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relatorio de sociologia debate

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Conhecido por ser uma das ações afirmativas mais abrangentes e também mais polêmicas em vigência no território brasileiro, o sistema de cotas, também chamado de política de cotas, é uma medida implantada em diversos países para amenizar desigualdades sociais, educacionais e econômicas, tendo sua primeira aplicação na década de 1960, nos Estados Unidos, para diminuir a desigualdade socioeconômica existente entre negros e brancos.
No Brasil, esse tipo de medida é mais recente, ganhando visibilidade no começo dos anos 2000, quando passou a ser adotada por universidades e órgãos públicos em seus processos seletivos, vestibulares e concursos. Mas o assunto não é consenso, despertando diversos debates e sendo aplicado de forma distinta em cada universidade e órgão público ao redor do território nacional.
Os tipos de cotas são:  Cotas raciais, que são um tipo de ação afirmativa voltada a combater desigualdades sociais causadas por privilégios de um grupo racial em detrimento de outros. Para que seja possível utilizar a política de cotas raciais para o ingresso no ensino superior, é necessário que o candidato assine um termo em que se autodeclara negro, indígena ou pardo, que servirá como garantia documental do uso da política afirmativa em questão. Existem universidades que exigem ainda uma entrevista presencial, com banca avaliadora, para conceder ou não o direito às cotas. Cotas sociais, assim como as raciais, são políticas afirmativas que visam oferecer melhores oportunidades para determinados grupos, considerados impactados negativamente por políticas públicas e sociais, servindo como ferramenta de consolidação de igualdade de oportunidades. Se diferem das raciais por levarem em consideração fatores distintos que não a raça do candidato, sendo utilizadas no Brasil políticas de cotas sociais destinadas a estudantes de escola pública, estudantes de baixa renda familiar e a pessoas com deficiência, sendo que a aplicação desse tipo de cota se dá, principalmente, no Enem e no Sisu.
De acordo com a Lei N° 12,711/2012, Lei de Cotas, determina que a metade das vagas de instituições de ensinos superiores públicas devem ser destinadas a candidatos que estudaram os 3 anos do ensino médio na rede pública. Estabelece também que dentro do percentual de vagas reservadas a alunos da rede pública, metade devem ser para estudantes com renda familiar mensais por pessoa igual ou menor a 1,5 salário mínimo e a outra metade com renda maior que esse valor. Dentro de cada faixa de renda devem ser reservadas vagas a candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas. Já entra na parte da categoria de cotas raciais.
De acordo com o debate apresentado na sala de aula, foi apresentado argumentos a favor e contra o sistema de cotas. Foram utilizados os seguintes argumentos a favor: 1) Oportunidades diferentes: O abismo existente entre escolas públicas e particulares fornecem, claramente, oportunidades distintas a estudantes de classes sociais diferentes. Pois sem as cotas para os estudantes de classes sociais menos favorecidas, as cadeiras nas melhores universidades continuarão sendo conquistadas por candidatos com melhor estabilidade financeira. O ideal seria qualificar o ensino público, mas isso levaria décadas. O Brasil precisa adotar cotas para avançar na construção da igualdade de direitos, relativamente às suas várias etnias. Esse sistema também é necessário para levantar a autoestima do povo afro-brasileiro, refletida no direito à educação,à saúde e ao lazer. 2) Dívida histórica: Chamamos de dívida histórica elementos como a escravidão e a exploração, que fizeram parte do passado histórico do nosso país e que acentuaram questões de desigualdades, deixando de lado a justiça contra momentos de abusos. Por conta desse fator, se vê a necessidade de políticas afirmativas em favor de populações subalternizadas, com objetivo de resgatar injustiças passadas e dissolvê-las. A escravidão foi oficialmente abolida em 13 de maio de 1988 pela Lei Áurea assinada pela princesa Isabel. A vida do ex-escravos (a libertação não deu a garantia que esses ex- escravos fossem aceitos, foram abandonados a própria sorte, sem acesso a terra, muito menos indenização). Muitos escravos permaneceram nas fazendas em que trabalhavam, vendendo seu trabalho em troca de sobrevivência, eram jogados na sociedade sem estudo e sem moradia. 3) Sociedade brasileira racista: Racismo é uma construção cultural baseada em infundados princípios de uma suposta inferioridade à população negra. Para defender as cotas raciais, vários grupos do movimento negro alegam que pela sociedade ser racista, eles não terão oportunidade de estudo e empregos bons, por um motivo simples, existe um sistema de opressão que privilegia um grupo racial em detrimento de outros.Consta-se que a lógica das cotas é a inclusão, quanto mais as pessoas negras permanecerem lá, tiverem formação universitária e oportunidade de boa inserção no mercado de trabalho, maiores serão as chances de que as próximas gerações de brancos e negros sem menos desiguais em termos de oportunidades. 4) Meritrocacia: Os grupos contrários à instituição de políticas afirmativas para negros afirmam que elas são uma forma de tornar o caminho mais fácil e que as pessoas não chegaram ao cargo ou vaga na universidade por mérito e capacidade própria. 5) A Constituição de 1988 estabelece a igualdade entre todos os brasileiros: Existia a polêmica da constitucionalidade, em razão de a Constituição de 1988 estabelecer a igualdade entre todos os brasileiros independente de “raça” e “cor”, por exemplo. Por outro lado, as cotas já foram avaliadas em 2012 no STF como constitucionais. 
Dentre os argumentos citados à favor, foram citados os seguintes dados: Em 2005, apenas 5,5% dos jovens negros ou pardos na classificação do IBGE, frequentavam uma faculdade, comparando com os brancos que eram de 17,8%. Outro levantamento, também a partir de dados do IBGE, feito pelo site “Quero Bolsa”, informa-se que entre 2010 e 2019, o número de alunos negros no ensino superior, cresceu quase 400%, os negros chegaram a 38,15% do total de matriculados.

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