada 
precisará contabilizar o investimento que possui na JBS Ontario
utilizando o método de equivalência patrimonial.
É considerada como controlada a entidade que é controlada por
outra empresa, ou seja, pela sua controladora.
A empresa Netshoes, por exemplo, é controlada pela empresa
Magazine Luiza. Logo, a empresa Magazine Luiza também
precisa registrar o investimento que possui na empresa
Netshoes utilizando o método de equivalência patrimonial.
Controlada 
É um acordo conjunto por meio do qual as partes, que detêm o
controle em conjunto do acordo contratual, têm direitos sobre os
ativos líquidos desse acordo.
A empresa Samarco (aquela do caso da barragem de
Mariana/MG), por exemplo, é uma Joint Venture de propriedade
da Vale S.A e da BHP Billiton Brasil Ltda, em que cada uma tem
50% de participação acionária. A empresa Vale, então, também
precisará registrar o investimento que possui na empresa
Samarco utilizando o método da equivalência patrimonial, assim
como a BHP Billiton Brasil Ltda fará a mesma coisa.
Diante dos conceitos apresentados, reforça-se que, se uma empresa
possui investimentos em coligadas, em controladas e em outras
sociedades que façam parte de um mesmo grupo ou estejam sob
controle comum, precisarão utilizar o método da equivalência
patrimonial para contabilização de seus investimentos pós-aquisição.
Vale ressaltar que o método da equivalência patrimonial deve ser
realizado mesmo que a investidora não controle a investida. É o caso de
ser uma coligada. Vamos entender melhor essa situação?
Atividade discursiva
Imagine que a entidade X adquira, em fevereiro de 2020, investimento
representativo de 21% do capital social votante da entidade Y,
considerado relevante, ou seja, tem-se influência significativa, mas não
há controle.
Em agosto de 2020, por força de acordo de acionistas, a empresa X
passa a exercer o controle sobre a administração dessa entidade.
Empreendimento controlado em conjunto (joint venture) 
Levando em consideração essa situação, em que momento a entidade X
deve adotar o método de equivalência patrimonial para avaliação desse
investimento?
Digite sua resposta aqui
Chave de resposta
A aplicação do método de equivalência patrimonial já deve ocorrer
a partir de fevereiro de 2020, visto que, nesse período, a empresa Y
é considerada uma coligada, ou seja, a empresa X possui
influência significativa sobre a empresa Y, sem controlá-la.
Agora ficou mais fácil de entender? É importante ficar atento as
informações.
Atenção!
Não confunda esse item com o momento da consolidação do balanço,
porque são coisas diferentes. A empresa fará os relatórios consolidados
a partir do momento que obteve o controle de fato, mas precisará
registrar seus investimentos pelo método de equivalência patrimonial
mesmo antes disso, em suas demonstrações individuais.
Vamos verificar se ficou claro com mais exemplos!
Imagine que a empresa X tenha investimento nas seguintes empresas
elencadas:
 Empresa Y
Controladada empresa X com 70% de participação.
Analisando os investimentos que a empresa X possui nas suas
investidas, podemos verificar que o método da equivalência patrimonial
será aplicado apenas nos investimentos que a empresa possui em Y e
W, porque a empresa não pode aplicar no investimento que possui na
empresa Z, pois não se tem influência significativa sobre ela.
Veja que ter influência significativa sobre a empresa investida é
fundamental para que se considere uma coligada e possa utilizar o
método da equivalência patrimonial.
Relembrando
Presume-se existir influência significativa quando se tem 20% ou mais
do capital votante (ações ordinárias) sem controlá-la.
MEP na prática
Método de equivalência patrimonial na prática
Vamos entender a aplicabilidade do método de equivalência patrimonial
utilizando alguns exemplos.
Exemplo 1
Imagine que determinada empresa denominada de X possui 60% do
capital da empresa Y.
 Empresa W
Coligada da empresa X com 25% de participação.
 Empresa Z
A empresa X não exerce influência significativa
sobre ela, mas possui participação de 10%.
Em 31.12.2020 a empresa X tem registrado em seu balanço patrimonial
o valor de R$400.000 referente a esse investimento. Ainda no ano de
2020 a empresa Y obteve um lucro de R$100.000.
Quando uma empresa investe em outra significa que ela quer obter
retornos. Portanto, usando o método de equivalência patrimonial, todos
os resultados apurados na empresa investida serão registrados na
investidora, de forma proporcional ao seu investimento.
Logo, podemos afirmar que o valor do investimento
aumenta ou diminui periodicamente com a
contabilização dos resultados e dividendos de suas
investidas.
No caso apresentado, 60% do lucro de R$100.000 pertence à empresa
X. Então, será registrado o seguinte lançamento contábil:
D – Investimento (ativo não circulante)
R$60.000
C – Receita de equivalência patrimonial (conta
de resultado)
R$60.000
Assim, o investimento registrado que era de R$400.000 passa agora a
ser R$460.000 (R$400.000 + R$60.000).
Vale ressaltar que, se o resultado da empresa investida for prejuízo,
também deve-se lançar na investidora. O lançamento no caso de
prejuízo será realizado nas seguintes contas:
D – Despesa de equivalência patrimonial (Conta de resultado)
C – Investimento (Ativo não circulante)
Lembrando que o registro inicial do investimento será realizado pelo
valor de custo e posteriormente será adotado o método de equivalência
patrimonial para registros proporcionais dos resultados da investida.
Exemplo 2
Imagine que a empresa X adquiriu 40% da empresa Y. O patrimônio
líquido da empresa Y era de R$100.000. Logo, o registro inicial na conta
de investimentos da empresa X será de R$40.000 (40% de R$100.000).
Mas e se a empresa X pagou R$45.000 pela empresa Y?
Se a empresa Y foi adquirida por R$45.000 e seu patrimônio líquido é de
R$100.000 e X adquiriu 40%, vamos registar na conta de investimentos o
valor de R$40.000 (40% de R$100.000), mas vamos lançar também a
saída de R$45.000 do banco.
Será necessário, então, no momento da aquisição, avaliar o valor justo
da empresa adquirida para cálculo de mais valia e para identificar se
houve uma compra vantajosa.
Vamos entender melhor esse registro inicial.
Imagine então que a empresa X adquiriu 40% da empresa Y por
R$45.000. O patrimônio líquido da empresa Y era de R$100.000, e,
levantando o valor justo do seu patrimônio líquido (o quanto vale seus
ativos e passivos líquidos), identificamos o valor total de R$48.000.
Nesse caso, temos a seguinte situação a ser registrada:
Lançamento inicial pelo método de custo
D – Investimentos (Ativo não circulante): R$40.000 (40% do
patrimônio líquido da empresa).
D – Mais valia (Investimentos, mas separado do anterior): R$8.000
(diferença entre o patrimônio líquido da empresa e o seu valor
justo).
C – Compra vantajosa (receita): R$3.000 (diferença entre o valor
pago pelo investimento e o valor justo do patrimônio líquido da
empresa).
C – Banco: R$45.000 (valor pago pelo investimento na empresa).
A partir desses registros iniciais, os lucros ou prejuízos e outros
resultados abrangentes da empresa Y serão registrados na empresa X,
de acordo com a proporcionalidade de 40%. Isso é utilizar a equivalência
patrimonial.
Então, imagine que a empresa Y apresentou lucro, no período, de
R$30.000 e declarou dividendos de R$10.000.
Logo, a empresa X efetuará os seguintes registros em sua contabilidade:
Lançamentos pelo método da equivalência patrimonial
Acompanhe:
Lançamento 1 - referente ao resultado do
período
D – Investimentos (ativo não circulante): R$12.000.
D – Receita de equivalência patrimonial (conta de resultado): R$12.000.
Lançamento 2 - referente à declaração de
dividendo
D – Dividendos a receber (ativo não circulante): R$4.000.
C – Investimentos (ativo não circulante): R$4.000.
A receita de equivalência patrimonial foi calculada da seguinte maneira:
40% de R$30.000 é igual a R$12.000.
E o dividendo foi calculada da seguinte maneira: 40% de R$10.000 é
igual a R$4.000.
Agora que vimos como registrar o investimento inicial pelo método de
custo, vamos para mais exemplos de como aplicar o método da
equivalência patrimonial.
Exemplo 3
Imagine que a empresa X invista em três outras empresas: Y, Z e W. Os
dados sobre a classificação e os percentuais de participação em cada
empresa estão descritos no quadro.
Empresa investida Classificação
Percentual de
participação
Y Controladora 70%
Z Coligada 25%
W Sem influência 10%
Quadro 1: Dados sobre os investimentos da empresa X.
Stephanie Kalynka.
Na equivalência patrimonial, precisamos aplicar o percentual de
participação no resultado da empresa investida e lançar esse valor
apurado na empresa investidora.
Vamos apurar, então, a equivalência patrimonial que será registrada na
empresa X.
O primeiro passo a se fazer é verificar a classificação das investidas na
investidora.
Veja que a empresa X possui participação de 10% sobre a empresa W e
não possui influência sobre ela. Logo, não se aplicará equivalência
patrimonial no investimento da empresa W.
Já os investimentos nas demais empresas passarão por equivalência
patrimonial e, então, faremos a aplicação do percentual sobre seus
resultados.
Vamos verificar como fica?
Investimento na empresa Y = Aplica-se 70% no lucro de R$100.000,
logo uma receita de equivalência igual a R$70.000.
Investimento na empresa Z = Aplica-se 25% no prejuízo de
R$50.000, então temos uma despesa com equivalência
patrimonial de R$12.500.
Portanto, temos um resultado de equivalência patrimonial positiva de
R$57.500 a ser lançado na empresa X.
Vamos entender de onde veio R$57.500.
Para encontrar o valor de R$57.500, basta diminuir o valor de R$70.000
da receita de equivalência patrimonial de R$12.500 da despesa de
equivalência patrimonial. Veja que a empresa Z apresentou um
resultado com prejuízo, logo esse prejuízo precisa ser repassado para a
investidora, também proporcionalmente à sua participação.
Vamos entender agora como lançar, ou seja, como registrar esse
resultado de equivalência patrimonial que foi ilustrado.
Referente ao investimento na empresa Y, tem-
se o seguinte registro na empresa X
D – Investimento empresa Y (ativo não circulante): R$70.000.
C – Receita com equivalência patrimonial (conta de resultado):
R$70.000.
Referente ao investimento na empresa Z,
tem-se o seguinte registro na empresa X
D – Despesa com equivalência patrimonial (conta de resultado):
R$12.500.
C – Investimento empresa Z (ativo não circulante): R$12.500.
Veja que teremos um resultado líquido positivo de equivalência
patrimonial de R$57.500.
Talvez você esteja se perguntando o que devemos fazer com o lucro da
empresa W. A empresa X apenas registrará em sua contabilidade a sua
participação sobre o lucro dessa investida quando ela pagar os
dividendos, sendo que, nesse momento, registra-se uma receita e uma
entrada no banco da empresa X.
Exemplo 4Imagine agora que a empresa Alfa tenha adquirido 25% da empresa
Beta.
A empresa Beta apurou um lucro líquido de R$100.000 e em seu
estatuto prevê a distribuição de 30% do seu lucro líquido.
Para aplicar o método de equivalência patrimonial, primeiro vamos
registrar o percentual da participação da empresa Alfa na empresa
Beta.
D – Investimento (ativo não circulante)
R$25.000
C – Receita de equivalência patrimonial (conta
de resultado)
R$25.000
Ou seja, 25% de participação no lucro da empresa que foi de R$100.000.
Então, temos uma receita de equivalência patrimonial igual a R$25.000.
Na sequência, vamos precisar registrar a parte do lucro que cabe à
empresa Alfa e que será distribuído pela empresa Beta.
Nesse caso 30% do lucro da empresa Beta será distribuído aos seus
acionistas, ou seja, R$30.000 do total do lucro de R$100.000, no entanto,
a empresa Alfa possui 25% de participação na empresa Beta, logo tem
direito a receber R$7.500 de dividendos.
O lançamento dos dividendos a receber também precisa ser realizado,
sendo contabilizado da seguinte maneira:
D – Dividendos a receber (ativo não circulante): R$7.500.
C – Investimento (ativo não circulante): R$7.500.
Já quando o dividendo for distribuído, será zerado o valor da conta
dividendos a receber e alocado na conta caixa ou banco, conforme
demonstração de lançamento a seguir:
D – Banco (ativo circulante): R$7.500.
C – Dividendos a receber (ativo não circulante): R$7.500.
Atenção!
Se tivermos lucros não realizados referente a operações entre empresas
coligadas e controladas, precisamos calcular os lucros não realizados
para fazer a equivalência patrimonial. Vejamos agora como proceder
nessas situações.
Caso 1: Lucros não realizados em empresas coligadas
Imagine que a empresa Y é coligada da empresa X e que a empresa X
possui 40% de Y. Imagine ainda que a empresa Y, em 20/11/2020,
vendeu mercadorias para a empresa X ao valor de R$200.000,00 e que o
custo dessa mercadoria foi de R$120.000 para a empresa Y.
A empresa X, na apuração do balanço patrimonial do ano de 2020,
constatou que permaneciam em seus estoques 50% daquelas
mercadorias que foram adquiridas da empresa Y. A empresa Y teve um
lucro líquido de R$120.000,00 no ano de 2020.
Diante dos dados, vamos entender como encontrar o valor de
equivalência patrimonial desse caso. Vamos inicialmente encontrar o
lucro não realizado.
 A receita de vendas da empresa Y pela venda
realizada para a empresa X foi de R$200.000.
 Já o custo das mercadorias vendidas da empresa Y
para a empresa X foi de R$120.000.
Assim, o lucro não realizado foi de 50% de R$80.000, que fecha o valor
total de R$40.000.
Vamos pegar agora o lucro do período menos o lucro não realizado:
R$120.000 – R$40.000 = R$80.000.
E aplicamos, por fim, o percentual de 40% sobre o lucro realizado de
R$80.000.
Agora temos uma receita de equivalência patrimonial igual a R$32.000.
Outra maneira para compreendermos o cálculo é apresentada no
quadro. Veja!
Lucro da Coligada
R$
120.000
Participação na coligada 40%
= Total (lucro da coligada x %) R$ 48.000
- Lucro não realizado com o percentual aplicado
(R$ 40.000 x 40%)
(R$
16.000)
= Valor da equivalência R$ 32.000
Quadro 2: Equivalência patrimonial com lucros não realizados em coligadas.
Stephanie Kalynka.
Vamos agora entender como fazer os cálculos se tivermos investimento
em empresas controladas e se houver lucros não realizados.
Caso 2: Lucros não realizados em empresas controladas
Imagine a mesma situação anterior, mas agora com controlada em vez
de coligada.
 Desse modo, o lucro dessa operação entre coligada
foi de R$80.000 (R$200.000 menos R$120.000).
Então, temos que a empresa Y é controlada da empresa X e a empresa X
possui 40% de Y.
A empresa Y, em 20/11/2020, vendeu mercadorias para a empresa X ao
valor de R$ 200.000,00. O custo dessa mercadoria foi de R$ 120.000
para a empresa Y. A empresa X, na apuração do Balanço Patrimonial do
ano de 2020, constatou que permaneciam em seus Estoques 50%
daquelas mercadorias que foram adquiridas da empresa Y.
A empresa Y teve um Lucro Líquido de R$ 120.000,00 no ano de 2020.
Vamos inicialmente encontrar o lucro não realizado.
A Receita de vendas da empresa Y pela venda realizada para a empresa
X foi de R$ 200.000.
Já o custo das mercadorias vendidas da empresa Y para a empresa X
foi de R$ 120.000.
Então, o Lucro dessa operação entre controlada e controladora foi de R$
80.000 (R$ 200.000 menos R$ 120.000).
Logo, o Lucro não realizado foi de 50% de R$ 80.000, que fecha o valor
total de R$ 40.000.
Atenção!
Não devemos aplicar, no caso de empresas controladas, o percentual de
participação sobre o lucro não realizado.
Então, vamos aplicar o percentual apenas sobre o lucro de R$ 120.000 e
depois deduzir todo o lucro não realizado.
Outra maneira para compreendermos o cálculo é apresentada no
quadro. Veja!
Equivalência patrimonial com lucros não realizado em
controladas
Lucro da Controlada
R$
120.000
Participação na coligada 40%
= Total (lucro da controlada x %) R$ 48.000
- Lucro não realizado sem aplicar o percentual
de participação
R$ 40.000
Equivalência patrimonial com lucros não realizado em
controladas
= Valor da equivalência R$ 8.000
Quadro 3: Equivalência patrimonial com lucros não realizado em controladas.
Stephanie Kalynka.
Veja que, nesse caso, a receita de equivalência patrimonial foi de R$
8.000.
Equivalência patrimonial no Brasil
Equivalência patrimonial em empresas
brasileiras
Chegou o momento de identificar as equivalências patrimoniais nos
relatórios contábeis de algumas empresas brasileiras, começando com
a JBS S.A.
A empresa JBS S.A apresenta muitos investimentos em seus relatórios
contábeis que são registrados pelo método de equivalência patrimonial.
Observe!
Participação
percentual
Total de ativos
i. Em controladas:
JBS Embalagens
Metálicas
99,95% 85.409
JBS Confinamento 100% 618.624
Conceria Priante 100% 218.723
JBS Global
Luxembourg (*)
100%
Participação
percentual
Total de ativos
JBS Leather
International
100% 743.095
Brazservice 100% 98.968
Seara Alimentos 100%
Rigamonti 100%
Enersea 100% 855
JBS Mendoza 100%
Midup
Participações
100%
JBS Asset
Management
100% 103.030
JBS Investments II 100% 17.159.938
JBS Investments
Luxembourg
100% 148.324.946
Swift Foods 100% 476
JBS Toledo 100% 207.272
JBS Chile 100% 33.938
ii. Em joint venture:
Meat Snack
Partners
50% 344.453
Tabela 1: Informações sobre os investimentos, em 2020, da JBS S.A.
(*) Em dezembro de 2020, a subsidiária indireta JBS Global Luxembourg foi transferida para JBS
Investments Luxembourg, mediante contribuição de reserva de capital.
Notas explicativas da JBS S.A, 2020, p. 17.
Para entendermos a aplicação dos dados da equivalência patrimonial na
empresa JBS S.A, vamos começar analisando o investimento em Joint
Venture, isto é, o investimento que a empresa tem na Meat Snack
Partners. Veja que a JBS S.A possui 50% de participação percentual
sobre ela. A tabela 1 apresenta, ainda, dados como total de ativos,
capital social, patrimônio líquido + ágio, receita líquida e lucro líquido da
empresa Meat.
Diante dos dados, percebemos que a empresa Meat Snack Partners teve
um lucro líquido de R$100.236.000, logo a empresa JBS S.A, para o
cálculo da equivalência patrimonial, aplicará 50% correspondente à sua
participação, que resultará no valor de R$50.118.000.
Vamos analisar agora mais uma tabela, também com dados retirados
das notas explicativas da empresa.
Saldo em 31.12.19 Adição
Meat Snack
Partners
93.633
JBS Ontario (10) 58.725
Total 93.633 58.725
Tabela 2: Movimentação dos investimentos de 2020 da JBS S.A.
(10) Em 11 de maio de 2020, a subsidiária indireta da Companhia JBS Foods Canada ULC,
adquiriu 100% da participação acionária da Vantage Foods Inc. (após a aquisição denominada
“JBS Ontario”), pelo montante pago em caixa de US$10,4 milhões (equivalente a R$ 60.341 na
data da transação). JBS Ontariofoi reconhecida como uma coligada, pois não atende aos
requisitos de controle, devido a um acordo operacional com um terceiro que possui todos os
direitos de tomada de decisão e exposição à variabilidade nos retornos.
Notas explicativas, JBS S.A, p. 18.
Diante desses dados apresentados na tabela 2, percebe-se que a
empresa JBS S.A tinha em 31/12/2019 um saldo de R$93.633 na conta
investimentos referente à empresa Meat Snack Partners. Veja que foi
registrado em 2020 na JBS S.A um resultado de equivalência
patrimonial de R$50.118.000, que corresponde 50% de R$100.236.000.
Houve ainda uma distribuição de dividendos no valor de R$30.000. Isso
fez com que o valor do investimento que era de R$93.633.000 passasse
a ser R$113.751.000 (R$93.633.000 – R$30.000.000 + R$50.118.000).
Vamos verificar agora as informações sobre os investimentos na
empresa JBS S.A no ano de 2019. Primeiro verifique os dados da tabela.
Observe!
Participação
percentual
Total de ativos
i. Em controladas:
JBS Embalagens
Metálicas
99% 85.306
JBS Confinamento 100% 842.021
Conceria Priante 100% 152.674
JBS Global
Luxembourg
100% 85.748.402
JBS Leather
International
100% 603.522
Brazservice 100% 72.233
Seara Alimentos 100% 26.160.836
Rigamonti 100% 388.136
Enersea 100% 957
JBS Mendoza 100% 19
Midup
Participações
100% 17.298
JBS Asset
Management
100% 86.461
JBS Investments II 100% 11.897.819
JBS Investments
Luxembourg
100% 141
Violet Holdings 100% 249
ii. Em joint venture:
Participação
percentual
Total de ativos
Meat Snack
Partners
50% 265.332
Tabela 3: Informações sobre os investimentos em 2019 da JBS S.A
Notas explicativas, JBS S.A, p. 18.
Vejamos agora o investimento realizado na empresa JBS Embalagens
Metálicas, empresa controlada pela JBS S.A, a qual possui participação
societária de 99%.
Em 2019, a empresa JBS Embalagens Metálicas apresentou um prejuízo
de R$30.379.000. Logo a empresa JBS S.A registrou um resultado do
período de despesa com equivalência patrimonial de R$30.075.000
(99% de R$30.379.000). O valor do investimento na empresa JBS S.A era
de (R$82.197.000) e passou a ser no final do ano de R$112.272.000.
Veja na tabela 4.
Saldo em
31.12.18
Adição
(Baixa)
Variação
cambial
JBS
Embalagens
Metálicas
-82.197
JBS
Confinamento
512.233 40.000
Conceria
Priante
10.026 135.598 -3.545
JBS Holding
GmbH
695.580 -695.611 -29.144
JBS Global
Luxembourg
19.716.731 -4.362.188 1.078.923
JBS Leather
International
-354.264 359.208 -12.129
Brazservice -72.070
Seara
Alimentos
3.728.133
Meat Snack
Partners
84.967 -25.500
Rigamonti 139.236 22.342 3.529
Enersea -481
JBS Mendoza 758 -279
Midup
Participações
17.966
JBS
Milestone
11 -11
JBS Asset
Management
84.170 3.475
JBS
Investments II
GmbH
114 -720
JBS
Investments
Luxembourg
- 145 763
Violet
Holdings
- 247 2
Subtotal 24.480.913 -4.525.770 1.040.875
Provisão para
perda de
investimentos
(*)
509.012
Total 24.989.925
Tabela 4: Movimentação dos investimentos de 2019 da JBS S.A.
Notas explicativas da JBS S.A, 2020, p. 189.
Agora vamos analisar os registros de equivalência patrimonial da
empresa Magazine Luiza. Confira os dados da próxima tabela!
Controladas
Participação
Quotas Ações %
Netshoes 1.514.532.428 100%
Época cosméticos 34.405.475 100%
Magalu Pagamento 2.000.000 100%
Integra Commerce 100 100%
Consórcio Luiza 6.500 100%
Magalog 16.726 100%
Softbox 23.273.616 100%
Kelex 100 100%
Certa 100 100%
Movimentação Saldo inicial AFAC
Netshoes 768.904 141.000
Época cosméticos 58.025 46.000
Magalu Pagamento 1.992 71.000
Movimentação Saldo inicial AFAC
Integra Commerce 2.841
Consórcio Luiza 44.372
Magalog 14.039 92.500
Softbox 43.921 14.219
Kelex 1.009
Certa 470
Total 935.573 364.719
Tabela 5: Movimentação dos investimentos em controladas de 2020 da Magazine Luiza.
Notas explicativas da Magazine Luiza, 2020, p. 44.
Veja que a empresa Netshoes, em 2020, apresentou um prejuízo de
R$195.207.000. Logo, sendo uma controlada integral da Magazine Luiza,
refletiu um resultado negativo de equivalência patrimonial em sua
controlada do mesmo valor.
Agora verifique o investimento na empresa Integra Commerce,
registrado na Magazine Luiza no início de 2020 por R$2.841.000, a qual
detém 100% do capital. A empresa Integra Commerce apresentou um
prejuízo de R$671.000. Assim, a empresa Magazine Luiza registrou
também 100% do prejuízo da sua controlada e o saldo do seu
investimento passou a ser de R$2.170.000.
Por fim, vamos analisar o investimento na empresa Kelex, onde a
Magazine Luiza também detém 100% do capital e apresentou, no início
de 2020, o valor de R$1.009.000.
Durante o período de 2020 a empresa Kelex apresentou lucro de
R$63.000. Então, tendo a empresa 100% do seu capital, registrou 100%
do seu lucro como receita de equivalência patrimonial, em que o saldo
final do seu investimento no balanço patrimonial passou a ser de
R$1.072.000.
Aplicação do método de equivalência
patrimonial
Veja agora como aplicar o método de equivalência patrimonial. Confira!

Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(FDC, 2012) A legislação vigente determina que sejam coligadas as
sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa,
isto é, quando a investidora detém ou exerce o poder de participar
nas decisões das políticas financeiras ou operacionais da investida,
sem, contudo, controlá-la. Essa influência significativa também é
presumida quando a companhia investidora, nas mesmas
condições anteriores, possuir a seguinte porcentagem do capital
votante da investida:
Parabéns! A alternativa C está correta.
A Lei vigente sobre o assunto é a Lei nº 6.404/76, que presume
existir influência significativa quando se tem 20% ou mais do capital
votante, sem controlá-la.
Questão 2
(IBADE, 2019) Empresa com investimentos em coligadas faz o
registro em sua contabilidade da declaração de dividendos feita por
essa investida. A conta que receberá o crédito desse lançamento
será
A 5%
B 10%
C 20% ou mais
D entre 5% e 10%
E entre 10% e 20%
Parabéns! A alternativa A está correta.
O lançamento contábil referente ao registro da declaração de
dividendos é o débito na conta dividendos a receber e o crédito na
conta investimento.
2 - Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os procedimentos contábeis em
provisões, passivos e ativos contingentes.
A investimento.
B receita de dividendos.
C receita financeira.
D dividendos a receber.
E dividendos a pagar.
Provisão
Primeiras palavras
Na contabilidade, muitas são as confusões sobre alguns termos e
contabilizações. E agora que já entendemos como registrar os
investimentos usando o método da equivalência patrimonial, vamos
compreender alguns termos que também podem gerar muitas dúvidas
no dia a dia do profissional contábil. Esses termos são: provisão,
passivo contingente e ativo contingente.
Para não haver mais confusão sobre esses assuntos, vamos agora
entender cada termo e saber como devemos apresentá-los na
contabilidade das empresas.
O que é provisão?
O termo provisão é muito utilizado dentro dos departamentos contábeis
das empresas e significa um passivo de prazo ou de valor incertos.
De acordo com a NBC TG 25, passivo é uma obrigação
presente da entidade, derivada de eventos passados,
cuja liquidação se espera que resulte em saída de
recursos da empresa, capazes de gerar benefícios
econômicos.
Ou seja, provisão representa uma obrigação atual da empresa que foi
constituída no passado e que se espera pagar por ela, no entanto, os
valores e os prazos de pagamento dessa obrigação são incertos.
Como exemplo, vamos lembrar da barragem de rejeitos que se rompeu
na mina Córrego do Feijão, no município de Brumadinho, Minas Gerais.
O rompimento liberou um fluxo de rejeitos, destruindo algumas das
instalações da empresa Vale, afetando as comunidades locais e
causandoimpacto no meio ambiente. A Vale divulgou em suas notas
explicativas que os rejeitos liberados causaram um impacto de cerca de
315km de extensão, atingindo as proximidades do rio Paraopeba.
O rompimento da barragem em Brumadinho resultou ainda em muitas
mortes. Como consequência do rompimento da barragem, a empresa
Vale vem reconhecendo provisões para atender aos compromissos
assumidos, incluindo descaracterização de barragens, indenizações
individuais aos que foram afetados pelo evento, gastos com reparação
das áreas impactadas e compensação à sociedade.
Atenção!
De acordo com a NBC TG 25, uma provisão só deve ser reconhecida
quando:
1. a empresa tem uma obrigação presente, seja ela legal ou não
formalizada, como resultado de evento passado;
2. seja provável que será necessária uma saída de recursos que
incorporam benefícios econômicos para liquidar a obrigação;
3. possa ser feita uma estimativa confiável do valor da obrigação.
E cabe ressaltar que, se essas condições não forem satisfeitas,
nenhuma provisão deve ser reconhecida. Lembrando, ainda, que
reconhecer uma provisão significa lançá-la na contabilidade.
Vamos entender melhor o que significa cada uma das três condições
para se reconhecer uma provisão.
Obrigação presente como resultado de evento passado
Uma obrigação presente como resultado de evento passado significa
que, no passado, a empresa adquiriu uma obrigação que, hoje, é
presente.
Quando não for claro que existe uma obrigação presente, leva-se em
consideração todas as evidências disponíveis e, por meio delas,
presume-se que um evento passado dá origem a uma obrigação
presente quando é mais provável que sim do que não que exista uma
obrigação presente na data do balanço.
Exemplo
Em casos de processos judiciais, pode trazer dúvidas se existe ou não
uma obrigação presente derivada de um evento passado e, nesses
casos, precisamos recorrer à opinião de advogados e peritos.
Lembra do caso de Brumadinho? Os advogados da empresa Vale
apontaram que é provável que a empresa tenha que pagar as
indenizações. As evidências levantadas para determinação do
reconhecimento ou não levará em consideração os seguintes pontos
apresentados pela NBC TG 25. Confira!
Um evento resultado do passado que conduz a uma obrigação presente
é chamado de um evento que cria obrigação. Porém, para ser um evento
que cria obrigação, é necessário que a empresa não tenha qualquer
alternativa realista senão liquidar a obrigação criada. De acordo com a
NBC TG 25, esse é o caso somente:
1. quando a liquidação da obrigação pode ser imposta legalmente.
2. na hipótese de obrigação não formalizada, quando o evento (que
pode ser uma ação da entidade) cria expectativas válidas em
terceiros de que a entidade cumprirá a obrigação.
No caso do rompimento da barragem em Brumadinho, percebe-se a
existência de uma liquidação das obrigações com o município e com as
vítimas e seus familiares.
Provável saída de recursos que incorporam benefícios futuros
Para que um passivo seja reconhecido, é necessário haver não somente
uma obrigação presente, mas também a probabilidade de saída de
recursos que incorporam benefícios econômicos para liquidar essa
obrigação.
Para a NBC TG 25, no entanto, uma saída de recursos é considerada
provável se o evento for mais provável que sim do que não de ocorrer,
isto é, se a probabilidade de que o evento ocorrerá for maior do que a
probabilidade de não acontecer. Quando não for provável que exista
uma obrigação presente, a empresa divulga um passivo contingente, a
menos que a possibilidade de saída de recursos que incorporam
benefícios econômicos seja remota.
Estimativa con�ável
É necessário o uso de estimativas das provisões, sendo isso
especialmente verdadeiro no caso de provisões, que, pela sua natureza,
são mais incertas do que a maior parte de outros elementos do balanço.
Nos casos em que nenhuma estimativa confiável possa ser feita, existe
um passivo que não pode ser reconhecido (NBC TG 25).
Gelbcke et al.(2018) elenca alguns exemplos típicos de provisões:
1. Provisão para garantias de produtos, mercadorias e serviços;
2. Provisão para riscos fiscais, trabalhistas e cíveis;
3. Provisão para reestruturação;
4. Provisão para danos ambientais causados pela entidade;
5. Provisão para compensações ou penalidades por quebra de
contratos;
�. Obrigação por retirada de serviço de ativos de longo prazo;
7. Provisão para benefícios a empregados;
�. Provisão para obrigação de restituição.
O registro contábil de uma provisão, na sua maioria, é
na conta débito de despesa e a crédito no passivo
como provisão para contingência.
Passivo contingente
Quando se fala em provisões e passivos contingentes, vamos sempre
recorrer a três palavras:

Provável

Possível

Remota
Isto é, uma obrigação quando não é certa, pode ser considerada como
provável, possível ou remota.
Se for provável, temos uma provisão e devemos contabilizar e divulgar
em nota explicativa. No entanto, se for uma obrigação possível, vamos
chamar de passivo contingente, e passivos contingentes não se
contabilizam, mas sim se evidenciam em notas explicativas. Já se a
obrigação for remota, não se reconhece e nem se divulga.
Diante desse entendimento, podemos verificar o que aborda a NBC TG
25 sobre o assunto: Segundo a Norma, passivo contingente é:
 Obrigação possível
Uma obrigação possível que resulta de eventos
passados e cuja existência será confirmada apenas
pela ocorrência ou não de um ou mais eventos
futuros incertos não totalmente sob controle da
entidade.
É interessante que seja reforçado que as empresas não devem
reconhecer um passivo contingente, mas sim divulgá-lo em nota
explicativa. Ele só não será divulgado em notas explicativas caso seja
remota a possibilidade de uma saída de recursos que incorporem
benefícios econômicos.
Vamos entender melhor essa explicação, no quadro.
Tipo de obrigação Procedimento contábil
Obrigação presente qwue
provavelmente requer uma saída
de recursos.
Reconhece a provisão e
divulga em nota
explicativa
Obrigação possível ou obrigação
presente que pode requerer, mas
provavelmente não irá requerer,
uma saída de recursos.
Divulga em nota
explicativa
Obrigação possível ou obrigação
presente cuja probabilidade de
uma saída de recursos é remota.
Nenhum procedimento
Quadro 3: Tipos de obrigação e procedimento contábil.
Adaptado de NBC TG25.
Existe um truque que pode nos ajudar a lembrar do que fazer
contabilmente para cada tipo de obrigação. Esse truque está na palavra
PROPOR.
 Obrigação presente
Uma obrigação presente que resulta de eventos
passados, mas que não é reconhecida porque:
(i) não é provável que uma saída de recursos que
incorporam benefícios econômicos seja exigida
para liquidar a obrigação;
(bi) o valor da obrigação não pode ser mensurado
com suficiente confiabilidade.
É só lembrarmos assim: o que vem primeiro tem mais destaque, na
sequência, o destaque vai caindo até chegar no último que não tem
destaque algum. Ficou confuso? Calma!
Vamos imaginar que determinada empresa possui duas ações correndo
contra ela, sendo levantado seus valores estimados e suas
probabilidades de perda dos processos, conforme o quadro.
Processo Valor estimado
Probabilidade d
perda do proces
Ação trabalhista R$ 1.550.000 Provável
Processo ambiental R$ 2.000.000 Possível
Ação fiscal R$ 500.000 Remota
 PRO é de Provável
Quando é a obrigação provável temos a figura da
provisão, ou seja, devemos lançar na contabilidade
e divulgar em nota explicativa.
 PO é de Possível
Quando a obrigação é possível, não devemos
lançar, mas sim divulgar em nota explicativa.
 R é de Remota
Quando a obrigação é remota não devemos fazer
nada, nem reconhecer, nem divulgar.
Quadro 4: Probabilidades de perda de processos.
Stephanie Kalynka.
Diante dos processos apresentados, a empresa precisará registrar na
contabilidade uma provisão para contingência no valor de R$1.550.000
e esse processotambém será evidenciado em notas explicativas.
Já o processo ambiental no valor de R$2.000.000 não será registrado,
no entanto, por ter uma probabilidade de perda possível, será
evidenciado em notas explicativas.
E por fim, quanto à ação fiscal, não será realizado nenhum procedimento
contábil, pois sua possibilidade de perda é remota.
Ativo contingente
Ativo contingente é um ativo possível que resulta de eventos passados e
cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência ou não de um
ou mais eventos futuros incertos não totalmente sob controle da
entidade (NBC TG 25).
No caso de ativo contingente, podemos pensar ao contrário do passivo
contingente, por exemplo, se a empresa tem a possibilidade de receber
por uma ação judicial e não a pagar por uma indenização.
Atenção!
Cabe ressaltar que a empresa não deve reconhecer (lançar) um ativo
contingente. No entanto, quando a realização do ganho é praticamente
certa, então o ativo não é um ativo contingente e o seu reconhecimento
é adequado.
O ativo contingente é divulgado em notas explicativas quando for
provável a entrada de benefícios econômicos.
Os ativos contingentes devem ser avaliados periodicamente para
garantir que os desenvolvimentos sejam apropriadamente refletidos nas
demonstrações contábeis.
Ao avaliar um ativo contingente e constatar que é praticamente certo
que ocorrerá uma entrada de benefícios econômicos, o ativo e o
correspondente ganho são reconhecidos nas demonstrações contábeis
do período em que ocorrer a mudança de estimativa. Se a entrada de
benefícios econômicos se tornar provável, a entidade divulga o ativo
contingente.
Para entender melhor, veja o quadro!
Tipo de entrada
Procedimento
contábil
A entrada de benefícios econômicos
é praticamente certa.
O ativo não é
contigente
A entrada de benefícios econômicos
é provável, mas não praticamente
certa.
Divulga em nota
explicativa
A entrada não é provável.
Nenhum
procedimento
Quadro 5: Tipos de entrada e procedimento contábil.
Adaptado de NBC TG25.
Vamos verificar no quadro 6 um exemplo de provisão, passivo
contingente e ativo contingente da empresa Vale. Todos os itens que
estão apresentados foram apontados nas notas explicativas da
empresa em 2020.
Tipo Fato ocorrido
Provisão No âmbito das indenizações
individuais, a Vale e a Defensoria
Pública do Estado de Minas Gerais
formalizaram, em 5 de abril de 2019,
um termo de compromisso por meio
do qual as pessoas atingidas pelo
rompimento da Barragem de
Brumadinho podem optar por negociar
com a Vale a celebração de acordos
extrajudiciais, individuais ou por grupo
familiar, para estabelecer a
indenização por danos materiais e
morais por eles sofridos. Esse termo
de compromisso estabelece a base
para uma ampla variedade de
Tipo Fato ocorrido
pagamentos de indenização, os quais
foram definidos com base superiores à
jurisprudência dos Tribunais
brasileiros, observando preceitos e
normas da Organização das Nações
Unidas (ONU). O saldo desta provisão
era de R$930 em 31 de dezembro de
2020 (R$2.992 em 31 de dezembro de
2019). Adicionalmente, em 2019, a
Companhia foi notificada da
imposição de multas administrativas
pelo Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA), no montante de
R$250. Em julho de 2020, a
Companhia firmou um acordo com o
IBAMA, no qual R$150 serão aplicados
em projetos ambientais em 7 parques
no Estado de Minas Gerais, cobrindo
uma área de aproximadamente 794 mil
hectares, e R$100 serão destinados a
programas relacionados a saneamento
básico no Estado de Minas Gerais.
Passivo
Contingente
A Companhia é parte em ações civis
públicas movidas por associações
representativas de comunidades
indígenas Kayapó e Xikrin, do Estado
do Pará, que buscam a suspensão das
licenças ambientais dos
empreendimentos de Onça Puma
(níquel), Salobo (cobre) e S11D
(minério de ferro). As associações
alegam, entre outros aspectos, que
não foram conduzidos estudos
apropriados sobre as comunidades
indígenas próximas destas operações
durante o processo de licenciamento
ambiental, os quais foram
regularmente processados e
aprovados pelos órgãos licenciadores
competentes e gozam de presunção
legal de legitimidade. A Companhia
entende que a probabilidade de perda
Tipo Fato ocorrido
nestas ações é possível, contudo, o
montante de eventuais perdas
resultantes da possível paralisação
destas operações ou ações
compensatórias para impedir a
suspensão destas licenças ambientais
não podem ser estimadas com
confiabilidade.
Ativo Contingente
Em 2015, a Companhia ingressou com
Execução da Sentença referente à
decisão transitada em julgado que
reconheceu parcialmente o seu direito
de receber as diferenças de correção
monetária e juros de empréstimo
compulsório, relativamente à terceira
conversão de ações da Eletrobrás, no
período entre 1987 e 1993. Em
novembro de 2019, a Companhia
requereu o pagamento do valor
reconhecido pela Eletrobrás como
devido, o que foi deferido pelo juízo.
Em agosto de 2020, a Companhia
recebeu R$301, e o valor
remanescente ainda está em
avaliação. Portanto, o ativo
contingente do montante em
discussão não foi reconhecido nas
demonstrações financeiras da
Companhia.
Quadro 6: Provisão, passivo contingente e ativo contingente da empresa Vale.
Notas explicativas, 2020, Vale.
Provisões, passivos e ativos
contingentes

Veja agora os procedimentos contábeis a serem adotados para as
provisões, os passivos e os ativos contingentes. Vamos lá!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(VUNESP, 2016) Fatos ocorridos que surgem normalmente de
evento não planejado ou de outros não esperados, que dão origem
à possibilidade de entrada de benefícios econômicos para uma
entidade, são considerados
Parabéns! A alternativa E está correta.
Os ativos contingentes surgem de eventos não planejados, ou de
outros que não se espera, e dão a possibilidade de entrada de
recurso para a empresa.
Questão 2
A passivos contingentes.
B outras contas a receber.
C receitas extraordinárias.
D variações patrimoniais.
E ativos contingentes.
(VUNESP, 2020) Uma obrigação possível, que resulta de eventos
passados, e cuja existência será confirmada apenas pela ocorrência
ou não de um ou mais eventos futuros incertos, não totalmente sob
controle da entidade, é considerada conforme norma brasileira de
contabilidade como
Parabéns! A alternativa A está correta.
O passivo contingente representa uma obrigação possível, que
resulta de eventos passados, e cuja existência será confirmada
apenas pela ocorrência ou não de um ou mais eventos futuros
incertos, não totalmente sob controle da entidade.
Considerações �nais
Como vimos, as empresas que possuem investimentos em coligadas,
controladas e empreendimento controlado em conjunto precisam
registrá-los pelo método de equivalência patrimonial. Significa que
nessas situações, as empresas precisam considerar em seus
investimentos os percentuais correspondentes a suas aplicações sobre
o resultado do período da investida. Mesmo que a empresa obtenha
prejuízo, verificamos que é necessário, inclusive, registrar a despesa
referente à equivalência patrimonial na empresa investida.
A passivo contingente.
B provisão.
C contas a pagar.
D passivo oneroso.
E passivo oculto.
Vimos ainda conceitos e procedimentos contábeis a serem adotados
em caso de contingências. Verificamos que, quando as empresas
possuem situação em que a probabilidade de perda de processos seja
provável, é necessário o reconhecimento contábil em provisão para
contingência e a evidenciação em notas explicativas. Porém, se a perda
for possível, é necessário apenas a evidenciação em notas explicativas
e, sendo remota a probabilidade, não se deve adotar nenhum
procedimento contábil. Já nas situações em que a probabilidade de
ganho de alguma contingência for provável, deve-se evidenciar em nota
explicativaum ativo contingente.
Podcast
Para encerrar, acompanhe os procedimentos necessários para as
provisões, os passivos e os ativos contingentes. Ouça!

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brasileiras.
Assista aos seguintes vídeos do canal Profª Camila Sa, no YouTube:
Equivalência Patrimonial
CPC 25 - Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes
Referências
B3. A Bolsa do Brasil. Consultado na internet em: 27 de jan. 2022.
BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as
Sociedades por Ações. Brasília, 1976.
GELBCKE, E. R. et al. Manual de contabilidade societária: aplicável a
todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC.
2. ed. São Paulo: Atlas, 2018.
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABLIDADE. NBC. NBC TG 18 (R3) –
Investimento em coligada, em controlada e em empreendimento
controlado em conjunto. Brasília, 2017.
NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABLIDADE. NBC. NBC TG 25 (R2) –
Provisões, Passivos Contingentes e Ativos Contingentes. Brasília, 2017.
SUAVE, R. et al. Divulgação de Passivos Contingentes nas empresas
mais líquidas da BM&FBOVESPA. Revista da UNIFEBE, v. 1 n. 11, 2013.
ALGUÉM pediu sua empresa em joint venture? O que analisar antes do
‘sim’. Endeavor Brasil, out. 2016.
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