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ECONOMIA II Medição da Atividade Económica: Produto ESTG-IPP Joaquim Mourato Introdução “Para fazer um diagnóstico correto um economista depende tanto de dados económicos quanto um médico depende dos sinais vitais do doente (…)”. “Consideravelmente maior”; “muito elevado”; “descida acentuada”, são expressões vagas… A relação economistas/decisores políticos… É muito importante, para a tomada de decisão, possuir dados económicos atualizados e precisos. 2 Medição agregada da atividade económica 3 • Medição = Contabilidade [Contas] • Agregada = agregação agentes / operações [Nacionais] Contas Nacionais: Representação coerente, de forma simplificada, agregada e quantificada, dos principais tipos de operações económicas efetuadas entre conjuntos de agentes económicos com características afins, numa dada economia durante um período de tempo. (In FEP-UP) Agentes e Operações4 (In FEP-UP) • Agentes agrupados por setor institucional, de acordo com as principais funções (operações) económicas que desempenham e as fontes de recursos de que dispõem. • Unidades produtivas agrupadas por ramos de atividade, segundo o tipo de inputs, processos de produção e produtos Agentes e Operações5 (In FEP-UP) Ramo de Atividade Setor Institucional Unidades de produção com uma atividade produtiva homogénea Unidades com autonomia no exercício da sua função principal (autonomia na afetação dos seus recursos) agrupamento por: inputs, processos produtivos e produtos finais (homogéneos) agrupamento por: função principal e recursos principais (homogéneos) e tipo de produtos produzidos (produção mercantil, não mercantil, para auto- emprego final) e.g., Lacticínios, Agricultura e Caça, Têxteis e Vestuário,… e.g., Famílias, Empresas, Administrações Públicas… Agentes e Operações6 (In FEP-UP) Operações • De produção: criação, transformação, troca e utilização de um bem ou serviço (e.g., Produção, Consumo, Investimento, Consumo Intermédio,…) • De distribuição: distribuição e redistribuição do valor criado pela atividade produtiva (e.g., salários, rendas, juros, impostos,…) • De capital: alterações nos ativos e passivos não financeiros (e.g., Investimento, Poupança,…) • Financeiras: alterações nos ativos e passivos financeiros e monetários (e.g., variação de créditos, variação de moeda e depósitos,…) (Circuito Económico: ver esquema pág. 8 e 9 FEP) Produto Interno Bruto: como medir a produção total? Definição de Produto Interno Bruto (PIB) Valor de mercado dos bens e serviços finais produzidos num país, durante um determinado período de tempo. Exemplo: Produção total = 4 maçãs (€0,25/cada), 6 bananas (€0,50/cada) e 3 pares de sapatos (€20/cada) 7 PIB = (4*€0.25) + (6*€0.50) + (3*€20) = €64 Análise da definição de PIB Valor de mercado É utilizado para agregar num só número as quantidades de diferentes bens e serviços que uma economia produz. Desta forma, os bens mais caros têm um peso mais elevado do que os bens mais baratos. No exemplo anterior: se a produção se alterasse para 3 maçãs, 3 bananas e 4 pares de sapatos… 8 PIB = (3*€0.25) + (3*€0.50) + (4*€20) = €82.25 Análise da definição de PIB Bens e serviços finais Bens e serviços consumidos pelo utilizador final. Por serem produtos finais do processo de produção, são incluídos no PIB. Bens e serviços intermédios Bens e serviços usados na produção de bens e serviços finais e, portanto, não fazem parte do PIB. Se os considerássemos, teríamos um problema de dupla contabilização. 9 Análise da definição de PIB Bens e serviços finais Exemplo da produção de pão A empresa de moagem paga €0,50 pelo trigo à empresa cerealífera; O padeiro paga à empresa de moagem €1,20 pela farinha; O padeiro vende o pão por €2. Contribuição para o PIB = €2 Exemplo de um corte de cabelo O cabeleireiro cobra €10 por um corte de cabelo; O cabeleireiro paga ao seu assistente €2. Contribuição para o PIB = €10 10 Análise da definição de PIB O caso específico dos bens de capital Definição: bens de longa duração que são produzidos e utilizados para produzir outros bens e serviços (edifícios, máquinas…). Na prática não são bens finais, porque a sua finalidade é produzir outros bens. Mas também não são bens intermédios, porque não são totalmente gastos (incorporados) no processo de produção… Como são considerados na medição do PIB? Classificam-se como se fossem bens finais. 11 Análise da definição de PIB Apenas os bens e serviços produzidos no território económico de um País são considerados no PIB. O território económico de um País tem por base as fronteiras geográficas, mas inclui também os enclaves territoriais (territórios geográficos situados no resto do mundo, como embaixadas, consulados, bases militares…) e não inclui os enclaves extraterritoriais (partes do território geográfico do País utilizadas por administrações públicas de outros Países, instituições da U.E. ou por outras organizações internacionais). Exemplos: O valor de mercado dos automóveis produzidos em Portugal por empresas estrangeiras é contabilizado no PIB português. O valor de mercado dos serviços prestados no Brasil por empresas de telecomunicações portuguesas é contabilizado no PIB brasileiro. 12 A identidade básica da contabilidade nacional Produto = Rendimento = Despesa Entidades produtivas produzem bens e serviços. Essa produção dá origem a rendimentos, apropriados pelos diversos agentes económicos e que são utilizados para realizar despesas. No final, em cada ano, o total dos valores acrescentados terá de ser igual aos rendimentos gerados internamente e à despesa interna. 13 Medição do PIB: A ótica da despesa Consumidores dos bens e serviços finais são divididos em quatro categorias de agentes: Famílias Empresas Estado Setor internacional Pressuposto: Qualquer bem ou serviço produzido é comprado e utilizado por um agente económico. 14 Medição do PIB: A ótica da despesa 15 PIBpm = DI (Despesa Interna) = C + G + I + (X - Q) Valor das utilizações finais de bens e serviços criados no território económico nacional durante um determinado período de tempo, avaliados a preços de mercado. Utilizações finais: empregos dos produtos que não implicam a sua revenda durante o período em causa (≠ Consumos Intermédios) Preços de mercado: Preços de aquisição pelo utilizador final (incluem todos os impostos indiretos líquidos de subsídios) (In FEP-UP) Medição do PIB: A ótica da despesa 16 PIBpm = C + G + I + (X - Q) Consumo (C+G): despesa em bens e serviços para satisfação imediata de necessidades (privadas e coletivas) + C (consumo privado): despesa das famílias em bens e serviços finais (bens duradouros, não duradouros e serviços; produzidos internamente ou importados) + G (consumo público): despesa da Administração Pública para fornecer serviços não mercantis (que proporcionam utilidade) à coletividade (não mercantis; avaliados pelo custo de prestação) (In FEP-UP) Medição do PIB: A ótica da despesa Componentes da despesa Consumo Privado (C) Valor dos bens e serviços utilizados na satisfação das necessidades individuais dos membros das famílias: Bens de consumo duradouros (exceto aquisição de habitação nova). Bens de consumo não duradouros (alimentos, vestuário…). Serviços (eletricistas, advogados, educação…). Consumo Público ou Coletivo (G) Compras feitas pelo Estado em bens e serviços finais. 17 Consumo Privado + Consumo Público = Consumo final Medição do PIB: A ótica da despesa 18 PIBpm = C + G + I + (X – Q) Investimento (I)= FBC = FBCF + variação de stocks: despesa em bens e serviços que não para satisfação imediata de necessidades + FBCF (formação bruta de capital fixo): despesa em bens e serviços para utilização em processos produtivos por prazo superior a um ano +ΔSt (variação de stocks): diferença entreo Stock final e o Stock inicial de matérias primas, produtos em curso de fabrico, produtos acabados nas empresas (variação voluntária + involuntária de stocks) (In FEP-UP) Medição do PIB: A ótica da despesa Componentes da despesa Investimento ou Formação Bruta de Capital (I) Soma da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) e da Variação de Existências (VE). Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) Novos bens de capital das empresas (máquinas, edifícios…). Novos bens de capital do Estado (infraestruturas, máquinas, equipamentos…). Investimento em habitações novas (famílias). Variação de existências (VE), ou investimento em existências (existência final – existência inicial) Soma dos valores dos bens produzidos mas não vendidos durante o período corrente. 19 Medição do PIB: A ótica da despesa 20 PIBpm = C + G + I + (X – Q) Exportações líquidas (X-Q): procura externa de bens e serviços (X) líquida de oferta externa (Q) + Exportações (X): são utilização final (do ponto de vista da nossa economia, independentemente do emprego que terão no exterior) de produção da nossa economia num dado período de tempo - Importações (Q): alimentam despesa final interna sem que tenham sido criadas na nossa economia e no período em causa [C+G+I+X de bens e serviços não produzidos no território nacional são descontados pela subtração das importações (- Q)] (In FEP-UP) Medição do PIB: A ótica da despesa Componentes da despesa Exportações líquidas (NX) Setor internacional: (Exportações – Importações) 21 PIBpm = C +G + I + NX Medição do PIB: A ótica da despesa Conceitos Procura interna = C+G+I Procura externa = X Procura global (satisfeita, em parte, por I) Procura interna + procura externa 22 (ver tabela pág. 19 FEP) O conceito de valor acrescentado O valor acrescentado corresponde ao valor de mercado do bem ou serviço, menos o custo dos bens intermédios utilizados na produção. A soma de todos os valores acrescentados num processo produtivo é igual ao valor dos bens e serviços finais que resultam desse processo. 23 ∑VA = PIB Valor acrescentado O exemplo da produção de pão24 Empresa Receitas – Custo dos bens intermédios = V.A. Cerealífera €0.50 €0.00 €0.50 Moagem €1.20 €0.50 €0.70 Padeiro €2.00 €1.20 €0.80 Total €2.00 O conceito de Unidade Residente Unidade residente Detém um centro de interesse económico no território. Efetua operações económicas no território económico por um período superior a um ano. Uma unidade que efetua operações no território económico de vários países tem um centro de interesse económico em cada um deles. Critério de residência não deve ser confundido com o critério de nacionalidade. 25 Produto Interno e Rendimento Nacional Produto interno Riqueza criada no território económico, pelo contributo de fatores de produção que são propriedade de unidades residentes e de unidades não residentes. Rendimento nacional Riqueza criada pelo contributo dos fatores de produção que são propriedade das unidades residentes, quer esse contributo tenha ocorrido no território económico quer fora dele. Rendimento Nacional Bruto (RNBpm) = PIBpm+ Rendimentos primários recebidos do resto do mundo – Rendimentos primários enviados para o resto do mundo Rendimento Nacional Líquido (RNLpm) = RNBpm – Consumo de capital fixo 26 Rendimento Nacional Disponível Rendimento Nacional Disponível = Rendimento Nacional + Transferências recebidas do resto do Mundo - Transferências enviadas para o resto do Mundo Transferências: fluxos unilaterais que não dependem da participação no processo produtivo (por exemplo, as remessas de emigrantes e imigrantes). 27 A identidade básica da contabilidade nacional28 = = Valor de mercado dos bens e serviços finais Ótica do Produto Ótica da Despesa Ótica do Rendimento Investimento Consumo Privado Consumo Público Exportações líquidas Rendimentos do capital Rendimentos do trabalho PIB nominal versus PIB real Principais variáveis macroeconómicas (PIB, C, G, I, X, Q,...): sendo agregações, são necessariamente valores monetários • Calculadas a preços correntes / em valor / em termos nominais, • Mas interessa, frequentemente, comparar a evolução das grandezas macroeconómicas a preços constantes / em volume / em termos reais, para avaliar efetivamente a evolução do bem-estar material 29 PIB nominal versus PIB real PIB nominal (valorizado a preços correntes) Uma medida do PIB em que as quantidades produzidas são avaliadas aos preços do próprio ano (ano corrente). Mede o valor corrente (por exemplo, em euros) da produção. 30 PIB nominal versus PIB real PIB real (valorizado a preços constantes) Uma medida do PIB em que as quantidades produzidas são avaliadas aos preços registados num ano base e não aos preços praticados no ano corrente. Mede o volume físico atual da produção. Permite comparações do PIB em diferentes períodos do tempo (PIB de anos diferentes valorizado a preços de um mesmo ano). 31 Preços e quantidades em 2005 e 2010 (2005 é o ano base) Quantidade livros Preço livros Quantidade CD’s Preço CD’s 2005 10 €10 15 €15 2010 20 €12 30 €18 PIB nominal 2005 = 10*€10 + 15*€15 = €325 PIB real 2005 = 10*€10 + 15*€15 = €325 No ano base: PIB real = PIB nominal PIB nominal 2010 = 20*€12 + 30*€18 = €780 PIB real 2010 = 20*€10 + 30*€15 = €650 Produção duplicou em volume mas o PIB nominal cresceu 2,4 vezes. PIB nominal pode ser uma medida enganadora do crescimento económico! 32 Notas… Economia paralela Autoconsumo 33 (ver diapositivos 27-29 FEP) Leitura recomendada Capítulo 18 do livro: Frank, R., Bernanke, B., “Princípios de Economia”, McGraw-Hill de Portugal, Lisboa, 2003. ISBN: 9789727731466. Capítulo 20 do livro: Samuelson, P. e Nordhaus, W., “Economia”, McGraw-Hill, 19ªedição, 2011. ISBN: 9789899717237. 34
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