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SÍNDROMES-NEUROLÓGICAS-DE-CÃES-E-GATOS

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SÍNDROMES NEUROLÓGICAS DE CÃES E GATOS 
 
 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
Sumário 
Unidade 1: História da Medicina Veterinária .......................................................... 4 
Seção 1.1: Introdução à história ................................................................................. 4 
Seção 1.2: A importância do veterinário neurologista................................................. 5 
Seção 1.3: Neurologia veterinária .............................................................................. 7 
 
Unidade 2: Neurologista Veterinário – Neurologista para Cães e Gatos ............. 9 
Seção 2.1: Neurologista veterinário – Tudo que você precisa saber, identificando 
problemas neurológicos em cães e gatos .................................................................. 9 
Seção 2.2: Os desafios da neurologia veterinária .................................................... 12 
Seção 2.3: Neurologia .............................................................................................. 14 
Seção 2.4: Os problemas neurológicos mais comuns em pets ................................ 16 
Seção 2.5: Doenças contagiosas que atingem o sistema nervoso ........................... 18 
 
Unidade 3: Doenças Neurológicas ....................................................................... 20 
Seção 3.1: Veterinários explicam Síndrome da Disfunção Cognitiva ....................... 20 
Seção 3.2: As doenças neurológicas em cães e entenda como ela os afetam ........ 22 
Seção 3.3: Veterinária alerta para as doenças neurológicas entre cães e gatos ...... 25 
 
Unidade 4: Avaliação Neurológica, Diagnóstica e Terapêutica de Cães e Gatos 
com Síndrome Tremor ........................................................................................... 27 
Seção 4.1: Introdução .............................................................................................. 27 
Seção 4.2: Tipos de tremores .................................................................................. 28 
Seção 4.3: Classificações dos tremores ................................................................... 29 
Seção 4.4: Fisiopatogenia do tremor ........................................................................ 30 
Seção 4.5: Doenças que causam sindrome tremor .................................................. 33 
 
Referências............................................................................................................. 45 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
Unidade 1: História da Medicina Veterinária 
 
Seção 1.1: Introdução à história 
O exercício da cura dos animais confunde-se com o início da civilização 
humana e sua antiguidade pode ser identificada a partir do próprio processo de 
domesticação dos animais. Encontrado no Egito em 1890 o “Papiro de Kahoun”, 
descreve fatos relacionados aos tratamentos e cura de animais, ocorridos há 4000 
anos a.C, e indica, inclusive, procedimentos de diagnóstico, prognóstico, sintomas e 
tratamento de doenças de diversas espécies animais. 
Os códigos de ESHN UNNA (1900 AC) e de HAMMURABI (1700 AC), que 
tiveram origem na Babilônia, capital da antiga Mesopotâmia, tinham referencias aos 
“Médicos dos Animais”. No continente europeu, os primeiros registros sobre essa 
prática foram encontrados na Grécia, no século VI a.C., no qual havia cidades que 
reservavam cargos públicos para os que praticavam a cura dos animais e lhes davam 
o nome de hipiatras. 
A Medicina Veterinária moderna teve origem em 1762, com a criação da 
primeira escola de medicina veterinária na França, fundada por Claude Bourgelat, 
seguido por Maison Alfort, nos arredores de Paris, em 1765. Depois disso, muitas 
outras se espelharam e o curso se espalhou por todo o mundo. Até o final do século 
XVIII, surgiram 20 estabelecimentos de ensino veterinário pela Europa. 
No Brasil, foi o imperador Dom Pedro II que, ao visitar a Escola Veterinária de 
Alfort, em 1875, decidiu criar uma também, por meio do Decreto 8.319 de 20 de 
outubro de 1910, assinado pelo então presidente Nilo Peçanha. Esse documento 
tornou obrigatório o ensino da Medicina Veterinária. 
No mesmo ano, na cidade do Rio de Janeiro, houve a criação da Escola 
Superior de Agricultura e Veterinária e a Escola de Veterinária do Exército. No início, 
o foco eram os bovinos que frequentemente sofriam com anaplasmose e babesiose. 
Depois, veio a clinica de pequenos animais e a saúde pública, com a campanha contra 
o mormo, doença que atacava os cavalos e os soldados. 
Os primeiros profissionais terminaram a graduação em 1917. O primeiro 
diploma legal a regulamentar a Medicina Veterinária veio com o Decreto 23.133 de 9 
de setembro de 1933 e por isso, atualmente, 9 de setembro é o dia do médico 
veterinário. A medicina veterinária vem evoluindo muito pelo mundo todo, com 
5 
 
 
descobertas de novos tratamentos, enfermidades e com foco maior, a cada dia, sobre 
a saúde dos animais de produção, de companhia e dos humanos (saúde pública). 
O profissional da área cuida da saúde animal, aplicando antibióticos e outros 
fármacos. Além disso, trabalha com acessórios para treinamento e atua, direta ou 
indiretamente, na saúde de toda população humana do país, pois previne, nos 
animais, doenças que poderiam afetar o homem (zoonoses). 
 
Seção 1.2: A importância do veterinário neurologista 
Mais sensíveis do que os seres humanos, os animais possuem um sistema 
nervoso central complexo e, muitas vezes, uma lesão pode trazer grandes problemas 
à saúde dos bichinhos. Dessa forma, o veterinário neurologista é o profissional 
responsável por diagnosticar e cuidar das doenças e alterações neurológicas dos 
pets. Saiba mais sobre essa especialidade. 
O que é neurologia veterinária? 
A neurologia veterinária é uma área de conhecimento da medicina veterinária 
que engloba o estudo, diagnóstico de patologias, tratamento e, eventualmente, cura 
do sistema nervoso central dos animais, que é formado pelos seguintes elementos: 
cérebro, cerebelo, tronco encefálico, medula espinhal e sistema nervoso periférico. 
Hoje, boa parte dos diagnósticos neurológicos de um pet pode ser feita a partir 
de exames de imagem específicos, que, com toda a tecnologia existente, apresentam, 
dia após dia, resultados mais precisos e fáceis de serem interpretados pelos 
veterinários neurologistas. 
Quais as principais doenças do sistema neurológico? 
Todas as doenças do sistema nervoso veterinário são relacionadas ao sistema 
periférico e podem ser classificadas em três tipos: neuropatias, miopatias e 
juncinopatias. Apesar de serem associadas ao mesmo conjunto, elas podem ser 
localizadas em diferentes regiões e terem causas distintas, como traumas, infecções, 
neoplasias e problemas vasculares, metabólicos ou hereditários. 
 NeuropatiasEsse tipo de doença está diretamente ligado a problemas no funcionamento 
dos nervos, podendo causar, por exemplo, paralisia facial idiopática. 
 Juncinopatias 
As doenças conhecidas como juncinopatias afetam o sistema neuromuscular, 
ou seja, na junção dos nervos e músculos. As patologias dessa categoria podem ainda 
6 
 
 
ser subdivididas em pré-sinápticas (botulismo, paralisia causada por carrapato e 
envenenamento por serpentes) e pós-sinápticas (miastenia gravis e intoxicação por 
pesticidas). 
 Miopatias 
As miopatias, por sua vez, são doenças caracterizadas por afecções e lesões 
nas fibras musculares, tendo como principais causas inflamações, disfunções 
metabólicas ou hereditariedade. 
Quais os sintomas mais comuns em função de alterações neurológicas? 
Diferentes dos seres humanos, os animais não falam, torna-se fundamental, 
portanto, observar alguns sinais para descobrir uma doença. Dos sintomas mais 
silenciosos e discretos aos mais chamativos e estranhos, pode configurar uma 
alteração neurológica quando um animal apresentar: 
 Agressividade; 
 Convulsões, que podem ser diferentes das humanas; 
 Fraqueza ou paralisia dos membros; 
 Falta de equilíbrio; 
 Falta de apetite associada a letargia; 
 Tremores; 
 Insônia; 
 Problemas respiratórios; 
 Surdez; 
 Cegueira; 
 Dores; 
 Intolerância a exercícios físicos; 
 Latidos/miados em alto som e frequência; 
 Rouquidão; 
 Permanecer no mesmo lugar por muito tempo; 
 Bater/tropeçar nos móveis ou paredes; 
 Andar em círculos atrás do próprio rabo. 
A importância de um hospital veterinário 24h 
Ao apresentar qualquer um dos sintomas listados, seu pet pode estar em uma 
emergência neurológica, e emergências não têm hora para acontecer. É muito 
importante, portanto, poder contar com um hospital 24 horas que ofereça suporte para 
7 
 
 
atendimento completo, desde consultas e exames à medicação, internação e 
cirurgias. 
 
Seção 1.3: Neurologia veterinária 
O profissional especializado em neurologia acompanha a saúde do sistema 
nervoso central e periférico dos cães e gatos. As alterações neurológicas em cães são 
as mais variadas, abrangendo desde a epilepsia idiopática (quadro primário sem 
causa conhecida) até neoplasias (tumores) cerebrais. Outros exemplos de quadros 
de alteração neurológica são: convulsões focais, hérnias de disco intervertebral, 
neoplasias não centrais, meningites, encefalites, mielites, AVCs, vestibulopatias. As 
manifestações clínicas são as mais variáveis, desde incoordenação, fraqueza nas 
patas, dificuldades de se locomover, cabeça pendente para o lado, andar compulsivo 
e em círculos, vocalização (latidos repetidos sem motivo específico aparente), 
convulsões, pouca responsividade a estímulos. 
Além disso, com o avanço da idade de nossos pacientes, é cada vez mais 
comum o quadro de disfunção cognitiva, no qual o cão idoso começa a apresentar 
comportamentos alterados, e que com o acompanhamento do neurologista as 
alterações podem ser amenizadas. 
Infelizmente, em boa parte dos quadros, os sintomas de doenças neurológicas 
são muito semelhantes, e então para a identificação da real causa e localização 
correta da porção nervosa acometida é necessário um especialista que realize um 
exame clínico completo, e assim possa direcionar os exames complementares 
necessários a serem associados. 
Em casos de alterações neurológicas, sempre procure um neurologista, pois o 
diagnóstico precoce sempre favorece a evolução positiva no tratamento. 
Especialidades: 
 Acupuntura Veterinária; 
 Cardiologia Veterinária; 
 Clínica de Felinos; 
 Clínica de animais exóticos e silvestres; 
 Dermatologia Veterinária; 
 Endocrinologia Veterinária; 
 Fisioterapia e Reabilitação Veterinárias; 
8 
 
 
 Gastroenterologia Veterinária; 
 Geriatria Veterinária; 
 Hematologia Veterinária; 
 Homeopatia Veterinária; 
 Internação e Terapia intensiva; 
 Nefrologia Veterinária; 
 Neurologia Veterinária; 
 Nutrição Clínica Veterinária; 
 Odontologia Veterinária; 
 Oftalmologia Veterinária; 
 Oncologia Veterinária; 
 Ortopedia Veterinária; 
 Ozonioterapia Veterinária; 
 Pediatria e Neonatologia Veterinária; 
 Reprodução. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
Unidade 2: Neurologista Veterinário – Neurologista 
para Cães e Gatos 
 
Seção 2.1: Neurologista veterinário – Tudo que você precisa saber, 
identificando problemas neurológicos em cães e gatos 
A neurologia veterinária é uma especialidade que trata os problemas 
relacionados ao sistema nervoso do animal. Tal sistema engloba não apenas os 
nervos do animal como também o cérebro e a medula espinhal, sendo eles 
responsáveis por enviar os comandos do cérebro ao músculo. 
Quando ocorre alguma lesão é possível que o cão ou gato sofra com problemas 
neurológicos, tendo a sua movimentação dificultada. Mas é importante ressaltar que 
essa não é a única causa de problemas neurológicos, eles também podem ser 
ocasionados por inflamações, distúrbios metabólicos, problemas vasculares e outros. 
Apesar de dificilmente esse sistema se regenerar, com o apoio de um 
neurologista veterinário a chance de sucesso aumenta. 
Tal especialidade é muito importante dentro da medicina veterinária porque 
cerca de 10% dos casos de pets de pequenos portes que são atendidos em clínicas, 
apresentam algum problema neurológico. 
O que faz um neurologista veterinário 
O neurologista veterinário é um profissional que se especializou para tratar 
questões relacionadas ao sistema nervoso de cães e gatos. Ele possui o 
conhecimento necessário para realizar exames e detectar quais são as possíveis 
causas de problemas neurológicos que os pets possam enfrentar. 
Além disso, é capaz de indicar um tratamento adequado, proporcionando uma 
recuperação dos danos e melhorando a qualidade de vida do animal. Entretanto, para 
identificar os problemas, ele deve estar atento a todos os sinais que o pet dá. 
Sintomas que indicam algum problema no sistema nervoso: 
 Paralisia 
 Convulções 
 Perda de Equilibrio 
 Alteração do comportamento 
 Epilepsia 
10 
 
 
 Dores na coluna 
 Dificuldade de locomoção 
 Distúrbios do sono 
 Andar em círculos 
 Andar arrastando as patas 
 Quedas 
 Tremores 
 Surdez 
 Intolerância a exercícios físicos 
 Paralisia dos membros 
 Cegueira súbita 
 Dificuldade para respirar 
 Claudicação (andar manco) 
 Agressividade 
 Latir ou miar compulsivamente 
Exames feitos pelo neurologista veterinário 
Para identificar o que está ocasionando o problema, existem exames feitos pelo 
neurologista veterinário que auxiliam no diagnóstico. A escolha de qual será realizado 
cabe ao profissional após fazer uma avaliação prévia do animal em um exame clínico 
e identificar alguns sintomas. Podem ser realizados exames como: 
 Eletroneuromiografia (ENMG) 
O eletroneuromiografia, ENMG, avalia o função dos nervos periféricos e 
músculos, auxiliando na investigação das lesões. Ele permite identificar os distúrbios 
do sistema nervoso, sua localização e características. 
 Análise de Liquor ou liquidocefaloraquidiano (LCR) 
Esse é o líquido que protege o cérebro e se altera que o sistema nervoso tem 
alguma modificação. Ele utiliza uma avaliação microbiológica, bioquímica e citológica 
para auxiliar no diagnóstico, sendo bastante usado para detectar meningites e 
tumores. 
 Mielografia 
A mielografia é bastante usado quando não se tem acesso a exames mais 
modernos de imagem e permite identificar lesões na região da medula espinhal. Ele 
é feito por meio de contraste com o uso de tomografia ou raio- X. 
11 
 
 
 Tomografia Computadorizada (TC) 
A tomografia computadorizada é feita com anestésicos para que o pet fique 
imóvel enquanto são feitas as imagens. Ele permite avaliar toda a estrutura óssea do 
cão ou gato e também os seus órgãos. 
 Ressonância Magnética (RM) 
A ressonância magnéticapermite visualizar toda a parte interna do animal, 
avaliando alterações químicas, físicas e comportamento das moléculas. 
Doenças – Tipos de doenças tratadas pelo veterinário neurologista 
A neurologia veterinária é uma especialidade bastante ampla porque sua 
atuação não se limita a poucas doenças. São diversos os casos que podem ser 
identificados e tratados por essa especialidade. 
Dentre os casos tratados pela neurologia veterinária podemos citar: afecções 
do cérebro, afecções do ouvido interno, afecções da medula espinhal, afecções das 
vértebras, afecções dos músculos e dos nervos e afecções neuromusculares. 
 Miastenia Gravis 
Essa doença faz com que os músculos fiquem enfraquecidos, resultante da 
transmissão dos impulsos nervosos de maneira anormal. Ela pode ser congênita ou 
adquirida. 
 Epilepsia 
A epilepsia ocorre devido a impulsos anormais do cérebro que inibem os 
movimentos. Ela pode ter origem hereditária (epilepsia idiopática) ou ser resultante de 
algum trauma (epilepsia secundária). 
 Traumas na medula espinhal 
Ele costuma ser resultado de um trauma ou acidente que o animal sofreu, 
podendo ocasionar a paralisia temporária ou permanente. 
 Encefalopatia hepática 
A encefalopatia hepática é resultado da degeneração do cérebro resultante da 
insuficiência hepática. O cão com essa doença pode sofrer convulsões, paralisia 
facial, fraqueza e tremores. 
 Mielopatia degenerativa 
Ela está associada a deterioração dos nervos da medula espinhal, afetando 
principalmente as patas traseiras e gerando dificuldade de locomoção. Ela costuma 
ser mais frequente em cães com maior idade. 
12 
 
 
 Síndrome de Disfunção Cognitiva 
Essa doença faz com que o animal fique desorientado, andando em círculos e 
deixando de responder aos comandos. Ela costuma ser mais frequente em cães e 
gatos senis. 
 
Seção 2.2: Os desafios da neurologia veterinária 
O sistema nervoso dos pequenos animais é composto por tecidos delicados 
que são responsáveis pela coordenação dos músculos, movimentação de órgãos e 
geração de estímulos corporais diversos. O problema é que, por serem muito 
sensíveis, podem acabar sofrendo lesões e causar complicações. E é por isso que a 
área da neurologia veterinária surgiu. 
A neurologia veterinária é uma especialidade responsável por solucionar as 
complicações devido a falha no sistema nervoso de cães e gatos. Por tanto, deve 
compreender os caminhos para encontrar as diferentes patologias e amenizar as 
consequências geradas por tais problemas. 
Apesar de estar em crescimento, essa é uma área que enfrenta ainda alguns 
desafios, principalmente no que diz respeito das neuropatias. Tendo isso em mente, 
neste artigo vamos falar um pouco dessa área, principais doenças neurológicas e 
quais são as ferramentas mais indicadas para diagnosticá-las. 
O que é neurologia veterinária? 
A neurologia veterinária é uma área que engloba as avaliações e tratamentos 
de problemas que envolvem todo o sistema nervoso central, que é composto por 
medula espinhal, cérebro, cerebelo, sistema nervoso periférico (nervos, fibras motoras 
e sensitivas) e tronco encefálico. Além disso, também trata de alterações como a 
hérnia de disco e epilepsia em pequenos animais, por exemplo. 
De modo geral, o sistema nervoso de cães e gatos é complexo e delicado. No 
entanto, uma parte significativa das doenças e problemas nesses animais podem ser 
tratadas e melhoradas de maneira significativa. Principalmente quando do diagnóstico 
é feito de maneira precoce. Já que, com isso, o tratamento pode ser iniciado 
imediatamente. 
No entanto, as disfunções neurológicas também podem ser responsáveis por 
provocar sequelas permanentes nos animais que não tiverem o atendimento 
adequado de maneira rápida. 
13 
 
 
Felizmente, a área já conta com tecnologia avançada para o diagnóstico com 
exames de imagens cujos resultados são cada vez mais claros. A seguir, veja quais 
as principais doenças e como o diagnóstico pode ser feito! 
Principais doenças do sistema neurológico 
Pode-se classificar as doenças do sistema nervoso de três formas distintas que 
são: neuropatias, miopatias e juncinopatias. Todas são doenças do sistema nervoso 
periférico e localizadas em regiões distintas e com etiologias diferentes. Elas podem 
ter causas traumáticas, vasculares, neoplásicas, metabólicas , infecciosas ou 
hereditárias. 
 Neuropatias 
As neuropatias são doenças que têm origem em problemas de funcionamento 
dos nervos. Podem também se apresentar de forma focal ou difusa, dependendo do 
agente causador.Com por exemplo, a paralisia facial idiopática ( lesão no nervo facial). 
Assim, as neuropatias são desencadeadas a partir de um grupo de nervos de 
uma mesma região ou de vários nervos de todas as regiões do corpo do paciente, 
como a polirradiculoneurite aguda idiopática. 
 Juncinopatias 
Já as juncinopatias são doenças que ocorrem na junção neuromuscular, que é 
a região na qual ocorre a junção de nervos e músculos. Essa junção é formada por 
um neurônio pré-sináptico, que com o potencial de ação, ativa a vesícula sináptica 
para que libere o neurotransmissor. 
Alguns exemplos de doenças pré-sinápticas são o botulismo, paralisia por 
carrapato e os acidentes ofídicos. Já as doenças pós-sinápticas podem ser 
exemplificadas com a miastenia gravis a intoxicação por organofosforados. 
 Miopatias 
As miopatias são afecções e lesões nas fibras musculares e podem ser 
classificadas em três grupos: inflamatórias, metabólicas e hereditárias 
De maneira geral, as neuropatias são as alterações neuromusculares mais 
comuns, quanto que juncinopatias e miopatias são bem mais raras. Além disso, os 
agentes causadores também podem ser os mesmos ou diferentes. 
O desafio de diagnosticar doenças de origem neurológica 
Na neurologia veterinária, o meio de diagnóstico é diferente e específico para 
cada etiologia e região do sistema nervoso. No entanto, na prática, os sinais 
14 
 
 
neurológicos são bastante semelhantes. Por isso, a investigação deve sempre partir 
de um ponto mais abrangente a fim de procurar possíveis causas. 
A abordagem do paciente com suspeita de alguma alteração neurológica deve 
se iniciar de forma abrangente, identificando o paciente. Isso porque, algumas 
doenças são mais comuns em determinadas raças, idade ou sexo. Os exame 
laboratoriais não são muito úteis para identificar a causa da neuropatia periférica. 
Por outro lado, a radiografia e a tomografia podem também serem usadas na 
neurologia veterinária. Apesar de não serem métodos tão sensíveis para avaliar 
tecidos moles, auxiliam indiretamente na identificação de lesões em tecidos 
adjacentes ao nervo. 
Já o ultrassom veterinário é utilizado para a avaliação morfológica de alguns 
segmentos que fazem parte do plexo braquial e lombossacro mas, para isso, demanda 
muita experiência do médico veterinário que está utilizando. 
A ressonância magnética é, então, um dos principais métodos de diagnóstico 
na neurologia veterinária. Ela é ideal para o diagnóstico de doenças compressivas ou 
neoplasias do nervo periférico e nas lesões de orelha média e interna. No entanto, é 
limitado nas demais causas de neuropatias. 
Nesse contexto, a eletroneuromiografia é uma importante ferramenta tanto para 
o diagnóstico como para o prognóstico, pois é sensível e precoce. Com ele é possível 
identificar alterações em nervos periféricos e nos músculos. Na maioria dos casos são 
necessárias biópsias do tecido muscular e do nervo. 
Tratamento 
É importante lembrar que, na maioria dos casos em neurologia veterinária, vai 
depender do agente causador. Por isso, é essencial utilizar os meios de diagnóstico 
disponíveis para identificar a causa da neuropatia. 
 
Seção 2.3: Neurologia 
O Neurologista Veterinário é o especialista que trata das doenças de todo o 
sistema nervoso, seja ele central (cérebro, cerebelo e medula espinhal)ou periférico 
(gânglios e nervos). Um especialista da área é capacitado para realizar diagnósticos 
e procedimentos adequados para a cura ou minimização dos quadros adversos, 
aumentando a chance de recuperação e promovendo o bem-estar e qualidade de vida 
dos nossos pets. 
15 
 
 
Quando procurar um veterinário neurologista? 
As alterações neurológicas podem apresentar uma grande quantidade de 
sintomas. Podem ser divididas em doenças que acometem o sistema nervoso central 
e doenças que acometem o sistema nervoso periférico. 
Principais sintomas de alterações no Sistema Nervoso Central 
 Confusão mental. 
O pet não reconhece o dono de imediato, fica parado contra a parede ou 
objetos, sem tentar desviar, não localiza a comida, não atende aos chamados, 
apresenta um olhar confuso ou ausente, reações estereotipadas e mudança 
comportamental. 
 Convulsões. 
Contração de um ou mais membros, seguida ou não de contração do corpo 
inteiro, queda para a lateral, movimentos de pedalar, mastigar e piscar os olhos, 
acompanhado ou não de urina ou defecação. 
 Nistagmo. 
Movimentos horizontais, verticais ou rotatórios dos olhos, sem parar. 
 Dificuldade de engolir alimentos. 
 Cegueira central (amaurose). 
Animal se choca contra objetos ou móveis. 
 Andar não coordenado ou cambaleante. 
O animal perde o equilíbrio, cai facilmente para os lados ou para trás. 
 Andar em círculos. 
Tendência a girar ou andar girando para um mesmo lado 
 Desvio lateral da cabeça. 
Principais sintomas de alterações no Sistema Nervoso Periférico 
Aqui a Neurologia tem uma congruência muito grande com a Ortopedia. Afinal, 
muitas vezes, trata-se da mesma região. Entre os sintomas de alterações estão: 
 Tremor de uma ou mais patas ao se levantar ou permanecer em pé. 
 Dificuldade em subir escadas ou em lugares mais altos, como sofá ou banco 
do carro. 
 Dificuldade em se levantar, tanto com duas ou as quatro patas. 
 Paralisia, impossibilitando o animal de andar com patas traseiras ou as 
quatro patas. 
16 
 
 
 Arrastar uma pata ao andar ou se levantar. 
 Ganidos e gritos sem motivo aparente. 
 Enrijecimento da coluna do pescoço (cervical). 
 Dificuldade para abaixar a cabeça para se alimentar ou beber água. 
 Dificuldade para realizar movimentos laterais com o pescoço. 
 Coluna encurvada. 
 Atrofia muscular. 
Como evitar problemas neurológicos em pets? 
Não há uma forma muito clara de se evitar problemas neurológicos em cães, 
mas é possível estimulá-los e despertar a sua curiosidade. 
 Se possível, não deixe seu pet sozinho por longo tempo. 
 Converse com seu cão. Aparentemente eles podem aprender algumas 
palavras. 
 Estimule o cérebro do seu pet com jogos, por exemplo, os bongs de petisco. 
 Brinque com seu pet sempre que possível. 
 Se seu pet for um cão, leve-o para passear em lugares diferentes, já que 
isso estimula a sua curiosidade. 
 
Seção 2.4: Os problemas neurológicos mais comuns em pets 
 Epilepsia 
Essa doença é caracterizada por convulsões recorrentes, que podem ser de 
origem hereditária ou adquirida – como após acidentes ou doenças como viroses, 
leucemia felina (em gatos) ou traumas crânio-encefálicos. Durante a convulsão, além 
dos movimentos involuntários, pode ocorrer micção e defecação, salivação excessiva 
e até mesmo perda de consciência. Nesse momento, tudo o que se pode fazer é 
manter o animal em segurança afastando tudo o que pode machucar o pet. Não 
assopre o focinho, não coloque a mão na língua, nem assopre o focinho. Isso pode 
resultar em mordidas e ainda piorar o quadro do animal. Mas uma vez que a convulsão 
aconteça e termine, o mais importante é levar o animal a um veterinário para uma 
avaliação cuidadosa para se determinar a origem do problema e fazer a indicação da 
melhor medicação e tratamento para o caso. 
 A.V.E. (Acidente Vascular Encefálico) ou “derrame” 
17 
 
 
Se o seu pet ficar inconsciente e se contorcer no chão, há probabilidade de ser 
um acidente vascular encefálico. As causas são similares ao A.V.E. em humanos: 
obstrução dos vasos sanguíneos, resultando em isquemia, ou pela ruptura das 
paredes dos vasos sanguíneos, ocasionando hemorragia cerebral. Mas, 
diferentemente do humano, as chances de recuperação com sequelas mínimas ou 
ausentes são bem grandes. 
Esse problema ocorre geralmente em cães mais idosos, sendo mais incidente 
em cães com histórico de hipertensão arterial. As prioridades durante o tratamento de 
um derrame em pet é minimizar o inchaço no cérebro e maximizar a entrada de 
oxigênio ao cérebro. Isto será feito por meio de cuidados médicos e medicações. 
Portanto, ao suspeitar de um A.V.E. leve seu pet imediatamente ao médico veterinário. 
 Síndrome da Disfunção Cognitiva 
A Síndrome da Disfunção Cognitiva (SDC) é como o Alzheimer nos humanos. 
Cães e gatos com essa disfunção mostram-se confusos em situações conhecidas: se 
perdem dentro de sua própria casa, olham fixo no espaço, ficam presos em espaços 
apertados, vão para a porta errada na hora de sair, andam sem direção e podem até 
não reconhecer membros da sua família. Também costumam dormir mais durante o 
dia e ficar acordado à noite, chorar, latir, uivar e arranhar o chão. A principal causa da 
SDC é a formação de depósitos de substância beta-amiloide em diversas áreas do 
tecido cerebral. O diagnóstico da SDC é clínico, isto é, não existem exames que 
confirmem a doença. Por isso é fundamental excluir outras causas de alterações no 
comportamento do animal, como tumores, doenças degenerativas ou autoimunes, 
dor, etc. Essa síndrome tem controle e, apesar de não ter cura, pode aumentar muito 
a qualidade de vida e retardar a progressão da doença. 
 Intoxicações 
As intoxicações mais comuns em cães e gatos que apresentam manifestações 
neurológicas, são causadas por ingestão ou contato com inseticidas/pesticidas, como 
por exemplo o “chumbinho” que tem venda proibida no Brasil. Há tremores musculares 
generalizados, acompanhados ou não de vômito e diarreia, além de convulsões. O 
atendimento é emergencial, podendo haver reversão do quadro dependendo da dose 
ingerida, tamanho do animal e tempo decorrente entre a ingestão do produto e o 
atendimento. 
 Trauma na medula espinal e/ou crânio-encefálico (TCE) 
 
18 
 
 
Geralmente esse quadro está associado a situações de múltiplos traumas, 
como atropelamentos, quedas ou ataques de cães. No trauma da medula espinal 
geralmente há dificuldade temporária ou permanente em andar com um ou mais 
membros. Já os sintomas de trauma crânio-encefálico podem variar de acordo com a 
extensão da lesão, prevalecendo confusão mental, cegueira, convulsões, alterações 
na marcha e até mesmo coma ou falta parcial ou total de reação a estímulos. A rapidez 
no diagnóstico e na instituição do tratamento podem ser decisivos na recuperação do 
animal. Portanto, ao menor sinal de trauma, leve seu animal ao veterinário. 
 
Seção 2.5: Doenças contagiosas que atingem o sistema nervoso 
 Cinomose 
A Cinomose é uma doença viral que acomete cães não vacinados 
principalmente no seu primeiro ano de vida, mas pode atingir animais não imunizados 
que estejam fragilizados em qualquer idade. Não é uma zoonose, isto é, não é 
transmitida do animal para o humano – mas pode ser transmitida de um cão para outro 
por via aérea ou por contato com objetos do portador. 
A cinomose é uma doença sistêmica que causa falha em diversos órgãos. O 
cão com essa doença apresenta perda de apetite, febre, diarreia, vômito, dificuldade 
para respirar, corrimento ocular e, de acordo com o avanço da doença, chega ao 
sistema neurológico, provocando “tiques nervosos”, convulsões e paralisia. Pode levar 
o animal afetado ao óbito, com duração variável da doença, entre 1 semana até vários 
meses. 
 Raiva 
A raiva é uma zoonose infecciosa bastante conhecida. É transmitida tanto para 
outros animais quanto para o humano pelo contato coma saliva de um cão doente, 
através de mordeduras e lambedura de mucosas, não sendo necessário contato direto 
com a corrente sanguínea. 
Entre os principais sintomas da raiva estão: confusão mental; desorientação; 
alucinações; convulsões; dificuldade de deglutição; paralisia motora; espasmos; 
salivação excessiva; e mudança de comportamento com agressividade na raiva 
furiosa e depressão na raiva muda, além de salivação excessiva e paralisia. Ainda há 
o tipo mais raro da doença: a raiva intestinal, em que o pet não apresenta 
agressividade ou paralisia, mas tem vômitos e cólicas. 
19 
 
 
A raiva apresenta raríssimos casos de cura sendo praticamente letal em 100% 
dos casos. Para não chegar a esse ponto,vacine seu pet contra a raiva. 
 Meningite 
Meningite é a inflamação das meninges – que são as três membranas que 
cobrem e protegem o cérebro e a medula espinhal. A doença também pode resultar 
de infecções virais, fúngicas ou parasitárias. No entanto, outro tipo de meningite 
conhecida como meningite responsiva esteróide (SRM) está se tornando cada vez 
mais comum em raças de cão. Especialistas não têm certeza sobre o que causa essa 
condição, mas eles acreditam que possa ser uma doença auto-imune. 
Embora a meningite possa afetar qualquer cão, as raças Pug, Terrier Maltês e 
o Beagle são mais suscetíveis a ela. Filhotes recém-nascidos também são mais 
propensos a desenvolver esta condição do que os adultos. 
Os sintomas mais comuns são perda de coordenação, febre, perda de apetite, 
agitação e confusão, mudança de comportamento e rigidez nos músculos do pescoço. 
O diagnóstico é feito com ressonância magnética. O tratamento varia de acordo 
com a origem do problema. Quanto mais cedo a meningite for diagnosticada maiores 
são as chances de cura e minimização das sequelas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
 
Unidade 3: Doenças Neurológicas 
 
Seção 3.1: Veterinários explicam Síndrome da Disfunção Cognitiva 
“É o lento e doloroso processo de ir se apagando aos poucos”. Assim, muitos 
definem a doença que é capaz de, entre muitas coisas, tirar a essencial característica 
do ser humano: a memória, como é o caso do Alzheimer. Segundo dados 
disponibilizados pelo Instituto Alzheimer Brasil (IAB), em 2019, estima-se que existam 
mais de 45 milhões de pessoas vivendo com demências no mundo e que esse número 
irá dobrar a cada 20 anos. 
Mas por que um problema humano, como o Alzheimer, se tornou pauta da C&G 
VF? Simples: ao contrário do que muitos possam imaginar, uma doença similar 
também pode acometer os cães e é chamada, na literatura, de Síndrome da Disfunção 
Cognitiva, que, por suas similaridades, ganhou a alcunha popular de Alzheimer 
canino. 
De acordo com o médico-veterinário, Roberto Siqueira, especialista em Clínica 
Médica, pela Universidade de Santo Amaro, especialista em Neurologia Clínica de 
Pequenos Animais, pelo instituto Fisiocare, especialista em Neurologia Clínica e 
Intensiva, pelo instituto Israelita de ensino e pesquisa Albert Einstein, e responsável 
pelo setor de neurologia e ozonioterapia na clínica veterinária ClinicalPets, em São 
Caetano do Sul – SP, a Síndrome da Disfunção Cognitiva é uma desordem 
neurodegenerativa progressiva de cães idosos, caracterizada por um declínio da 
função cognitiva e notada por alterações comportamentais. 
“O processo de envelhecimento cerebral nos cães se define por alterações, 
como atrofia cortical, mineralização meníngea, lesões perivasculares, angiopatia 
amiloide cerebrovascular, perda de neurônios, desmielinização, acúmulo de placas 
senis, danos oxidativos, entre outras que podem colaborar com o aparecimento dos 
sintomas de alteração da cognição”, define o profissional. 
Definição esta que é complementada pela também médica-veterinária Thais de 
Azevedo Carvalho Neves, pós-graduada em Neurologia de Pequenos Animais, pelo 
Instituto Bioethicus – Botucatu, e que, atualmente, trabalha com atendimentos em 
neurologia veterinária na Cidade de Jundiaí, no interior do Estado de São Paulo. A 
veterinária específica que, “a síndrome ocorre devido a deposição de proteína beta-
amilóide dentro e ao redor dos neurônios e acúmulo neuronal de proteína tau”, porém 
21 
 
 
esta última não é frequentemente vista no encéfalo de cães com o problema. “Esses 
fatores são vistos, também, em humanos com Alzheimer”, destaca Thais. 
Por isso, com as informações disponibilizadas pelos profissionais, o diagnóstico 
do problema, para ser realizado, demanda muita observação perante 
comportamentos dos animais idosos, assim como realização de exame físico e 
neurológico, além de exames complementares como de sangue e ressonância de 
crânio. 
Mas quais seriam os sinais clínicos apresentados pelos animais? 
Como explica Siqueira, “os principais sinais clínicos são desorientação, 
mudanças na interação socioambiental, distúrbios do ciclo sono/vigília – como trocar 
o dia pela noite –, vocalização noturna e andar compulsivo, alteração dos hábitos de 
higiene – como urinar e/ou defecar em locais não habituais –, apresentar uma 
diminuição da atividade física, ansiedade e, também, distúrbios do apetite”. 
Lembrando que, o problema está associado aos animais de idade avançada, 
que, segundo Thais de Azevedo, representa os cães acima de 9 anos e gatos acima 
de 12 anos. “Mas é importante observar alterações comportamentais nos animais a 
partir de 7 anos”, alerta a veterinária. 
E mesmo que os cães ganhem mais destaque, quando se pesquisa ou comenta 
sobre a Síndrome, a médica-veterinária relembra que qualquer espécie pode ser 
acometida pelo problema. O que, segundo Siqueira, está associado ao fato de que, 
qualquer animal que contenha um encéfalo está predisposto a apresentar alterações 
cognitivas. “Porém, temos mais estudos científicos comprovando a doença em cães, 
gatos e roedores”, informa. 
Ao que se refere às similaridades com o problema em humanos que, 
caraterizado como uma demência, é uma doença mental, ambas apresentam prejuízo 
cognitivo, o que pode incluir alterações de memória, desorientação em relação ao 
tempo e ao espaço, perda de raciocínio, concentração, aprendizado, entraves na 
realização de tarefas complexas, no julgamento, na linguagem e nas habilidades 
visuais-espaciais. 
Podemos tratá-la? 
Tristemente, assim como no Alzheimer humano, a Síndrome da Disfunção 
Cognitiva não tem cura. Contudo, algumas medicações, suplementos e dietas 
(antioxidantes) e ações podem auxiliar no retardo à evolução da síndrome. 
22 
 
 
“O tratamento em cães com essa patologia consiste na utilização de fármacos 
como Selegilina e Propentofilina, enriquecimento ambiental como atividade física, 
passeio, agility, natação, brinquedos educativos e interativos para estimular a 
cognição do animal”, cita o especialista em Neurologia Clínica de Pequenos Animais, 
complementando que “uma dieta rica em ômegas 3 e 6, Epa e DHA, suplementação 
calmante, antioxidante e neuroproteção e o carinho da família”, são essenciais da 
mesma forma. 
Além dos mais, o profissional destaca o tratamento complementar e integrativo 
como acupuntura, ozonioterapia, fisioterapia, homeopatia e cromoterapia. De acordo 
com ele, tais possibilidades “vêm sendo muito utilizados nos últimos anos e cada vez 
mais são procuradas pelos tutores. Apesar de não ter cura, o objetivo seria retardar a 
evolução da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente”. 
Como eu, veterinário, devo contar ao tutor? 
A hora de apresentar diagnósticos nunca é uma tarefa fácil, o que exige 
coragem e empatia do profissional para com o tutor do paciente. Por isso, como afirma 
Thais, o profissional, com calma, deve dizer que é uma síndrome comum a partir de 
7 anos e que será preciso observar qualquer alteração de comportamento do animal 
para melhor tratá-lo e poder realizar o acompanhamento adequado. 
Vale ressaltar que, após os 7 anos de idade, “para tentar prevenira síndrome, 
é importante manter a saúde física e mental dos animais, por meio de alimentação 
saudável, exercícios físicos e mental, como treinamentos de obediência, jogos de 
memória, estimular a farejar e manter contato com um médico-veterinário a cada 6 
meses para avaliação”, indica e finaliza a médica-veterinária. 
 
Seção 3.2: As doenças neurológicas em cães e entenda como ela os 
afetam 
Para garantir o bem-estar e até aumentar a expectativa de vida do pet, é 
essencial saber identificá-las e buscar tratamento o mais rápido possível. 
Espondilomielopatia cervical 
A espondilomielopatia cervical é uma doença neurológica que atinge a coluna, 
especialmente dos cães de grande porte. 
23 
 
 
Essa síndrome consiste na compressão da medula espinal cervical, que é 
causada pela má-formação ou pela falta de articulação das vértebras cervicais e dos 
tecidos brandos adjacentes. Ela costuma afetar os cães entre 4 e 10 anos de idade. 
Apesar de poder afetar qualquer cão de grande porte, existem algumas raças 
que parecem ter predisposição a desenvolver a síndrome, como o Doberman e o Dog 
Alemão. 
Dificilmente a doença é identificada nos estágios iniciais, sendo diagnosticada 
com mais frequência apenas após o surgimento de sinais neurológicos mais 
avançados, como: 
 Incoordenação de membros pélvicos; 
 paralisia parcial ou completa de membros pélvicos; 
 dificuldades na locomoção. 
Epilepsia 
A epilepsia canina é uma doença neurológica que, aparentemente, tem fundo 
genético e é passada de geração em geração. Essa doença causa crises de 
convulsões repetitivas em intervalos regulares no cachorro afetado. A primeira 
ocorrência costuma acontecer entre 6 meses e 3 anos de idade do pet. 
Basicamente, as convulsões são provocadas quando há uma descarga elétrica 
anormal no cérebro do cão, o que leva o animal à inconsciência e causa uma série de 
contrações musculares involuntárias. 
Além disso, alguns sintomas podem indicar que a crise epiléptica está prestes 
a ocorrer, como salivação excessiva, vômitos, comportamento anormal e movimentos 
estereotipados. 
Nestes caso, o ideal é procurar um veterinário 24 horas para garantir que seu 
pet não terá sequelas, nem consequências mais graves. 
Síndrome vestibular idiopática 
Essa síndrome ocorre quando existe alguma falha no funcionamento do 
sistema vestibular do cão. Esse sistema é responsável por garantir o equilíbrio e a 
orientação espacial do animal, evitando quedas, vertigens e perdas de equilíbrio. 
Dizemos que a síndrome vestibular é idiopática quando a causa da doença não 
é identificada e os sintomas aparecem repentinamente, sendo muito comum a sua 
ocorrência em cães idosos. Nesses casos, ela pode desaparecer rapidamente ou 
durar muito tempo. 
Alguns dos sintomas ligados à doença são: 
24 
 
 
 tontura, náusea e vertigem; 
 desorientação; 
 falta de equilíbrio; 
 estrabismo; 
 cabeça torcida ou inclinada; 
 deslocamento em círculos; 
 movimentos involuntários dos olhos (nistagmo). 
Hidrocefalia 
Finalizando nossa lista de doenças neurológicas em cães, vamos falar de um 
mal conhecido como hidrocefalia. 
Resumidamente, essa doença é resultado do acúmulo excessivo de líquido 
cefalorraquidiano no sistema ventricular, o que gera uma dilatação anormal que pode 
afetar um ou os dois lados do cérebro. 
A hidrocefalia pode ser adquirida ao longo da vida do pet, devido a pancadas, 
infecções e tumores, ou pode ser congênita. As seguintes raças têm predisposição a 
apresentar a doença: 
 Yorkshire; 
 Chihuahua; 
 Maltês; 
 Poodle. 
Além disso, é comum que os cãezinhos afetados apresentem os sintomas 
abaixo: 
 cabeça inchada e crânio deformado; 
 baixo aprendizado; 
 sonolência, agressividade; 
 deficiência visual ou auditiva; 
 olhos saltados; 
 andar cambaleante; 
 convulsões. 
Agora você já conhece alguns tipos de doenças neurológicas em cães e seus 
efeitos. 
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Lembre-se de que o tutor tem um papel fundamental no diagnóstico de tais 
síndromes e, por isso, deve coletar o máximo de informações e sintomas para, em 
seguida, buscar a ajuda de um neurologista veterinário. 
Afinal, somente um profissional especializado nessa área poderá indicar o 
tratamento adequado, garantido mais qualidade de vida ao pet. 
 
Seção 3.3: Veterinária alerta para as doenças neurológicas entre cães e 
gatos 
Raça, idade e porte são indiferentes para um problema entre os pets que passa, 
por muitas vezes, despercebido. A doença neurológica tem sintomas e causas 
variáveis, mas ela é recorrente e, na maioria das vezes, recebe um diagnóstico errado, 
como alerta a veterinária Cássia Carvalho, da Baruff Veterinária e Pet Shop. 
Não se conhece a frequência das doenças neurológicas de acordo com as 
regiões geográficas do País, conforme denuncia a pesquisa “Doenças do sistema 
nervoso central em cães”, da Universidade Federal de Campo Grande. Mas o estudo 
mais conhecido no País revela que entre 2006 e 2013, o Hospital Universitário de 
Santa Maria teve 1.184 casos registrados. “É um número alto. Em média, nos meus 
atendimentos na clínica e quando tive experiência no hospital veterinário em Curitiba, 
encontramos 1 caso para cada 6 atendimentos, ou seja, quase 10% dos animais 
atendidos têm características que podem ser uma doença neurológica”, reforça 
Cássia, especialista em neurologia animal. 
Para a veterinária, o número de atendimentos é considerado alto e o mais 
preocupante é que os sintomas pode ser confundidos com outras doenças. A 
especialista ressalta que animais em qualquer idade podem apresentar doenças 
neurológicas decorrente de algumas anomalias congênitas, ou seja, quando o animal 
já nasce com um problema. Outra forma é algumas doenças ser adquiridas ainda 
filhotinhos por vírus, bactérias ou mesmo deficiências nutricionais. “Por isso a 
importância de saber identificar quando é neurológico e quando não é, para poder 
fazer um tratamento certo e melhorar a qualidade de vida do animal”, explica . 
Os donos de pets devem ficar atentos a alguns sintomas e buscar o quanto 
antes uma avaliação profissional com um médico veterinário. Animais que estejam 
com dor ao caminhar, arrastam a patinha, apresentam fraqueza e até paralisias em 
algum movimento podem estar com alguma problema neurológico. Outros sintomas 
26 
 
 
como convulsões, andar em círculos, alteração de comportamento, desmaios e 
tremores, também podem estar associados a distúrbios neurológicos. “ Os sintomas 
variam de acordo com a localização da lesão. Vale ressaltar também que algumas 
doenças são mais comum se manifestarem em animais jovens, como a epilepsia 
idiopática, que normalmente se manifesta até os 6 anos de idade”, destaca Cássia. 
Principais doenças neurológicas em Pets 
A médica veterinária Cássia Carvalho,da Baruff Veterinária e Pet Shop, destaca 
as quatro doenças neurológicas mais comum em animais. São elas: 
 Hérnias de disco – As doenças do disco intervertebral são bem comuns 
em cães, principalmente nas raças Dachshund e Bulldog Francês, mas 
qualquer animal pode ter. Ocorre uma degeneração do disco, causando 
uma compressão na medula espinhal. A causa é multifatorial, como 
predisposição genética, idade e estilo de vida do animal. 
 Epilepsia – É uma doença que afeta o cérebro e causa crises epilépticas 
recorrentes (convulsão). É comum em cães e gatos. As causas podem ser 
diversas, como um tumor ou alguma infecção, como também Idiopática 
(predisposição genética). 
 Doenças virais – Como a Cinomose nos cães e a FELV (Feline leukemia 
vírus, conhecida como leucemia felina) nos gatos. São doenças 
transmitidas por vírus, que podem causar lesões neurológicas graves e na 
maioria dos casos, fatais. Ambas doenças podem ser prevenidas por 
vacinas. 
 Vestibulopatias – São lesões no sistema vestibular (responsável pelo 
equilíbrio do corpo). São bem comuns em cães e gatos, muitas vezes 
secundárioa lesão na orelha, como otites e tumores. 
Para todos os caso o ideal é o diagnóstico correto para o início do tratamento 
adequado e antecipado, de forma a evitar sequelas e permitir uma qualidade de vida 
melhor ao animal. 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 
Unidade 4: Avaliação Neurológica, Diagnóstica e 
Terapêutica de Cães e Gatos com Síndrome Tremor 
 
Seção 4.1: Introdução 
Dos distúrbios do movimento, o tremor é o mais comum em humanos 
(BAGLEY, 1991; VIEIRA, 2005) e também é uma anormalidade muito comum em cães 
(BAGLEY, 2004a) sendo em ambas as espécies resultante de uma variedade de 
doenças (BAGLEY, 1991; VIEIRA, 2005). 
Tremores se definem por movimentos oscilatórios rítmicos que podem decorrer 
de contrações alternadas de grupos musculares opostos ou de contrações 
simultâneas de músculos agonistas e antagonistas (MATTOS, 1998). 
Eletromiograficamente o tremor é caracterizado pela explosão rítmica da 
atividade do neurônio motor, no qual ocorre em grupos musculares opostos (BAGLEY, 
1991). A contração de músculos com funções opostas dá ao tremor uma natureza 
bifásica. Essa característica bifásica diferencia o tremor de outras anormalidades do 
movimento (BAGLEY, 1991; BAGLEY, 2004a). 
Os tremores seriam uma forma amena de tétano e são caracterizados mais por 
uma agitação involuntária dos membros do que do que por violentas contrações 
(CHRISMAN, 1985). 
Geralmente durante o sono ocorre o desaparecimento do sinal de tremor, e o 
tremor tende a aumenta em situações de ansiedade (BAGLEY, 2004a; VIEIRA, 2005). 
Tremor pode ser resultado de lesões em diferentes áreas do corpo, no qual 
incluem os núcleos basais e outros componentes do sistema extrapiramidal, cerebelo, 
corpos celulares neuronais difusos envolvidos no mecanismo reflexo segmentar ou 
supra-espinhal, componentes mecânicos dos membros ou o caminho de ligação entre 
essas áreas. Muitos dos componentes dos neurônios centrais exercem funções 
motoras coordenadas (BAGLEY, 1991). 
Na rotina da prática clínica muita dificuldade é encontrada na abordagem, 
entendimento, classificação e diagnóstico dos pacientes apresentados com tremores. 
Dessa forma, esse trabalho tem como objetivo realizar um estudo em cães e gatos 
admitidos com desordens neurológicas e síndrome tremor; aspectos neurológicos, 
diagnósticos, terapêuticos foram avaliados e apresentados. 
 
28 
 
 
Seção 4.2: Tipos de tremores 
Em humanos são definidos basicamente duas categorias de tremores: o normal 
ou fisiológico e o anormal ou patológico. 
O tremor fisiológico é um fenômeno normal, que ocorre em todos os grupos 
musculares, pode estar presente em certas fases do sono, e que não constitui nenhum 
problema clínico (VIEIRA, 2005). 
O tremor fisiológico ocorre na frequência de 8-13 Hz e uma das explicações 
seria o reflexo balistocardiograma (BAGLEY, 1991; MATTOS, 1998). 
O reflexo balistocardiograma é a vibração passiva dos tecidos do corpo 
produzida pela atividade mecânica do coração (MATTOS, 1998). Esse movimento 
geralmente não é percebido, podendo, no entanto, ser exacerbado e agora passível 
de observação por condições como: medo e ansiedade, distúrbios metabólicos 
(hipoglicemia e hipertireoidismo), exercício físico, fadiga, uso de certas drogas ou 
consumo de estimulantes, ou ainda no contexto de doenças metabólicas como 
hipertireoidismo, hiperglicemia/hipoglicemia (MATTOS, 1998; VIEIRA, 2005). Ocorre 
nessas condições um aumento do débito cardíaco, o que levaria a amplificação desse 
tipo de tremor (MATTOS, 1998). 
Essa variação do tremor fisiológico é denominada de tremor fisiológico 
exagerado ou exacerbado, e possui alta frequência, baixa amplitude e é reversível. O 
controle desses tremores está na correção dos fatores que o iniciaram (VIEIRA, 2005). 
O tremor patológico é aquele que impede que o paciente exerça suas funções 
normais (BAGLEY, 1991). 
Algumas hipóteses sugerem que o tremor patológico ocorra devido o 
desbalanço de neurotransmissores como: dopamina; acetilcolina e do ácido 
aminobutÍrico (BAGLEY, 1991). 
Existem diferenças entre as espécies, assim como nas áreas anatômicas 
dentro do sistema nervoso e suas respectivas funções, que quando alterada pode 
resultar em tremor. Um exemplo disso são lesões dos núcleos basais e substancia 
cinzenta que comumente pode causar síndrome tremor em humanos e outros 
primatas e que normalmente não causam tremores em cães (BAGLEY, 1991; 
BAGLEY, 2004a) 
Dependendo do tipo do tremor, o receptor tremorgênico pode ser de origem na 
musculatura periférica ou no sistema nervoso central (BAGLEY, 1991; SANDERS; 
BAGLEY, 2003; BAGLEY, 2004a). 
29 
 
 
As tentativas para classificar os distúrbios tremores em animais não foram bem 
sucedidas, já que em seres humanos essa classificação é baseada na etiologia, na 
lesão anatômica, alterações de neurotransmissores e na clínica da síndrome. Em 
animais é difícil associar essas classificações, já que há pouca informação sobre a 
etiologia e patogenia da síndrome tremores (BAGLEY, 1991; SANDERS; BAGLEY, 
2003). 
 
Seção 4.3: Classificações dos tremores 
No que se refere à classificação de tremores em humanos, há uma 
classificação fenomenológica de Jankovick, que divide os tremores em 3 grupos: 
tremor de repouso, tremor de intenção, tremor de ação e miscelânea (MATTOS, 
1998). 
O tremor de repouso é aquele que aparece quando a parte afetada do corpo 
está relaxada ou fora da ação da gravidade, e cessa com o ato de se mover a parte 
afetada voluntariamente (MATTOS, 1998). 
A principal doença que leva ao tremor de repouso nos humanos é a doença de 
Parkinson e que até o momento não tem nenhuma relação a qualquer doença em 
cães (BAGLEY, 1991). 
Já em equinos existe uma doença chamada Encefalomalacia Nigropalidal 
Equina, que é uma doença análoga à doença de Parkinson dos humanos (BANGLEY, 
1991). 
Tremores de intenção são aqueles que ocorrem quando o doente tem a 
intenção de se mover de forma orientada (BAGLEY, 1991). 
Esse tipo de tremor é mais pronunciado quando o movimento é iniciado e, é 
um importante sinal de doença cerebelar (LORENZ; COATES; KENT, 2011). 
Tremor de ação, em comparação com o tremor de intenção, ocorre quando 
alguma parte do corpo está em uma determinada posição e pode se acentuar com a 
necessidade de um movimento mais preciso (BAGLEY, 1991). 
Vários tipos de tremores de ação ocorrem nos humanos, mas em cães e gatos 
doenças similares são pouco descritas (BAGLEY, 1991; BAGLEY, 2004a; SANDERS; 
BAGLEY, 2003). 
30 
 
 
Podemos classificar os tremores nos pequenos animais principalmente pela 
sua apresentação clínica, isto é, se ele é focal ou generalizada (Figura 01.) (BAGLEY, 
1991). 
Figura 01. Classificação etiológica dos tremores em cães. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: adaptado BAGLEY, 1991. 
 
Seção 4.4: Fisiopatogenia do tremor 
Tremor Fisiológico 
Várias hipóteses são propostas para explicar os tremores fisiológicos. 
Tradicionalmente acredita-se que a vibração passiva dos tecidos do corpo é produzida 
por um mecanismo de origem cardíaca, mecanismo esse já abordado no item 2 
(BAGLEY; 2004a; SANDERS; BAGLEY, 2003). 
O tremor fisiológico não costuma ser observado a olho nu. Em algumas 
situações esse tremor é amplificado e visível, como na fadiga muscular, hipoglicemia, 
31 
 
 
hipertireoidismo, uso de alguns medicamentos como agonistas alfa-adrenérgicos e 
antidepressivos, ou no uso de estimulantes como a cafeína ou até mesmo na extensão 
dos membros (BORGES; FERRAZ, 2006). 
Existem três possíveis componentes envolvidos nos tremores fisiológicos, um 
componente mecânico que é o reflexo balistocardiogama, outro componente seria a 
ativação do sistema nervoso simpático, e um terceiro componente seria a 
sincronização dos neurônios motores pelo cérebro amplificando o tremor (SANDERS; 
BAGLEY, 2003). 
Talvez o maior significado para essas vibrações sejam descargasespontâneas 
de grupos de neurônios motores, e a ressonância natural das fibras musculares 
(BAGLEY, 2004a; SANDERS; BAGLEY, 2003). 
O tremor fisiológico pode ocorrer durante o repouso ou durante a postura 
antigravitacional (SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Alguns tremores anormais, especialmente os de origem metabólica dos 
tremores de ação, como a hipoglicemia e feocomocitoma, acredita-se que são 
exacerbações dos tremores fisiológicos (BAGLEY, 2004a). 
Tremor Cerebelar 
O cerebelo exerce a função de controlar os movimentos após eles se iniciarem, 
ele também auxilia com a regulação da postura, propriocepção inconsciente e no 
tônus muscular (BAGLEY, 2004a; BREAZILE, 1996). 
O cerebelo é dividido em dois hemisférios laterais que são responsáveis 
principalmente pelos movimentos dos membros, uma porção média ou verme 
cerebelar, responsável pela regulação da postura e do tônus muscular, e um porção 
ventral (lobo flocculonodular), que é responsável principalmente pela manutenção do 
equilíbrio, coordenação da cabeça e pelo movimento dos olhos (funções vestibulares) 
(BAGLEY, 2004a). 
O córtex cerebelar é formado por três camadas: uma camada molecular 
externa, uma camada de células de Purkinje mais central e uma camada de células 
granulares mais internas (Figura. 02) (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004; BREAZILE, 
1996). 
Figura 02. As três camadas da substancia cinzenta do cerebelo e a substância 
branca. Hematoxilina eosina. Pequeno aumento. 
 
 
32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004. 
 
O córtex cerebelar exerce predominantemente influência inibitória sobre os três 
núcleos emparelhados da matéria branca subcortical (fastigial, interpósito e 
denteado), que são responsáveis pelo controle, sem ser responsável pela iniciação 
dos movimentos da cabeça e dos movimentos dos membros (BAGLEY, 2004a). 
As informações aferentes e eferentes são transmitidas para ou pelo cerebelo 
através de três pares de pedúnculos cerebelares inerentes ao tronco cerebral 
(BAGLEY, 2004; BREAZILE, 1996). 
Disfunção em qualquer área do cerebelo geralmente geram sinais que incluem 
anormalidades na taxa, no intervalo, direção e força dos movimentos motores. Nas 
disfunções que afetam apenas o cerebelo não se nota sinais de fraqueza ou paralisia 
(BAGLEY, 2004a; SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Os tremores causados por doenças cerebelares são mais evidentes quando o 
animal tenta fazer um movimento com um objetivo orientado, classificando-se assim 
como tremor de intenção (BAGLEY, 2004a). 
Esse tipo de tremor que implica uma lesão dos hemisférios cerebelares, tornase 
mais óbvio quando o animal tenta abaixar a cabeça para comer ou beber (BAGLEY, 
2004a). 
33 
 
 
Tremores de intenção podem envolver a cabeça ou todo o corpo, e pode ainda 
estar acompanhado de outros sinais de disfunção cerebelar como ataxia e 
dismetria/hipermetria (BAGLEY, 2004a) 
Tremor de Neuropatias Periféricas 
Neuropatias periféricas como a desmielinização podem levar a tremores 
(SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Esse tipo de transtorno tem um início insidioso e pode ser de etiologias 
hereditárias, congênita, metabólicas, tóxicas e inflamatórias (SANDERS; BAGLEY, 
2003). 
Um tema pertinente à geração de tremores ou movimentos involuntários, é que 
houvesse espontânea descarga neuronal ou axonial tanto no sistema nervoso central 
e ou no sistema nervoso periférico. Esse aumento da excitabilidade pode ser causado 
por qualquer desordem que interfira com a normal mielinização, na função dos canais 
iônicos, na concentração de eletrólitos (especialmente potássio, cálcio e sódio) e de 
neurotransmissores (BAGLEY, 2004a). 
Desordens hereditárias, inflamatórias podem afetar algum desses parâmetros 
e levar a tremores, ou qualquer outro movimento involuntário (BAGLEY, 2004a). 
 
Seção 4.5: Doenças que causam sindrome tremor 
Desordens da Mielinização 
Aqui o termo desmielinização será usado para definir doenças do sistema 
nervoso central no qual ocorre uma insuficiência congênita da síntese da mielina 
(HOERLEIN, 1978). 
Nesse grupo de doenças temos a hipomielinicação e a desmielinização. A 
hipomielinização ocorre quando o axônio no sistema nervoso central possui uma fina 
camada de mielina. Quando esse axônio se encontra com uma camada anormal de 
mielina é chamado de desmielinização; ainda na desmielinização o axônio pode se 
encontrar totalmente sem a camada de mielina (BAGLEY, 2004a). 
Várias raças de cães podem ser afetadas com esse grupo de doença de caráter 
congênita que incluem Chow Chow, Dálmata, Springer Spaniel, Samoieda, Bernese 
Mountain dog e Weimaraner (BAGLEY, 2004a; VIOTT et al., 2007). 
Os animais afetados por essa doença apresentam tremores a partir da primeira 
semana de vida (CHRISMAN, 1985; HOERLEIN, 1978; VIOTT et al., 2007) e tremores 
34 
 
 
por todo o corpo, que cessam durante o sono (BAGLEY, 2004a; CHRISMAN, 1985; 
VIOTT et al., 2007). 
Além do comprometimento da locomoção, esses tremores nos animais 
afetados dificultam a sucção do leite, o que pode levar a baixo desenvolvimento 
corporal ou até mesmo ao óbito do animal por inanição (VIOTT et al., 2007). 
Alguns animais ao se locomoverem aparentam estarem saltando (BAGLEY, 
2004a; VIOTT et al., 2007). 
Tremor nessa classe de doença é classificado como tremor de ação, já que 
aumentam durante a excitação e durante a movimentação, e sessam durante o sono 
(BAGLEY, 2004a; CHRISMAN, 1985; VIOTT et al., 2007). 
A mielinização anormal do sistema nervoso central pode afetar a condução do 
impulso nervoso e causar tremor. É possível ainda que promoção dos tremores sejam 
pela condução alterada do impulso ou descarga espontânea dos axônios não 
mielinizados devido a um aumento da concentração de potássio extracelular. O grau 
de tremor vai variar com o grau da desordem na mielina (BAGLEY, 2004a). 
A causa dessa doença de caráter congênito é desconhecida, mas acredita-se 
que seja um defeito genético na formação da mielina (BAGLEY, 2004a; VIOTT et al., 
2007). 
Para diagnóstico clínico presuntivo deve-se levar em consideração a idade, a 
raça, e ainda descartar outras causas de tremores (BAGLEY, 2004a). O diagnóstico 
definitivo é apenas obtido com o exame histopatológico (Figura 03) (BAGLEY, 2004a). 
Figura 03. Hipomielinização acentuada da substancia branca, contrastando 
com a mielinização normal do nervo craniano. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: VIOTT et al., 2007. 
35 
 
 
Não há tratamento específico para esse grupo de enfermidades, e a melhora 
ocorre com a idade, os tremores podem se resolverem quando o animal se torna 
adulto quando a bainha de mielina adquire espessura normal (BAGLEY, 2004a). 
Pode utilizar o diazepam na dose de 0,5 a 2,0 mg via oral, a cada 8 horas, como 
tentativa de diminuir os tremores (CHRISMAN, 1985). 
Doenças Cerebelares 
O cerebelo é único, tanto estruturalmente como funcionalmente dentro do 
sistema nervoso central, sendo responsável pela eficiência da função motora 
(SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Degeneração Cortical Cerebelar 
Degeneração cortical cerebelar também é chamada de abiotrofia cerebelar, é 
geralmente uma doença hereditária nos cães (BAGLEY, 2004a). 
Esse grupo de doenças especificamente refere-se à degeneração da 
população de células neuronais no córtex cerebelar após o nascimento (DEFOREST; 
EGER; BASRUR, 1978; SANDERS; BAGLEY, 2003). 
A abiotrofia é um processo pelo qual a célula após se desenvolver normalmente 
começa degenerar devido um defeito celular intrínseco necessário para a continuação 
da vida do neurônio. Muitas dessas doenças podem resultar de anomalias 
subjacentes do metabolismo celular ou da função celular e são considerados 
hereditários em algumas raças (BAGLEY, 2004a; DEFOREST; EGER; BASRUR, 
1978). 
Os núcleos cerebelares profundos e os campos de terminais das projeções 
cerebelares podem ser afetados. Muitas dessas doenças são transmitidas 
geneticamente,a maioria supostamente são autossômicas recessivas, mas a etiologia 
desse grupo de doença é desconhecida (SANDERS; BAGLEY, 2003; TATALICK; 
MARKS; BASZLER, 1993). 
A falta de um componente metabólico que seja necessário para a sobrevivência 
das células pode estar envolvido. Alguns dessas abiotrofias podem representar uma 
morte celular programada inapropriada (apoptose) (DEFOREST; EGER; BASRUR, 
1978; SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Animais da raça Coton de Tulear apresentaram degeneração das células 
granulares, e foi suspeitado que seria um processo autoimune transmitido 
geneticamente (SANDERS; BAGLEY, 2003). 
36 
 
 
Células de Purkinje é a população de células mais comumente afetadas nos 
casos de abiotrofia cerebelar (Figuras 04 e 05) (SANDERS; BAGLEY, 2003; 
TATALICK; MARKS; BASZLER, 1993). 
Figura 04. Seção normal do cerebelo. Camada molecular (M). Células de 
Purkinje (P). Camada Granular (G). Hematoxilina eosina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: SANDERS; BAGLEY, 2003. 
 
De qualquer modo células granulares, células do núcleo medular, e neurônios 
motores na medula espinhal também podem ser afetados (SANDERS; BAGLEY, 
2003). 
O inicio e a taxa de progressão dos sinais clínicos varia com a raça afetada. A 
maioria das raças tem um inicio de sinais clínicos quando o animal começa a andar 
ou um pouco mais tarde (BAGLEY, 2004a; SANDERS; BAGLEY, 2003). 
O curso da doença pode ser rápido, ou lentamente progressivo (por vários 
anos). Em certos casos, os sinais clínicos do animal pode se estabilizar (SANDERS; 
BAGLEY, 2003). 
Em casos de degeneração cerebelar, o animal pode apresentar sinais clínicos 
como, ataxia, tremor de intenção, nistagmo, pobre resposta a ameaça com a visão 
normal, opistótono, anormalidades do comportamento e depressão (BAGLEY, 2004a; 
DEFOREST; EGER; BASRUR, 1978; SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Exame neurológico não é eficaz para o diagnóstico ante morte, de qualquer 
forma várias raças apresentam grosseiras anormalidades estruturais do cerebelo 
37 
 
 
como hipoplasia, que pode ser observável no exame de ressonância magnética 
(SANDERS; BAGLEY, 2003). 
O diagnóstico definitivo é feito apenas após a morte do paciente, após a 
examinação do tecido nervoso pelo exame histopatológico (BAGLEY, 2004a). 
Para esse grupo de doença não há nenhum tratamento efetivo (BAGLEY, 
2004a; SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Malformação Cerebelar 
A má formação do cerebelo é visto apenas eventualmente (BAGLEY, 2004a). 
Síndromes de hipoplasia cerebelar foram descritas em várias raças de cães. 
(KORNEGAY, 1986). 
Acredita-se que haja uma condição geneticamente transmissível de hipoplasia 
cerebelar. Esta condição foi relatada em raças como Chow Chow, Boston terrier, 
Airedale terrier, Setter irlandês, Fox terrier, e Bull terrier (SANDERS; BAGLEY, 2003). 
As más formações relatadas variam desde a completa ausência do cerebelo ou 
ausência de uma parte do cerebelo (agenesia); pode ocorrer também um 
desenvolvimento anormal do cerebelo com nenhuma diferenciação dos tecidos 
(aplasia); e ainda pode ocorrer o desenvolvimento anormal do cerebelo com alguma 
diferenciação dos tecidos (hipoplasia) (SANDERS; BAGLEY, 2003; BAGLEY, 2004a). 
Hipoplasia cerebelar tem sido associado com a ocorrência de infecção ou com 
exposição tóxica durante o estágio crítico de desenvolvimento do cerebelo durante a 
vida uterina (BAGLEY, 2004a). 
Com o intuito de se descobrir a causa etiológica destas malformações em cães, 
foi realizado testes de reação em cadeia da polimerase (PCR) em vários cães que 
apresentavam malformações, detectou-se que para várias malformações cerebelares 
antes consideradas idiopáticas, era secundaria a um envolvimento pelo parvovírus 
(LIM et al., 2008). 
Infecção perinatal com parvovírus canino pode resultar na destruição da 
camada germinativa externa do cerebelo no animal durante o seu desenvolvimento 
(CIZINAUSKAS; JAGGY, 2010). 
Não se sabe exatamente quando a infecção tenha ocorrido, mas é provável 
que nesse tipo de comprometimento do cerebelo, a infecção tenha ocorrido por via 
transplantaria, e não após o nascimento (CIZINAUSKAS; JAGGY; 2010). 
38 
 
 
Nas causadas tanto por infecções ou hereditária que levam a uma hipoplasia 
cerebelar, o cerebelo é grosseiramente normal ou possui um tamanho simetricamente 
menor que o tamanho normal (CIZINAUSKAS; JAGGY; 2010; KORNEGAY; 1986). 
Na microscopia, geralmente se observa uma redução do número de células de 
Purkinje ou uma distorção da arquitetura da cortical cerebelar, ou ambas podem estar 
presentes (KORNEGAY; 1986). 
Alguns cães que apresentaram hipoplasia ou aplasia cerebelar possuíam um 
envolvimento principalmente no verme cerebelar, e com as partes restantes do 
cerebelo relativamente normal Na macroscopia (Figura 06), assim como na 
microscopia, desses casos não são evidenciados sinal de degeneração cerebelar 
(KORNEGAY, 1986). 
Na agenesia do verme cerebelar, na maioria das vezes está associado à 
hidrocefalia, estenose do aqueduto e ausência do corpo caloso (CIZINAUSKAS; 
JAGGY; 2010). 
Figura 6. Cerebelo sem o verme cerebelar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: LIM et al., 2008. 
 
Doenças Metabólicas 
Hipocalcemia 
39 
 
 
Os sinais clínicos de hipocalcemia incluem fraqueza, tetania e tremores. Ocorre 
uma espontânea despolarização do músculo que pode se manifestar com 
fasciculação, muscular, rigidez, câimbras e espasmos (BAGLEY, 2004a). 
A hipocalcemia pode ter origem de transtornos da glândula paratireoide, como 
remoção cirúrgica na retirada de tumores da tireoide, ou hipotireoidismo, podendo 
também estar associada à lactação (tetania puerperal) que é a apresentação mais 
comum em cães, já o hipoparatireoidismo primário é raro (BAGLEY, 2004a; 
CHRISMAN, 1985; HOERLEIN, 1978; OLIVER; LORENZ, 1983). 
Além de causas como o hipoparatireoidismo, tetania puerperal, ainda pode 
ocorrer por causa de intoxicação por etilenoglicol (MCKELVEY; POST, 1983). 
O nível baixo de cálcio sérico resulta em uma despolarização excessiva da 
membrana neuronal, causada pela diminuição do limiar de despolarização neuronal e 
muscular alterando o fluxo de sódio e o potencial da membrana (BAGLEY, 2004a; 
CHRISMAN, 1985). 
O diagnóstico é confirmado ao encontrar níveis séricos de sódio menores de 
7mg/dl na análise bioquímica (BAGLEY, 2004a; CHRISMAN, 1985). 
O tratamento para essa enfermidade é a suplementação de cálcio intravenosa 
se o animal estiver apresentando sinais clínicos, administrando glutamato de sódio a 
10%, na dose de 0,5–1,5 ml/kg, de forma lenta e cessando a administração, se ocorrer 
bradicardia (BAGLEY, 2004a; CHRISMAN, 1985; MCKELVEY; POST, 1983). 
Para manutenção em longo prazo deve-se fazer administração de cálcio via 
oral, acompanhado da suplementação de vitamina D (BAGLEY, 2004a). 
Intoxicação 
A apresentação de tremores pode ocorrer em vários tipos de intoxicação, 
incluindo, intoxicação por organofosforado, hexaclorofeno, brometalina (BAGLEY, 
2004a; YAMAYA et al., 2004). Várias drogas terapêuticas também podem causar 
tremor como efeito colateral, pela possível alteração na função do sistema 
extrapiramidal e no desbalanço dos níveis normais de neurotransmissores. Alguns 
exemplos são: fentanil, droperidol, epinefrina (adrenalina), isoproterenol e flurouracil 
(BAGLEY, 2004a). 
O mecanismo para a intoxicação de cães pode ser, por ingestão acidental, 
contato dermatológico, e de forma iatrogênica, como na administração de fármacos 
(SANDERS; BAGLEY, 2003). 
40 
 
 
Metaldeído e estriquinina geralmente causam tetania e convulsões, mas podem 
gerar tremores nos animais intoxicados (BAGLEY, 2004a). 
Ingestão de alimentos mofados contendo a micotoxina penitrem A, que é 
produzida por espécies de Penicillium sp., podem causar sinais clínicos como ataxia, 
olhar distante que deve ser possivelmente devido a alucinações, e tremores 
(SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Intoxicações porivermectina geralmente leva a sinais clínicos como, ataxia 
generalizada, fraqueza, incoordenação, miose e tremores (BAGLEY, 2004a). 
Outras “toxinas” que estimulam o sistema nervoso também podem gerar 
tremores, nesse grupo incluem o chocolate, anfetaminas e cafeína (BAGLEY, 2004a) 
Intoxicações por estriquinina, macadamia e teobromina (chocolate) são menos 
comum na intoxicação de cães, mas podem levar a tremores (SANDERS; BAGLEY, 
2003). 
Para a maioria das substancias tóxicas não é conhecido o mecanismo de ação, 
mas as toxinas podem agir diminuindo o limiar para que haja a estimulação, ou 
estimular diretamente os músculos e nervos, resultando em tremor (SANDERS; 
BAGLEY, 2003; BAGLEY, 2004a;). 
Nos casos de intoxicação outros sinais clínicos são aparentes além de 
tremores, como ataxia e convulsões (SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Para o diagnóstico de intoxicação a melhor forma é o histórico de exposição. 
Testes específicos de sangue são possíveis para alguns casos (BAGLEY, 2004a; 
PITTMAN; BRAINARD; SWINDELLS, 2012). 
O tratamento pode ser específico para algumas intoxicações, e o prognóstico 
variável dependendo do agente intoxicante (SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Intoxicação por Organofosforado 
Intoxicação por organofosforado potencializa o efeito da acetilcolina na junção 
neuromuscular e em outras sinapses, isso ocorre, pois o organofosforado inibe a ação 
da enzima acetilcolinesterase, levando assim a um aumento da concentração de 
acetilcolina nas junções neuromusculares e por consequência elevando a estimulação 
desses receptores (BAGLEY, 2004a). 
Para intoxicação com organofosforado a concentração sérica de colinesterase 
ativa estando menor que 25% do valor normal pode auxiliar na confirmação do 
diagnóstico (BAGLEY, 2004a; PITTMAN; BRAINARD; SWINDELLS, 2012). 
41 
 
 
No tratamento da intoxicação por organosfosforados, incluem pralidoxima na 
dose de 20mg/kg por via intramuscular a cada 12 horas, para reativar a colinesterase, 
essa medicação deve ser usada até no máximo 24 horas após o contato com o agente 
intoxicante, pois pode não ter efeito após esse período (BAGLEY, 2004a; PITTMAN; 
BRAINARD; SWINDELLS, 2012). 
Pode se usar difenidramina na dose de 1-2 mg-kg, por via oral, a cada 8-12 
horas, no intuito de reduzir a fasciculação muscular (BAGLEY, 2004a; PITTMAN; 
BRAINARD; SWINDELLS, 2012). 
Pode ainda administrar sulfato de atropina na dose de 0,2-0,4 mg/kg em casos 
de intoxicação aguda para diminuir os sinais autônomos muscarinico, mas não diminui 
os tremores musculares provocados pela estimulação excessiva dos receptores 
nicotínicos. Esse tratamento com atropina só deve ser usado quando houver 
bradicardia, pois a atropina pode levar a parada respiratória (BAGLEY, 2004a; 
PITTMAN; BRAINARD; SWINDELLS, 2012). 
Intoxicação por Ivermectina 
Na intoxicação por ivermectina, os sinais em animais com leve intoxicação 
incluem salivação, vômito, tremores, midríase, bradicardia, confusão e ataxia. Nas 
intoxicaçãos mais severas os animais afetados podem apresentar convulsões e entrar 
em coma necessitando de ventilação artificial (BAGLEY, 2004b). 
Collies e outras raças de cães similares são sensíveis aos efeitos tóxicos da 
ivermectina, provavelmente devido a alterações no transporte celular (alterações na 
P-glicoproteína derivado da mutação no gene MDR1), podendo essas raças 
desenvolver sinais clínicos com doses abaixo de 0,1 mg/kg, sendo que a dose normal 
é entre 0,05-0,6 mg-kg (BAGLEY, 2004b; SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Acredita-se que a ivermectina pode ser um GABA agonista que se liga ao 
receptor GABA pós-sináptico (BAGLEY, 2004b). Dessa forma, a ivermectina atua 
como que aumentando o efeito do acido gama-aminobutírico (GABA) no sistema 
nervoso central (BAGLEY, 2004a). 
Normalmente o neurotransmissor inibitório, GABA, é encontrado no sistema 
nervoso dos mamíferos (cerebelo, córtex cerebral, sistema límbico, sistema 
extrapiramidal, e numa camada horizontal da retina), já nos invertebrados atua na 
periferia (SANDERS; BAGLEY, 2003). 
42 
 
 
A penetração da ivermectina no sistema nervoso é pobre nos mamíferos, a 
menos que seja administrada uma alta dosagem, ou administrado em animais com 
mutação do gene MDR1 (BAGLEY, 2004b). 
O tratamento consiste em dar suporte ao paciente, e há casos que a ventilação 
mecânica é necessária. A utilização de drogas adicionais é controversa. A utilização 
de fisostigmina pode reverter temporariamente o coma por aproximadamente 30 a 90 
minutos. Pricrotoxina foi usado em um cão na tentativa de reverter o coma, e melhorou 
o estado de consciência, mas causou convulsões (BAGLEY, 2004b). 
Nos cães que desenvolvem tremores por essa intoxicação, pode-se usar 
diazepam e fenobarbital, mas como ambas as drogas agem nos receptores GABA, o 
nível de consciência pode piorar (BAGLEY, 2004b). 
Tremores Idiopático dos Cães Adultos (Síndrome do Cão Tremedor – Cão 
Branco Tremedor) 
Essa doença bem reconhecida, e uma desordem bastante comum de tremores 
em cães (SANDERS; BAGLEY, 2003). 
A Síndrome do cão tremedor geralmente são manifestações de tremores que 
afetam a cabeça e o corpo, podendo causar uma total incapacidade de funções 
básicas, como a alimentação e locomoção dependendo da severidade das 
manifestações (HÜNNING et al., 2010). 
Esta doença primeiramente foi denominada como Síndrome do Cão Branco 
Tremedor, pois os primeiros relatos dessa doença foram em cães brancos de raças 
como Maltês, West Higland White Terrier e Poodle (HÜNNING et al., 2010). 
O termo Síndrome do Cão Branco Tremedor é enganoso, pois cerca de metade 
dos cães com a Síndrome de Tremores Idiopáticos não têm pelagem branca, e a 
maioria dos cães afetados por essa síndrome são jovens, possuindo menos de 5 anos 
de idade e, a maioria possui peso inferior a 15 kg (SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Como ocorre também em cães de outras cores passou a ser chamada de 
Síndrome do Cão Tremedor, ou Síndrome do Tremor Responsiva a Esteróide, ou 
Ainda Síndrome de Tremores Idiopáticos (HÜNNING et al., 2010). 
Quando os sinais clínicos começam a aparecer os proprietários podem 
interpretar esses tremores como uma reação ao medo ou ao frio. Somente quando os 
tremores se tornam mais persistente é que geralmente os proprietários procuram o 
veterinário para uma avaliação (BAGLEY, 2004a). 
43 
 
 
Os tremores nessa síndrome pioram com o movimento e diminuem com o 
repouso, e podem cessar durante o sono (BAGLEY, 2004a; HÜNNING et al., 2010). 
Além dos tremores, outros sinais clínicos podem estar presentes e podem sugerir um 
problema difuso do sistema nervoso central como: déficit de ameaça, hipermetria, 
nistagmo, déficit de propriocepção e convulsões (BAGLEY, 2004a). 
Esses cães podem ainda apresentar inclinação da cabeça (head tilt), paralisia, 
paraparesia, tetraparesia, ataxia, e ainda apresentarem ocasionalmente temperatura 
retal elevada (SANDERS; BAGLEY, 2003). 
A síndrome do cão tremedor é geralmente associada com um grau leve de 
encefalite. O exame histológico de cães afetados revelou uma meningoencefalomielite 
não supurativa leve em alguns cães e nem todos os cães afetados analisados 
histologicamente apresentaram alterações no sistema nervoso central (BAGLEY, 
2004a). 
O diagnóstico deve ser realizado com base na exclusão de outras doenças que 
causam tremores, e com base na resposta ao tratamento com corticosteroides 
(HÜNNING et al., 2010). 
Essa enfermidade pode ser descaracterizada de outras causas inflamatórias 
pelo exame do Liquido Encéfalo Raquidiano, que pode demonstrar uma leve a 
moderada pleocitose linfocítica, mas que também pode se apresentar normal 
(SANDERS; BAGLEY, 2003). 
No exame histológico pode apresentar, infiltrado perivasculares ou em todo o 
sistema nervoso central, especialmente no cerebelo (SANDERS; BAGLEY, 2003). 
Acredita-se que essa doença seja um transtorno imunomediado do 
metabolismo de neurotransmissor no sistema nervoso central,

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