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Parasitologia Letícia Iglesias Jejesky Med 106 1 Toxoplasmose Coccidioses São doenças produzidas por protozoários conhecidos como coccídios. Classificação Taxonômica Reino: Protozoa Filo: Apicomplexa – complexo apical responsável pela adesão e invasão às células. Coccídios são parasitas intracelulares obrigatórios! Classe: Sporozoa Subclasse: Coccidiasina Ordem: Eucoccidiorida Famílias: Sarcocystidae (Toxoplasma gondii) Cryptosporidiidae (Cryptosporidium parvum) Morfologia Geral e Biologia Filo Apicomplexa: complexo apical presente em todas as formas infectantes; realizam reprodução sexuada e assexuada Estruturas fundamentais para adesão (fixação) e penetração dos protozoários – complexo apical. Esses protozoários têm ciclo complexo – envolve reprodução assexuada e sexuada, realizando duas modalidades reprodutivas. Apresentam a forma trofozoíto e oocisto (fruto da união de macro e microgametas). Os oocistos no caso do Toxoplasma têm que passar um período no solo para se tornarem infectantes. Fases do Ciclo Assexuada: esporogonia e merogonia (ou esquizogonia) – processo reprodutivo complexo que um indivíduo dá origem à diversos indivíduos novos, intensificando capacidade reprodutiva. TODOS APICOMPLEXA SÃO PARASITAS INTRACELULARES OBRIGATÓRIOS – precisa invadir as células do hospedeiro para se reproduzir. Todos os processos nutricionais e reprodutivos envolvem invasão de células. Sexuada: gametogonia Padrões de Ciclo Monoxeno: direto; só possui hospedeiro definitivo – acontece os dois tipos de reprodução. Heteroxeno: possui hospedeiro definitivo (sexuada) e intermediário (assexuada). Hospedeiro definitivo – elimina os oocistos junto com as fezes, sendo essas as principais formas infectantes. Gato é definitivo na toxoplasmose e homem é intermediário – ser humano faz quadro clínico importante principalmente relacionado a imunodepressão (protozoário oportunista). Cripstoporidium – homem é hospedeiro de ciclo completo, somos capazes de eliminar os oocistos, ou seja, o ciclo é monoxênico. Toxoplasma gondii Toxoplasmose: zoonose – uma das mais prevalentes no planeta. Cerca de 60% das pessoas no Brasil tem toxoplasmose e não sabem. Algumas pessoas podem passar a vida toda sem exibir sintoma algum da toxoplasmose. Várias espécies animais: mamíferos, aves e alguns répteis Hospedeiros definitivos: felinos domésticos e silvestres Hospedeiros intermediários: outros animais e homem Distribuição mundial e alta prevalência (Brasil – cerca de 60% da população) Doença clínica: forma crônica assintomática Forma mais grave: neonatos e indivíduos imunodeficientes – tratamento com corticoide, quimioterapia ou indivíduos imunodeprimidos apresentam perdas de capacidade visual como manifestação da doença. A toxoplasmose pode ser adquirida a partir de carne mau cozida ou leite cru (ser fervura). A principal forma de infecção é a contaminação de água e alimentos – ingesta de oocistos eliminados com fezes do gato. Parasitologia Letícia Iglesias Jejesky Med 106 2 Habitat Hospedeiros intermediários: diversas células e líquidos orgânicos (saliva, leite, esperma, líquido peritoneal etc.) – forma especiais trofozoíticas são encontradas na saliva, apesar disso, é praticamente impossível essa forma de infecção. Contaminação por leite materno é rara. Nos felinos: células do epitélio intestinal (formas do ciclo sexuado) e fezes (forma de resistência) – o felino pode adoecer de toxoplasmose, mas a doença costuma ser inaparente por desenvolver imunidade rapidamente, sendo hospedeiros melhor adaptados. Leva um tempo para que os ooscitos se tornem infectantes, precisando passar pelo solo ou água. Por isso, a forma de infecção de toxoplasmose é ingestão de alimentos ou água contaminados. A toxoplasmose felina é transmitida congenitamente, então os filhotes de uma fêmea que já tenha toxoplasmose já nascem parasitados, sendo eles disseminadores da doença. Morfologia: Múltipla 1. Taquizoítas: fase aguda Móvel, de multiplicação rápida. Encontradas no vacúolo parasitóforo de células como: SFM, hepáticas, pulmonares, nervosas, submucosas e musculares. Líquidos orgânicos e secreções. É uma forma que invade várias células do organismo e se multiplica rapidamente – lisa essas células e se espalha rapidamente. Taquizoítos são o tipo especial de trofozoíto, é o invasor. Alta quantidade de taquizoítas significa fase aguda. São responsáveis pela invasão, colonização e deflagra os quadros clínicos. Produzem lesões que culminam em quadros clínicos sintomáticos. É a forma que está presente no leite, esperma, saliva, etc são os taquizoítos – pode acontecer infecção. Através de transfusão sanguínea também pode acontecer infecção. 2. Bradizoítas: fase crônica Multiplicação lenta. Em células estáveis: musculares esqueléticas e cardíacas, tecido nervoso e retina. Viáveis nos tecidos por vários anos. As células vão conter “ninhos de bradizoítos” nas células teciduais, não no sangue. Toxoplasmose, de modo geral, não tem cura. O protozoário fica escondido. Bradizoítos em carne crua contaminada vão dar taquizoítos no organismo do hospedeiro, sendo essa mais uma via de contaminação. 3. Esporozoítas Encontrados no interior dos oocistos (formas de resistências eliminadas nas fezes dos felinos) – quando ingere oocisto contendo esporozoíto, ele vai ser liberado no intestino delgado e vai dar origem a taquizoítos, que invadem células intestinais e vão se disseminar por várias células, começando pelas células do SFM. Após resposta imunológica, ele se recolhe, dá células estáveis (bradizoítos) ficam em células teciduais. 4. Oocistos Forma de resistência; produzidos nas células intestinais dos felinos e eliminados com as fezes. Contêm 2 esporocistos com 4 esporozoítas cada; 5. Cistos Estrutura que contém os bradizoítas nos tecidos – tecidos musculares esqueléticos, cardíacos, nervoso e retina. Ou seja, quando ingere tecido muscular com cistos que contem bradizoítos, há invasão, resultando em taquizoítos e causando infecção. Formas de infecção: taquizoítos dos líquidos corporais, bradizoítos em carne contaminada e oocistos nos líquidos e alimentos contaminados. Ciclo biológico Fase assexuada: hospedeiros intermediários Ingestão oocistos c/ esporozoítas (forma invasiva), bradizoítas (musculatura), e taquizoítas (invasiva mucosa oral). Epitélio intestinal: absorção, penetração em vários tipos celulares e rompimento das mesmas; Fase aguda: fase proliferativa Evolução: formas clínicas, podendo levar à morte ou aparecimento de resposta imune específica; Interferon gama – taquizoítas mudam para bradizoítas. Fase crônica: fase cística e diminuição da sintomatologia. Parasitologia Letícia Iglesias Jejesky Med 106 3 Os taquizoítos tem forma arqueada, isso é típico de Toxoplasma gondii, auxiliando em diagnóstico. Ciclo biológico da Toxoplasmose no gato Em geral, o gato adquire a toxoplasmose quando se alimenta de hospedeiros intermediários (pássaro ou rato, principalmente). Gato ingere cistos com bradizoítos. Bradizoítos invadem os enterócitos do intestino do felino o ciclo é responsável pela produção dos oocitostos gato defeca e elimina oocitos não esporulados. Quando esses oocistos não esporulados passam no solo, eles se tornam esporulados e infectantes. O homem ingere esses oocistos com esporozoítos e se infecta. Fase Sexuada: Gato Ingestão de cistos ou oocistos; Epitélio intestinal: gametócitos – formam os microgametas e os macrogametas (eles se unem e originam zigotos) Fecundação: formação do zigoto, que origina o oocisto; Oocisto imaturo eliminado nas fezes; Maturação do oocisto no ambiente; Transmissão Ingestão de oocistos: caixas de areia, jardins, latas de lixo, disseminadospor moscas, baratas, minhocas etc. Ingestão de cistos: carnes cruas ou mal cozidas; ingere bradizoíto. Ingestão de taquizoítas: leite contaminado, saliva, acidente laboratorial, deposição de esperma infectado na mucosa vaginal, transfusão sanguínea. Transmissão congênita ou transplacentária: Taquizoítas: rompimento de cistos no endométrio; taquizoítas no líquido amniótico e chegam até o bebê. Taquizoíto tem possibilidade de invadir mucosa. Esporozoíto e bradizoíto só invadem enterócito. Patogenia e Sintomatologia Fatores que influenciam: cepa, resistência do hospedeiro, via de infecção; A via de infecção mais importante e que produz mais danos é a pré-natal, contato com taquizoítos. Uma das importantes e mais frequentes é pela ingestão de alimentos contaminados. Toxoplasmose Pós-Natal ou Forma Adquirida Ganglionar: febre e linfoadenopatia Ocular: retinocoroidite Costumam ser os sinais de que adquiriu toxoplasmose após o nascimento. A forma pós-natal pode ser cutânea ou exantemática. Patogenia e Sintomatologia Cutânea ou Exantemática Forma lesões generalizadas na pele. Raramente encontradas. Os casos conhecidos foram de evolução rápida e fatal. Cerebroespinhal ou Meningoencefálica Reativação de cistos em imunodeficientes (ou seja, adquiriu toxoplasmose, a doença está na fase crônica e é reativada por déficit imunológico). Encontro pouco frequente em indivíduos imunocompetentes. O quadro clínico se caracteriza por cefaleia, febre, anomalias focais manifestando hemiparesia (paralisia) leve até perda da capacidade de coordenação muscular, confusão mental, convulsões, letargia, que pode progredir para estupor, coma, até a morte do paciente. É preciso fazer diagnóstico diferencial para diagnóstico de Doença de Chagas na sintomatologia Cerebroespinal – faz coleta de sangue e se encontrar tripomastigotas é Chagas. Generalizada: evolução mortal. Forma adquirida – pós-natal Período de incubação (1 a 4 semanas) Forte infecção x carga parasitária – se ingere muitos cistos na carga ou muitos oocistos esporulados a carga parasitária é alta. Parasitologia Letícia Iglesias Jejesky Med 106 4 Febre Mialgia Adenopatia Cefaleia Cronicidade da infecção Lesão ocular (Retinocoroidite) Marcador sorológica (IgM/IgG) Reativação da infeção Forma congênita Gestante em fase aguda – grande atividade de taquizoítos Primoinfecção Marcador solorógico – IgM e IgA positivos Risco de transmissão aumentada com o tempo de gravidez Primeiro trimestre – 25% Segundo trimestre – 40% Terceiro trimestre – 65% A gravidade da doença do feto é inversamente proporcional ao tempo de gestação – ela é mais grave no primeiro trimestre, tem média gravidade no segundo trimestre e menos grave no terceiro trimestre. Toxoplasmose congênita Hidrocefalia Calcificação cerebral – lise celular, processo inflamatório, necrose, fibrose, calcificação. Retardo mental Miocardite – taquizoítos invadem células musculares esqueléticas e cardíacas Pneumonia Hepatite Retinocoroidite Estrabismo Microftalmia Forma congênita transplacentária – 1º Trimestre Aborto Forma congênita transplacentária – 2º Trimestre Síndrome de Sabin (sinal patognomônico) Coriorretinite (90% dos casos) Calcificações Cerebrais (69% dos casos) – taquizoítos se multiplicam, há lise das células e o processo inflamatório, juntamente com resposta imunológica e toxinas do protozoário, determina esse quadro clínico. Perturbações neurológicas com retardo psicomotor (60% dos casos) Micro ou macrocefalia (50% dos casos) Forma congênita transplacentária – 3º Trimestre Doença se manifesta dias, semanas ou meses após o parto Comprometimento ganglionar generalizado Hepatoesplenomegalia Edema Miocardite Anemia Trombocitopenia Lesões oculares (patognomônicas) – invasão de taquizoítas atinge a coróide e retina provocando degeneração variável chamada de foco em roseta ou em roda de carroça. Pode haver microftalmia, estrabismo, catarata Diagnóstico clínico – sugestivo Diagnóstico laboratorial: Fase aguda Parasitológico – demonstração dos parasitas Isolamento em cultura de células Inoculação de animais de laboratório – animal que não esteja parasitado inocula material do paciente e desenvolve quadro clínico. Sorológico – detecção de IgM Molecular – PCR Fase crônica IgG Método de Diagnóstico para fase Aguda ou Crônica Teste do corante ou reação de Sabin Feldman – altíssima sensibilidade. Marcadores na toxoplasmose: IgM e IgG negativos: não há toxoplasmose IgM + e IgG - : Infecção aguda por Toxoplasma gondii. IgM - e IgG + : infecção antiga por T. gondii (meses ou anos). Pode indicar forma crônica. IgM + e IgG +: reagudização da doença. Normalmente é imunodeficiência. Parasitologia Letícia Iglesias Jejesky Med 106 5 Epidemiologia Encontrada em quase todos os países – prevalência variando de 20 a 83%; Todos os mamíferos e aves são suscetíveis; Gatos: Grande importância epidemiológica; Veiculação de oocistos por moscas e baratas; Soropositividade em animais silvestres; Profilaxia Saneamento (pessoal e ambiental) Fezes e contato com gatos Controle de roedores Caixas de areias Controle de insetos sinantrópicos Não ingerir carne crua ou mal cozida Não ingerir leite cru Higienização adequada das verduras Tratamento Forma aguda sintomática: pirimetamina associada com sulfadiazina ou sulfadoxina. Adicionar ácido folínico. Forma aguda em gestantes: Primeiro trimestre: Espiramicina Segundo trimestre: intercalar Espiramicina e Sulfadiazina Terceiro trimestre: Pirimetamina associada com sulfadiazina e Ácido folínico. Toxoplasmose ocular: Antiparasitários + corticóides. Ex: Cloridrato de clindamicina +sufadiazina+predinizona. Encefalite em imunodeficientes: pirietamina +sulfadizina ou Pirimetamina+clindamicina.
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