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Carolina Ferreira FARMACOLOGIA AGENTES ANTIINFLAMATÓRIOS NÃO-ESTERÓIDES (AINES) -Os agentes antiinflamatórios não-esteróides inibem a atividade das enzimas ciclooxigenases (COX-1 e COX-2), que são necessárias p/ a produção de prostaglandinas -Todos os AINES são ácidos orgânicos fracos c/ exceção a nabumetona -A sua biodisponibilidade ñ é alterada na presença de alimentos -O metabolismo dos AINES ocorre em grande parte pelas famílias CYP3A ou CYP2C das enzimas P450 do fígado -A maioria dos AINES liga-se altamente à proteínas em especial a albumina -Todos os AINES podem ser encontrados no líquido sinovial após a administração -Eles ↓ a sensibilidade dos vasos sanguíneos à bradicinina e à histamina, afetam a produção de linfocinas pelos linfócitos T e revertem a vasodilatação da inflamação -É mediada pela inibição das prostaglandinas -Os AINE afetam as vias da dor através de pelo menos 3 mecanismos diferentes: 1. Reduzem a síntese de prostaglandinas sendo que elas são responsáveis por reduzirem o limiar de ativação nas terminações periféricas dos neurônios nociceptores aferentes primários e com isso ao reduzir as prostaglandinas ↓ a hiperalgesia inflamatória e a anodinia 2. ↓ o recrutamento dos leucócitos e, portanto, a produção de mediadores inflamatórios derivados dos leucócitos 3. Atravessam a barreira hematoencefálica e impedem a geração de prostaglandinas que atuam como neuromoduladores produtores de dor no corno dorsal da medula espinal -Efeitos colaterais p/ os AINES: Sistema Nervoso Central: cefaleia, zumbido e tontura Cardiovasculares: retenção hídrica, hipertensão, edema e raramente insuficiência cardíaca congestiva e infarto agudo do miocárdio Gastrointestinais: dor abdominal, náuseas, displasia, vômitos e raramente úlcera ou sangramento Hematológicos: trombocitopenia, neutropenia e anemia aplásica Hepáticos: provas de função hepáticas anormais e raramente insuficiência hepática Pulmonares: asma Cutâneos: exantemas de todos os tipos e prurido Renais: insuficiência renal, falência renal hiperpotassemia e proteinúria -Os AINE são importantes em virtude de suas propriedades antiinflamatórias, antipiréticas e analgésicas combinadas -COX-1: é a enzima essencial constitutiva encontrada na maioria das células e tecidos produção de PGs p/ manutenção de funções fisiológicas Carolina Ferreira FARMACOLOGIA -COX-2: ocorre na formação induzida no processo inflamatório e por interleucinas - IL1, IL2 e TNFα -A atividade antipirética desses fármacos provavelmente está relacionada c/ a redução dos níveis de PGE2 -C/ exceção da aspirina todos os AINE atuam como inibidores competitivos e reversíveis da ciclooxigenase -Os AINES bloqueiam o canal hidrofóbico da ciclooxigenase ao qual se liga o substrato ácido araquidônico, impedindo assim o acesso do ácido araquidônico ao sítio ativo da enzima -Os AINE tradicionais inibem tanto a COX-1 quanto a COX-2 em diferentes graus -Os AINE podem ser divididos em 2 classes: *De meia-vida curta: <6 horas *De meia-vida longa: >10 horas como o naproxeno, os salicilatos, o piroxicam e a fenilbutazona CLASSES -Existem várias classes importantes de AINE, incluindo os: • Salicilatos: aspirina ou acetilsalicilato • Derivados do ácido indolacético: indometacina • Derivados do ácido pirrol acético: diclofenaco é utilizado no tratamento da dor moderada a intensa • Derivados do ácido propiônico: ibuprofeno ele apresenta efeitos adversos < que o da aspirina e pode causar complicações GI, incluindo desde dispepsia até sangramento gastrintestinal • Derivados do ácido enólico: meloxicam e piroxicam • Derivados de fenamatos: ácido mefenâmico e meclofenamato • Inibidor COX-2 seletivo: celecoxibe -A inibição da COX-2 parece levar aos efeitos anti-inflamatório e analgésico dos AINEs -A inibição da COX-1 é responsável pela prevenção dos eventos cardiovasculares e pela maioria dos eventos adversos -Os coxibes são inibidores enzimáticos seletivos da COX-2 - A inibição da COX-2 pode promover trombose e reduzir ou retardar cicatrização de feridas SALICILATOS -É um ácido orgânico simples com pKa 3,0 -Inibem a COX plaquetária -Os salicilatos incluem a aspirina (ácido acetilsalicílico) e seus derivados -A aspirina é o + antigo dos AINE, é amplamente utilizada no tratamento da Carolina Ferreira FARMACOLOGIA dor leve a moderada, cefaléia, mialgia e artralgia -Aspirina atua de modo irreversível, acetilando o resíduo serina do sítio ativo da COX-1 e da COX-2, essa acetilação da COX-1 destrói a atividade de ciclooxigenase da enzima, impedindo a formação de prostaglandinas, tromboxanos e prostaciclinas derivados da COX-1 -A aspirina, em baixas doses, diariamente é utilizada como agente antitrombogênico p/ profilaxia e manejo do infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral pós-evento - Essa ação de antitrombogênica ocorre devido à inibição irreversível da COX que impede a biossíntese de trombaxano pelas plaquetas -Após 1 hora da administração da aspirina ocorre destruição irreversível da atividade COX-1 nas plaquetas e assim as plaquetas são incapazes de sintetizar novas proteínas - O uso crônico da aspirina pode provocar irritação e erosão gástricas, hemorragia, vômitos e necrose tubular renal -A aspirina é de grande valia no tratamento da dorleve ou moderada -Não pode ser usados por pacientes hemofílicos -Efeitos colaterais da aspirina: • Gastropatia • Nefropatia • Ulceração e hemorragia gastrintestinais • Nefrotoxicidade • Lesão hepática • Hiper-reatividade das vias aéreas induzida pela aspirina em indivíduos asmáticos (a denominada asma sensível à aspirina) • Síndrome de Reye: é uma afecção caracterizada por encefalopatia hepática e esteatose hepática em crianças de pouca idade. A terapia com aspirina durante o curso de uma infecção viral febril tem sido implicada como etiologia potencial da lesão hepática -Aspirina (AAS) realiza 3 ações terapêuticas principais: a. Ação anti-inflamatória: devido a inibição da cicloxigenase o que ↓ a formação de PGs e, assim, modula os aspectos da inflamação nos quais elas atuam como mediadoras b. Ação analgésica: quando se diminui a síntese de prostaglandinas leva a diminuição da sensação de dor isso se deve a inibição da COX-2 que é expressa durante inflamações e lesões e ao ser inibida gera o efeito analgésico c. Ação antipirética: eles vão ↓ a temperatura corporal em pacientes febris o que impede a síntese e a liberação de prostaglandinas pois elas são liberadas c/ o ↑ da temperatura e vai estimular agentes endógenos causadores da febre como a citocinas. DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO -Incluem o: Carolina Ferreira FARMACOLOGIA ▪ Ibuprofeno: é utilizado no tratamento da artrite rematóide, osteoartrite, espondilite anquilosante, gota e dismenorréia primária ▪ Naproxeno: possui meia-vida plasmática longa, é 20 vezes + potente do que a aspirina, inibe diretamente a função dos leucócitos e provoca efeitos adversos gastrintestinais - graves do que a aspirina. ▪ Cetoprofeno ▪ Flurbiprofeno DERIVADOS DO ÁCIDO ACÉTICO -Os AINE derivados do ácido acético incluem os ácidos indolacéticos — indometacina, sulindaco e etodolaco — e os ácidos fenilacéticos, diclofenaco e cetorolaco (um derivado do ácido fenilacético substituído). -Inibem a ciclooxigenase e promovem a incorporação do ácido araquidônico não-esterificado em triglicerídios o que reduz a disponibilidade do substrato p/ a ação da ciclooxigenase e lipoxigenase -São principalmente utilizados p/ aliviar os sintomas no tratamento a longo prazo da artrite reumatóide, osteoartrite, espondilite anquilosante e outros distúrbios musculoesqueléticos -Pode causar: • Ulceração gastrintestinal • Hepatite • Icterícia DERIVADOS DO OXICAM -O piroxicam é + bem tolerado que a a aspirina, o naproxeno e o ibuprofeno no tratamento da artrite reumatóide e osteoartrite -Exerce efeitos adicionais na modulação da função dos neutrófilos, inibindo a colagenase, a proteoglicanase e o surto oxidativo -Possui meia-vida extremamente longa podendo ser administrado uma vez ao dia -Efeitos adversos gastrintestinais como: ulceração, e prolonga o tempo de sangramento, devido a seu efeito antiplaquetário. DERIVADOS DO FENAMATO -Os 2 AINE derivados do fenamato são o mefenamato e o meclofenamato. -Ambos inibem as ciclooxigenases, mas também antagonizam em vários graus os receptores de prostanóides -Como os fenamatos possuem menos atividade antiinflamatória e são mais tóxicos do que a aspirina, existe pouca vantagem no seu uso. -O mefenamato é apenas utilizado para a dismenorréia primária, enquanto o meclofenamato é utilizado no tratamento da artrite reumatóide e osteoartrite. CETONAS -A nabumetona é um profármaco cetona que é oxidado in vivo à forma ácida ativa Carolina Ferreira FARMACOLOGIA -Possui atividade preferencial contra a COX-2 -A incidência de efeitos adversos gastrintestinais é relativamente baixa, embora seja freqüentemente relatada a ocorrência de cefaléia e tonteira. INIBIDORES DA COX-2 Devido aos efeitos adversos gastrintestinais algumas vezes graves associados à terapia prolongada com AINE, que se acredita sejam causados pela inibição da COX-1, foram desenvolvidas estratégias recentes para inibição das vias da ciclooxigenase, enfocando a inibição seletiva da COX-2. Essa abordagem tem a vantagem teórica de inibir os mediadores químicos responsáveis pela inflamação, enquanto mantém os efeitos citoprotetores dos produtos da atividade da COX-1. -Ação inibitória mais seletiva sobre a ciclooxigenase (COX)-2 apresentando menos efeitos adversos gastrointestinais INIBIDORES SELETIVOS DA COX-2 (COXIBES) -Inibem a síntese de prostaglandinas pela COX-2 induzida em locais de inflamação -Não afetam a função plaquetária quando administrados em doses habituais -São: celecoxibe, rofecoxibe, valdecoxibe e meloxicam (é considerado + preferencialmente seletivo do que altamente seletivo) -↑ a incidência de edema e hipertensão -Possuem propriedades anti-inflamatórias, antipiréticas e analgésicas semelhantes aos AINE tradicionais, porém não compartilham as ações antiplaquetárias dos inibidores da COX-1 -O ↑ da trombogenicidade que se manifesta com o seu uso clínico pode ser devido à inibição prolongada da COX-2 vascular no interior das células endoteliais, resultando em diminuição da formação de PGI2 -A inibição da COX-2 pode gerar problemas na cicatrização de feridas, angiogênese e resolução da inflamação -Os inibidores seletivos da COX-2 são de custo muito + elevado do que doses equivalentes de muitos AINE -Pode causar ↑ no risco de eventos cardiovasculares trombóticos, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral GLICOCORTICÓIDES -Inibem a ação da COX-2 e a formação de prostaglandinas através de vários mecanismos: (1) reprimem o gene da COX-2 e a expressão da enzima (2) reprimem a expressão de citocinas que ativam a COX-2 (3) limitam o reservatório disponível de substrato da COX-2 (ácido araquidônico) através de bloqueio indireto da fosfolipase A2 INIBIDORES DAS CITOCINAS Carolina FerreiraFARMACOLOGIA -As citocinas proinflamatórias, TNF- e IL-1, intensificam a produção de prostaglandinas e supra-regulam a COX-2 -Esses fármacos, que têm poucos efeitos adversos, interrompem a destruição articular e a erosão óssea, diminuem a dor, me lhoram as articulações edematosas hipersensíveis e limitam a progressão global da doença na artrite reumatoide PARACETAMOL (ACETAMINOFENO) -Inibe a síntese das PGs no SNC -Exerce < efeito sobre as cicloxigenases nos tecidos periféricos devido à inativação periférica, o que contribui p/ a sua fraca atividade anti-inflamatória -Não afeta a função plaquetária nem ↑ o tempo de sangramento -Não é considerado um AINE -É um substituto adequado p/ os efeitos analgésicos e antipiréticos dos AINEs em pacientes c/ problemas ou riscos gástricos -É o analgésico/antipirético de escolha para crianças c/ infecções virais ou varicela, pois o AAS oferece risco de síndrome de Reye -É rapidamente absorvido no TGI
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