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Morfofuncional | UC XXI | SP3 Esclerose Lateral Amiotrófica • ELA Doença neurodegenerativa rara, caracterizada pela paralisia progressiva da musculatura voluntária refletindo a degeneração dos neurônios motores no córtex motor primário, vias corticoespinais, tronco cerebral e medula espinal. Se eu tenho paralisia de músculos voluntários, afeta exclusivamente os neurônios motores, não tenho destruição dos neurônios sensoriais Córtex motor primário → giro pré-central Incidência= 2 casos : 100.000 pessoas 1,5 homens : 1 mulher Manifestações: - Esporádica: 55-65 anos (corresponde a 80% dos casos) - Familiar: 1 década antes dos casos esporádicos - Quando as manifestações acontecem antes dos 30 anos, consideramos ela como sendo uma ELA juvenil 2 neurônios participam da via motora; superior- 1º neurônio de primeira via, que inicia a via; inferior - 2ª ordem - é o que leva o impulso corpo celular está no córtex motor primário → passa pela cápsula interna → pedúnculo mesencefálico → pirámides bulbares A partir da pirâmide, temos 2 tratos, formados a partir dos axônios na substância branca As vias corticospinais conduzem impulsos para o controle dos músculos dos membros e do tronco. Os axônios dos neurônios motores superiores no córtex cerebral formam os tratos corticospinais, que descem pela cápsula interna do cérebro e pedúnculo cerebral do mesencéfalo. No bulbo, os feixes de axônios dos tratos corticospinais formam as protuberâncias ventrais, conhecidas como pirâmides. Cerca de 90% dos axônios corticospinais sofrem decussação (cruzam) para o lado contralateral (oposto) no bulbo e, em seguida, descem pela medula espinal, onde fazem sinapse com um neurônio do circuito local ou um neurônio motor inferior. Igualmente, o córtex cerebral direito controla a maioria dos músculos no lado esquerdo do corpo, enquanto o córtex cerebral esquerdo controla a maioria dos músculos no lado direito do corpo. Existem dois tipos de tratos corticospinais: o trato corticospinal lateral e o trato corticospinal anterior. 1. Trato corticospinal lateral. Os axônios corticospinais que sofrem decussação no bulbo formam o trato corticospinal lateral no funículo lateral da medula. Esses axônios fazem sinapse com neurônios do circuito local ou neurônios motores inferiores no corno anterior da medula espinal. Os axônios desses neurônios motores inferiores saem da medula espinal nas raízes anteriores dos nervos espinais e terminam em músculos esqueléticos que realizam os movimentos das partes distais dos membros. Os músculos distais são responsáveis pelos movimentos precisos, ágeis e extremamente especializados das mãos e dos pés. Os exemplos incluem o movimento necessário para abotoar uma camisa ou tocar piano. Inerva antebraço, punho, mão, perna, tornozelo, pé → ou seja, musculatura distal de extremidade de membros Gabriela de Oliveira | T3 | 7º período 1 Morfofuncional | UC XXI | SP3 2.Trato corticospinal anterior. Os axônios corticospinais que não sofrem decussação no bulbo formam o trato corticospinal anterior no funículo anterior da medula espinal. Em cada nível da medula espinal, alguns desses neurônios sofrem decussação via comissura branca anterior. Em seguida, fazem sinapse com neurônios do circuito local ou neurônios motores inferiores no corno anterior da substância cinzenta. Os axônios desses neurônios motores inferiores deixam a medula espinal nas raízes anteriores dos nervos espinais. Terminam nos músculos esqueléticos que controlam os movimentos do tronco e das partes proximais dos membros. Se sofre decusação na medula, vai ter perda de função contralateral ao lado que ocorreu desmielinização Inervação da musculatura proximal e musculatura de tronco → Na ELA posso ter lesão acometendo o neurônio motor superior ou inferior ou os 2 ao mesmo tempo • Clínica quando afeta neurônio motor superior - fraqueza - devido a problema no start da via de contração muscular; não é paralisia completa; no início o paciente tem uma perda de agilidade, falha no momento de pegar um copo de água, tropeça, mudança da letra na hora de escrever - reflexos tendíneos vivos → fisiológico; quando o músculo estira demais, estimula o neurônio motor de 2ª ordem para fazer uma contração involuntária para que ele não lesione, ativa o arco-reflexo; via motora ativada inibe o reflexo tendíneo; então eu tenho uma falha na via do reflexo tendíneo, perco essa capacidade de inibir esse reflexo; - reflexos anormais - a amplitude do movimento do reflexo é maior mas ela não se caracteriza por hiperreflexia (trata-se da presença de clônus) na maioria das vezes → A disfunção do neurônio motor superior (DNMS) é caracterizada pela presença de fraqueza, reflexos tendíneos vivos e reflexos anormais Reflexo vivo: é obtido com facilidade aumentada, sendo amplo e brusco, faltando os outros elementos da hiperreflexia (ausência de clônus: consiste em uma série de contrações reflexas rítmicas de um músculo, que é subitamente submetido a estiramento contínuo). DIFERENÇA DE HIPERREFLEXIA E REFLEXO TENDÍNEO VIVO Reflexo tendíneo vivo: aumento da amplitude do movimento Hiperreflexia: clônus - é a repetição do estímulo contrátil (precisa ter o clônus para caracterizar hiperreflexia) Posso ter arreflexia? NÃO, nunca! Porque se isso estiver presente, é porque tive um problema no neurônio sensorial • Se acomete neurônio motor inferior - fraqueza: perda muscular mais significativa - fasciculações ; contração involuntária de menor amplitude; são contrações breves, arrítmicas, involuntárias de grupos de fibras musculares, visíveis durante o repouso. As contrações são breves, irregulares e não provocam deslocamento de segmentos corpóreos, com exceção, às vezes, de discretos movimentos ao nível dos dedos. Mais fácil de ver nos músculos maiores, como no deltóide e nos gastrocnêmios. As fasciculações aparecem no repouso, cessando durante o movimento voluntário, mas aumentando após este último. - atrofia : se não tenho estímulo contrátil, ela diminui volume - atonia: frouxa, perdeu tônus muscular • Se acomete os neurônios motores de vias extrapiramidais (inerva trato respiratório e TGI - principalmente superior) - disfagia ; ausência de peristaltismo correto do esôfago → engasgo, sensação de comida parada - disartria ; não consegue articular as musculaturas de glote e língua para articular a palavra OBS- A disfunção dos neurônios motores do tronco cerebral é caracterizada pela presença de disfagia e disartria. Disartria: alteração da fala, geralmente, provocada por um distúrbio neurológico levando a fraqueza nos músculos usados para fala, o que muitas vezes faz com que a fala fique arrastada ou lenta. → Quando afeta o bulbo é instituído como sendo ELA mesmo; se afeta apenas superior e inferior mas ainda não afetou o bulbo também é considerado ELA, mas por algumas diretrizes, isso não é 100% certeza de ELA - Quando afeta as 3: ELA confirmada - Quando afeta as 2: ELA possível - Quando os sintomas já começam no bulbo: ELA bulbar OBS - Os sintomas podem caracterizar uma síndrome relacionada ao neurônio motor superior ou inferior, achado típico da ELA. Gabriela de Oliveira | T3 | 7º período 2 Morfofuncional | UC XXI | SP3 A presença de sintomas e sinais característicos permite melhor caracterização do sítio topográfico envolvido, possibilitando diagnósticos clínicos mais precisos. Apresentação -Fraqueza muscular focal, distal ou proximal (menos comum) nos MMSS MMII; assimétrica das mãos, que se manifestam por dificuldade em segurar objetos e de realizar atividades motoras finas -Espasticidade ; musculatura responde de maneira muito intensa ao estímulo somatossensorial; pode ser visualizado pelo Babinski positivo no paciente; dos braços e das pernas (ocorre pela lesão no 1º neurônio motor, levando a perda a inibição da atividade reflexa que resulta em uma hipersensibilidade aos estímulos somatossensoriais, ou seja, encosta no pé do paciente ele contrai) -Perda de destreza e marcha - muitas vezes é o primeiro reflexo do paciente -Atrofia e atonia (progressãoda doença) -Fasciculações (pode ocorrer antes da fraqueza) -Sintomas bulbares e respiratórios → Aproximadamente 2/3 dos pacientes com ELA exibem a forma apendicular (clássica “forma de Charcot”): - Acomete primeiro centro respiratório e centro cardíaco no bulbo; - A doença no final envolve os músculos respiratórios, que levam a surtos de infecção pulmonar. - Paralisia bulbar progressiva ou ELA bulbar. Nestes indivíduos, as anormalidades de deglutição e de fonação predominam e o curso clínico é inexorável em um período de 1 a 2 anos Patogenia → Bases genéticas Para ELA juvenil e familiar - -Anormalidades no gene da superóxido dismutase (SOD1) à 20% dos casos familiares - -Expansão do hexanucleotídio C9ORF72 no cromossomo 9 à 40% dos casos familiares - A SOD é uma das principais enzimas antioxidantes do corpo - A mutação faz com que o retículo endoplasmático não consiga processar a proteína, forma um agregado que se acumula e isso estressa o neurônio - Parece que a proteína mutante SOD1 se desdobra e forma agregados (que podem incluir proteína de tipo selvagem) e resulta em lesão celular através de uma variedade de mecanismos, incluindo perturbação da função do proteossoma e autofagia, efeitos diretos no transporte axonal e função mitocondrial ou sequestro de outras proteínas dentre os agregados. O acúmulo de agregados de proteínas pode, eventualmente, desencadear a resposta da proteína desdobrada, com início posterior da apoptose. O desenvolvimento de SOD1 agregado também foi observado em ELA sem mutações neste gene, o que sugere que essa via a lesões celulares pode contribuir para a ELA esporádica, também. Hexanucleotídeo: foram encontrados depósitos neuronais das proteínas derivadas no contexto da mutação. Se esses novos agregados proteicos contribuem para a lesão celular, permanece desconhecido. Parece atuar igual a mutação da SOD; gerando uma proteína que não consegue ser processada e isso ativa a via de morte do neurônio Na ELA esporádica, é multifatorial, não sabe-se 100% o que acontece, mas tem uma sequÊncia de acontecimentos Temos um neurônio motor normal e o degenerado; se pensar no natural: precisamos de despolarização que abre canais de cálcio, ele entra, mobiliza vesículas, liberam glutamato (que é a chave da lesão na ELA esporádica); Glutamato interage com os receptores de 2ª ordem do tipo AMPA e NMDA; AMPA geralmente induz despolarização rápida e curta; dura milésimos de segundos; eu abro só canal de sódio e potássio NMDA: além de abrir canal de sódio e potássio, abre também canal de cálcio Gabriela de Oliveira | T3 | 7º período 3 Morfofuncional | UC XXI | SP3 Temos os receptores do tipo GLUR 2 e GLUR 4 - sensíveis ao glutamato → reduzem o influxo do cálcio, induzindo também o fechamento dos canais de cálcio Astrócitos também ajudam na recaptação do excesso de glutamato na fenda, por meio do receptor GLAST (transmissor sensível ao aumento da liberação de glutamato) FISIOLÓGICO: Neurônio motor superior despolariza, abre canais, influi cálcio e libera glutamato; os GLURs entram em ação; tenho outros tipos de recaptação ok para diminuir o tempo do glutamato na fenda NO PACIENTE COM ELA: - O aumento do influxo de cálcio é excessivo tanto no neurônio superior e inferior; temos redução de AMPA, logo quem se liga com mais facilidade no glutamato é o NMDA (que induz o influxo aumentado de cálcio) - Temos redução da expressão de GLU2 e GLUR 4 - despolariza o neurônio e aí fico muito tempo tendo entrada de cálcio na fenda sináptica e além disso, os astrócitos nesses pacientes tem uma diminuição de GLAST Cálcio aumentado → leva disfunção mitocondrial, lesa retículo endoplasmático → excitotoxicidade → Portanto, aumenta influxo de cálcio, começo estressar o neurônio que leva a uma disfunção mitocondrial → diminui ATP, tenho disfunção da bomba de sódio e potássio (ela abre, entra sódio e e água), portanto isso vai levar a edema neuronal (se entra sódio entra água) - Disfunção do retículo endoplasmático → tenho acúmulo de proteína dentro dele, porque não tenho ATP para ela trabalhar - Se a mitocôndria não trabalha, tenho estresse oxidativo - Injúria neuronal → neurônio começa expressar DAMB → resposta M1 inflamatória e isso vai favorecer vasodilatação, aumento de permeabilidade, edema, etc→ disfunção no transporte axonal, retração do axônio, perde bainha de mielina; - Se expresso damb → ativo micróglia Consequência disso tudo: Falha sináptica, desnervação e, finalmente, atrofia muscular Resumo dos acontecimentos: Na ELA é observada a diminuição de receptores de glutamato tipo 2 (receptor tipo AMPA), esses receptores apresentam baixa permeabilidade ao cálcio, promovendo proteção contra a excitotoxicidade. A redução desses neurotransmissores promovem a vulnerabilidade seletiva de motoneurônios por meio da permeabilidade aumentada do cálcio (Ca2+). 1)Os astrócitos não são capazes de suportar as funções neuronais e a depuração de glutamato prejudicada leva à excitotoxicidade neuronal; 2)Defeitos nas vias de degradação de proteínas e distúrbios no processamento de RNA resultam na formação de agregados de proteínas, toxicidade de RNA e disfunção mitocondrial; 3)A secreção de citocinas pró-inflamatórias pela microglia ativada M1 predominante contribui para o desenvolvimento de um meio inflamatório; 4)A falha da arquitetura axonal e das funções de transporte, juntamente com a alteração do papel fisiológico dos oligodendrócitos, resulta em RESULTANDO: Falha sináptica, desnervação e, finalmente, atrofia muscular Gabriela de Oliveira | T3 | 7º período 4 Morfofuncional | UC XXI | SP3 Morfologia Ao exame macroscópico, as raízes anteriores da medula espinal são finas. Observe redução no calibre das raízes motoras anteriores (acima). Região posterior é o local de entrada das sensoriais; está maior porque não são afetados Não faz biópsia desses pacientes; as imagens são de necrópsia Na primeira imagens as raízes são anteriores, de menor calibre Em casos severos há redução da espessura/atrofia do giro pré central (é nossa área motora primária) Primeira foto temos tecido nervoso normal; na segunda foto um paciente com ELA, com atrofia neuronal de neurônio motor; visível muito evidente em cornos anteriores da medula e no córtex motor primário (mas não vamos colher biópsia para ver isso né); Grânulo de níssel- •Redução do número de neurônios do corno anterior ao longo de toda a medula espinal •Neurônios remanescentes atróficos - Grânulo de níssl •Corpúsculos de Bunina (remanescentes de vacúolos autofágicos) - é marcador de morte → grande quantidade de proteína; quanto mais velha a célula é ou mais próximo da morte ela está maior a concentração desse vacúolo Gabriela de Oliveira | T3 | 7º período 5 Morfofuncional | UC XXI | SP3 •Desmielinização dos tratos corticoespinais Sudão vermelho é lipofóbico → vai corar bem forte onde tem pouco lipídio A bainha de mielina é membrana fosfolipídica, se corarmos com sudão, consigo ver se tem desmielinização → aumenta a tonalidade quando ocorre desmielinização no caso da imagem, ele tem desmielinização de tracto córtico espinal lateral que afeta musculatura distal Tem coloração mais escura na região anterior também → paciente tem problema na via corticoespinhal anterior Método de Loyez: é altamente lipofílico → ele se acumula mais em região com mais lipídio então se está descorado, indica desmielinização •Atrofia muscular Gabriela de Oliveira | T3 | 7º período 6
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