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Efeitos biológicos da radiação X radioproteção Estomatologia I Escola Bahiana De Medicina E Saúde Pública (EBMSP) Discente: Maria Clara Pereira Dos Santos o A radiação X possui vantagens, desvantagens e indicações. o Os raios X possuem á capacidade de ionizar a célula. Histórico da radiação X o 08 de novembro de 1895 – Wilhelm Conrad Roentgen descobriu a radiação X. o A primeira radiografia foi feita da mão de Bertha Roentgen (esposa de Wilhelm), o tempo de exposição foi de 15 minutos e o receptor de imagem utilizado foi uma chapa fotográfica recoberta de platinocianeto de bário. o A primeira radiografia odontológica foi realizada por Dr. Otto Walkoff, com tempo de exposição de 25 minutos. Efeitos do uso indiscriminado da radiação X o Os primeiros efeitos biológicos relatados foram a radiodermite, as primeiras radiolesões observadas, que causaram eritema, dor, edema, epilação e ulceração. o Foi identificada na mão esquerda de Grubbé, o assistente de Roentgen. o Também foi relatado a queda acentuada de cabelo, por conta das radiografias realizadas no crânio de médicos. o No final de 1896 houve uma polemica em relação aos efeitos nocivos da radiação e publicações relatando queimaduras na pele. o Elihu Thomson: expos o dedo mínimo esquerdo durante 30 ao dia, com distância entre tubo-pele de 3cm. Após uma semana, apresentou dores inflamação e bolhas, permitindo observar que a exposição aos Raios X, além de um certo limite, poderia causar sérios danos. o Por meio de estudos sobre os efeitos biológicos da radiação, houve a necessidade de se estabelecer técnicas de medida da radiação e normas de proteção contra seus efeitos danosos. o 1902: houve a primeira recomendação sobre o limite diário de radiação. o as discussões sobre proteção radiológica se iniciaram em 1915: o 1915: foi fundada a sociedade britânica de Roentgenologia. o 1922: foi fundada a sociedade americana dos raios de Roentgen. o O avanço nos equipamentos e detectores de imagem contribuiu de maneira significativa para um aumento do número de exames por imagem realizados para os diversos diagnósticos médicos, e proporcionalmente houve crescimento com a preocupação sobre os efeitos biológicos da radiação X. Comissões de proteção radiológica o 1928: comitê internacional de proteção radiológica o 1931: publicação do primeiro guia de proteção radiológica o 1950: comissão internacional de proteção radiológica o 1988: portaria n.453 – Brasil o 2019: RDC 330 – Brasil o 2022: RDC 611 – Brasil Efeitos biológicos da radiação X o São definidos como efeitos danosos que os raios X promovem nos tecidos vivos decorrentes de sua capacidade de ionização. o Ao interagir com as células, a radiação pode causar dois efeitos principais: determinísticos e estocásticos. Efeitos determinísticos/ somáticos o Dizem respeito à relação causa/efeito imediato entre a exposição ao tecido e o sintoma. Ocorrem para doses acima de um determinado nível (limiar), e seu grau de dano (gravidade) aumenta conforme a dose absorvida. o Em geral, as manifestações ocorrem em um período de latência curto, questão de horas a semanas. Um indivíduo exposto em corpo inteiro a uma dose aproximada de 3,5 Sv durante uma hora, por exemplo, apresentará os seguintes sintomas: o Vômitos e diarreia: em poucas horas o Febre, queda de cabelo e perda de peso: em algumas semanas o Chance de morte em 50% dos casos: em 60 dias (se não houver tratamento). o Esses sintomas caracterizam a chamada síndrome aguda de radiação. o Dentro dos efeitos determinísticos, há a morte da célula ou mesmo do organismo, podendo ser considerada aqui a aplicação da radiação no controle de neoplasias malignas, provocando a morte das células cancerosas. o Para que este se manifeste, é necessário que alcance um valor mínimo de dose (limiar de dose). o É um efeito agudo da radiação que se manifesta por meio da aplicação de uma dose de radiação elevada; tempo de duração da exposição á radiação e tipo de tecido/órgão exposto. o Apresenta como principais consequências a morte celular e alterações que levem ao seu mau funcionamento. o Esses efeitos se manifestam quando uma dose de radiação específica é atingida, por isso existe um limiar de dose para que um efeito determinístico se manifeste. o Por atingir células do organismo, são também classificados como efeitos somáticos da radiação. o Os limiares de dose geralmente são atingidos por meio de radioterapia (da cabeça e do pescoço, mucosites bucais radiointroduzidas) e de altas doses de radiação, pouco por baixas doses de radiação e por exames de imagem em odontologia. o É válido ressaltar que a gravidade da resposta é proporcional á dose administrada. Exemplos de efeitos somáticos/ determinísticos Efeitos biológicos da radiação X radioproteção Estomatologia I Escola Bahiana De Medicina E Saúde Pública (EBMSP) Discente: Maria Clara Pereira Dos Santos o Usina nuclear de Chernobyl – 1986. Alta dose de radiação aplicada em um curto período – síndrome aguda de radiação. o Césio 137 – Goiânia 1986 o Usina nuclear de Fukushima – 2011 Efeitos estocásticos o São efeitos não aparentes e que dependem de longos períodos de latência, meses ou anos. o Estão relacionados com a exposição a baixas doses, cuja probabilidade de ocorrência aumenta com o aumento da dose absorvida. o Não há relação entre dose e gravidade do quadro clínico, e não há limiar de dose. o Os efeitos estocásticos são considerados no campo das probabilidades, e sua ocorrência é sempre estudada do ponto de vista epidemiológico. o A probabilidade do surgimento dos efeitos depende do valor total da dose acumulada, sem que esse valor determine a gravidade do efeito. o Não dependem de valores elevados de dose de radiação. o São efeitos probabilísticos o Não existe um limiar de dose conhecido o Ocorre por baixas doses de radiação por um longo período. o Representa a exposição crônica a radiação; o Suas consequências principais são: o alterações irreversíveis nas células, danos ao seu material genético (DNA): que resultam no desenvolvimento de um câncer radiointroduzido (efeito somático) e em efeitos sobre células reprodutivas (efeito genético hereditário). o A ausência de um limiar de dose determina se poderá apresentar ou não alterações, ou seja, efeito probabilístico e um longo período de latência até que os primeiros sinais apareçam. o Por se relacionarem á baixas doses de radiação, podem se manifestar após a realização de exames de imagem odontológicos. o a probabilidade de resposta é dose dependente, visto que a exposição aumenta a probabilidade e não a gravidade. o Não existe uma dose segura abaixo da qual o risco para o desenvolvimento de efeito estocásticos seja zero, por isso, qualquer dose em excesso deve ser evitada. Mecanismos da radiação ionizante o Os efeitos danosos que a radiação X promove nos tecidos vivos decorrem de sua capacidade de ionização. o Para que um efeito determinístico/ estocástico se manifeste, a radiação deve interagir direta ou indiretamente com a célula. Efeitos diretos o Ocorrem pela interação da radiação ionizante com biomoléculas orgânicas. o Há a liberação de um elétron, a formação de um radical livre e por fim, um dano oxidativo às biomoléculas. o Acontece quando a radiação interage diretamente com a molécula de DNA, levando a uma quebra de sua cadeia ou falhas em suas bases. Efeitos indiretos o Ocorrem pela interação da radiação ionizante com uma molécula de água, visto que a água corresponde a cerca de 70% dos constituintes celulares. o A interação da radiação X com a água gera a formação de radicais livres, correspondendo a capacidade de gerar danos ao DNA. o Por dependeremde uma reação com a água antes, são tidas como danos indiretos. Radicais livres o São produzidos como subprodutos do metabolismo oxidativo celular normal. o São produzidas após a exposição à radiação ionizante, visto que os mecanismos bioquímicos celulares responsáveis pela produção metabólica de radicais livres e de espécimes reativas de oxigênio e nitrogênio podem ficar alteradas por minutos, horas, dias ou até anos após a exposição. o Pode causar o aparecimento de efeitos celulares tardios, como a carcinogênese, fibrose, inflamação, Efeitos biológicos da radiação X radioproteção Estomatologia I Escola Bahiana De Medicina E Saúde Pública (EBMSP) Discente: Maria Clara Pereira Dos Santos instabilidade genômica e a aceleração da degeneração tecidual com a idade. Molécula de DNA o Dano ao ácido desoxirribonucleico (DNA) de uma célula é a causa primária de morte celular induzida por radiação, mutações hereditárias (genéticas) e formação de câncer (carcinogênese). Radiação ionizante, via produção de radicais livres, produz muitos tipos diferentes de alterações no DNA, incluindo: o Dano de base o Quebras de fita simples o Quebras de fita dupla o Ligações cruzadas DNA-DNA e DNA-proteína. o É o alvo crítico da célula irradiada. o É alvo de efeitos diretos e indiretos. o A principal lesão causada é a quebra da dupla hélice o Apresenta mecanismos de defesa e reparos ao DNA. Efeitos biológicos o São decorrentes da capacidade de ionização. o A radiossensibilidade celular é diferente entre os diferentes tipos celulares. Lei de Bergonie e Tribondeau – 1906 o Afirma que a radiossensibilidade é uma função do estado metabólico do tecido irradiado. o As células maduras são menos radiossensíveis que as células-tronco. o Tecidos jovens são mais radiossensíveis que tecidos velhos. o Quanto maior a atividade metabólica, maior a radiossensibilidade. o O aumento de taxas de crescimento e proliferação das células as torna mais radiossensíveis. Radiossensibilidade celular o Radiossensível ➜ radiorresistente 1. Linfócitos 2. Eritrócitos 3. Mieloblastos 4. Células epiteliais 5. Células endoteliais 6. Células conjuntivas 7. Células ósseas 8. Células nervosas 9. Células musculares Efeitos das radiações de baixa dose nas células o Nenhuma dose de radiação é inócua: Exames que operam com baixa dose são capazes de causar algum efeito celular. o Exames radiográficos odontológicos: a dose efetiva de radiação corresponde a uma porcentagem muito pequena quando comparada a todas as outras fontes de radiação. o 1 caso de câncer a cada 47600 exames periapicais de boca completa (filme D e colimação circular) o 1 caso de câncer a cada 1700 exames tomográficos em equipamentos de alta resolução, com campo de visão para crânio total. Proteção radiológica o É o ramo do conhecimento encarregado de dar explicação aos efeitos benéficos e maléficos das radiações ionizantes, assim como, estabelecer regras, leis e recomendações para o uso seguro e eficaz da radiação ionizante. o Objetivos: o Prevenção da ocorrência de exposições desnecessárias o Minimização das exposições justificadas ou desejáveis a níveis aceitáveis o Estabelecimento de regras e conhecimento sobre os efeitos da radiação ionizante. o OBS: a agência nacional de vigilância sanitária tem o papel de legislar sobre a matéria de proteção radiológica. Exposição o É o ato ou condição de estar submetido à radiação ionizante. o Exposição ocupacional: é a exposição normal ou potencial de um indivíduo em decorrência de seu trabalho. o Exposição ao público: é a exposição de indivíduos do público a fontes e práticas autorizadas em situações de intervenção. o Exposição médica: é a exposição a que são submetidos pacientes para fins de diagnóstico ou terapia. Princípios fundamentais o Justificação, otimização e limitação de dose individual. Justificação o Nenhuma prática ou fonte associada a essa prática estará justificada, a não ser que produza benefícios para os indivíduos expostos ou para a sociedade, suficientes para compensar o comprometimento correspondente. o As exposições para fins diagnósticos devem ser justificadas: benefícios X comprometimentos; técnicas alternativas disponíveis que não envolvam exposição. Otimização Efeitos biológicos da radiação X radioproteção Estomatologia I Escola Bahiana De Medicina E Saúde Pública (EBMSP) Discente: Maria Clara Pereira Dos Santos o Baseia-se nos efeitos estocásticos, que não tem limiar para que a probabilidade de ocorrência seja diferente de zero. o A dose de radiação deve ser tão baixa quanto possível (ALARA -As Low As Reasonably Archievable); ALADA (As Low As Diagnostically Acceptable) Limitação da dose individual o A exposição do indivíduo deve ser restringida de tal modo que não excedam o limite de dose estabelecida na legislação em vigor. o Os limites de dose não se aplicam às exposições médicas. o Não devem ser consideradas como fronteira entre condição segura e perigosa. Mecanismos de proteção radiológica em odontologia o É o conjunto de medidas que visa proteger os pacientes, o profissional e a sua equipe, bem como os indivíduos do público, dos efeitos biológicos decorrentes do uso da radiação ionizante. Proteção do paciente o Baixa dose de radiação o Colimação o Barreiras: avental plumbífero com equivalente a 0,25mm de chumbo. o Acondicionamento: em posição horizontal ou em suporte apropriado. o Receptores de imagem mais sensíveis Proteção do profissional o Exposição ➜ radiação primária ➜ radiação secundária ➜ radiação de fuga = a intensidade do feixe de radiação diminui com o inverso do quadrado da distância. o A maioria das precauções e cuidados adotados para a proteção do paciente também está relacionada á proteção dos profissionais. o Salas de exames intrabucais ➜ biombos de chumbo com vidro plumbífero ➜ distância de 2m do tubo de raios X ➜ ângulo de 90° e 135° em relação ao raio central do feixe de radiação. Proteção dos indivíduos do público o Presença de barreiras adequadas nas salas dos equipamentos de raios X. o as espessuras do chumbo variam de 0,1 a 1,0mm, dependendo da distância entre a barreira e o tubo de raios X. Efeitos biológicos da radiação X radioproteção Estomatologia I Escola Bahiana De Medicina E Saúde Pública (EBMSP) Discente: Maria Clara Pereira Dos Santos o evitar instalar os equipamentos de raios X de modo que o feixe primário alcance barreiras que separam a sala de exames de ambientes com permanência prolongada de pessoas. Considerações finais o princípio da justificativa: o benefício deve ser maior que a dúvida. o A exposição médica deve resultar em um benefício real para a saúde do indivíduo. o As radiações ionizantes são fatores mutagênicos o Os efeitos das radiações ionizantes são deletérios – somáticos genéticos o Não há limiar abaixo do qual uma dose seja inócua. o A ação mutagênica é cumulativa o As mutações crescem linearmente com a dose o Uso seguro da radiação X.
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