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Direito Constitucional

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Sumário
1.	Constituição. Conceito, Objeto, Elementos e classificações. Supremacia da Constituição. Aplicabilidade das normas constitucionais. Interpretação das normas constitucionais. Poder constituinte: Características; Poder constituinte originário e Derivado; Princípios fundamentais	4
1.1. Conceito de Constituição	4
1.2. Estrutura das Constituições	5
1.3. Elementos das Constituições	6
1.4. Pirâmide de Kelsen – Hierarquia das Normas	6
1.5. Classificação das Constituições	7
1.6. Aplicabilidade das normas constitucionais	11
1.7. Poder Constituinte	12
1.8. Aplicação das Normas Constitucionais no Tempo	13
1.9. Interpretação da Constituição	14
1.10. Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil	16
1.11. Fundamentos da República Federativa do Brasil	17
1.12. Forma de Estado / Forma de Governo / Regime Político / Sistema de Governo	18
1.13. Harmonia e Independência entre os Poderes	18
1.14. Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil	19
1.15. Princípios das Relações Internacionais	19
2. Estudo dos Direitos Fundamentais	20
2.1. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais	20
3. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos	23
4. Direitos Sociais	33
4.1. Direitos Sociais individuais dos Trabalhadores (art. 7°)	34
4.2. Direitos sociais coletivos dos trabalhadores	36
5. Nacionalidade	37
5.1. Atribuição de Nacionalidade Pelo Direito Brasileiro	37
6. Direitos Políticos e Partidos Políticos	39
7. Partidos Políticos	43
7.1. Emenda Constitucional n° 97/2017	44
8. Organização do Estado	44
8.1. A Federação	45
9. Intervenções	48
9.1. Intervenção Federal	48
9.2. Intervenção Estadual	49
10. Repartição de Competências	49
10.1. Competência Privativas e Exclusivas da União	50
10.2. Competências Comuns	52
10.3. Competência Legislativa Concorrente	53
11. Poder Legislativo	53
11.1. Funções do Poder Legislativo	53
11.2. Estrutura e Funcionamento do Poder Legislativo	54
11.3. Atribuições do Poder Legislativo	57
11.4. Estatuto dos Congressistas	59
11.5. Imunidades dos Deputados Estaduais, Deputados Distritais e Vereadores	62
12. A Fiscalização Contábil, Orçamentária, Patrimonial e Operacional	62
12.1. Os Tribunais de Contas	63
13. Poder Executivo	66
13.1. Funções do Poder Executivo	66
13.2. Presidencialismo x Parlamentarismo	66
13.3. Investidura e Posse	67
13.4. Impedimento e Vacância	67
13.5. Atribuições do Presidente da República	68
13.6. Réu em Processo-Crime x Substituição Presidencial	71
13.7. Vice-Presidente e Ministros de Estado	71
13.8. Conselho da República e Conselho de Defesa Nacional	72
14. Poder Judiciário	73
14.1. O Poder Judiciário no Estado Social e no Estado Constitucional	73
14.2. Estrutura do Poder Judiciário	73
14.2. Garantias do Poder Judiciário	74
14.3. Conselho Nacional de Justiça - CNJ	76
14.4. Supremo Tribunal Federal - STF	78
14.5. Supremo Tribunal de Justiça - STJ	79
14.6. Justiça Militar	81
14.7. Tribunais e Juízes dos Estados	82
15. Funções Essenciais à Justiça	82
15.1. Ministério Público	82
15.2. Advocacia Pública	86
15.3. Defensoria Pública	87
15.4. Advocacia Privada	87
15.5. Ação Civil Pública	87
16. Processo Legislativo	88
16.1. Processo Legislativo Constitucional	88
16.2. Controle Judicial de Constitucionalidade	89
16.3. Procedimentos Legislativos	90
16.4. Processo Legislativo Orçamentário	92
16.5. Processo Legislativo nos Estados-Membros	93
17. Reforma Constitucional e Mutação Constitucional	94
17.1. Reforma Constitucional	94
17.2. Mutação Constitucional	96
18. Regime Geral de Previdência Social – RGPS	96
19. Defesa do Estado e Das Instituições Democráticas	104
19.1. Segurança Pública	104
20. Administração Pública	109
20.1. Organização da Administração Pública	110
20.2. Princípios Explícitos da Administração Pública	111
20.3. Agentes Públicos	112
20.4. Administração Tributária	116
20.5. Contrato de Gestão	116
20.6. Obrigatoriedade de Licitação	116
20.7. Improbidade Administrativa	116
20.8. Responsabilidade Civil do Estado	117
21. Ordem Social	118
21.1. Educação	118
21.2. Cultura	119
21.3. Desporto	120
21.4. Ciência, Tecnologia e Inovação	120
1. Constituição. Conceito, Objeto, Elementos e classificações. Supremacia da Constituição. Aplicabilidade das normas constitucionais. Interpretação das normas constitucionais. Poder constituinte: Características; Poder constituinte originário e Derivado; Princípios fundamentais
1.1. Conceito de Constituição
A constituição é a Lei fundamental e suprema de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. É ela que determina a Organização político-jurídica do Estado, dispondo sobre a sua forma, os órgãos que o integram e as competências destes e, finalmente, a aquisição e o exercício do poder. Cabe também a ela estabelecer as limitações ao poder do Estado e enumerar os direitos e garantias fundamentais.
Os Elementos da constituição ideal são:
a) Deve ser escrita;
b) Deve conter um sistema de direitos fundamentais individuais;
c) Deve conter a definição e o reconhecimento do princípio da separação dos poderes;
d) Deve adotar um sistema democrático formal.
A definição de constituição pode ser analisada a partir de diversas Concepções:
· Sentido Sociológico: “Lassalle”
Na concepção sociológica, a constituição é um Fato social, e não uma norma jurídica. A Constituição real e efetiva de um Estado consiste na soma dos fatores reais de poder que vigoram na sociedade.
A Constituição escrita (Jurídica), cuja tarefa é reunir em um texto formal, de maneira sistematizada, os fatores reais de poder que vigoram na sociedade.
Qualquer Estado sempre teve e sempre terá uma constituição real e efetiva, independentemente da existência de um texto escrito.
· Sentido Político: “Schmitt”
Também considerada Decisionista ou Voluntarista. A Constituição é uma decisão política fundamental que visa estruturar e organizar os elementos essenciais do Estado. A Constituição é um produto da vontade do titular do Poder Constituinte.
Constituição: Dispõe apenas sobre matérias de grande relevância jurídica, como é o caso da organização do Estado.
Leis constitucionais: Normas que fazem parte formalmente do texto constitucional, mas que tratam de assuntos de menor importância.
· Sentido Jurídico: “Kelsen”
A constituição é entendida como norma jurídica pura, sem qualquer consideração de cunho sociológico, político ou filosófico. Ela é a norma superior e fundamental do Estado, que organiza e estrutura o poder político, limita a atuação estatal e estabelece direitos e garantias individuais.
Kelsen concebeu o ordenamento jurídico como um sistema em que há um escalonamento hierárquico das normas.
Há dois sentidos de compreensão da constituição: Lógico-Jurídico e o Jurídico-Positivo.
· Lógico-Jurídico:
A constituição é a norma hipotética fundamental que serve como fundamento lógico transcendental da validade da constituição em sentido jurídico-positivo.
· Jurídico-Positivo:
A constituição é a norma positiva suprema, que serve para regular a criação de todas as outras. É documento solene, cujo texto só pode ser alterado mediante procedimento especial.
1.2. Estrutura das Constituições
As constituições, de forma geral, dividem-se em 3 partes: Preâmbulo, Dogmática e Transitória.
· Preâmbulo: 
É a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. Serve para definir as intenções do legislador constituinte, proclamando os princípios da nova constituição e rompendo com a ordem jurídica anterior. Sua função é servir de elemento de integração dos artigos que lhe seguem, bem como orientar a sua interpretação. Sintetiza a ideologia do poder constituinte originário, expondo os valores por ele adotados e os objetivos por ele perseguidos.
Não é norma constitucional. Portanto, não serve de parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade e não estabelece limites para o Poder Constituinte Derivado, seja ele Reformador ou Decorrente. Suas disposições não são de reprodução obrigatória pelas Constituições Estaduais. O preâmbulo não dispõe de força normativa, não tendo caráter vinculante.
· Dogmática:
É o texto constitucional propriamente dito, que prevê os direitose deveres criados pelo Poder Constituinte. Trata-se do corpo permanente da Carta Magna. Essas normas não têm caráter transitório, embora possam ser modificadas pelo Poder Constituinte Derivado, mediante Emenda Constitucional.
· Transitória:
Visa integrar a ordem jurídica antiga a nova, quando do advento de uma nova constituição, garantindo a segurança jurídica e evitando o colapso entre um ordenamento jurídico e outro. Suas normas são formalmente constitucionais. Assim como a parte dogmática, a parte transitória pode ser modificada por reforma constitucional. Além disso, também pode servir como paradigma para o controle de constitucionalidade.
1.3. Elementos das Constituições
A constituição possui “muitas faces”, a fim de melhor compreender cada uma delas, a doutrina agrupa as normas constitucionais conforme suas finalidades, no que se denominam elementos da constituição, esses elementos formam cinco categorias:
· Elementos Orgânicos:
Compreendem as normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder.
· Elementos Limitativos:
 Compreendem as normas que compõem os direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação do Poder Estatal. Os direitos sociais, que são aqueles que exigem prestações positivas do Estado em favor dos indivíduos, não se enquadram como elementos limitativos.
· Elementos Socio-ideológicos:
 
São as normas que traduzem o compromisso das Constituições modernas com o bem-estar social. Tais normas refletem a existência do Estado social, intervencionista, prestacionista.
1.4. Pirâmide de Kelsen – Hierarquia das Normas
Usado para explicar o escalonamento normativo no ordenamento jurídico brasileiro. A pirâmide tem a Constituição como seu vértice (topo), por ser, esta, fundamento de validade de todas as demais normas do sistema. Assim, nenhuma norma do ordenamento jurídico pode se opor a constituição: ela é superior a todas as demais normas jurídicas, as quais são, por isso mesmo, denominadas infraconstitucionais.
Na constituição, há: 
Normas constitucionais originárias (Produto do Poder Constituinte Originário – Poder que elabora uma nova constituição – elas integram o texto constitucional desde que ele foi promulgado, em 1988.) e 
Normas constitucionais derivadas (Resultam da manifestação do Poder Constituinte Derivado – Poder que altera a constituição – são chamadas emendas constitucionais, que também se situam no topo da pirâmide de Kelsen).
Entendimentos doutrinários e jurisprudenciais acerca da hierarquia das normas constitucionais (Originárias e Derivadas):
a) Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias;
b) Não existe hierarquia entre normas constitucionais originárias e normas constitucionais derivadas;
c) As normas constitucionais originárias não podem ser declaradas inconstitucionais, ou seja, não pode ser objeto de controle de constitucionalidade. Já as emendas constitucionais (normas constitucionais derivadas) poderão ser objeto de controle de constitucionalidade.
d) No Brasil, as Cláusulas Pétreas se encontram no mesmo patamar hierárquico das demais normas constitucionais originárias. Para o alemão Bachof, as cláusulas pétreas seriam superiores as demais normas constitucionais originárias (Tese não admitida no Brasil).
Os Tratados e convenções internacionais de Direitos Humanos, aprovado em cada casa do Congresso Nacional (Camara dos Deputados e Senado Federal), em dois turnos, por 3/5 dos votos dos membros, passam a ser equivalentes as emendas constitucionais.
As normas imediatamente abaixo das Constituição (infraconstitucionais) e dos tratados internacionais sobre direitos humanos são as:
- Leis (Complementares, Ordinárias e Delegadas);
- Medidas Provisórias;
- Decretos Legislativos;
- Tratados internacionais em geral;
- Decretos Autônomos.
Não existe hierarquia entre as normas infraconstitucionais. Outros entendimentos doutrinários e jurisprudenciais:
a) As Leis federais, estaduais, distritais e municipais possuem o mesmo grau hierárquico. Um eventual conflito entre leis federais e estaduais ou entre leis estaduais e municipais não será resolvido por um critério hierárquico.
b) Existe hierarquia entre as Constituições Federais, Estaduais e as Leis Orgânicas dos Municípios. Federal > Estadual > Municipal.
c) As Leis Complementares têm o mesmo nível hierárquico das Leis Ordinárias, a diferença é que ambas têm campo de atuação diversos.
d) As Leis ordinárias não podem tratar de tema reservado às Leis Complementares.
e) Os Regimentos dos tribunais do Poder Judiciário são considerados normas primárias, equiparados hierarquicamente às leis ordinárias.
f) Os Regimentos das Casas Legislativas (Senado e Câmara dos Deputados) são considerados normas primárias, equiparados hierarquicamente às Leis Ordinárias, por constituírem resoluções legislativas.
* Decretos Autônomos: Normas primárias, equiparadas às leis.
* Decretos Regulamentares: Normas Secundárias, infralegais.
1.5. Classificação das Constituições
1) Classificação quanto à Origem:
a) Outorgadas (impostas, ditatoriais, autocráticas): São aquelas impostas, que surgem sem participação popular.
b) Democráticas (populares, promulgadas ou votadas): Nascem com participação popular, por processo democrático.
c) Cesaristas (bonapartistas): São outorgadas, mas necessitam de referendo popular. O texto é produzido sem qualquer participação popular, cabendo ao povo apenas a sua ratificação por referendo.
d) Dualistas (Pactuadas): São resultado do compromisso instável entre duas forças antagônicas: de um lado, a monarquia enfraquecida; do outro, a burguesia em ascensão.
2) Classificação quanto à Forma:
a) Escritas (instrumentais): São constituições elaboradas por um órgão constituinte especialmente encarregado dessa tarefa e que as sistematiza em documentos solenes, com o propósito de fixar a organização fundamental do Estado. Subdividem-se em:
- Codificadas (Unitárias): Quando as normas se encontram em um único texto, a Constituição de 1988.
- Legais (Variadas, pluritextuais ou inorgânicas): Quando suas normas se encontram em diversos documentos solenes.
b) Não escritas (Costumeiras ou consuetudinárias): São constituições cujas normas estão em variadas fontes normativas, como as Leis, costumes, jurisprudências, acordos e convenções. Nesse tipo, Não há um órgão especialmente encarregado de elaborar a constituição; são vários os centros de produção de normas.
3) Classificação quanto ao Modo de Elaboração:
a) Dogmáticas (sistemáticas): São escritas, tendo sido elaboradas por um órgão constituído para esta finalidade em um determinado momento, segundo os dogmas e valores então em voga. Subdividem-se em:
- Ortodoxas: Quando refletem uma só ideologia.
- Heterodoxas (ecléticas): Quando suas normas se originam de ideologias distintas. A CF 1988 é dogmática eclética, uma vez que adotou, como fundamento do Estado, o Pluralismo Político.
b) Históricas (costumeiras): São do tipo Não escritas. São criadas lentamente com as tradições, sendo uma síntese dos valores históricos consolidados pela sociedade.
4) Classificação quanto à Estabilidade:
a) Imutável (gramática, intocável ou permanente): É aquela Constituição cujo texto não pode ser modificado jamais.
b) Super-rígida: É a constituição em que há um núcleo intangível (Cláusulas Pétreas), sendo as demais normas alteráveis por processo legislativo diferenciado, mais dificultoso que o ordinário.
c) Rígida: É aquela modificada por procedimento mais dificultoso do que aqueles pelos quais se modificam as demais leis. É sempre escrita. A CF/88 é rígida.
d) Semirrígida ou semiflexível: Um exemplo é a Carta Imperial do Brasil – 1824, que exigia procedimento especial para modificação de artigos que tratassem de direitos políticos e individuais, bem como dos limites e atribuições respectivas dos Poderes.
e) Flexível: Pode ser modificada pelo Procedimento Legislativo Ordinário, ou seja, pelo processo legislativo usado para modificar as leis comuns.
* Independente da rigidez da Constituição, maior ou menor, não lhe assegura estabilidade*
5) Classificação quanto ao Conteúdo:Normas materialmente constitucionais: 
São aqueles cujo conteúdo é tipicamente constitucional, são normas que regulam os aspectos fundamentais da vida do Estado (Forma de Estado, forma de governo, estrutura do Estado, organização do Poder e os direitos fundamentais). Essas normas, estejam inseridas ou não no texto escrito da Constituição, formam a chamada “Constituição Material” do Estado.
É o conjunto de normas, escritas ou não, que regulam os aspectos essências da vida estatal. Todo e qualquer Estado é dotado de uma Constituição, ainda que não estejam consubstanciadas em m texto escrito.
Normas formalmente constitucionais: 
São todas aquelas que, independentemente do conteúdo, estão contidas em documento escrito elaborado solenemente pelo órgão constituinte. Avalia-se apenas o processo de elaboração da norma: o conteúdo não importa. Se a norma faz parte de um texto constitucional escrito e rígido, ele será formalmente constitucional.
É o conjunto de normas que estão inseridas no texto de uma Constituição rígida, independentemente de seu conteúdo.
6) Classificação quanto à extensão:
a) Analítica (prolixas, extensas ou longas):Têm conteúdo extenso, tratando de matérias que não apenas a organização básica do Estado. Contêm normas apenas formalmente constitucionais. A CF/88 é analítica.
b) Sintética (concisa, sumárias ou curtas): Restringem-se aos elementos substancialmente constitucionais. Estes são qualificados como constituições negativas, uma vez que constroem a chamada liberdade-impedimento, que serve para delimitar o arbítrio do Estado sobre os indivíduos.
7) Classificação quanto à correspondência com a realidade:
a) Normativa: Regulam efetivamente o processo político do Estado, por corresponderem à realidade política e social, ou seja, limitam, de fato, o poder.
b) Nominativas: Buscam regular o processo político do Estado, mas não conseguem realizar este objetivo, por não atenderem à realidade social.
c) Semânticas: Não têm por objetivo regular a política estatal. Visam apenas formalizar a situação existente do poder político, em benefício dos seus detentores.
8) Classificação quanto à função desempenhada:
a) Constituição-lei: é aquela em que a constituição tem “status” de lei ordinária, sendo, portanto, inviável em documentos rígidos. Seu papel é de diretriz, não vinculando o legislador.
b) Constituição-fundamento: A constituição não é fundamento de todas as atividades do Estado, mas também da vida social. A liberdade do legislador é de apenas dar efetividade às normas constitucionais.
c) Constituição-quadro ou Constituição-moldura: Trata-se de uma constituição em que o legislador só pode atuar dentro de determinado espaço estabelecido pelo constituinte, ou seja, dentro de um limite.
9) Classificação quanto à finalidade:
a) Constituição-garantia: Seu objetivo é proteger as liberdades públicas contra a arbitrariedade do Estado. Também chamadas de negativas, uma vez que buscam limitar a ação estatal.
b) Constituição-dirigente: É aquela que traça diretrizes que devem nortear a ação estatal, prevendo, para isso, as chamadas normas programáticas. Além de assegurarem as liberdades negativas, passam a exigir uma atuação positiva no Estado em favor dos indivíduos. A CF/88 é dirigente.
c) Constituição-balanço: Bisa proteger o ordenamento jurídico do Estado durante um certo tempo, nela estabelecido.
10) Classificação quanto ao conteúdo ideológico:
a) Liberais: São constituições que buscam limitar a atuação do poder estatal, assegurando as liberdades negativas aos indivíduos. Podem ser identificadas com as Constituições-garantia.
b) Sociais: São constituições que atribuem ao Estado a tarefa de ofertar prestações positivas aos indivíduos, buscando a realização da igualdade material e a efetivação dos direitos sociais. A CF/88 é social.
11) Classificação quanto ao local da decretação:
a) Heteroconstituições: São constituições elaboradas fora do Estado no qual elas produzirão seus efeitos.
b) Autoconstituições: São constituições elaboradas no interior do próprio Estado que por elas será regido. A CF/88 é autoconstitucional.
12) Classificação quanto ao sistema:
a) Constituição principiológia ou aberta: Há predominância dos princípios, normas caracterizadas por elevado grau de abstração, que demandam regulamentação pela legislação para adquirirem concretude. É o caso da CF/88.
b) Constituição preceitual: Há Prevalência das regras, que se caracterizam por baixo grau de abstração, sendo concretizadoras de princípios.
13) Outras classificações:
a) Plástica: Estará em condições de acompanhar, através do legislador ordinário, as oscilações da opinião pública e do corpo eleitoral.
b) Expansiva: São constituições que trazem novos temas e amplie o tratamento de outros, que já estavam no texto constitucional anterior. A CF/88 é expansiva.
1.6. Aplicabilidade das normas constitucionais
É o estudo da aplicabilidade das normas constitucionais que permite entender exatamente o alcance e a realizabilidade (qualidade, característica de realizável) dos diversos dispositivos da Constituição.
Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade. Todas elas são imperativas e cogentes ou, em outras palavras, todas as normas constitucionais surtem efeitos jurídicos: o que varia entre elas é o grau de eficácia.
A partir das normas constitucionais, classifica-se as normas constitucionais em três grupos:
1) Normas de eficácia plena:
São aqueles que, desde a entrada em vigor da constituição, produzem, ou tem possibilidade de produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte quis regular. É o caso do art. 2° da CF/88: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”
a) Autoaplicáveis: Independem de lei posterior regulamentadora que lhes complete o alcance e o sentido; a lei regulamentadora pode até existir, mas a norma de eficácia lena já produz todos os seus efeitos de imediato, independentemente de qualquer tipo de regulamentação.
b) Não-Restringíveis: Caso exista uma lei tratando de uma norma de eficácia plena, esta não poderá limitar sua aplicação.
c) Aplicabilidade direta (não dependem de norma regulamentadora para produzir seus efeitos).
Aplicabilidade Imediata (estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde o momento em que é promulgada a Constituição).
Aplicabilidade Integral (não podem sofrer limitações ou restrições em sua aplicação).
2) Normas constitucionais de eficácia contida: Estão aptas a produzirem todos os seus efeitos. Lei posterior a restringe.
São normas que estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde o momento da promulgação da Constituição, mas que podem ser restringidas por parte do Poder Público. A atuação do legislador é discricionária: Ele não precisa editar a lei, mas poderá fazê-lo. É o caso do art. 5° da CF/88, inciso XIII: “É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”. A lei poderá estabelecer restrições ao exercício de algumas profissões.
a) Autoaplicáveis: Estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de lei regulamentadora. Não precisam de lei regulamentadora que lhes complete o alcance ou sentido. Uma norma de eficácia contida pode ser exercida de maneira ampla (plena); só depois da regulamentação é que haverá restrições ao exercício do direito.
b) Restringíveis: Estão sujeitas a limitações ou restrições, que podem ser impostas por: 
- Lei: art. 9° da CF/88 – “É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”
- Norma constitucional: art. 139 da CF/88; prevê a possibilidade de que sejam impostas restrições a certos direitos e garantias fundamentais durante o estado de sítio.
- Conceitos ético-jurídicos indeterminados: art. 5° da CF/88, inciso XXV; estabelece que no caso de “iminente perigo público”, o Estado poderá requisitar propriedade particular. Esse é um conceito ético-jurídico que poderá limitar o direitode propriedade.
c) Aplicabilidade direta: (Não dependem de norma regulamentadora para produzir seus efeitos).
Aplicabilidade imediata: (Estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde o momento em que é promulgada a constituição).
Aplicabilidade não-integral: (Estão sujeitas a limitações ou restrições).
3) Normas de eficácia limitada: Não estão aptas a produzirem todos os seus efeitos. Lei posterior a amplia.
São aquelas que dependem de regulamentação futura pra produzirem todos os seus efeitos.
a) Não-autoaplicáveis: Dependem de complementação legislativa para que possam produzir os seus efeitos.
b) Aplicabilidade indireta: (Dependem de norma regulamentadora para produzir seus efeitos).
Aplicabilidade mediata: (A promulgação do texto constitucional não é o suficiente para que possam produzir todos os seus efeitos).
Aplicabilidade reduzida: (Possuem um grau de eficácia restrito quando da promulgação da constituição).
As normas de eficácia limitada produzem imediatamente, desde a promulgação da constituição, dois tipos de efeitos:
I. Efeito Negativo: Revogação de disposições anteriores e proibição de leis posteriores que se oponham a seus comandos.
II. Efeito Vinculativo: Obrigação de que o legislador ordinário edite leis regulamentadoras, sob pena de haver omissão inconstitucional.
1.7. Poder Constituinte
É aquele que cria a Constituição, enquanto os Poderes Constituídos são aqueles estabelecidos por ela, ou seja, são aqueles que resultam de sua criação. A titularidade do Poder Constituinte é do povo, pois só este pode determinar a criação ou modificação de uma constituição.
Embora o povo seja o titular do poder constituinte, seu exercício nem sempre é democrático. Muitas vezes, a constituição é criada por ditadores ou grupos que conquistam o poder autocraticamente. Assim, diz-se que a forma do exercício do poder constituinte pode ser democrática ou por convenção (quando se dá pelo povo) ou autocrática ou por outorga (quando se dá pela ação de usurpadores do poder). Em ambas as formas a titularidade do poder constituinte é do povo, o que muda é unicamente a forma de exercício deste poder.
A forma democrática de exercício pode se dar tanto diretamente (o povo participa diretamente do processo de elaboração da constituição, por meio de plebiscito, referendo ou proposta de criação de determinados dispositivos constitucionais) quanto indiretamente (a participação popular se dá indiretamente, por meio de assembleia constituinte, composta por representantes eleitos pelo povo).
A Assembleia Constituinte, quando tem o poder de elaborar e promulgar uma constituição, sem consulta ou ratificação popular, é considerada soberana. Diz-se Assembleia Constituinte Exclusiva quando é composta por pessoas que não pertençam a qualquer partido político. A CF/88 era soberana, mas não exclusiva.
O poder constituinte originário é ilimitado porque não sofre restrição de nenhuma limitação imposta por norma de direito positivo anterior.
O poder constituinte pode ser de dois tipos: 
1) Poder Constituinte Originário: É o poder de criar uma nova constituição. Poder de primeiro grau ou genuíno, apresenta 6 características que distinguem do poder constituinte derivado:
a) Político: O poder constituinte é um poder de fato. Ele é extrajurídico, anterior ao direito. É ele que cria o ordenamento jurídico de um Estado.
b) Inicial: O poder constituinte originário dá início a uma nova ordem jurídica, rompendo com a anterior. A manifestação do poder constituinte tem o efeito de criar um novo Estado.
c) Permanente: O poder constituinte originário pode se manifestar a qualquer momento. Ele não se esgota com a elaboração de uma nova constituição, permanece em espera, aguardando um novo chamado para manifestar-se.
d) Incondicionado: O poder constituinte originário não se sujeita a qualquer forma ou procedimento predeterminado em sua manifestação.
e) Ilimitado juridicamente: O poder constituinte originário não se submete a limites determinados pelo direito anterior. Pode mudar completamente a estrutura do Estado ou os direitos dos cidadãos.
f) Autônomo: Tem liberdade para definir o conteúdo da nova constituição.
O Poder Constituinte Originário possui duas dimensões: 
1. Poder Constituinte Material: Determina quais valores serão protegidos pela constituição.
2. Poder Constituinte Formal: É o que atribui juridicidade ao texto constitucional. *O material precede o formal*
2) Poder Constituinte Derivado:
Poder constituinte de segundo grau, é o poder que modifica a Constituição Federal bem como elabora as Constituições Estaduais. O poder constituinte tem como características:
a) Jurídico: É regulado pela Constituição, estando, portanto, previsto no ordenamento jurídico vigente.
b) Derivado: É fruto do poder constituinte originário.
c) Limitado ou Subordinado: É limitado pela constituição, não podendo desrespeitá-la, sob pena de inconstitucionalidade.
d) Condicionado: A forma de seu exercício é determinada pela Constituição. Assim, a aprovação de emendas constitucionais, por exemplo, deve obedecer ao procedimento estabelecido no art. 60 da CF/88.
O Poder Constituinte Derivado divide-se em dois: Ambas devem respeitar as limitações e condições impostas pela CF/88.
1. Poder Constituinte Reformador: Consiste em modificar a constituição.
2. Poder Constituinte Decorrente: É aquele que a CF/88 confere aos Estados de se auto organizarem, por meio da elaboração de suas próprias Constituições.
1.8. Aplicação das Normas Constitucionais no Tempo
Com a elaboração de uma nova constituição, o Poder Constituinte Originário, ao se manifestar, estará inaugurando um novo Estado, rompendo com a ordem jurídica anterior e estabelecendo uma nova. Como consequência disso, são três os efeitos da entrada em vigor de uma nova Constituição:
a) A Constituição anterior é integralmente revogada. No Brasil, não se aceita a tese da desconstitucionalização, esse fenômeno só ocorrerá quando houver determinação expressa.
b) As Normas infraconstitucionais editadas na vigência da constituição pretérita que forem materialmente compatíveis (compatível com o conteúdo) com a nova constituição são por ela recepcionadas. 
c) As Normas infraconstitucionais editadas na vigência da Constituição pretérita que forem materialmente incompatíveis (incompatível com o conteúdo) com a nova constituição são por ela revogadas.
1.9. Interpretação da Constituição
Interpretar a constituição significa compreender, investigar o significado do texto constitucional. Tanto o Judiciário quanto o Executivo e o Legislativo interpretam a Constituição.
1) Métodos de Interpretação Constitucional:
São aplicáveis todas as técnicas de interpretação das demais normas jurídicas (gramatical, histórica, teleológica, etc). Entretanto, ela apresenta também métodos próprios, devido à supremacia da constituição, são eles:
a) Método Jurídico:
Considera que a constituição é uma lei como qualquer outra, devendo ser interpretada usando as regras da Hermenêutica (interpretação) tradicional, ou seja, os elementos literais, lógico, histórico, teleológico e genético. O método jurídico valoriza o texto constitucional.
b) Método Tópico-Problemático:
Há prevalência do problema sobre a norma, ou seja, busca-se solucionar determinado problema por meio da interpretação de norma constitucional
c) Método Hermenêutico-Concretizador:
A leitura da constituição inicia-se pela pré-compreensão do seu sentido pelo intérprete. Baseia-se na prevalência do texto constitucional sobre o problema.
d) Método integrativo ou científico-espiritual:
A interpretação da constituição deve considerar a ordem ou sistema de valores subjacentes ao texto constitucional. A constituição deve ser interpretada como um todo, dentro da realidade do Estado.
e) Método normativo-estruturante:
A norma jurídica é diferente do texto normativo. A norma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao contexto.
2) Princípios da Interpretação Constitucional:
Esses princípios são aplicados facultativamente pelo intérprete,não tendo qualquer valor normativo. São eles:
a) Princípio da Unidade da Constituição:
O texto da Constituição deve ser interpretado de forma a evitar contradições entre suas normas ou entre os princípios constitucionais. O conflito entre normas constitucionais, é apenas aparente. Não existem normas constitucionais originárias inconstitucionais.
b) Princípio da Máxima Efetividade
O intérprete deve atribuir à norma constitucional o sentido que lhe dê maior efetividade social. Visa maximizar a norma, a fim de extrair dela todas as suas potencialidades.
c) Princípio da Justeza ou da Conformidade Funcional ou, ainda, da Correção Funcional
Determina que o órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a uma conclusão que subverta o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo constituinte, ou seja, não pode alterar as competências estabelecidas pela constituição para a União.
d) Princípio da Concordância Prática ou da Harmonização
Propõe a harmonização dos bens jurídicos em caso de conflito entre eles, de modo a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros. Usado na solução de problemas referentes à colisão de direitos fundamentais.
e) Princípio de Efeito Integrador ou Eficácia Integradora
Busca, durante a interpretação, preferência às determinações que favoreçam a integração política e social e o reforço na unidade política. Reforço da unidade política.
f) Princípio da Força Normativa da Constituição
Determina que toda norma jurídica precisa de um mínimo de eficácia, sob pena de não ser aplicada. Durante a interpretação, deve-se dar preferência às soluções que possibilitem a atualização de suas normas, garantindo sua eficácia e permanência.
3) Interpretação Conforme a Constituição
Se aplica à interpretação das normas infraconstitucionais (e não da constituição propriamente dita). Trata-se de técnica interpretativa cujo objetivo é preservar a validade das normas, evitando que sejam declaradas inconstitucionais. Ao invés de se declarar a norma inconstitucional, o Tribunal busca dar-lhe uma interpretação que a conduza à constitucionalidade.
A interpretação conforme a constituição não é aplicável às normas que tenham sentido unívoco (apenas um significado possível). Essa técnica somente deverá ser usada diante de normas polissêmicas, plurissignificativas (normas com várias interpretações possíveis). A interpretação dada à norma não pode contrariar sua literalidade ou sentido, afim de harmonizá-la com a constituição. Neste caso, ou a norma será declarada totalmente constitucional ou totalmente inconstitucional.
A interpretação não pode deturpar o sentido originário das leis ou atos normativos. A interpretação conforme a constituição tem como limite a razoabilidade.
A Interpretação Conforme pode ser de dois tipos:
a) Interpretação Conforme com Redução do Texto:
A parte “viciada” é considerada inconstitucional, tendo sua eficácia suspensa.
b) Interpretação Conforme sem Redução do Texto:
Exclui-se ou se atribui à norma um sentido, de modo a torná-la compatível com a constituição.
1.10. Princípios Fundamentais da República Federativa do Brasil
1) Regras e Princípios:
As normas se dividem em dois tipos, regras e princípios, são espécie do gênero normas.
As Regras são mais concretas (Não admite o cumprimento ou descumprimento parcial), servindo para definir condutas. Os Princípios são mais abstratos (Pode ser cumprido apenas parcialmente) não definem condutas, mas sim diretrizes para que se alcance a máxima concretização da norma.
Quando duas regras entram em conflito, cabe ao aplicador do direito determinar qual delas foi suprimida pela outra.
Quando há colisão de princípios, o conflito e apenas aparente, ou seja, um não será excluído pelo outro.
2) Princípios Fundamentais:
Podem ser de duas espécies:
a) Princípios Político-Constitucionais:
Apresentam decisões políticas fundamentais, conformadoras de nossa constituição. São chamados princípios fundamentais (Valores que orientam o Poder Constituinte Originário na elaboração da Constituição).
b) Princípios Jurídico-Constitucionais:
São princípios gerais referentes à ordem jurídica nacional, encontrando-se dispersos pelo texto constitucional.
1.11. Fundamentos da República Federativa do Brasil
Os fundamentos da RFB estão previstos no art. 1° da CF/88. São eles os pilares, a base do ordenamento jurídico brasileiro.
Art. 1° - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como Fundamentos:
I. Soberania;
II. Cidadania;
III. Dignidade da Pessoa Humana;
IV. Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V. Pluralismo político.
Parágrafo único: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
*Dica para decorar*: SOCIDIVAPLU
 Soberania: É o atributo essencial do Estado, garantindo que sua vontade não se subordine a qualquer outro poder, seja no plano interno ou no plano internacional. A soberania é considerada um poder supremo e independente. A soberania deve ser vista sob uma perspectiva democrática, donde surge a expressão “soberania popular”.
 Cidadania: É um objeto e um direito fundamental das pessoas; ela representa o verdadeiro status do ser humano. Esse fundamento do Estado exige que o Poder Público incentive a participação popular nas decisões políticas do Estado.
 Dignidade da Pessoa Humana: Consiste no valor fonte do ordenamento jurídico, a base de todos os direitos fundamentais. Coloca o ser humano como a preocupação central para o Estado brasileiro. Esse princípio possui elevada densidade normativa e pode ser usado, por si só e independentemente de regulamentação, como fundamento de decisão judicial. Além de possuir eficácia negativa (invalidando qualquer norma com ele conflitante).
Exemplos: União homoafetiva; Pesquisa com células tronco embrionárias.
a submissão compulsória do pai ao exame de DNA na ação de investigação de paternidade viola o princípio da dignidade da pessoa humana.
 Valores Sociais do Trabalho e da Livre Iniciativa: Reforça que o Estado é capitalista e demonstra que o trabalho tem um valor social.
 Pluralismo Político: Visa garantir a inclusão dos diferentes grupos sociais no processo político nacional, outorgando aos cidadãos liberdade de convicção filosófica e política. A crítica jornalística é um direito cujo o suporte legitimador é o pluralismo político, porém, cabe destacar, que o pluralismo político exclui os discursos de ódio. Este, não está amparado pela liberdade de manifestação de pensamento.
1.12. Forma de Estado / Forma de Governo / Regime Político / Sistema de Governo
a) Forma de Estado
É a repartição territorial do Poder que irá definir o Estado. O Estado poderá ser Unitário (quando o poder está territorialmente centralizado) ou Federal (quando o poder está territorialmente descentralizado). O Brasil adota a federação como forma de Estado, há diversos federativos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), todos autônomos, dotados de governo próprio e de capacidade política.
Um estado ou município brasileiro não pode se separar do Brasil; é o princípio da indissolubilidade do vínculo federativo. O Estado federal possui duas características: autonomia (Os estados e municípios tem sua própria estrutura governamental e competências distintas daquelas da união) e participação (Os estados podem interferir na formação das leis).
b) Forma de Governo
É a forma como se dá a instituição do poder na sociedade e a relação entre governantes e governados. A forma de governo de um Estado poderá ser uma Monarquia ou uma República. O Brasil adota a República como forma de governo.
São características da república o caráter eletivo, representativo e transitório dos detentores do poder político e responsabilidade dos governantes, além da igualdade formal das pessoas.
c) Regime Político
O Brasil adota a Democracia Semidireta como regime político. A RFB constitui-se um Estado democráticode direito. O estado de direito é aquele no qual existe uma limitação dos poderes estatais No Brasil, existe uma democracia semidireta ou participativa, o povo, além de participar das decisões políticas por meio de seus representantes eleitos, também possui instrumentos de participação direta.
São esses instrumentos: Plebiscito (convocação antes da criação da norma, para que os cidadãos, por voto, aprovem ou não a questão que lhes foi submetida), Referendo (convocação após a edição de norma, devendo esta ser ratificada pelos cidadãos para ter validade), Iniciativa Popular de leis e Ação Popular.
d) Sistema de Governo
O Brasil adota o Presidencialismo como sistema de governo.
1.13. Harmonia e Independência entre os Poderes
A separação dos poderes é um princípio cujo objetivo é evitar arbitrariedades e desrespeito aos direitos fundamentais, a separação dos poderes é uma técnica de limitação do poder estatal. A única coisa que pode ser objeto de separação são as funções estatais e não o poder político. 
Quando se fala em três poderes, na verdade está se referindo a funções distintas de um mesmo poder: Legislativo, Executivo e Judiciário. Nenhum poder exerce suas funções exclusivamente, logo, a CF/88 adota a flexibilidade entre eles.
Art. 2° - São poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
A independência é a ausência de subordinação de hierarquia entre os poderes, cada um deles é livre para se organizar e não intervir indevidamente na atuação do outro. A independência é absoluta, ela é limitada pelo sistema de freios e contrapesos.
A harmonia significa colaboração e cooperação para garantir que os poderes expressem uniformemente a vontade da União.
1.14. Objetivos Fundamentais da República Federativa do Brasil
Art. 3° - Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I. Construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II. Garantir o desenvolvimento nacional;
III. Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV. Promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Dica para decorar: CONGAERRAPRO
1.15. Princípios das Relações Internacionais
Art. 4° - A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
I. Independência nacional;
II. Prevalência dos direitos humanos;
III. Autodeterminação dos povos;
IV. Não-intervenção;
V. Igualdade entre os Estados;
VI. Defesa da paz;
VII. Solução pacífica dos conflitos;
VIII. Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
IX. Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
X. Concessão de asilo político.
Parágrafo único: A RFB buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações.
2. Estudo dos Direitos Fundamentais
2.1. Teoria Geral dos Direitos Fundamentais
Os Direitos Fundamentais se referem aos direitos da pessoa humana consagrados, em um determinado momento histórico, em um certo Estado. São direitos constitucionalmente protegidos, ou seja, estão positivados em uma determinada ordem jurídica.
Não confundir Direitos Fundamentais (são bens protegidos pela constituição) com Garantias Fundamentais (são formas de se proteger esses bens, ou seja, instrumentos constitucionais). Um exemplo é o Habeas corpus, que protege o direito à liberdade de locomoção. As garantias também são direitos.
1) As “gerações” de Direitos:
Os direitos são tradicionalmente classificados em gerações, o que busca transmitir uma ideia de que eles não surgiram todos em um mesmo momento histórico.
a) Primeira Geração (direitos civis e políticos)
São direitos que buscam restringir a ação do Estado sobre o indivíduo, impedindo que este se intrometa de forma abusiva na vida privada das pessoas. São, por isso, também chamadas liberdades negativas (traduzem a liberdade de não sofrer ingerência abusiva por parte do Estado). 
Os direitos de primeira geração cumprem a função de direito de defesa dos cidadãos e tem como valor-fonte a liberdade.
b) Segunda Geração (direitos econômicos, sociais e culturais)
São os direitos que envolvem prestações positivas do Estado aos indivíduos (políticas e serviços públicos) e, em sua maioria, caracterizam-se por serem normas programáticas. São, por isso, também chamados de liberdade positiva.
Os direitos de segunda geração têm como valor-fonte a igualdade. São os direitos econômicos, sociais e culturais.
c) Terceira Geração 
São os direitos que não protegem interesses individuais e sim o coletivo, mas que transcendem a órbita dos indivíduos para alcançar a coletividade. Os direitos de terceira geração têm como valor-fonte a solidariedade e a fraternidade. São direitos difusos e os coletivos.
Algumas doutrinas consideram, ainda, a quarta e quinta gerações. Destacado na tabela à seguir:
2) Características dos Direitos Fundamentais
a) Historicidade
Os direitos fundamentais não resultam de um acontecimento histórico determinado, mas de todo um processo de afirmação. São mutáveis e sujeitos a ampliações.
b) Indivisibilidade
Formam parte de um sistema harmônico e coerente de proteção à dignidade da pessoa humana. Devem ser considerados um conjunto único, indivisível de direitos.
c) Inalienabilidade
São intransferíveis e inegociáveis, não podendo ser abolidos por vontade de seu titular.
d) Universalidade
Os direitos fundamentais são comuns a todos os seres humanos, respeitadas suas particularidades.
e) Imprescritibilidade
Os direitos fundamentais não se perdem com o tempo, sendo sempre exigíveis.
f) Irrenunciabilidade
O titular dos direitos fundamentais não pode dele dispor, embora possa deixar de exercê-los.
g) Relatividade ou Limitabilidade
Trata-se de direitos relativos, limitáveis, no caso concreto, por outros fundamentais. Não há direito fundamental absoluto.
h) Complementaridade
Os direitos fundamentais compõem um sistema único. Os diferentes direitos se complementam.
i) Concorrência
Devem ser exercidos cumulativamente, podendo um mesmo titular exercitar vários direitos ao mesmo tempo.
j) Efetividade
Os poderes políticos têm a missão de concretizar os direitos fundamentais.
k) Proibição do retrocesso
O resultado de um processo evolutivo, de conquistas graduais da humanidade não podem ser enfraquecidos ou suprimidos.
Os Direitos Fundamentais possuem dupla dimensão:
· Dimensão Subjetiva: Os direitos fundamentais são exigíveis perante o Estado; as pessoas podem exigir que o Estado se abstenha de intervir indevidamente na esfera privada.
· Dimensão Objetiva: Os direitos fundamentais são vistos como enunciados dotados de alta carga valorativa; eles são qualificados como princípios estruturados do Estado, cuja eficácia irradia para todo o ordenamento jurídico.
3) Limites aos Direitos Fundamentais
A imposição de limites aos direitos fundamentais decorre da relatividade que esses possuem. Nenhum direito fundamental é absoluto: eles encontram limites em outros direitos consagrados no texto constitucional. Um direito fundamental não pode servir de salvaguarda de práticas ilícitas.
As limitações aos direitos fundamentais possuem duas teorias:
· Teoria Interna (teoria absoluta): O processo de definição dos limites a um direito é interno a este. A fixação dos limites a um direito não é influenciada por aspectos externos.
· Teoria Externa (teoria relativa): Os fatores externos irão determinar os limites dos direitos fundamentais.
4) Os Direitos Fundamentais na CF/88
Os direitos fundamentais estão previstos no Título II, da CF/88. O Título II, conhecido como “catálogo dos direitos fundamentais”, vai do art. 5° até o art. 17 e divide os direitos fundamentais em 5 diferentes categorias:
a) Direitos e Deveres individuais e coletivos. Art. 5°
b) Direitos Sociais. Art. 6° - Art. 11
c) Direitos de Nacionalidade. Art. 12 – Art. 13
d) Direitos Políticos. Art. 14 – Art. 16
e) Direitos Relacionados à Existência, Organizaçãoe Participação em Partidos Políticos. Art. 17
3. Direitos e Deveres Individuais e Coletivos
Art. 5° - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
Essa doutrina abrange qualquer pessoa que se encontre em território nacional, mesmo que seja um estrangeiro passando férias no Brasil. Este será também titular de direitos fundamentais. Esses direitos fundamentais abrangem Pessoas físicas, Pessoas jurídicas e até mesmo o próprio Estado.
O direito à vida atinge tanto a vida intrauterina quanto a vida extrauterina.
O feto anencéfalo, por ser inviável, não é titular do direito à vida. O STF garantiu o direito à gestante de interrupção de gravidez de feto anencéfalo, não tipificando esse ato como crime de aborto.
As pesquisas com células-tronco embrionárias, obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização “in vitro” e não utilizados neste procedimento, não ofende o direito à vida.
Nem mesmo o direito à vida é absoluto. A CF/88 admite a pena de morte em caso de guerra declarada.
Incisos do artigo 5° da Carta Magna:
I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta constituição;
II – Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
III – Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
IV – É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V – É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI – É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias;
VII – É assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva;
VIII – Ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recursar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;
IX – É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XI – A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre; ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
XII – É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
XIII – É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer; (Eficácia Contida)
É inconstitucional a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista.
XIV – É assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
XVI – Todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido aviso prévio à autoridade competente;
XVII – É plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
XVIII – A criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento;
XIX – As associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
XX – Ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
XXI – As entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm legitimidade para representar seu filiados judicial ou extrajudicialmente;
XXII – É garantido o direito de propriedade;
XXIII – A propriedade atenderá a sua função social;
XXIV – A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta constituição;
XXV – No caso de iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, se houver dano;
XXVI – A pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de financiar o seu desenvolvimento.
XXVII – Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que alei fixar;
XXVIII – São assegurados, nos termos da lei:
a) A proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução de imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas;
b) O direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;
XXIX – A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;
XXX – É garantido o direito à herança;
XXXI – A sucessão de bens estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do “de cujus”;
XXXII – O Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor; (Eficácia Limitada)
XXXIII – Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aqueles cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
XXXIV – São a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas;
a) O direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) A obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal;
XXXV – A lei não excluirá da apreciação do Poder Público Judiciário lesão ou ameaça a direito;
XXXVI – A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada;
XXXVII – Não haverá juízo ou tribunal de execução;
LIII – Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
XXXVIII – É reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados:
a) A plenitude de defesa;
b) O sigilo das votações;
c) A soberania dos veredictos;
d) A competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.
XXXIX – Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal;
XL – A lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu;
XLI – A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais;
XLII – A prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
XLIII – A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores eos que, podendo evita-los, se omitirem;
XLIV – Constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;
Os 3T são crimes Equiparados a Hediondos e não hediondos.
XLV – Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do procedimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;
XLVI – A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:
a) Privação ou restrição da liberdade;
b) Perda de bens;
c) Multa;
d) Prestação social alternativa;
e) Suspensão ou interdição de direitos.
XLVII – Não haverá penas:
a) De morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) De caráter perpétuo;
c) De trabalhos forçados;
d) De banimento;
e) Cruéis.
As penas privativas de liberdade não poderão ser superiores a 30 anos, que é a pena máxima legalmente exequível.
XLVIII – A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado;
XLIX – É assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;
L – Às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação;
LI – Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
LII – Não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião;
LIV – Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal;
LV – Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
Será inconstitucional qualquer lei ou ato normativo que estabeleça a necessidade de depósito ou arrolamento prévio de dinheiro ou bens como requisito de admissibilidade de recurso administrativo.
Não há ofensa ao contraditório e à ampla defesa quando o interrogatório realizado pela autoridade policial sem a presença de advogado.
O advogado tem direito, no interesse de seu cliente, a ter acesso aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado pela polícia, digam respeito ao exercício do direito de defesa.
LVI – São inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;
É ilícita: interceptação telefônica sem autorização judicial; interceptação telefônica determinada a partir apenas de denúncia anônima; gravação de conversa informal do indiciado com policiais; confissão durante prisão ilegal.
É lícito: gravação telefônica feita por um dos interlocutores caso haja investida criminosa; gravação de conversa telefônica quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação; gravação ambiental por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro.
LVII -Ninguém será condenado culpado até o trânsito em julgado (decisão da qual não caiba mais nenhum recurso) de sentença penal condenatória;
LVIII – O civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei; (eficácia contida)
LIX – Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal;
O Ministério Público que provoca o poder judiciário nas ações penais públicas.
LXI – Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
LXVI – Ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança;
LXII – A prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada;
LXIII – O preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado;
LXIV – O preso tem direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
LXV – A prisão ilegal ou arbitrária será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.
LXVII – Não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel;
XV – É livre a locomoção no território em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; (eficácia contida)
Em tempos de guerra, a liberdade de entrada, saída e permanência no país poderá sofrer duras restrições, principalmente no que se refere a estrangeiros.
LXVIII – Conceder-se-á “Habeas Corpus” sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder;
Habeas Corpus é uma garantia fundamental. Trata-se de uma forma específica de garantia, a que a doutrina chama remédio constitucional (um meio que a constituição dá ao indivíduo de proteger seus direitos contra a ilegalidade ou abuso de poder cometido pelo Estado).
A pessoa jurídica pode impetrar habeas corpus, mas sempre a favor de pessoa física.
Não cabe habeas corpus: Quando já extinta a pena privativa de liberdade; Contra a imposição de pena de exclusão de militar ou de perda de patente ou de função pública; Contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada; Contra omissão de relator de extradição, se fundado em fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava dos autos, nem foi ele provocado a respeito; Resolver sobre o ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.
LXIX – Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por “habeas corpus” ou “habeas data”, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;
Não cabe Mandado de Segurança: Contra lei em tese; Contra ato judicial passível de recurso ou correição; Contra decisão judicial com trânsito em julgado; Para impugnar enquadramento que envolva exame de prova ou de situação funcional complexa.
LXX – O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) Partido político com representação no Congresso Nacional;
b) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;
Não cabe mandado de segurança coletivo para proteger direitos difusos.
Não precisa de autorização expressa dos titulares do direito para agir.
LXXI – Conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; (eficácia limitada)
O Ministério Público e a Defensoria Pública são legitimados a impetrar mandado de injunção coletivo.
LXXII – Conceder-se-á “habeas data”:
a) Para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;
b) Para a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
O habeas data o remédio constitucional de natureza civil e rito sumário.
Jamaispoderá ser usada para garantir acesso a informações de terceiros.
LXXIII – Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência;
Só pode impetrar a ação o cidadão, pessoa física no gozo de seus direitos civis e políticos. O MP não possui legitimidade para intentar a ação popular.
Não cabe ação popular contra ato de conteúdo jurisdicional.
LXXV – O Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; 
LXXVI – São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:
a) O registro civil de nascimento;
b) A certidão de óbito.
LXXVII – São gratuitas as ações de “habeas corpus” e “habeas data”, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania;
LXXVIII – A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação;
§ 1° - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
§ 2° - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a RFB seja parte.
§ 3° - Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais.
§ 4° - O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
4. Direitos Sociais
Os Direitos Sociais são prestações positivas (ações) realizadas pelo Estado para melhorar a qualidade de vida dos hipossuficientes, ou seja, dos mais necessitados. Os direitos sociais estão relacionados nos art. 6° - art. 11.
Art. 6° - São direitos sociais a educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, transporte, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Todos os direitos sociais do art. 6° são normas de eficácia limitada e aplicabilidade mediata.
Não basta que os direitos estejam previstos na constituição, eles precisam ser efetivados, colocados em prática. Para a concretização (efetivação) dos direitos sociais há três princípios:
1) “Reserva do possível”
Para a concretização dos direitos sociais, em larga escala, depende de gastos estatais. Cabe ao Estado efetivar os direitos sociais, mas apenas “na medida do financeiramente possível”.
A formulação e execução de políticas públicas são tarefas que competem, primariamente, ao Poder Executivo e ao Poder Legislativo. É possível que o Poder Judiciário determine ações destinadas à concretização dos direitos sociais.
2) “Mínimo existencial”
Considera-se mínimo existencial o grupo de prestações essenciais que se deve fornecer ao ser humano para que ele tenha uma existência digna. O Estado deve proteger os direitos individuais e garantir condições materiais mínimas de existência aos indivíduos.
Segundo o STF, o mínimo existencial é uma limitação à cláusula da reserva do possível. A reserva no possível somente é invocada após a garantia, pelo Estado, do mínimo existencial.
3) Vedação ao retrocesso
Busca evitar que as conquistas sociais já alcançadas pelo cidadão sejam desconstituídas.
4.1. Direitos Sociais individuais dos Trabalhadores (art. 7°)
Art. 7° - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
I – Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; (eficácia limitada)
II – Seguro-desemprego, em caso de desemprego involuntário;
III – Fundo de garantia do tempo de serviço;
O FGTS (fundo de garantia) é recolhido pelo empregador à alíquota de 8% sobre a remuneração paga ou devida, no mês anterior, a cada trabalhador. O FGTS não é direito dos servidores públicos estatutários.
IV – Salário mínimo, fixado em lei formal, nacionalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
O STF permite que os conscritos recebam remuneração inferior ao salário mínimo.
Súmula Vinculante n° 6: Não viola a constituição o estabelecimento de remuneração inferior ao salário mínimo para as praças prestadoras de serviço militar inicial.
V – Piso salarial proporcional à extensão e à complexidade do trabalho;
VI – Irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo;
VII – Garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável;
VIII – Décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
O décimo terceiro salário é que se conhece por gratificação natalina.
IX – Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
X – Proteção do salário na forma da lei, constituindo crime sua retenção dolosa;
XI – Participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei; (eficácia limitada)
XII – Salário família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei formal;
O salário família é um benefício previdenciário, sendo devido somente ao trabalhador baixa renda.
XIII – Duração do trabalho normal não superior a 8 horas diárias e 44 horas semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
É possível a redução ou aumento da jornada de trabalho, mediante acordo ou convenção coletiva.
XIV – Jornada de 6 horas para o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva;
XV – Repouso semanal remunerado, preferencialmente aos domingos;
XVI – Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em 50% à do normal;
XVII – Gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
Trata-se do adicional de férias.
XVIII – Licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário, com a duração de 120 dias;
A licença à gestante não pode ser superior ao prazo da licença adotante. Assim, se uma lei concede 120 dias de licença à gestante, deverão ser concedidos também 120 dias à adotante. A Licença paternidade é de 5 dias.
XX – Proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
Trata-se da igualdade de gêneros.
XXI – Aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, sendo no mínimo de 30 dias, nos termos da lei;
XXII – Redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de saúde, higiene e segurança;
XXIII – Adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
XXIV – Aposentadoria;
A aposentadoria é um benefício previdenciário.
XXV – Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 anos de idade em creches e pré-escolas;
XXVI – Reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
Convenções coletivas (celebradas entre sindicato patronal e sindicato dos trabalhadores). Acordos coletivos de trabalho (celebrados entre sindicato dos trabalhadores e uma empresa ou grupo de empresas)
XXVII – Proteção em face da automação. Na forma da lei; (eficácia limitada)
XXVIII – Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
O seguro contra acidentes de trabalho é um encargo do empregador, mas que não o exime de indenizar o empregado se houver doloou culpa.
XXIX – Ação, quanto aos créditos resultantes das relações de trabalho, com prazo prescricional de 5 anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de 2 anos após a extinção do contrato de trabalho;
XXX – Proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – Proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência;
XXXII – Proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos;
XXXIII – Proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de 16 anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de 14 anos;
Entre 14 e 16 – Apenas menor aprendiz. 
De 16 aos 18 – Pode trabalhar, desde que não seja noturno, perigoso ou insalubre.
A partir dos 18 – Qualquer trabalho.
XXXIV – Igualdade de direitos entre o trabalhador com vínculo empregatício permanente e o trabalhador avulso;
Parágrafo único: São assegurados à categoria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em lei e observada a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias, principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência social.
Para os trabalhadores domésticos, alguns direitos precisam de regulamentação para que possam ser usufruídos, são eles: (não inclusos)
· Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
· Seguro desemprego, em caso de desemprego involuntário;
· Fundo de garantia do tempo de serviço;
· Remuneração do trabalho noturno superior à do diurno;
· Salário família pago em razão do dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
· Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 5 anos de idade em creches e pré-escolas;
· Seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
4.2. Direitos sociais coletivos dos trabalhadores 
Art. 8° - É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
I – A lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;
II – É vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;
III – Ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;
IV – A assembleia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;
V – Ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;
VI – É obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;
VII – O aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;
VIII – É vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até 1 ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei;
Art. 9° - É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. (eficácia contida)
§ 1° - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
§ 2° - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei.
O direito de greve é um direito social, não dependendo de uma prestação estatal específica para o seu exercício.
Art. 10 – É assegurada a participação dos trabalhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos em que seus interesses profissionais ou previdenciários sejam de discussão e deliberação.
Art. 11 – Nas empresas de mais de 200 empregados, é assegurada a eleição de um representante destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o entendimento direto com os empregadores.
5. Nacionalidade
Os elementos constitutivos do Estado são Território, Povo e Governo soberano. Dentre esses três elementos, o povo é o que constitui a dimensão pessoal do Estado. O povo compõe-se dos seus nacionais, independentemente do local em que residam.
A nacionalidade é o vínculo jurídico político entre o Estado soberano e o indivíduo, que torna este um membro integrante da comunidade que constitui o Estado. A nacionalidade comporta duas dimensões:
· Dimensão Vertical: Liga o indivíduo ao Estado. Impõe obrigações ao indivíduo perante ao Estado, como uma relação de subordinação.
· Dimensão Horizontal: Liga o indivíduo ao elemento povo. Pressupõe uma relação sem grau hierárquico com a comunidade à qual pertence.
Nacionalidade não é a mesma coisa que cidadania.
5.1. Atribuição de Nacionalidade Pelo Direito Brasileiro
Há dois tipos de nacionalidade:
· Nacionalidade Originária (primária): É aquela que resulta de um fato natural, o nascimento.
· Nacionalidade Derivada (adquirida ou secundária): É aquela cuja aquisição depende de ato de vontade (ato volitivo), praticado depois do nascimento.
Art. 12 – São brasileiros:
I – Natos:
a) Os nascidos na RFB, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;
b) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da RFB;
c) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que estejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na RFB e optem, em qualquer tempo, depois da atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;
Se um filho de estrangeiros que não estão a serviço de seu país nasce em território brasileiro: Será brasileiro nato.
II – Naturalizados:
a) Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por 1 ano ininterrupto e idoneidade moral;
b) Os estrangeiros de qualquer nacionalidade, residentes na RFB há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
§ 1° - Aos portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta constituição.
Não há atribuição de nacionalidade aos portugueses nem aos brasileiros que residam em Portugal.
§ 2° - A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta constituição.
Os brasileiros natos e os naturalizados devem ser tratados com isonomia. Leis que discriminem entre brasileiros natos e naturalizados são flagrantemente inconstitucionais.
§ 3° - São privativos de brasileiros natos os cargos:
I. Presidente e vice-presidente da república;
II. Presidente da câmara dos deputados;
III. Presidente do senado federal;
IV. Ministro do supremo tribunal federal;
V. Carreira diplomática;
VI. Oficial das forças armadas;
VII. Ministro de estado da defesa.
Outros cargos: 
· 6 vagas do Conselho da República para brasileiros natos;
· Propriedade de empresas jornalísticas e de radiodifusão sonora e de sons e imagens. Só poderão ser proprietários desse tipo de empresa brasileiros natos

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