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Políticas públicas voltadas à pessoa idosa

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FAMÍLIA, SEGMENTOS 
POPULACIONAIS E 
POLÍTICAS SOCIAIS
Daniella Tech Doreto
Políticas públicas 
voltadas à pessoa idosa
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever a população idosa no Brasil e o processo de conquista de 
direitos.
  Analisar as políticas públicas voltadas à população idosa na 
contemporaneidade.
  Explicar a atuação do Serviço Social junto à população idosa, seus 
limites e possibilidades.
Introdução
O envelhecimento é uma realidade na maioria dos países, inclusive no 
Brasil. Contudo, diferentemente do que ocorreu nos países desenvolvidos, 
no Brasil, o número de idosos aumentou rapidamente, sem que o País 
estivesse preparado para atender a esse contingente populacional. No 
entanto, com a Constituição Federal de 1988, os idosos passaram a integrar 
a proteção social a partir da perspectiva do direito.
Embora haja no Brasil um aparato legal significativo e políticas públicas 
específicas para o atendimento das necessidades desse grupo popula-
cional, há muito o que se avançar na efetivação de direitos. O Serviço 
Social, por sua vez, atua diretamente junto a essa população em vários 
espaços socio-ocupacionais.
Neste capítulo, você vai conhecer melhor a população idosa brasileira 
e ver como se efetivou o processo de garantia de seus direitos, mate-
rializados por meio de políticas públicas. Além disso, você vai verificar 
como o Serviço Social atua junto a esse grupo, com foco nos limites e 
nas possibilidades encontradas.
Os idosos no Brasil e a conquista de direitos
Um dos consensos que existem hoje no País é que o número de idosos tem au-
mentado consideravelmente, fato que não se restringe ao Brasil, mas que ocorre 
também em outras partes do mundo. O que difere o envelhecimento nos países 
desenvolvidos daquele dos países em desenvolvimento é o fato de que, nos primei-
ros, o processo de envelhecimento ocorre de forma mais lenta, sendo acompanhado 
de melhorias nas condições de vida. Já em países como o Brasil, esse processo 
acontece de forma mais rápida, não sendo acompanhado de políticas públicas 
que possam atender às necessidades dos idosos (BANCO MUNDIAL, 2011).
A mudança na estrutura etária brasileira deve-se principalmente ao declínio 
nas taxas de fecundidade e à maior longevidade da população. Pode-se dizer 
que o indivíduo envelhece à medida que a sua idade aumenta; considerando 
essa perspectiva, o envelhecimento é um processo individual e irreversível que 
acompanha mudanças progressivas nas funções e no desempenho de papéis 
sociais (CAMARANO; KANSO, 2011).
O número de idosos no Brasil é bastante expressivo. Conforme dados 
coletados no censo de 2010, os idosos representam 10,8% da população, con-
centrando-se nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e 
no Distrito Federal (IBGE, 2010). Além do aumento no número de idosos, as 
projeções apontam para um aumento no número de pessoas com mais de 80 
anos, com a perspectiva de que esse contingente triplique até 2050 e aumente 
sete vezes mais em 2100 (ONU, 2015).
O envelhecimento pode ser considerado um processo multifatorial, influen-
ciado por fatores cronológicos, biológicos e sociais. Do ponto de vista cronológico, 
no Brasil, considera-se idoso todo indivíduo com 60 anos ou mais. O que ocorre 
no País é que, para efeito de concessão de benefícios, muitas vezes se consideram 
idosos aqueles sujeitos que têm a partir de 65 anos, como é o caso do Benefício 
de Prestação Continuada (BPC). Do ponto de vista biológico, Ciosak et al. 
(2011) assinalam que as alterações biológicas e funcionais iniciam-se a partir 
da secunda década de vida, ainda que sejam pouco observáveis. Ao final da 
terceira década, as alterações funcionais e estruturais ficam mais evidentes, mas 
as principais alterações começam a acontecer a partir dos 40 anos, com registro 
de redução de 1% das funções orgânicas. Por fim, do ponto de vista social, há 
que se considerar que fatores como sexo, origem, dinâmica familiar, experiências 
vividas, exposição a fatores de risco, alimentação, entre outros, contribuem para 
a qualidade do processo de envelhecimento (CIOSAK et al., 2011).
Por isso, Camarano e Kanso (2011) afirmam que um indivíduo classificado 
como idoso é aquele que possui de 60 anos a 100 anos ou mais, com diferentes 
Políticas públicas voltadas à pessoa idosa2
níveis de autonomia. Essa faixa inclui desde idosos mais dependentes e que 
requerem cuidados de outras pessoas até aqueles mais funcionais. Esse aspecto 
é importante do ponto de vista da formulação de políticas, uma vez que a 
heterogeneidade deve ser considerada dentro do grupo de idosos. Em outras 
palavras, não se pode considerar que o envelhecimento acontece da mesma 
forma para todas as pessoas. Considere o seguinte:
No Brasil, país de dimensões continentais e atravessado por profundas desi-
gualdades sociais, registram-se diferentes e heterogêneas formas de envelhecer. 
Estão presentes nesse processo os aspectos culturais, sociais, econômicos e 
políticos enquanto determinantes do acesso a bens e serviços sociais disponi-
bilizados, revelando uma situação de exclusão de grande parte da população 
idosa dos bens essenciais à existência humana. A correção dessas defasagens 
de natureza social implica o reposicionamento dos idosos no seu lugar social 
no tempo presente, buscando superar preconceitos, estigmas e questionar os 
padrões utilitários da sociedade capitalista, que ressalta a inutilidade da pessoa 
idosa diante de uma sociedade fundamentada na produtividade material. O 
enfrentamento desse paradigma utilitário supõe o reposicionamento da agenda 
pública, considerando uma nova lógica regida pela equidade e justiça social, 
fundamentada em critérios éticos que reafirmem a prevalência do ser humano 
no processo de desenvolvimento (SILVA, 2016, p. 225).
No que se refere às políticas públicas, a maior conquista para os idosos foi 
a oficialização de alguns direitos na Constituição Federal de 1988. Entretanto, 
anteriormente a esse período, como destaca Alonso (2005 apud MEDEIROS; 
FEIJÓ, 2011), iniciou-se um processo de conscientização mundial sobre a 
situação do idoso. Isso ocorreu a partir da década de 1970, especialmente 
no que se refere ao estabelecimento de uma rede de proteção social. Nesse 
período, no Brasil, os Ministérios do Planejamento e da Assistência Social 
passaram a elaborar programas específicos voltados para o atendimento da 
pessoa idosa, que posteriormente teve alguns de seus direitos regulamentados 
na Constituição.
Machado (2019), por sua vez, destaca que até o final da década de 1980 
apenas os especialistas nas áreas de demografia e nos campos médicos e 
sociais se preocupavam com reflexões e estudos a respeito do envelhecimento. 
Segundo a autora, as principais discussões aconteciam:
[...] no âmbito institucional e os profissionais, envolvidos com a questão e 
interessados em criar um espaço de formação e discussão no campo da Ge-
rontologia, passam a se organizar, contando com a parceria decisiva do SESC 
São Paulo, que era o pioneiro no trabalho social com o idoso (MACHADO, 
2019, documento on-line). 
3Políticas públicas voltadas à pessoa idosa
As primeiras discussões organizadas sobre essa temática aconteceram 
em 1976 e foram promovidas pelo Serviço Social do Comércio (SESC). 
Elas tiveram como resultado a elaboração de um documento intitulado 
“Políticas para a terceira idade — Diretrizes Básicas”, que relata a situação 
dos idosos no Brasil e assinala a responsabilidade e a importância do Es-
tado em promover políticas públicas de atenção a esse grupo populacional 
(MACHADO, 2019).
A partir daí, algumas iniciativas começam a surgir. Uma delas é o Pro-
grama de Assistência ao Idoso (PAI), responsável pela criação de grupos de 
convivência nas agências do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). 
Esse programa foi depois transferido para a Legião Brasileira de Assistência 
(LBA), que ficou responsável pelo atendimentoao idoso no País. Assim, “[...] 
começam a surgir grupos de idosos organizados por clubes de serviços e junto 
a instituições religiosas que, contando com o apoio de técnicos, passaram a se 
organizar, dando visibilidade a essa nova problemática social” (MACHADO, 
2019, documento on-line).
Registra-se ainda a fundação da Sociedade Brasileira de Geriatria, que 
reconhece o envelhecimento como uma área mais ampla do que apenas a 
saúde. Com o apoio de profissionais de várias áreas do saber, em 1979, foi 
criada uma comissão especial de gerontologia social. Na década de 1980, foi 
criada a Associação Nacional de Gerontologia, com a finalidade de lutar por 
melhores condições de vida para os idosos no Brasil. Ao mesmo tempo, os 
aposentados começaram a se organizar em associações e grupos que participa-
ram ativamente da elaboração da Constituição Federal de 1988 (MACHADO, 
2019). Com a promulgação da Constituição, começam a surgir Conselhos de 
Direitos dos Idosos, derivados dos movimentos sociais existentes na época. 
Veja o que afirma Machado (2019, documento on-line):
Configurava-se dessa forma, no início dos anos 1990, um campo de lutas 
composto por vários segmentos de idosos, com orientações diferentes, mas 
apontando todos para a necessidade de luta pela conquista de direitos de ci-
dadania dos idosos. As Associações de Aposentados lutavam pela defesa de 
direitos previdenciários de seus associados, os Conselhos e, depois, Fóruns, 
os grupos e os movimentos de idosos voltavam-se para as questões gerais do 
envelhecimento, de direitos sociais e cidadania, envolvendo todos os idosos 
do país. Os participantes dessas primeiras organizações contavam sempre 
com o apoio dos técnicos da LBA e também do SESC, que os representa-
vam, e assim sua participação direta era ainda bastante incipiente. Iam se 
organizando na luta enquanto as Associações de Aposentados tinham uma 
organização formal com apoio dos sindicatos e trabalhavam com pautas fixas, 
previamente definidas.
Políticas públicas voltadas à pessoa idosa4
O Brasil vivenciou um acelerado crescimento da população idosa e, a 
partir da década de 1990, novos movimentos começaram a surgir de forma 
independente e diferenciada, mas com o propósito de defender e lutar pelos 
direitos desse grupo etário no País (MACHADO, 2019, documento on-line). 
Na década de 1990, mais precisamente em 1997, a sociedade começa a discutir 
o Estatuto do Idoso, que ficou aguardando análise durante oito anos até ser 
aprovado em 2003 (MACHADO, 2019, documento on-line).
Como você pode observar, esses movimentos impulsionaram a luta pela 
conquista dos direitos dos idosos no País. Vale lembrar que o envelhecimento 
não é homogêneo e não acontece da mesma forma para todas as pessoas. 
Assim, em um país extremamente desigual como o Brasil, é necessário 
atentar para as diferenças, especialmente ao se pensar na definição de es-
tratégias de trabalho, na elaboração de prioridades e no estabelecimento de 
políticas públicas.
Políticas públicas contemporâneas
O Brasil possui uma legislação abrangente no que se refere à garantia dos 
direitos dos idosos. Os avanços mais importantes ocorreram com a promulgação 
da Constituição Federal de 1988, que, entre outras conquistas, incorporou 
o conceito de seguridade social, estabelecendo a proteção social como um 
direito de cidadania, deixando de estar diretamente relacionada à situação de 
trabalho (CAMARANO; PASINATO, 2007).
A Constituição Federal de 1988 trouxe ainda a garantia dos direitos funda-
mentais inerentes à pessoa humana, bem como de direitos sociais, autonomia, 
integração, direito à saúde — por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) — e 
direito à assistência social. Os direitos dos idosos assegurados na Constituição 
são evidentes em 
[...] diversos artigos, versando sobre irredutibilidade dos salários de aposenta-
doria e pensões, garantia do amparo pelos filhos, gratuidade nos transportes 
coletivos e benefício de um salário-mínimo para aqueles sem condições de 
sustento (VERAS; OLIVEIRA, 2018, documento on-line).
Doreto (2015) menciona que a década de 1990 foi importante para os 
idosos, uma vez que se registra em 1994 a promulgação da Política Nacional 
do Idoso, regulamentada, entretanto, apenas em 1996. Em 1999, registra-se a 
preocupação com os problemas que podem acometer os idosos e prejudicar a 
5Políticas públicas voltadas à pessoa idosa
sua capacidade funcional, sendo anunciada a Política Nacional de Saúde da 
Pessoa Idosa (BRASIL, 1999).
Em 2003, foi aprovado o Estatuto do Idoso, resultado de intensa mobi-
lização da sociedade, cujo objetivo era construir um instrumento legal que 
regulamentasse os direitos das pessoas idosas nas diversas áreas, reunir leis 
e políticas existentes e agregar novos elementos para assegurar a proteção 
integral do idoso (CAMARANO, 2013). As principais garantias asseguradas 
foram o direito à vida, à saúde, ao trabalho, à previdência, à assistência social, 
à educação, ao lazer, à moradia e à cultura. Além disso, foram estabelecidas 
medidas punitivas para atos de violação contra os direitos dos idosos, o que 
representa um importante avanço. Outro importante aspecto trazido no Estatuto 
do Idoso foi a responsabilização da família como principal fonte de atenção ao 
idoso, seguida da comunidade e, por fim, do poder público (BRASIL, 2003). 
Em seu art. 3º, o Estatuto afirma o seguinte:
Art. 3º É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público 
assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à 
saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, 
à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e 
comunitária público (BRASIL, 2003, documento on-line).
Nesse sentido, Küchemann (2012) aponta que, em uma análise mais apro-
fundada da realidade social, fica evidente que a política vigente privilegia a 
redução do papel do Estado, assim como da sua responsabilidade e da sua 
participação, que são colocadas em segundo plano quando comparadas às res-
ponsabilidades atribuídas às famílias. Assim, idealiza-se que o Estado assuma 
as suas responsabilidades para a garantia dos direitos dos idosos, de forma a 
assegurar o exercício pleno de sua cidadania. Afinal, o idoso, na atualidade, 
necessita de um sistema de proteção social que supra as suas necessidades e 
as de sua família de forma satisfatória (DORETO, 2015).
Nesse contexto, o Estatuto do Idoso é um instrumento legal destinado 
a assegurar os direitos das pessoas com idade igual ou superior a 60 anos 
(BRASIL, 2003). No entanto, atento ao aumento da população idosa no País 
e à heterogeneidade desse grupo, em 2017, o governo sancionou uma lei 
que dá prioridade aos idosos com 80 anos ou mais. Veja o que afirma a Lei 
nº 13.466, de 12 de julho de 2017: “Dentre os idosos, é assegurada priori-
dade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas necessidades 
sempre preferencialmente em relação aos demais idosos” (BRASIL, 2017, 
documento on-line).
Políticas públicas voltadas à pessoa idosa6
A garantia de prioridade assegurada no Estatuto do Idoso compreende:
  atendimento preferencial imediato e individualizado junto a órgãos públicos e 
privados prestadores de serviços;
  preferência na formulação de políticas sociais públicas específicas;
  priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do 
atendimento asilar;
  garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social local;
  prioridade na restituição do imposto de renda;
  viabilização de formas alternativas de participação e ocupação, bem como de 
convívio com as demais gerações;
  destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas à proteção ao 
idoso (BRASIL, 2003).
As políticas públicas de atenção ao idoso continuaram avançando. Assim, 
três anos depois da aprovação do Estatuto do Idoso, foi proposto o Pacto pela 
Saúde, que busca implantar a Política Nacional do Idoso deforma integral 
(BRASIL, 2003).
Do ponto de vista das políticas sociais, os direitos assegurados na Consti-
tuição Federal de 1988 foram regulamentados pela Lei Orgânica da Assistência 
Social (LOAS) e, posteriormente, ratificados pela Política Nacional de Assis-
tência Social (PNAS). Um dos principais benefícios assegurados é o BPC, que 
garante um salário mínimo mensal ao idoso ou à pessoa com deficiência que 
não tenha condições de manter a própria subsistência nem de tê-la provida 
por sua família e que possua renda familiar per capita de até 25% do salário 
mínimo (BRASIL, 2004).
O BPC independe de contribuição previdenciária, uma vez que está vin-
culado à política de assistência social (DORETO, 2015). Realizando uma 
análise desse benefício, Sposati (2013) aponta que ele contribui muito pouco 
para a cidadania dos idosos, pois quem se encontra dentro dos critérios para 
a concessão do BPC normalmente possui tantas necessidades básicas não 
atendidas que a renda acaba sendo insuficiente para satisfazer demandas 
básicas como alimentação, moradia, segurança, entre outras.
Outra fonte de renda para os idosos é a aposentadoria. É com ela que 
muitos mantêm a sua subsistência e a de sua família (considerando as mo-
dificações ocorridas nas famílias ao longo dos tempos e as situações que 
os idosos são chefes desse núcleo). No entanto, vive-se um período social, 
político e econômico de retrocessos dos direitos conquistados após a Cons-
7Políticas públicas voltadas à pessoa idosa
tituição Federal de 1988. Exemplos disso são a reforma trabalhista (Lei nº 
13.467, de 13 de julho de 2017) e a reforma da Previdência Social.
Ocorre, atualmente, ampla mudança nas regras para a concessão de apo-
sentadorias, sob a alegação de que o aumento no número de idosos é o res-
ponsável pelo deficit orçamentário nesse sistema. Contudo, estudos científicos 
comprovam que há superávit e, ao mesmo tempo, dívidas expressivas de 
grandes empresas e bancos junto à Previdência Social. Para compreender esse 
contexto, tenha em mente que hoje o neoliberalismo e o capitalismo avançado 
se sobrepõem às necessidades básicas da população mais vulnerável e que as 
políticas sociais, em consequência, são entendidas como “despesas públicas”. 
Nesse sentido, a aprovação das regras propostas pela reforma da Previdência 
prejudicaria muito a população idosa, que teria de trabalhar por um período 
maior de tempo para assegurar a sua fonte de renda.
Leia a tese de Denise Lobato Gentil “A Política Fiscal e a Falsa Crise da Seguridade Social 
Brasileira — Análise financeira do período 1990–2005”, disponível no link a seguir.
https://qrgo.page.link/Bse2i
Como você pode notar, as legislações e medidas adotadas pelo Estado têm 
como foco proteger e amparar os idosos de forma ampla em suas necessidades. 
Entretanto, apesar dos inúmeros avanços contemplados na legislação, muitos 
dos direitos assegurados ainda não foram efetivados na prática e não fazem 
parte do cotidiano da população idosa. Assim, o País tem tentado se organizar 
no sentido de responder às necessidades das pessoas idosas, mas, como você 
viu, o processo de envelhecimento aconteceu de forma rápida no Brasil, de 
modo que persistem as dificuldades em acompanhar a satisfação das demandas 
desse importante grupo populacional.
A atuação do Serviço Social
A população idosa é um importante segmento de atuação do Serviço Social. O 
trabalho pode ser desenvolvido em vários espaços socio-ocupacionais, sejam 
Políticas públicas voltadas à pessoa idosa8
eles de atendimento direto ao idoso ou não. Isso ocorre porque na atualidade o 
número de idosos tem aumentado consideravelmente, o que faz com que, em 
algum momento, o assistente social se depare com esse público no seu cotidiano.
Como você sabe, o Serviço Social trabalha no enfrentamento das mais 
variadas expressões da Questão Social e busca efetivar os direitos de seus 
usuários, lidando diretamente com a relação entre capital e trabalho e com a 
forma como tal relação se expressa no contexto dos indivíduos. Nesse sentido, 
Behring e Santos (2009) assinalam que a Questão Social se manifesta de dife-
rentes formas e por meio de necessidades distintas. No entanto, ela não pode 
ser desvinculada dos efeitos da acumulação capitalista e da concentração de 
riquezas, que ampliam e desregulamentam os processos de trabalho. Assim, 
segundo os autores, é importante decifrar essa realidade e conhecer as mani-
festações das desigualdades sociais, econômicas e políticas que configuram 
a Questão Social no Brasil.
De forma geral, o assistente social atua junto às demandas imediatas da 
população idosa, especialmente devido à sua capacidade de favorecer o acesso 
às informações, à rede socioassistencial e aos direitos. No que se refere especi-
ficamente a esse segmento, o assistente social pode contribuir para estimular 
o controle social, com vistas a ampliar a participação, o fortalecimento dos 
conselhos de direitos e as conquistas sociais.
O Serviço Social, que é uma profissão essencialmente interventiva, tem 
como premissa garantir os direitos de seus usuários, independentemente do 
espaço socio-ocupacional em que estejam inseridos. No caso dos idosos, o 
atendimento se dá nas áreas de saúde, assistência social, habitação, educação, 
organizações não governamentais, entre outras. Em todos esses espaços, o foco 
direto é o enfrentamento das expressões da Questão Social. Isso normalmente 
se dá mediante a atuação no cotidiano imediato, a resolução das demandas e 
o fortalecimento dos usuários para serem sujeitos na luta por uma sociedade 
mais igualitária e justa. No exercício profissional junto à população idosa, o 
assistente social deve abster-se de condutas discriminatórias que caracterizem 
censura e desrespeitem os princípios do Código de Ética.
O exercício profissional prevê ainda o desenvolvimento de uma prática 
que inclua desde ações preventivas (especialmente no caso de violação 
de direitos) até o acesso e a efetivação de direitos básicos. Para tanto, é 
importante que o assistente social conheça a realidade em que se desen-
volve a sua prática, ou seja, o seu contexto social, econômico e político. 
Somente dessa forma ele obtém os elementos necessários para ampliar a 
sua compreensão sobre o modo como os idosos vivenciam e experimentam 
as mais diversas situações.
9Políticas públicas voltadas à pessoa idosa
Além dos aspectos destacados, Pereira, Oliveira e Wermer (2015) assinalam 
ainda a importância das atribuições do assistente social, entre as quais estão 
o planejamento, o gerenciamento, a administração e a execução de políticas e 
programas sociais. Ademais, o assistente social atua nas relações entre os indi-
víduos no cotidiano de suas vidas. Para tanto, utiliza instrumentais técnicos para 
o desenvolvimento de uma prática embasada no Código de Ética Profissional, 
na lei de regulamentação da profissão e no Projeto Ético-Político profissional.
Quanto às atribuições profissionais com base nas determinações legais, cabe 
refletir ainda que as competências ético-políticas, técnico-operativas e teórico-
-metodológicas devem estar articuladas e presentes na intervenção profissional 
para que ela de fato seja qualificada e comprometida com os direitos dos usuários. 
Nessa perspectiva, os assistentes sociais necessitam de qualificação para atender às 
especificidades das demandas que surgem em seu cotidiano, conforme preconizado 
no Estatuto do Idoso. Em seu art. 3º, § VI, o Estatuto estabelece “ [...] a capacitação 
e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na 
prestação de serviços aos idosos” (BRASIL, 2003, documento on-line).
Uma importante atuação do Serviço Social junto à população idosa ocorre em casos de 
violação de direitos, especialmente em situações de violência doméstica. Nesse caso, a atu-
ação pode ser desenvolvida nos Centros de Referência Especializados da Assistência Social 
(CREAS), nos Núcleos de Atendimento ao Idoso. Além disso, é dever de todo profissionaldenunciar casos de suspeita, abuso, negligência, omissão ou maus-tratos contra idosos, 
notificando-os e encaminhando-os para o devido atendimento. Em seu art. 4º, o Estatuto 
do Idoso determina que “[...] nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, 
discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por 
ação ou omissão, será punido na forma da lei” (BRASIL, 2003, documento on-line).
Como você pode notar, há muitas possibilidades para o exercício da atua-
ção profissional junto à população idosa. Tal população se caracteriza como 
um grupo peculiar em termos de características. Embora distintos em suas 
demandas, os idosos formam um grupo que necessita de particular atenção da 
profissão. Assim, é importante que o assistente social esteja preparado para 
enfrentar as demandas que surgem no cotidiano, uma vez que a todo momento 
ocorrem transformações na sociedade, que repercutem em novas demandas e 
se refletem na atuação profissional.
Políticas públicas voltadas à pessoa idosa10
Como limites da intervenção profissional, você pode considerar que, em-
bora a legislação seja ampla e abrangente, na prática muitos dos direitos 
ainda não são facilmente implementados. A realidade dinâmica se reflete 
na formulação de leis que podem ser modificadas conforme as necessidades 
socioeconômicas e os interesses de quem ocupa o poder. O assistente social 
muitas vezes se depara também com limites institucionais e financeiros que 
comprometem o desenvolvimento de sua prática. Dessa forma, espera-se que 
o profissional comprometido com os valores enunciados nas normativas legais 
busque estratégias para superar as dificuldades que surgem em seu cotidiano, 
de forma a efetivar o Projeto Ético-Político do Serviço Social.
O assistente social atua diretamente nas expressões da Questão Social. Isso não é 
diferente quando está em jogo o segmento idoso. Essa é uma população que vem 
aumentando nos últimos tempos e que apresenta uma diversidade de demandas ao 
Serviço Social, que pode atuar desde a prevenção até a efetivação de direitos. Assim, 
são inúmeras as possibilidades de atuação, até porque o assistente social insere-se em 
diversos espaços socio-ocupacionais. Por outro lado, como você viu, também existem 
limites que devem ser superados no cotidiano profissional.
BANCO MUNDIAL. Envelhecendo em um Brasil mais velhos: implicações do envelheci-
mento populacional para o crescimento econômico, a redução da pobreza, as finanças 
públicas e a prestação de serviços. Brasília: Banco Mundial, 2011.
BEHRING, E. R.; SANTOS, S. M. M. Questão social e direitos. In: Serviço Social: direitos 
sociais e competências profissionais. Brasília: CFESS/ABEPSS, 2009.
BRASIL. Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá 
outras providências. Brasília, DF, 2003. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm. Acesso em: 29 jul. 2019.
BRASIL. Lei nº 13.466, de 12 de julho de 2017. Altera os arts. 3º, 15 e 71 da Lei nº 10.741, de 
1º de outubro de 2003, que dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providên-
cias. Brasília, DF, 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-
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11Políticas públicas voltadas à pessoa idosa
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