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questionário av1- DIAGNÓSTICO- aula 5

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QUESTIONÁRIO PARA AV1- DIAGNÓSTICO EM ODONTOLOGIA
Assunto: Infecções Bacterianas e Fúngicas 
1- O que é e qual é a causa da Actinomicose?
É uma infecção BACTERIANA que afeta geralmente a região cérvicofacial, ela pode ser aguda (progressão rápida) ou crônica (disseminação lenta) e é causada pelo Actinomyces israelli e pelo Actinomyces viscosus (microrganismos que fazem parte da microbiota oral normal). Essas bactérias colonizam criptas amigdalianas, biofilme e cálculo, dentina cariada, sequestros ósseos, sialolitos, sulco gengival e bolsas periodontais. O microrganismo penetra e prolifera no tecido através de uma área de trauma prévio, como uma lesão de tecido mole, bolsa periodontal, dente desvitalizado, alvéolo dentinário pós exodontia ou infecção amigdaliana.
2- Quais são as características clínicas da Actinomicose?
Aumento de volume endurecido com aspecto “lenhoso” nas regiões submandibular, submentoniana e geniana, com o passar do tempo o centro desse aumento de volume tende a amolecer e acontece a drenagem de exsudato, uma característica muito importante na secreção são os chamados grânulos de enxofre (partículas amareladas). O paciente não sente dor.
3- Quais são as características Histopatológicas da Actinomicose?
Vemos colônia bacteriana, células fazendo fagocitose.
4- Como diagnosticar e como tratar a Actinomicose?
O diagnóstico é feito através de cultura ou biopsia e exame histopatológico. Num quadro agudo, faz-se a remoção do tecido infectado (drenagem, excisão da fístula) e passa um antibiótico para o paciente (penicilina ou tetraciclina para pacientes alérgicos) - uso de 2 a 3 semanas. Num quadro crônico é feito o mesmo procedimento, porém o uso do antibiótico é em doses altas e por tempo prolongado. 
5- O que é e qual é a causa da Tuberculose?
É uma infecção bacteriana crônica granulamatosa. causada por Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch), transmitida por gotículas respiratórias, saliva. 
6- A tuberculose pode ser primária ou secundária. Qual é a diferença entre as duas formas?
Na tuberculose primária há o contato com o bacilo (primeiro contato), porém não há manifestação de sintoma. O microrganismo vai para o pulmão, os focos infectados formam granulomas que podem cicatrizar por fibrose e calcificação, entram em período de latência e não é transmissível. Na tuberculose secundária há manifestação de sintomas (tosse produtiva com dor torácica e hemoptise, febre vespertina, sudorese noturna, perda de peso, mal-estar, prostração). Acomete de 5 a 10% de pacientes, geralmente associada à imunossupressão e aumento da idade. É transmissível.
7- Quais são as características radiográficas da Tuberculose?
Na radiografia vemos nódulos pulmonares (áreas mais radiopacas)
8- Quais são as manifestações orais da Tuberculose?
Pode começar com um nódulo, um aumento de volume que vai ulcerar, dando origem a úlcera assintomática preferencialmente na língua, mas pode ocorrer também no palato e nos lábios. Também pode haver manifestação de áreas leucoplásicas firmes (lesões brancas) - são lesões secundárias raras, porque primeiro o paciente tem lesão pulmonar, depois pode desenvolver lesão em boca e nem sempre desenvolvem.
9- Como é feito o diagnóstico da Tuberculose?
O diagnóstico pode ser feito de algumas maneiras, através do teste tuberculíneo cutâneo- PPD (derivado proteico purificado), nesse teste o médico injeta o antígeno (tuberculina) no paciente, que fica em observação por 48h, quando o paciente já teve a tuberculose, vai haver uma reação antígeno-anticorpo. O PPD é muito inespecífico e por isso não dá para distinguir se a infecção está ativa ou se o paciente já teve o problema. O resultado negativo não exclui a possibilidade de TB secundária. O método de escolha é o método zieh Neelsen- exame do escarro, através de uma técnica de coloração de bactérias que mostra a doença ativa, aparece o bacilo de Koch (imagem roxa). Pode ser diagnosticada também através de cultura, mas por ser demorada, quase não é feita ou quando há lesões visíveis podemos fazer biópsia para acelerar o processo.
10- Quais são as características histopatológicas da tuberculose?
Formação de granuloma, necrose caseosa, células epitelióides junto com macrófagos.
11- Qual é o tratamento da Tuberculose?
A prevenção é o tratamento ideal- vacina BCG. Quando o paciente já está infectado, uso de antibióticos e terapia com múltiplos antimicrobianos.
12- O que é e qual é a causa da Sífilis?
 É uma infecção bacteriana causada pelo treponema pallidum. Pode ser adquirida- transmitida através do contato sexual ou via hematogênica- através do sangue ou produtos sanguíneos- agulhas contaminadas. Pode ser congênita- transmitida da mãe para o filho em qualquer fase da gestação ou no parto e pela amamentação.
13- Quais são os estágios da Sífilis Adquirida?
Sífilis primária, secundária ou terciária
14- Quais são as características da Sífilis Primária?
De 3 a 90 dias após o contato com a bactéria o paciente desenvolve uma pápula que evolui para um cancro (uma úlcera única de base clara e bordas elevadas) que se não for tratada cicatriza de 3 a 8 semanas. Essa lesão é mais comum na região anus-genital e na região oral pode aparecer nos lábios, língua, gengiva, palato e amigdalas. O paciente não sente dor, ele apresenta também linfadenopatia cervical uni ou bilateral. É transmissível, independente de ter a lesão ou não.
15- Quais são as características da Sífilis Secundária?
Não tratando a Sífilis primária ela evolui para o estágio secundário. A sífilis secundária pode ser chamada de Sífilis disseminada (porque agora são várias lesões) ou pode ser chamada também de Sífilis de placas mucosas (porque a manifestação secundária dela em boca são múltiplas placas mucosas, branco-acinzentadas, indolor, de aspecto cremoso, que podem se tornar destacáveis). Essas placas mucosas aparecem na língua, mucosa jugal, palato e tonsilas. De 4 a 10 semanas da infecção inicial, então o paciente pode ter a Sífilis primária e secundária ao mesmo tempo. Outras manifestações da Sífilis secundária: Roséola sifilítica (erupção cutânea rosada, indolor, difusa, amplamente disseminada pelo corpo- muito comum nas pernas, pode afetar a área palmo plantar). Condiloma lata é uma manifestação secundária que é semelhante ao Condiloma acuminado, mais frequente em região anus-genital. No período de 3 a 12 semanas as placas manifestações da sífilis secundária tendem a desaparecer e se inicia o período de latência. 
16- Como é o período de latência da Sífilis?
É a fase que ocorre após a sífilis secundária, sem lesões ou sintomas e tem duração de 30/40 anos. Um dos grandes problemas da fase de latência é a mulher grávida, que não sabe que tem sífilis e não faz o acompanhamento para tentar fazer com que não tenha a transmissão para o feto, então a criança nasce com a Sífilis Congênita. 
Apenas 30% dos pacientes evoluem da fase de latência para a sífilis terciária. 
17- Quais são as características da Sífilis Terciária (Lues)?
É mais rara e não é contagiosa, é uma consequência, uma sequela da sífilis primária e secundária. O paciente pode ter comprometimento no sistema nervoso central e no sistema cardiovascular, podendo evoluir para demência. A lesão característica da sífilis terciária é a Goma (focos dispersos de inflamações granulomatosas em pele, ossos e outros órgãos), essa lesão quando em boca, geralmente acomete o palato (ulceração com perfuração). Outra característica é a glossite luética (atrofia das papilas da língua- a língua fica lisa e vermelha).
18- Como é transmitida a Sífilis Congênita? 
É transmitida de forma materno-fetal. Se a mãe tiver acompanhamento durante a gestação há a possibilidade de a criança não ter a doença ou caso tenha fazer o tratamento precoce.
19- Quais são as características da Sífilis Congênita?
A criança geralmente começa a ter a manifestação da doença de duas a três semanas após o nascimento, ela apresenta quadros estranhos para uma criança recém-nascida, como retardo no crescimento, icterícia (pele amarela), está semprecom febre, anemia. A criança pode não ser diagnosticada no início, de forma precoce e logo evolui para a Sífilis Terciária, que ela vai ter diversas alterações, como defeitos nos ossos, dentes, olhos, orelhas e cérebro.
20- Qual é o diagnóstico patognomônico da Sífilis Congênita?
São as características específicas da doença, Todas as crianças com Sífilis têm a Tríade de Hutchinson (1- Dentes de Hutchinson- incisivos em chave de fenda ou molares em amora. 2- Ceratite ocular intersticial- produz ceratina nos olhos, gerando cegueira. 3- Surdez).
21- Como é feito o diagnóstico da Sífilis primária?
A Sífilis primária não é diagnosticada através de exame de sangue porque não deu tempo de criar anticorpos para ter reação do exame, então o diagnóstico é feito através do exame de campo escuro de um esfregaço de exsudato de uma lesão ativa, que é a impregnação por prata para achar o treponema.
22- Como é feito o diagnóstico da Sífilis Secundária e Terciária?
Através de exames sorológicos (exames de sangue). São dois tipos de teste: O VDRL (pesquisa laboratorial de doenças venéreas) e o FTA-ABS (absorção de anticorpos treponêmicos fluorescentes).
23- Quais são as vantagens e desvantagens do VDRL?
É um exame que tem baixa especificidade e baixa sensibilidade. Dependendo do período que for feito o exame pode dar negativo (quando o exame é feito antes de 3 semanas de infecção) e se for feito no período de latência não vai acusar. Depois de 3 semanas de infecção acusa a sífilis. Para pacientes em tratamento é o exame indicado. 
24- Quais são as vantagens e desvantagens do FTA-ABS?
É um exame que tem alta sensibilidade e especificidade. Torna-se positivo durante o desenvolvimento das primeiras lesões e continua por toda a vida. Para controle de tratamento não é um exame útil, porque o paciente pode já estar curado e o exame vai acusar que ele ainda tem a doença ativa. Para pacientes gestantes é o exame ideal.
25- Qual é o tratamento indicado para a Sífilis?
O tratamento é feito com antibioticoterapia- penicilina benzatina (benzetacil). O tratamento depende do estágio da doença, se o paciente aparece com cancro, geralmente faz-se 1 aplicação de bezentacil. Já na fase secundária o protocolo é maior, faz-se aplicação semanal da bezentacil por pelo menos 4 semanas.
26- O que é e qual é a causa da Candidíase?
É a infecção mais comum nos seres humanos, é uma infecção fúngica causada pela Cândida Albicans (Fungo comum na microbiota oral, dimórfico- pode se apresentar em forma de levedura e hifa). Quase “todo mundo” tem candidíase, principalmente idosos (por causa do uso de prótese dentária e devido a imunossupressão) 
27- Quais são os tipos de candidíase?
Candidíase Pseudomembranosa, Candidíase Hiperplásica Crônica, Candidíase eritematosa (Candidíase Atrófica Aguda, Candidíase Atrófica Crônica), Candidíase Romboidal Mediana, Queilite Angular, Candidíase Crônica Multifocal.
28- Quais são as características da Candidíase Pseudomembranosa?
Também conhecida como sapinho, é caracterizada pela presença de placas brancas aderentes que se parecem com queijo cottage, essas placas são removíveis a raspagem e são assintomáticas. A mucosa subjacente é normal ou vermelha. O paciente tem o hálito fétido e relata que sente gosto amargo na boca.
29- Quais são as características da Candidíase Hiperplásica Crônica?
É a menos comum, caracterizada pela presença de placa branca não removível a raspagem e assintomática, é idiopática (não tem um fator etiológico associado), entra no diagnóstico diferencial de leucoplasia. Faz-se o uso de antifúngico para excluir outras lesões (Nistatina- antifúngico tópico) 4x ao dia por 21 dias.
30- Quais são as características da Candidíase eritematosa?
A candidíase eritematosa não apresenta áreas brancas e sim vermelhas, pode ser Candidíase atrófica aguda (apresenta área vermelha no dorso da língua- língua fica lisa, despapilada, alguns pacientes sentem ardência, queimação. Geralmente- associada ao uso de antibioticoterapia) ou Candidíase atrófica crônica (clinicamente vemos também uma área extremamente vermelha assintomática, geralmente associada ao uso de prótese e o sítio mais acometido é a mucosa chapeável- área onde há o contato com a prótese). Nem sempre existe cândida na mucosa e sim na prótese devido a má higienização. O tratamento é com antifúngico tópico, troca de prótese, instrução de higiene oral e orientar o paciente a dormir sem a prótese.
31- Quais são as características da Candidíase Romboidal Mediana?
É um tipo de candidíase vermelha que acomete a linha média da região posterior do dorso lingual, é caracterizada por uma área vermelha assintomática (área de atrofia de papila central), ela pode ser idiopática ou estar associada a imunossupressão.
32- Quais são as características da Queilite Angular?
A Queilite Angular é caracterizada por áreas vermelhas, fissuras, descamações, úlceras localizadas em comissura labial (canto da boca). Muito associada a pacientes com perda de dimensão vertical- aquele paciente que perdeu os dentes e não repôs a prótese ou que tem uma prótese muito antiga e perdeu a altura do nariz para o mento, então começa a acumular saliva e desenvolve o fungo, Queilite Angular.
33- Quais são as características da Candidíase Crônica Multifocal?
Conhecida como lesão beijada, porque geralmente o paciente tem a lesão em palato e língua (por causa do contato), há áreas brancas e vermelhas, a área branca pode ser ou não destacável. Pode ser idiopática ou associada a imunossupressão
34- Como diagnosticar a Candidíase?
Basicamente através de exame clínico, mas quando necessário é feita a Citopatologia (geralmente em hospitais universitários), teste terapêutico ou exame de cultura (raramente efeito).
35- Como tratar a Candidíase?
Em pacientes sistemicamente saudáveis faz-se uso de antifúngico tópico (Nistatina). Em pacientes imunologicamente comprometidos em estado grave (com AIDS, com câncer, pacientes que estão há muito tempo internados com diversos tipos de infecção), geralmente não respondem ao uso da Nistatina, então faz-se uso de Anfotericina B.
36- O que é Paracoccidioidomicose?
É uma infecção fúngica profunda, conhecida também como Blastomicose sul-americana (porque é comum na América do Sul), mas também podemos ver na América Central, causada pelo Paracoccioides brasiliensis, mais comum em homens de meia-idade que trabalham em área rural, a disseminação ocorre através do solo, não há contágio interpessoal. Clinicamente vemos ulcerações moriformes, áreas vermelhas e esbranquiçadas, que afetam na maioria das vezes a mucosa alveolar, gengiva e palato. Histopatologicamente vemos células gigantes, hiperplasia pseudocarcinomatosa e quando é feita uma coloração especial (que é o Grocott-Gomori) vemos os microrganismos em forma de orelhas do Mickey e Mouse ou a um leme de marinheiro.
37- Como é feito o diagnóstico da Paracoccidioidomicose?
Através de exame histopatológico.
38- Como é feito o tratamento da Paracoccidioidomicose?
O tratamento é feito com antifúngicos sistêmicos, por se tratar de uma infecção profunda. O paciente tem que deglutir o medicamento. Nosso medicamento de escolha é o Itraconazol, existem outros como o Cetoconazol, mas o Cetoconazol tem muitos efeitos colaterais e por isso não é muito receitado. Já nos casos mais graves optamos pela Anfotericina B.

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