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CONTABILIDADE PÚBLICA E ORÇAMENTO PÚBLICO CONTABILIDADE PÚBLICA E ORÇAMENTO PÚBLICO Copyright © UVA 2019 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. AUTORIA DO CONTEÚDO Carina Ramos REVISÃO Maria Lúcia Daflon Theo Cavalcanti Clarissa Penna Lydianna Lima PROJETO GRÁFICO UVA DIAGRAMAÇÃO UVA R175 Ramos, Carina Contabilidade pública e orçamento público [livro eletrônico] / Carina Ramos. – Rio de Janeiro: UVA, 2019. 1,3 MB : PDF. ISBN 978-85-5459-092-5 1. Contabilidade pública. 2. Contabilidade pública - Brasil. 3. Orçamento. 4. Orçamento - Brasil. 5. Administração pública - Brasil. 6. Balanço (Contabilidade). I. Universidade Veiga de Almeida. II. Título. CDD – 657.61 Bibliotecária Katia Cavalheiro CRB 7 - 4826. Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UVA. SUMÁRIO Apresentação Autor 6 7 Contabilidade aplicada ao setor público 30 • Noções iniciais de contabilidade aplicada ao setor público: definição, campo de aplicação, objeto, legislação aplicável e princípios • Regime de escrituração: orçamento x patrimônio • Patrimônio público UNIDADE 2 8 • Instrumentos de planejamento governamental • Princípios orçamentários e ciclo orçamentário • Classificação da receita e da despesa orçamentária e execução Instrumentos de planejamento governamental UNIDADE 1 SUMÁRIO Demonstrações contábeis aplicadas ao setor público 72 • Balanço patrimonial e DVP • Balanço orçamentário, balanço financeiro e DFC • DMPL, notas explicativas e consolidação UNIDADE 4 52 • PCASP: conceito, objetivos e competência • Estrutura da natureza da informação, atributos das contas e regras • Lançamentos típicos do PCASP Plano de Contas Aplicado ao Setor Público UNIDADE 3 6 A contabilidade aplicada ao setor público é um dos inúmeros ramos da ciência contábil. Essa disciplina tem como característica apresentar ao aluno de ciências contábeis o universo do setor público. É uma disciplina que tem suas diretrizes baseadas em leis e normas contábeis editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC, específicas para esse setor. Por meio dessa disciplina, entende-se melhor o registro do orçamento público, uma importante ferramenta de planejamento governamental. Entende-se que, devido às peculiaridades das entidades do setor, os fatos contábeis devem ser registrados, tanto sob o enfoque do orçamento como sob o enfoque patrimonial, e que orçamento e patrimônio caminham em paralelo, com o objetivo final de evidenciar os fatos ligados ao patrimônio da entidade pública, quer de origem orçamentária, quer não. As mudanças na contabilidade aplicada ao setor público, que se originou na busca pela convergência aos padrões internacionais estabelecidos nas normas do International Public Sector Accounting Standards – IPSAS, editadas pelo International Public Sector Accounting Standards Board – IPSASB, trouxeram avanços significativos para os registros contábeis das entidades públicas. Essas mudanças partiram da necessidade de evidenciar as informações ocorridas no patrimônio de forma fidedigna, obedecendo aos princípios contábeis estabelecidos e buscando a padronização no tratamento e no registro dos atos e fatos no âmbito do setor público. Para possibilitar a padronização, elaborou-se o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público – PCASP. O PCASP, entre outras características, segrega as contas contábeis segundo a natureza de informação que evidenciam — patrimonial, de orçamento e de controle —, de modo a permitir que os registros patrimoniais sejam executados separadamente dos registros orçamentários. O processo final desses registros é evidenciado nas Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público – DCASP, demonstrativos, em sua maioria, próprios e inerentes às peculiaridades do setor público. Por fim, podemos dizer que a contabilidade aplicada ao setor público nos apresenta o mundo fascinante dos registros contábeis do patrimônio público, em cuja formação todos nós contribuímos, direta ou indiretamente. APRESENTAÇÃO 7 CARINA RAMOS Mestre em Contabilidade, com ênfase em Gestão Pública, pela Fundação Visconde de Cairu. Servidora pública estadual na função de Especialista em Políticas Públicas e Ges- tão – EPPGG, desde 2005. Aprovada no concurso de auditor interno da Prefeitura Munici- pal de Salvador em 2004. Já ministrou a disciplina Contabilidade e Orçamento Público na Universidade Jorge Amado – Unijorge (presencial) e na Faculdade Maurício de Nassau – Uninassau. Ministra aulas na Universidade Corporativa do Servidor – UCS. Trabalha há 10 anos na Contabilidade Pública do Estado da Bahia – Dicop/Sefz, participando de relatórios, análises contábeis e prestação de contas do governador. AUTOR Instrumentos de planejamento governamental UNIDADE 1 9 Nesta unidade iremos abordar os instrumentos do Sistema de Planejamento e Orçamen- to definidos na Constituição de 1988. O conhecimento sobre como se dá a relação entre esses instrumentos e sobre como se processa a execução orçamentaria — princípios que a norteiam e a fundamentação legal da matéria orçamentária — será a base para a compreensão desta disciplina. INTRODUÇÃO Nesta unidade, você será capaz de: • Compreender o Sistema de Planejamento e Orçamento; conhecer os aspectos gerais dos instrumentos de planejamento definidos na Constituição; conhecer os princípios que fundamentam a elaboração e a execução orçamentária e o ciclo orçamentário no setor público; entender receita e despesa orçamentária e sua execução no orçamento. OBJETIVO 10 Instrumentos de planejamento governamental Quando falamos de orçamento público, falamos da atividade financeira do Estado. A atividade financeira do Estado compreende os instrumentos de que dispõe o Estado para obter recursos (receita pública), criar crédito, gerir recursos (orçamento) e despender recursos (despesa pública). O sistema de planejamento e orçamento foi definido na Constituição Federal – CF de 1988. Esse sistema é composto por três instrumentos: Plano Plurianual – PPA, Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO e Lei Orçamentária Anual – LOA. A CF de 1988 trouxe de volta a figura do planejamento na Administração Pública e a ele integrou o orçamento, criando o sistema de planejamento e orçamento. Antes da Constituição de 1988 o planejamento adotado no Brasil tinha como característica a forte intervenção estatal e era desenvolvido com foco exclusivo nos investimentos estatais, como era o caso, por exemplo, do Plano de Metas (1956-1960). O Sistema de Planejamento e Orçamento, criado pela CF de 1988, é assim definido: Art.165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I- O Plano Plurianual; II- A Lei de Diretrizes Orçamentárias; III- Os orçamentos anuais. O PPA, a LDO e a LOA são as leis que regulam o planejamento e o orçamento de todos os entes da Federação (União, estados e municípios). PPA - Vamos iniciar falando sobre o PPA, que é o instrumento de planejamento de médio prazo definido na CF. É no PPA que o governo deixa claro de que forma pretende construir o desenvolvimento, estabelecendo as diretrizes estratégicas e a visão de futuro. É o instrumento que estabelece de forma regionalizada as diretrizes, 11 objetivose metas da Administração Pública, para as despesas de capital e outras delas decorrentes, bem como para as despesas relativas aos programas de duração continuada. Saiba mais Forma regionalizada: a previsão constitucional da “forma regionalizada” objetiva que o planejamento plurianual considere, na formulação, implementação e avaliação do PPA, as diversidades regionais existentes, buscando reduzir essas desigualdades. E o que seria essa regionalização? Por exemplo, no PPA do Governo do Estado da Bahia (2016-2019) as ações são estabelecidas por regiões. As regiões são um conjunto de municípios com características regionais e naturais semelhantes e com proximidade territorial entre si. Por exemplo: região metropolitana, Sertão do São Francisco, sudoeste baiano, Extremo Sul, Baixo Sul etc. Despesas de capital: são despesas que contribuem para aquisição/construção de um bem de capital. Por exemplo: aquisição de ambulâncias, construção de hospital. Outras delas decorrentes: despesas correntes que decorrem de uma despesa de capital. Por exemplo: quando construímos um hospital, para que ele esteja disponível à população, precisamos contratar médicos, comprar medicamento, material de almoxarifado, contratar os serviços de água, luz etc. Não basta construir o hospital, precisamos mantê-lo. Programas de duração continuada: o PPA é estruturado basicamente em programas. E o que são programas? Os programas são a definição dos problemas a serem solucionados e do conjunto de ações que deverão ser realizadas para alcançar os objetivos pretendidos. Os programas de duração continuada são aqueles que ultrapassam um exercício financeiro (ano civil). O art. 167 da CF determina que nenhum investimento que ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no PPA, ou sem lei que autorize. Competência, prazos e vigência do PPA: Lei de iniciativa do Poder Executivo, o PPA é um plano de médio prazo – quatro anos. Elaborado no primeiro ano de mandato do chefe do Executivo (prefeito, governador e presidente), entra em vigor no segundo ano do mandato, tendo vigência até o primeiro 12 ano do mandato subsequente. Deve ser encaminhado para apreciação do Poder Legislativo até quatro meses antes do encerramento da sessão legislativa (31 de agosto). A LDO é um instrumento concebido na CF de 1988 como um elo entre o planejamento (PPA) e o orçamento (LOA). A LDO viabiliza a execução dos programas de governo que foram definidos no PPA e estabelece metas e prioridades para a administração, em um exercício financeiro. Segundo o § 2º do art. 165: A Lei de Diretrizes Orçamentárias compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente, orientará a elaboração da lei orçamentária anual, disporá sobre as alterações na legislação tributária e estabelecerá a política das agências financeiras oficiais de fomento. O artigo em destaque apresenta as características da LDO, segundo a CF: • Compreende metas e prioridades da administração: o que foi definido no planejamento de médio prazo, anualmente; a necessidade de estabelecer que metas e prioridades constarão na LOA. Define o que será prioridade nos diversos cenários. Assim, é vedado durante a execução orçamentária estabelecer prioridades que não sejam as contempladas pela LDO. • Orienta a elaboração da LOA: a LDO é um plano anterior à LOA e, portanto, estabelece normas para a elaboração e a execução orçamentária. A LDO deve incluir em seu texto a definição da estrutura e da organização dos orçamentos, bem como normas gerais de gestão orçamentária e financeira. • Dispõe sobre alterações na legislação tributária: a LDO deve considerar os efeitos das alterações na legislação tributária para que a elaboração da LOA seja feita de forma precisa e coerente com a realidade financeira do ente. Atenção! A LDO não cria, aumenta, diminui ou autoriza tributos. Quem faz isso é a legislação tributária. • Estabelece a política de aplicação das agências financeiras de fomento: as agências financeiras de fomento são entidades estatais que têm como objetivo fomentar projetos, financiando capital fixo e capital de giro em determinados setores da economia, prioritários para o desenvolvimento. Por exemplo: BNDES, Caixa Econômica – CEF. 13 A LDO é um instrumento importante no sistema de planejamento e orçamento. Além das competências estabelecidas na CF, a Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF aumentou suas competências. Segundo a LRF, no art. 4º, a LDO disporá também sobre: • Equilíbrio entre receita e despesa. • Critérios e formas de limitação de empenho, caso a realização da receita possa não comportar o cumprimento das metas de resultado primário e resultado nominal. • Normas relativas ao controle de custos e avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos. • Demais condições e exigências para a transferência de recursos a entidades públicas e privadas. A LOA é o orçamento propriamente dito, instrumento que contém a previsão de receita e a fixação da despesa, o que vai ser feito e que recursos vão financiar. Ou seja, é o planejamento (PPA) sendo executado. Tem como finalidade concretizar objetivos e metas estabelecidos no PPA, em conformidade com a LDO. Estrutura da LOA: Segundo o art. 165, § 5º, incisos I, II e II, a LOA compreenderá: • Orçamento fiscal: referente aos três Poderes, órgãos, fundos e entidades da administração direta e indireta que sejam instituídas e mantidas pelo poder público. • Orçamento da seguridade social – OSS: todas as entidades e órgãos vinculados à administração direta e indireta instituídas e mantidas pelo poder público que tenham como finalidade ações e serviços de saúde, assistência social e seguridade social. Fique atento! Todos os gastos com saúde, assistência social ou previdência são evidenciados no OSS, mesmo que a administração pública responsável pelo gasto não tenha como finalidade ações nessas áreas. Por exemplo: • As despesas com o regime de previdência dos funcionários lotados na Secretaria da Fazenda. • Orçamento de investimento das empresas em que o poder público direta ou indiretamente detenha a maioria do capital social com direito a voto. Importante 14 O poder público — União, estados e municípios — pode ser proprietário ou ter participação em empresas. Algumas dessas empresas são conhecidamente superavitárias, não dependendo de recursos do poder público (seu ente controlador). Outras, no entanto, são deficitárias e necessitam de suporte financeiro dos entes para sobreviver. Essas empresas são conhecidas como empresas estatais dependentes, terminologia criada na LRF, que define como estatal dependente a empresa controlada que receba do ente controlador recursos financeiros para pagamento de despesas com pessoal, ou de custeio em geral, ou de capital, excluídos no último caso aqueles provenientes de aumento de participação acionária. Essas empresas não compõem o orçamento de investimentos, mas integram o orçamento fiscal, seguindo as normas orçamentárias e contábeis das entidades de direito público. Saiba mais Competência, prazos e vigência da LOA A LOA, assim como os demais instrumentos, é de iniciativa do Poder Executivo (presidente, governador e prefeito), cabendo ao Poder Legislativo sua aprovação ou modificação de acordo com os limites constitucionais, como veremos no tópico sobre ciclo orçamentário. A LOA deve ser encaminhada até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e vigora para um exercício financeiro apenas. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e leia a monografia O orçamento público como instrumento de planejamento e controle para a gestão pública, indicada como material complementar. A LRF e a LOA A LRF também dedicou alguns dos seus dispositivos para a LOA. Segundo o art. 5º da LRF, a LOA deverá: • Ter seu projeto elaborado de forma compatível com o PPA e LDO.15 A determinação da LRF referente à LOA reforça a visão de sistema implantado na CF de 1988. Sugerimos a leitura completa do art. 5º. Saiba mais Orçamento tradicional Tinha como função principal o controle político sobre as finanças pú- blicas. O foco estava no objeto do gasto, no confronto entre receita e despesa. O orçamento era uma peça meramente contábil financeira, sem se importar com o planejamento. Orçamento de desempenho Foi uma evolução do orçamento tradicional para que o gestor pudesse não apenas saber o montante dos gastos, mas o resultado daqueles gastos. Enfatizou o resultado do gasto e não apenas o gasto em si Orçamento base zero Criada no final dos anos 1960, essa técnica consiste basicamente em realizar, a cada novo período de elaboração do orçamento, rea- valiação de todas as despesas, como se no período anterior nenhu- ma despesa tivesse sido realizada (começar do zero). O gestor deve fazer uma análise crítica de todos os recursos que foram solicitados e justificar anualmente a totalidade dos gastos, sem utilizar o ano anterior como valor inicial mínimo. Orçamento- -programa Desde a Lei nº 4.320/1964 já se contemplava a integração do orça- mento com o planejamento, o que levou à criação, pelo Decreto-Lei nº 200/1967, do orçamento-programa. Mas apenas no Decreto nº 2.829/1998 (no bojo da Reforma do Aparelho do Estado) o orçamen- to-programa tornou-se realidade. A ênfase do orçamento-programa está nos programas de governo, nas realizações almejadas. O orça- mento-programa é a forma mais atual em termos de técnica orça- mentária. O orçamento como conhecemos atualmente passou por um longo processo de mudança e evolução. Esse processo acompanhou a evolução do próprio Estado e da Administração Pública. Historicamente, reconhecemos as seguintes espécies de orçamento nesse processo de evolução das técnicas de planejamento e intervenção estatal: • Conter todas as despesas relativas à dívida pública, mobiliária ou contratual, bem como as receitas que as atenderão. 16 Essas formas de orçamento apresentadas refletiam em grande medida o que a administração pública buscava no orçamento. Com a modernização da gestão pública e a busca por resultados, o orçamento passa a ter papel central no desenvolvimento e no aprimoramento do Estado. O orçamento vai além de expressar valores de receita e estabelecer despesas, ele viabiliza políticas públicas. Funções do orçamento público: o orçamento público é um importante instrumento de intervenção estatal. Segundo Richard Musgrave ele desempenha as seguintes funções: MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e veja o exemplo do Orçamento 2019 elabo- rado pelo Governo do Estado da Bahia. Nome da função Função alocativa Função distributiva Função estabilizadora Por meio do orçamento o Estado oferece bens e serviços públicos necessários, que não são de interesse da adminis- tração privada ou que são oferecidos de maneira ineficiente por ela. O Estado pode atuar diretamente ofertando esses bens e serviços ou criando condições para que o setor priva- do os ofereça. O orçamento atua na promoção e em ajustamentos na dis- tribuição de renda objetivando diminuir as desigualdades, tanto em relação ao acesso à renda como ao acesso a bens e serviços públicos. Promove o equilíbrio de preços, geração e manutenção de emprego para a estabilidade econômica. Função desempenhada Tipos de funções do orçamento público 17 Princípios orçamentários e ciclo orçamen- tário A partir de agora, tudo a que nos referirmos nos próximos tópicos dirá respeito exclusiva- mente à LOA. Como falamos no tópico acima, a LOA é o orçamento propriamente dito. É o instrumento de execução das políticas públicas. Princípios orçamentários Os princípios orçamentários são premissas, linhas norteadoras ou diretrizes a serem ob- servadas desde a elaboração do orçamento até sua execução. Os princípios são discipli- nados nas normas/leis financeiras que subsidiam o orçamento público, como, por exem- plo na Lei nº 4.320/1964 e na CF de 1988. São válidos para todos os Poderes de todos os entes da federação. Neste curso, iremos abordar apenas os princípios expressos no Ma- nual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público – MCASP, por ser ele um instrumento de orientação orçamentária, financeira e contábil da contabilidade pública nacional. Segundo o MCASP, são princípios orçamentários: 1. Unidade ou totalidade: existência de apenas uma peça orçamentária para cada ente da Federação em cada exercício financeiro. Um único documento legal dentro de cada esfera federativa: a LOA. Observação Apesar de a CF, no art. 165, § 5º, definir a composição da LOA em orçamento fiscal – OF, orçamento da seguridade social – OSS e orçamento de investimentos – OI, esses orçamentos compõem um único documento. São partes de um todo chamado LOA. 2. Universalidade: inclusão de todas as receitas e despesas de todos os Poderes, ór- gãos, entidades, fundos e fundações instituídas e mantidas pelo poder público. 18 3. Anualidade ou periodicidade: estimativas de receita e despesa devem referir-se ao período de um exercício financeiro, um ano. De acordo com o que determina o art. 34 da Lei nº 4.320/1964, o exercício financeiro coincidirá com o ano civil, ou seja, de 1º de janeiro a 31 de dezembro. 4. Exclusividade: a LOA não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à fixação da despesa. Ressalvam-se dessa proibição a autorização para abertura de crédito suplementar e a contratação de operações de crédito, nos termos da lei. 5. Orçamento bruto: valores de receita e despesa devem constar no orçamento em seu valor bruto, sendo vedada qualquer dedução. (BRASIL, 1964, art. 6º). Os valores de gasto com pessoal que aparecem no orçamento são apresen- tados em seus valores totais, sem os descontos referentes às contribuições para regime de previdência, consignações, vantagens etc. Exemplo O objetivo desse princípio é evitar que algum valor possa não ser conhecido do Poder Legislativo, que é o Poder responsável por analisar, votar e aprovar o orçamento. Saiba mais 6. Legalidade: tem o mesmo fundamento do princípio da legalidade aplicado à administra- ção pública, segundo o qual cabe ao poder público fazer ou deixar de fazer somente aquilo que a lei expressamente autorizar, ou seja, subordina-se aos ditames da lei. 7. Publicidade: princípio básico da administração pública expresso no art. 37 da Constitui- ção Federal de 1988. 19 8. Transparência: os artigos 48, 48-A e 49 da LRF determinam a divulgação do orça- mento público de forma ampla à sociedade — publicação de relatórios sobre a execução orçamentária e a gestão fiscal e de informações sobre a arrecadação da receita e a exe- cução da despesa. As informações divulgadas devem ser claras e livres de viés para que possam cumprir a transparência. 9. Não vinculação (não afetação) da receita de impostos. O inciso IV do art. 167 da CF/1988 veda a vinculação da receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, salvo exceções estabelecidas pela própria Constituição, como os recursos para repartição do produto da arrecadação dos impostos aos Fundos de Participação dos Estados – FPE e Fundos de Participação dos Municípios – FPM, Fundos de Desenvolvimento das Regiões Norte – FNO, Nordeste – FNE e Centro-Oeste – FCO, bem como a destinação de recur- sos para as áreas de saúde e educação, além das garantias às operações de crédito por antecipação de receitas, entre outras receitas. Ciclo orçamentário: corresponde ao período de tempo em que se processam as ativida- des do orçamento público, desde sua elaboração até a avaliação dos resultados. É um processo contínuo, dinâmico e flexível. Podemos identificar as seguintes etapas: • Elaboração do projeto de lei orçamentária: etapa de definição dos programas prio- ritários e alocação de recursos para custear as despesas do orçamento — iniciativa do Poder Executivo. • Apreciação, votação, aprovação: fase de discussão da proposta do PLOA.Cabe ao Poder Legislativo analisar, discutir, votar e aprovar a LOA, podendo propor emendas ao projeto de lei. • Execução orçamentária: arrecadação das receitas previstas e realização das des- pesas fixadas. A execução orçamentária é realizada por todas as entidades de direi- to público de todos os Poderes e deve estar em consonância com o desempenho das metas físicas definidas no PPA. • Acompanhamento, avaliação e controle: etapa que analisa a eficiência e a eficácia das ações estabelecidas na LOA e controla a efetividade dos gastos por meio do controle institucional (controle interno e controle externo) e do controle social, me- diante participação popular na fiscalização dos gastos. 20 O ciclo orçamentário não coincide com o exercício financeiro. O ciclo orçamentário demanda um período de tempo bem maior, além de ser contínuo. Para criarem-se novas autorizações de despesa é necessário indicar de onde os recursos virão. Importante Importante Créditos adicionais: o orçamento é uma peça de planejamento e, portanto, é flexível. Quando o orçamento é elaborado, no ano anterior ao da execução, ele tem por base a situação econômica e social daquele momento. Ao entrar em execução, vários fatores podem influenciar o que foi planejado e determinar a necessidade de alterações. A Lei nº 4.320/1964, em seu art. 40, cria a figura dos créditos adicionais, que são autorizações para despesas não computadas ou insuficientemente dotadas no orçamento. Os créditos adicionais são o instrumento legal para alteração da LOA aprovada pelo Legislativo. Podem ser de três tipos: • Suplementares: destinados a reforçar a dotação orçamentária¹. • Especiais: destinados a despesas para as quais não havia dotação orçamentária específica. • Extraordinários: destinados a despesas urgentes e imprevistas, como em caso de guerra e calamidade pública. 1– Dotação orçamentária: valores de despesa autorizados no orçamento. 21 Classificação da receita e da despesa orça- mentária e execução A partir do que vimos até o momento, podemos perceber que o orçamento é um importante instrumento de planejamento governamental, composto de receitas e despesas. As despesas são as necessidades públicas expressas em programas definidos no PPA, priorizados anualmente na LDO e executados na LOA. As receitas são as fontes de financiamento dessas despesas. Neste tópico, trataremos desses dois itens do orçamento. O art. 3º da Lei nº 4.320/1964 menciona: “A Lei de Orçamentos compreenderá todas as receitas, inclusive as de operações de crédito autorizadas em lei.” Vamos iniciar falando sobre as receitas, que são formas de ingresso nos cofres públicos. Diversos recursos ingressam nos cofres públicos ao longo do exercício financeiro. Porém, você sabia que nem todo ingresso de recurso está disponível para financiar as despesas públicas? Existem dois tipos de ingressos: • Ingressos orçamentários: recursos previstos no orçamento anual, ou seja, são disponibilidades de recursos financeiros que ingressam durante todo o exercício. Ex.: receitas tributárias (IR, IPI, ICMS, ITIV) e receitas patrimoniais (aluguel, aplicação financeira). • Ingressos extraorçamentários: recursos financeiros de caráter temporário que não integram a LOA. O Estado é mero depositário desses recursos, que constituem passivos exigíveis e cujas restituições não se sujeitam a autorização legislativa. Ex.: caução em dinheiro, consignação, fianças, operações de crédito por antecipação de receita orçamentária – ARO Os ingressos que financiam as despesas públicas são conhecidos como ingressos orçamentários ou receitas públicas. Conforme o MCASP: Receita orçamentária: é a disponibilidade de recursos financeiros que ingressam durante o exercício orçamentário e constituem elemento novo para o patrimônio público. Instrumento por meio do qual se viabiliza a execução das políticas públicas, as receitas orçamentárias são fontes de recursos utilizadas pelo Estado em programas e ações cuja finalidade precípua é atender a necessidades públicas e demandas da sociedade. Essas receitas pertencem ao Estado e transitam pelo patrimônio do poder público. 22 1 - Classificações da receita orçamentária A receita, para fins contábeis, pode ser: • Efetiva: aquela que, no momento do reconhecimento do crédito, aumenta a situação líquida patrimonial da entidade. Exemplo: arrecadação de receita proveniente de aluguel. Fiquem atentos: situação líquida é o PL. Para a ciência contábil, quem altera o PL é receita e despesa. Fiquem bastante atentos a essa classificação, pois ela será fundamental para a compreensão da Unidade 2. Dica • Não efetiva: aquela que não altera a situação líquida patrimonial no momento do reconhecimento do crédito. Exemplo: arrecadação de receita proveniente de um empréstimo tomado junto a instituição financeira. Importante A doutrina também classifica a receita em originária e derivada: as receitas originárias são arrecadadas por meio da exploração de atividades econômicas pelo Estado (aluguel, rendimento de aplicação financeira etc.). Já as receitas derivadas são as obtidas pelo poder de Império, por meio da soberania estatal, e decorrem de imposição constitucional ou legal (receitas tributárias, receita de contribuições). Para o MCASP, a classificação orçamentária atende aos seguintes critérios: a) Natureza. b) Fonte/destinação de recursos. c) Indicador de resultado primário/nominal. A classificação por natureza, definida no MCASP, é impositiva para todos os entes da Federação. 23 a) Classificação por natureza – feita pela seguinte codificação: C O E DDDD T Categoria Econômica: Receita Corrente ou Receita de Capital Origem: Detalhamento das categorias Espécie: Detalha o fato gerador Desdobramen- tos para iden- tificação de peculiaridades da receita. Tipo: Identifica o tipo de arrecadação. Exemplo: Natureza: 1.1.1.3.01.1.1 C 1 Receita corrente O 1 Impostos, taxas e contribuição de melhoria E 1 Impostos DDDD 3011 Imposto sobre a Renda de Pessoa Física – IRPF T 1 Principal Etapas da receita orçamentária As etapas são fases da receita orçamentária que vão desde a etapa do planejamento à etapa de execução orçamentária da receita. São elas: • Previsão: realizada na elaboração da LOA para estimar os valores que serão arrecadados ao longo do exercício financeiro. A previsão é uma etapa do planejamento e deve ser feita com metodologia de cálculo, observando-se as disposições da LRF. Essa etapa é extremamente importante para a elaboração da LOA, pois é a previsão da receita o fundamento para a fixação das despesas. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 1 e leia o conteúdo complementar indicado com as demonstrações contábeis do estado da Bahia. 24 • Lançamento: “ato da repartição competente, que verifica a procedência do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora e inscreve o débito desta” (BRASIL, 1964, art. 53). Exemplo: identificação de credores e valores devidos do IPTU. Atenção: nem todas as receitas passam por essa etapa, apenas os impostos diretos. • Arrecadação: entrega dos recursos devidos ao Tesouro pelos contribuintes ou devedores, por meio de agentes arrecadadores ou instituições financeiras autorizadas pelo ente. • Recolhimento: “transferência dos valores arrecadados à conta única do Tesouro, obedecendo-se ao Princípio da Unidade de Caixa ou Unidade de Tesouraria” (BRASIL, 1964, art. 56). • Nem todas as receitas passarão por todas as etapas (por exemplo: pode haver arrecadação de uma receita para a qual não havia previsão). Todas, no entanto, passam pela arrecadação. • As etapas seguem sequência cronológica dos fenômenos econômicos ocorridos. • Para fins orçamentários só é considerada receita aquela que for arrecadada dentro do exercício financeiro (BRASIL, 1964, art. 35). É o reconhecimento orçamentário da receita. Importante 2 - Despesa: despesa pública é o conjunto de dispêndios rea- lizados por entes públicos para custear serviçospúblicos Os dispêndios, assim como os ingressos, são tipificados em orçamentários e extraorçamentários. Dessa forma: • • Dispêndio orçamentário: fluxo que deriva da utilização de crédito consignado no orçamento da entidade, podendo ou não diminuir a situação líquida patrimonial. Tem caráter não devolutivo. Exemplo: compra de equipamento, pagamento de salário. • • Dispêndio extraorçamentário: aquele que não consta na LOA, compreendendo as diversas saídas de numerários, decorrentes de depósitos, pagamentos de restos a pagar, resgate de operações de crédito por antecipação de receita e saídas de recursos transitórios. O dispêndio extraorçamentário tem origem em um ingresso extraorçamentário. 25 Concluímos que a despesa orçamentária precisa de autorização legisla- tiva, mediante créditos consignados na LOA, dotação orçamentária. As receitas orçamentárias financiam as despesas orçamentárias. Para fins contábeis, a despesa orçamentária pode ser classificada quanto ao impacto na situação líquida patrimonial em: • Efetiva: aquela que, no momento do reconhecimento da despesa, reduz a situação líquida patrimonial da entidade. Exemplo: despesa com aluguel. • Não efetiva: aquela que não altera a situação líquida patrimonial no momento do reconhecimento da despesa. Exemplo: aquisição de veículos. Em geral despesas efetivas são as despesas correntes e as não efetivas são as despesas de capital. Dica Classificação da despesa, segundo o MCASP Classificação institucional: está relacionada ao órgão ou unidade responsável pela utili- zação da dotação orçamentária. Quem é o responsável pelo orçamento? Classificação funcional: segrega as dotações em funções e subfunções. Responde ba- sicamente em que área de atuação governamental está sendo executada a despesa. Classificação por estrutura programática: tenta responder perguntas como “por que é feito?” e “para que é feito?” É estruturada em programas e cada programa identifica as ações necessárias para se atingir objetivos, sob forma de projetos, atividades e opera- ções especiais. Classificação por natureza: a natureza da despesa será complementada pela informação gerencial denominada modalidade de aplicação, que tem por finalidade indicar se os recur- sos são aplicados diretamente por órgãos ou entidades no âmbito da mesma esfera de go- verno ou por outro ente da Federação e suas respectivas entidades. Objetiva, precipuamente, possibilitar a eliminação da dupla contagem de recursos transferidos ou descentralizados. 26 3 - Etapas da despesa orçamentária a- Planejamento: envolve a etapa de fixação da despesa e define o montante da despesa na previsão de receita, na descentralização de créditos orçamentários e na programação orçamentária e financeira, que é a compatibilização dos fluxos de recebimento com os fluxos de pagamento. b- Execução: ocorre em três estágios, ou etapas, para fins da Lei nº 4.320/1964: 1. Empenho: ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição. Trocando em miúdos, é o comprometimento da dotação orçamentária autorizada na LOA. Cada empenho diminui o saldo de dotação estabelecido e pode ser: normal – um único valor; estimativo – despesa que não se sabe o valor exato; global – normalmente utilizado para valores de contrato em que os valores são previamente determinados. 2. Liquidação: verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito. Objetiva verificar a origem e o objeto a ser pago e a quem se deve pagar. 3. Pagamento: extinção da obrigação a partir da quitação de valores devidos ao credor pela administração. Atenção: • Pertencem ao exercício financeiro as despesas nele legalmente empenhadas (art. 35 da Lei nº 4.320/1964). O empenho é o fato gerador do orçamento. Veremos mais adiante que não se relaciona necessariamente com o reconhecimento patrimonial. • As despesas orçamentárias devem seguir rigorosamente as etapas definidas para execução. Só é possível liquidar se estiver pago e só é possível pagar se estiver liquidado. • Nenhuma despesa poderá ser executada se não houver dotação orçamentária. • Se a dotação orçamentária for insuficiente ou inexistente, utiliza-se a figura dos créditos adicionais citados no Tópico 2. • Despesas empenhadas e não pagas até 31/12 constituem-se em restos a pagar, que podem ser processados ou não processados. Os não processados são os que não passaram pela fase da liquidação. Essa é uma figura tipicamente orçamentária. Os impactos no patrimônio do ente ocorrem no mesmo exercício. • Se ocorrer uma despesa durante o exercício e o empenho não puder ser realizado, no exercício seguinte essa despesa será empenhada na dotação de despesas de exercício anterior – DEA. O DEA impacta o orçamento e o fluxo financeiro do exercício seguinte ao da realização da despesa. O reconhecimento patrimonial pode e deve ser feito no exercício do fato gerador da despesa. 27 O MCASP criou a figura em liquidação para as despesas que foram empenhadas e foram entregues ou para o serviço prestado, embora a etapa de liquidação ainda não tenha se processado: despesa em liquidação. Esse bem adquirido ou o serviço prestado será automaticamente incorporado ao patrimônio do ente público independentemente de cumprir as etapas da execução orçamentária. NA PRÁTICA Determinada entidade do setor público contratou a prestação de serviços públicos de manutenção de equipamento. O contrato da prestação de serviços perfazia um total de R$ 12.000,00 ao ano. Durante todo o exercício a empresa prestou serviços e os tinha empenhados, de modo que os pagamentos eram realizados ao final do mês. No mês de dezembro, por conta do encerramento do exercício, a empresa prestou o serviço, mas não houve tempo hábil para pagamento, só tendo sido possível realizar o empenho. Nessa situação específica, tomando como base conhecimentos sobre a despesa pública, podemos afirmar que houve uma despesa orçamentária? Será ela restos a pagar ou DEA? 28 Resumo da Unidade 1 Nesta unidade aprendemos um pouco sobre os instrumentos de planejamento e orça- mento — PPA, LDO e LOA — e vimos de que forma eles estão interligados. Estudamos também sua importância para a administração pública e nos aprofundamos no conhe- cimento da LOA, que diz respeito ao orçamento propriamente dito, no qual estão esta- belecidas receitas e despesas a serem executadas ao longo do exercício financeiro. As receitas e despesas são os itens que compõem a LOA e têm características e classifi- cações definidas em leis e normas do direito financeiro. Vimos que as receitas só serão reconhecidas quando arrecadadas e as despesas, quando empenhadas. Nessa unidade destacaram-se os seguintes conceitos: instrumentos de plane- jamento e orçamento, orçamento público, receita e despesa orçamentária. CONCEITO 29 Referências BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 24 mar. 2019. . Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos muni- cípios e do Distrito Federal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 mar. 1964. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320.htm. Acesso em: 20 mar. 2019. . Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão pública e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 5 maio 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm. Acesso em: 20 mar. 2019. GIACOMONI. J. Orçamento público. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2005. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htmhttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm Contabilidade aplicada ao setor público UNIDADE 2 31 Olá, pessoal. Nesta unidade, iremos nos iniciar no mundo da contabilidade aplicada ao setor público. Trataremos do regime de escrituração e conheceremos a composição do patrimônio público e suas variações. INTRODUÇÃO OBJETIVO Nesta unidade, você será capaz de: • Compreender a forma de escrituração da contabilidade aplicada ao setor público. 32 Noções iniciais de contabilidade aplicada ao setor público: definição, campo de aplica- ção, objeto, legislação aplicável e princípios Durante mais de 40 anos, a contabilidade do setor público era fundamentada nos dita- mes estabelecidos pela Lei nº 4.320/1964, que estatuiu normas gerais de direito finan- ceiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. A Lei nº 4.320/1964 possui viés orçamentário, o que levou a administração pública durante todo esse tempo a se preocupar com o registro orçamentário em detrimento da evidenciação dos aspectos patrimoniais do patrimônio público. O processo de mudança começa com a busca pela convergência aos padrões interna- cionais para toda a ciência contábil. Para o setor público, esse processo se inicia com a edição das International Public Sector Accounting Standards – IPSAS — editadas pelo International Public Sector Accounting Standards Board – IPSASB —, que são as normas internacionais, e posteriormente com a publicação das Normas brasileiras de contabili- dade aplicada ao setor público pelo CFC. O novo modelo proporcionou à contabilidade do setor público uma visão patrimonial, res- gatando a contabilidade como ciência e seu objeto, que é o patrimônio. A evidenciação patrimonial ganha relevância, e as diretrizes antes estabelecidas pela Lei nº 4.320/1964, na qual o orçamento era a base principal para registro e evidenciação dos fatos contá- beis, ficam para trás. Segundo o CFC, nas Orientações estratégicas para a contabilidade aplicada ao setor público, as mudanças visam à: 1. Convergência aos padrões internacionais de contabilidade aplicados ao setor público. 2. Implementação de procedimentos e práticas contábeis que permitam o reconhe- cimento, a mensuração, a avaliação e a evidenciação dos elementos que integram o patrimônio público. 3. Implantação de sistema de custos no âmbito do setor público brasileiro. 4. Melhoria das informações que integram as demonstrações contábeis e os rela- tórios necessários à consolidação das contas nacionais. 33 5. Possibilidade de avaliação do impacto das políticas públicas e da gestão, nas dimensões social, econômica e fiscal, segundo aspectos relacionados à variação patrimonial. E qual seria o órgão responsável por identificar as necessidades para a convergência e editar normas, manuais e instruções? A Portaria nº 184/2008 do Ministério da Fazenda atribuiu essa função à Secretaria do Tesouro Nacional – STN. Esse pequeno histórico serviu para situá-lo, caro aluno, no tempo e no espaço da conta- bilidade do setor público. No entanto, o que é a contabilidade aplicada ao setor público – Casp? Para respondermos a essa pergunta, tomaremos como base a definição dada pela NBC T 16.1, que tratava justamente da conceituação, do campo de aplicação, do objeto e dos objetivos da Casp. Essa norma foi revogada pela NBC TSP – Estrutura con- ceitual, mas, como a nova norma não apresentou uma definição para o que seria Casp, utilizaremos as definições da NBC T 16.1. Feita essas considerações, sigamos rumo à definição. Casp é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo gerador de informações, os princípios de contabilidade e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público. Observe que claramente a definição determina: é um ramo da ciência contá- bil e, portanto, aplica princípios contábeis e normas contábeis direcionadas. GUARDE ESSA INFORMAÇÃO! Importante E que normas são essas? Do que elas tratam? Como sabemos, a administração pública é baseada em leis; todo o seu funcionamento é baseado em determinações legais, em sentido amplo (normas, resoluções, decretos, leis etc.). Para a Casp não seria diferente, então vejamos: de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos municípios e do Distrito Federal. Ela é uma lei essencial- mente de aspectos orçamentários e financeiros, mas há um título que trata exclu- 34 sivamente da contabilidade nos aspectos patrimoniais e sobre as demonstrações contábeis — Título IX. 2) A Lei Complementar nº 101/2000 (LRF) estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. A LRF estabeleceu para toda a Federação limites de dívida consolidada, garantias, opera- ções de crédito, restos a pagar e despesas de pessoal, entre outros, para propiciar o equilíbrio das finanças públicas e a transparência na gestão, além da exigência de consolidação das contas públicas. 3) As Normas Brasileiras de Contabilidade – NBCASP, editadas pelo CFC, estabele- cem orientações específicas para a Casp. São 17 normas as NBCTs. Elas revoga- ram as NBCTs 16.1, 16.2, 16.3, 16.4 e 16.5. Essas são as normas que fundamentam os procedimentos na contabilidade do setor público. Já os procedimentos são estabelecidos no MCASP, que é editado pela STN. O MCASP contém os procedimentos orçamentários, patrimoniais e específicos e está para o setor público assim como o Fipecafi está para a contabilidade empresarial. Quais entidades devem se submeter às normas da Casp? A Lei nº 4.320/1964 estabelece no art. 83 o campo de aplicação nos seguintes termos: A contabilidade evidenciará perante a Fazenda Pública a situação de to- dos quantos, de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem despesas, administrem ou guardem bens a ela pertencentes ou confiados. (BRA- SIL, 1964, grifo do autor) Nas NBCASP, o campo de aplicação é assim definido: OBRIGATÓRIO Todas as entidades integrantes do orçamento fiscal e da seguridade social. - Demais entidades. - Empresas estatais não dependentes. FACULTATIVO (ou por determinação) 35 Nunca é demais lembrar que integram o orçamento fiscal e o orçamento da seguridade todas as entidades do setor público de todos os poderes da administração direta e da administração indireta: as autarquias, as fundações públicas e as estatais dependentes (falamos sobre estas na Unidade 1). Outro detalhe a que devemos ficar atentos é que as estatais dependentes devem apli- car tanto a legislação societária (Lei nº 6.404/1976) como a legislação aplicada ao setor público. Quais são o objeto e o objetivo da Casp? O patrimônio. O patrimônio público! O objetivo, segundo as NBCASP, é fornecer aos usuários informações sobre os resulta- dos alcançados e os aspectos de natureza orçamentária, econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a ins- trumentalização do controle social.¹ Observe que nessa definição tem-se claramente que são distintas as naturezas de infor- mação produzidas pela Casp. Quando falarmos sobre o PCASP, entenderemos melhor essas naturezas de informação. ¹ A NBCT 16.1, apesar de ter sido revogada, reflete o objetivo da Casp. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e leia o artigo indicado como material complementar sobre a nova Contabilidade Aplicada ao Setor Público. 36 Regime de escrituração: orçamento x patri- mônio Como vimos no item anterior, o objetivo da Casp é a produção de informações de natureza orçamentária, financeira, econômica e patrimonial. Para produzir esses dados, os fatos contábeis precisam e devem ser registrados. Neste tópico, entenderemos como funciona o registro contábilno setor público. Na Unidade 1, conhecemos um pouco do orçamento público e pudemos perceber sua importância para a administração pública. Devido a essa grande relevância do orçamento durante muitos anos, os registros contábeis tinham como base as informações eminentemente orçamentárias. Era a Lei nº 4.320/1964 a principal norma que orientava os registros. As informações contábeis eram registradas com base em interpretação do art. 35 dessa lei: Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I - as receitas nele arrecadadas; II - as despesas nele legalmente empenhadas. O entendimento era de que as receitas só poderiam ser reconhecidas quando arrecadadas, ou seja, quando ingressassem nos cofres, e as despesas, apenas se tivessem sido empenhadas, o que ficou conhecido como “regime misto” de escrituração: caixa para as receitas e competência para as despesas — entendimento equivocado que vigorou por mais de 40 anos na administração pública. Com o processo de convergência aos padrões internacionais de contabilidade e o estabelecimento das normas para o setor público, a busca para a convergência exigia, principalmente, que a administração pública buscasse na ciência contábil sua base para a evidenciação dos fatos ligados ao patrimônio. Essa aproximação à ciência contábil parte da incorporação dos princípios contábeis e do regime de escrituração por competência. 37 MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e leia o material complementar indicado sobre regime orçamentário × regime contábil. Portanto, a Casp como ramo da ciência contábil deve aplicar no processo gerador de informação os princípios contábeis e, como consequência, o regime de competência para escrituração dos fatos ligados ao patrimônio. As determinações do art. 35 da Lei nº 4.320/1964 continuam valendo para os registros de natureza orçamentária. Então, o que temos agora em termos de registro contábil para o setor público? REGIME ORÇAMENTÁRIO: Regime Misto – art. 35, Lei nº 4.320/1964: • Receita arrecada. • Despesa empenhada. REGIME PATRIMONIAL: Competência – NBC TSP • Receita auferida. • Despesa incorrida. Qual é a diferença básica entre eles? Para o regime orçamentário, os registros baseiam- -se no art. 35 da Lei nº 4.320/1964, em que o fato gerador para a receita é a arrecadação, isto é, o ingresso dos recursos, e para a despesa, o empenho. Já o regime patrimonial busca evidenciar as variações patrimoniais independentemente da execução orçamen- tária; o fato gerador é determinado pelo princípio da competência, que determina que “os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem, independentemente do recebimento ou pagamento” (BRASIL, 1964). 38 Imagine a seguinte situação: uma entidade do setor público contrata os servi- ços de manutenção de veículos para um período de seis meses no valor de R$ 1.000 reais mensais (janeiro-junho); os serviços são prestados durante esse período e as despesas são empenhadas e pagas. Decorrido esse tempo, os serviços continuam sendo prestados até o mês de dezembro, mesmo sem co- bertura contratual e a efetuação do empenho. Existe obrigação dessa entidade com a empresa contratada? Lógico que sim! Mesmo sem empenhar a despesa, o fato gerador, que é a pres- tação dos serviços, continuou sendo executado. Para refletir É justamente aí que reside a diferença entre os dois regimes de escrituração: no regime patrimonial, o que interessa é evidenciar os fatos que alteraram o patrimônio, indepen- dentemente da execução do orçamento. O orçamento só considerou despesa o que foi empenhado de janeiro a junho, já para o patrimônio de janeiro a dezembro houve fato gerador da despesa, o que resultou em obrigação de pagamento. A fim de evidenciar essa diferença de registros, as receitas e as despesas no regime patri- monial são reconhecidas como variações patrimoniais aumentativas – VPAs e variações patrimoniais diminutivas – VPDs, respectivamente. No regime orçamentário, são chama- das de receita orçamentária e despesa orçamentária. E por que essa diferença? Porque nem toda receita ou despesa orçamentária altera a situação patrimonial. Lembra-se das receitas e das despesas efetivas de que falamos na Unidade 1? Pois bem, reto- memos seus conceitos. MUITA ATENÇÃO: RECEITA ORÇAMENTÁRIA ≠ VARIAÇÃO PATRIMONIAL AUMENTATIVA INGRESSO FATO GERADOR (competência) 39 EMPENHO FATO GERADOR (competência) DESPESA ORÇAMENTÁRIA ≠ VARIAÇÃO PATRIMONIAL DIMINUTIVA Vamos clarear suas dúvidas com o seguinte exemplo: imaginemos uma entida- de do setor público que apresente um patrimônio líquido no valor de R$ 1.000 e que, durante o exercício financeiro, tenham ocorrido as seguintes situações: venda de veículos R$ 200; receita de aluguel R$ 100; despesa com manutenção R$ 50; compra de móveis R$ 80. Qual seria o valor das VPAs e das VPDs do exercício? E das receitas e despesas orçamentárias? Exemplo 1 Consegue perceber a diferença? Se não, volte para a Unidade 1 para os conceitos de des- pesa e receita efetiva e não efetiva. Lembrando que as VPAs e as VPDs são as efetivas, ou seja, aquelas que alteram a situação líquida patrimonial, ou também chamadas de “fatos modificativos”. Nesse exemplo, o novo PL seria R$ 1.050 (R$ 1.000 + R$ 50), que é o resultado patrimonial do exercício (VPA - VPD). Trataremos sobre ele no próximo tópico. VPA VPD Receita de Aluguel – 100 Desp. com Manut. – 50 TOTAL – 100 TOTAL – 50 Receita Orçamentária Despesa Orçamentária Receita de Aluguel – 100 Desp. com Manut. – 50 Receita de Alienação de bem/móvel – 200 Compra de móveis – 180 TOTAL – 300 TOTAL – 130 40 Patrimônio público Neste tópico, abordaremos detalhadamente o tema patrimônio público. Desde o início da vida acadêmica do estudante de ciências contábeis, ele aprende que o objeto da con- tabilidade é o patrimônio. Para a Casp, não poderia ser diferente, sendo ela um ramo da ciência contábil. O patrimônio público é seu objeto. E o que é o patrimônio público? Qual é sua composição? Todas as definições que trabalharemos nesta unidade também estão contidas no MCASP. Vamos lá! Definição e composição do patrimônio: Patrimônio público é o conjunto de direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entida- des do setor público que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações. Ativo: segundo a NBC TSP – Estrutura Conceitual, é um recurso controlado no presente pela entidade como resultado de evento passado. TOME NOTA: • Recurso, segundo a NBC TSP – Estrutura Conceitual, é um item com potencial de serviços ou com a capacidade de gerar benefícios econômicos. O potencial de ser- viços é a capacidade de prestar serviços que contribuam para alcançar os objetivos da entidade. O potencial de serviços ou a capacidade de gerar benefícios econômi- cos podem surgir diretamente do próprio recurso ou dos direitos de sua utilização. • Controle, segundo a NBC TSP – Estrutura Conceitual (2016), é: O controle do recurso envolve a capacidade da entidade em utilizar o recurso (ou controlar terceiros na sua utilização) de modo que haja a ge- ração do potencial de serviços ou dos benefícios econômicos originados do recurso para o cumprimento dos seus objetivos de prestação de ser- viços, entre outros. (p. 28) 41 A avaliação se a entidade controla o recurso no presente deve observar a existência dos seguintes indicadores de controle, segundo a NBC TSP (2016, p. 28): 1) propriedade legal; 2) acesso ao recurso ou a capacidade de negar ou restringir o acesso a esses; 3) meios que assegurem que o recurso seja utilizado para alcançar os seus objetivos; ou 4) a existência de direito legítimo ao potencial de serviços ou à capacida- de para gerar os benefícios econômicos advindos do recurso. • Resultado de eventos passados,segundo a NBC TSP – Estrutura Conceitual: a definição de ativo exige que o recurso controlado pela entidade no presente tenha surgido de transação ou outro evento passado. Quando um ativo é reconhecido? Segundo o MCASP, um ativo deve ser reconhecido no patrimônio público quando: • For provável que benefícios futuros dele provenientes fluirão para a entidade. • Seu custo ou valor puder ser determinado em bases confiáveis. • Também são reconhecidas as entradas compensatórias no ativo e no passivo fi- nanceiro (caução em dinheiro, consignação a pagar, retenção de obrigações). CLASSIFICAÇÃO: • Circulante: segundo o MCASP, os ativos devem ser classificados como circulante quando satisfizerem a um dos seguintes critérios: a) estiverem disponíveis para rea- lização imediata; e b) tiverem a expectativa de realização até 12 meses após a data das demonstrações contábeis. • Não circulante: os demais ativos devem ser classificados como não circulantes. A classificação em ativo circulante ou não circulante leva em consideração o atributo da conversibilidade. 42 O MCASP apresenta, também, a distinção dos ativos em financeiro e perma- nente (não financeiro). Essa categorização é baseada na classificação dos ati- vos segundo a Lei nº 4.320/1964. Assim preceitua o art. 105 da referida lei: §1º O Ativo Financeiro compreenderá os créditos e valores rea- lizáveis independentemente de autorização orçamentária e os valores numerários. §2º O Ativo Permanente compreenderá os bens, créditos e va- lores, cuja mobilização ou alienação dependa de autorização le- gislativa. Saiba mais Agora ficou confuso? Vamos lá! Na estrutura do balanço patrimonial, os bens e os direitos serão classificados como cir- culantes e não circulantes, atendendo aos critérios contábeis de conversibilidade. A clas- sificação em financeiro e permanente (não financeiro) se dá para atender a uma necessi- dade de informação para a apuração do superavit financeiro. E o que é esse superavit financeiro? É a diferença positiva entre ativo financeiro e passivo financeiro apurada no balanço pa- trimonial do exercício anterior. Ele é fonte de financiamento para a abertura de créditos adicionais. São recursos que não foram utilizados no exercício anterior e estarão disponí- veis após a dedução de todas as obrigações correspondentes para a cobertura de novas despesas. No entanto, como vamos atender aos dois critérios ao mesmo tempo? Esses mes- mos elementos patrimoniais atendem aos requisitos do parágrafo primeiro da Lei nº 4.320/1964, aqueles que independem da execução orçamentária, ou seja, já passaram pelo orçamento. Eles receberam o atributo F. 43 A conta caixa, e equivalentes, é uma conta de ativo circulante (F); a conta de créditos a receber também é ativo circulante, mas é permanente. Quando for- mos apurar o superavit, só pegaremos do ativo as contas com o atributo F, de financeiro. Exemplo 2 A classificação de financeiro e permanente também segue os mesmos critérios para o passivo. Veremos mais detalhes na próxima unidade. Passivo: segundo a NBC TSP – Estrutura Conceitual, é uma obrigação presente, deri- vada de evento passado, cuja extinção deva resultar na saída de recursos da entidade. TOME NOTA: • Obrigação presente, segundo a NBC TSP – Estrutura Conceitual, “é uma obrigação que ocorre por força de lei [...] ou uma obrigação que não ocorre por força de lei, as quais não possam ser evitadas pela entidade” (2016, p. 29). • Resultar na saída de recursos da entidade, segundo a NBC TSP – Estrutura Con- ceitual, significa que “um passivo deve envolver uma saída de recursos da entidade para ser liquidado ou extinto” (2016, p. 30). A norma destaca que “a obrigação que pode ser liquidada ou extinta sem a saída de recursos da entidade não é um passi- vo” (2016, p. 30). QUANDO UM PASSIVO É RECONHECIDO? Segundo o MCASP, um passivo deve ser re- conhecido no balanço patrimonial quando: • For provável que uma saída de recursos envolvendo benefícios econômicos seja exi- gida em liquidação de uma obrigação presente. • O valor pelo qual essa liquidação se dará possa ser determinado em bases confiáveis. • Também são reconhecidas como passivo as entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro (caução em dinheiro, consignação a pagar, retenção de obrigações). 44 Para o MCASP, do ponto de vista patrimonial, as obrigações em que o fato ge- rador não tenha ocorrido (exemplo: aquisição de um bem, mas ainda não entre- gue pelo vendedor, contrato de manutenção, mas que ainda não houve a pres- tação dos serviços) não são reconhecidas como passivo nas demonstrações contábeis. Saiba mais CLASSIFICAÇÃO: • Circulante: segundo o MCASP, valores exigíveis até 12 meses após a data das de- monstrações contábeis; passivos que sejam pagos durante o ciclo operacional² normal da entidade; que sejam mantidos essencialmente para fins de negociação; que corresponderem a valores de terceiros ou retenções³ em nome deles, quando a entidade do setor público for a fiel depositária, independentemente do prazo de exigibilidade. • Não circulante: os demais passivos devem ser classificados como não circulantes. A classificação em ativo circulante ou não circulante leva em consideração o atributo da exigibilidade. PRESTE ATENÇÃO: o MCASP apresenta, também, a distinção dos passivos em finan- ceiro e permanente (não financeiro). Essa categorização é baseada na classificação dos passivos segundo a Lei nº 4.320/1964. Assim preceitua o art. 105 da referida lei: §3º O Passivo Financeiro compreenderá as dívidas fundadas e outros pagamentos que independam de autorização orçamentária. §4º O Passivo Permanente compreenderá as dívidas fundadas e outras que dependam de autorização legislativa para amortização ou resgate. ² Ciclo operacional: corresponde ao exercício financeiro. ³ Valores de terceiros ou retenções: são os valores de entradas compensatórias no ativo e no passivo financeiro. 45 Situação patrimonial líquida (patrimônio líquido) É a diferença entre os ativos e os passivos após a inclusão de outros recursos e a dedu- ção de outras obrigações, reconhecida na demonstração que evidencia a situação pa- trimonial como patrimônio líquido. A situação patrimonial líquida pode ser um montante residual positivo ou negativo. • Outros recursos e outras obrigações: segundo a NBC TSP – Estrutura Conceitual, para alcançar os objetivos da informação contábil, é o recurso ou a obrigação que não satisfaça a definição de elemento definido na Estrutura Conceitual e que pre- cise ser reconhecido nas demonstrações contábeis. Nesses casos, as NBCs TSP podem exigir ou permitir que esses recursos ou obrigações sejam reconhecidos como outros recursos ou outras obrigações, os quais são itens adicionais aos seis elementos definidos na Estrutura Conceitual. ATENÇÃO! Quando o valor do passivo for maior que o valor do ativo, o resultado será denominado passivo a descoberto. FIQUE ATENTO: segundo o MCASP, os conceitos de ativo e passivo identifi- cam seus aspectos essenciais, mas não especificam os critérios para seu reconhecimento. Ao avaliar se um item se enquadra na definição de ativo, pas- sivo ou patrimônio líquido, deve-se atentar para sua essência e realidade eco- nômica, e não apenas para sua forma legal. Saiba mais Importante Essa distinção apresentada pelo MCASP é o que conhecemos como essência sobre a forma. Não importa necessariamente a forma jurídica ou legal de um fato — a informa- ção contábil deve refletir adequadamente as operações ocorridas. 46 Determinada entidade contrata serviços de um chaveiro para a abertura das portas, mas não faz empenho. O que reflete na situação patrimonial: o empe- nho ou a prestação de serviços? Apesar de a Lei nº 4.320/1964 ser categórica em afirmar que não existe despesa sem prévio empenho, para a contabilidade o registro do fato gerador é o que melhor irá refletir no balanço patrimonial. Exemplo 3 Variações patrimoniais As variações patrimoniais são alteraçõesque ocorrem no patrimônio da entidade e po- dem ser de natureza qualitativa e quantitativa, conforme figura a seguir: VARIAÇÕES PATRIMONIAIS QUALITATIVAS QUANTITATIVAS AUMENTATIVAS VPAs PL PLDIMINUTIVAS VPDs • Qualitativas: alteram a composição do patrimônio sem alterar o patrimônio líquido. São os fatos contábeis originários de fatos contábeis permutativos. Exemplo: aqui- sição de veículos: D- Imobilizado-Veículos; C- Caixa e equivalente de caixa. • Quantitativas: transações que alteram quantitativamente o patrimônio líquido. São as transações originárias de fatos contábeis modificativos: VPA – Exemplo: reconhecimento do crédito tributário. D- Créditos tributários a receber. C- VPA. VPD – Exemplo: despesa com pessoal. D- VPD. C- Salários a pagar. 47 Classificação da VPA: segundo o MCASP, classificam-se em resultantes e independentes da execução orçamentária. VPA resultante da execução orça- mentária: São receitas orça- mentárias efetivas arrecadadas, de propriedade do ente, que resultam em aumento do patrimônio líquido. Exemplo: receita (VPA) de tributos. São os fatos que resultam em aumento do patri- mônio líquido, que ocorrem indepen- dentemente da execução do orça- mento. Exemplos: incorporação de bens recebidos em doação (doação recebida). São despesas orçamentárias efe- tivas, que resultam em diminuição do patrimônio líquido. Exemplo: despesa com pessoal. São fatos que resultam em diminuição do patrimônio líquido, que ocorrem inde- pendentemente da execução orça- mentária. Exemplo: depreciação, perda do estoque etc. VPA independente da execução orça- mentária: VPD resultante da execução orça- mentária: VPD independente da execução orça- mentária: FIQUE ATENTO: sempre que encontrar em Casp a expressão independente da execução orçamentária, leia-se “não passou pelo orçamento”, ou seja, não houve arrecadação ou não houve empenho da despesa. Importante Resultado patrimonial: Entre VPAs e VPDs do período. VPA > VPD = Resultado Positivo/Superavitário VPA < VPD = Resultado Negativo/Deficitário 48 Lembra-se do Exemplo 1 apresentado no item 2? Voltemos a ele apresentando agora o resultado patrimonial do exercício: Exemplo 4 MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 2 e veja o vídeo indicado como material complementar sobre variações patrimoniais. VPA Resultado patrimonial – 50 Receita de Aluguel – 100 Desp. com Manut. – 50 VPD Determinada entidade do setor público estadual recebe recursos de transfe- rência da União referente ao FPE sempre no mês seguinte ao fato gerador da receita. Os recursos referentes ao mês de dezembro x1 foram repassados em janeiro x2. Pergunta-se: a receita que ingressou nos cofres do Tesouro estadual pertence a que exercício? A que ano pertence o fato gerador? Sabemos que o regime de escrituração na Casp obedece a dois critérios: 1- Orçamentário, em que se consideram do exercício as receitas efetivamente arrecadadas, ou seja, o ingresso dos recursos nos cofres públicos. NA PRÁTICA 49 2- Patrimonial, em que as receitas são consideradas no momento do fato gera- dor, conforme preceitua o princípio da competência e da oportunidade. Dessa forma, para fins orçamentários, a receita sendo arrecadada em x2 per- tence ao exercício financeiro de x2. No entanto, para o registro patrimonial, o direito a receber é considerado receita na visão da ciência contábil. Portanto, no encerramento do exercício, o balanço patrimonial dessa entidade deve ter registrado esses valores a receber provenientes de transferência da União. 50 Resumo da Unidade 2 Nesta unidade, foram apresentadas as mudanças ocorridas na Casp, as leis e as normas a ela pertinentes, seus conceitos, objetivos e objeto. Vimos, também, que o regime de es- crituração patrimonial adotado é o regime de competência, mas que, por necessidade de informação orçamentária, também utilizamos o regime orçamentário para escrituração dos fatos dessa natureza. Conhecemos o patrimônio e sua composição e entendemos as variações patrimoniais, que podem ser de dois tipos, qualitativas e quantitativas, se alterarem a situação líquida patrimonial. CONCEITO Nesta unidade, trabalhamos os seguintes conceitos: regime orçamentário, que tem por finalidade escriturar os fatos ligados à execução orçamentária, baseado no art. 35 da Lei nº 4.320/1964; regime patrimonial, um regime de escrituração que tem como base a competência contábil no reconhecimento de receita e despesa pelo fato gerador, independentemente de qualquer obrigação legal; patrimônio público, que são direitos e bens, tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por entidades do setor público e suas obrigações; variações patrimoniais (variações que ocorrem no patrimônio público, de natureza qualitativa ou quantitativa); e resultado patrimonial, que é a diferença apurada no exercício do confronto das VPAs com as VPDs. 51 Referências BRASIL. Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964. Estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos estados, dos muni- cípios e do Distrito Federal. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 18 mar. 1964. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320.htm. Acesso em: 20 mar. 2019. . Ministério da Fazenda. Secretaria do Tesouro Nacional. Manual de Contabilida- de Aplicada ao Setor Público: exercício 2017. 7. ed. Brasília, 2016. Disponível em: http:// www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/456785/MCASP+7%C2%AA%20edi%- C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Final.pdf/6e874adb-44d7-490c-8967-b0acd3923f6d. Acesso em: 18 mar. 2019. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TSP Estrutura Conceitual, de 23 de se- tembro de 2016. Aprova a NBC TSP ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entida- des do Setor Público. Diário Oficial da União, Brasília, 4 out. 2016. Disponível em: http:// www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTSPEC.pdf. Acesso em: 18 mar. 2019. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4320.htm http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/456785/MCASP+7%C2%AA%20edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Final.pdf/6e874adb-44d7-490c-8967-b0acd3923f6d http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/456785/MCASP+7%C2%AA%20edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Final.pdf/6e874adb-44d7-490c-8967-b0acd3923f6d http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/456785/MCASP+7%C2%AA%20edi%C3%A7%C3%A3o+Vers%C3%A3o+Final.pdf/6e874adb-44d7-490c-8967-b0acd3923f6d http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTSPEC.pdf http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTSPEC.pdf Plano de Contas Aplicado ao Setor Público UNIDADE 3 53 De acordo com o MCASP, a necessidade da convergência aos padrões internacionais, com foco para a contabilidade patrimonial, e a exigência da consolidação das contas nacionais públicas, determinadas pela LRF, são fatores que influenciaram a instituição e a implantação do PCASP. INTRODUÇÃO OBJETIVO Nesta unidade, você será capaz de: • Diferenciar os fatos contábeis por natureza de informação. 54 PCASP: conceito, objetivos e competência Segundo o MCASP: Plano de contas é a estrutura básica da escrituração contábil, formada por uma relação padronizada de contas contábeis, que permite o registro contábil dos atos e fatos praticados pela entidade de maneira padroniza- da e sistematizada, bem como a elaboração de relatórios gerenciais e de- monstrações contábeis de acordo com as necessidades de informações dos usuários. (2017, p. 342). O MCASP (2017) define como objetivos do PCASP: a. Padronizar os registros contábeis. b. Segregar as naturezas de informação: orçamentária, patrimonial e de controle. c. Detalhar as contas contábeis,a partir do nível mínimo estabelecido pela STN, e os de- mais níveis para atender às peculiaridades de cada ente. d. Consolidar as contas públicas, a nível nacional. e. Permitir a elaboração das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público – DCASP e dos demonstrativos do Relatório Resumido de Execução Orçamentária – RREO e do Relatório de Gestão Fiscal – RGF. f. Permitir a adequada prestação de contas, o levantamento das estatísticas de finanças públicas e a elaboração de relatórios nos padrões adotados por organismos internacio- nais. g. Possibilitar adequada tomada de decisão e racionalização de custos no setor público. h. Contribuir para a transparência da gestão fiscal e para o controle social. Competência para instituição do MCASP e abrangência A STN, enquanto órgão central de contabilidade, é a responsável pela edição de normas ge- rais para a consolidação das contas públicas. A STN estabelece o nível mínimo das contas, e cabe aos entes da Federação o detalhamento de acordo com suas peculiaridades. 55 Dispõe o Decreto nº 6.976/2009: Art. 7º Compete ao órgão central do Sistema de Contabilidade Federal: [...] II - manter e aprimorar o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público e o processo de registro padronizado dos atos e fatos da administração pública; [...] XXVIII - editar normativos, manuais, instruções de procedimentos con- tábeis e plano de contas aplicado ao setor público, objetivando a elabo- ração e publicação de demonstrações contábeis consolidadas, em con- sonância com os padrões internacionais de contabilidade aplicados ao setor público. (BRASIL, 2009) A utilização do PCASP é obrigatória para todos os entes da Federação, os Poderes a eles vinculados, seus órgãos e entidades da administração direta e indireta, incluindo as estatais dependentes, e facultativa para as demais entidades. Fazendo correlação com o orçamento, as entidades integrantes do orçamento fiscal e do orçamento da seguridade social são obrigadas a utilizar o PCASP; para as do orçamento de investimento, a utiliza- ção é facultativa. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o material complementar sobre o MCASP indicado pelo professor. 56 Estrutura da natureza da informação, atri- butos das contas e regras Natureza de informação Para entender a estrutura do PCASP, precisamos compreender o conceito de natureza de informação. A natureza de informação é a metodologia utilizada para a escrituração no PCASP em que as contas contábeis são agregadas em grupos de acordo com as caracte- rísticas das informações que produzem. São três os grupos de natureza de informações: Natureza de Informação Orçamentária Natureza de Informação Patrimonial Natureza de Informação de Controle Registra, processa e evidencia os atos e os fatos relacionados ao plane- jamento e à execução orçamentária. Registra, processa e evidencia os fatos financeiros e não financeiros relacionados à composição do patrimônio público e suas variações qualitativas e quantitativas. Registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos possam produzir modificações no patrimônio da entidade do setor público, bem como aqueles com funções específicas de controle. 57 X . X . X . X . X . XX . XX 1° Nível - Classe (um dígito) 2° Nível - Grupo (um dígito) 3° Nível - Subgrupo (um dígito) 4° Nível - Título (um dígito) 5° Nível - Subtítulo (um dígito) 6° Nível - Item (dois dígitos) 7° Nível - Subitem (dois dígitos) Código da conta contábil As contas no PCASP possuem estrutura de codificação com sete níveis de desdobra- mento com nove dígitos: Estrutura do código da conta Fonte: MCASP (2017, p. 345). O PCASP é dividido em oito classes, sendo as contas contábeis classificadas segundo a natureza de informações que evidenciam: Natureza de Informação Orçamentária 5- Controles da Aprovação do Planejamento e Orçamento 6- Controles da Execução do Planejamento e Orçamento Natureza de Informação de Controle 7- Controles Devedores 8- Controles Credores Natureza de Informação Orçamentária 1- Ativo 3- VPD 2- Passivo 4 - VPA 58 Estrutura básica do PCASP em nível de classe (1º nível) e grupo (2º nível): Plano de contas aplicado ao setor público 1 - Ativo 1.1 - Ativo circulante 1.2 - Ativo Não Circulante 3 - Variação Patrimonial Aumentativa 3.1 - Pessoal e Encargos 3.2 – Benefícios Previdenciários e Assistenciais (...) 5 - Controles da Aprovação do Planejamento e Orçamento 5.1 - Planejamento Aprovado 5.2 - Orçamento Aprovado 7 - Controles Devedores 7.1 - Atos Potenciais 5.2 - Administração Fiinanceira (...) Informação Patrimonial Informação Orçamentária Informação de Controle 2 - Passivo e Patrimônio Líquido 2.1 - Passivo Circulante 2.2 - Passivo não Circulante 2.3 - Patrimônio Líquido 3 - Variação Patrimonial Diminutiva 3.1 - Pessoal e Encargos 3.2 - Benefícios Previdenciários e Assistenciais (...) 6 - Controles da Execução do Planejamento e orçamento 6.1 - Execução do Planejamento 6.2 - Execução do Orçamento 8 - Controles Credores 8.1 - Execução dos Atos Potenciais 8.2 - Execução da Administração Financeira (...) Fonte: www.tesouro.fazenda.gov.br Atributos da conta contábil Segundo o MCASP, atributos da conta contábil são características próprias que as dis- tinguem de outras contas do plano de contas e podem ser decorrentes de conceitos teóricos, da lei ou do sistema operacional utilizado. 59 1) Atributos conceituais • Código: estrutura numérica que identifica cada uma das contas que compõem o plano de contas. • Título/nome: designação que identifica o objeto de uma conta. • Função: descrição da natureza dos atos e fatos registráveis na conta. • Natureza do saldo: identifica se a conta tem saldo devedor, credor ou ambos. (MCASP, 2017, p. 349). Atributos Conceituais Como exemplo, apresentamos as contas do PCASP do estado da Bahia: Exemplo Código Título Função Natureza do Saldo 2.1 Passivo Circulante Credor 2 Passivo Credor Compreende as obrigações conhecidas e estimadas que atendam a qualquer um dos seguintes critérios: tenham prazos estabelecidos ou esperados dentro do ci- clo operacional da entidade; sejam man- tidos primariamente para negociação; tenham prazos estabelecidos ou espera- dos até o término do exercício seguinte; sejam valores de terceiros ou retenções em nome deles, quando a entidade do setor público for fiel depositária, indepen- dentemente do prazo de exigibilidade. Compreende as obrigações existentes da entidade oriundas de eventos passados de cuja liquidação se espera que resulte em fluxo de saída de recursos que incor- porem benefícios econômicos ou servi- ços em potencial. Código Título/Nome Função Natureza do Saldo 60 2.1.1 Obrigações Trabalhistas e Previdenciárias Credor Compreende as obrigações referentes a salários ou remunerações, bem como benefícios aos quais o empregado ou servidor tenha direito, aposentadorias, reformas, pensões e encargos a pagar, benefícios assistenciais, inclusive os pre- catórios decorrentes dessas obrigações. MIDIATECA Acesse a midiateca da Unidade 3 e veja o conteúdo sobre como é o processo de implantação do PCASP indicado como material complementar pelo professor. 2) Atributos legais: além do atributo legal citado a seguir, poderão ser criados outros de acordo com as necessidades do ente para o atendimento das normas vigentes, a exem- plo do indicador do superavit primário e da dívida consolidada líquida. • Indicador do superavit financeiro – Atributos Financeiro (F) e Permanente (P). Fa- lamos sobre esses atributos na Unidade 2. É a classificação que permite no atual critério de classificação de ativo e passivo apurar o superavit financeiro de acordo com a Lei nº 4.320/1964: Art. 43 [...] § 2º Entende-se por superavit financeiro a diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos cré- ditos adicionais transferidos e as operações de crédito a eles vinculadas. 61 Art. 105 [...] §
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