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Elaborado por Giovanna Nery Sanches MORTE CELULARMORTE CELULAR NECROSE Tipo de morte celular que está associado à perda da integridade da membrana e extravasamento dos conteúdos celulares, culminando na dissolução das células, resultante da ação degradativa de enzimas nas células lesadas letalmente. A morte celular ocorre após uma lesão celular irreversível. Existe a morte celular fisiológica, que envolve a ativação de um programa interno de suicídio, resultando na morte celular por meio de um processo denominado apoptose. Esse processo é importante no desenvolvimento, e com freqüência é ativado para a detecção e remoção de células lesadas ou infectadas. Por outro lado, a necrose, ou morte celular patológica, não é regulada, é invariavelmente lesiva ao organismo e é provocada por estresse exógeno. Os conteúdos celulares que escapam sempre iniciam uma reação local do hospedeiro, conhecida como inflamação, no intuito de eliminar as células mortas e iniciar o processo de reparo subsequente. As enzimas responsáveis pela digestão da célula são derivadas dos lisossomos das próprias células que estão morrendo ou dos lisossomos dos leucócitos que são recrutados como parte da reação inflamatória às células mortas. CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS A necrose é caracterizada por alterações no citoplasma e no núcleo das células lesadas. Eosinofilia A eosina é um conjunto de compostos químicos que são corantes utilizados para análises histológicas em microscópio óptico. Apresenta coloroção rosada. As células necróticas exibem aumento da eosinofilia, atribuível em parte às proteínas citoplasmáticas desnaturadas que se ligam à eosina e, em parte, à perda do RNA citoplasmático, perdendo a basofilia (basofilia refere-se à coloração azul do corante hematoxilina, o “H” no “H&E” Citoplasma vacuolado Resultado da digestão de organelas por enzimas. Figuras de mielina As células mortas são substituídas por fosfolipídeos. Destruição do núcleo celular Picnose: núcleo se contrai, cromatina se condensa e reduz volume (hipercorado). Se contrai porque o núcleo está tentando se proteger. Cariorrexis: núcleo picnótico torna-se fragmentado em várias partículas: pedaços do material nuclear degradado. Cariólise: dissolução da cromatina com perda da coloração do núcleo; Figuras de mielina Elaborado por Giovanna Nery Sanches TIPOS DE NECROSE Necrose de coagulação É a forma de necrose tecidual na qual a estrutura básica dos tecidos mortos é preservada por, pelo menos, alguns dias. Os tecidos afetados adquirem textura firme. Dependendo do tipo de tecido e agente etiológico, a necrose assume características diferentes. A necrose de coagulação caracteriza-se por eosinofilia citoplasmática e núcleo muito escuro à coloração ou fragmentado. No tecido, a necrose de coagulação mostra-se como uma área rosada ou avermelhada; com o tempo, os macrófagos (sistema imunológico) consomem as células necróticas e o tecido é substituído por tecido cicatricial colagenoso descorado (tecido fibroso). Esse tipo de necrose é comum em infartos (na região isquêmica) em órgãos sólidos. Trombo oxigenação ATP diminui diminui ação da bomba Na+/K+ diminui causa degeneração hidrópica capacidade de adaptação célula perde uma lesão irreversível (necrose) gera Necrose de liquefativa Caracteriza-se pela dissolução de tecido, que pode ser decorrente de uma reação inflamatória aguda. Microorganismos estimulam o acúmulo de células inflamatórias que digerem o tecido (liquefação). Toda a área necrosada se torna líquida. Uma característica da necrose liquefativa é a presença de pus (composto por microrganismo, células de defesa e células mortas). É o resultado final de uma ação das células de defesa, os linfócitos, contra uma infecção, geralmente bacteriana. Elaborado por Giovanna Nery Sanches Necrose gangrenosa Exclusiva de membros, ocorre através da perda de suprimento sanguíneo com posterior necrose coagulativa. Atinge várias camadas de tecido. Esse tipo de necrose pode ser seca ou úmida. A necrose úmida acontece na presença de bactéria. Necrose caseosa É encontrada mais frequentemente em focos de infecção de tuberculose. O termo caseoso (semelhante a queijo) é derivado da aparência friável branco-amarelada da área de necrose. Diferentemente da necrose de coagulação, a arquitetura do tecido é completamente obliterada, e os contornos celulares não podem ser distinguidos. A área de necrose caseosa é frequentemente encerrada dentro de uma borda inflamatória nítida; essa aparência é característica de um foco de inflamação conhecido como granuloma. Necrose gordurosa Refere-se a áreas focais de destruição gordurosa, tipicamente resultantes da liberação de lipases (enzimas pancreáticas) ativadas na substância do pâncreas e na cavidade peritoneal. Pancreatite aguda (inflamação do pâncreas): é muito comum haver a ruptura (fissura) do órgão, como o ducto pancreático é único, a pancreatite faz com que a luz do vaso fique menor e comece a acumular o suco pancreático. O suco pancreático serve para emulsificação dos alimentos (lipídeos). A ruptura do pâncreas, acontece a liberação do suco na cavidade abdominal e começa a digerir o tecido gorduroso do peritônio. Então, rapidamente acontece a digestão das células adipócitas, inicia-se a necrose e acontece o depósito de cálcio na região necrosada. Gorduras + cálcio = áreas brancas. O cálcio é uma maneira de defesa para evitar que a necrose se expanda para outras regiões. Elaborado por Giovanna Nery Sanches Necrose fibrinóide É uma forma especial de necrose, geralmente observada nas reações imunes, nas quais complexos de antígenos e anticorpos são depositados nas paredes das artérias e veias. Esse processo só acontece na luz do vaso. Todo vaso sanguíneo, com exceção dos capilares, possuem três camadas, denominadas de túnica: Túnica íntima: formada por células endoteliais com função de revestimento, sendo responsável pela coagulação - função anticoagulante e pró-coagulante quando necessário. É a camada mais interna. Túnica média: bastante espessa. Túnica adventícia: camada externa. O coágulo é uma rede de proteica, formado principalmente pela proteína fibrina. O processo de necrose fibrinóide, envolve a rede de fibrina. Essa proteína em situações normais (endotélio íntegro) é inativada. A necrose fibrinoide geralmente acontece em um local já inflamado (reação imune). Acontece após processo inflamatório, porque no local da inflamação tem muitos leucócitos ativados que podem depositar anticorpos e esses anticorpos podem reconhecer as células endoteliais como estranhas. APOPTOSE A apoptose é uma via de morte celular, induzida por um programa de suicídio estritamente regulado no qual as células destinadas a morrer ativam enzimas que degradam seu próprio DNA e as proteínas nucleares e citoplasmáticas. A membrana plasmática da célula apoptótica permanece intacta, mas é alterada de tal maneira que a célula e seus fragmentos tornam-se alvos atraentes para os fagócitos. Rapidamente, as células mortas e seus fragmentos são removidos antes que seus conteúdos extravasem e, por isso, a morte celular por essa via não induz uma reação inflamatória no hospedeiro. A apoptose difere da necrose, que é caracterizada pela perda da integridade da membrana, digestão enzimática das células, extravasamento dos conteúdos celulares e, frequentemente, uma reação no hospedeiro. Entretanto, a apoptose e a necrose algumas vezes coexistem, e a apoptose induzida por alguns estímulos patológicos progride para a necrose. CAUSAS Ocorre normalmente em muitas situações e funciona para eliminar células potencialmente prejudiciais e células que tenham sobrevivido mais que sua utilidade. É também um evento patológico quando as células são lesadas de modo irreparável, especialmente quando a lesão afeta o DNA ou as proteínas da célula; nessas situações, a célula lesada de modo irreparável é eliminada. Apoptose fisiológica A morte por apoptose é um fenômeno normal que funciona para eliminar as células que nãosão mais necessárias e para manter, nos tecidos, um número constante das várias populações celulares Destruição programada de células durante a embriogênese. O desenvolvimento normal está associado à morte de algumas células e ao surgimento de novas células e tecidos. A expressão morte celular programada foi criada originalmente para denotar a morte de tipos celulares específicos, em tempos definidos, durante o desenvolvimento de um organismo. Apoptose é um termo genérico para esse padrão de morte celular, independentemente do contexto, mas frequentemente é usado em alternância com morte celular programada. Exemplo: separação dos dedos. O evento é exclusivo da célula, não atingindo a célula vizinha. Não é interferente para as demais Pode ser acompanhada de necrose (o mesmo agente interferente causa necrose e apoptose no mesmo tecido, mas não que a apoptose levou a necrose), condensação e fragmentação do material genético de maneira regulada, membrana celular permanece intacta (são formados os corpos apoptóticos), removida rapidamente por fagócitos (macrófagos) e condensação da cromatina e vacuolização do citoplasma. Elaborado por Giovanna Nery Sanches Morte de células que já tenham cumprido seu papel, como os neutrófilos na resposta inflamatória aguda e os linfócitos, ao término da resposta imune. Nessas situações, as células sofrem apoptose porque estão privadas dos sinais de sobrevivência necessários, como os fatores de crescimento. Eliminação de linfócitos autorreativos potencialmente nocivos, antes ou depois de eles terem completado sua maturação, para impedir reações contra os tecidos da própria pessoa. Morte celular induzida por linfócitos T citotóxicos, um mecanismo de defesa contra viroses e tumores que mata e elimina células neoplásicas e infectadas por vírus. Apoptose patológica A apoptose elimina células que estão geneticamente alteradas ou lesadas de modo irreparável, sem iniciar uma reação severa no hospedeiro, mantendo mínima a lesão tecidual. Lesão de DNA: A radiação, as drogas citotóxicas anticâncer, os extremos de temperatura e mesmo a hipóxia podem lesar o DNA diretamente ou através da produção de radicais livres. Se os mecanismos de reparo não podem competir com a lesão, a célula dispara mecanismos intrínsecos que induzem a apoptose. Nessas situações, a eliminação da célula pode ser melhor alternativa do que arriscar em mutações no DNA lesado, o que pode progredir para uma transformação maligna. Acúmulo de proteínas dobradas: As proteínas impropriamente dobradas podem surgir de mutações nos genes que codificam essas proteínas ou devido a fatores extrínsecos, como a lesão causada por radicais livres. O acúmulo excessivo dessas proteínas no RE leva a uma condição conhecida como estresse do RE, que culmina em morte apoptótica das células. Lesão celular em certas infecções: particularmente as infecções virais, nas quais a perda de células infectadas é devida em grande parte à morte apoptótica que pode ser induzida pelo vírus (como nas infecções por adenovírus e vírus da imunodeficiência humana) ou pela resposta imune do hospedeiro (como na hepatite viral). Atrofia patológica no parênquima do órgão após obstrução de ducto: como ocorre no pâncreas, na parótida e no rim. MECANISMOS DA APOPTOSE A apoptose resulta da ativação de enzimas chamadas caspases. Esse conjunto de proteínas são capazes de atuar como arma de autodestruição. A ativação das caspases depende de um equilíbrio finamente sintonizado entre vias moleculares pró e antiapoptóticas. Duas vias distintas convergem para a ativação de caspase: via mitocondrial (interna/intrínseca) e via receptor de morte (externa/extrínseca). Degradam a carioteca e promovem agregação da cromativa, ativam enzimas que clivam DNA, degradação do citoesqueleto e degradação de muitas proteínas essenciais. Involução de tecidos hormônios-dependentes sob privação de hormônio, tal como a célula endometrial, que se desprende durante o ciclo menstrual, e a regressão da mama após o desmame. Perda celular em populações celulares proliferativas, como o epitélio de cripta intestinal, mantendo assim um número constante. Existem cerca de 30 caspases em humanos, sendo caspases iniciadoras (8, 9, 10) e caspases efetoras (3, 6, 7). C iniciadora C efetora inativa CE ativa ativa vira Inicia o processo diminui Elaborado por Giovanna Nery Sanches Quais são os fatores que fazem a mitocôndria perder a permeabilidade? Lesão direta na membrana mitocondrial. Privação de fatores de crescimento e hormônio. Agentes que lesam DNA (nuclear e mitocondrial). Acúmulo de proteínas mal-dobradas no citoplasma (sinal de queda metabolica que altera o pH citoplasmatico). Esses 3 fatores ativam sensores, ocorre o extravasamento de proteínas mitocondriais e ocorre a apoptose. Qualquer um desses 3 fatores podem ser revertidos se a célula conseguir e o processo não continua. O limite de sobrevivencia pra apoptose é a caspase iniciadora ativada não encontrar a efetora. Via mitocondrial As mitocôndrias contêm uma série de proteínas que são capazes de induzir apoptose. A escolha entre a sobrevivência e a morte celular é determinada pela permeabilidade da mitocôndria, que é controlada por uma família de mais de 20 proteínas. A perda da permeabilidade da mitocôndria permite o extravasamento de enzimas e, entre elas, o extravasamento de caspases iniciadoras. Essas caspases iniciadoras saem da mitocôndria e, no citoplasma, inicia o processo. Logo, a permeabilidade da mitocôndrial é a decisão entre a vida e a morte celular. Se a caspase iniciadora não encontrar nenhuma caspase efetora, o processo não da continuidade. Caso encontre uma CE, o processo continua e acontece a apoptose. Via receptor de morte Muitas células expressam moléculas de superfície, chamadas receptores de morte, que disparam a apoptose. Reconhecimento por células T ativadas (em situações normais, só os linfócitos T ativados conseguem se ligar a esses receptores de morte e iniciar o processo). Acontece o reconhecimento de caspases e início de cascata. Transmite um sinal para a mitocôndria e, assim, ela mesma muda sua permeabilidade