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Linguística I

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1
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LinguÍstica i
SUMÁRIO
LINGUÍSTICA I
2
LinguÍstica i
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul 
do Estado do Espírito Santo, com unidades em 
Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova 
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. 
Desde 1999 atua no mercado capixaba, des-
tacando-se pela oferta de cursos de gradua-
ção, técnico, pós-graduação e extensão, com 
qualidade nas quatro áreas do conhecimen-
to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem-
pre primando pela qualidade de seu ensino 
e pela formação de profissionais com cons-
ciência cidadã para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o seleto 
grupo de Instituições de Ensino Superior que 
possuem conceito de excelência junto ao 
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui-
ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram 
notas 4 e 5, que são consideradas conceitos 
de excelência em ensino.
Estes resultados acadêmicos colocam 
todas as unidades da Multivix entre as 
melhores do Estado do Espírito Santo e 
entre as 50 melhores do país.
 
MissÃO
Formar profissionais com consciência cida-
dã para o mercado de trabalho, com ele-
vado padrão de qualidade, sempre mantendo a 
credibilidade, segurança e modernidade, visando 
à satisfação dos clientes e colaboradores.
 
VisÃO
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-
da nacionalmente como referência em qualidade 
educacional.
GRUPO
MULTIVIX
3
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LinguÍstica i
SUMÁRIO
BiBLiOtEca MuLtiViX (Dados de publicação na fonte)
As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com
Souza, Vitor Filogônio de.
Linguística I / Vitor Filogônio de Souza; Tainá Marcelle Silva Moreira. – Serra: Multivix, 2018.
EDitORiaL
Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra
2018 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.
FacuLDaDE caPiXaBa Da sERRa • MuLtiViX
Diretor Executivo
Tadeu Antônio de Oliveira Penina
Diretora Acadêmica
Eliene Maria Gava Ferrão Penina
Diretor Administrativo Financeiro
Fernando Bom Costalonga
Diretor Geral
Helber Barcellos da Costa
Diretor da Educação a Distância
Pedro Cunha
Conselho Editorial
Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente 
do Conselho Editorial)
Kessya Penitente Fabiano Costalonga
Carina Sabadim Veloso
Patrícia de Oliveira Penina
Roberta Caldas Simões
Revisão de Língua Portuguesa
Leandro Siqueira Lima
Revisão Técnica
Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Graziela Vieira Carneiro
Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo
Carina Sabadim Veloso
Maico Pagani Roncatto
Ednilson José Roncatto
Aline Ximenes Fragoso
Genivaldo Félix Soares
Multivix Educação a Distância
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Direção EaD
Coordenação Acadêmica EaD
4
LinguÍstica i
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Aluno (a) Multivix,
Estamos muito felizes por você agora fazer parte 
do maior grupo educacional de Ensino Superior do 
Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a 
Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.
A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei-
ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, 
São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, 
no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de 
cursos de graduação, pós-graduação e extensão 
de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: 
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo-
dalidade presencial quanto a distância.
Além da qualidade de ensino já comprova-
da pelo MEC, que coloca todas as unidades do 
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das 
Instituições de Ensino Superior de excelência no 
Brasil, contando com sete unidades do Grupo en-
tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-
-se bastante com o contexto da realidade local e 
com o desenvolvimento do país. E para isso, pro-
cura fazer a sua parte, investindo em projetos so-
ciais, ambientais e na promoção de oportunida-
des para os que sonham em fazer uma faculdade 
de qualidade mas que precisam superar alguns 
obstáculos. 
Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: 
“Formar profissionais com consciência cidadã para o 
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança 
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e 
colaboradores.”
Entendemos que a educação de qualidade sempre 
foi a melhor resposta para um país crescer. Para a 
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o 
mundo à sua volta.
Seja bem-vindo!
APRESENTAÇÃO 
DA DIREÇÃO 
EXECUTIVA
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina 
Diretor Executivo do grupo Multivix
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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LinguÍstica i
SUMÁRIO
Lista DE FiguRas
 > FIGURA 1 - Abelhas trabalhando em sua colmeia 13
 > FIGURA 2 - Desenho de um sorriso (smiley) 15
 > FIGURA 3 - Desenho de um coração vermelho 15
 > FIGURA 4 - Emojis, uma nova linguagem nascida na era digital 17
 > FIGURA 5 - Faca 21
 > FIGURA 6 - Vaca 21
 > FIGURA 7 - Fada 21
 > FIGURA 8 - Vada? 21
 > FIGURA 9 - Bebê aprendendo a falar 23
 > FIGURA 11 - As duas faces de uma moeda. 32
 > FIGURA 12 - Produção de texto 67
 > FIGURA 13 - estátua de Platão. 82
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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Lista DE QuaDROs
 > QUADRO 1 - Exemplificando a descontinuidade 
com pares mínimos 21
 > QUADRO 2 - O Aparelho Fonador 44
 > QUADRO 3 - Consoantes do Português Brasileiro (AFI) 45
 > QUADRO 4 - Vogais do Português Brasileiro (AFI) 46
 > QUADRO 5 - Exemplos de Consoantes do Português Brasileiro 46
 > QUADRO 6 - Exemplos de Vogais e Semivogais 
do Português Brasileiro 46
 > QUADRO 7 - Radicais Latinos 49
 > QUADRO 8 - Radicais gregos 49
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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LinguÍstica i
SUMÁRIO
suMÁRiO
2UNIDADE
3UNIDADE
1UNIDADE 1 LinguagEM E LÍngua 13
1.1 O QUE É LINGUAGEM 13
1.1.1 A LINGUAGEM HUMANA 14
1.1.1.1 LINGUAGEM NÃO VERBAL 17
1.1.1.2 LINGUAGEM VERBAL 18
1.2 O QUE É LÍNGUA 19
1.2.1 PROPRIEDADES DAS LÍNGUAS NATURAIS 20
1.2.1.1 ARBITRARIEDADE 20
1.2.1.2 DUALIDADE 20
1.2.1.3 DESCONTINUIDADE 21
1.2.1.4 PRODUTIVIDADE 22
1.2.1.5 AQUISIÇÃO 23
1.2.1.6 POVO 24
cOncLusÃO 27
2 a LinguÍstica cOMO ciÊncia: EscOLas E MOViMEntOs 29
2.1 O SURGIMENTO DA LINGUÍSTICA 30
2.1.1 O ESTRUTURALISMO 30
2.1.1.1 A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA 33
2.2 O FUNCIONALISMO 34
2.3 O GERATIVISMO 35
2.4 A SOCIOLINGUÍSTICA 38
cOncLusÃO 39
3 FOnOLOgia E MORFOLOgia 41
3.1 FONOLOGIA 42
3.1.1 GRAFOLOGIA X FONOLOGIA 42
3.2 FONÉTICA X FONOLOGIA 43
3.2.1 FONÉTICA ARTICULATÓRIA 44
8
LinguÍstica i
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
4UNIDADE
5UNIDADE
3.2.2 ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL (AFI) 45
3.3 A FONOLOGIA 47
3.4 MORFOLOGIA 48
3.4.1 RADICAIS 49
3.4.2 AFIXOS 50
3.4.3 PREFIXOS 50
3.4.4 SUFIXOS 50
3.5 MORFEMAS FLEXIONAIS 51
3.5.1 O MORFEMA ZERO Ø 52
cOncLusÃO 54
4 sintaXE E sEMÂntica 56
4.1 SINTAXE 56
4.1.1 ESCLARECENDO CONCEITOS 56
4.1.2 A ESTRUTURA DE CONSTITUINTES 58
4.2 SEMÂNTICA 61
4.2.1 SOBRE O SIGNIFICADO 62
4.2.2 POLISSEMIA, HOMONÍMIA E SINONÍMIA 64
cOncLusÃO 65
5 anÁLisE DODiscuRsO 67
5.1 O TEXTO 67
5.1.1 A LINGUÍSTICA TEXTUAL 68
5.2 TEXTO E DISCURSO 71
5.2.1 COTEXTO, PARATEXTO E POLIFONIA 72
5.2.1.1 COTEXTO 72
5.2.1.2 PARATEXTO 73
5.2.1.3 POLIFONIA 74
5.2.2 INTENCIONALIDADE E LOCAL DE FALA 75
5.2.2.1 INTENCIONALIDADE 75
5.2.2.2 LOCAL DE FALA 78
cOncLusÃO 79
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FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LinguÍstica i
SUMÁRIO
6UNIDADE 6 gRaMÁtica 81
6.1 GRAMÁTICA TRADICIONAL 81
6.1.1 GRÉCIA ANTIGA 81
6.1.2 ROMA 84
6.1.3 OS ESTUDOS GRAMATICAIS NA IDADE MÉDIA 85
6.2 TIPOS DE GRAMÁTICA 87
6.3 A GRAMÁTICA NA ESCOLA 88
cOncLusÃO 90
gLOssÁRiO 91
REFERÊncias 92
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
icOnOgRaFia
ATENÇÃO 
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
GLOSSÁRIO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
CURIOSIDADES
QUESTÕES
ÁUDIOSMÍDIAS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES
EXEMPLOS
CITAÇÕES
DOWNLOADS
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LinguÍstica i
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Prezado aluno,
Bem-vindo ao curso de Linguística I! Esperamos que esteja animado para trilhar este 
caminho e começar sua jornada pelos estudos da língua.
Neste curso, faremos uma viagem pelos estudos linguísticos, desde seu início até os 
dias de hoje, aprendendo sobre o que faz da linguística uma ciência e apresentando 
as características que fazem das línguas um fascinante e inesgotável campo de estudo.
Nesta apostila, apresentaremos definições de língua e linguagem, posicionaremos a 
linguística como ciência, apresentando suas principais correntes teóricas. Também 
abordaremos as características das línguas que inspiram diversas abordagens dos es-
tudos linguísticos, sempre visando a melhor compreensão desta vasta área de estudo.
Contamos com a sua participação nas atividades e fóruns para que possamos cons-
truir conhecimentos sólidos que te acompanharão por toda a sua trajetória acadê-
mica. Além disso, aconselhamos a leitura dos materiais indicados para que possa se 
aprofundar mais no incrível universo dos estudos linguísticos.
Vamos lá?
12
LinguÍstica i
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Diferenciar língua e 
linguagem.
> Apontar os modos 
com que se 
manifestam as 
linguagens humanas.
> Apontar as 
propriedades das 
línguas naturais.
UNIDADE 1
13
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LinguÍstica i
SUMÁRIO
1 LINGUAGEM E LÍNGUA
Os seres humanos não são os únicos seres vivos com a capacidade de se comuni-
car. Abelhas trocam informações sobre onde conseguir o pólen, formigas indicam 
com precisão o caminho a ser seguido para encontrar alimento, até mesmo cobras, 
com suas cores vibrantes, comunicam aos seus inimigos que são perigosas. Por toda 
a natureza, encontramos formas variadas de comunicação, mas o que diferencia o 
homem dos animais é a sua capacidade de criar símbolos e de usar palavras para 
expressar ideias, das mais simples e concretas às mais abstratas e complexas.
Nesta unidade, trataremos sobre as diversas formas de linguagem, em especial o uso 
que os seres humanos fazem dela, assim como as características que diferenciam as 
línguas naturais, que utilizamos em nossa comunicação diária, das diversas lingua-
gens encontradas no mundo.
Essa distinção entre língua e linguagem é essencial para a definição de qual é a área 
de estudo da linguística, sendo o primeiro passo para qualquer atividade que envolva 
comunicação, seja como professor atuando na área de ensino, seja em atuando com 
comunicação social, em áreas como jornalismo, publicidade e relações públicas. Espe-
ramos que, ao final desta unidade, seja possível compreender o que faz com que as di-
versas línguas que existem no mundo, tão diferentes umas das outras, têm em comum.
Mergulhemos, então, no vasto oceano dos estudos linguísticos!
1.1 O QUE É LINGUAGEM
FIGURA 1 - ABELHAS TRABALHANDO EM SUA COLMEIA 
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
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LinguÍstica i
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Na introdução desta unidade, demos alguns exemplos sobre formas de comunicação 
que podem ser encontradas na natureza, como a comunicação entre abelhas e entre 
formigas. Você sabe como essa comunicação é feita? Será que esses insetos se utili-
zam de palavras para comunicar o que estão pensando? Será que são capazes de ex-
pressar sentimentos, fazer declarações de amor ou escrever poesias? É claro que não.
Mesmo esses bichinhos sendo muito espertos, eles não são capazes de transmitir 
informações tão complexas ou abstratas, e, em especial, não são capazes de utilizar 
palavras para se expressar. Ainda assim, eles se comunicam, transmitem informações 
vitais para sua organização e para a sobrevivência de suas comunidades. Como eles 
fazem isso? Eles têm uma linguagem da qual se utilizam para se comunicar. Mas o 
que é linguagem?
Chamamos de linguagem todas as formas de comunicação e de expressão que en-
contramos no mundo, desde a comunicação entre abelhas até as diversas línguas 
das quais os seres humanos fazem uso no dia a dia. Toda forma de código que tem a 
intenção de transmitir alguma informação é linguagem.
Dessa forma, a “dança” de uma abelha, que indica para as outras onde encontrar flo-
res para extrair seu alimento, as luzes dos semáforos, que indicam se um carro deve 
prosseguir ou parar, placas de trânsito, logomarcas de empresas e até mesmo o cho-
ro de um recém-nascido são formas de linguagem.
1.1.1 A LINGUAGEM HUMANA
Os seres humanos são, até onde sabemos, os únicos animais capazes de pensar com-
plexamente. Nós temos sentimentos e ideias, inventamos coisas, criamos jogos e es-
portes com regras complexas, e o mais curioso é que somos capazes de explicar esses 
sentimentos, ideias, invenções e regras uns para os outros. Na maioria das vezes, co-
municamos esses tópicos complexos com palavras, mas você já reparou na imensa 
quantidade de ideias que são comunicadas sem que nos utilizemos delas?
Observe as imagens a seguir e pense no que elas querem dizer: 
15
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LinguÍstica i
SUMÁRIO
FIGURA 2 - DESENHO DE UM SORRISO (SMILEY)
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
FIGURA 3 - DESENHO DE UM CORAÇÃO VERMELHO
SHUTTERSTOCK, 2018.
Figura 4 – Desenho de uma pessoa com o dedo indicador em frente aos lábios Fonte: 
SHUTTERSTOCK, 2018.
16
LinguÍstica i
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Sem que seja preciso usar uma palavra sequer, as imagens acima, como você deve ter 
percebido, transmitem ideias bastante complexas para qualquer um que olhar para 
elas. Essa é uma prova de que não é necessário que nos utilizemos de palavras para 
comunicar sentimentos, como alegria e amor, ou para expressar pedidos, como o de 
silêncio presente na terceira imagem. Esse é um uso particularmente humano da 
linguagem, nós estabelecemos símbolos, como o sorriso, o coração e o dedo indica-
dor na frente dos lábios, que são compreendidos universalmente e que servem para 
comunicar ideias e sentimentos sem a necessidade de palavras.
Como vimos, alguns animais também são capazes de se utilizar de linguagem, mas 
o que torna a linguagem humana especial é a capacidade de criarmos símbolos, ou 
seja, desenhos, sons e sinais corporais, que transmitem ideias complexas. Uma formi-
ga é capaz de indicar para as outras qual o caminho deve ser seguido para chegaraté 
o alimento, mas não consegue transmitir nenhuma outra informação por meio de 
suas anteninhas. Já nós, seres humanos, somos capazes de ver um desenho, como o 
que indica silêncio mostrado acima, e compreendemos que não devemos fazer ba-
rulho naquele local, ou ver a luz vermelha do semáforo e compreender que devemos 
esperar para prosseguir na rua. Essa capacidade de simbolizar ideias complexas em 
signos simples é unicamente dos seres humanos e faz do nosso uso da linguagem 
um uso especial.
Leitura complementar
BARROS, Diana Pessoa de. A comunicação humana. In.: 
FIORIN, José Luiz (Org.) Introdução à linguística Vol. 1: obje-
tos teóricos. São Paulo: Contexto, 2003. p. 25-54.
Aconselha-se a leitura deste texto para que seja possível se aprofundar em questões 
relativas ao uso humano da linguagem, não só no que diz respeito às diferenças entre 
as linguagens humanas e dos animais, mas também no que faz referência às funções 
da linguagem e seus elementos característicos.
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LinguÍstica i
SUMÁRIO
1.1.1.1 LINGUAGEM NÃO VERBAL
A comunicação entre as pessoas pode ocorrer sem a utilização de palavras. Quando 
isso acontece, dizemos que a linguagem empregada é não verbal, o que literalmente 
quer dizer “sem palavras”.
A linguagem não verbal pode ser motivada ou arbitrária, o que quer dizer que pode 
ter um motivo, como o desenho do sorriso que vimos anteriormente, que simboliza 
felicidade porque quando estamos felizes nós sorrimos, ou surgir de uma conven-
ção, ou seja, de um acordo entre aqueles que se utilizam dessa linguagem, como é o 
caso da cruz vermelha, utilizada para significar uma área médica ou um profissional 
da medicina.
A linguagem não verbal está presente no nosso dia a dia de formas que muitas vezes 
não percebemos, desde as sinalizações de trânsito, como as faixas de pedestre e as 
placas com setas que orientam o sentido de uma via, até os emojis que utilizamos 
nas redes sociais. Aprendemos a usar e entender esses símbolos desde muito cedo, 
quando somos crianças, e nem percebemos que eles indicam ideias complexas sem 
ter que recorrer a palavras.
FIGURA 4 - EMOJIS, UMA NOVA LINGUAGEM NASCIDA NA ERA DIGITAL 
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
Uma forma nova de comunicação não verbal são os emojis, parte indispensável para as 
comunicações em redes sociais, como Facebook, Twitter e WhatsApp. Mas você sabia 
que já existiu uma rede social em que toda comunicação se dava apenas com emojis?
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LinguÍstica i
FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO
Criada em 2014 pelos britânicos Tom Scott e Matt Gray, o Emojili, nome que, segundo 
os criadores, surgiu da junção de emojis e only (“Apenas emojis”, em tradução livre), 
tinha como proposta testar o potencial comunicativo dos emojis e verificar se seria 
possível estabelecer conversas e amizades apenas por meio deles. A experiência foi 
um sucesso, com mais de setenta mil inscritos no serviço antes mesmo do lança-
mento. Apesar do sucesso, o Emojili foi fechado em Julho de 2015, menos de um ano 
após seu lançamento, uma vez que os objetivos de pesquisa já haviam sido alcança-
dos e, segundo o próprio fundador Tom Scott: “A piada já havia ido longe demais”, 
ficando muito caro manter os servidores ativos.
Para mais informações, acesse os artigos escritos sobre o Emojili nos sites Luvima Lab 
e Menos Fios!
1.1.1.2 LINGUAGEM VERBAL
Se a linguagem não verbal é aquela sem a utilização de palavras, a linguagem verbal 
só pode ser aquela que usa palavras para transmitir ideias. Toda forma de comunica-
ção escrita ou falada é considerada um uso da linguagem verbal, e é a partir dela que 
a maior parte das comunicações humanas acontece.
A linguagem verbal permite a transmissão de ideias bastante complexas e está pre-
sente desde a placa de pare, que além da cor vermelha (linguagem não verbal), que 
indica “atenção”, também possui a palavra “PARE” escrita, indicando o que deve
ser feito naquele local, até nossas conversas cotidianas, em que usamos palavras para 
expressar como estamos nos sentindo, contar sobre nosso dia aos nossos familiares, 
fazer perguntas, etc.
Mais à frente, quando estivermos estudando o que é uma língua, veremos que alguns 
usos da linguagem verbal são especiais por permitirem ainda maior complexidade 
nas relações humanas. Por enquanto, basta sabermos que a linguagem não verbal 
e a linguagem verbal são formas utilizadas por todas as pessoas para se comunicar 
cotidianamente em diversas situações.
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LinguÍstica i
SUMÁRIO
1.2 O QUE É LÍNGUA
Até agora, falamos sobre os tipos de linguagem e as funções que diversos usos da lin-
guagem podem ter. Agora falaremos sobre língua e como ela se diferencia da lingua-
gem. Você consegue imaginar quais seriam as diferenças entre língua e linguagem?
Enquanto linguagem é um termo abrangente, que compreende desde as formas 
de comunicação entre animais até o uso que nós fazemos de símbolos não verbais, 
língua é um termo mais específico, associado apenas às formas verbais de comuni-
cação humana. Dessa forma, podemos dizer que as abelhas são capazes de se co-
municar a partir de sua linguagem própria, mas não possuem língua, já os seres hu-
manos, quando conversam, fazem perguntas, falam de seus sentimentos e interagem 
de várias formas diferentes por meio de palavras, estão se utilizando de uma língua.
Você já sabe que existem várias línguas espalhadas pelo mundo, algumas parecidas 
com o português, como o espanhol e o italiano, que nós até conseguimos entender se 
prestarmos atenção, e outras bastante diferentes, como o alemão e o japonês, que não 
parecem ter nada em comum com a língua que nós falamos. Será que existe algo que 
seja comum a todas elas? Algo que permita que classifiquemos todas como língua?
A resposta para a pergunta acima é sim! Há uma série de características que defi-
nem uma língua como tal. São as chamadas propriedades das línguas naturais, e 
não importa qual seja a língua, ou quão diferente ela pareça ser, essas propriedades 
sempre estão presentes. A seguir, vamos conhecer cada uma dessas propriedades 
e entender como elas fazem com que línguas sejam muito mais que uma simples 
forma de linguagem.
As línguas humanas são chamadas de línguas naturais por te-
rem surgido da necessidade comunicativa dos seres humanos, ou 
seja, naturalmente. Não houve na história uma pessoa ou grupo 
de pessoas que, por exemplo, inventaram o português, e sim um 
conjunto de mudanças graduais a partir do latim que, com o pas-
sar do tempo, se tornaram outra língua completamente nova. Há 
também línguas inventadas, como o Esperanto, que tem o obje-
tivo de ser uma língua neutra que possa ser usada para a comu-
nicação entre pessoas que não falam o mesmo idioma. Línguas 
assim são chamadas de línguas artificiais e, até hoje, nenhuma 
delas teve muito sucesso.
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Na aula interativa desta unidade, falaremos mais sobre o processo de variação linguís-
tica, que deu origem ao português e que ocorre até hoje.
1.2.1 PROPRIEDADES DAS LÍNGUAS NATURAIS
As línguas naturais possuem seis propriedades que as caracterizam como línguas de 
fato, são elas: arbitrariedade; dualidade; descontinuidade; produtividade; aquisição e 
povo. Abordaremos cada uma delas e como ajudam a caracterizar uma língua, nos 
itens a seguir.
1.2.1.1 ARBITRARIEDADE
Segundo John Lyons1: “O caso mais óbvio de arbitrariedade da língua – que é men-
cionado na maioria das vezes – diz respeito à relação entre forma e significado, entre 
sinal e mensagem” (LYONS, 1987. p. 15). O queo autor quer dizer com essa afirmação 
é que não há relação entre a forma (palavra) e seu significado.
Já parou para pensar no motivo de, por exemplo, usarmos a palavra “cadeira” para 
nos referirmos ao objeto sobre o qual nos sentamos ou “café” para falarmos sobre a 
bebida quente que tomamos todos os dias pela manhã?
Na verdade, não há ligação entre as palavras que usamos e os objetos, ações e situa-
ções que elas descrevem. A ligação entre palavra e significado é, como dita a proprie-
dade, arbitrária.
A arbitrariedade é importante para a constituição das línguas naturais por indicar 
sua natureza altamente simbólica e convencional, isto é, as línguas são resultado de 
acordos entre seus falantes, que, em nome de uma comunicação efetiva, precisam 
concordar que determinada palavra significa o que ela quer dizer.
1.2.1.2 DUALIDADE
As línguas naturais possuem dois níveis, um chamado nível inferior, que é mais sim-
ples e com pouco significado, e outro chamado nível superior, que é mais complexo 
e permite a transmissão de informações. Nas línguas orais, essa dualidade está ex-
pressa nos sons e em suas combinações que formam palavras que possuem sentido 
próprio e específico.
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SUMÁRIO
Considere, por exemplo, as palavras “faca, “vaca” e “fada”. O “F” não adiciona nada ao 
sentido de “faca” e, por isso, quando aparece em “fada”, que nada tem a ver com faca, 
não nos soa estranho. Da mesma forma, o “C” presente em “vaca” não tem nada in-
trínseco a si mesmo que ajude na formação da ideia de uma vaca e, por isso, quando 
ouvimos o “C” presente em “faca”, não nos lembramos de uma “vaca”.
O que esses exemplos nos mostram, é que os sons não trazem em si mesmos nenhu-
ma carga de sentido. É sua organização em unidades maiores, ou seja, em palavras, 
que permite que compreendamos o que está sendo dito ou escrito. Não há nada que 
nos remeta a uma vaca nos sons de “V”, “A” ou “C”, mas, ainda assim, a organização 
desses sons em uma sequência específica permite que imaginemos uma fêmea de 
uma espécie de bovinos ruminantes.
O princípio da dualidade é importante, pois é a partir dele que podemos concluir que 
uma quantidade finita de sons, que sozinhos não possuem nenhum sentido próprio, 
é capaz de produzir infinitas unidades de sentido dependendo de sua organização.
1.2.1.3 DESCONTINUIDADE
A descontinuidade é uma característica das línguas que segue da dualidade, mas a 
ela se opõe. Para compreender melhor o que é o princípio da descontinuidade, veja-
mos alguns exemplos de como ele funciona:
QUADRO 1 - EXEMPLIFICANDO A DESCONTINUIDADE COM PARES MÍNIMOS
FIGURA 5 - FACA FIGURA 6 - VACA FIGURA 7 - FADA FIGURA 8 - VADA?
Fonte: Elaborado pelos autores, 2018.
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Nos exemplos acima, temos quatro palavras muito parecidas em sua escrita e pro-
núncia, “faca”, “vaca”, “fada” e “vada”. Elas apresentam sons muito semelhantes, mas 
que não possuem nenhuma relação com a palavra que formam quando são usados 
em conjunto. Isso se dá porque mesmo que as palavras apresentadas sejam muito 
parecidas, como não há relação entre os sons que as formam e seus significados 
(como vimos no tópico anterior), elas nada têm em comum.
Ainda no quadro acima, temos a palavra “vada”, que não possui significado algum. 
Isso se dá pelo fato de, mesmo que existam infinitas formas de se combinar os sons 
de uma língua, nem toda combinação de sons será uma palavra. Isso também é parte 
do princípio da descontinuidade.
Lyons, já citado anteriormente, apresenta a grande vantagem da descontinuidade 
para a formação das línguas quando indica que os chamados pares mínimos (que se 
diferenciam por apenas um som, como “faca” e “vaca”) se beneficiam dessa proprie-
dade das línguas. Ele afirma que “na maioria dos contextos, a ocorrência de uma (pa-
lavra) será muito mais provável do que a ocorrência da outra, o que reduz a possibi-
lidade de engano quando as condições para a transmissão de sinais são deficientes” 
(LYONS, 1987. p 17). Ou seja, o fato de palavras tão semelhantes terem sentidos tão 
diferentes faz com que seu uso em contextos em que a compreensão entre as partes 
não é perfeita não seja ambíguo.
1.2.1.4 PRODUTIVIDADE
A produtividade é, talvez, o fator que mais diferencie as línguas naturais dos diversos 
tipos de linguagem que encontramos na natureza. Esse princípio dita que as línguas 
naturais possuem possibilidade composicional infinita, isto é, no nível da palavra, da 
frase ou de textos complexos, toda e qualquer ideia pode ser expressa por meio de 
uma língua.
O princípio da produtividade é o responsável não só pela possibilidade de expres-
sarmos qualquer ideia e sentimento por meio de uma língua, mas também pela 
possibilidade que temos de expressar uma mesma ideia de diversas formas. Veja os 
exemplos abaixo:
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1. Estou com muita fome! Ainda não comi nada hoje.
2. Estou faminto! Já é a hora do almoço e não tomei nem o café da 
manhã. 3- Desde que acordei, não comi nada! Como estou com fome!
As três frases apresentadas acima demonstram formas diferentes de di-
zermos uma mesma coisa sem que haja perda ou ganho de qualquer in-
formação relevante. Isso é parte do princípio de produtividade e contribui 
para que as línguas sejam inesgotáveis fontes de sentenças, sendo possível 
que se diga ou escreva qualquer coisa sem a necessidade de repetirmos 
estruturas e palavras utilizadas por outras pessoas.
1.2.1.5 AQUISIÇÃO
FIGURA 9 - BEBÊ APRENDENDO A FALAR
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
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Você se lembra de como aprendeu a falar? Já pôde presenciar um bebê soltando 
seus primeiros balbucios, tentando se comunicar como gente grande? A capacidade 
de aprendizado dos bebês e crianças é sem igual, eles rapidamente se desenvolvem 
e começam a explorar o mundo e a imitar tudo o que veem os adultos fazendo. 
No caso do aprendizado de uma língua não é diferente, mas a palavra aprendizado 
pode ser equivocada nesse contexto.
Quando falamos em aprendizado de uma língua materna, isto é, de nossa primeira 
língua, aquela falada por nossos pais, o melhor é nos referirmos ao processo como 
sendo de aquisição, e não de aprendizado. Isso porque não é preciso ensinar nada 
para os pequenos, que por tentativa e erro são capazes de aprender a utilizar a língua, 
respeitando a maioria de suas regras, perfeitamente.
A aquisição é o princípio comum a todas as línguas que dita que, havendo exposição 
durante os primeiros anos de vida, toda língua pode ser adquirida por uma pessoa 
sem a necessidade de se ensinar nada. Isso se deve aos padrões e regras que regem 
a língua, padrões estes presentes em nossa mente, a chamada faculdade de lingua-
gem, que abordaremos melhor ao final desta apostila.
1.2.1.6 POVO
Por último, temos um princípio calcado em questões culturais: a existência de um 
povo que se utilize de uma determinada língua, seja para a comunicação, seja para a 
produção de cultura.
Esse é um fator importante para diferenciar as línguas naturais das línguas artificiais, 
além de estabelecer que as línguas são, mais do que instrumentos de comunicação, 
formas de produção de cultura e de identidade dos povos. Um exemplo disso são 
os cidadãos do País Basco, que se recusam a fazer parte da Espanha exatamente por 
falarem uma língua bem diferente do espanhol.
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SUMÁRIO
FIGURA10 - EM DESTAQUE, O PAÍS BASCO E SUA LOCALIZAÇÃO 
EM RELAÇÃO À ESPANHA 
Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.
A existência de um povo que se utiliza de uma determinada língua é fator importan-
te para que confiramos status linguístico para uma determinada forma de comu-
nicação, e a produção cultural por meio de uma língua é uma das formas que são 
utilizadas para se definir o que é uma comunidade ou povo.
Você sabia que as línguas de sinais são línguas de fato?
Muitas vezes ouvimos pessoas se referirem às línguas de sinais como “lin-
guagem de sinais”, o que é um equívoco, uma vez que todas as línguas de 
sinais apresentam todos os princípios que constituem uma língua. Esse 
fato foi comprovado pelo linguista americano William Stokoe, que pesqui-
sou a Língua de Sinais Americana (ASL) buscando estabelecer se era uma 
língua ou apenas uma forma de linguagem. Seus estudos foram publica-
dos em 1960 no livro “A estrutura das línguas de sinais”.
No Brasil, a língua de sinais utilizada pela comunidade surda é a Língua 
Brasileira de Sinais (LIBRAS), reconhecida como língua oficial do Brasil, ao 
lado do português, na Lei n° 10.436, de 22 de Abril de 2002.
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Leitura complementar
PETTER, Margarida. Linguagem, língua, linguística. In.: FIORIN, 
José Luiz (Org.). Introdução à linguística Vol. 1: objetos teóri-
cos. São Paulo: Contexto, 2003. p. 11-24.
Nesse texto, Margarida Petter aborda questões introdutórias 
aos estudos linguísticos e aprofunda ainda mais nas diferen-
ças entre as línguas naturais e demais formas de linguagem.
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SUMÁRIO
CONCLUSÃO
Nesta unidade, vimos a diferença entre linguagem e língua, estabelecemos os princí-
pios que diferenciam os dois e permitem identificar o que é uma língua.
Aprendemos que linguagem é uma classificação genérica que engloba toda forma 
de comunicação, desde a forma como as abelhas indicam onde há pólen até for-
mas de comunicação humana. Vimos também que nos comunicamos não só por 
meio de palavras, mas também com diversos símbolos, que constituem a linguagem 
humana não verbal.
Baseados nas definições de Lyons, aprendemos sobre as línguas naturais, quais os 
princípios que as compõem e como eles contribuem para que possamos expressar 
toda e qualquer ideia e sentimento por meio de palavras.
Este conteúdo que você acaba de ler é o primeiro passo para seus estudos sobre 
linguística e servirá de base para todo o conhecimento que será construído a par-
tir daqui. Esperamos que essas definições estejam claras e aconselhamos a releitura 
deste capítulo para melhor fixar o que foi apresentado aqui, assim como a consulta 
aos conteúdos deste capítulo sempre que houver alguma dúvida no futuro.
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OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Descrever o percurso 
histórico da 
Linguística;
> Apontar quais 
características elevam 
a Linguística ao 
patamar de ciência;
> Definir quais são as 
principais escolas 
teóricas da Linguística 
no século XX e suas 
características.
UNIDADE 2
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SUMÁRIO
2 A LINGUÍSTICA COMO 
CIÊNCIA: ESCOLAS E 
MOVIMENTOS
Na última unidade, vimos como é importante entender as diferenças entre Lingua-
gem e Língua, viso que, apesar de parecidas e relacionadas, apresentam conceitos 
distintos que não podem ser confundidos.
Nesta unidade, vamos nos aprofundar no conceito de Língua e descobrir como a Lin-
guística surgiu. Você já parou para pensar quando foi que o ser humano se interessou 
por estudar as línguas?
A verdade é que, desde a Antiguidade Clássica, os filósofos já se preocupavam com a 
língua. Na Grécia Antiga, Sócrates, por exemplo, preocupou-se com o surgimento da 
escrita. Por ser um grande apreciador da oralidade, temia que, ao aprenderem a ler e 
a escrever, os jovens de Atenas deixassem de memorizar e também de questionar o 
que lhes era passado. Aristóteles, em seu livro Poética, escreveu sobre os três gêneros 
poéticos que identificava na sociedade em que vivia, a tragédia, a comédia e a épica.
Além dos estudos sobre o uso da língua, houve também estudos que se ocupavam 
da tentativa de descrever o comportamento das línguas ou, como chamamos hoje, 
sua gramática. Vamos nos aprofundar mais sobre isso na Unidade 6 desta aposti-
la, mas é importante saber que, ainda na Antiguidade, gregos e romanos tentaram 
entender a estrutura do grego e do latim. Apenas na Idade Média esses estudos se 
expandem para as demais línguas existentes.
Em que ponto os estudos que hoje chamamos de Linguísticos surgiram? Apenas 
em meados do século XX, com a publicação do livro Curso de Linguística Geral, de 
Ferdinand de Saussure. A partir de agora, vamos nos aprofundar sobre a história da 
Linguística e seu desenvolvimento ao longo do século XX. Vamos lá?
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2.1 O SURGIMENTO DA LINGUÍSTICA
Como dito na Introdução desta unidade, o marco para o surgimento da Linguística 
foi a publicação do Curso de Linguística Geral (Cours de linguistique générale, em 
Francês), de Ferdinand de Saussure, em 1916.
Contudo, devemos procurar saber em que contexto essas novas ideias sobre os es-
tudos da linguagem surgiram. Segundo Lyons (1987), o período imediatamente an-
terior ao aparecimento das ideias de Saussure ficou conhecido como historicismo. 
O nome nos ajuda a entender o pensamento dos pesquisadores da época, que acre-
ditavam que as línguas eram de determinada forma porque, no decorrer do tempo, 
foram modificadas por forças externas ou internas – fatores sociais, políticos, variação 
regional, entre outros.
Nessa visão, porém, o caráter científico não era central. Apesar de ter o intuito de se 
firmarem como ciência, as pesquisas desse período valorizavam muito mais os acon-
tecimentos históricos, fazendo com que as suas explicações, segundo o que Lyons 
(1987) diz, mais se aproximassem das de um historiador e não de um linguista.
É nesse contexto que surgem as ideias de Saussure que, na época, era professor na 
Universidade de Genebra. Seu Curso de Linguística Geral foi uma publicação póstu-
ma feita por seus alunos que se basearam em suas anotações e em aulas ministradas 
por Saussure entre 1907 e 1911.
2.1.1 O ESTRUTURALISMO
O nome da escola originada pelos pensamentos saussurianos é estruturalismo. 
As ideias estruturalistas foram, em certa parte, uma resposta à visão historicista 
que figurava no momento. De que forma então o estruturalismo se diferenciava 
do historicismo?
A diferença mais notável a partir dos conceitos apresentados até agora é o fato de o 
estruturalismo considerar que os estudos linguísticos também podem ser feitos em 
uma perspectiva sincrônica, e não apenas diacrônica, como feito pelos historicistas. 
Mas o que são sincronia e diacronia? Esses conceitos serão importantes durante sua 
jorna acadêmica e serão retomados com muita frequência ao longo nossos estudos.
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SUMÁRIO
Sincronia e diacronia são conceitos relacionados ao tempo. Quando um estudo é 
realizado considerando não só a faixa de tempo atual, mas também toda a faixa de 
tempo que engloba o fenômeno em foco, temos um estudo diacrônico. Em oposição 
a isso, quando um estudo é realizado considerando-se apenas a faixa de tempo do 
momento atual, trata-sede um estudo sincrônico. Vamos exemplificar para que fique 
mais claro: suponhamos que nosso objetivo é realizar uma pesquisa sobre o plural no 
português brasileiro para investigar com ele funciona, suas regras de uso, etc. Nós te-
mos, a grosso modo, duas opções: a primeira seria estudar o plural desde a época em 
que os portugueses chegaram ao Brasil e trouxeram com eles a língua portuguesa 
e verificar quais as mudanças no uso do plural ocorreram daquela época até os dias 
atuais. É possível fazer isso verificando-se documentos históricos, por exemplo. Nesse 
caso, por considerarmos uma faixa de tempo extensa, estaríamos fazendo um estudo 
diacrônico. A segunda opção consistiria em verificar qual é o comportamento do plu-
ral na língua portuguesa nos dias de hoje. Poderíamos também comparar o uso entre 
regiões. Nesse caso, estaríamos fazendo um estudo sincrônico, ou seja, que opta por 
trabalhar com uma faixa de tempo pontual.
Mas qual a diferença entre os dois modelos e como escolher qual usar? A escolha 
depende do objetivo da pesquisa e a principal diferença metodológica é que, ao se 
optar por um estudo diacrônico, o que se busca é a causa, a explicação do fenômeno 
remontaria à sua origem. No entanto, em um estudo sincrônico, a explicação é estru-
tural, ou seja, demonstra como o fenômeno estudado reflete o uso que o falante faz 
da língua naquele momento do tempo.
Para Saussure, os modos de pesquisa diacrônico e sincrônico eram complementares 
e poderiam mostrar pontos de vista diferentes sobre o mesmo fenômeno.
Outra distinção muito importante para o pensamento estruturalista é aquela en-
tre langue (língua) e parole (fala). Para Saussure, a língua é uma estrutura, um sis-
tema de regras com um funcionamento próprio em dois níveis, o sintagmático e o 
paradigmático. A fala, por sua vez, é o uso que o falante faz da língua, diz respeito ao 
comportamento linguístico. A partir dessas definições, fica claro qual deve ser, segun-
do Saussure, o objeto de estudo da Linguística. O sistema linguístico é que deve ser 
estudado pelo linguista. A fala, por ser de cunho pessoal e poder ser influenciada por 
fatores externos, não pode ser analisada na perspectiva estruturalista.
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Mas o que são esses níveis da língua dos quais saussure falava? 
Bem, o nível sintagmático da língua diz 
respeito às combinações de pequenas 
unidades para formar uma unidade maior, 
como juntar palavras para se formar frases, 
por exemplo. Já o eixo paradigmático seria 
um depósito das unidades da língua que 
permitiria substituir uma unidade por ou-
tra de mesmo valor, como substituir um 
substantivo por outro em uma frase.
Ao trocar “Vovó” por “Mamãe”, um substantivo por outro de valor semelhante, faz-se 
uma mudança no eixo paradigmático, uma substituição.
Já em (3), não houve apenas uma substituição, já que o acréscimo do artigo “A” faz 
com que o sintagma mude por inteiro. Houve uma adição de mais uma unidade me-
nor para compor a unidade maior, logo, essa é uma mudança no eixo sintagmático.
A última das dicotomias de Saussure é aquela entre significante e significado. Para 
ele, a língua é constituída por signos linguísticos. Os signos, por sua vez, são pares de 
forma e significado. Vamos imaginar o signo linguístico como uma moeda, em que 
uma face corresponde ao significante e a outra, ao significado.
FIGURA 11 - AS DUAS FACES DE UMA MOEDA.
Fonte: SHITTERSTOCK, 2018.
1. Vovó caiu da escada.
2. Mamãe caiu da escada.
3. A bola caiu da escada.
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O significante é entendido como uma imagem acústica, uma cadeia de sons presen-
te na mente do falante, e pertence ao plano da forma. Já o significado diz respeito 
ao conceito do signo, é seu conteúdo. A união dessas duas partes constitui o signo 
linguístico. E, ainda mais importante é ressaltar que o que une o significante ao signi-
ficado é uma relação arbitrária, ou seja, não motivada. Não há uma explicação do por-
quê a sequência de sons “CASA”, em português, designa o conceito de lugar onde se 
mora. No inglês, por exemplo, esse mesmo conceito é expresso pela forma “HOUSE”.
2.1.1.1 A LINGUÍSTICA COMO CIÊNCIA
Para Saussure, o que diferenciava a Linguística dos demais estudos feitos até então e 
o que a elevava à posição de ciência era a rigidez e objetividade do método. Saussure 
delimita bem o que ele considera o objeto de estudo da Linguística, a língua, e tam-
bém o que ele enxerga como importante de ser estudado – as relações estruturais 
entre os componentes da língua.
As características do método científico também podem ser atribuídas à Linguística. 
Um fenômeno é observado por um linguista e, para começar sua pesquisa, é preciso 
que ele consiga descrever as características desse fenômeno (seu comportamento, 
seus elementos constitutivos) e que ele elabore hipóteses sobre como espera que 
esse fenômeno se comporte em determinadas situações. A partir disso, testar as hi-
póteses para verificar se elas são comprovadas pelos testes ou não. Esses testes, por 
sua vez, devem ser passíveis de réplica por outros pesquisadores, para que as conclu-
sões sejam verificadas. A isso, chamamos de princípio da Falseabilidade.
Para saber mais sobre o Método Científico, leia o artigo “Algu-
mas observações sobre o método científico”, de Silvio Chibeni 
(2006) http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/me-
todocientifico.pdf
http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/metodocientifico.pdf
http://www.unicamp.br/~chibeni/textosdidaticos/metodocientifico.pdf
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2.2 O FUNCIONALISMO
Lyons (1987) pontua que o Funcionalismos não necessariamente é uma escola opos-
ta ao Estruturalismo, mas sim uma vertente dele. Seus principais representantes, Ro-
man Jakobson e Nicolai Trubetzkoy, fizeram parte do Círculo Linguístico de Praga, 
fundado em 1926. Este foi um grupo de estudos do qual fizeram partes pesquisado-
res de diversos países da Europa e as discussões por eles geradas reverberam até os 
dias atuais. Desse grupo, surgiu a Escola de Praga, cujos membros são os responsáveis 
por criar a teoria funcionalista.
Nas palavras de Lyons (1987), o funcionalismo “caracteriza-se pela crença de que a 
estrutura fonológica, gramatical e semântica das línguas é determinada pelas fun-
ções que elas têm que exercer nas sociedades em que operam”. (p. 179). Em outras 
palavras, o funcionalismo leva em conta o contexto comunicativo na análise linguísti-
ca. Para esses teóricos, as funções externas influenciam o comportamento linguístico. 
Dessa forma, eles não desconsideram análises estruturais, mas afirmam que a língua 
não é um sistema isolado de interferências.
Os funcionalistas impactaram diversas áreas da Linguística. Na fonologia, por exem-
plo, Trubetzkoy afirmou que acentuação, tom e duração podem indicar a terminação 
de uma palavra ou turno de fala (função demarcadora). Além disso, comprovou que 
variações no modo de se falar determinada palavra podem indicar sentimentos ou 
posicionamentos por parte do falante (função expressiva).
Outra característica do funcionalismo é considerarem a multifuncionalidade da lin-
guagem. Esse conceito se opõe às ideias historicistas e positivistas de que a função da 
linguagem seria apenas expressar o pensamento. Para os teóricos da Escola de Praga, 
a linguagem, além de ter uma função expressiva (externalizar os pensamentos), tam-
bém possui uma função social (agir de acordo com a situação comunicativa) e uma 
função descritiva (caracterizar o mundo, nomear seres).
No âmbito da gramática, a principal contribuição dos funcionalistasestá na pers-
pectiva funcional da sentença. Para eles, a estruturação de uma sentença está inti-
mamente relacionada com o contexto de comunicação em que ela é empregada e 
também com a função comunicativa que ela exercerá.
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O conceito de gramática utilizado pela Linguística se difere do 
conceito mais comum utilizado na sociedade. A gramática que 
conhecemos na escola é um livro que contém regras da “boa 
4. João jogou bola na rua ontem à tarde.
5. Ontem à tarde, João jogou bola na rua.
Essas sentenças, em um primeiro momento, possuem o mesmo significado, a mes-
ma interpretação. Mas, na visão da escola funcionalista, a alteração na sintaxe (orde-
nação das palavras) já sinaliza alguma mudança contextual relevante.
Posteriormente, a teoria funcionalista se desenvolveu também fora da Escola de 
Praga, ganhando muitos adeptos também nos Estados Unidos.
Para entender de forma mais aprofundada a teoria funcio-
nalista e sua visão na atualidade, recomendamos a leitura do 
artigo “Funcionalismo linguístico: um breve percurso histórico 
da Europa aos Estados Unidos”, de Ana Paula Martins (2009). 
Link: http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/
article/view/11504/6784
2.3 O GERATIVISMO
Construída por Noam Chomsky na década de 1960, a teoria gerativa ou gerativismo, 
é uma das mais importantes escolas da Linguística do século XX, que acabou influen-
ciando outras áreas de estudo, como a psicologia e a neurociência. O objetivo da 
gramática gerativa é descrever o funcionamento estrutural-sintático das línguas. 
http://www.seer.ufu.br/index.php/dominiosdelinguagem/article/view/11504/6784
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fala” e da “boa escrita” baseadas em obras literárias clássicas brasileiras ou 
portuguesas. O conceito linguístico de gramática, no entanto, refere-se ao 
conjunto de regras que regem uma língua. Ou seja, a Linguística não faz juízo 
de valor sobre as regras, não as considera boas ou ruins, apenas as descreve 
e tenta reconhecer seu comportamento. Além disso, as regras são encontra-
das observando-se o uso real da língua feito pelo falante.
Quanto aos pressupostos teóricos do gerativismo, um dos principais é a infinitude 
dos enunciados que produzimos. Chomsky se baseia em uma propriedade das lín-
guas, a recursividade, para afirmar que o número que enunciados que produzidos é 
infinito. O que é a recursividade? É a capacidade de se conectar uma frase à outra 
sem que se perca o sentido. É encaixar frases e fazer referências a itens já ditos mes-
mo sem repeti-los.
6. Joana, que gosta muito de jardins, encontrou uma 
flor tão rara no jardim de sua casa, que a fez se lembrar 
de sua mãe.
Todas as orações dentro desse período fazem referência à Joana, mas apenas uma se 
utiliza desse nome. O uso da conjunção “que” permite o encaixe entre orações e não 
repetição de termos, isto é, a recursividade.
Ao observar crianças em momento de aquisição de linguagem, Chomsky reconhece 
não só que a criança reproduz um modelo ao qual é exposta (tende a imitar o modo 
de falar dos adultos a sua volta), mas também que a linguagem existiria mesmo sem 
esse modelo ou estímulo. Para ele, a capacidade da linguagem é inata ao ser huma-
no, ou seja, nasce com ele, está em sua mente e é passada geneticamente. Ainda 
assim, o estímulo, a exposição a alguma forma de linguagem, é essencial para que 
essa capacidade seja desenvolvida.
Além disso, a questão da criatividade também é cara para o teórico. Quando fala 
em criatividade, o linguista faz referência à capacidade do ser humano de produzir 
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sempre enunciados novos para dizer as mesmas coisas. O enunciado é não previsível 
e sua produção acontece em momento simultâneo ao da fala. A criatividade tam-
bém possui regras, pois, como dito no início desse tópico, a descrição das regras de 
uma língua é muito importante para a teoria gerativa.
Como as regras influenciam a criatividade? É simples, as regras servem para garantir 
que os enunciados sejam compreendidos pelo interlocutor em uma situação comu-
nicativa. O falante, ao adquirir determinada língua, adquire também, sem saber, as 
regras sintáticas e semânticas dessa língua, e as ativa inconscientemente no momen-
to de produzir seus próprios enunciados.
Quando aprendemos uma língua estrangeira tardiamente também temos que 
aprender as regras dessa língua e temos que ativá-las conscientemente no momento 
da fala ou escrita. Muitas vezes confundimos as estruturas de nossa língua materna 
e da língua em processo de aprendizagem porque a compreensão dessas regras, 
quando não se trata de um contexto de aquisição, é difícil e trabalhosa.
A partir desses conceitos, podemos afirmar que a teoria gerativa possui uma abor-
dagem mentalista, ou seja, acredita que é na mente humana que se encontra a 
faculdade da linguagem. A linguagem, para essa teoria, é uma capacidade apenas 
da espécie humana.
Outro ponto importante para a escola gerativista é a busca pelos universais linguísti-
cos. Enquanto os estruturalistas pós-saussurianos se debruçavam sobre as diferenças 
entre as línguas naturais, os gerativistas estavam na contramão, procurando o que de 
comum as línguas têm, como a arbitrariedade, por exemplo.
Uma outra diferença importante entre o gerativismo e o estruturalismo pós- saus-
suriano é a distinção entre competência e desempenho. O primeiro conceito diz 
respeito ao conhecimento linguístico do falante por meio do qual ele consegue pro-
duzir um número infinito de sentenças. Esse conjunto de sentenças, para Chomsky, 
é o que forma a língua. O desempenho, por sua vez, diz respeito ao comportamento 
linguístico do falante, que sofre interferências de regras sociais, crenças e também de 
fatores psicológicos e fisiológicos.
Por fim, é importante ressaltar que a teoria gerativa se debruçou muito mais sobre os 
estudos sintáticos e acabou deixando de lado os fonológicos e semânticos. Na visão 
se Chomsky, a sintaxe estaria organizada hierarquicamente na mente humana, de 
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forma que o falante selecionaria pequenos grupos de palavras (aos quais ele chama 
de sintagmas) para formar unidades maiores (enunciados).
A influência da teoria gerativa é tão grande que deu origem a outras teorias, como a 
linguística cognitiva, por exemplo, importante corrente de pensamento da Linguís-
tica atual.
2.4 A SOCIOLINGUÍSTICA
A sociolinguística surgiu como uma resposta às escolas que estudamos até aqui, mas 
que se preocupavam muito com a estrutura das línguas e não pensavam a relação 
entre língua e sociedade. Portanto, a sociolinguística trata, justamente, do estudo 
dessas relações.
Nós, seres humanos, somos seres sociais e estamos inseridos em um determinado 
contexto socio-histórico. Como utilizamos a língua e a linguagem para nos comuni-
carmos, é possível afirmar que a língua é influenciada pelas condições a que estamos 
submetidos. As línguas refletem as relações de poder entre povos e camadas sociais; 
as línguas refletem relações espaciais (geográficas). Dessa forma, a língua, apesar de 
ser sistema estruturado, tem também um componente social que a permite ser viva 
e sofrer mudanças ao longo do tempo.
Em 1972, o linguista Wlliam Labov, em seu livro Padrões Sociolinguísticos (Sociolin-
guistic Patterns), critica alguns pontos da teoria estruturalista, apontando para o fato 
de que a parole (fala) tambémpoderia ser estudada observando-se o comportamen-
to dos indivíduos. Labov também chama a atenção para o fato de que, mesmo que se 
faça um estudo sincrônico, a língua também sofre variações nesse tempo. O linguista 
critica também a teoria gerativa dizendo que os exemplos utilizados por Chomsky 
eram artificiais e que, em um estudo linguístico, dados de contextos reais de uso de-
veriam ser utilizados.
A sociolinguística se ocupa de estudar a variação das línguas, aquelas que já estuda-
mos na primeira Unidade. Além disso, considera as línguas como sistemas heterogê-
neos, e não homogêneos como postulado por Saussure e Chomsky. Para essa teoria, 
como as línguas são sistemas, são também formadas por regras. No entanto, essas 
regras são variáveis, havendo regras específicas para cada comunidade de falantes, 
que são influenciadas por fatores linguísticos e também exteriores à língua.
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SUMÁRIO
CONCLUSÃO
Nesta unidade vimos que a Linguística surgiu em um momento marcado pelo his-
toricismo no estudo de línguas e buscava mais rigor no método e também delimitar 
melhor seu objeto de estudo. Estudamos também as principais escolas e o pontos 
principais de suas teorias. É importante ressaltar que, apesar de terem sido apresen-
tadas em uma ordem cronológica linear, o surgimento de uma nova teoria não apa-
ga completamente uma teoria antiga. Elas interagiram entre si, se desenvolveram e 
deram origem a muitas outras formas de pensar. Outro ponto crucial quando se fala 
em teorias é perceber que uma teoria nunca conseguirá explicar a totalidade de um 
assunto. Por isso, todas elas têm pontos fortes e fracos e são válidas.
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OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos 
que possa:
> Conhecer o que é 
Fonética, Fonologia e 
Morfologia;
> Apontar as 
contribuições da 
Fonética para a 
linguística;
> Apontar as 
contribuições da 
Fonologia para a 
linguística;
> Reconhecer a 
estrutura morfológica 
das palavras.
UNIDADE 3
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SUMÁRIO
3 FONOLOGIA E MORFOLOGIA
Em diferentes línguas, letras iguais são usadas para representar sons diferentes, como 
a letra H, que em português não tem som algum, como nas palavras Hora e Horta, 
mas no inglês pode ter som de R como em House e Hair. Mesmo no português temos 
casos de uma mesma letra produzindo dois sons, como a letra S em Casa e Saia, ou 
de letras diferentes com sons idênticos, como o C e o S em Acima e em Absoluto. 
Quando estamos descrevendo os sons presentes nas línguas, que é um dos papéis 
dos linguistas, essas características da escrita podem se tornar um problema, criando 
confusão na mente de alguém que queira compreender como os são os sons de uma 
língua sem saber falar de fato a língua em questão. 
Os estudos dos sons produzidos pelas línguas, a Fonologia, tem como um de seus 
objetivos solucionar esta questão. Nesta unidade, veremos como essa forma de des-
crição dos sistemas linguísticos lida com esse problema e ajuda na compreensão do 
funcionamento das línguas.
Outro modo de descrição das línguas é a Morfologia, que estuda como aspectos lin-
guísticos se manifestam na estrutura composicional das palavras. Na segunda parte 
desta unidade veremos como são os estudos morfológicos do português, abordan-
do questões como a forma que a Morfologia é estudada nas salas de aula e desfa-
zendo algumas confusões comuns sobre como são formadas as palavras na língua 
portuguesa.
Ao final desta unidade, teremos discutido questões fundamentais para os estudos 
dos aspectos fonológicos e morfológicos das línguas, adentrando ainda mais nas ca-
racterísticas que fazem os estudos linguísticos tão fascinantes! Então, sigamos em 
frente! Vamos lá?
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3.1 FONOLOGIA
A Fonologia é o estudo dos sons produzidos pelas línguas e suas funções na constru-
ção de palavras e sentenças. Como ciência, a linguística preocupa-se muito mais com 
os aspectos sonoros do que com os aspectos gráficos das palavras e sentenças, e isso 
se deve a um motivo muito simples: a grafia, ou escrita, das palavras é resultado de 
fatores históricos e culturais que não necessariamente possuem relação com o fun-
cionamento da língua em si.
Ainda assim, os sistemas de escrita, mesmo que sejam mais importantes para estu-
dos na interface entre história e linguística, ajudam na compreensão da evolução das 
línguas e de sua importância cultural para diversas culturas. Vamos falar um pouco 
mais da diferença entre os estudos dos sons e da escrita?
Grafologia, do grego Grapho (escrita) e Logos (Conhecimen-
to), é o nome dado a duas áreas distintas. Damos o nome de 
grafologia aos estudos de personalidade baseados na cali-
grafia, isto é, estudos sobre como é a personalidade de um 
indivíduo tomando por base a forma como ele desenha sua 
escrita. Este estudo não é científico e não é sobre ele que 
falamos nesta unidade. O que entendemos por grafologia 
aqui é o estudo dos sistemas de escrita e sua evolução com 
o passar do tempo.
3.1.1 GRAFOLOGIA X FONOLOGIA
Os estudos dos sistemas gráficos de representação das línguas, isto é, o estudo da es-
crita, é chamado grafologia. Ao contrário do que se possa imaginar, a grafologia não 
é uma área dos estudos linguísticos, sendo competência dos estudos antropológicos 
e historiográficos. Para compreendermos melhor o motivo da grafologia não ser parte 
dos estudos linguísticos, vejamos os exemplos a seguir:
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SUMÁRIO
Vemos nos exemplos acima diferentes formas de 
nos referirmos às mesmas coisas. Em (1) temos 
duas grafias para a mesma palavra, sendo a pri-
meira a mais antiga e a segunda a que nos utili-
zamos hoje em dia. A mudança, que nada mais 
é do que a convenção de que palavras escritas 
com Ph passariam a ser escritas com F nada mais 
é do que um acordo estilístico, não atualizando 
em nada a ideia transmitida pela palavra. 
Em (2) temos um exemplo mais recente de mudanças deste tipo. O chamado Novo 
Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa tem por objetivo unificar a escrita da lín-
gua, permitindo assim que não haja diferença entre a forma de se escrever as mes-
mas palavras nos diferentes países que se utilizam do português. Assim como em (1), 
estas mudanças não mudam em nada o significado das palavras, não sendo, portan-
to, de interesse dos linguistas.
Já em (3) temos uma mudança considerável. No Brasil, o objeto que utilizamos para 
mover o cursor na tela de um computador é chamado de mouse, que significa rato 
em inglês, já em diversos outros países falantes de português, optou-se por uma tra-
dução, e o mesmo objeto é chamado rato. Temos, então, mais do que uma mudança 
na escrita e pronúncia das palavras, já que esta diferença nos mostra uma importante 
questão cultural dos países que se manifesta na língua.
A fonologia, por outro lado, não se preocupa com estas questões, debruçando-se so-
bre tópicos como variações nos sons emitidos pelos falantes e sua correlação com ca-
racterísticas culturais e discursivas. Desta forma, é trabalho da fonologia discutir, por 
exemplo, as diferentes pronúncias da letra R nos vários dialetos do português, como na 
palavra porta, que é pronunciada de diferentes formas em diferentes pontos do Brasil.
3.2 FONÉTICA X FONOLOGIA
Outra distinção importante é a que existe entre Fonética e Fonologia. A primeira se 
preocupa em estudare descrever os aspectos sonoros da língua, enquanto a segun-
da estuda a função destes sons na língua, seja sua função social e discursiva ou sua 
função na composição das palavras.
Nesta unidade, focaremos na descrição dos estudos da fonologia, porém, há aspectos 
da fonética que nos interessam, vamos a eles?
1 - Pharmácia x Farmácia
2 - Idéia x Ideia
3 - Rato x Mouse
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3.2.1 FONÉTICA ARTICULATÓRIA
Uma das principais contribuições da fonética para os estudos linguísticos é o estudo 
dos pontos de articulação, isto é, dos elementos dos quais nos utilizamos para produ-
zir os sons que fazemos para nos comunicar.
No total, o ser humano possui 15 pontos de articulação em seu aparelho fonador, 
que é o nome que damos para o conjunto de órgãos que utilizamos para compor a 
fala. Abaixo, apresentamos um quadro com todos esses pontos e sua localização no 
corpo humano:
QUADRO 2 - O APARELHO FONADOR
Cavidade Nasal Lábios Dentes
Alvéolos (região anterior aos 
dentes superiores)
Palato Duro (céu da boca)
Véu Palatino (região anterior 
ao céu da boca)
Úvula (massa carnosa penden-
te no fundo da boca)
Cavidade Bucal (região entre a 
língua e o palato duro)
Língua
Epiglote (região entre a língua 
e a faringe)
Faringe (início da garganta)
Traqueia (região entre a larin-
ge e o esôfago)
Laringe Esôfago Cordas Vocais
É importante notar que nem todos os sons que produzimos se utilizam de todos os 
15 pontos de articulação, assim como o fato de que cada um dos sons produzidos 
em uma língua é resultado, na maioria das vezes, da combinação de dois ou mais 
pontos articulatórios. Por exemplo, o som da letra V é resultado de um encontro entre 
os dentes e os lábios, sendo então classificado como labiodental assim como o som 
da letra F. O que diferencia os dois é a vibração das cordas vocais, o que faz com que 
chamemos o som do V de vozeado e o som do F de não vozeado.
Outro ponto importante de sabermos, é que a língua se divide em três regiões, a sa-
ber, o Ápice, ou ponta da língua, o Dorso, ou meio da língua, e a Raiz, que é a parte 
mais profunda da língua.
Experimente notar os movimentos que você faz e a vibração na garganta quando 
fala diversas palavras parecidas, como “faca” e “vaca” ou “casa” e “caça” e você notará 
quantas partes diferentes do seu corpo estão envolvidas em cada palavra que você 
produz facilmente.
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Para visualizar o aparelho fonador e saber mais sobre seu 
funcionamento, assista ao vídeo Fisiologia da Voz – apare-
lho Fonador disponível no canal do instituto de técnica Vo-
cal no YouTube.
3.2.2 ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL (AFI)
Todos os sons de todas as línguas naturais são produzidos da forma como vimos no 
item anterior e, a partir das combinações de pontos articulatórios do aparelho fo-
nador, foi possível criar o chamado alfabeto Fonético internacional (AFI), também 
conhecido por sua sigla em inglês IPA (International Phonetic Alphabet).
O principal objetivo do AFI é unificar a representação dos sons presentes nas línguas, 
visando a melhor compreensão entre seus estudiosos dos sons presentes em todas 
as línguas. Vejamos abaixo quais os sons presentes no português brasileiro e qual a 
letra do AFI que os representa.
QUADRO 3 - CONSOANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO (AFI)
Bilabial Labiodental Dental Alveolar Palatoalveolar Palatal Velar
Nasal m n ɲ
Oclusiva p, b t, d g, k
Fricativa f, v s, z ʃ,ʒ x
Africada t͡ ʃ, dʒ
Vibrante 
Simples
ɾ
Aproximante 
Lateral
l
Vibrante Sim-
ples Lateral
ʎ
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aproximante_lateral_palatal
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QUADRO 4 - VOGAIS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO (AFI)
Anterior
Quase 
anterior
Central
Quase pos-
terior
Posterior Nasal
Fechada u ũ
Quase fechada i õ
Semifechada e o ĩ
Média
Semiaberta ɛ ɔ ẽ
Quase aberta ɐ
Aberta a ã
Os sons listados acima, mais as semivogais j e w, compõe todos os sons utilizados no 
português brasileiro e suas representações no AFI. Abaixo, traremos exemplos para 
que você possa perceber quais os movimentos feitos para representar cada um des-
ses sons e compreender melhor suas classificações.
QUADRO 5 - EXEMPLOS DE CONSOANTES DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
m
Mãe
n
Nada
ɲ
Manhã
p
Pai
b
Beleza
t
Tudo
d
Dado
g
Gota
k
Cavalo
f
Faca
v
Vaca
s
Saudade
z
Azedo
ʃ
Chama
ʒ
Já
x
Raiz
tʃ
Tchau
dʒ
Dia¹
ɾ
Caro
l
Língua
ʎ
Palha
QUADRO 6 - EXEMPLOS DE VOGAIS E SEMIVOGAIS DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
a
Taça
ɐ
Cama
ɛ
Pé
e
Pedido
i
Pente
j
Pais
ɔ
Famosa
o
Famoso
u
Frio
w
Guarda
ã
Cama²
ẽ
Pensão²
ĩ
Cinto²
õ
Conto²
ũ
Fungo²
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Note que (1) é referente à pronúncia média brasileira. Em alguns dialetos do Nor-
deste, por exemplo, a pronúncia é [d]ia e não [d3]ia, e nos casos marcados com (2) a 
nasalidade provocada pela consoante nasal posterior à vogal.
SILVA, Thaïs Cristófaro. Fonética e Fonologia do Português: 
Roteiro de Estudos e guia de Exercícios. São Paulo: Con-
texto, 1998.
Neste guia introdutório, a autora apresenta os conceitos fundamentais de fonética e 
fonologia, explicando melhor assuntos que aqui abordamos superficialmente. Além 
da leitura fácil, com diversos exemplos e linguagem simples, o livro ainda conta com 
exercícios que permitem a associação da prática com a teoria.
3.3 A FONOLOGIA
A fonologia é uma ciência ligada aos estudos linguísticos que visa ao estabelecimen-
to das regras de uso dos sons em determinada língua. É a fonologia, por exemplo, 
que dita que, no português brasileiro, antes das consoantes [p] e [b] usamos a con-
soante nasal [m] e não [n]. Você já parou para pensar no motivo disso? 
É bem simples: As consoantes [b] e [p] são, como vimos anteriormente, bilabiais, o 
que significa dizer que seu som é feito ao unirmos os lábios, assim como a consoante 
nasal [m], que também é uma bilabial. Desta forma, quando temos uma consoante 
nasal anterior às consoantes bilabiais, pronunciamos [m], pela facilidade de já es-
tarmos com os lábios juntos. Experimente pronunciar a palavra Caranbola, com [n] 
mesmo, e preste atenção ao esforço que você terá que fazer para garantir que o som 
não seja o da consoante [m].
A fonologia estuda, também, fenômenos como a juntura de palavras, que é quan-
do unimos sons de duas palavras. Por exemplo, quando falamos a frase “Nós somos 
grandes amigos”, o que pronunciamos, na verdade, é algo parecido com Nóssomos 
Grandesamigos, tudo junto mesmo. Isso se deve ao fato de, ao falarmos, não fazermos 
pausas entre as palavras, e acabamos por juntá-las quando, por exemplo, uma delas 
termina com [s] e a outra é iniciada com uma vogal.
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Outro tópico estudado pela fonologia é a variação dialetal fonética, isto é, as variações 
de pronúncia que existem dentro de uma língua. Esses estudos buscam compreen-
der como, por exemplo, ocorre a pronúncia do R em palavras como em Porta, Car-
mim e Carne que possuem formas diversas de serem pronunciadas por todo o Brasil.
Esses são alguns dos tópicos estudados pela Fonética e pela Fonologia. Ambas as 
áreas são riquíssimas, com muitos estudos e pesquisas sobre como produzimos a fala 
e os vários fenômenos que ocorrem na fonação. Esta é, portanto, apenas uma intro-
dução que visa a despertar o interesse na área e apresentar algumas das ferramentas 
utilizadas por pesquisadoresda fonética e fonologia.
3.4 MORFOLOGIA
Assim como a fonologia, a morfologia analisa elementos composicionais de palavras 
e enunciados, porém, seu objeto não é os sons, mas as unidades de sentido que com-
põem as palavras. 
Quando falamos em unidades de sentido, dentro do contexto da morfologia, es-
tamos nos referindo aos morfemas, que não são, necessariamente, palavras, mas 
são os elementos que compõem essas palavras e constroem seu sentido. Podemos 
usar como exemplo a palavra “meninos”. Vejamos abaixo quais são os morfemas 
que a compõem.
Exemplo 1 - Análise morfológica de “meninos”
Menin - o - s
Radical - Morfema Flexional - Morfema Flexional
 (Gênero) (Número)
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Como podemos ver, dentro da palavra “meninos”, temos três morfemas distintos: um 
radical e dois morfemas flexionais. Abordaremos essas classificações mais a frente, 
bastando saber agora que há unidades de sentido menores que a palavra, como o 
“o” em “meninos” que confere à palavra seu gênero (masculino) e o “s” que confere à 
palavra seu número (plural).
No português, há três tipos de morfemas, os Radicais, os Afixos e os Morfemas Flexio-
nais. Vamos ver cada um desses morfemas a seguir. 
3.4.1 RADICAIS
O radical é o elemento mais básico de uma palavra, sendo irredutível e contendo o 
sentido principal dela. 
Como vimos nas unidades anteriores, a língua portuguesa é descendente da língua 
latina falada na Roma antiga, então não é de se espantar que grande parte dos radi-
cais presentes no português sejam de origem latina. Há também radicais de origem 
grega, que chegaram ao português também por conta dos romanos, que admiravam 
a cultura grega e importaram algumas palavras do grego para o latim.
Vejamos abaixo alguns radicais gregos e latinos presentes no português moderno:
QUADRO 7 - RADICAIS LATINOS
RADICAL SENTIDO EXEMPLOS
Agri- Campo Agricultura, Agricultor
Equi- Igual Equidistante, Equivalente
-Fico Que faz Benéfico, Frigorífico
-Voro Que come Carnívoro, Herbívoro
(FONTE: Adaptado de: BEZERRA, Rodrigo. Nova gramática da língua portuguesa para concursos, 8ª edição. 
São Paulo: Método, 2017. p. 120-121)
QUADRO 8 - RADICAIS GREGOS
Radical Sentido Exemplos
-Arca Que comanda Monarca, Matriarca
-Cracia Poder Democracia, Plutocracia
Filo- Amigo Filologia, Filosofia
Quilo- Mil Quilograma, Quilômetro
(FONTE: Adaptado de: BEZERRA, Rodrigo. Nova gramática da língua portuguesa para concursos, 8ª edição. São Paulo: Método, 2017. 
p. 120-121)
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Como podemos ver nos exemplos acima, os radicais gregos e latinos estão presentes 
em grande parte das palavras que usamos no português, compondo quase que a to-
talidade dos radicais da língua, mas há também radicais originários de outras línguas 
como o árabe e o celta, mas em menor quantidade.
3.4.2 AFIXOS
Afixos são morfemas utilizados junto aos radicais. Com eles, formamos novas palavras 
modificando os radicais a que estão associados. Veremos mais sobre o processo de 
derivação, nome dado quando usamos afixos, na aula interativa desta unidade, por 
hora basta sabermos que há dois tipos de afixos, os prefixos e os sufixos.
3.4.3 PREFIXOS
Os prefixos são os afixos que ocorrem antes dos radicais e, assim como esses, são ma-
joritariamente de origem grega e latina. Abaixo temos alguns exemplos de prefixos:
ateu – “A-” é um prefixo que indica negação.
Hipérbole – “Hiper-” é um prefixo que indica posição superior
Pós-parto – “Pós-” é um prefixo que indica a ideia de depois
Como podemos ver no caso de “Pós-parto”, os prefixos podem ocorrer com ou sem 
hífen, havendo casos como o de “Pré-pago” que aceitam a grafia com hífen assim 
como sem, “Pré pago”.
3.4.4 SUFIXOS
Os sufixos, ao contrário dos prefixos, ocorrem depois dos radicais, também sendo ma-
joritariamente de origem grega e latina. Vamos ver alguns exemplos?
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Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
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SUMÁRIO
Meninão – “-ão” é um sufixo que indica a ideia de maior (aumentativo)
Bibliotecário – “-ário” é um sufixo que indica agência, aquele que faz algo
Amanhecer – “-ecer” é um sufixo verbal que indica o início de uma ação
Nos exemplos acima podemos ver que há sufixos nominais, que ocorrem com 
substantivos e adjetivos, e verbais, que ocorrem com verbos. Fique atento! 
Não se esqueça deste importante detalhe quando for fazer análises morfoló-
gicas das classes de palavras.
3.5 MORFEMAS FLEXIONAIS
No português temos os chamados morfemas flexionais, ou desinências, que servem 
para indicar as ideias de gênero e número. Há também os morfemas de flexão ver-
bal que indicam tempo, modo e aspecto, que têm uma definição um pouco mais 
complexa e devem ter um estudo específico e aprofundado, por isso não entraremos 
neste tópico aqui, certo?
Como mostramos no exemplo 1, em que analisamos a composição morfológica de 
“meninos”, esta palavra apresenta uma desinência de gênero, o “o”, que indica que a 
palavra é masculina, e uma desinência de número, o “s”, que indica que a palavra está 
no plural.
Os morfemas flexionais são definidos em oposição uns aos outros, o que quer dizer 
que, se o morfema “o” indica o gênero masculino, há uma representação mórfica para 
o feminino, que no português é o morfema “a”. Da mesma forma, se há o “s” que indi-
ca o plural, sua ausência (indicada pelo símbolo Ø) é a marca morfológica do singular. 
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3.5.1 O MORFEMA ZERO Ø
Muitas vezes no português a ausência de um morfema flexional indica que a palavra 
está no singular, como vimos acima, mas também pode indicar que a palavra é do 
gênero masculino. Vejamos o exemplo:
Exemplo 2 – Análise Morfológica Professor x Professoras
Professor
Professor - Ø - Ø
 Raiz - Morfema flexional - Morfema flexional
 (Gênero) (Número)
Professoras
Professor - a - s
 Raiz - Morfema flexional - Morfema flexional
 (Gênero) (Número)
Como podemos ver no exemplo apresentado, nossa língua não marca, necessariamen-
te, o masculino, como é o caso da palavra “Professor” e sempre marca o plural, deixan-
do a cargo do morfema zero (Ø) indicar quando trata-se de uma palavra no singular.
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No português também temos as chamadas vogais temáticas 
que não são morfemas. Sua função é somente permitir que 
palavras sejam unidas a afixos e morfemas flexionais. Exem-
plos de palavras com vogais temáticas são “cadeira”, “livro” 
e “cliente’. Nos dois primeiros casos, “a” e “o” não são desi-
nências de gênero por não possuírem uma contraparte (não 
existe cadeiro nem livra), já no terceiro, trata-se de um nome 
neutro, sendo que o “e” não indica nenhum gênero e permite 
que o nome possa ser usado em referência a indivíduos de 
ambos os gêneros.
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CONCLUSÃO 
Ao final desta unidade conhecemos dois métodos de análise dos estudos linguísti-
cos, a fonologia e a morfologia. Ambas estas áreas têm por objetivo analisar a língua 
em seus aspectos mais fundamentais, sejam os fonemas, ou sons, ou os morfemas, 
pequenas unidades de sentido que compõem as palavras. O conhecimento destas 
formas

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