Buscar

Anatomofisiologia - Unidade I - Livro texto

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 108 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 108 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 108 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Autoras: Profa. Daniella do Carmo Buonfiglio
 Profa. Laura Cristina da Cruz Dominciano
Colaboradoras: Profa. Cristiane Jaciana Furlaneto
 Profa. Claudia Ferreira dos Santos Ruiz Figueiredo
Anatomofisiologia
Professoras conteudistas: Daniella do Carmo Buonfiglio/
Laura Cristina da Cruz Dominciano
Daniella do Carmo Buonfiglio
Licenciada e bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Metodista de São Paulo (2004) e doutora em 
Ciências (na área de fisiologia humana) pela Universidade de São Paulo – USP (2011), onde desenvolveu um projeto 
paralelo como parte de um estágio na Université Louis Pasteur, em Strasbourg, França. Já pós-graduada, continuou 
sua linha de pesquisa sobre os ritmos circadianos na retina de animais diabéticos, aprofundando-se em mecanismos 
de ação. E durante seu pós-doutorado (2013), no Instituto de Ciências Biomédicas da USP, começou a experiência 
docente com a orientação de alunos de iniciação científica. Atualmente, ministra aulas de fisiologia humana, citologia 
e histologia na Universidade Paulista (UNIP), para os cursos de graduação em Biologia, Farmácia e Biomedicina. 
Recentemente, retornou à pesquisa, realizando um novo pós-doutorado na USP, estudando o impacto da obesidade 
no comportamento maternal e lactação.
Laura Cristina da Cruz Dominciano
Graduada em Ciências Biológicas pela Uniararas (1995), mestre em Biologia Comparada pela Faculdade de Filosofia, 
Ciências e Letras de Ribeirão Preto – USP (2001) e doutora em Ciências pela Faculdade de Zootecnia e Engenharia 
de Alimentos de Pirassununga – USP (2015). Leciona na Universidade Paulista (UNIP), campus de São José do Rio 
Pardo, desde 2002, nos cursos de Enfermagem, Nutrição e Biomedicina, nas disciplinas de Biologia e áreas afins, e 
é coordenadora auxiliar e docente do curso de Ciências Biológicas da UNIP, campus Vargas, Ribeirão Preto, desde 
2012. Também atua como docente na pós-graduação em Gestão Ambiental na disciplina Fundamentos de Ecologia, 
Ecossistemas, Saúde Pública e Meio Ambiente e é coordenadora da pós-graduação MBA em Sistemas Ambientais: do 
Micro ao Macro na Sustentabilidade.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
B944a Buonfiglio, Daniella do Carmo.
Anatomofisiologia / Daniella do Carmo Buonfiglio, Laura Cristina 
da Cruz Dominciano. – São Paulo: Editora Sol, 2022.
238 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Anatomia. 2. Fisiologia. 3. Sistemas. I. Buonfiglio, Daniella do 
Carmo. II. Dominciano, Laura Cristina da Cruz. III. Título.
CDU 611/612
U516.30 – 22
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Profa. Sandra Miessa
Reitora em Exercício
Profa. Dra. Marilia Ancona Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Profa. Dra. Marina Ancona Lopez Soligo
Vice-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Claudia Meucci Andreatini
Vice-Reitora de Administração
Prof. Dr. Paschoal Laercio Armonia
Vice-Reitor de Extensão
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades do Interior
Unip Interativa
Profa. Elisabete Brihy
Prof. Marcelo Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático
 Comissão editorial: 
 Profa. Dra. Christiane Mazur Doi
 Profa. Dra. Angélica L. Carlini
 Profa. Dra. Ronilda Ribeiro
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista
 Profa. Deise Alcantara Carreiro
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Jaci Albuquerque
 Caio Ramalho
Sumário
Anatomofisiologia
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................9
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................9
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À ANATOMIA HUMANA ................................................................................................... 11
1.1 Anatomia sistêmica ............................................................................................................................. 11
1.2 Anatomia topográfica ........................................................................................................................ 12
1.3 Divisão do corpo humano................................................................................................................. 12
1.4 Variações anatômicas e nomenclatura ....................................................................................... 13
1.5 Posição anatômica, planos e eixos ................................................................................................ 16
1.6 Introdução à fisiologia humana ..................................................................................................... 19
1.7 Organização funcional do corpo humano ................................................................................. 19
1.8 Controle do meio interno e homeostase .................................................................................... 20
1.9 Transporte de substâncias por meio da membrana celular ................................................ 22
1.9.1 Composição química das membranas biológicas ...................................................................... 22
1.9.2 Transporte por meio das membranas celulares .......................................................................... 23
2 NEUROFISIOLOGIA .......................................................................................................................................... 28
2.1 Organização do sistema nervoso ................................................................................................... 29
2.2 Aspectos gerais e funcionais dos neurônios e das neuroglias ........................................... 31
2.3 Potencial de ação ................................................................................................................................. 38
2.3.1 Mecanismos iônicos do potencial de ação ................................................................................... 41
2.4 Transmissão sináptica: sinapses elétrica e química ................................................................ 43
2.5 Neurônios sensoriais ........................................................................................................................... 45
2.5.1 Tato e os mecanorreceptores da pele ............................................................................................. 47
2.5.2 Campo receptivo ..................................................................................................................................... 49
2.5.3 Processamento da informação sensorial ...................................................................................... 50
2.6 Neurônios motores .............................................................................................................................. 51
2.7 Sistema nervoso autonômico .......................................................................................................... 53
2.7.1 Sistema simpático .................................................................................................................................. 54
2.7.2 Sistema parassimpático........................................................................................................................ 55
2.7.3 Sistema neurovegetativo entérico ................................................................................................... 57
3 SISTEMA MUSCULAR .....................................................................................................................................58
3.1 Tipos de músculos ................................................................................................................................ 58
3.2 Elementos que participam da contração e ausência de contração muscular ............. 60
3.3 Mecanismos da contração muscular esquelética ................................................................... 63
3.4 Placa motora .......................................................................................................................................... 65
4 SISTEMA CARDIOVASCULAR ....................................................................................................................... 67
4.1 Circulação do sangue (circulação pulmonar e sistêmica) ................................................... 70
4.2 Ciclo cardíaco ......................................................................................................................................... 72
4.2.1 Bulhas cardíacas ...................................................................................................................................... 74
4.3 Débito cardíaco ..................................................................................................................................... 74
4.4 Automatismo cardíaco ....................................................................................................................... 75
4.5 Potencial de ação cardíaco ............................................................................................................... 76
4.6 Ritmicidade cardíaca e o sistema de condução ....................................................................... 79
4.7 Eletrocardiograma (ECG) ................................................................................................................... 80
4.8 Regulação da pressão arterial ......................................................................................................... 81
4.9 Regulação neural da pressão arterial ........................................................................................... 83
4.10 Regulação humoral da pressão arterial .................................................................................... 85
4.11 Sistema sanguíneo ............................................................................................................................. 87
4.11.1 Composição do sangue (porção líquida e celular) .................................................................. 87
4.11.2 Funções dos eritrócitos, leucócitos e plaquetas ....................................................................... 91
4.11.3 Tipos sanguíneos ................................................................................................................................... 96
4.11.4 Hemostasia .............................................................................................................................................. 99
Unidade II
5 SISTEMA RESPIRATÓRIO .............................................................................................................................109
5.1 Vias aéreas: porção condutora e respiratória .........................................................................109
5.2 Mecânica ventilatória, volumes e capacidades pulmonares ............................................113
5.3 Difusão dos gases, transporte dos gases pelo sangue e pressões de 
trocas gasosas .............................................................................................................................................118
5.4 Transporte de oxigênio no sangue ..............................................................................................120
5.5 Controle nervoso da respiração ....................................................................................................124
6 SISTEMA DIGESTÓRIO ..................................................................................................................................124
6.1 Estrutura geral do sistema digestório: processos de mastigação, 
deglutição, digestão, absorção e defecação ...................................................................................124
6.2 Resposta integrada a uma refeição ............................................................................................132
6.3 Glândulas anexas: fígado e pâncreas .........................................................................................144
6.4 Digestão e absorção dos carboidratos .......................................................................................148
6.5 Digestão e absorção das proteínas .............................................................................................149
6.6 Digestão e absorção dos lipídios ..................................................................................................150
6.7 Secreção e absorção de água e eletrólitos ...............................................................................151
Unidade III
7 SISTEMA RENAL .............................................................................................................................................160
7.1 Morfologia funcional do rim .........................................................................................................160
7.2 Filtração glomerular ..........................................................................................................................166
7.3 Absorção, excreção e formação da urina .................................................................................169
7.4 Túbulo proximal ..................................................................................................................................170
7.5 Alça de Henle .......................................................................................................................................172
7.6 Túbulo distal e túbulo coletor .......................................................................................................173
7.7 Regulação da reabsorção de NaCl e água ................................................................................174
7.8 Regulação de volume e osmolaridade pelo rim ....................................................................175
8 SISTEMA ENDÓCRINO .................................................................................................................................180
8.1 Classificação dos hormônios .........................................................................................................180
8.2 Regulação da secreção hormonal ...............................................................................................183
8.3 Sistema hipotálamo-hipófise ........................................................................................................184
8.4 Neuro-hipófise (posterior) ..............................................................................................................185
8.5 Adeno-hipófise (anterior) ...............................................................................................................186
8.6 Glândula tireoide ................................................................................................................................193
8.6.1 Síntese dos hormônios tireoidianos ............................................................................................. 194
8.6.2 Secreção dos hormônios tireoidianos ......................................................................................... 195
8.6.3 Funções dos hormônios tireoidianos ........................................................................................... 196
8.7 Glândula paratireoide .......................................................................................................................198
8.8 Pâncreas endócrino ...........................................................................................................................1998.9 Glândula adrenal ................................................................................................................................202
8.9.1 Medula adrenal ..................................................................................................................................... 203
8.10 Gônadas: sistemas reprodutores masculino e feminino ..................................................207
8.10.1 Sistema reprodutor masculino ..................................................................................................... 208
8.10.2 Sistema reprodutor feminino ........................................................................................................213
9
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina visa construir com o aluno uma base adequada de conhecimentos anatômicos e 
fisiológicos sobre o funcionamento de órgãos e sistemas do corpo humano. A disciplina aborda os 
aspectos anatomofisiológicos dos sistemas nervoso, muscular, cardiovascular, sanguíneo, digestório, 
respiratório, renal e endócrino.
A disciplina pretende demonstrar o desempenho e a disposição dos diversos órgãos, abordando 
aspectos fisiológicos e anatômicos de cada sistema estudado, para que o aluno possa integrar esse 
conhecimento a sua área de atuação profissional.
Inicialmente, faremos uma introdução à anatomia e à fisiologia, apresentando ao aluno os 
conceitos básicos, iniciando a investigação da localização, da atividade e do equilíbrio do corpo 
humano. Em seguida, será abordado o sistema nervoso, que é o grande centro integrador e regulador 
de todas as nossas funções, assim como o sistema muscular, que é o sistema efetor controlado pelo 
sistema nervoso. Na sequência serão estudados os sistemas cardiovascular e sanguíneo, responsáveis 
pelo transporte e pela distribuição de substâncias para todo o organismo.
Em seguida, analisaremos dois sistemas, mostrando a fisiologia e a anatomia do sistema respiratório, 
especializado na captação do oxigênio (O2) e na eliminação do gás carbônico (CO2), sendo um órgão 
excretor, assim como o sistema digestório, que trata dos eventos relacionados à mastigação, à 
digestão e à absorção dos nutrientes oriundos da alimentação, também excretando resíduos não 
reutilizados por nosso corpo. 
Por último, abordaremos outro órgão excretor, que é o sistema renal, responsável pela depuração 
do organismo, em que mostraremos as partes anatômicas e suas funções de filtração, reabsorção e 
regulação de pressão arterial, osmótica e eritrócitos, para manter nossa vitalidade. E finalizaremos 
estudando o sistema endócrino, o qual, por meio dos hormônios, modula e integra todas as funções 
do organismo. 
INTRODUÇÃO
A palavra anatomia tem sua origem grega ana e significa cortar em partes. Já o termo fisiologia 
tem sua origem em dois termos gregos: physis (natureza) e logos (estudo). Os termos se referem aos 
estudos dos fenômenos naturais de origens biológicas, tanto animal quanto vegetal. O presente livro 
abordará a anatomia e a fisiologia humana, sendo estes os alicerces para a compreensão das patologias 
e do funcionamento do corpo que nos governa. 
Para um profissional da área das ciências biológicas, seja no bacharelado, seja na licenciatura, 
é fundamental a compreensão das partes que compõem o corpo humano, para assim efetivar o 
conhecimento da biologia comparada aos demais seres vivos, sejam eles animais ou vegetais. 
Para que o corpo humano funcione adequadamente, é necessário que todos os sistemas (nervoso, 
muscular, cardiovascular, respiratório, digestório, urinário, renal e endócrino) trabalhem de forma 
10
integrada, mantendo o equilíbrio do meio interno, também chamado homeostase. Quando um dos 
sistemas deixa de funcionar de forma natural, ou seja, não fisiologicamente, determinado sistema 
pode perder total ou parcialmente a função; nesse momento, entramos em outro campo de estudo: a 
patofisiologia. Porém, para entendermos os mecanismos das doenças, antes, precisamos entender como 
é o funcionamento de um organismo saudável, e isso é responsabilidade da anatomofisiologia.
Aluno(a), no decorrer das unidades, você perceberá que diversos eventos anatômicos e 
fisiológicos, aqui descritos, são observáveis em seu dia a dia. Você entenderá, por exemplo, por que 
salivamos quando sentimos o cheiro de uma comida apetitosa ou por que nossas avós estavam 
corretas quando diziam que, para crescer, precisávamos dormir. O corpo funciona a partir de diversos 
processos complexos, que serão abordados neste livro-texto de forma clara e bastante harmoniosa 
para facilitar a sua aprendizagem.
Pretendemos, com este livro, não apenas contribuir para a formação de futuros profissionais da 
área de ciências biológicas, mas também despertar a disposição, em cada aluno, ao aprofundamento na 
investigação dessa poderosa máquina que é o corpo humano.
11
ANATOMOFISIOLOGIA
Unidade I
1 INTRODUÇÃO À ANATOMIA HUMANA
A anatomia é a ciência que estuda a constituição e o desenvolvimento dos seres organizados e se 
origina da palavra grega anatome, cujo significado é cortar em partes, cortar separado, sem destruir 
os elementos componentes, ou seja, dissecar, sendo, portanto, a parte da biologia que estuda a 
morfologia ou a estrutura dos seres vivos. A todos nós que lidamos com o ensino da biologia humana, o 
conhecimento da organização do corpo humano e suas diversas estruturas é extremamente importante, 
pois estamos investigando o terreno da área onde atuamos.
Seu estudo tem uma longa e interessante história, desde os primórdios da civilização humana. 
Inicialmente limitada ao observável a olho nu e pela manipulação dos corpos, expandiu-se, ao longo 
do tempo, graças à aquisição de tecnologias inovadoras. O primeiro manuscrito publicado sobre a 
anatomia recebeu o nome de De Humani Corporis Fabrica, produzido no ano de 1543 por Andreas 
Vesalius, que é atualmente tido como o “pai da anatomia moderna”. O livro colocou por terra alguns 
conceitos falsos e auxiliou estudos mais aprofundados nessa área, e foi assim que começaram a ser 
disseminados cada vez mais estudos acerca da anatomia humana.
Você já pensou sobre a sua estruturação física, ou seja, sobre a sua anatomia? Sobre a sua simetria 
ou sobre a sua capacidade de andar ou respirar? Este tópico lhe habilitará conceituar anatomia e 
suas subdivisões. Você será capaz de descrever a posição anatômica e a divisão do corpo humano por 
sistemas e regiões; os planos e o eixo do corpo humano e a localização dos órgãos, usando os termos 
de posição e direção das estruturas do corpo humano. Você irá, ainda, conhecer os tipos constitucionais 
dos indivíduos e citar suas características morfológicas e os princípios de construção do corpo humano, 
e poderá conceituar normalidade e alterações da normalidade.
1.1 Anatomia sistêmica
A anatomia sistêmica é a parte que estuda os sistemas do nosso corpo, tais como o sistema tegumentar, o 
sistema esquelético, o sistema muscular, o sistema nervoso, o sistema respiratório, o sistema cardiovascular, 
o sistema urinário, o sistema endócrino, o sistema digestivo e o sistema reprodutor. 
Para aprender sobre os sistemas e o funcionamento do corpo humano, é necessário entender o 
que é homeostase e a sua importância. Juntamente à anatomia se estuda também a fisiologia, ou seja, 
o funcionamento dos sistemas. A fisiologia é uma ciência que pesquisa as funções dos seres vivos. 
A fisiologia humana estuda a função de cada parte do corpo, por isso tem uma grande ligação com a 
anatomia humana.
12
Unidade I
No nosso corpo, existem órgãos e complexos sistemas que interagem uns com os outros, de forma 
a garantir que as funções vitais do organismo estejam em funcionamento. Homeostase é o equilíbrio 
que esses sistemas devem ter para a realização dessas funções. Veremos mais sobre isso a seguir.
1.2 Anatomia topográfica
Anatomia topográfica é um método de estudo do corpo humano por regiões: cabeça, pescoço, 
tórax, abdome, dorso, membros, pelve e períneo. O objetivodesse estudo é conhecer os conceitos 
básicos dessas regiões. Por isso pode-se definir a anatomia topográfica como sendo o estudo da 
topografia geral dos órgãos. Entende-se por topografia, em primeiro lugar, a relação do órgão ao 
corpo todo, isto é, sua situação no corpo, conhecida como holotopia; já a relação imediata do órgão 
com os vizinhos próximos é a sintopia; a relação particular do órgão ao esqueleto é a esqueletotopia; 
e, finalmente, a relação recíproca das partes de um mesmo órgão é a idiotopia. Portanto, a holotopia, 
a sintopia, a esqueletotopia e a idiotopia integram o conceito geral de topografia.
No estudo da anatomia topográfica vários são os processos utilizados. Em primeiro lugar, como meio 
de fazer um estudo fundamental e básico, utiliza-se a dissecção do cadáver, sendo este o processo que 
fornece a maior soma de conhecimentos. Entretanto, aqui, a técnica de dissecação difere um pouco 
daquela seguida para o estudo da anatomia sistêmica, porque a anatomia topográfica não considera 
os sistemas e aparelhos, mas sim as regiões do corpo humano e em cada uma delas estuda todos os 
sistemas orgânicos.
1.3 Divisão do corpo humano
Classicamente o corpo humano é dividido em: cabeça, pescoço, tronco e membros. Cada uma dessas 
partes se subdivide, conforme exemplificado na figura a seguir. A cabeça está na extremidade superior 
do corpo, unida ao tronco pelo pescoço. O tronco se subdivide em tórax e abdome. Os membros são 
órgãos pares e se subdividem em superiores (torácicos) e inferiores (pélvicos). Os membros possuem uma 
raiz (cintura), que se une ao tronco, e uma parte livre. Nos membros superiores, a raiz (cintura escapular) 
é o ombro, e a parte livre se subdivide em braço, antebraço e mão. Entre o braço e o antebraço tem-se 
o cotovelo, e entre o antebraço e a mão, o punho. Nos membros inferiores, a raiz (cintura pélvica) é o 
quadril, e a parte livre se subdivide em coxa, perna e pé. Entre a coxa e a perna tem-se o joelho, e entre 
a perna e o pé, o tornozelo. Na versão posterior da posição anatômica, temos, na parte posterior do 
corpo, o pescoço, que recebe o nome de nuca; o tronco, que recebe o nome de dorso; e as nádegas, que 
correspondem à região glútea. 
13
ANATOMOFISIOLOGIA
Fronte ou 
“testa” (frontal) Nariz (nasal)
Olho (orbital ou ocular)
Orelha (ótico: auricular)
Bochecha
Pescoço (cervical)
Tórax 
(torácico)
Mama 
(mamário)
Abdome 
(abdominal)
Umbigo 
(umbilical)
Pelve 
(pélvico)
Mão 
(da mão)
Região inguinal 
ou “virilha”
Púbis (púbico)
Fêmur (osso da 
coxa) (femoral)
Pé (podálico)
A) B)
Hálux
Dedos do pé 
(falanges ) (digital)
Tarso ou 
“tornozelo” (tarsal)
Perna (crural)
Patela ou 
“rótula” (patelar)
Polegar
Palma 
(palmar)
Carpo ou 
“punho” (carpal)
Antebraço 
(antebraquial)
Fossa cubital
Braço (braquial)
Axila (axilar)
Mento ou “queixo” (mentual)
Boca (oral)
Cabeça (cefálico)
Crânio 
(cranial)
face 
(facial)
Planta do pé 
(plantar)
Calcanhar 
(região calcânea)
Sura (sural)
Fossa poplítea
Nádegas 
(região glútea)
Lombo 
(lombar)
Cotovelo 
(olécrano=osso 
do cotovelo) 
(cubital)
Tronco
Dorso 
(dorsal)
Acrômio 
(acromial)
Cabeça 
(cefálico)
Pescoço 
(cervical)
Membro 
superior
Membro 
inferior
Dedos da mão 
(falanges) 
(digital)
Figura 1 – Divisões do corpo humano: vista anterior (A) e vista posterior (B)
Fonte: Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 14).
1.4 Variações anatômicas e nomenclatura
Nos agrupamentos humanos, há evidentes diferenças morfológicas, denominadas variações 
anatômicas, que aparecem em qualquer um dos sistemas do organismo, sem prejuízo funcional. 
Por exemplo, um estômago de um indivíduo pode ser diferente em sua forma quando comparado ao 
de outro, podendo um ser alongado, com grande eixo vertical, e o outro mais horizontal, mas mesmo 
assim os dois estômagos executam os fenômenos digestivos normalmente; ou seja, existe uma variação 
na forma, sem alterar a função dos órgãos. Assim como em organismos humanos distintos, em um 
indivíduo uma artéria pode se dividir em duas ao nível da fossa do cotovelo e em outro ao nível da axila, 
mas a função da artéria de irrigar o membro superior continua preservada em ambos.
14
Unidade I
Devido a essas variações, o estudante deve considerar que os indivíduos que ele observa podem ser 
diferentes daqueles representados nos atlas de anatomia. As descrições anatômicas dos atlas obedecem 
a um padrão sem variações.
Quando as variações morfológicas têm perturbação funcional, são denominadas de anomalia. 
Por exemplo, o indivíduo que nasce sem um olho, além de ter variado a forma, ainda perdeu a função que o 
olho desempenharia. Outro exemplo pode ser a polidactilia (figura a seguir), considerada uma anomalia, em 
que o indivíduo nasce com um sexto dedo (ou mais) e há prejuízo da função, porém é compatível com a vida. 
Figura 2 – Polidactilia em um bebê
Disponível em: https://bit.ly/3PV7YI9. Acesso em: 26 jul. 2022.
Quando as anomalias são muito acentuadas, deformando profundamente o corpo do indivíduo, a 
ponto de ser incompatível com a vida, são chamadas de monstruosidade, como no caso na anencefalia 
(figura a seguir).
Figura 3 – Ilustração de indivíduo anencefálico
Disponível em: https://bit.ly/3owmWbL. Acesso em: 26 jul. 2022.
15
ANATOMOFISIOLOGIA
A anencefalia, por exemplo, é uma condição caracterizada pela má-formação ou ausência do 
cérebro e/ou da calota craniana (os rudimentos de cérebro, se existem, não são cobertos por ossos). 
Embora o termo sugira a falta total de cérebro, nem sempre é isso que acontece; muitas vezes 
há falta de partes importantes do cérebro, mas há a presença de algumas estruturas do tronco 
cerebral, o que sustenta a sobrevivência do feto. Contudo, a expectativa de vida de bebês nascidos 
com anencefalia é muito curta, e ela é sempre uma patologia letal a curtíssimo prazo. Trata-se de 
ocorrência rara (1/1.000 ou 1/10.000, conforme as estatísticas), mais comum em fetos femininos 
e em mães nos extremos da faixa reprodutiva, muito jovens ou muito idosas. A incidência, na 
verdade, pode ser maior que essa porque ocorrem muitos casos de abortos espontâneos em que a 
condição não é diagnosticada.
Temos ainda variações anatômicas individuais que decorrem de fatores como: idade, sexo, 
raça, tipo constitucional e evolução. A idade é responsável por alterações anatômicas evidentes. 
Desde a fase intrauterina até a velhice nosso corpo passa por inúmeras transformações. Pelo fator 
sexo (masculino ou feminino) é possível diferenciar indivíduos devido às características especiais, 
muito além da simples diferença de órgãos genitais. Pela raça, um grupo humano se distingue de 
outro devido a características físicas, como, por exemplo, pela cor da pele. Na grande variabilidade 
morfológica humana há possibilidade de reconhecer várias formas constitucionais, do tipo médio 
aos tipos extremos e mistos. Os tipos são chamados de brevilíneo, mediolíneo e longilíneo, conforme 
exemplificado na figura a seguir.
Mediolíneo BrevilíneoLongilíneo
Figura 4 – Variabilidade morfológica humana
Adaptada de: https://bit.ly/3BfnL0p. Acesso em: 26 jul. 2022.
16
Unidade I
Os brevilíneos são indivíduos “atarracados”, em geral baixos, com pescoço curto, tórax de grande 
diâmetro anteroposteriormente e membros curtos em relação à altura do tronco. Os mediolíneos 
apresentam caracteres intermediários aos tipos extremos. Os longilíneos são indivíduos magros, em 
geral mais altos, com pescoço longo, tórax muito achatado anteroposteriormente, com membros longos 
em relação à altura do tronco.
A nomenclatura é o conjunto de termos empregados para designar e descrever o organismo ou suas 
partes. Os termos indicam:
• Forma: por exemplo, músculo trapézio (do formato de um trapézio).
• Posição ou situação: por exemplo, nervo mediano (localizado no meio do membro superior).
• Trajeto: por exemplo, artéria circunflexa da escápula (que faz uma curva em torno da escápula).
• Conexões ou inter-relações: por exemplo, ligamento sacroilíaco(que liga o osso sacro ao 
osso ilíaco).
• Relação com o esqueleto: por exemplo, artéria radial (localizada sobre a porção distal do 
osso rádio).
• Função: por exemplo, músculo levantador da escápula (músculo que levanta a escápula).
• Critério misto: por exemplo, músculo flexor (função) superficial (situação) dos dedos.
1.5 Posição anatômica, planos e eixos
A posição anatômica (figura a seguir) é uma posição padronizada e de referência, que dá significado 
aos termos direcionais utilizados na descrição de partes e regiões do corpo. As discussões sobre o 
corpo, o modo como se ele movimenta, sua postura ou a relação entre uma e outra área assumem que 
o corpo como um todo está numa posição específica. Desse modo, os anatomistas, quando escrevem 
seus textos, referem-se ao objeto de descrição considerando o indivíduo como se estivesse sempre 
na posição padronizada. O corpo está numa postura ereta (em pé, posição ortostática ou bípede) 
com os membros superiores estendidos ao lado do tronco e as palmas das mãos voltadas para frente. 
A cabeça e os pés também estão apontados para frente e o olhar para o horizonte.
17
ANATOMOFISIOLOGIA
Superior
Direito Esquerdo
Cranial
Medial Lateral
Proximal
DistalProximal
Caudal
Inferior Distal
Figura 5 – Posição anatômica humana
Adaptada de: https://bit.ly/3cKhUpm. Acesso em: 26 jul. 2022.
Na anatomia, o corpo é dividido por meio de planos, de delimitações e secção:
• Plano mediano: é um plano vertical que passa longitudinalmente através do corpo, dividindo-o 
em metades direita e esquerda. Também pode ser chamado plano sagital mediano. 
• Planos sagitais: são planos verticais que passam através do corpo, paralelos ao plano mediano. 
• Planos frontais: são planos verticais que passam através do corpo em ângulos retos com o plano 
mediano, dividindo o corpo em partes anterior (frente) e posterior (de trás). 
• Planos transversais ou horizontais: são planos que passam através do corpo em ângulos retos 
com os planos coronal e mediano. Dividem o corpo em partes superior e inferior.
18
Unidade I
Os eixos principais seguem três direções ortogonais:
• Direção anteroposterior: é o eixo sagital, que vai do centro do corpo ao plano ventral e do 
centro ao plano dorsal, ou seja, é o eixo que vai do ventre ao dorso. 
• Direção cefalocaudal ou craniocaudal: é o eixo longitudinal, que vai do centro do corpo ao 
plano superior e do centro ao plano inferior, ou seja, é o eixo que vai da cabeça aos pés. 
• Direção laterolateral: é o eixo transversal, que vai do centro do corpo à lateral esquerda e do 
centro à lateral direita, ou seja, é o eixo que vai de um lado ao outro do corpo.
Ao estudar o corpo, a anatomia faz comparação entre a forma dos órgãos com as formas geométricas. 
Por isso, descreve as estruturas com faces, margens, extremidades e ângulos, de acordo com as referências 
para as quais estão voltadas. Exemplos: se a face de uma estrutura está voltada para o plano mediano é 
medial, se está para os lados é lateral.
Eixo craniocaudal
Plano transversal
Plano sagital
Plano
 fron
tal
(coro
nal)
Eixo
latero
latera
l Eixo anteroposterior
Figura 6 – Planos e eixos
Adaptada de: https://bit.ly/3JlXC25. Acesso em: 26 jul. 2022.
19
ANATOMOFISIOLOGIA
 Observação
O osso esterno e as cartilagens costais encontram-se anteriormente em 
relação ao coração. Já os grandes vasos e a coluna vertebral localizam-se 
posteriormente em relação ao coração.
1.6 Introdução à fisiologia humana
A fisiologia humana é um ramo de estudo sobre os principais processos que se passam no interior do 
organismo humano. O entendimento desse ramo é o que traz ao estudioso da área o conhecimento sobre 
como os processos fisiológicos influenciam no funcionamento de sistemas e processos do corpo humano.
1.7 Organização funcional do corpo humano
Em organismos unicelulares, todos os processos vitais ocorrem em uma única célula. O processo 
evolutivo dos seres pluricelulares permitiu que vários grupos de células, dentro desse organismo, 
desenvolvessem funções específicas. O corpo humano é composto de bilhões de células, cada uma 
delas com diferentes funções, por exemplo: existem grupos de células especializadas na digestão dos 
alimentos e absorção dos nutrientes, que juntas formam o sistema gastrointestinal; os grupos de 
células especializadas na captação do oxigênio (O2) e na eliminação do gás carbônico (CO2) formam 
o sistema respiratório; grupos de células responsáveis pela remoção dos detritos formam o sistema 
renal; as células encarregadas da distribuição de nutrientes, O2 e produtos do metabolismo formam o 
sistema cardiovascular; os grupos de células envolvidas na perpetuação da espécie formam o sistema 
reprodutor; e, por fim, os grupos celulares envolvidos com a coordenação, integração e o funcionamento 
de todos os sistemas formam os sistemas nervoso e endócrino.
Para que funcionem adequadamente, as células que compõem os tecidos de todos os animais 
multicelulares, a composição intracelular de íons, água (H2O), diversas outras substâncias e o valor 
do pH precisam ser mantidos dentro de um valor ideal com um limite estreito de variação. Todas as 
células são banhadas por um meio interno, chamado líquido extracelular (LEC). É a partir do LEC 
que as células captam O2 e nutrientes necessários, e nele descarregam os produtos resultantes do 
metabolismo celular, mantendo um ambiente intracelular (líquido intracelular – LIC) constante 
e ideal para seu funcionamento apropriado. O LEC fornece todos os elementos essenciais para as 
células, garantindo seu funcionamento.
 Observação
Em meados do século XIX, o termo meio interno (milieu intérieur) foi 
designado pelo fisiologista francês Claude Bernard. Ele reconheceu que a 
manutenção de sua constituição é fundamental à vida.
20
Unidade I
A água é o componente mais importante do meio interno. O LIC e o LEC juntos correspondem à água 
corporal total (ACT), que constitui, aproximadamente, 60% do peso corporal; a variabilidade desse valor 
entre as pessoas depende da idade e da quantidade de tecido adiposo. O LIC representa cerca de 40% da 
ACT, o LEC representa cerca de 20% (GANONG, 2006; KOEPPEN; STANTON, 2009).
O LEC é dividido em dois compartimentos: o líquido intersticial e o plasma sanguíneo circulante. 
O líquido intersticial é a parte do LEC que se situa fora do sistema vascular (vasos), banhando as 
células dos diversos tecidos do corpo, e corresponde a três quartos do volume total do LEC, já o plasma 
sanguíneo representa o quarto restante do LEC e preenche o sistema vascular banhando os elementos 
celulares do sangue (eritrócitos e leucócitos). A composição do plasma e do líquido intersticial é 
semelhante, pois são separados apenas pelo endotélio capilar, uma barreira livremente permeável 
aos íons e moléculas pequenas. A principal diferença entre o líquido intersticial e o plasma é o fato 
de o plasma conter quantidade significativamente maior de proteínas. A capacidade do organismo 
de manter constantes o volume e a composição de LIC e LEC constitui um processo complexo que 
envolve todos os sistemas orgânicos do organismo (GANONG, 2006; KOEPPEN; STANTON, 2009).
1.8 Controle do meio interno e homeostase
O termo homeostase significa estado de equilíbrio, designado pelo fisiologista Walter Cannon 
(1871-1945), e refere-se ao estado de equilíbrio do meio interno, que é um pré-requisito para 
o funcionamento adequado dos fenômenos fisiológicos. Pequenas alterações do meio interno 
desencadeiam mecanismos homeostáticos que restabelecem o estado de equilíbrio, conservando a 
estabilidade do meio interno (DOUGLAS, 2006).
Para que os sistemas orgânicos possam funcionar adequadamente, existe um ponto de ajuste, 
ou seja, um valor determinado que garante o bom funcionamento do sistema. Quase todas as 
substâncias do organismo, cujas concentrações ou quantidades devem ser mantidas dentro de 
limites estreitos, têm um ponto de ajuste, e existem mecanismos que monitoram desvios a partir 
detal ponto; então, mecanismos homeostáticos são recrutados para reestabelecer as quantidades 
ou concentrações dessas substâncias no organismo, ou seja, mantê-las no estado estável balanceado 
(KOEPPEN; STANTON, 2009).
 Lembrete
No nosso corpo, existem órgãos e complexos sistemas que interagem 
uns com os outros, de forma a garantir que as funções vitais do organismo 
estejam em funcionamento. Homeostase é o equilíbrio que esses sistemas 
devem ter para a realização dessas funções. 
Como exemplo, considere a manutenção da quantidade de água em seres humanos. A cada dia, nós 
ingerimos volumes diversos de líquido e água; além disso, a água também é produzida pelo metabolismo 
celular. Nota-se que a quantidade de água adicionada ao organismo a cada dia não é constante, embora 
possa ser regulada pelo mecanismo que provoca a sede. Além disso, perdemos água por respiração, 
21
ANATOMOFISIOLOGIA
suor e fezes; e a quantidade de água perdida por essas vias também não é constante, dependendo de 
fatores como frequência respiratória, temperatura ambiental, atividade física e presença ou ausência 
de diarreia. O corpo mantém o equilíbrio da quantidade de água assegurando-se de que o volume de 
água adicionada ao organismo a cada dia seja precisamente balanceado pelo volume de água perdida, 
mantendo um estado constante de quantidade de água no organismo (KOEPPEN; STANTON, 2009).
O monitoramento da quantidade de água no organismo se dá por meio das variações da 
osmolaridade do LEC.
 Observação
A osmolaridade é o número de osmoles por litro da solução (por 
exemplo, plasma). É afetada pelo volume dos diversos solutos em solução 
e, também, pela temperatura.
Por um lado, quando ingerimos grande quantidade de água, a osmolaridade do LEC diminui; por 
outro, quando perdemos água em excesso, a osmolaridade aumenta. Algumas células do nosso cérebro, 
mais precisamente na região do hipotálamo, monitoram as variações da osmolaridade, e, quando 
ocorrem desvios a partir do ponto de ajuste, são ativados mecanismos neurais e hormonais (mecanismos 
homeostáticos) que irão regular as osmolaridade do LEC. Por exemplo, quando a osmolaridade do LEC 
aumenta (houve perda de água em excesso), as células do hipotálamo detectam esse aumento e mandam 
sinais neurais para outra região do hipotálamo, que desencadeia a sensação de sede. Ao mesmo tempo, 
a hipófise posterior – localizada abaixo do hipotálamo – secreta o hormônio antidiurético (ADH), que 
atua nos rins reduzindo a perda de água por meio da urina. 
Assim, a ingestão de água é aumentada ao mesmo tempo em que se reduz sua perda no organismo 
e, consequentemente, a osmolaridade do LEC retorna ao ponto de ajuste. Quando a osmolaridade do 
LEC diminui, o comportamento de sede é inibido, assim como a secreção de ADH, resultando na redução 
da ingesta de água e no aumento de sua excreção pelos rins. Novamente, essas ações fazem com que a 
osmolaridade do LEC retorne ao ponto de ajuste (KOEPPEN; STANTON, 2009).
 Saiba mais
Para ampliar as inter-relações entre os conteúdos até aqui mencionados, 
leia o artigo a seguir:
NAVES, L. A. et al. Distúrbios na secreção e ação do hormônio 
antidiurético. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 
v. 47, n. 4, p. 467-481, ago. 2003. Disponível em: https://bit.ly/3oG7CJW. 
Acesso em: 29 jul. 2022.
22
Unidade I
1.9 Transporte de substâncias por meio da membrana celular
Uma característica comum a todos os sistemas biológicos – sejam eles seres procariotos ou eucariotos, 
unicelulares ou pluricelulares – é a presença de uma membrana que define os limites do que é a célula, 
separando-a do meio interno (o ambiente em que ela se encontra). Essa membrana é chamada de 
membrana celular ou membrana plasmática. Ela delimita a célula, podendo ser compreendida como 
uma fronteira que separa o LIC do LEC, e funciona como uma barreira seletiva para a passagem de 
substâncias entre o interior e o exterior da célula (CURI; PROCOPIO, 2009).
A membrana plasmática funciona como uma barreira seletiva para o transporte de substâncias entre 
o citoplasma e o meio extracelular; no caso de organismos pluricelulares, também é uma região de troca 
de informações entre células. Essas funções da membrana estão relacionadas a sua composição química 
e a como esses componentes se distribuem (CURI; PROCOPIO, 2009). Antes de estudarmos de fato o 
tópico transporte de substâncias por meio da membrana celular, discutiremos a composição química 
das membranas biológicas.
1.9.1 Composição química das membranas biológicas
A membrana plasmática não é a única membrana das células. No citoplasma da célula estão presentes 
diversas organelas e vesículas que também são delimitadas por membranas. Neste tópico, falaremos da 
composição química das membranas biológicas em geral, incluindo a membrana plasmática.
As membranas biológicas são lipoproteicas, isto é, formadas pelas macromoléculas lipídios e 
proteínas. O termo lipídio tem origem grega e significa gordura. De forma geral, as moléculas que 
compõem as gorduras são lipídios (CURI; PROCOPIO, 2009). Como sabemos, as gorduras não se dissolvem 
na água, por isso é tão difícil lavar uma panela suja de óleo apenas com água, sendo necessário o uso de 
um agente emulsificador (o detergente), para que se misture a gordura com a água.
 Observação
Moléculas insolúveis em água são chamadas moléculas hidrofóbicas, já 
as solúveis em água são chamadas hidrofílicas.
As membranas dos eucariotos são formadas basicamente por dois tipos de lipídios: os 
fosfolipídios e os esteroides. Os fosfolipídios são moléculas grandes e alongadas, com uma região 
grande apolar e hidrofóbica, formada por duas moléculas de ácidos graxos, e uma região pequena 
polar e hidrofílica que apresenta um grupo fosfato, daí a denominação de fosfolipídio. Entre os 
esteroides, o colesterol é o principal localizado na membrana, que também dispõe de uma grande 
região apolar e uma pequena região polar.
A água é uma molécula polar; portanto qualquer outra molécula polar terá afinidade por água 
(hidrofílica) e será considerada hidrossolúvel. Vamos lembrar que a água sendo presente tanto no LIC 
quanto no LEC, para considerar, então, o que ocorre com os fosfolipídios quando colocados em um meio 
23
ANATOMOFISIOLOGIA
aquoso. A tendência é que as moléculas de água interajam com a extremidade polar dos fosfolipídios, 
mas evitem qualquer contato com a grande porção apolar dos fosfolipídios. Isso é conseguido pois os 
fosfolipídios são organizados – por uma ação da repulsão da água pelas regiões apolares – em uma 
estrutura denominada bicamada lipídica. 
Na bicamada lipídica, existem duas camadas de fosfolipídios, cada uma constituída por uma 
sucessão de moléculas de fosfolipídios justapostas. As duas camadas estão arranjadas de tal forma 
que as extremidades polares dos fosfolipídios ficam voltadas para o meio aquoso, e as porções apolares 
são excluídas de qualquer contato com a água, formando o interior da bicamada. Assim, o interior 
da bicamada é um meio hidrofóbico, pelo qual água, íons e outras moléculas polares dificilmente 
podem passar, constituindo uma barreira para o transporte dessas substâncias. O colesterol, por sua 
vez, está disperso entre os fosfolipídios, com seu pequeno grupo polar voltado para o meio aquoso 
(CURI; PROCOPIO, 2009).
As proteínas são outro tipo de macromoléculas que formam a membrana. Proteínas são moléculas 
grandes formadas pela ligação de muitos aminoácidos. Diz-se, então, que são polímeros de aminoácidos 
unidos por ligações peptídicas. As proteínas que estão inseridas na bicamada lipídica podem 
atravessar inteiramente a bicamada lipídica (transmembrana), penetrar somente no folheto interno 
(face citoplasmática) ou no folheto externo (face extracelular) de fosfolipídios; ambas as classes são 
denominadas de proteínas integrais de membrana. As proteínas periféricas ou extrínsecas situam-se 
fracamente aderidas à superfície da membrana.
Proteína
Lípides
Figura 7 – Modelo mosaico fluidoda membrana plasmática
Acervo Unip/Objetivo.
1.9.2 Transporte por meio das membranas celulares
Vimos, anteriormente, que os lipídios presentes na membrana plasmática formam uma bicamada 
lipídica, que é uma barreira hidrofóbica para o transporte de água e substâncias hidrofílicas entre o 
citoplasma e o meio extracelular.
24
Unidade I
Mas como as células podem intercambiar com o meio extracelular, a água e os outros compostos 
polares que são essenciais para seu funcionamento, se os lipídios são impermeáveis a essas 
substâncias? Muitas das proteínas de membrana têm a função de mediar o transporte de compostos 
hidrofílicos por meio da membrana, e essas proteínas formam vias para o trânsito de substâncias 
insolúveis (CURI; PROCÓPIO, 2009).
Esses sistemas de transporte são importantes para regular o volume das células, manter a composição 
iônica e o pH dos meios intra e extracelular, captar nutrientes e compostos biologicamente importantes, 
eliminar produtos finais do metabolismo para o meio extracelular e gerar gradientes iônicos e acoplá-los 
a outros transportes. Os sistemas de transporte de solutos são classificados em transporte passivo, 
quando o transporte de solutos ocorre sem gasto energético, compreendendo as difusões simples e 
facilitada; e transporte ativo, quando o transporte de solutos ocorre com gasto energético. Já difusão 
de água (solvente, e não soluto!) é chamada de osmose (CURI; PROCOPIO, 2009).
A difusão simples (figura a seguir) é um transporte passivo não mediado, ou seja, o soluto não precisa 
de uma proteína transportadora para atravessar a membrana plasmática. Recebe o nome transporte 
passivo, pois não há gasto de energia para transportar esse soluto, ocorrendo a favor do gradiente de 
concentração. Isso significa que o soluto migra do compartimento mais concentrado (o qual tem maior 
número de moléculas) para o menos concentrado (o qual tem menor número de moléculas), até atingir 
o equilíbrio eletroquímico (o mesmo número de moléculas em ambos os compartimentos).
Meio extracelular
Gradiente 
de concentração
Citoplasma
Membrana 
plasmática
Figura 8 – Difusão simples: o soluto se movimenta a favor do seu gradiente de concentração
Acervo Unip/Objetivo.
Na difusão simples, a interação da molécula com a membrana plasmática ocorre de modo aleatório. 
Pequenas moléculas, como o oxigênio (O2) e o dióxido de carbono (CO2), podem atravessar diretamente 
a membrana plasmática a favor de seu gradiente de concentração, já moléculas polares (hidrofílicas) 
não atravessam diretamente a membrana plasmática, pois necessitam de proteínas transportadoras 
especiais que facilitam o transporte por meio da membrana – nesse caso, trata-se da difusão facilitada 
(CURI; PROCOPIO, 2009).
25
ANATOMOFISIOLOGIA
Muitos nutrientes essenciais para a célula (açúcares, aminoácidos, nucleotídeos etc.) são moléculas 
polares, por isso não conseguem atravessar a membrana plasmática diretamente por difusão simples, mas 
sim por difusão facilitada. Nesse tipo de transporte, a molécula a ser transportada liga-se necessariamente 
a uma proteína carregadora. As proteínas que têm essa função são chamadas transportadoras ou 
permeases. Uma das características desse transporte é o acoplamento do transportador à molécula 
transportada, por meio de ligações fracas não covalentes.
A difusão facilitada pode ser mediada por uma proteína carregadora ou por proteínas que formam 
um canal (figura a seguir). Uma das diferenças entre canais e carregadores é que os canais formam vias 
permanentes de comunicação entre os dois lados da membrana, e os carregadores expõem, 
alternadamente, sítios de ligação para a molécula, de um ou outro lado da membrana. Outra diferença 
é o fato dos canais apresentarem taxas de transporte maiores que os carregadores.
Íons
Fechado Aberto
Passagem através 
do canal
Figura 9 – Difusão facilitada mediada por um canal
Acervo Unip/Objetivo.
O transporte mediado por carregadores pode ser dos tipos: uniporte, em que o transportador 
movimenta apenas um tipo de molécula; simporte (cotransporte), em que o transportador movimenta 
dois tipos (em alguns casos, três) de moléculas, porém com fluxo no mesmo sentido; ou antiporte 
(contratransporte), em que o transportador movimenta dois tipos de moléculas em sentidos opostos 
(figura a seguir) (CURI; PROCOPIO, 2009).
26
Unidade I
Molécula transportadora Íon cotransportado
Bicamada lipídica
Íon cotransportado
Uniporte Simporte Antiporte
Transporte acoplado
Figura 10 – Transporte uniporte, simporte e antiporte
Fonte: Morandini, Bellinello e Carnelos (2014, p. 9).
Um exemplo clássico de difusão facilitada é o transporte de glicose para dentro da célula 
(figura a seguir). A glicose é transportada para o interior da célula por meio de proteínas transportadoras 
específicas denominadas GLUT (glucose transporter). Os GLUTs são proteínas integrais de membrana, e 
foram descobertas pelo menos sete isoformas (do GLUT1 ao GLUT7) dessas proteínas transportadoras, 
as quais diferem entre si pela expressão nos diferentes tecidos e respostas à regulação metabólica 
e hormonal (CURI; PROCOPIO, 2009). O GLUT4 é o principal transportador de glicose regulado pela 
insulina; na ausência da insulina ou com o mau funcionamento de seu receptor, o GLUT4 deixa de ser 
expresso na membrana plasmática e, consequentemente, deixa de transportar glicose para dentro da 
célula, resultando no excesso de glicose na corrente sanguínea (hiperglicemia).
Glicose
Meio extracelular
Meio intracelular
Permease
Figura 11 – Difusão facilitada mediada por uma permease, 
transporte de glicose para o meio intracelular
Acervo Unip/Objetivo.
27
ANATOMOFISIOLOGIA
O transporte ativo (figura a seguir) consiste no movimento do soluto contra o gradiente de 
concentração, ou seja, do compartimento com menor número de moléculas para o compartimento 
com maior número de moléculas. Para realizar o transporte contra o gradiente de concentração, é 
necessária a utilização de energia, no caso da célula, ATP (adenosina trifosfato). O ATP é hidrolisado em 
ADP (adenosina difosfato) e Pi (fosfato inorgânico) por uma enzima com atividade ATPase. A quebra do 
Pi libera uma grande quantidade de energia de que se pode valer a célula. Esse tipo de transporte ativo, 
que gasta energia proveniente do ATP para realizar a movimentação do soluto, é chamado transporte 
ativo primário; já o transporte ativo secundário envolve o movimento de uma substância contra seu 
próprio gradiente de concentração, mas acoplado ao fluxo de uma segunda substância que se move a 
favor de seu gradiente eletroquímico (CURI; PROCOPIO, 2009).
O exemplo clássico de transporte ativo primário é a bomba de sódio (Na+) e potássio (K+). Essa proteína, 
presente na membrana plasmática de todas as células, transporta três íons Na+ para fora da célula e 
dois íons K+ para dentro da célula. Devido a essa proporção de troca, a bomba tende a acumular íons 
de Na+ no meio extracelular e acumular íons K+ no meio intracelular. No entanto, graças à presença de 
canais de Na+ e de K+ inseridos na membrana plasmática, os íons de K+ migram para o meio extracelular 
e os íons de Na+ para o meio intracelular, mantendo-se, no citoplasma, um estado estável em que as 
concentrações de Na+ e K+ permanecem constantes. Em condições normais, a concentração de K+ é 
maior dentro da célula que nos fluidos extracelulares, e a concentração de Na+ é maior nos fluidos 
extracelulares que no interior da célula. A energia necessária para mover o Na+ e o K+ contra seus 
gradientes de concentração vem da hidrólise do ATP, como já explicado anteriormente.
5
6
1
2
3
4
Citoplasma
Solução extracelular
ADP
Figura 12 – Transporte ativo, bomba de sódio e potássio
Fonte: Morandini, Bellinello e Carnelos (2014, p. 9).
28
Unidade I
Agora, iremos estudar a osmose, que é o processo de difusão da água (figura a seguir). Quando 
uma substância está dissolvida em água, a concentração das moléculas de água nessa solução émenor que a da água pura, visto que o acréscimo de um soluto à água resulta em uma solução que 
ocupa um volume maior que aquele ocupado apenas pela água. Imagine se houvesse uma membrana 
permeável somente à água, e não ao soluto, separando dois recipientes, A e B. O recipiente A possui 
uma solução que contém uma quantidade pequena de soluto dissolvido na água (solução hipotônica), 
o recipiente B possui uma solução de água com bastante soluto dissolvido (solução hipertônica), 
ambos com o mesmo volume. Podemos afirmar que o recipiente B possui menos moléculas de água 
que o recipiente A, pois este contém água quase pura, e aquele possui água e uma grande quantidade 
de soluto. Logo, as moléculas de água irão difundir-se a favor de seu gradiente de concentração, 
indo do recipiente A para B. Esse processo – a difusão de moléculas de água do recipiente hipotônico 
A para uma região em que existe maior concentração de um soluto, o recipiente hipertônico B – é 
denominado osmose (GANONG, 2006).
Água
Solução 
hipotônica
Açúcar
Solução hipertônica
R Bˆ ˆ
∆t
H2O
Membrana semipermeável
Figura 13 – Osmose: a passagem de água da solução hipotônica (A) para a hipertônica (B)
Acervo Unip/Objetivo.
2 NEUROFISIOLOGIA
O objetivo da neurociência é compreender os processos mentais pelos quais nós percebemos, 
agimos, aprendemos e lembramos. O encéfalo humano é uma rede de mais de 100 bilhões de 
células nervosas individuais interconectadas em sistemas que constroem nossas percepções sobre o 
mundo externo, fixam nossa atenção e controlam o mecanismo de nossas ações. A primeira etapa 
para se compreender a mente consiste em aprender como os neurônios estão organizados e como 
se comunicam por meio das sinapses (KANDEL et al., 2003). Então, começaremos estudando a 
organização do sistema nervoso.
29
ANATOMOFISIOLOGIA
2.1 Organização do sistema nervoso
Em termos anatômicos e funcionais, o sistema nervoso é dividido em duas porções: sistema 
nervoso central (SNC), formado essencialmente pelo encéfalo e pela medula espinhal; e 
sistema nervoso periférico (SNP), formado pelos nervos que levam e trazem informações do SNC 
para a periferia e da periferia para o SNC (figura a seguir) (CURI; PROCOPIO, 2009; KANDEL et al., 2003).
1 Hemisfério cerebral
2 Diencéfalo
3 Mesencéfalo
4 Ponte
5 Cerebelo
6 Bulbo
7 Medula espinhal
A) B) C)
Figura 14 – (A) SNC e SNP; 
(B) encéfalo e medula vistos lateralmente; (C) as divisões do SNC
Fonte: McShane e Von Glinow (2014, p. 10).
O SNC contém, aproximadamente, 100 bilhões de neurônios e, também, de 10 a 50 vezes esse 
número em células gliais. O encéfalo é formado pelo cérebro, uma estrutura bilateral essencialmente 
simétrica, pelo cerebelo e pelo tronco encefálico, este subdividido em mesencéfalo, ponte e bulbo 
(ou medula oblonga) (GANONG, 2006; KANDEL et al., 2003).
A medula espinhal (figura a seguir) é a parte mais caudal do SNC, recebe e processa as informações 
sensoriais de pele, articulações, músculos e vísceras. Ela é subdividida em região cervical, torácica, lombar 
e sacral. A medula espinhal continua rostralmente como tronco encefálico, que conduz sua informação 
até o cérebro e, inversamente, do cérebro para a medula espinhal (KANDEL et al., 2003).
30
Unidade I
Dorsal 
(sensorial)
Ventral 
(motora)
Figura 15 – Corte transversal da medula espinhal: a medula é um órgão 
com forma cilíndrica que se estende do bulbo até as vértebras sacrais
Acervo Unip/Objetivo.
Anatomicamente, quando a medula espinhal termina, iniciando o tronco encefálico, vê-se o bulbo, 
ou medula oblonga, que fica diretamente acima da medula espinhal. O bulbo é responsável por diversas 
funções vegetativas vitais, como digestão, respiração e controle do ritmo cardíaco. Acima do bulbo, 
situa-se a ponte, que leva informações sobre os movimentos dos hemisférios cerebrais até o cerebelo. 
O cerebelo localiza-se atrás da ponte e é ligado ao tronco encefálico por tratos importantes denominados 
pedúnculos. O cerebelo modula a força e o alcance do movimento, está envolvido na aprendizagem das 
habilidades motoras e ao equilíbrio. Já o mesencéfalo, situado rostralmente à ponte, é responsável por 
controlar muitas funções sensoriais e motoras, incluindo a movimentação ocular e a coordenação dos 
reflexos visuais e auditivos.
Já no cérebro há o diencéfalo, que se situa rostralmente ao mesencéfalo e contém duas estruturas: 
o tálamo e o hipotálamo. O tálamo processa a maior parte das informações que chegam ao córtex 
cerebral e que são oriundas do resto do SNC. O hipotálamo (localizado abaixo do tálamo) regula as 
funções vegetativa, endócrina e visceral.
Os hemisférios cerebrais constam de uma camada exterior bastante pregueada – o córtex cerebral 
– e três estruturas profundas: os núcleos da base, o hipocampo e o núcleo amigdaloide. Os núcleos 
da base participam da regulação do desempenho motor; o hipocampo está envolvido com aspectos do 
armazenamento da memória; e o núcleo amigdaloide coordena as respostas vegetativas e endócrinas 
dos estados emocionais.
O córtex cerebral é dividido em quatro lobos: frontal, parietal, temporal e occipital (figura a 
seguir). Esses lobos possuem funções especializadas. O lobo frontal está amplamente relacionado 
ao planejamento de ações futuras e ao controle do movimento; o lobo parietal, à sensação somática, 
à formação da imagem do corpo e à relação da imagem do corpo com o espaço extrapessoal; 
o lobo occipital, à visão; e o lobo temporal, tanto à audição quanto, por meio de suas estruturas 
mais profundas – o hipocampo e o núcleo amigdaloide –, a aspectos de aprendizagem, memória e 
emoção. Cada lobo apresenta várias circunvoluções (pregas) profundas, que representam uma estratégia 
evolucionária propícia ao acúmulo de mais células em um espaço limitado (KANDEL et al., 2003).
31
ANATOMOFISIOLOGIA
Lobo parietal
Lobo occipitalLobo temporal
Lobo frontal
Figura 16 – Vista lateral do cérebro humano e dos quatro lobos cerebrais
Adaptada de: Purves et al. (2001).
A organização do córtex cerebral tem duas características muito importantes:
• Primeira: cada hemisfério está relacionado com processos motores e sensórios do lado contralateral 
(oposto) do corpo. Assim, as informações que chegam à medula espinhal provenientes do lado 
esquerdo do corpo – da mão esquerda, por exemplo – cruzam para o lado direito do sistema nervoso 
(dentro da medula espinhal ou no tronco encefálico) a caminho do córtex cerebral. De forma 
semelhante, as áreas motoras no hemisfério direito exercem controle sobre os movimentos do 
lado esquerdo do corpo. Assim, a mão direita, que nos destros é mais acionada para escrever, entre 
outros movimentos que exigem habilidades específicas, é controlada pelo hemisfério esquerdo, o 
mesmo hemisfério que controla a fala. Na maioria das pessoas, portanto, o hemisfério esquerdo é 
considerado dominante.
• Segunda: embora os hemisférios sejam similares na aparência, suas estruturas não são 
completamente simétricas, tampouco têm funções equivalentes (KANDEL et al., 2003).
2.2 Aspectos gerais e funcionais dos neurônios e das neuroglias
O sistema nervoso tem duas classes de células: os neurônios (células nervosas) e as células da 
glia, que dispõem de grande diversidade de tipos celulares. Essas células, muito mais numerosas 
que os neurônios, são as de suporte que circundam os corpos celulares, os axônios e os dendritos 
dos neurônios. Elas não estão diretamente envolvidas no processamento da informação, ou seja, não 
participam diretamente da sinalização elétrica, porém desempenham funções vitais aos neurônios e ao 
funcionamento adequado do sistema nervoso.
32
Unidade I
As células gliais no sistema nervoso de vertebrados são divididas em duas classes principais: a 
micróglia e a macroglia (figura a seguir).
As micróglias, células que possuem função de fagocitose, são mobilizadas após lesão, infecção ou 
doença. Existe alguma controvérsia quanto à origem neural delas: alguns autores sugerem que, em 
condiçõesbasais, a micróglia é praticamente inexistente no sistema nervoso, aumentando rapidamente 
em número apenas em resposta à lesão – nesse sentido, a micróglia se originaria de macrófagos 
de fora do sistema nervoso, e não são fisiológica e embriologicamente relacionadas a outros tipos 
celulares do sistema nervoso; já outros autores, como alternativa intermediária, consideram que 
possivelmente exista uma pequena população de micróglias residentes no sistema nervoso. Pouco se 
sabe o que a micróglia faz no estado de repouso, mas ela é ativada e recrutada durante infecções, 
lesões e convulsões (CURI; PROCOPIO, 2009; KANDEL et al., 2003).
Três tipos de macroglia predominam no sistema nervoso dos vertebrados: oligodendrócitos, 
células de Schwann e astrócitos.
Astrócito Oligodendrócitos Microglia
A) B) C)
Figura 17 – Células da glia (neuroglia)
Acervo Unip/Objetivo.
Os oligodendrócitos e as células de Schwann são células produtoras de mielina e exercem o 
importante papel de isolar eletricamente partes do axônio dos neurônios. Essas células envolvem 
firmemente seus processos membranosos ao redor do axônio em uma espiral, formando uma 
camada de mielina denominada bainha de mielina. Os oligodendrócitos são encontrados apenas 
no SNC. Um único oligodendrócito pode envolver seus processos membranosos ao redor de muitos 
axônios, isolando-os com um envoltório de mielina. Por outro lado, as células de Schwann estão 
presentes apenas no SNP, fornecendo envoltórios de mielina que isolam os axônios dos neurônios 
periféricos. Cada uma das várias células de Schwann, posicionadas ao longo de um único axônio, 
forma um segmento de envoltório de mielina de cerca de 1 mm de comprimento. O envoltório 
assume sua forma assim que a extremidade interna da célula de Schwann enrola-se ao redor do 
axônio várias vezes, embrulhando-o em camadas concêntricas de membrana. Os intervalos entre os 
segmentos de mielina são conhecidos como nodos de Ranvier (KANDEL et al., 2003).
33
ANATOMOFISIOLOGIA
A) B)
Bainha de mielina
Camadas 
de mielina
Núcleo
Axônio
Nodos de 
Ranvier
1 mm
Axônio
Axônio
1µm
Figura 18 – (A) Esquema de um axônio mielinizado de um nervo periférico; 
(B) micrografia eletrônica do nervo da perna de um rato jovem: 
podem-se observar duas células de Schwann, cada uma ao redor de seu axônio
Adaptada de: Alberts, Bray e Lewis (1994, n.p.).
 Saiba mais
Você pode ampliar seus conhecimentos sobre esse assunto 
assistindo ao filme:
O ÓLEO de Lorenzo. Direção: George Miller. EUA: Universal Pictures, 
1992. 136 min.
Os astrócitos são as células gliais mais numerosas no SNC. Assim são chamadas devido a seus 
corpos celulares irregulares, que lembram estrelas. Os astrócitos tendem a ter processos longos, alguns 
dos quais terminando em estruturas conhecidas como pés terminais. Alguns astrócitos, por meio de 
seus pés terminais, fazem contato com vasos sanguíneos e com neurônios, funcionando como um 
intermediário no suprimento de nutrientes para essas células, tendo em vista que neurônios, em geral, 
não têm acesso direto aos vasos sanguíneos.
Os astrócitos também ajudam a manter a concentração iônica de potássio correta no espaço 
extracelular entre os neurônios. Além disso, captam neurotransmissores das áreas sinápticas após 
a liberação e, portanto, ajudam a regular as atividades sinápticas pela remoção dos transmissores. 
São responsáveis também pela formação do tecido cicatricial e têm papel importante na formação da 
barreira hematoencefálica. Mas o papel dos astrócitos é principalmente o de suporte neuronal, e eles 
fornecem suporte estrutural para a migração neuronal. De forma geral, os astrócitos desempenham 
34
Unidade I
funções tróficas e de nutrição essenciais para os neurônios. O conhecimento sobre as funções 
astrocitárias vem sendo constantemente ampliado, e hoje vislumbra-se a possibilidade de os astrócitos 
contarem com capacidades e propriedades relacionadas às diferentes estruturas do sistema nervoso 
(CURI; PROCOPIO, 2009; KANDEL et al., 2003).
As células nervosas (neurônios) são as unidades básicas de sinalização do sistema nervoso. 
Um neurônio típico possui quatro regiões definidas morfologicamente:
• corpo celular;
• dendritos;
• axônio;
• terminais pré-sinápticos (telodendro).
Cada uma dessas regiões desempenha um papel distinto na geração de sinais e na comunicação 
entre as células nervosas (KANDEL et al., 2003).
Neurilema
Substância de Nissl
Dendritos
Núcleo
Corpo celular
Axônio
Bainha de mielina
Núcleo de célula 
de Shawnn
Neurofibrilas
Nódulo de Ranvier
Telodendro
Figura 19 – Esquema de um neurônio
Acervo Unip/Objetivo.
35
ANATOMOFISIOLOGIA
O corpo celular, também chamado soma, é o centro metabólico do neurônio. É ali que está 
localizado o núcleo da célula, que armazena a informação genética, bem como outras organelas 
responsáveis pelo funcionamento celular. Do corpo celular, geralmente, originam-se dois tipos de 
processos: vários dendritos curtos e um único axônio longo e tubular. Os dendritos ramificam-se em 
um padrão semelhante a uma árvore – daí o termo árvore dendrítica –, e são o principal elemento 
para receber sinais que chegam de outras células nervosas. Já o axônio estende-se para além do 
corpo celular, sendo a principal unidade condutora para a transmissão de sinais a outros neurônios. 
Portanto, os dendritos recebem os sinais, enquanto o axônio conduz esses sinais. Um axônio pode 
transmitir sinais elétricos por distâncias que variam de 0,1 mm até 3 m. Esses sinais elétricos, chamados 
potenciais de ação, são impulsos nervosos rápidos, transientes, do tipo tudo ou nada, com amplitude 
de 100 mV e duração de cerca de 1 ms (KANDEL et al., 2003).
Os potenciais de ação constituem os sinais pelos quais o sistema nervoso recebe, analisa e transmite 
informações. São iniciados em uma região específica de disparo localizada na origem do axônio, 
chamada cone de implantação; de lá eles são conduzidos pelo axônio, sem falha ou distorção, a uma 
velocidade que varia de 1 a 100 m/s. A amplitude de um potencial de ação que trafega pelo axônio 
permanece constante, pois o potencial de ação é um impulso do tipo tudo ou nada, que é regenerado 
em intervalos regulares ao longo do axônio. Esses sinais são altamente estereotipados ao longo do 
sistema nervoso, embora sejam iniciados por uma variedade enorme de estímulos ambientais que vão 
desde a luz até o contato mecânico e de odores até ondas de pressão. Dessa forma, os sinais que 
transmitem informações sobre a visão são idênticos aos que transmitem informações sobre odores; 
o que diferencia um do outro é a via neural pela qual a informação transmitida trafega no encéfalo. 
O encéfalo analisa e interpreta padrões de sinais elétricos que chegam e, desse modo, cria nossas 
sensações de visão, tato, paladar, olfato e som.
Para aumentar a velocidade de condução dos potenciais de ação, grandes axônios são envolvidos 
pela bainha de mielina, que é uma camada lipídica e isolante, com interrupções em intervalos regulares, 
os nodos de Ranvier. É nesses pontos não isolados do axônio que o potencial de ação se regenera, 
aumentando a velocidade de condução do potencial de ação (KANDEL et al., 2003). Mais adiante, 
estudaremos com mais cuidado a mielinização e os potenciais de ação.
Próximo à sua extremidade, o axônio divide-se em ramos mais finos que formam locais de 
comunicação com outros neurônios. O ponto no qual dois neurônios se comunicam é chamado sinapse 
(figura a seguir). A célula nervosa que transmite o sinal é chamada célula pré-sináptica. O sinal é 
recebido pelos dendritos ou corpo da célula pós-sináptica. A célula pré-sináptica transmite os sinais 
pelas dilatações de seus ramos axonais, chamadas terminais pré-sinápticos. No entanto, uma célula 
pré-sináptica não se comunica anatomicamente com a célula pós-sináptica, não há contato físico. 
As duas células estão separadas por um espaço chamado fenda sináptica. A maioria dos terminais 
pré-sinápticos termina nos dendritos deneurônios pós-sinápticos, mas também pode terminar no corpo 
celular ou, mais raramente, no início ou no fim do axônio da célula receptora. Os ramos de um único 
axônio podem formar sinapses com até outros mil neurônios (KANDEL et al., 2003).
36
Unidade I
Estímulo
Impulso 
nervoso
Sinapse
Neurônio
Impulso 
nervoso
Neurônio 
Vesículas 
com acetilcolina
Figura 20 – Sinapse, no caso sinapse química
Acervo Unip/Objetivo.
Baseando-se na quantidade de projeções que saem do corpo celular, os neurônios são classificados 
em três grandes grupos: unipolares, bipolares e multipolares (figura a seguir).
Os neurônios unipolares são as células nervosas mais simples, pois apresentam uma única 
projeção que deixa o corpo celular. Geralmente, esse processo primário pode originar muitos ramos. 
Há ramos que funcionam como axônio; outros, como estruturas dendríticas receptoras de informação. 
Essas células são predominantes no sistema nervoso de invertebrados; nos vertebrados, elas aparecem 
no sistema nervoso autônomo. 
Os neurônios bipolares têm um corpo em forma oval que origina dois processos: um dendrito 
que recebe a informação e um axônio que transmite tal informação em direção ao SNC. Muitas células 
sensoriais são bipolares, por exemplo, as células presentes na retina e no epitélio olfativo. Existe 
uma variante de células bipolares, chamadas células pseudounipolares. Essas células, inicialmente, 
desenvolvem-se como células bipolares; posteriormente, as duas projeções dessas células fundem-se 
para formar um pequeno axônio que emerge do corpo celular. O axônio, então, divide-se em dois: um 
ramo dirige-se à periferia (aos receptores sensoriais na pele, articulações e músculo), e o outro, à medula 
espinhal; ambos funcionam como axônios. 
Os neurônios multipolares têm um único axônio e muitos dendritos que emergem de vários 
pontos em torno do corpo celular, predominam no sistema nervoso dos vertebrados e são do tipo 
mais comum no sistema nervoso de mamíferos. Geralmente, o número e a extensão de seus dendritos 
estão relacionados ao número de contatos sinápticos que outros neurônios estabelecem com eles. 
A árvore dendrítica de uma célula de Purkinje, no cerebelo, recebe aproximadamente 150 mil contatos 
(KANDEL et al., 2003).
37
ANATOMOFISIOLOGIA
A) Célula unipolar B) Célula bipolar C) Célula pseudounipolar
Dendrito
Axônio
Dendritos
Corpo celular
Neurônio de invertebrado Célula bipolar da retina Célula ganglionar da raiz dorsal
Terminais axônicos
Axônio periférico para 
pele e músculo
D) Três tipos de células multipolares
Dendrito 
apical
Corpo celular
Corpo celular
Dendritos
Dendrito 
basal
Neurônio motor da 
medula espinhal Célula piramidal 
do hipocampo
Célula de Purkinje 
do cerebelo
Processo único bifurcado
Axônio central 
Axônio
Corpo celular
Dendritos
Axônio
Corpo celular
Corpo celular
Axônio Axônio
Figura 21 – Tipos de neurônios: unipolares, bipolares ou multipolares
Fonte: Kandel et al. (2003. p. 24).
Os neurônios também são classificados de acordo com sua função; os três principais grupos 
funcionais são: sensoriais, motores e interneurônios. Os neurônios sensoriais transmitem a 
informação da periferia (pele, articulações, músculos etc.) do corpo até o SNC (medula espinhal 
ou encéfalo) com o propósito tanto de percepção como de coordenação motora. Os neurônios 
motores transmitem os comandos do cérebro ou da medula espinhal (SNC) para músculos e 
glândulas (periferia). Os neurônios motor e sensorial são representados no arco reflexo patelar 
(figura a seguir).
 Observação
No arco reflexo patelar, o neurônio sensorial leva a informação de 
estiramento do músculo para o SNC, por meio da raiz dorsal da medula; já 
o neurônio motor conduz a ordem de ação para contração da musculatura, 
por meio da raiz ventral da medula. Os corpos celulares dos neurônios 
sensoriais estão localizados nos gânglios raquidianos, enquanto os corpos 
dos neurônios motores estão localizados no corno ventral da medula.
Os interneurônios constituem, de longe, a maior classe de neurônios, compreendendo todas as 
células nervosas que não são especificamente sensoriais ou motoras. Os interneurônios são subdivididos 
em duas classes:
38
Unidade I
• os do tipo relê ou de projeção, que possuem axônios longos e transmitem sinais de uma região 
do sistema nervoso a outra, percorrendo distâncias consideráveis; 
• os interneurônios locais, que têm axônios curtos e processam a informação dentro de circuitos 
locais (KANDEL et al., 2003).
A)
B)
Efetor
Raiz 
dorsal
Gânglio
Receptor
Raiz 
ventral
Neurônio 
motorSensorial
Figura 22 – (A) Método de obtenção do reflexo patelar: a linha pontilhada indica o movimento que 
segue o golpe no tendão patelar; (B) arco reflexo patelar
(A) Adaptada de: https://bityli.com/saUqwHd. Acesso em: 17 ago. 2022; (B) acervo Unip/Objetivo.
2.3 Potencial de ação
A atividade coordenada de dezenas de bilhões de neurônios é o que determina o funcionamento do sistema 
nervoso, desde funções primitivas, como reações reflexas a estímulos simples do ambiente, até a complexa 
percepção do meio externo, mecanismos de atenção e controle de movimentos delicados e precisos. Os 
neurônios dispõem-se em cadeias celulares que transmitem e processam as informações que são captadas 
por células especializadas. A todo momento, estamos sendo expostos a diversas modalidades de estímulos – 
fóticos, sonoros, mecânicos, térmicos etc. –, e os neurônios não são capazes de transmitir ondas sonoras nem 
radiações eletromagnéticas. São necessárias, portanto, estruturas especializadas na transformação dessas formas 
de estímulos em sinais neurais, por meio da codificação das informações em uma linguagem comum ao sistema 
nervoso (AIRES, 2012).
39
ANATOMOFISIOLOGIA
As membranas neuronais são especializadas na geração de sinais elétricos, assim as informações 
veiculadas por todas as formas de energia devem ser transduzidas em sinais elétricos. Essa tarefa é cumprida 
por receptores sensoriais, terminações nervosas ou células particularmente diferenciadas que possuem a 
capacidade de perceber estímulos específicos e transformá-los em sinais elétricos (AIRES, 2012).
A sinalização neural envolve variações do potencial elétrico de membrana. A membrana neuronal 
em repouso apresenta uma diferença de potencial elétrico de −70 mV, e o interior da célula é 
negativo. Esse potencial de repouso pode ser modulado com aplicação de pulsos de corrente. Pulsos 
de baixa intensidade produzem variações de potencial proporcionais à intensidade da corrente, 
cuja polaridade depende do sinal da corrente aplicada. Uma corrente aplicada que aumenta a 
diferença de potencial e torna o interior da célula mais negativo é chamada hiperpolarização. 
Já uma corrente aplicada que diminui a diferença de potencial e torna o interior da célula mais 
positivo é chamada despolarização.
No caso de pulsos de correntes despolarizantes, o aumento da intensidade da corrente aplicada pode, 
se for forte o suficiente, criar uma variação de potencial rápida, de grande amplitude, cerca de 120 mV 
no total, de curta duração, de 1 a 2 ms, que constitui um impulso nervoso ou potencial de ação (figura 
a seguir). Durante o potencial de ação, o potencial de membrana atinge cerca de +50 mV, ou seja, 
o interior da célula fica positivo, ocorrendo assim uma inversão na polaridade da membrana. Esse 
tipo de resposta só aparece para pulsos despolarizantes. Nem todo pulso de corrente despolarizante 
desencadeia um potencial de ação: o pulso precisa ter intensidade suficiente (ser supralimiar) para 
atingir o limiar de excitabilidade e, então, desencadear o potencial de ação. Caso não seja forte o 
suficiente, ele será um estímulo sublimiar que não é capaz de desencadear um potencial de ação 
(um impulso nervoso).
+40
+20
0
-20
-40
-60
-80
Po
te
nc
ia
l d
e 
m
em
br
an
a 
(m
ili
vo
lts
)
A)
+40
+20
0
-20
-40
-60
-80
Po
te
nc
ia
l d
e 
m
em
br
an
a 
(m
ili
vo
lts
)
C)
Potencial 
refratário

Continue navegando