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DERMATOPATIAS-ALÉRGICAS-E-ECZEMATIZANTES

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DERMATOPATIAS ALÉRGICAS E ECZEMATIZANTES 
 
 
 
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NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empre-
sários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação 
e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade ofere-
cendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a partici-
pação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação 
contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos 
e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber atra-
vés do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 2 
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4 
2. DERMATOPATIAS ALÉRGICAS ......................................................................... 6 
2.1. DERMATITE ALÉRGICA A PICADA DE ECTOPARASITAS (DAPE) ......... 9 
2.2. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR ........................................................... 12 
 Etiopatogenia ..................................................................................................... 14 
 Aspectos Clínicos ............................................................................................. 15 
 Diagnóstico ........................................................................................................ 16 
 Tratamento ......................................................................................................... 19 
2.3. DERMATITE ATÓPICA .................................................................................... 19 
3. ECZEMA EM CÃES ............................................................................................. 24 
 Aproximação diagnóstica ................................................................................ 24 
 Tratamento ......................................................................................................... 25 
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
Figura 1: Dermatopatia alérgica em cães. 
 
 
Fonte: https://www.dermopet.com.br/blog/dermatite-alergica 
Dentre as doenças de pele, as dermatites alérgicas são as mais frequen-
tes em cães, tanto na rotina diagnóstica de biópsias de pele (Souza et al. 2009), 
quanto na revisão de prontuários de atendimento clínico ambulatorial (Cardoso 
et al. 2011, Gasparetto et al. 2013). Essas doenças caracterizam-se por inflama-
ção crônica da pele, acompanhada de prurido e afetam humanos e animais de 
companhia, especialmente os cães (Leung 1995, Scott et al. 2001). 
As doenças alérgicas da pele de cães podem ter causas diversas e apre-
sentar formas clínicas variadas como placas liquenificadas, e nódulos (Marsella 
& Olivry 2001), além das lesões auto-traumáticas induzidas pelo prurido (Scott 
et al. 2001). Essa diversidade de apresentações clínicas dificulta o diagnóstico 
clínico. Para chegar a um diagnóstico dermatológico definitivo ou diferencial de 
dermatite alérgica é necessário realizar anamnese detalhada e exame físico mi-
nucioso, junto a métodos diagnósticos rotineiros como raspados de pele, exame 
micológico direto, tricograma, exame citológico, cultura fúngica e bacteriana 
(Souza et al. 2009, Medleau & Hnilica 2009). No entanto, os exames comple-
mentares podem não serem suficientes para o diagnóstico e nesses casos o 
 
 
 
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clínico deve recorrer a biópsias e exames histopatológicos (Conceição et al. 
2004). 
As doenças dermatológicas alérgicas mais comuns incluem a dermatite 
alérgica à picada de pulgas (DAPP), a dermatite atópica (DA), a hipersensibili-
dade alimentar (HA) e a dermatite alérgica de contato (DAC). A DAPP caracte-
riza-se por ser uma doença alérgica pruriginosa, em que as lesões, nos cães, 
localizam-se com maior frequência na região lombossacra, dorsocaudal, na base 
da cauda, períneo e na face caudomedial das coxas (Hargis & Ginn 2013). No 
exame histopatológico predomina infiltrado de eosinófilos e células mononucle-
ares na derme superficial (Gross et al. 2005). A DA é uma doença inflamatória e 
pruriginosa da derme, predisposta geneticamente (Halliwell 2009). A face, foci-
nho, carpos, extremidades distais, orelhas e as regiões ventrais são as áreas 
mais acometidas nos cães, e caracterizam-se histologicamente por discreta in-
flamação mononuclear perivascular na derme superficial (Gross et al. 2005). 
A HA é uma doença pruriginosa localizada ou generalizada, não sazonal, 
que normalmente acomete orelhas, membros, região axilar ou inguinal, face, 
pescoço e períneo, provocando eritema e outras lesões como erupção papular 
e lesões secundárias por automutilação (Medleau & Hnilica 2009, Hargis & Ginn 
2013), com inflamação geralmente severa na derme que pode variar de focal a 
multifocal (Gross et al. 2005). A DAC caracteriza-se por uma reação de contato 
prolongado do alérgeno envolvido com a pele, que pode ser uma substância que 
não causa reação imediata, mas tardiamente (Medleau & Hnilica 2009). A reação 
de hipersensibilidade é do tipo IV, sendo desencadeada pelo contato da pele dos 
cães ao alérgeno, resultando em uma inflamação crônica (Gross et al. 2005). 
Torna-se necessário a realização de um estudo para se conhecer os aspectos 
clínicos e patológicos com o intuito de auxiliar os clínicos nos diagnósticos destas 
dermatopatias. 
 
 
 
 
 
 
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2. DERMATOPATIAS ALÉRGICAS 
A alergia é uma resposta imunológica exagerada, que se desenvolve após 
a exposição a um determinado antígeno. O prurido está presente em vários gru-
pos de dermatopatias, sendo as dermatites alérgicas as mais frequentes. 
Entre as dermatites alérgicas mais comuns - Dermatite Alérgica a Picada 
de Ectoparasitas (DAPE), Hipersensibilidade Alimentar e Atopia - a incidência da 
atopia vem aumentando significativamente nos últimos anos. 
A atopia é uma doença geneticamente programada em cães, onde os pa-
cientes tornam-se sensibilizados a antígenos ambientais (ácaros de poeira 
doméstica, esporos de fungos, pólen de vegetais, poeira doméstica, escamas de 
animais e humanos, além de restos de insetos). 
A pele do cão com dermatite atópica mostra alterações quantitativas e 
qualitativas na composição de lipídeos e apresenta maior perda transepidérmica 
de água, resultando em ressecamento e suscetibilidade aumentada a irritantes. 
A diminuição das ceramidas é a alteração básica na pele do paciente com der-
matite atópica.A produção inadequada de ácidos graxos da pele aumenta a per-
meabilidade cutânea a antígenos e irritantes e favorece a proliferação fúngica e 
bacteriana (Figura 2). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 2: Pele saudável e pele com proliferação fúngica e bacteriana. 
 
Fonte: https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13422/dermatopatias-alergicas-atopia 
O tratamento da dermatite atópica é multifatorial e consiste na combi-
nação de varias ações incluindo reduzir a exposição antigênica, prevenir a esti-
mulação do sistema imune (controle de parasitas),reforçar a barreira 
epidérmica, controlar infecções secundárias (S. pseudointermedius e M. 
pachydermatis), higienizar e hidratar a pele, reduzir a inflamação e modi car a 
resposta imunitária. 
Allermyl® Glyco é um shampoo especialmente desenvolvido com ingredi-
entes que ajudam a manter a integridade da barreira cutânea (Figura 3). Tem 
um alto poder de limpeza e difusão, que permite a eliminação imediata dos 
alérgenos presentes na superfície da pele. 
 
 
 
 
 
 
 
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Figura 3: Barreira cutânea. 
 
Fonte: https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13422/dermatopatias-alergicas-atopia 
Possui em sua formulação ceramidas, ácidos graxos e uma associação 
de açúcares (mono e polissacarídeos). As ceramidas e ácidos graxos restauram 
a integridade cutânea e mantêm a função de proteção da barreira epidérmica, 
evitando a perda transepidérmica de água e, consequentemente, evitando o res-
secamento. 
Hoje, sabemos que as células epiteliais estão recobertas de açúcares 
(carboidratos) que têm um papel crucial na aderência microbiana e nas reações 
inflamatórias.A associação de açúcares que faz parte da exclusiva tecnologia 
Glyco® promove ação antiaderente e imunomoduladora, impedindo a adesão de 
micro-organismos na pele e prevenindo as irritações, que são frequentes nos 
animais atópicos (Figura 4). 
Figura 4: Ação antiaderente e imunomoduladora na pele. 
 
Fonte: https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13422/dermatopatias-alergicas-atopia 
 
 
 
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Quando os queratinócitos se ativam por motivos exógenos ou endógenos 
liberam citocinas (IL-1,TNFα),que iniciam a cascata inflamatória. As citocinas 
possuem um sítio de ligação para receptor específico e um sítio de ligação para 
carboidratos (CBD).O CBD reconhece carboidratos específicos e ativa a res-
posta imunitária. Os carboidratos exógenos (açúcares) do Allermyl® Glyco im-
pedem essa ligação no CBD, modificando a resposta imunitária e reduzindo a 
secreção de TNFα nos queratinócitos caninos,o que reduz a reação inflamatória 
(Figura 5). 
Figura 5: Redução da reação inflamatória. 
 
Fonte: https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13422/dermatopatias-alergicas-atopia 
 
 
2.1. DERMATITE ALÉRGICA A PICADA DE ECTOPA-
RASITAS (DAPE) 
 
A DAPE (Dermatite Alérgica a Picada de Ectoparasitas) é uma desordem 
da pele que representa 50% das dermatoses alérgicas em cães, sendo definida 
como uma reação de hipersensibilidade aos componentes presentes na saliva 
de pulgas e carrapatos, que são eliminados durante a picada destes ectoparasi-
tas. 
Dentre as espécies mais comuns de pulgas causadoras desta doença, 
a Ctenocephalides felis é encontrada em 92% das infestações caninas e em 
 
 
 
10 
99% das felinas. Com relação aos carrapatos, o mais comumente encontrado é 
o Rhipicephalus sanguineus. 
Tais espécies, que apresentam na saliva, aproximadamente 15 substân-
cias alergênicas como os polipeptídeos, aminoácidos, haptenos, além de enzi-
mas proteolíticas e anticoagulantes que irão estimular o sistema imunológico e 
gerar as reações de hipersensibilidade e os sinais clínicos nos animais mais sen-
síveis, que podem ser de qualquer raça, sexo ou idade. 
Em cães com DAPE, o sintoma clínico mais observado é a coceira in-
tensa, além de lesões por mordedura na região da cauda, áreas de alopecia e 
crostas hemorrágicas. 
Nos gatos, os sinais mais comuns são alopecia e coceira, além do apare-
cimento de crostas e protuberâncias ao redor do pescoço e no dorso. Em casos 
mais crônicos, o aparecimento de infecções secundárias de pele também poderá 
ser notado. 
Deve ser realizado o diagnóstico diferencial para outras doenças com si-
nais clínicos semelhantes, como a dermatite atópica e a hipersensibilidade ali-
mentar e mesmo que a DAPE não seja a causa principal da alergia, a presença 
de pulgas e carrapatos só irá piorar o quadro clínico do animal e por isso a im-
portância na eliminação desses ectoparasitas. 
Sabe-se que a DAPE apresenta alguns desafios em relação à prevenção 
e tratamento. 
Os desafios na prevenção ocorrem por diversos fatores como dificuldades 
no controle de pulgas e carrapatos, cujos produtos ectoparasiticidas precisam 
de um tempo para agir, não apresentando efeito imediato, além de atuarem eli-
minando as formas adultas presentes no animal, não sendo efetivos no controle 
ambiental. 
Já o fato da DAPE muitas vezes coexistir com outras dermatopatias alér-
gicas ou ainda poder vir acompanhada de infecções bacterianas, como as pio-
dermites, que acorrem por conta do prurido intenso causando pequenos traumas 
 
 
 
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e tornando a pele mais susceptível à colonização de bactérias como: S. interme-
dius; Pseudomonas sp., Proteus sp., E.coli e o S. aureus, são os desafios que 
podem interferir no tratamento. 
Para o protocolo de tratamento da DAPE, sugere-se a realização do con-
trole efetivo da infestação das pulgas e carrapatos no animal e no ambiente as-
sociado ao tratamento sintomático do paciente com uso de medicamentos que 
visem à diminuição da reação de hipersensibilidade e o controle do prurido e das 
infecções secundárias. 
A fim de atuar nos estágios adultos dos ectoparasitas já encontrados so-
bre o animal ou visando auxiliar na prevenção de infestações, é recomendada a 
aplicação mensal de produtos químicos que apresentam efeito adulticida como, 
por exemplo, o ativo Fipronil, molécula já utilizada por décadas no mercado ve-
terinário para o controle de pulgas e carrapatos, que irá atuar bloqueando os 
receptores do GABA, neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central, 
causando a morte dos ectoparasitas por hiperexcitação. 
Por apresentar efeito reservatório e ficar armazenado nas glândulas se-
báceas do folículo piloso, sua liberação é gradual, garantindo assim a ação pro-
longada e alta eficácia contra pulgas e carrapatos em cães e gatos. 
Outra opção de tratamento em cães é a utilização de coleira ectoparasiti-
cida a base de deltametrina 4% e propoxur 12%, produto de uso prolongado, 
com indicação de troca a cada 6 meses, cujos estudos clínicos realizados de-
monstraram que após 2 dias da colocação no animal, 98,58% da infestação de 
carrapatos tinha sido controlada e a eficácia manteve-se durante 6 meses de 
uso do produto. 
Para pulgas, 95,87% das infestações tinham sido controladas, cuja eficá-
cia também se prolongou por 9 meses. 
Com o objetivo de eliminar o intenso prurido nos animais com DAPE, a 
administração de corticóide ou corticosteroide, como a prednisolona, vem sendo 
a droga mais utilizada na Medicina Veterinária. 
A prednisolona é um glicocorticoide com potência anti-inflamatória 3 a 5 
vezes maior do que o cortisol e na dose de 0,5 a 1,0 mg/kg a cada 12-24 horas, 
 
 
 
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irá atuar reduzindo o processo alérgico e a inflamação local, além de apresentar 
50% a menos de efeitos colaterais comuns em terapias com esteroides. 
Para os casos em que houver infecções secundárias de pele, como as 
piodermites, indica-se a administração do ativo Cefalexina, que é considerado o 
antibiótico de primeira escolha, por apresentar amplo espectro de ação, elevada 
eficácia e baixos efeitos colaterais, sendo administrado na dose recomendada 
de 30 mg/kg, por via oral, a cada 12 horas, ao longo de três a oito semanas ou 
de acordo com o protocolo adotado pelo médico veterinário. 
Assim, concluímos que a associação de medidas de prevenção e controle 
das infestações das pulgas e carrapatos aliadas ao uso de produtos que atuem 
na cura dos sinais clínicos nos animais, fazem parte do protocolo para o sucesso 
no tratamento da DAPE. 
 
2.2. HIPERSENSIBILIDADE ALIMENTAR 
 
A dermatite trofoalérgica, hipersensibilidade alimentar ou mais simples-
mente, alergia alimentar, está incluída no diagnóstico diferencial de cães e gatos 
acometidos por manifestações clinicas associadas às alergopatias. Representa 
umareação adversa a alimentos de base imunológica, assim como a anafilaxia 
alimentar. 
Quando a reação adversa não envolve o sistema imune, pode-se utilizar 
os termos intolerância e intoxicação alimentar, relacionados, respectivamente, 
com reações metabólicas, idiossincráticas, farmacológicas e ingestão de toxinas 
presentes em alguns alimentos (Tabela 1). Clinicamente a diferenciação entre 
todas as reações adversas citadas acima não é exequível. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Tabela 1: nomenclatura utilizada para reação adversa a alimento. 
 
 
Fonte: https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13793/dermatite-trofoalergica-hipersensi-
bilidade-alimentar#:~:text=A%20dermatite%20trofoal%C3%A9rgica%2C%20hipersensibi-
lidade%20alimentar,assim%20como%20a%20anafilaxia%20alimentar. 
Apesar da prevalência relativamente baixa da hipersensibilidade alimen-
tar nos pequenos animais, quando comparada com dermatite atópica e dermatite 
alérgica à picada de pulgas, muitos animais alérgicos apresentam etiologia mul-
tifatorial, ou seja, são alérgicos a saliva de pulgas e trofoalérgenos e ácaros de 
poeira ao mesmo tempo. Dessa forma, em animais supostamente alérgicos, é 
soberano determinar se o alimento participa ou não do quadro clínico. 
Recentemente a literatura especializada internacional propôs reconside-
rar a separação entre dermatite atópica e hipersensibilidade alimentar, base-
ando-se principalmente na apresentação clínica e predisposição racial similares 
entre as duas doenças. Neste contexto o clínico deve ter em mente que a alergia 
alimentar envolve adicionalmente aos sinais e sintomas de dermatite atópica, as 
manifestações de vasculite, onicodistrofia, angioedema, urticária e de doença 
gastrintestinal. 
https://vetsmart-parsefiles.s3.amazonaws.com/fd4ed6a5be7093446f44b42fe3765c29_richTextImg.jpg
 
 
 
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 Etiopatogenia 
A mucosa do trato gastrintestinal é desafiada continuamente com uma varie-
dade de alérgenos. Apesar da elevada exposição, apenas alguns animais tor-
nam-se alérgicos a alimentos. A barreira de defesa da mucosa intestinal, com-
posta principalmente por peristaltismo, enzimas digestivas, muco, IgA e imuni-
dade celular contribui para a baixa ocorrência da hipersensibilidade alimentar. A 
resposta imune normal relativa a proteínas da alimentação é denominada tole-
rância oral; assim, quando a tolerância é falha, o individuo pode desenvolver a 
alergia alimentar. 
Basicamente, qualquer ingrediente alimentar pode ser um alérgeno para um 
paciente em particular. Grande parte dos alérgenos alimentares são glicoproteí-
nas com pesos moleculares entre 10 e 70kD, termoestáveis e que estimulam a 
resposta de produção de IgE alérgeno específica. Estas glicoproteínas podem 
ser reconhecidas apenas após digestão ou aquecimento e preparo do alimento. 
A determinação de alérgenos alimentares representa um grande desafio em 
medicina veterinária. Os principais identificados em cães incluem o leite, carne 
bovina, ovos, cereais e derivados do leite, e, em gatos, peixe e derivados do 
leite. Em geral, a maioria dos alimentos incriminados são aqueles mais comu-
mente oferecidos na dieta: carne bovina, derivados do leite, frango, leite, trigo, 
ovos, peixe, milho e soja. 
O mesmo raciocínio se aplica a petiscos oferecidos regularmente. Aditivos e 
conservantes, apesar do forte apelo, raramente são causa de alergia. Como in-
formação nacional, destacase o estudo de Salzo & Larsson (2009), em que foi 
possível o diagnostico de alergia alimentar em 20 cães através de dieta de eli-
minação, em detrimento dos testes sorológicos RAST e ELISA, sendo carne bo-
vina, frango e arroz os alimentos com maior frequência de acometimento e um 
estudo retrospectivo de 69 casos em que frango, carne bovina e derivados do 
leite foram os trofoalérgenos principais. 
Reações cruzadas entre alérgenos alimentares e outros alérgenos também 
merecem destaque: ácaros, baratas e crustáceos; leite e carne; carne e ovos; 
frango e peru, leite, carne bovina e carne de carneiro. 
 
 
 
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Após a ingestão do alimento alergênico, acredita-se que a reação de hiper-
sensibilidade tipo I, imediata e mediada por IgE, seja a principal resposta do sis-
tema imune. Sugere-se também que as reações de hipersensibilidade tipo III, 
com deposição de complexos antígeno/anticorpo principalmente na pele, e tipo 
IV, mediada por células, contribuam para a patogenia da hipersensibilidade ali-
mentar. 
 Aspectos Clínicos 
Estima-se que um por cento de todas as dermatopatias sejam relacionadas 
com reações adversas a alimentos e que estas constituam cerca de 10% das 
dermatoses alérgicas. A hipersensibilidade alimentar pode ocorrer em qualquer 
faixa etária, mas principalmente em animais jovens. Qualquer raça canina pode 
ser afetada, porem SharPei, West Highland White Terrier, Boxer, LhasaApso, 
Pastor Alemão e Golden Retriever parecem ter risco maior quanto a essa afec-
ção. 
Prurido não sazonal de severidade variável é o sintoma mais comum na hi-
persensibilidade alimentar, acompanhado ou não de lesões cutâneas. As lesões 
observadas incluem alopecia, eritema, escamas, crostas, escoriações, hiperpig-
mentação e ulceração. 
Urticária e angioedema, podem mais raramente, estar presentes. A distribui-
ção lesional e localização de prurido são similares às observadas na dermatite 
atópica: face, orelhas, axilas, região inguinal e abdômen. Em 24% dos cães aco-
metidos, otite externa pode ser a única manifestação evidente. Prurido em ore-
lhas e região perineal é um padrão que pode ser atribuído à alergia alimentar em 
cães. 
Além do prurido, foliculite bacteriana recidivante com ou sem prurido; disque-
ratinização seca ou oleosa com malasseziose e/ou piodermite; urticária com pru-
rido variável; lesões ulcerativas e crostosas em extremidades de pavilhões e co-
xins (vasculite) e eritema multiforme, também podem ser manifestações de aler-
gia alimentar. 
Cerca de 10% dos animais envolvidos apresentam sintomas e sinais de do-
ença gastrintestinal concomitante: êmese, diarreia e flatulência. 
 
 
 
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Em gatos o prurido não sazonal principalmente em face e região cervical deve 
indicar a suspeita de reação alimentar adversa, contudo, os padrões de com-
plexo granuloma eosinofílico, alopecia simétrica e dermatite miliar também po-
dem ter como causa os trofoalérgenos. 
Infelizmente a apresentação clínica por si nos pequenos animais não permite 
a definição diagnóstica dessa enfermidade. 
Figura 6, 7 e 8: Crostas pelilabiais em cão acometido por dermatite trofoalérgica/ Eri-
dema interdigital 
 
 
Fonte: https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13793/dermatite-trofoalergica-hipersensi-
bilidade-alimentar#:~:text=A%20dermatite%20trofoal%C3%A9rgica%2C%20hipersensibi-
lidade%20alimentar,assim%20como%20a%20anafilaxia%20alimentar. 
 Diagnóstico 
Pelo fato da hipersensibilidade alimentar não apresentar um padrão lesional 
e de distribuição típicos, deve-se realizar um diagnóstico diferencial com derma-
tite alérgica a picada de ectoparasitas, dermatite atópica, escabiose, farmaco-
dermia e alopecia psicogênica (felinos). Na rotina de atendimento de casos clí-
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nicos com animais supostamente acometidos por dermatopatias alérgicas, inici-
almente deve-se excluir rigorosamente a possibilidade de etiologia associada a 
ectoparasitas antes da possibilidade de alimento como causa do quadro clínico. 
Mesmo que o clínico suspeite de etiologia alérgica multimodal, é imprescin-
dível reduzir ao máximo o contato com pulgas e carrapatos para avaliar o quanto 
essa redução proporcionou de melhora no grau de prurido. Recomenda-se tam-
bém, na presença de malasseziose e/ou piodermite bacteriana, inicialmente, tra-
tar essas infecções isoladamenteou já acompanhando os procedimentos diag-
nósticos para hipersensibilidade alimentar. 
Exames hematológicos e bioquímicos de rotina não apresentam utilidade 
para o auxílio diagnóstico deste quadro mórbido. O exame histopatológico de 
biópsia cutânea inclui alterações compatíveis com quadro de hipersensibilidade, 
não permitindo a definição diagnóstica. 
Devido sensibilidade e especificidade baixas, os testes alérgicos sorológicos 
para detecção de IgE e os testes intradérmicos com extratos de alérgenos ali-
mentares não são indicados até o momento para o diagnóstico de dermatite 
trofoalérgica. 
Há décadas a prova padrão para o diagnóstico da hipersensibilidade alimen-
tar consiste na dieta de eliminação seguida pela exposição provocativa. Para 
realização da dieta o clínico deve inicialmente na anamnese detalhar todos os 
alimentos e petiscos oferecidos ao animal, o que nem sempre é uma tarefa fácil. 
Uma dieta de eliminação adequada deve durar um período de cerca de oito 
semanas e incluir uma fonte de carboidrato e uma de proteína inéditos para o 
paciente em questão. Todos petiscos, medicamentos palatáveis e brinquedos 
com corantes devem ser afastados. Animais que caçam dever ser privados do 
acesso externo e todas as pessoas que convivem com o animal devem estar 
cientes do rigor de não oferecer nenhum outro tipo de alimento ao animal. A dieta 
não pode ser implementada quando da presença de ectoparasitas, como citado 
anteriormente e nem durante época de mudança de residência dos proprietários. 
 
 
 
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O procedimento da dieta pode ser extremamente difícil de ser realizado em 
gatos, pois nem sempre há tolerância desses animais às mudanças nos hábitos 
alimentares. 
A dieta pode ser baseada em alimentos caseiros, ração comercial com pro-
teína inédita ou ainda, ração comercial com proteína hidrolisada. 
A dieta caseira apresenta como vantagens a exclusão de aditivos e conser-
vantes, bem como a ausência de risco de contaminação industrial que pode 
ocorrer na produção de rações hipoalergênicas. A grande maioria dos proprietá-
rios recusa este tipo de dieta, por falta de tempo disponível para prepará-la, no 
caso de domicílios com vários animais, ou ainda quando o animal é de grande 
porte. 
No caso desta dieta perdurar um período superior a oito semanas o clínico 
deve estudar a suplementação da mesma com vitaminas, minerais e aminoáci-
dos essenciais. Dentre os alimentos mais indicados, sugere-se carne de carneiro 
ou de coelho como fontes de proteína e arroz integral ou batata como fontes de 
carboidrato (apenas fonte proteica para gatos). Adiciona-se óleo de milho ou gi-
rassol para o alimento não causar constipação e a água, tanto para preparo 
como para dessedentação, deve ser preferencialmente mineral. 
A dieta com fonte proteica inédita varia em termos de origem e disponibili-
dade em diferentes países. Pode incluir carne de veado, cavalo, carneiro, coelho, 
peixe (salmão), cabrito, dentre outros. O clínico e o proprietário devem atentar 
ao fato de que o rótulo e embalagem da ração nem sempre informam sobre todos 
os ingredientes realmente presentes. Idealmente esta ração também deve apre-
sentar uma fonte inédita de carboidrato, embora seja uma causa menos descrita 
de alergia alimentar. 
A ração com proteína hidrolisada utiliza proteína de frango ou soja que du-
rante a hidrólise sofre redução de tamanho para menos de 10Kd. Com o tama-
nho inferior há menor estímulo do sistema imunológico. Alguns estudos mostram 
que até 50% dos cães alérgicos a uma proteína tem o quadro clínico agravado 
quando recebem a proteína hidrolisada da mesma origem. Assim, recomenda-
se estas rações para animais que nunca receberam a dieta com a proteína ori-
ginal. 
 
 
 
19 
Normalmente as dietas de proteína inédita e proteína hidrolisada são balan-
ceadas, podem ser administradas por períodos indefinidos e a aceitação do pro-
prietário é maior. 
A confirmação diagnóstica somente será obtida se houver recidiva de piora 
clínica quando o animal for submetido aos alimentos anteriores da dieta de eli-
minação. Este procedimento, denominado exposição provocativa, nem sempre 
é aceito pelos proprietários. Em períodos de dez a 14 dias, cada ingrediente da 
dieta anterior é oferecido individualmente. Cada alimento então incriminado por 
acarretar exacerbação dos sinais e sintomas será considerado um trofoalérgeno 
e, portanto, não deverá mais ser fornecido ao animal. 
 Tratamento 
A terapia consiste simplesmente na remoção dos alérgenos alimentares in-
criminados através da dieta de eliminação e exposição provocativa. Alguns ani-
mais necessitarão de tratamento concomitante com antibióticos, antifúngicos e 
corticoesteróides, na dependência da gravidade lesional e desconforto originado 
pelo prurido. 
O clínico precisa lembrar que nenhuma terapia medicamentosa pode durar o 
mesmo tempo da dieta durante a fase de diagnóstico e assim, recomenda-se 
que a dieta não esteja acompanhada de fármacos por um período mínimo de 
quatro semanas. 
Alguns pacientes atópicos poderão apresentar melhora sintomática parcial 
durante a dieta, sugerindo então que os trofoalérgenos participam do complexo 
de alérgenos envolvidos. 
2.3. DERMATITE ATÓPICA 
 Definição 
A alergia é uma doença na qual o sistema imunitário (as defesas) do animal 
reage de forma exacerbada perante a presença de determinados agentes (alér-
genos). A reação alérgica produz-se quando o animal entra em contato com o 
alérgeno. A dermatite atópica é causada habitualmente por três tipos de alérge-
nos: os pólens, os ácaros e os fungos. 
 
 
 
20 
A dermatite atópica poderá surgir com mais frequência em animais jovens 
(entre 1 e 3 anos de idade), de ambos os sexos, embora também se possa di-
agnosticar, menos frequentemente, em cachorros com menos de 8 meses de 
idade ou em adultos com mais de 5 anos. Em muitos casos trata-se de um pro-
blema sazonal que surge na Primavera e desaparece no Verão. Com o tempo, 
o animal pode ir piorando e os períodos de crise podem ser mais intensos e 
prolongados. 
Algumas raças de cães são geneticamente mais predispostas do que outras 
a desenvolver reações alérgicas. Entre as raças mais predispostas incluem-se: 
Boxer, Dálmata, Chow-chow, Labrador e Golden Retriever, Setter, Pastor Ale-
mão, Sharpei, Bulldog (inglês e francês), Terriers (West Highland White Terrier, 
Yorkshire Terrier). 
 Sintomas 
O prurido (comichão) é o sintoma mais característico, tanto nos cães como 
nos gatos. Como consequência do coçar intenso e persistente, podem surgir zo-
nas com queda de pelo ou a pele do animal pode infetar-se com bactérias ou 
fungos (certos tipos de leveduras) que dão origem ao mau odor do animal. 
Além do prurido, os sintomas que levam a suspeitar de uma dermatite atópica 
incluem: 
 Ruborização do abdómen, axilas, face, orelhas e pés (vermelhão) 
 Aparecimento de pústulas no abdómen 
 Mordiscar e lamber espaços interdigitais (entre os dedos) e região perianal 
 Otites recorrentes 
 Pele grossa e grisalha 
 Pêlo escasso e sem brilho 
 Infeções de pele com recidivas após tratamento 
 
 
 
21 
 alopécias (falhas de pelo), arranhões e feridas devido ao coçar, lamber ou 
mordiscar constante 
 Diagnóstico 
O veterinário realizará um exame completo do animal e estudará a história 
clinica de cada paciente. Para chegar ao diagnóstico definitivo de dermatite ató-
pica, deverá descartar a presença de outras doenças que podem induzir sinto-
mas semelhantes (pulgas, sarna, infeções de pele, alergias alimentares). Por 
último, quando todos estes problemas estiverem descartados e os sintomas per-
sistirem, estabelecerá o diagnóstico definitivo, com auxílio de exames comple-
mentares (testes intradérmicos ou testes serológicos). Nos testes serológicos, 
uma amostra de sangue do paciente é recolhida e enviada para um laboratório 
especializado. A avaliação do resultado destes testespermite a compilação de 
uma lista de alérgenos aos quais o paciente revelou maior sensibilidade. 
 Tratamento 
Antes de iniciar qualquer tratamento, é importante ter presente qua a alergia 
quase nunca se cura por completo. O objetivo é controlar os sintomas e diminuir 
o prurido do animal, melhorando assim a sua qualidade de vida. Não existe um 
único tratamento capaz de controlar por si só esta doença. Há que recorrer a 
uma combinação de medidas e fármacos. 
A primeira medida consiste em evitar o alérgeno. O problema principal é que, 
em muitos casos, é impossível consegui-lo. Para evitar os pólens, é importante 
conhecer as plantas às quais o animal é alérgico e saber em que meses polini-
zam. Durante este período, podem diminuir-se as saídas com o animal em zonas 
de vegetação abundante, sobretudo em dias secos, quentes e com muito vento. 
Ainda assim, existem medidas úteis para minimizar o contacto com ácaros: 
 Aspirar e retirar as almofadas da zona onde o animal passa mais tempo, 
 Usar produtos acaricidas para eliminar os ácaros das almofadas, sofás, man-
tas,… 
 
 
 
22 
 Utilizar camas e colchões fabricados com materiais antialérgicos 
 Ventilar e aspirar com frequência a zona onde o animal dorme 
 Tratamentos farmacológicos 
Corticóides: são os fármacos mais utilizados para tratar as dermatites alérgi-
cas. Apesar de serem muitos eficazes no controlo do prurido, é importante saber 
que apresentam muitos efeitos e podem causar doenças metabólicas a longo 
prazo. 
Anti-histamínicos: têm demonstrado ser pouco eficazes no tratamento desta 
doença. Em muitas ocasiões utilizam-se dado o seu efeito sedativo que faz com 
que o animal fique mais tranquilo e se coce menos. 
Ciclosporina: é o tratamento mais inovador para a alergia. Este fármaco é um 
imunossupressor que demonstra ser eficaz em muitos animais. 
Banhos com champô de tratamento: a pele dos animais que sofrem de der-
matite atópica pode apresentar um vermelhão, crostas e alopécias, bem como 
pústulas. O simples facto de dar banho ao animal com água tépida, refresca a 
pele. Os champôs próprios de tratamento ajudam também a remover os alérge-
nos que aderiram ao pêlo e à pele. Além disso, muitos desses champôs para 
alergias incorporam em suas fórmulas, ácidos gordos essenciais à pele, vitami-
nas. Ao contrário do que antigamente se recomendava, é aconselhável dar ba-
nho com frequência (uma ou várias vezes por semana) aos animais que sofram 
de dermatite atópica. 
Dietas hipoalérgicas: uma dieta equilibrada e de qualidade é vital para con-
servar as condições da pele. Muitos dos animais que sofrem de dermatite ató-
pica, podem igualmente ter uma alergia a algum tipo de alimento. Em certos 
casos, unicamente controlando uma dieta e administrando uma que não conte-
nha os alérgenos alimentares, pode-se reduzir o prurido. 
Imunoterapia: a imunoterapia (também chamada de tratamento de hiposen-
sibilização ou vacinas), é o único tratamento que atua especificamente contra o 
 
 
 
23 
alérgeno e que pode conduzir a uma cura do animal. Como tal, será o tratamento 
de primeira eleição. Trata-se de uma terapia mediante a qual conseguiremos que 
o sistema imunitário do animal se habitue a contatar com os alérgenos, fazendo 
com que não reaja de uma forma anormal. Administram-se de uma forma perió-
dica quantidades pequenas de alérgenos que causam os sintomas. Ao iniciar a 
vacina, o intervalo entre as injeções será curto (uma semana) e irá sendo cada 
vez maior à medida que se avança com a hiposensibilização. Numa percenta-
gem elevada de cães e gatos, os sintomas de alergia podem ser controlados de 
uma forma segura e eficaz com uma imunoterapia formulada adequadamente. 
Infelizmente não existe um único tratamento capaz de curar a doença. Por isso, 
o mais importante é controlar o animal que sofre deste tipo de reações alérgicas 
e estabelecer uma combinação de medidas e de tratamentos para melhorar a 
sua qualidade de vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
3. ECZEMA EM CÃES 
Figura 9: Eczema em cães. 
 
Fonte: https://www.peritoanimal.com.br/remedios-caseiros-para-dermatite-canina-
22935.html 
 Aproximação diagnóstica 
Antes de podermos instaurar um tratamento adequado para o eczema cutâ-
neo em cães, é necessário definir e identificar o problema primário que causa os 
sintomas visíveis. Uma vez clarificado e detectado o problema, iremos proceder 
à identificação das lesões e à localização das mesmas no animal, obtendo desta 
forma uma aproximação clínica baseada numa abordagem mais global da situa-
ção1. 
Conhecer o historial clínico e os antecedentes do cão, bem como a realiza-
ção de exames físicos e exames complementares (citologia, raspagens, trico-
gramas, culturas bacterianas e fúngicas, biópsia) será de grande ajuda para o 
estabelecimento de um diagnóstico e o seu correspondente tratamento. 
Clinicamente o eczema cutâneo no cão apresenta uma sensação de incô-
modo aguda no paciente, que pode prolongar-se no tempo e tende a ser recor-
rente. Esta sensação desagradável provoca comportamentos no cão, tais 
como coçarem-se ou morderem as zonas sensíveis, produzindo lesões mais 
profundas e de maior extensão ao longo da pele. 
https://patents.google.com/patent/US6303651B1/en
 
 
 
25 
Antes de instaurarmos qualquer tratamento antibiótico, será necessário rea-
lizar uma cultura bacteriana e um antibiograma por forma a estabelecer uma 
pauta antibiótica específica para o animal e para a lesão concreta que o mesmo 
apresenta. Desta forma, iremos obter resultados mais favoráveis e evitar-se-á o 
desenvolvimento de resistências a antibióticos no paciente. 
 Tratamento 
Tanto o aspecto como a integridade da pele são influenciados por fatores 
sistêmicos como o estado nutricional, o nível hormonal, o estado de vasculariza-
ção e de perfusão sanguínea, de tal forma que antes de estabelecer qualquer 
tratamento para a resolução do eczema deveremos controlar a causa primária 
que o está a provocar (transtornos hormonais, dermatite atópica ou dermatite 
alérgica, entre outras). 
O tratamento do eczema pode ser a nível local e a nível sistêmico, depen-
dendo da extensão e gravidade dos sinais clínicos. 
 
 
Para o tratamento local será necessário raspar a zona afetada, por forma a 
se conseguir uma maior exposição da lesão e evitar que os pêlos circundantes 
possam contatar com o eczema e atrasar a sua cicatrização. 
Após a zona ser depilada, deve proceder-se à lavagem da ferida com soro fisio-
lógico para eliminar toda a sujidade possível, por forma a evitar complicações 
como infecções secundárias. A zona lavada será desinfetada localmente com 
recurso a produtos como a clorexidina ou soluções iodadas diluídas com água, 
entre outros. 
Se a ferida for superficial, apresentar uma gravidade relativa e estiver cen-
tralizada, poderão empregar-se antibióticos tópicos de amplo espectro sob a 
forma de pomadas, para evitar o super crescimento bacteriano na zona em ques-
https://www.affinity-petcare.com/vetsandclinics/pt/reduzir-farmacos-na-dermatite-atopica-ha-uma-dieta-anti-inflamatoria/
https://vetsandclinics.affinity-petcare.com/cs/c/?cta_guid=e3f6b9b8-c5c0-4355-8d22-712b49853654&signature=AAH58kHgJDjh5SwrO4yUtyXfZcV8MXjmyQ&placement_guid=dce555b7-1415-4d1f-a4c5-0279c5eb890d&click=127f0ecd-6d45-4a9f-ac56-2ee8525f5795&hsutk=b948728ba689a0c86132617af1d66fae&canon=https%3A%2F%2Fwww.affinity-petcare.com%2Fvetsandclinics%2Fpt%2Feczema-em-caes-tratamento-e-revisao-da-doenca%2F&utm_referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com%2F&portal_id=2002642&redirect_url=APefjpHORz1UVks19rVWZYXLHsi8PhXOIxgvou1NfppU3OfHLn_uuLaRvpsug5djqWtzl56DJFQ9t_TqGHE7qxUWafoOaEkRgbkvaOgkluLQsvzSmRdUE8S7OiLDAMPMveDImSFVB6jFbNd3bDj5TE9eooYL62z2ZmJzhZzXRPP9VI9jzN99dgoZBeLxDL-3kjq49DU1Qdz2AADc9LqsHprnIPilwi9flmjrjcYZRslkbPhNaqiNzzvPteTjh0p4pKp-KjyVlQRhudzzEy1-zwsTEA7TwHPd1cg-S3r-LzjVdYjogRIrYzg&__hstc=41915261.b948728ba689a0c86132617af1d66fae.1611339998690.1611603674209.1611685445208.4&__hssc=41915261.1.1611685445208&__hsfp=3914598537https://vetsandclinics.affinity-petcare.com/cs/c/?cta_guid=e3f6b9b8-c5c0-4355-8d22-712b49853654&signature=AAH58kHgJDjh5SwrO4yUtyXfZcV8MXjmyQ&placement_guid=dce555b7-1415-4d1f-a4c5-0279c5eb890d&click=127f0ecd-6d45-4a9f-ac56-2ee8525f5795&hsutk=b948728ba689a0c86132617af1d66fae&canon=https%3A%2F%2Fwww.affinity-petcare.com%2Fvetsandclinics%2Fpt%2Feczema-em-caes-tratamento-e-revisao-da-doenca%2F&utm_referrer=https%3A%2F%2Fwww.google.com%2F&portal_id=2002642&redirect_url=APefjpHORz1UVks19rVWZYXLHsi8PhXOIxgvou1NfppU3OfHLn_uuLaRvpsug5djqWtzl56DJFQ9t_TqGHE7qxUWafoOaEkRgbkvaOgkluLQsvzSmRdUE8S7OiLDAMPMveDImSFVB6jFbNd3bDj5TE9eooYL62z2ZmJzhZzXRPP9VI9jzN99dgoZBeLxDL-3kjq49DU1Qdz2AADc9LqsHprnIPilwi9flmjrjcYZRslkbPhNaqiNzzvPteTjh0p4pKp-KjyVlQRhudzzEy1-zwsTEA7TwHPd1cg-S3r-LzjVdYjogRIrYzg&__hstc=41915261.b948728ba689a0c86132617af1d66fae.1611339998690.1611603674209.1611685445208.4&__hssc=41915261.1.1611685445208&__hsfp=3914598537
https://www.affinity-petcare.com/vetsandclinics/pt/dermatite-atopica-em-caes-e-uso-de-ciclosporina/
 
 
 
26 
tão, onde os princípios ativos escolhidos como primeira opção serão: amoxici-
lina-ácido clavulânico, cefalexina, clindamicina ou sulfamidas potenciadas com 
trimetroprim, com uma diretriz mínima de duas semanas de aplicação. 
Nos casos em que o eczema seja generalizado ou afete camadas profun-
das da pele, deverão utilizar-se antibióticos sistêmicos de amplo espectro por 
forma a evitar as infecções secundárias, onde o antibiograma é obrigatório para 
escolher o antibiótico que será mais eficaz, e que será administrado durante um 
período mínimo de 6 semanas, para se conseguir assegurar o êxito do trata-
mento. As quinolonas ou o marbofloxacino são antibióticos de amplo espectro 
que se podem utilizar no caso de ser necessário realizar terapia empírica devido 
à gravidade da situação. 
No caso de existir prurido poderá utilizar-se corticoterapia local (baseada 
em pomadas tópicas) ou sistêmica (seja por via oral ou intra-venosa), para redu-
zir a sensação de incômodo no animal, bem como a realização de banhos com 
campos específicos para a redução da mesma. Os anti-histamínicos podem ser 
muito úteis se a causa primária for do foro alérgico. 
As pomadas cicatrizantes à base de mel podem constituir uma boa opção 
para acelerar a cicatrização da ferida, sempre que não existam infecções secun-
dárias nem afete a lesão em camadas profundas. 
Os eczemas em cães são lesões que podem desenvolver-se como con-
seqüência de outras patologias a nível hormonal, alérgico, auto-imune ou vascu-
lar, de tal forma que para se instaurar o seu tratamento será necessário primei-
ramente encontrar a causa primária que origina estas lesões, e após isso com-
binar a terapia tópica com a sistêmica, em função da gravidade da alteração. 
 
 
 
 
 
 
https://www.affinity-petcare.com/vetsandclinics/pt/tratamento-do-prurido-nos-caes-nutricao-na-dermatite-atopica/
 
 
 
27 
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