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Processos Bioquímicos Industriais Tópicos para pesquisa sobre etanol (Atividade 1) Integrantes do Grupo: Binghuai Chen (10685719), Diego Faria Sanches (10781943), Marcos Campos Mancebo (10828482), Tiago de Carvalho e Silva Boncompagno (10781901) 1) Partindo-se do álcool retificado, como pode ser produzido o álcool anidro? O álcool hidratado pode passar por um dos três processos de desidratação que são: azeotrópica, extrativa e adsorção. Na destilação azeotrópica é utilizado o ciclohexano, gerando uma mistura ternária (azeótropo) com o álcool e a água de menor ponto de ebulição que retém a molécula de água. O menor ponto de ebulição da mistura, comparado ao ponto de ebulição do álcool, faz com que a água seja retirada no topo da coluna C, coluna de desidratação (Figura 1). Durante o processo, a mistura ternária etanol-água-desidratante formada na coluna C segue para o resfriamento nos condensadores H e H1, retornando ao decantador para formar uma mistura líquida bifásica. Essa é composta de uma fase leve com maior concentração de desidratante e outra fase rica em água. Essa mistura bifásica é separada no decantador, sendo a fase orgânica reciclada à coluna C, enquanto a fase aquosa é enviada para a coluna P, onde ocorre a recuperação do ciclohexano, o qual retorna para o processo de destilação. O álcool anidro, com um teor alcoólico em torno de 99,3% p/p, é retirado na base da coluna C, onde é condensado e armazenado. (NUNES; FINZER; 2019; SANTOS, 2021) Figura 1 - Configuração industrial de destilação do etanol por destilação azeotrópica com ciclohexano. Fonte: NUNES; FINZER, 2019. Na destilação extrativa é utilizado uma coluna de desidratação, onde são adicionadas substâncias que aprisionam a água na parte superior da coluna, possibilitando a separação da água com o etanol na destilação. O monoetilenoglicol (MEG) é a substância mais utilizada nesse procedimento e, inversamente ao processo do ciclohexano, absorve e arrasta a água para o fundo da coluna e os vapores de álcool anidro saem pelo topo da coluna (Figura 2). A mistura contendo água, MEG e uma pequena quantidade de álcool é enviada para uma coluna de recuperação do MEG, o qual retorna ao processo de desidratação. (NUNES; FINZER; 2019) Figura 2: Desidratação do etanol por destilação extrativa com monoetilenoglicol. Fonte: NUNES; FINZER, 2019. As peneiras moleculares são estruturas sintéticas, porosas e cristalinas de grande área superficial, denominadas zeólitas. Apresentam um alto custo de implantação, mas possuem elevada capacidade de adsorção seletiva, pois, de forma geral, o processo de obtenção de etanol anidro por zeólitos ocorre em função do tamanho das moléculas de água e etanol. Esse equipamento é construído de forma a reter a água à medida que o etanol passa. Nesse método, a água é adsorvida seletivamente pelo material zeólito, enquanto o álcool anidro é obtido ao permear. Por causa dessa seletividade, há um menor custo operacional e o etanol anidro retirado nesse processo é de alta qualidade, uma vez que não apresenta riscos de contaminação por outra substância química, podendo atender mercados mais exigentes por exportação. Em razão da contínua retenção de água no reator de zeólitos, o mesmo deve ser desidratado ou regenerado para possibilitar o reuso. Nesse caso, ao menos dois leitos de zeólitos (Figura 3) devem ser mantidos em operação, um na fase de adsorção e outro na fase de regeneração. (SANTOS, 2021) Figura 3 - Configuração de desidratação do etanol por peneiras moleculares. Fonte: NUNES; FINZER, 2019. 2) Busque e apresente dados atuais sobre: produção de cana-de-açúcar, açúcar e álcool no Brasil; produção de álcool nos EUA. O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e, na safra 2020/21, foi responsável pela produção de 654,5 milhões de toneladas destinados à produção de 41,2 milhões de toneladas de açúcar e 29,7 bilhões de litros de etanol. Na safra 2020/21, a produção mundial de açúcar foi de 179,9 milhões de toneladas, e a produção brasileira representou 22% do total produzido; para a safra 2021/22, estima-se a produção de 186 milhões de toneladas. O cenário favorável dos preços do açúcar no mercado internacional, a menor produção do adoçante nos principais produtores mundiais, além da pandemia, foram fatores que contribuíram para o aumento da demanda externa em 2020. O país foi responsável pela exportação de 30,7 milhões de toneladas de açúcar, quantidade 1,1 vez superior ao exportado em 2019. Com a redução do número de deslocamentos de pessoas, foram comercializados na Federação 19,25 bilhão de litros, e 10,13 bilhão de litros no Estado de São Paulo. Em 2020, o país exportou 2,69 bilhões de litros de etanol para os seguintes destinos: Estados Unidos, Coreia do Sul, Países Baixos (Holanda), Japão e Nigéria. Nos Estados Unidos, a produção média de etanol aumentou 5,62% para 1,071 milhão de barris por dia na semana encerrada em 27 de maio, ante 1,014 milhão de barris registrados na semana anterior. Já os estoques de biocombustível reduziram 2,95%, para 23 milhões de barris. Os números foram divulgados em junho de 2022 pela Administração de Energia do país (EIA) 3) Busque e apresente dados sobre: composição da cana-de-açúcar, período da safra da cana-de-açúcar no Brasil, curvas de maturação A composição da cana-de-açúcar varia conforme: variedade, época do ano(colheita), tipo de colheita, queima (frio/quente), carregamento/transporte, condição edafoclimática e entre outros fatores. Mas de maneira geral, pode-se colocar a composição da cana da seguinte forma: 74,5% de água, 25% de matéria orgânica e 0,5% em matéria mineral. Do ponto de vista industrial, pode-se preparar de dois tipos diferentes, sendo eles “fibra” e “caldo”. A fibra seria todo material insolúvel em água, como a lignina, celulose e hemicelulose. O teor da fibra varia de 18% a 30%. O caldo é composto por água e de todos os solúveis(açúcares, cinzas, materiais nitrogenados e outros). O teor do caldo varia de 70% a 80% de água e de sólidos solúveis. O período da safra da cana-de-açúcar no Brasil varia conforme as regiões sendo: - Na região do Centro-Sul: a safra tem início nos meses de abril/maio e tem término em novembro/dezembro; - Na região do Nordeste: a safra tem início nos meses agosto/setembro e vai até março/abril. A determinação do estado de maturação é importante dentre as operações preliminares de fabricação. No decorrer do seu ciclo, a cana atravessa dois estágios distintos com relação ao teor de sacarose. 1º: intenso crescimento vegetativo acompanhado por uma gradual formação de sacarose; 2º: acúmulo de sacarose, motivado pela escassez dos principais fatores de desenvolvimento vegetativo. Figura 4 - Curvas de maturação Fonte: Prof. Antonio Sampaio Baptista, 2016. 4) Quais as formas de colheita de cana-de-açúcar no Brasil? Apresente algumas particularidades de cada caso. No Brasil, existem 3 formas de colheita de cana-de-açúcar, sendo elas: - Sistema manual; - Sistema semimecanizado; - Sistema mecanizado. Cada um das 3 formas de colheita possuem suas particularidades. O sistema manual por exemplo há queima da cana para aumentar a eficiência do processo, no entanto ocorre a emissão de dióxido de carbono e de outros gases, que potencializam o efeito estufa na atmosfera terrestre, além da difusão de fuligens que incomodam os moradores da região canavieira. O sistema semimecanizado tem o corte feito de forma manual, porém o recolhimento da cana é feita de maneira mecanizada, utilizando máquinas para fazer este recolhimento e colocar dentro dos caminhões. Já o sistema mecanizado tem o corte, recolhimento e carregamento da cana-de-açúcar feito através de máquinas controladas por operadores especializados. Esse sistema é o mais utilizado atualmente devido sua alta eficiência, menos gastos com mão de obra e maior produtividade nas plantações.(Silva & Silva, 2012) 5) Descreva o processo de fabricação do açúcar, da chegadada cana na indústria até o açúcar não refinado. Procure detalhes de cada etapa. Para a produção de açúcar, da chegada da cana na indústria até o açúcar não refinada, as etapas industriais são: ● lavagem da cana; ● preparo para moagem ou difusão; ● extração do caldo: moagem ou difusão; ● purificação do caldo: peneiragem e clarificação; ● concentração do caldo; ● cozimento; Lavagem da cana O processamento da cana de açúcar inicia-se na lavagem da mesma, com o principal objetivo de remover a terra e os detritos vindos da colheita. A operação é realizada em uma mesa alimentadora através de chuveiros verticais de água limpa ou reciclada. Antes de ser reciclada, a água de lavagem é decantada e em seguida tratada com cal até pH 7,0 (após a lavagem da cana, o pH da água decresce para níveis próximos de 4,0). Para aumentar a eficiência de decantação, a água deve passar antes por um sistema de peneiramento. A lavagem pode ser a frio ou a quente. No caso de lavagem à quente é utilizada água dos condensadores. A adição de água sob pressão aumenta a eficiência de lavagem. O consumo mínimo de água é de aproximadamente 5 m3 por tonelada de cana processada por hora (TCH). Em algumas usinas este consumo é da ordem de 10 a 15 m3 / TCH. São procedimentos comuns numa usina: ● Renovar parte da água constantemente (parte limpa e parte reciclada) ● Usar bactericidas nas águas de reciclo (bactericidas à base de compostos voláteis como organosulfurosos e quaternário de amônio) Preparo da cana para moagem Os objetivos desta etapa são: aumentar a capacidade das moendas através do aumento da densidade das massas de alimentação (menores tamanho de cana) e romper a estrutura da cana, facilitando a extração do caldo e moagem. Para a realização dessa etapa, é essencial a utilização dos seguintes equipamentos: picador e desfibrador. As vantagens da etapa de preparo da cana no desempenho do processo são: ● Aumento do rendimento da usina ● Regularidade de alimentação das moendas ● Redução do consumo de energia ● Homogeneização do teor de fibras nas canas ● Redução do desgaste e quebra de moendas. Equipamentos ● Picador: são geralmente usados picadores de facas do tipo niveladoras e cortadoras ● Niveladoras: regularizar e uniformizar a carga de cana descarregada no condutor principal ● Cortadoras: reduz a massa heterogênea de cana em massa uniforme e homogênea. ● Desfibrador: consta de um carter cilindro em fundição provido em seu interior de um rotor com série de martelos oscilantes que trabalham sobre barras desintegradoras. A cana picada é alimentada no equipamento pela parte superior e é descarregada triturada pela parte inferior. O desintegrador corresponde a mais um terno da moenda. Moagem da cana Após o preparo, a cana é esmagada em moendas para a remoção do caldo. Entende-se por moenda todo o conjunto de 3, 6, 9 ou 12 rolos ou cilindros agrupados na unidade de moagem de funcionamento simultâneo, geralmente, precedido de mais de dois rolos cilindros especiais e denominado de esmagadores, mais destinados a reduzir a cana a pedaços do que propriamente a espremê-la. Em termos gerais, a extração do caldo aumenta percentualmente com o número de ternos ou de cilindros ou rolos pelos quais passam a cana e o bagaço. Os cilindros são providos de ranhuras ou frisos, que tem a finalidade de aumentar a superfície útil de contato com o bagaço. Para aumentar o rendimento industrial, é adicionada água no bagaço, por meio de pulverizadores dispostos entre os diversos jogos de moenda. Este procedimento de embebição ou diluição pode ser aplicado apenas em um dos pontos das esteiras entre os ternos das moendas (embebição simples) ou pode ser aplicado em dois ou três pontos (embebição composta), conforme mostrado na Figura 5. Na embebição composta é adicionado água ou caldo diluído às moendas. Figura 5 - Sistema de Moagem com Embebição Composta Fonte: CASTRO, 2013. A quantidade de água de embebição é função de: ● Capacidade de evaporação, deve-se tomar cuidado para não reduzir demais o Brix ● Teor de fibra da cana (maior teor de fibra maior quantidade de água) ● Riqueza da cana: maior concentração de sacarose maior embebição ● Balanço de custo X benefício: preço do açúcar extraído X custo da extração A qualidade da água de embebição é outro fator importante, sendo consideradas inadequadas, águas de condensação e águas ácidas, alcalinas, sujas ou poluídas. Geralmente são utilizadas águas das caixas de evaporação e águas dos rios ou reservatórios. Água quente provoca melhor difusão e produz um bagaço mais seco. A capacidade de uma instalação de moagem é dada pelo número de toneladas de cana moída por hora ou por dia. E depende de numerosos fatores, tais como do número de cilindros e das dimensões destes, de sua velocidade, das aberturas de entrada e saída da cana, da força da máquina ou dos motores empregados. Extração na faixa de 95% pode ser obtida pelo emprego de uma unidade de moagem composta por 4 ternos de moendas e 1 esmagador. O bagaço resultante da extração do caldo do último terno da moenda é utilizado como combustível para as caldeiras. Purificação do caldo O caldo de cana bruto é um líquido viscoso que contém substâncias dissolvidas, material em suspensão e pH em torno de 5,3. Para remover as impurezas grossas, o caldo é inicialmente peneirado, e em seguida tratado com agentes químicos, para coagular parte da matéria coloidal (ceras, graxas, proteínas, gomas, pectinas, corantes), precipitar certas impurezas (silicatos, sulfatos, ácidos orgânicos, Ca, Mg, K, Na) e modificar o pH. A definição do processo de purificação depende basicamente do tipo de açúcar a ser fabricado. Entre os agentes químicos empregados nesta etapa, podem ser destacados: ● Cal (agente básico em todos processos de clarificação) ● SO2 ● CO2 ● MgO (pode ser usado em substituição a cal) ● Auxiliares: fosfatos (mín.150 ppm), bentonita, polieletrólitos Esses agentes químicos sob efeito da temperatura provocam a formação de precipitados que promovem a remoção das impurezas sem afetar o teor de sacarose. As consequências do emprego de caldo tratado de forma deficiente são: problemas de incrustação na etapa de evaporação e formação de cristais de sacarose impuros. Os agentes químicos normalmente empregados nas usinas nesta etapa são: sulfito (sulfitação) e leite de cal (caleação). É comum adicionar-se um pouco de H3PO4, pois os caldos que contém baixo teor de fosfato (teor normal deve estar situado entre 70 a 400 ppm), não são clarificados adequadamente. Baixos teores de fósforo acarretam: caldos escuros, pequeno volume de borras, baixa remoção de cálcio, clarificação dificultada e borras não compactas. A caleação consiste na adição ao caldo, de leite de cal em forma contínua ou intermitente até pH 7,2 a 8,2. Pelo tratamento do caldo com leite de cal, resulta a formação de substâncias insolúveis e floculação. Figura 6 - Purificação do Caldo Bruto Fonte: CASTRO, 2013. Após a adição do leite de cal, a mistura é aquecida com vapor d'água a alta pressão e as impurezas contidas no caldo formam uma borra que é separada do caldo, através de decantadores. A velocidade de sedimentação das impurezas depende do tamanho e forma das partículas, densidade e viscosidade do caldo. É importante salientar que a filtração do caldo decantado é facultativo, mas é necessário submeter a borra a uma filtragem adicional, para isso são empregados filtro prensa ou filtro rotativo. Concentração do caldo O caldo clarificado é então submetido a uma concentração gradativa. Primeiro, o caldo toma consistência de xarope nos evaporadores (a etapa de evaporação, geralmente reduz a concentração original de água no caldo de 80% para 40%, resultando na formação de um xarope grosso e amarelado). Os evaporadores são recipientes cilíndricos, fechados e providos de vigia com vidros para o acompanhamento do processo no interior dos mesmos. Na evaporação empregam-se não apenasum vaso de evaporação, mas um conjunto de até cinco, quando então, são chamados de evaporadores de múltiplo efeito. Toda a operação é realizada a vácuo, produzido pela condensação de vapores de cada vaso. Desse modo, o primeiro vaso não trabalha sob vácuo, só do segundo em diante. O xarope resultante dos evaporadores passa então aos cozedores, comumente chamados de vácuos, vasos muito semelhantes aos evaporadores em simples efeito, ou seja, cada vaso recebe independentemente uma carga de vapor, através de um distribuidor de vapor. Nesta etapa, num conjunto de vasos que funcionam sob vácuo (maior que o empregado nos evaporadores) tem lugar a segunda fase da concentração e o xarope levado até a supersaturação toma consistência de mel e começam a se formar os cristais de açúcar que após crescerem em tamanho e aumentado o volume da massa cozida (uma mistura de cristais envolvida em mel) é descarregado nos cristalizadores, onde se completa a cristalização do açúcar. Ainda que construídos segundo diversos modelos, os cristalizadores são basicamente iguais, providos de um elemento que gira lentamente, uma espécie de parafuso que movimentando a massa faz com que o açúcar dissolvido no mel entre continuamente, em contato com os cristais, aumentando o volume enquanto também se processa o resfriamento. Dependendo da quantidade de massas, os cristalizadores também são empregados em conjunto. Uma vez completada a cristalização, a massa cozida é então centrifugada com o objetivo de separar os cristais de açúcar do mel que os envolve. Os cristais obtidos são de açúcar demerara de boa qualidade e o xarope obtido é reciclado para os cristalizadores. O mel final, mel exausto, mel residual ou melaço é, portanto, o subproduto resultante de massas cozidas que já foi pelo menos reciclada duas vezes. O melaço pode ser utilizado para ração de gado e como matéria-prima para diferentes tipos de processos fermentativos. O açúcar demerara é o tipo conhecido no mercado internacional pela denominação de Raw Sugar, de cor escura amarelada, tendente ao âmbar e que deve passar pelo processo de refinação ou branqueamento antes do seu consumo. É o tipo essencialmente destinado à exportação contendo aproximadamente 98% de sacarose e 0,25% de umidade. Um fluxograma simplificado é mostrado na Figura 7. Figura 7 - Fluxograma do processo de fabricação de açúcar não refinado Fonte: CASTRO, 2013. 6) Descreva o processo de refinação do açúcar. Procure detalhes de cada etapa. A refinação é realizada por um processo comum a todos os tipos de açúcares presentes no mercado (Figura 8), denominado de Via Líquida. E, se divide nas seguintes fases: ● Dissolução ● Clarificação ● Filtração em Leito de Areia ● Filtração em Leito de Carvão Animal ● Filtração em Leito de Resina Figura 8 - Fluxograma do processo de fabricação de açúcar - refinaria. Fonte: CASTRO, 2013. A dissolução do açúcar bruto proveniente das usinas é o início da refinação do açúcar que pode ser recebido em sacos a granel ou em containers, que são descarregados e transportados até elevadores de caneca, que por sua vez, irão conduzi-los até os Silos de Armazenamento. Cada silo alimenta um dissolvedor e é neste equipamento que ocorre, sob aquecimento, a dissolução do açúcar com água doce oriunda do desdoçamento de equipamentos de todos os setores da refinaria. A calda dissolvida dentro do dissolvedor apresenta temperatura entre 70 e 80ºC; pH de 7,0 a 7,4; e concentração de 66,8 a 68,3º Brix (porcentagem de sólidos solúveis) e é então passada por peneiras vibratórias, onde grande parte das impurezas (especialmente bagacilho) é retirada. Em seguida, a calda é bombeada para os tanques de calda dissolvida, sendo então enviada ao setor de clarificação. Na Clarificação, são utilizados trocadores de calor para que a calda atinja uma temperatura em torno de 85 a 90ºC. Na linha que conduz a calda dos trocadores aos clarificadores são adicionados na calda componentes para promover a floculação e a flotação de corantes presentes que posteriormente são retirados na parte superior dos equipamentos. A calda clarificada, retirada na parte inferior do equipamento, é enviada para os tanques de calda clarificada. Ao final deste processo, há uma redução de 50% da cor. O estágio seguinte é da Filtração, realizado em 3 etapas. A primeira é pré-filtração, onde é feita a passagem por filtros de areia para retirar partículas insolúveis provenientes da clarificação, proporcionando redução na turbidez da calda. A calda armazenada no tanque de pré-filtração segue dois caminhos distintos: um visando a produção de açúcar granulado e o segundo, a de açúcar amorfo. No primeiro caso, a calda é filtrada em colunas contendo resina de troca iônica que promove o abrandamento ao remover íons de cálcio que poderiam causar incrustações nos equipamentos seguintes. A calda de saída é enviada a um filtro de segurança para remover possíveis partículas de resina, sendo então enviada ao setor de açúcar granulado no qual são produzidos vários tipos de granulados. No caso da produção do açúcar amorfo, a calda é bombeada a um tanque que alimenta os filtros de carvão animal, que promove a adsorção de corantes, atingindo uma descoloração de cerca de 50%. A calda é armazenada no tanque de calda filtrada e, posteriormente bombeada para colunas contendo resina de troca iônica, sendo a última etapa da Via Líquida e com o objetivo de retirar corantes fortemente aniônicos para promover a redução da cor. Cada coluna apresenta um filtro de segurança para reter eventuais partículas de resinas arrastadas. Esta calda é enviada a um tanque e então para um filtro de segurança com a função de assegurar que nenhuma partícula, que porventura tenha passado pelo filtro de segurança de cada coluna, chegue à fase seguinte. Posteriormente, a calda é armazenada nos tanques de calda e segue em 4 fluxos distintos com a finalidade de produzir xarope de açúcar simples (açúcar líquido), xarope de açúcar invertido (açúcar invertido), granulado e açúcar amorfo. 7) Quais as diferenças entre o açúcar obtido da cana-de-açúcar e o obtido a partir da beterraba? Há alguma diferença no processo? Qual? O ingrediente derivado da beterraba tem um aroma terroso e oxidado e sabor residual de açúcar queimado, enquanto o açúcar de cana é caracterizado por um sabor mais doce e um aroma mais frutado. A beterraba é processada industrialmente de maneira um pouco diferente. Depois de colhidas, lavadas e cortadas, as raízes são colocadas em um difusor onde a água ajuda a extrair todo o líquido que contém açúcar. Depois disso, são adicionados alguns compostos químicos como o hidróxido de cálcio, o dióxido de enxofre e o gás carbônico para ajudar na formação de cristais e regular o pH do líquido produzido. Apesar da adição de produtos químicos, logo em seguida eles são filtrados e removidos da mistura e o líquido resultante é aquecido para formar os cristais de açúcar e o melaço. Nesse processo, o açúcar também é refinado e todos os nutrientes da beterraba ficam concentrados no melaço e não no açúcar. 8) Além do etanol, que outros produtos podem ser obtidos a partir do açúcar em processos biotecnológicos? O melaço (ou mel final) constitui-se no principal subproduto da indústria do açúcar, sendo produzido na proporção de 40 a 60 quilos por tonelada de cana processada. No Brasil, devido ao elevado teor de açúcares totais e demais componentes, o melaço é utilizado, principalmente, na fabricação de álcool etílico, sendo aproveitado, também, em outros processos biotecnológicos como matéria-prima para a produção de proteína, rações, levedura prensada para panificação, antibióticos, entre outros. Referências: ANDRÉ RICARDO ALCARDE (Brasília). Embrapa. Cana: outros produtos. 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