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Taise Terra @med_rabiscos (Doença de Chagas) Histórico • Carlos Chagas (1878-1934): iniciou carreira no combate à malária; descobriu o Trypanosoma cruzi; descreveu a tripanossomíase americana (doença de Chagas humana) • Descreveu completamente a doença infecciosa: patógeno ® vetor (triatominae) ® hospedeiro ® manifestações clínicas e epidemiologia Epidemiologia • Milhões de infectados na América Latina • Mortes em decorrência de danos irreversíveis ® coração e trato digestivo • Redução da transmissão no Brasil: medidas de controle de transmissão vetorial, regulamentação do uso de sangue e de hemoderivados, urbanização Vetor • Triatomíneo hematófago (barbeiro) • Hábito noturno • Ciclo de transmissão: o Liberação das formas tripomastigotas metaciclicas com as fezes e urina o Essas formas vão penetrar na corrente sanguínea quando a pessoa se coçar após a picada, vão entrar nas células e se transformarem em amastigotas o As formas amastigotas irão se multiplicar no interior das células o Amastigotas se transformam em tripomastigotas, rompem as células e entram na corrente sanguínea – tripomastigota também podem penetrar novamente nas células o Ingestão pelo vetor da forma tripomastigota metacíclica que estava na corrente sanguínea o Ciclo no vetor: tripomastigota ® epimastigota ® multiplicação ® tripomastigota metacíclica (eliminada em fezes e urina do vetor) Outras formas de transmissão da doença de Chagas • Oral: ingestão de alimentos contaminados (açaí) • Tranfusional: transfusão de sangue contaminado • Acidentes laboratoriais: ao manipular animais infectados; materiais perfurocortantes contaminados • Congênita: quando a mãe infectada passa a doença para o filho • Transplantes: quando a pessoa recebe transplante de um órgão infectado FASE AGUDA DA DOENÇA • Começa após o período de incubação: de 4 a 10 dias no caso de transmissão vetorial; de 20 a 40 dias ou mais em casos de contaminação por transfusão • Sintomática: casos clássicos, sobretudo em crianças de baixa idade o Presença de parasitemia elevada, intenso parasitismo tecidual, manifestações de toxemia, processo inflamatório exuberante e quadro clínico variável o Sinais e sintomas leves: inchaço no local da infecção, febre, fadiga, erupção cutânea, dores no corpo, inchaço da pálpebra, dor de cabeça, perda de apetite, náusea, diarreia ou vômito, glândulas inchadas, aumento do fígado e baço o Geralmente esses sinais e sintomas da fase aguda desaparecem sozinhos • Assintomática: mais comum; ocorre em todas as idades • Essa fase dura semanas ou meses • A doença deve ser tratada na fase aguda ® para não avançar para crônica • Em casos de transmissão vetorial podem surgir sinais de porta de entrada (chagoma de entrada) o Reação inflamatória na pele ou em mucosas o Sinal de Romanã (complexo oftalmo linfonodal) • Em casos não tratados a fase aguda dura de 10 a 60 dias. Com o passar dos dias ou semanas, os sintomas regridem, o número de parasitas diminui na circulação, e a doença evolui para crônica • A resposta imunitária do hospedeiro determina o que vai acontecer na fase crônica FASE CRÔNICA DA DOENÇA • Na maioria das vezes na forma indeterminada: comprovação sorológica da infecção; ausência de sinais e sintomas da doença e eletrocardiograma convencional e radiológico contrastado (esôfago e cólon) normais • Forma indeterminada tem prognóstico bom • Evolução da forma indeterminada para as formas crônicas cardíaca, digestiva ou mista ® 10 a 20 anos após a fase aguda Tratamento • Matar o parasita e controlar sinais e sintomas • Fase aguda: prescrição de medicamentos (benzonidazol e nifurtimox) • Fase crônica: os medicamentos não curam a doença, mas podem ser oferecidos a pessoas com menos de 50 anos, porque podem ajudar a retardar a progressão da doença e suas complicações mais sérias Sinal de Romanã ou complexo oftalmolinfonodal • Aparece logo após a infecção, na fase aguda • Edema bipalpebral unilateral, elástico e indolor. Possui coloração róseo-violácea nas pálpebras; congestão e edema conjuntival e das regiões vizinhas • Linfadenite-satélite (linfonodos pré-auriculares, submandibulares e outros); os linfonodos ficam maiores em volumes e palpáveis, mas não são aderentes aos planos superficiais ou profundos • Celulite periorbitária e palpebral, formando chagomas metastáticos, as vezes com necrose do tecido gorduroso (citoesteatonecrose) • Grande número de parasitas, especialmente em macrófagos e em linfonodos Taise Terra @med_rabiscos Complexo cutaneolinfonodal (chagomas de inoculação) • Aparecimento dos chagomas de inoculação principalmente no rosto e nos membros • Lesões endurecidas, róseo-violáceas, furunculoides e com edema central discreto, seguindo de descamação ao fim da fase aguda • Microscopicamente: há inflamação aguda local, rica em parasitos, na derme e na hipoderme • Em consequência da propagação dos parasitos por via linfática, aparece reação linfonodal-satélite com aumento dos linfonodos • Em alguns casos podem ocorrer chagomas metastáticos, a distância, devidos a propagação linfática ou hematogênica Comprometimento cardíaco – na fase aguda • Muito comum • Manifestações precoces • De modo especial em crianças • Na maioria dos pacientes: taquicardia, pulso fino e rápido, tendência a hipotensão arterial • Aumento discreto ou moderado da área cardíaca • Derrame pericárdico e pericardite • Insuficiência cardíaca ocorre raramente • Na fase aguda, as alterações cardíacas são, em geral, benignas e reversíveis. Sendo insuficiência cardíaca franca, na presença de grande cardiomegalia e de arritmias complexas, um indício de mau prognóstico • Cardiopatia chagásica aguda é caracterizada por: o Aumento da área cardíaca o Dilatação das câmaras cardíacas o Epicárdio com áreas espessadas o Inflamação simultânea dos três folhetos cardíacos o Miocardite aguda: pode ser difusa ou multifocal o Fibrocélulas degeneradas e com necrose o Intenso parasitismo tecidual o Edema intersticial o Lesões que acometem sistema de geração e condução de estímulo cardíaco Ninho de amastigotas: se reproduzem até romper as células. Infiltrado inflamatório com neutrófilos (polimorfonucleares) • Mais de 90% dos pacientes com manifestações clínicas da fase aguda sobrevivem a infecção inicial – bem tranquila! • Em casos não tratados o risco é maior em crianças de pouca idade (lactentes), imunodeprimidos (que adquirem infecção por via transfusional ou por meio de transplantes de órgãos) Cardiopatia chagásica – na fase crônica • O comprometimento do coração pode levar a alterações de ritmo, fenômenos tromboembólicos, insuficiência cardíaca congestiva ou morte súbita • Cardiopatia chagásica crônica assintomática ou sem disfunção ventricular – pacientes com: o Eletrocardiograma alterado o Função ventricular normal o Área cardíaca normal ao exame de raios X o Exame físico normal o Ausência de manifestações clínicas • Alterações eletrocardiográficas: retardo na condução atrioventricular; anormalidades na repolarização ventricular; extrassístoles • A alteração clássica é o bloqueio do ramo direito • Forma cardíaca crônica sintomática: pode haver predomínio de arritmias ou de insuficiência cardíaca o Praticamente todos os pacientes com insuficiência cardíaca também apresentam alterações no eletrocardiograma de repouso o As arritmias, principalmente extrassístoles ventriculares, aumentam com a redução da fração de ejeção ® sendo esta considerada o principal marcador prognóstico de mortalidade o Congestão sistêmica é mais comum do que no território pulmonar, estando associada a edema periférico, ascite, hepatomegalia e estase jugular o Embolia sistêmica ou pulmonar originada de trombos murais no endocárdio é frequente, principalmente em pacientes com cardiopatia avançada o Radiologicamente, a área cardíaca encontra-se geralmente aumentada o Estudos com biópsia endomiocárdica mostram miocarditelinfocitária (linfócitos T) com agressão às miocélulas em cerca de 60% dos pacientes com arritmia e 90% daqueles com insuficiência cardíaca grave o Morte súbita pode acontecer por causa da arritmia ventricular, podendo ser a primeira manifestação da doença o Taquicardia ventricular sustentada, que é a reentrada do estímulo elétrico em uma região circunscrita dos ventrículos, onde se encontra fibrose intensa entremeada de fibras miocárdicas viáveis, o que leva a condução do estímulo elétrico mais lenta o Um tipo de tratamento que tem se mostrado eficaz é a ablação cirúrgica ou por cateter desse foco, interrompendo o circuito reentrante o As bradirritmias sintomáticas têm comprovadamente tratamento eficaz com implante de marca-passo • Coração aumentado de volume ® hipertrofia da musculatura, dilatação de câmaras cardíacas, inflamação e edema (coração perde a forma cônica e fica globoso – dilatação global) LESÃO VORTICILIAR ® PATOGNOMÔNICA DA DOENÇA DE CHAGAS • Representa afilamento da ponta do órgão, principalmente no ventrículo esquerdo, com desaparecimento total ou parcial do miocárdio (substituído por fibrose) • Apresenta-se com ou sem protusão (aneurisma) apical, sendo mais intensa nos casos de insuficiência cardíaca Taise Terra @med_rabiscos • Consequências desse tipo de lesão: o Pode romper: tamponamento cardíaco (o sangue passa para o saco pericárdico, bloqueia batimentos, morte) o Maior risco de formação de trombo Microscopia • Inflamação crônica fibrosante, multifocal • Predomínio de linfócitos e macrófagos • Edema e congestão vascular
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