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Aula 2 e 3 A Medição da Actividade Económica Maputo, 2020 1 Objectivos Neste tema pretende se apresentar as varias formas de quantificar a actividade económica de um pais por meio de contas nacionais. No fim deste capitulo o estudante deve ser capaz de: utilizar a informação disponível e as varias formas de quantificar a riqueza de um pais; Medir o custo de vida e o bem estar da população através dos grandes agregados macroeconómicas; 2 Medição da Actividade económica A necessidade de obter dados ordenadas que permitissem uma visão agregada dos fenómenos económicos ficou mais patente a partir da grande depressão dos anos 30, quando se evidenciou a necessidade da intervenção do Governo para recuperar o nível de actividade e de emprego. Neste âmbito, foi necessário o desenvolvimento da chamada Contabilidade Nacional, um instrumento que permitisse mensurar as actividades económicas. 3 A contabilidade Nacional Existem varias razões que nos leva a estudar a contabilidade nacional, entre elas aponta se as seguintes: - A necessidade de fornecer um estrutura formal aos modelos macroeconómicos; - Caracterizar a economia usando dados numéricos que compõem agregados macroeconómicos utilizados para medir bem estar da população; - Apoiar o governo a perspectivar as politicas económicas. 4 Limitações do PIB No calculo do PIB podem ser apresentadas varias limitações entre varias destacar se: O PIB não mede as transacções realizadas no mercado informal; O PIB não mede valores provenientes de actividades ilícitas ou ilegais; O PIB não mede efeitos negativos de algumas actividades económicas ( externalidades). 5 O produto — produto interno bruto( PIB) O estudo das contas nacionais começa da medição básica do produto, portanto o PIB é o valor de todos os serviços e bens finais produzidos no país num determinado período de tempo. As estatísticas do PIB permitem avaliar se a economia está em contracção ou expansão, portanto, seria impossível sem o PIB. 6 As Três Óptica de Determinação dos Agregados Macroeconómicos fundamentais Numa economia produz-se, efectua-se despesa e distribui-se rendimentos. A estas três actividades correspondem as três ópticas de medição do produto: óptica da produção; óptica do rendimento; óptica da despesa. 7 As Três Óptica de Determinação dos Agregados Macroeconómicos fundamentais Os valores do Produto Interno não são iguais calculado em diferentes ópticas, mas sim aproximados, e podem ser diferenciado da seguinte forma: Óptica da Produção - Produto Interno Bruto ao custo de factores (PIBcf); Óptica do Rendimento - Produto Interno Líquido ao custo de factores (PILcf); Óptica da Despesa - Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm). 8 Calculo do PIB: óptica de produção Pode se determinar o PIB na óptica de produção pela soma valores dos bens finais ou dos valores acrescentados. O método dos produtos finais: consiste na determinação do valor de produção dos bens e serviços, destinados a utilizações finais (adquiridos e consumidos pelos consumidores). O método dos valores acrescentados :este método contabiliza o valor daquilo que a empresa ou sector produtivo produziu durante um determinado período do tempo. 9 Método dos Produtos Finais A contabilização do PIB usando o método dos produtos finais não considera os valor de produção em todo processo produtivo considera apenas os produtos acabados ( bens e serviços finais). Este considera apenas os valores dos produtos destinados para o consumo final para evitar a dupla contagem. 10 Método dos Valores Acrescentados O método dos valores acrescentados consiste na soma do valor acrescentado bruto (VAB) em cada etapa do processo produtivo. Valor acrescentado é a diferença entre o valor dos bens produzidos e o custo das matérias-primas e dos serviços utilizados a produção. A essência deste método é somar aquilo que foi acrescido ao valor dos bens intermédios em cada fase do processo produtivo. 11 Calculo do PIB usando o método VAB e de Bens Finais Imaginemos uma economia que apenas produz pão, que é produzido através de farinha que deriva da transformação do trigo. 12 Valores acrescentados brutos (MT) Produto Vendas (1) Consumo Intermédio (2) VA (3=1-2) Trigo 5,0 0,00 5,00 Farinha 7,50 5,00 2,50 Pão 10,00 7,50 2,50 Calculo do PIB usando o método VAB e de Bens Finais O valor do PIB desta economia e de 10,00 unidade monetárias . Utilizado o método de bens ou produtos finais consideremos o valor do pão, sendo o único bem produzido nesta economia. O método de valor acrescentado, soma o valor de todas etapas, portando soma se os valores acrescentado na produção do pão. 13 Óptica de rendimento(RI) Para se poder realizar, a actividade produtiva necessita se de factores de produção, cujos detentores são remunerados pela sua utilização. A remuneração do trabalho inclui não apenas o salário, mas também as contribuições sociais; o capital é remunerado através de juros, lucros e rendas; estas últimas remuneram também o factor terra. Somando estes rendimentos obtém- se o Rendimento Interno. 14 Óptica de rendimento(RI) A determinação do PIB pela óptica do rendimento compreende a remuneração dos factores utilizados na produção. Conforme apresenta-se a formula do rendimento interno, abaixo: RI = Salários e Ordenados (S) + Rendas (R) + Lucros (L) + Juros (J) 15 Óptica de rendimento(RI) No calculo do rendimentos entendemos como esses são gerados no processo produtivo e como são distribuídos pelos diversos factores que nele participam. RI = RT = S+R+ J+L VALcf = S+J+R+L PILcf = S+R+J+L O somatório se rendimentos medidos antes do pagamentos de impostos. 16 Óptica da Despesa Depois da produção e pagamento dos factores produtivos, importa saber a finalidades e os empregos dado aos bens produzidos. Os produtos podem ser empregue para as seguintes finalidades: - consumo das famílias (C); - Consumo público ou gastos do governo ( G); - Bens de Capital (IB) = compra de bens produtivos que vão servir em vários processos produtivos ( FBCF) + depreciações; - Exterior(X- M) = Exportações (X) – Importações (M) DI = PIBpm = C+G+I+X-M 17 Óptica da Despesa Chama-se despesa interna, a despesa feita em bens e serviços finais produzidos internamente. Não se deve confundir a despesa interna com procura interna, que é a despesa feita pelos residentes quer em produtos internos quer em importados dentro de um determinado país. DI= C+G+I+(X-M) DI = PIBpm Procura Interna = C+I+G Oferta Interna = C+G+I Procura externa =X Oferta Externa = M Procura Global = C+I+G+X Oferta global = C+I+G+M 18 Caso especifico do Sector Publico Administrativo no calculo do PIB As despesas do Estado resumem se em compras as empresas (G*), vencimento dos funcionários públicos (VFP), juros da divida publica (JDP) e poupança do Governo (SG). Nas contas nacionais os JDP não são contabilizados porque não são considerado juros produtivos e o VFP faz parte da rubrica de salários (S) na óptica de rendimentos. Óptica do rendimento : RI = S(S+VFP) +R+J(não inclui os JDP) +L Óptica da Despesa: DI = C+ G(G*+VFP)+IB+X-M 19 Critério de Delimitação Espacial da Economia Existem dois grandes critérios de delimitação espacial da economia: Critério do território nacional: considera se todos os agentes económicos ( Independente da nacionalidade) que exercem a actividade produtiva dentro das fronteiras politicas do pais em questão ( Inclui embaixadas, consulados, navios, e aviões operando no exterior). Critério da nacionalidade:considera se os agentes com residência habitual ( dentro do pais) e inclui se no Produto a produção atribuível aos factores de produção nacional independentemente do território onde foram prestado os seus serviços. Inclui se a actividade dos nacionais no estrangeiros exercida num período em menos de um ano 20 O produto nacional bruto (PNB) Para obter o produto nacional bruto (PNB), adiciona se no PIB os rendimentos líquidos dos factores externos. PNB=PIB + R liq. ext. (Pagamentos do Factor do Exterior – Pagamentos do Factor para o Exterior). Enquanto o PIB mede a renda total da produção interna, isto é o PIB representa toda a riqueza produzidas dentro da fronteira de um País, o PNB considera todos os valores produzidos internamente e os recebidos do exterior. 21 As Remessas dos Emigrantes As remessas de emigrantes não fazem parte do Rendimentos líquidos do exterior, mas sim das transferências unilaterais ou correntes,esses aumentam o rendimentos disponíveis dos nacionais. A rubrica de transferências unilaterais (TU) inclui outro tipo de operações como pagamento de juros por empréstimos contraídos no exterior, transferências publicas entre os estados. Trf correntes liq, do exterior = Trf correntes recebidas do exterior – Trf correntes pagas ao exterior 22 o Produto Nacional Liquido Para obter o Produto Nacional Liquido (PNL) subtraímos a depreciação do capital – (a quantidade de fábricas, equipamentos e estruturas residenciais da economia) que de desgastam durante o ano: PNL=PNB– amortizações. Bem como podemos dizer que o somatório de todos os rendimentos gerados num pais obtemos o PILcf = RI, e se adicionamos o saldo dos rendimentos do exterior teremos PNLcf = RN. 23 Comparação do PIB e o PNB 24 PIBcf – A = PILcf PIBcf + Ti – Z = PIBpm PIBpm +SREx = PNBpm PILcf + SREx = PNLcf ƩVAB = PIBcf RI = PILcf RI + RLX = RN = PNBcf DI = PIBpm DI + RLX = DN = PNBpm PIB Real Vs PIB Nominal Na medição dos bens e serviços produzidos numa economia usamos como unidade de medida os preços de mercado dos diferentes bens e serviços. Mas os preços variam ao longo do tempo, portanto existe a necessidade de ajustamento em razão de variação no nível geral de preços. Para determinar a evolução real dos agregados, os economistas usam duas medidas: o PIB nominal e PIB real. 25 PIB Nominal PIB nominal mede o valor do produto de um dado período do tempo, aos preços desta altura ou seja quando a produção é valorizada com os preços vigentes no ano em que ocorreu a produção. PIB nominal t =Ʃ(Qt * Pt) Onde : Qt– representa a quantidade da produção no ano corrente; Pt– representa o preço da produção no ano corrente. 26 PIB Real O PIB real é o valor dos bens e serviços avaliados a preços constante. Mede as variações físicas do produto em período de tempo diferentes. O PIB real é a medida mais perfeita do bem-estar económico, pois leva em conta a produção total de bens e serviços sem a influência da variação nos preços. PIB real t =Ʃ(Qt*P0) Onde : Qt– representa a quantidade da produção no ano corrente; P0– representa o preço da produção do ano base. 27 Calculo do PIB Nominal Para efeito ilustrativo, suponha que no ano 2016 e 2017 uma economia produziu 3 bens: A, B, e C da seguinte forma: PIBnominal 2016= Ʃ(Qt * Pt) = ( 4*4+8*6+2*10) = 84 PIBnominal 2017 = (3*5 +12*4 +4*15) = 123 PIBreal 2016 =Ʃ (Qt*P0 ) = (4*4 +8*6 + 2*10) = 84 PIBreal 2017 =Ʃ (Qt*P0 ) = (3*4 +12*6 + 4*10) = 124 28 Produto Qtd Preço (MT) Qtd Preço (MT) 2016 2017 A 4 4 3 5 B 8 6 12 4 C 2 10 4 15 Índice de preços Os principais índices de preços são: o deflator de PIB, o índice de preços ao consumidos (IPC) e índice de preços ao produtor(IPP). Se todos preços variarem na mesma proporção (por exemplo uma duplicação), qualquer índice de preços razoável ira variar na mesma proporção, quando alguns preços variam mais do que outros, os índices de preços diferirão de acordo como os diferentes preços são ponderados 29 O Deflactor do PIB O Deflactor mede a variação dos preços que ocorreu entre o ano base e o ano corrente, é calculado como a razão entre o PIB nominal e o PIB real. Deflactor do PIB = 𝑷𝑰𝑩 𝑵𝒐𝒎𝒊𝒏𝒂𝒍 𝑷𝑰𝑩 𝒓𝒆𝒂𝒍 * 100 Este é um índice que mede o preço da produção em relação ao seu preço no ano base. Reflecte o que está a acontecer com o nível geral de preços na economia porque envolve todos os bens produzidos na economia é frequentemente utilizado na medição da inflação. 30 O Deflactor do PIB Imagine que uma dada economia apresenta os seguintes dados: PIB nominal em 2001 =200 milhões e em 2002 =600 melhores; PIB real em 2001 = 200 milhões e em 2002 = 350 milhões. Em 2001 o deflactor do PIB é igual a 100. No ano base o deflactor do PIB é sempre igual a 100. No ano 2002, o PIB nominal é de 600 e o PIB real é de 350, de modo que o deflactor do PIB é de 171. Como o deflactor do PIB aumentou de 100 para 171, podemos dizer que em 2002 o nível de preços aumentou em 71%. 31 Índice de Preços ao Consumidor Índice de Preços ao Consumidor (IPC) mede o custo geral dos bens e serviços comprados por um consumidor típico. O IPC é usado para monitorar mudanças do custo de vida ao longo do tempo. Quando o índice de preços ao consumidor aumenta, a família típica tem que gastar mais unidades monetárias para manter o mesmo padrão de vida. O IPC é calculado com base em dados de preços de vários bens e serviços. Em Moçambique é calculado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) 32 Calculo do IPC Como é calculado o índice de preço ao consumidor? Os passos para calcular o IPC são: 1. Determina-se a cesta 2. Pesquisar os preços (levantamento dos preços de cada um dos bens e serviços que compõem a cesta) 3. Calcular o custo da cesta( com base aos preços para calcular o custo da cesta em diferentes momentos) 4. Escolher um ano base e calcular o índice (determinação do ano base, que é o padrão em relação ao qual os demais anos serão confrontados. Em seguida calcula se o IPC pela divisão do valor da pelo preço da cesta no ano-base e o resultado é multiplicado por 100. 33 Exemplo Suponhamos que o consumidor típico compra 5 kg de arroz e 2 kg de peixe todos os meses. Então o cabaz de bens consiste em 5kg de arroz e 2 kg de peixe, e o IPC é: IPC = ( 5 Preço corrente de arroz) + (2 Preço corrente de peixe) ( 5 Preço de arroz em 2009) + (2 Preço de peixe em 2009) IPC =(Valor do cabaz a preço dos bens no ano x/valor do cabaz a Preço do bem no ano base) *100 Neste cálculo do IPC, 2009 é o ano base. O índice diz quanto custa comprar 5 kg de arroz e 2 kg de peixe no ano em curso em relação ao custo do mesmo cabaz em 2009. 34 Inflação Inflação é o aumento generalizado e persistente do nível geral de preços de bens e serviços. A inflação é verificada com o aumento geral de preços não somente de alguns produtos. Ela provoca a perda do poder aquisitivo da moeda, sendo necessária uma quantidade cada vez maior quantidade de dinheiro para adquirir as mesmas quantidades de bens e serviços que as famílias geralmente compram . 35 Taxa de Inflação A taxa de inflação é a taxa de variação do nível geral de preços, é calculado usando o índice de preços ao consumidor, com base na seguinte fórmula: 𝜋 = 𝐼𝑃𝐶𝑡 − 𝐼𝑃𝐶𝑡 −1 𝐼𝑃𝐶𝑡 −1 = Onde: IPC = índice de preços ao consumidor do ano actual IPCt−1 =índice de preços ao consumidor do ano anterior 36 Taxa de Desemprego A taxa de desemprego é a percentagem da população activa que esta desempregada. A taxa de população activa inclui todas as pessoas empregue e todas desempregadas que estão aprocura de emprego. Exclui, portanto todos os que não estão empregue mas não procuram emprego. A taxa de desemprego reflecte o estado do ciclo económico : quando o produto reduz a procura de trabalhadores reduz e a taxa de desemprego aumenta. 37 Medição do Desemprego O desemprego é medido através da taxa de desemprego. A taxa de desemprego é o número de pessoas desempregadas dividido pelo total da população activa. A fórmula do cálculo da taxa de desemprego: TD = PD/PA *100 Onde TD é a taxa de desemprego, PD é o número de pessoas desempregadas e PA é o total da população activa. Dizer que um país apresenta uma taxa de desemprego de 10% significa que, em cada 100 activos, 10 estão desempregados. 38 População A população Total : Inclui o conjunto das pessoas nacionais ou estrangeiras, estabelecida de forma permanente no território económico do pais, mesmo que se encontre temporariamente ausentes. População = População activa + população inactiva População em idade activa: população com condições potencias para trabalhar. Normalmente é identificada com a população de entre 15 a 60 e 15 a 70 anos etc. 39 Taxa de actividade Taxa de actividade representa a percentagem da população activa, isto é, a população que tem ou procura emprego. A taxa de actividade calcula-se da seguinte forma: TA= PA/PT×100 Onde TA é a taxa de actividade, PA é o total da população activa e PT é o total da população. 40 Conclusão Foi possível perceber que existem três indicadores importantes ou estatísticas discutidas neste tema (PIB, IPC e a taxa de desemprego) quantificam o desempenho da economia. Os tomadores de decisões públicos e privados usam estas estatísticas para monitorar mudanças na economia e formular políticas apropriadas. Por sua vez, os economistas usam estas estatísticas para desenvolver e testar teorias sobre como a economia funciona. Isto é, eles constroem modelos que explicam como estas variáveis são determinadas, e como a política económica afecta as mesmas. 41 BIBLIOGRAFIA • Dornbusch, R; Fischer, S e Startz ,R (1998): Macroeconomia, 7ª Edição. Lisboa. Mcgraw Hill • Mankiw, N. G. (2009): Macroeconomics. 7th Edition, New York • Santos,J; Braga, Jacinto ; Teixeira, Manuel e Aubyn, Miguel.(1994): Macroeconomia: Exercícios e Teoria. Lisboa • Ferraz, A.M. (2002):Análise Macroeconomia. Teoria e Pratica, Lisboa, Escolar editora. 42
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