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Bactérias de importância médica

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PRINCIPAIS GRUPOS DE BACTÉRIAS DE INTERESSE MÉDICO
As bactérias são os organismos mais bem sucedidos do planeta em relação ao número de indivíduos, se relacionando de diversas formas, direta ou indiretamente, com quase todos os seres vivos. E essas relações se acercam, também, de nós, seres humanos. 
A patogênese da infecção bacteriana inclui o início do processo infeccioso e os mecanismos que levam ao desenvolvimento de sinais e sintomas da doença. Bactérias virulentas causam doença através da elaboração de fatores que facilitam a adesão, persistência, invasão, e toxigenicidade.
GÊNEROS - STAPHYLOCOCCUS – STREPTOCOCCUS E ENTEROCOCCUS – Cocos gram positivos
Os estafilococos são cocos Gram-positivos que apresentam resistência a uma ampla gama de condições ambientais. São anaeróbios facultativos, não fastidiosos, não móveis, e quando cultivados em meio sólido tendem a se agrupar em cachos que podem ser evidenciados por microscopia óptica através de uma coloração de Gram.
Alguns são membros da microbiota normal da pele e mucosas outras são consideradas patogênicas. Os estafilococos patogênicos geralmente hemolisam o sangue, coagulam o plasma e produzem uma variedade de enzimas e toxinas extracelulares. Os estafilococos desenvolvem rapidamente resistência a muitos agentes antimicrobianos, o que, consequentemente, apresenta problemas terapêuticos difíceis. 
O gênero apresenta pelo menos 40 espécies. Quatro delas relacionadas clinicamente: Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Staphylococcus lugdunensis, e Staphylococcus saprophyticus, sendo os 2 primeiros descritos a seguir:
· Staphylococcus aureus
S. aureus apesar da sua potencia virulenta pode colonizar a mucosa nasal ou a pele de um indivíduo sem nunca causar doença. No entanto nos indivíduos predisponentes a infecções ou estar localizado em regiões não usuais pode ser potencialmente patogênico. Esta bactéria produz diversas exotoxinas além de possuir na parede celular compostos bioativos. Entre as exotoxinas existem citotoxinas (hemolisinas) e outros compostos como a hialuronidase, fibrinolisina, lipase, ribonuclease e desoxirribonuclease. S. aureus pode produzir enterotoxinas e se estes compostos forem ingeridos, causam diarreia e vômitos (intoxicação alimentar). No diagnóstico laboratorial presuntivo, S. aureus é conhecido também como estafilococo coagulase positivo (coagula plasma de coelho) e catalase positiva. 
Estes estafilococos estão relacionados com acne, furúnculos, pústulas, impetigo, pneumonia, osteomielite, cardite, meningite e artrite. Muitas são doenças piogênicas (formadora de pus). O uso extensivo de antibióticos selecionou linhagens de S. aureus e S. epidermidis resistentes aos antibióticos, sendo atualmente a principal problemática destas infecções em pacientes hospitalizados ou indivíduos com fatores favoráveis a infecções.
· Staphylococcus epidermidis
Coagulase negativo é encontrada na microbiota epitelial humana e vista como um importante patógeno oportunista responsável por infecções nosocomiais associadas a dispositivos médicos de longa permanência. Atualmente, a espécie é a principal causa de bacteremia primária e a terceira causa de infecções nosocomiais. O estabelecimento de S. epidermidis em hospitais e demais instituições de saúde se deve basicamente ao fato de a espécie ter a pele humana como nicho natural e à sua habilidade de aderir a materiais biológicos e formar biofilmes. As infecções causadas por S. epidermidis, ao contrário daquelas causadas por S. aureus, não demonstram sinais muito evidentes, o que dificulta o diagnóstico. O tratamento de infecções associadas a esse patógeno também pode ser bastante complicado e demorado devido tanto aos efeitos dos biofilmes na defesa do hospedeiro e na atuação dos antimicrobianos como à presença de diferentes genes de resistência a antimicrobianos em isolados dessa espécie.
GÊNERO STREPTOCOCCUS (S.pyogenes, S. agalactiae, grupo c e g, grupo d, grupo viridans, S. pneumoniae)
Os gêneros Streptococcus e Enterococcus englobam os cocos Gram-positivos, catalase-negativos, de maior importância em medicina humana e veterinária. São anaeróbios facultativos.
Os Streptococcus fazem parte da microbiota normal, alguns deles são responsáveis por uma variedade de manifestações clínicas e são considerados importantes agentes infecciosos tanto para o homem, quanto para diversos animais. Seu metabolismo é fermentativo e o ácido láctico é o produto final predominante da fermentação da glicose.
Os estreptococos são classificados como b-hemolíticos (quando causam a lise total das hemácias), em a-hemolíticos (quando causam a lise parcial das hemácias) e gama ou não hemolíticos. 
· Streptococcus pyogenes 
É também conhecido como Streptococcus do grupo A (SGA). É o agente etiológico da faringite estreptocóccica ou “amigdalite estreptocóccica”. Estas bactérias causam a β-hemólise quando crescem em Ágar Sangue, por produzirem uma citotoxina que lisa as hemácias. Esta bactéria está associada a outras patologias como a infecção das glândulas mamárias (mastite), pioderma ou impetigo (o impetigo pode ser também causado por Staphylococcus aureus ou estar associado com S. pyogenes), erisipela e otite média (infecção do ouvido interno).
O choque tóxico sistêmico pode ser decorrente também da infecção por S. pyogenes. Em certas linhagens desta bactéria, existe um bacteriófago lisogênico que codifica a produção de certas exotoxinas chamadas de superantígenos, que reagem com as células T. Estas induzem o “despejo” na circulação sanguínea grande quantidade de citocinas causando o choque tóxico. Estas citocinas também ativam células que provocam a inflamação sistêmica e destruição de tecidos.
Este estreptococo pode ainda provocar uma infecção sistêmica invasiva fulminante, como a celulite e a fasciite necrosante (extensa destruição de tecidos subcutâneos, músculos e gordura). Nesses casos, as toxinas causam inflamação e extensa destruição de tecidos e causar a morte do paciente. 
· Streptococcus agalactiae
S. agalactiae constitui o Estreptococus do grupo B, também é beta hemolítico. 
As infecções por estreptococos do grupo B estão aumentando entre mulheres não grávidas e homens. Duas populações em expansão, nomeadamente adultos idosos e hospedeiros imunocomprometidos, correm maior risco de doença invasiva. Bacteriemia, infecções da pele e tecidos moles, infecções respiratórias e infecções geniturinárias em ordem decrescente de frequência são as principais manifestações clínicas.
· Streptococcus grupos C e G
As amostras de estreptococos b-hemolíticos dos grupos C e G isoladas de seres humanos causam infecções graves, como bacteremias, endocardites, meningites, artrites sépticas, infecções respiratórias, além de infecções cutâneas, de menor gravidade. As manifestações clínicas das faringites causadas pelos estreptococos dos grupos C e G são pouco comuns, porém, quando presentes são semelhantes àquelas causadas por S. pyogenes, mas não se observa o desenvolvimento de febre reumática, apesar de ocasionalmente serem associadas à glomerulonefrite.
Incluem as espécies Streptococcus dysgalactiae subsp. equisimilis ou Streptococcus equi subsp. Zooepidemicus
· Streptococcus grupo D
Os estreptococos pertencentes a este complexo de espécies são possuidores de antígeno do grupo D. Os estreptococos do grupo D eram, antigamente, divididos em duas categorias: os enterococos e os não-enterococos. Com a alocação dos enterococos em um novo gênero (Enterococcus), os estreptococos do grupo D ficaram representados, em termos de importância médica, pela espécie Streptococcus bovis. O grupo é representado por outras espécies como Streptococcus gallolyticus ssp. gallolyticus, S. gallolyticus ssp. pasteurianus e Streptococcus infantarius ssp. Coli. Eles são considerados não hemolíticos e estão presentes na microbiota entérica do homem e de animais. Destacam-se como importantes agentes etiológicos de endocardite, que é o quadro infeccioso mais comumente associado a estes microrganismos. Estas infecções acometem principalmenteos idosos (faixa etária > 60 anos) e apresentam uma taxa de mortalidade elevada, quando comparada à de endocardite de outras etiologias.
· Streptococcus grupo viridans
Os estreptococos viridans constituem um conjunto de microrganismos de caracterização menos definida e padronizada que os demais estreptococos. Variam em relação a capacidade hemolítica. Várias espécies são classificadas nesse grupo, como: Streptococcus mutans, Streptococcus salivarius, Streptococcus mitis e Streptococcus anginosus. A maioria dessas espécies faz parte da microbiota normal do trato respiratório superior, em particular, dos diferentes nichos ecológicos da cavidade oral. Como agentes etiológicos, são associados à bacteremia, endocardite, abscessos, infecções do trato geniturinário e infecções de feridas. A espécie S.mutans participa na formação da placa dental, devido à capacidade de sintetizar glicanas a partir de carboidratos.
· Streptococcus pneumoniae
É um patógeno encontrado na orofaringe em até 40% de indivíduos sadios. Conhecido também como pneumococo cresce aos pares formando cadeias curtas. A cápsula é grande sendo o principal fator de virulência por escapar mais facilmente da atividade antifagocitária dos macrófagos alveolares. Estas bactérias invadem os tecidos alveolares, multiplicam-se e estimulam a inflamação e o acúmulo de fluidos causando a pneumonia. Além de causar a doença pulmonar os pneumococos podem atingir a corrente circulatória e causar outras infecções, a meningite é uma das mais importantes.
GÊNERO ENTEROCOCCUS
Apresentam o antígeno do grupo D, sendo antigamente classificado como Streptococcus do grupo D. O fato de serem classificadas como não enterococo no grupo antigo somado as diferenças fisiológicas e posterior sequenciamento de genes fez com que as espécies reconhecidas como enterococos fossem transferidas para um novo gênero (Enterococcus), assim muitas espécies foram adicionadas muitas das quais consideradas como agentes de infecção. Várias espécies são conhecidas, mas as mais frequentemente isoladas de seres humanos são as espécies Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium. Enterococcus constituem um gênero muito peculiar pela sua resistência intrínseca aos principais grupos de antimicrobianos usados em terapia e pela sua notável capacidade de manifestar novos modelos e mecanismos de resistência adquirida. Nos pacientes, os locais mais comuns de infecção são o trato urinário, feridas, vias biliares e sangue. Enterococos podem causar meningite e bacteremia em neonatos. Em adultos, os enterococos podem causar endocardite. 
BACILO GRAM POSITIVAS FORMADORAS DE ENDOSPOROS – BACILLUS E CLOSTRIDIUM 
· Bacillus anthracis
Gram positiva esporulada. Facultativa anaeróbia pode ser facilmente cultivada em aerobiose. Produz duas toxinas, a letal e a edemaciante. A toxina letal (LeTx) é a toxina responsável pelo choque e pela morte dos pacientes com antraz sistêmico, provavelmente devido a sua interação com os macrófagos do organismo. A edemaciante (EdTx) é a toxina responsável pelo edema do antraz.
A contaminação do homem se faz pela aquisição do endosporo bacteriano. Uma vez no organismo, o endosporo germina dando origem à forma vegetativa da bactéria. Dependendo da porta de entrada, a doença pode permanecer localizada ou disseminar-se, tornando-se uma infecção sistêmica. A infecção localizada, representada basicamente pelo carbúnculo, é mediada por toxina. B. anthracis começa a produzir toxinas logo após a germinação.
As formas clínicas naturais mais comuns do antraz são: a cutânea, a respiratória e a gastrointestinal. A cutânea é a mais comum e decorre da introdução do esporo nos tecidos através de cortes ou abrasões na pele e geralmente é adquirida pelo contato com animais doentes, produtos animais ou mesmo com o solo contaminado. Na forma respiratória, a doença é adquirida pela inalação de esporos geralmente presentes em produtos animais contaminados como peles e lãs. Quando alcançam a corrente sanguínea causam septicemia e choque. A forma gastrointestinal ocorre após a ingestão dos esporos e se manifesta clinicamente por anorexia, vômitos, dores abdominais e, às vezes, diarréia sanguinolenta. Pode também atingir a corrente sanguínea. As septicemias causadas pelo B. anthracis são muito graves, evoluindo com elevados índices de mortalidade. Os pacientes internados com antraz sistêmica deve ser imediatamente tratado intravenosamente com uma combinação de no mínimo três antibióticos de amplo espectro enquanto aguarda os resultados dos testes confirmatórios.
· Bacillus cereus
Beta-hemolítica, gram positiva. Produz toxinas que causam doença que é mais uma intoxicação do que uma infecção de origem alimentar. A intoxicação pode ser de 2 formas: a emética que se manifesta por vômitos, náusea, cólicas abdominais, e ocasionalmente diarreia. Associada com a ingestão de arroz contaminado com os esporos que durante a esporulação ou crescimento da fase vegetativa, produzem a toxina. A forma diarreica se manifesta com dores e cólicas abdominais, diarreia profusa. A enterotoxinas é produzida no alimento contaminado ou no intestino do paciente.
É resistente a várias drogas antimicrobianas como penicilina e cefalosporina. Pode ser diferenciada do B. anthracis pela morfologia de colônia, beta-hemolise, motilidade e padrões de sensibilidade antimicrobiana.
· Clostridium tetani. 
C. tetani é um bacilo anaeróbio obrigatório, gram-positivo e formador de endósporos. O solo é o reservatório natural destas bactérias. Assim usualmente, ocorre a contaminação de ferimentos pelos endosporos do solo. Havendo a penetração profunda dos endosporos, ocorre a condição anóxica e os endosporos germinam formando bactérias produtoras da toxina tetânica (neurotoxina do tétano) com ação sistêmica. Essa exotoxina possui moléculas sinalizadoras inibitórias para o relaxamento muscular causando paralisia rígida da musculatura voluntária denominada paralisia espástica. Quando atinge os músculos da boca gera uma condição denominada de trismo (riso sardônico). Este quadro pode evoluir para uma insuficiência respiratória e causar a morte do paciente. O diagnóstico é baseado nos sintomas e na detecção da toxina no sangue ou tecidos do indivíduo infectado, sendo esta última técnica raramente utilizada. A antibioticoterapia com penicilina ocorre para minimizar a população bacteriana principalmente no quadro agudo da doença. No entanto o alvo principal deve ser a toxina ainda circulante no indivíduo. Esta ainda pode ser neutralizada com soros específicos, mas não as moléculas da toxina que ainda agem nas terminações nervosas. Um reforço com toxóide tetânico (vacina) auxilia a produção adicional de anticorpos se o indivíduo já foi vacinado anteriormente. A prevenção consiste na aplicação da vacina (toxóide), a cada dez anos, que é bastante eficaz.
· Clostridium botulinum 
Esta bactéria é comum em solos e na água, mas seus endósporos são potenciais contaminantes de alimentos crus. Os endosporos depois de germinarem no alimento, iniciam a multiplicação bacteriana e produção da toxina botulínica provocando uma intoxicação alimentar grave e frequentemente fatal se o alimento for ingerido.
A toxina botulínica é uma neurotoxina que provoca paralisia flácida (afetando funções como respiração e batimentos cardíacos). A toxina é destruída se submetida ao calor, 80°C por 10 minutos. Logo, alimentos que não são cozidos constituem o mais provável modo de contaminação, como a ingestão de feijões em conserva, milhos em conserva, peixes frescos e defumados embalados à vácuo no plástico e outros alimentos.
O diagnóstico é feito a partir da detecção da toxina no soro do paciente ou detecção das células de C. botulinum em alimentos suspeitos e o tratamento é realizado com antitoxina botulínica (ou ventilação mecânica, no caso de paralisia respiratória flácida). Já a prevenção ocorre pelo controle dos processos de enlatamento e preservação de alimentos. Além disso, alimentos suscetíveis devem ser aquecidos por 20 minutos para que as toxinas sejam destruídas.· Clostridium perfringens 
Também faz parte do gênero Clostridium e formador de endósporo. É extensamente associado a intoxicações alimentares. Alimentos com alto teor de proteína (peixes, carnes e aves domésticas) podem se contaminar com estes endosporos, após a germinação multiplicam-se intensamente e liberam diversas toxinas entre elas a enterotoxina perfringens, causando náusea, diarreia e cólicas intestinais. A intoxicação geralmente desaparece 24 horas após o consumo.
A prevenção se ocorre pelo controle nos procedimentos de cocção e enlatamento, assim como medidas de higiene ao manipular alimentos crus e cozidos, os quais devem ser resfriados o mais rápido possível, pois a redução da temperatura inibe o crescimento de C. perfringens. A intoxicação pode também ocorrer pela ingestão de alimentos estragados não industrializados. C. perfringens pode causar gangrena gasosa se multiplicar-se em ferimentos profundos.
GRAM POSITIVO – NÃO FORMADORES DE ENDOSPOROS – Corynebacterium, Listeria, Nocardia
· Corynebacterium diphteriae 
Causa difteria, uma doença predominante nas crianças e que pode ser prevenida com vacinação e tratada com antibióticos. C. diphteriae é um bacilo gram positivo, imóvel e aeróbio, com corpúsculos de inclusão no citoplasma. A infecção ocorre por via respiratória, as bactérias alojam-se na garganta e amígdalas. A resposta inflamatória a esta infecção é a formação de pseudomembranas (lesão de células do hospedeiras com C. diphteriae). Estas lesões surgem pela inibição da síntese proteica e morte das células do hospedeiro causada pela toxina diftérica. Este conjunto dificulta a passagem de ar causando asfixia parcial. A vacina consiste no toxóide diftérico. Esta vacina está no conjunto da vacina DTP (tríplice) adicionada ao toxóide tetânico e proteínas de Bordetella pertussis.
· Listeria monocytogenes 
É um cocobacilo curto, Gram-positivo, não formador de endosporos, tolerante ao ácido, ao sal, ao frio e é aeróbio facultativo.
L. monocytogenes causa a listeriose, inicialmente ocorre a infecção gastrointestinal que pode levar a bacteremia (presença de bactérias no sangue) e meningite. Esta bactéria pode contaminar qualquer alimento processado ou não. Os produtos mais suscetíveis são carnes prontas para o consumo, queijos cremosos e frescos, laticínios não pasteurizados e leite pasteurizado inadequadamente.
Após a ingestão do alimento contaminado, as bactérias invadem o trato gastrointestinal, penetram nos fagócitos, se multiplicam, lisam estas células e disseminam-se no hospedeiro. O diagnóstico consiste no cultivo do microrganismo do sangue (hemocultura) ou líquor do paciente identificando-as pelo cultivo ou pelo diagnóstico molecular (PCR). As medidas de prevenção envolvem o descarte dos alimentos contaminados e controle das fontes de contaminação nos locais de processamento dos alimentos pelo calor e radiação.
BACTÉRIAS GRAM NEGATIVAS ENTÉRICAS (ENTEROBACTÉRIAS)
A família Enterobacteriaceae é um grupo heterógeno de bactérias gram negativas que inclui espécies dos gêneros Escherichia, Shigella, Salmonella, Enterobacter, e outros. São anaeróbios facultativos ou aeróbios, fermentam uma variedade de carboidratos e produzem várias toxinas e fatores de virulência.
· Escherichia coli. 
É a bactéria mais estudada, é um bacilo gram-negativo intestinal, aeróbio facultativo, não formador de endosporos e fermentador da glicose. Estas são características de todas as Enterobactérias incluindo-se E. coli. Sendo um coliforme é também um microrganismo indicador principalmente da qualidade da água revelando a presença de matéria fecal humana.
Apesar de geralmente ser inofensiva, existem alguns biotipos que causam quadros diarreicos e outras e, também, infecções urinárias. O tipo de invasão no epitélio intestinal ou a produção de enterotoxinas causam diarreias ou disenterias. Entre as E.coli diarreiogenicas temos: EPEC (E.coli enteropatogenica), ETEC (E.coli enterotoxigenica– diarreia do viajante adquirida usualmente pelas verduras e legumes crus e água), EAEC (E.coli entreoagregativa), EIEC (E.coli enteroinvasora). As EHEC (E. coli entero-hemorrágicas), pelas toxinas que produzem causam diarreias hemorrágicas e com possibilidade de causar insuficiência renal. A transmissão ocorre pela água ou alimentos contaminados, especialmente carnes mal cozidas, carne moída. etc.
Pacientes com diarreias, em geral, devem ser hidratados com reposição de sais. Mas as disenterias requerem mais atenção com terapia de apoio e monitoramento da função renal, hemoglobina e plaquetas. A prevenção envolve monitoramento criterioso das carnes para consumo, manipulação adequada dos alimentos, purificação da água e higiene.
· Shigella dysenteriae
Enterobactéria causadora da disenteria bacilar (ou shigelose), provocando gastrenterite grave com diarreia sanguinolenta. O principal meio de transmissão é o consumo de água e alimentos contaminados. O microrganismo é capaz de invadir as células epiteliais do intestino.
S. dysenteriae produz toxinas (toxina shiga), com efeitos enterotóxicos. O tratamento pode ser obtido pelo uso de antibióticos. O diagnóstico é obtido também pela coprocultura. A prevenção foca a detecção e controle de portadores da doença, supervisão dos manipuladores de alimentos e descontaminação dos sistemas de abastecimento de água. 
· Salmonella typhi
Espécie que causa a febre tifoide, só acomete o homem e geralmente é transmitida por água e alimentos contaminados com fezes humanas. Apresenta sintomas como febre alta, diarreia, vômitos e septicemia. Além disso, pode causar hiperplasia e necrose do tecido linfoide, hepatite, necrose do fígado e inflamação da vesícula biliar.
· Enterobacter
As espécies Enterobacter cloacae e Enterobacter aerogenes causam a maioria das infecções por Enterobacter. Estas bactérias fermentam a lactose, podem conter cápsulas que produzem colônias mucoides e são móveis. Esses organismos causam uma ampla gama de infecções hospitalares, como pneumonia, infecções do trato urinário e infecções de feridas. A maioria das cepas é resistente a ampicilina e a cefalosporina.
· Klebsiella pneumoniae 
É uma causa importante de pneumonias, bacteremias e de infecções em outros órgãos. É uma bactéria com relevância crescente nas infecções hospitalares e na condição de patógeno oportunista, frequentemente causa infecções em pacientes imunocomprometido. Infecções por este agente comprometem, principalmente, o trato urinário e o trato respiratório, levando à bacteremia grave e à pneumonia aspirativa, com altas taxas de morbidade e mortalidade. 
Uma nova cepa denominada KPC (K. pneumoniae carbapenemase) foi identificada em um surto hospitalar no início dos anos 2000. Desde então, vários surtos ocorreram no Brasil e estudos mostraram que esta enzima pode ser produzidas por outras enterobactérias, como Enterobacter sp e Salmonella sp. A bactéria KPC pode ser encontrada em fezes, na água, no solo, em vegetais, cereais e frutas. A transmissão ocorre em ambiente hospitalar, através do contato com secreções do paciente infectado, desde que não sejam respeitadas normas básicas de desinfecção e higiene. A relevância clínica da identificação desta enzima se baseia no fato de que ela confere uma resistência ainda maior aos antibióticos, podendo inativar penicilinas, cefalosporinas e monobactâmicos
· Yersinia pestis 
É um bacilo, Gram-negativo, aeróbio facultativo, membro do grupo das bactérias da família Enterobacteriacea. No entanto, estas causam a peste (infecção sistêmica grave com acometimento pulmonar). Esta bactéria foi responsável por pandemias imensas no passado que levou à morte diversas populações desde a idade média até o século XVIII.
A transmissão ocorre inicialmente através da pulga de rato Xenopsylla cheopis, que ao sugar o sangue de animais infectados, ingere células de Y. pestis. Conforme a evolução da doença, esta pode disseminar, pois com a morte dos ratos as pulgas procuram outros hospedeiros, como seres humanos. No ser humano, Y. pestis se encontra nos linfonodos, causando intumescimentona região chamados de bubões (por isso, peste bubônica). As hemorragias locais decorrentes da infecção originam manchas escuras na pele (por isso, peste negra).
Existe, também, a peste pneumônica, na qual a inalação de Y. pestis causa pneumonia seguida de expectoração intensa de escarro infectado e sanguinolento (fase terminal da doença). A peste pneumônica é uma doença altamente contagiosa entre humanos por disseminar-se pelo aerossol gerado da via respiratória.
BACILOS CURVOS OU ESPIRALADOS	
· Vibrio cholerae 
É um bacilo curvo, gram-negativo que causa a cólera. Pode ser transmitido por alimentos crus e verduras, mas geralmente ocorre pela água contaminada. A cólera é uma doença diarreica intensa e grave que leva a morte um individuo em pouco tempo pela intensa perda de água pelas fezes causando a desidratação. Esta bactéria causou sete pandemias importantes no mundo. Ao ingerir V. cholerae, esta, aloja-se no intestino delgado, cresce e se multiplica liberando a sua enterotoxina provocando a diarreia. 
O diagnóstico microbiológico é realizado pela detecção dos bacilos nas fezes. No entanto, deve-se comprovar se o isolado é produtor da toxina colérica, principalmente nos procedimentos de monitoramento ambiental. O tratamento do paciente tem como base a reposição endovenosa ou oral de líquidos e eletrólitos, sendo simples e eficaz. O uso de antibióticos é raro. A prevenção basicamente envolve o tratamento adequado do esgoto e purificação da água potável. Além disso, deve-se evitar o consumo de água, alimentos crus, peixes e mariscos de procedência desconhecida.
Outras espécies importantes de Vibrio incluem V. parahaemolyticus, a causa mais comum de gastroenterite transmitida por alimentos na Ásia e V vulnificus, uma causa de sepse grave em pacientes com cirrose.
· Campylobacter spp. 
São bacilos curvos gram negativos, móveis, que crescem em baixas tensões de oxigênio (microaerófilia). Campylobacter jejuni e Campylobacter coli são espécies frequentes que causam infecções alimentares nos Estados Unidos. Campylobacter fetus é responsável pela esterilidade e aborto nos gados bovinos e ovinos.
As aves domésticas, porcos, mariscos crus ou águas superficiais são a principais fontes de contaminação. Após ingestão, Campylobacter aloja-se no intestino delgado e causa inflamação, gerando sintomas como febre alta (geralmente acima de 40°C), cefaleia, mal estar, náusea, cólicas abdominais e diarreia intensa (fezes aquosas e, geralmente, sanguinolentas). A recuperação do indivíduo é espontânea e ocorre usualmente entre 7 a 10 dias.
O diagnóstico é feito a partir das fezes do paciente (coprocultura), buscando identificar o organismo através de ensaios imunológicos. Normalmente o tratamento precoce é obtido com eritromicina e quinolona, no caso de doenças diarreicas graves. A prevenção consiste principalmente pela adoção de medidas de higiene pessoal, lavagem criteriosa da carne crua, assim como a cocção completa da mesma.
· Helycobacter pylori 
É uma bactéria Gram-negativa, helicoidal (espiralada), com seis flagelos e está associada a gastrites, úlceras gástricas e câncer gástrico.
A transmissão desta bactéria ocorre geralmente pela água, alimentos contaminados ou contato interpessoal. Após colonização da bactéria e inicio do seu crescimento, seu metabolismo libera produtos inflamatórios que causam a destruição tecidual e ulceração. No entanto esta infecção é evitável e tratável, sendo que a bactéria é pouco invasiva, colonizando principalmente as superfícies da mucosa gástrica. Os indivíduos infectados tendem a apresentar gastrite crônica quando não tratados com antibióticos e, nestes casos, podem desenvolver o câncer gástrico.
· Treponema pallidum 
É um epiroquetídeo (bactéria fina, comprida e com endoflagelos), causa a sífilis é a treponematose de maior importância médica. O principal modo de transmissão é o contato interpessoal de um individuo com lesões sifilíticas principalmente durante a relação sexual. Esta bactéria também ainda não é cultivável.
A doença pode manifestar-se em três estágios:
· Sífilis primária: trata-se de uma lesão na genitália chamada de cancro duro onde a bactéria se multiplica. No entanto, mais raramente, esta lesão pode ser observada em outras partes do corpo e também passar desapercebida. Geralmente, a lesão desaparece espontaneamente.
· Sífilis secundária: Em seguida pode ocorrer que estes espiroquetas se disseminem atingindo a pele, mucosas, olhos, articulações, ossos, sistema nervoso central, e o indivíduo apresentar erupções cutâneas generalizadas. Nesta fase existe a grande possibilidade de ocorrer a sífilis congênita.
· Sífilis terciária: quando não tratada, a sífilis secundária pode regredir normalmente ou causar a sífilis terciária, cujos sintomas podem ser infecções relativamente discretas da pele e ossos ou mesmo infecções graves e até fatais, que comprometem o sistema cardiovascular e o sistema nervoso central. Neste estágio, há poucas células da bactéria, sendo que os sintomas representam uma reação de hipersensibilidade tardia à infecção.
A identificação desta treponematose é realizada por testes sorológicos. O exame bacterioscópico em campo escuro das lesões do cancro duro pode evidenciar o espiroquetídeo. O tratamento é eficaz com uma única injeção de penicilina, principalmente nos estágios primário e secundário. Já na sífilis terciária, o tratamento com penicilina é mais longo. A sífilis terciaria pode se manifestar depois de décadas.
· Borrelia burgdorferi 
É um espiroqueta e é causador da doença de Lyme. A bactéria é transmitida aos seres humanos e animais através de carrapatos, principalmente o carrapato de cervos (Ixodes scapularis). Os sintomas agudos incluem cefaleia, dor nas costas, calafrios e fadiga, com destaque às lesões cutâneas do tipo eritema migrans (extensa erupção no sítio da picada do carrapato).
O melhor diagnóstico é pela pesquisa de anticorpos do paciente contra algumas proteínas da bactéria. Foi desenvolvido também um PCR para detecção do DNA da bactéria, mas não é possível diferenciar bactérias vivas (doença ativa) das mortas (doença tratada). Para prevenir a doença de Lyme, é altamente recomendável o uso de vestimentas adequadas quando exposto ao habitat do carrapato e o uso de repelentes
· Leptospira interrogans
Faz parte do gênero Lepstopira, que consiste em espiroquetas aeróbias estritas. Causam a leptopirose ao homem, uma zoonose típica. O roedores, principalmente os ratos, são hospedeiros naturais da bactéria. Quando estressam-se por uma enchente na região urbana, liberam pela urina milhares de leptospiras, que nesta água sobrevivem mais facilmente. Esta situação propícia a transmissão ao homem quando este caminha nesta água amolecendo a pele ou causando ferimentos nas pernas. Depois de invadir a corrente circulatória a bactéria aloja-se principalmente nos rins e fígado, causando nefrite e icterícia. Pode levar a falência renal e até a morte. A doença pode ser confundida com outras doenças (dengue ,gripe, malária, hepatite viral) e a pesquisa de anticorpos pela microaglutinação tem sido a forma mais prática no diagnóstico laboratorial. O tratamento é realizado com penicilina, estreptomicina ou tetraciclina e é extenso (pois demora para retirar todas as bactérias dos rins). A vacina para cães e outros animais domésticos não é protetora contra todos os tipos de L. interrogans
BACILO/COCOBACILO GRAM NEGATIVO NÃO ENTEROBACTERIA
Gênero Haemophilus
Membros do gênero Haemophilus são Gram-negativos, imóveis, não formam endosporos e sua morfologia pode ser de um cocobacilo ou bacilo curto, sendo por isso considerado um bacilo pleomórfico. São anaeróbios facultativos e nesse grupo as principais espécies associadas a infecções em humanos são: H. influenzae, H. haemolyticus, H. ducreyi, H. aegyptius, H. parahaemolyticus, H. parainfluenzae, H. paraphrophilus e H. pittmaniae.
· Haemophilus influenzae
É um bacilo gram-negativo pequeno capaz de causar doenças como meningite, pneumonia, epiglotite, bacteremia, artrite infecciosa, febre purpúricabrasileira entre outras. Nos Estados Unidos, é obrigatória a aplicação da vacina Hib em crianças com idade escolar, pois este tipo de hemófilos é o principal agente da meningite aguda. A vacina Hib previne doenças causadas pela Haemophilus influenzae tipo b. Como curiosidade, o genoma desta bactéria foi o primeiro a ser sequenciado. Muito no passado foi, erroneamente, associado como o agente da gripe.
H. ducreyi É o agente etiológico do cancroide (cancro mole), que é uma doença sexualmente transmissível. A doença é transmitida por contato sexual e a mulher pode ser uma portadora assintomática, ou seja, transmite a doença sem apresentar o quadro da infecção.
· Brucella spp.
Cocobacilos curtos, sem cápsula, não formam endosporos, imóveis, sem flagelos e aeróbios. Apresenta espécies diferenciadas entre si pelas suas características antigênicas, bioquímicos e respectivos hospedeiros preferenciais: B. abortus (bovinos e bubalinos), B. melitensis (caprinos e ovinos), B. suis (suínos), B. ovis (ovinos), B. canis (cães), B. neotomae (rato do deserto), B. ceti (golfinhos e baleias), B. pinnipedialis (focas), B. microti (voles), B. inopinata.
Espécies de Brucella são patógenos intracelulares obrigatórios encontrados em animais; a doença em humanos (os humanos são o hospedeiro secundário), a brucelose, conhecida por uma variedade de sinônimos, tais como febre de Malta, febre ondulante, e assim por diante, é causada principalmente pelo contato com animais ou produtos animais contaminados, especialmente leite não pasteurizado ou queijo.
· Bordetella pertussis
Pequeno cocobacilo, gram negativo e aeróbio causador da coqueluche (tosse comprida) que atinge predominante as crianças. A bactéria inicialmente adere especificamente por uma hemaglutinina filamentosa no trato respiratório superior. Em seguida se multiplica e produz a exotoxina pertussis, que induz a síntese de adenosina monofosfato cíclico (AMP cíclico), causando dano tecidual. A coqueluche causa tosse violenta e recorrente por até 6 meses. A prevenção é obtida através da vacina DTP (toxoide diftérico, toxoide tetânico e proteínas de Bordetella pertussis).
O diagnóstico molecular na atualidade é o método preferencial para esta doença. Utiliza-se a reação de polimerização em cadeia (PCR). A vacina contém proteínas imunogênicas de B. pertussis, sendo que o tratamento é realizado com ampicilina, tetraciclina e eritromicina.
· Legionella pneumophila 
É um bacilo, Gram-negativo, aeróbio obrigatório, com exigências nutricionais complexas (exige elevado teor de ferro) causador de doença pulmonar conhecida como legionelose ou doença dos legionários. O bacilo é transmitido pela água, sendo relativamente resistente ao calor e à cloração. Dissemina-se por aerossóis ambientais (não interpessoal), ex: ar condicionado. Em humanos, L. pneumophila invade e se desenvolve em macrófagos e monócitos alveolares, como parasita intracelular.
A doença pode ser assintomática ou provocar tosse moderada, faringite, cefaleia branda e febre. Entretanto, em pacientes mais vulneráveis, como idosos, a infecção pode resultar em pneumonia. O diagnóstico microbiológico é obtido da cultura de lavados brônquicos, fluido pleural ou outro fluido corporal. A detecção de anticorpos é realizada por ensaios imunoenzimáticos (ELISA). O tratamento consiste na utilização de antibióticos como rifampina e eritromicina (principalmente a administração intravenosa de eritromicina).
A prevenção deve concentrar-se nos sistemas de distribuição de água e os sistemas de refrigeração e aquecimento dependentes de água, pois estes são os principais meios de disseminação do patógeno. A hipercloração ou o aquecimento acima de 63 °C eliminam o bacilo.
NEISSERIA
As espécies de Neisseria tem como característica morfológica serem diplococos Gram negativos mais achatadas nas laterais, dando a forma de rins ou dois grãos de feijão unidos por uma ponte.
· Neisseria gonorrhoeae 
É um diplococo Gram-negativo, aeróbio obrigatório, não formador de endosporos que causa a gonorreia ou blenorragia. Esta neisseria está relacionada bioquímica e geneticamente com Neisseria meningitidis que usualmente causa a meningite.
Como esta bactéria é muito sensível ao dessecamento, só é transmitida por contato íntimo, uma vez que sobrevive nas membranas mucosas do trato geniturinário. Em mulheres, ocorre uma vaginite branda que dificulta o diagnóstico clinico diferencial de outras vaginites facilitando, portanto a sua transmissão. Quando não tratada, pode resultar na doença pélvica inflamatória (DPI). Já nos homens, ocorre intensa dor no canal uretral devido à infecção. Esta bactéria também pode causar infecções oculares em recém nascidos. O diagnóstico molecular por sondas de DNA tem sido aplicado por ser mais preciso e rápido. 
· Neisseria meningitidis 
É um diplococo Gram negativo, capsulado, causador da meningite bacteriana e meningococcemia. A meningite meningocóccica geralmente ocorre na forma de epidemias. A transmissão ocorre via aérea e a bactéria adere-se às células da nasofaringe, podendo atingir a circulação sanguínea, causar bacteremia seguida de sepse e sintomas no trato respiratório superior bem como a meningite. O exame bacterioscópico do líquor é muito útil na sugestão da etiologia da doença. O diagnóstico microbiológico é obtido da cultura do líquido cerebrospinal e do sangue. O tratamento é realizado com penicilina G. Existem vacinas compostas por polissacarídeos purificados das capsulas ou conjugados às proteínas dos meningococos e podem ser aplicadas na prevenção da doença em grupos de risco.
MICOBACTÉRIAS
· Mycobacterium tuberculosis (Micobacteria) 
É um bacilo que se corado pelo método de Gram, apresenta-se gram positivo. No entanto é mais adequado chamá-lo de Bacilo Álcool Ácido Resistente (BAAR) pois pode ser revelado presuntivamente no material clínico (escarro) pela Coloração de Ziehl-Neelsen. Apesar de existirem centenas de microbactérias, M. tuberculosis é o principal causador da tuberculose pulmonar (TB). Esta bactéria é encontrada no escarro dos pacientes infectados.
A virulência bacteriana e a resistência do hospedeiro definem a evolução da doença. A infecção primária ocorre pela inalação de gotículas de saliva infectadas, provenientes de indivíduos doentes. Instaladas no pulmão, as bactérias causam uma reação de hipersensibilidade formando tubérculos (agregados de macrófagos). A infecção é geralmente localizada, inaparente e regride rapidamente. No entanto a reinfecção da TB bem como o tratamento demorado ou incorreto tem sido o maior problema no controle da TB. Neste contexto vale lembrar a ocorrência de estirpes multirresistentes.
Obs.: Micobactérias são álcool-ácido resistentes à fucsina devido ao seu constituinte ceroso em grande quantidade. O ácido micólico, entre outros componentes presente na parede celular, conferem diversas propriedades de resposta imunológica no hospedeiro. A álcool-ácido resistência permite revelar este grupo bacteriano em materiais clínicos pela coloração de Ziehl-Neelsen.
· Mycobacterium leprae
Micobactérias ainda não cultiváveis e causadoras da hanseníase (lepra). Estes microrganismos desenvolvem-se principalmente nas partes mais frias da pele causando lesões. Muitos pacientes possuem lesões brandas, que é típico da forma tuberculoide da doença. Nesta circunstância, o prognóstico é favorável a uma recuperação espontânea, uma vez que se trata de uma resposta de hipersensibilidade tardia. Entretanto, a forma mais grave da doença causa lesões rugosas e granulares pelo corpo, especialmente na face e nas extremidades. Nestes casos, o prognóstico é desfavorável.
A patogenicidade resulta da interação entre a hipersensibilidade tardia e a invasão bacteriana, sendo que as células destas micobactérias crescem no interior de macrófagos, causando infecção intracelular e, consequentemente, as lesões na pele. Sendo micobactérias, a comprovação da doença associada com os dados clínicos pode ser obtida pelo exame bacterioscópico de materiais clínicos pela Coloração de Zielhl Neelsenque revela a presença de Bacilos Alcool-Acido Resistentes (BAAR) agrupados (glias). O tratamento consiste no uso de fármacos (TMD) combinados: dapsona, rifampina e clofazimina.
MICOPLASMAS
GENERO MYCOPLASMA
A maioria das espécies desse gênero faz parte da microbiota oral, dividindo-se em espécies oportunistas e patogênicas. Não apresentam parede celular, sobrevivem em ambiente isotônico e são consideradas como agentes oportunistas por excelência, principalmente por mimetizar ou modular os mecanismos de resposta imune.
· Mycoplasma pneumoniae
Está entre os agentes mais importantes nas pneumonias comunitárias principalmente nas crianças entre 5 e 12 anos, sendo que muitas precisam de hospitalização. No entanto, a doença atinge com frequência o adulto jovem e mais raramente os idosos. As coinfecções com outros agentes infecciosos incluindo os vírus têm sido associadas com diversas doenças e sintomas como a asma. Este também causa faringites, rinites e traqueobronquites
Outras espécies de Mycoplasma (M hominis, M genitalium) e Ureaplasma urealyticum são causadoras de infecções urogenitais. 
CHLAMYDIA
Membros desse genero estão entre os mais frequentes para o ser humano e associado a várias infecções importantes. São parasitas intracelular obrigatório de vertebrados e 3 espécies podem causar doenças em humanos:
· Chlamydia trachomatis 
É uma bactéria com vários biótipos que causa clamidioses. Alguns tipos causam uretrites, outros o tracoma (grave infecção ocular causada por outra linhagem de C. trachomatis). Estas infecções podem ser também transmitidas congenitamente ao recém nascido, ao passar pelo canal vaginal.
A uretrite não gonocóccica (UNG), é usualmente inaparente e poucos casos apresentam edema testicular e infecção da próstata em homens. Nas mulheres causa cervicite, doença pélvica inflamatória e danos às trompas de Falópio. Se não for tratada, esta UNG pode levar à infertilidade.
Outro biotipo de C. trachomatis é responsável pelo linfogranuloma venéreo, uma Doença Sexualmente Transmissível (DST). A doença é frequentemente diagnosticada clinicamente nos homens, observa-se o entumescimento dos nódulos linfáticos inguinais (virilha) e áreas próximas. Ainda, estas clamídias podem migrar dos nódulos para o reto e causar proctite. 
· Clamydia pneumoniae
Causa uma variedade de infecções respiratórias superiores e inferiores. A faringite é comum, e a pneumonia atípica que se assemelha à M.pneumoniae é responsável por 5-15% dos casos de pneumonia adquirida na comunidade.
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