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Morfologia do Português Débora Luiza da Silva Angela Francisca Mendez Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor DÉBORA LUIZA DA SILVA ANGELA FRANCISCA MENDEZ AS AUTORAS Débora Luiza da Silva Olá! Meu nome é Débora Luiza da Silva. Sou formada em Letras (habilitação Português e suas respectivas literaturas) pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), e Especialista em Educação a Distância: Gestão e Docência, pela mesma instituição. Atualmente participo do Programa de Educação Continuada do Mestrado em Educação, na linha de Tecnologias Aplicadas à Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Tenho experiência técnico-profissional na área da docência, bem como na elaboração de conteúdos pedagógicos para cursos das modalidades presencial e a distância. Profissionalmente passei por diferentes instituições, entre elas o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, a Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), o Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter) e a Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (Fadergs), ambas do Grupo Laureate International Universities, nas quais já atuei como analista acadêmica de EaD, professora-tutora, designer educacional e docente. Atualmente sou professora de Língua Portuguesa e Literatura da EJA EaD do Serviço Social da Indústria (SESI/RS). Sou apaixonada pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida, bem como contribuir com o aprendizado daqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso fui convidada pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo e bons estudos! Angela Francisca Mendez Olá! Meu nome é Angela Francisca Mendez. Sou graduada em Letras (habilitação em Português e Literaturas da Língua Portuguesa) pelo Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), e Mestre em Letras – Linguagem, Interação e Processos de Aprendizagem (UniRitter), com ênfase na área Discurso, Linguagem e Sociedade. No ensino superior, atuei como professora na UniRitter – Laureate International Universities (40h), ministrando as disciplinas de Morfologia; Literaturas da Língua Portuguesa; Leitura, Produção e Revisão de Texto; Escrita Criativa; Literatura Brasileira e Memória Cultural; entre outras. Tenho larga experiência no Ensino a Distância (EaD), tanto na produção de conteúdo, quanto na coordenação de ensino. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo e bons estudos! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Morfologia: identificando morfemas, morfes e estrutura de palavras ........................................................................................................... 12 Conceito de morfema .................................................................................................................. 13 Conceito de morfe .......................................................................................................................... 15 Estrutura das palavras ................................................................................................................. 17 Conhecendo a classificação e a função dos morfemas ............. 21 Raiz ............................................................................................................................................................. 21 Radical .....................................................................................................................................................22 Tema ou vogal temática .............................................................................................................23 Afixos .......................................................................................................................................................23 Prefixos .................................................................................................................................23 Sufixos ..................................................................................................................................26 Desinências ..........................................................................................................................................28 Vogal e consoante de ligação ...............................................................................................28 Analisando os processos de estrutura das palavras ..................30 Derivação ............................................................................................................................................. 30 Derivação prefixal (ou prefixação) ................................................................... 30 Derivação sufixal (ou sufixação) .........................................................................32 Derivação regressiva .................................................................................................32 Derivação imprópria ...................................................................................................33 Derivação parassintética (ou parassíntese) ...............................................34 Composição ........................................................................................................................................35 Justaposição ....................................................................................................................35 Aglutinação .......................................................................................................................35 Outros processos de formação de palavras ...............................................................35 Hibridismo ........................................................................................................................ 36 Onomatopeias ............................................................................................................... 36 Abreviação vocabular ...............................................................................................37 Siglonimização .............................................................................................................. 38 Radicais gregos e latinos....................................................................................... 38 Neologismos .................................................................................................................. 40 Empréstimos linguísticos .......................................................................................42 Examinando as palavras primitivas e derivadas, simples e compostas ......................................................................................................44O fenômeno que é a língua .....................................................................................................44 Palavras primitivas e derivadas .......................................................................................... 48 Palavras simples e compostas ............................................................................................ 51 9 INTRODUÇÃO À MORFOLOGIA UNIDADE 01 Morfologia do Português 10 INTRODUÇÃO Você já parou para pensar em como são formadas as palavras da língua portuguesa? Nossa língua é derivada do latim, mas também recebeu, desde sua origem, a influência de outros idiomas, como o grego, as línguas indígenas e africanas, árabes, entre outros. Nesta disciplina, no entanto, estudaremos a morfologia da língua portuguesa, parte da gramática a qual estuda, além da formação, a classificação e a flexão das palavras. Iniciaremos pela compreensão dos morfemas, classificação e função desses elementos, para entendermos os processos de estrutura das palavras. Preparado? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! Bons estudos! Morfologia do Português 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1 – Introdução à morfologia. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Identificar morfemas, morfes e estrutura de palavras; 2. Conhecer a classificação e a função dos morfemas; 3. Analisar os processos de estrutura das palavras (dedução); 4. Examinar as palavras primitivas e derivadas, simples e compostas. Então? Vamos juntos para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho e ótimos estudos! Morfologia do Português 12 Morfologia: identificando morfemas, morfes e estrutura de palavras OBJETIVO: Ao término desta competência, você será capaz de conhecer os elementos que fazem parte da estrutura das palavras. Isto será fundamental para sua prática docente como profissional da área de Letras, bem como para conhecer mais sobre nossa língua materna. Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Boa parte das palavras de nossa língua provém de outras já existentes. Como a língua é um organismo dinâmico e mutável, outras palavras vão surgindo a partir da influência de povos e de escritores que ultrapassam fronteiras (BEZERRA, p. 111). O estudo da formação e da evolução das palavras é de interesse de outra ciência, a ETIMOLOGIA. Aqui nos deteremos a estudar a MORFOLOGIA. DEFINIÇÃO: A palavra morfologia etimologicamente é formada a partir de dois radicais: “morf(o)-” e “-logia”. Ambos são provenientes do grego transliterado morphe, que significa “forma”, e logía, que significa “estudo”. Então, de modo geral, podemos afirmar que morfologia, em linguística, trata-se do estudo da estrutura e da formação das palavras. Ao estudar morfologia, estudamos a formação de palavras através de elementos morfológicos (ou mórficos), que são as unidades que formam uma palavra. Será essa nossa matéria nesta disciplina. Para a linguística, no nível de análise morfológica encontramos duas unidades formais: a palavra e o morfema. A peculiaridade da morfologia é, Morfologia do Português 13 como já definimos, estudar as palavras analisando-as isoladamente e não dentro da sua participação na frase ou no período – isso cabe à sintaxe. Ficamos em acordo que a morfologia é um dos assuntos mais importantes e interessantes da nossa gramática, pois seu estudo está relacionado à estrutura das palavras, a como ela é formada e a como se dá sua classificação na língua portuguesa. É a partir do conhecimento da palavra que tudo se forma e todos os sentidos se ampliam. Vamos ver detalhadamente esses conceitos da morfologia. Conceito de morfema Como sabemos, morfologia é a área da gramática que estuda a estrutura, a formação, a classificação e as flexões das palavras. Para darmos início à compreensão dos aspectos morfológicos da nossa língua, teremos como ponto de partida a compreensão dos morfemas, considerados elementos ou unidades de significação que formam as palavras e que alteram seu significado. Figura 1 - Morfemas na formação das palavras Fonte: Pixabay Morfologia do Português 14 Vejamos a sequência de palavras a seguir: • governo; • governa; • desgoverno; • desgoverna; • governadores; • governativa; • governança; • ingovernável; • ingovernabilidade. Todas essas palavras têm ao menos um elemento comum: “govern”. Da mesma forma, todas apresentam elementos dotados de significado. Exemplo: Nas palavras governo e desgoverno, o que as difere é o elemento inicial “des” (prefixo), que apresenta o sentido de ausência, falta, ação contrária. Em suma, cada um dos elementos que formam as palavras, que fornecem noções de significado mínimo e são indecomponíveis denominam-se morfemas (PASQUALE, 2008). NOTA: [[Nota ]] A análise da estrutura das palavras nos revela a existência desses pequenos elementos que a formam. Quando tratamos de morfemas, “a menor unidade linguística que possui significado”, é importante ressaltar que os elementos que possuem o significado básico da palavra chamamos de morfemas lexicais. Já os que indicam a flexão das palavras, ou seja, as variações para indicar gênero, número, pessoa, modo e tempo, chamamos de morfemas gramaticais (ALMEIDA, p. 65). Morfologia do Português 15 Exemplo: Em MENINAS, temos: MENIN- (morfema lexical) + A (morfema gramatical de gênero) + S (morfema gramatical de número). É possível afirmar ainda, que o conjunto de morfemas lexicais de uma língua é aberto, visto que sempre podem ser criadas novas palavras. No entanto, o conjunto dos morfemas gramaticais é sempre fechado, pois a qualquer radical (elemento cujas características estudaremos em seguida), sempre devem ser associados outros elementos que também conheceremos nesta unidade letiva: os sufixos, os prefixos e as desinências. Evidenciamos com o seguinte exemplo: Exemplo: A palavra “surfe” é de origem inglesa, entretanto criamos o substantivo surfista, usando um sufixo -ista, o qual já usamos na língua portuguesa em outras palavras, como em artista, motorista, diarista, desenhista etc. Conceito de morfe Se um morfema é uma unidade mínima de significação, de natureza gramatical ou lexical que possui valor gramatical, um morfe constitui a realização desse morfema. Muitos morfemas são realizados por um único morfe. Exemplo: Em CANTAR, temos o morfe {cant-} (representado com chaves), que se mantém ao longo da conjugação: canto, cantei, cantava. Morfe é a concretização de um morfema, ou seja, uma sequência fonêmica mínima a que se pode atribuir um significado. Vejamos a diferença entre ambos os elementos do ponto de vista do significado dessas palavras: • morfema: fonema • morfe: fone Um conceito importante que surge quando estudamos o fone (morfe) é o de alomorfia. Mas o que é alomorfia? A palavra alomorfe, de Morfologia do Português 16 origem grega (állos = outro + morphé = forma), indica a realização de um morfema por dois ou mais morfes diferentes, ou seja, é a concretização em morfes diferentes de dois segmentos com os mesmos valores significativos. DEFINIÇÃO: Fala-se em alomorfe quando um morfema é realizado por dois ou mais morfes distintos. Em Portugal, por exemplo, o morfema nov- que ocorre em NOVO tem dois alomorfes (de novo representados com chaves): {nôv-} em novo e {nóv-} (com [ó] aberto) em nova. Exemplo: Observem outros exemplos de alomorfia: • Alomorfia no prefixo: injusto / ilegal: [in] ~ [i] → duas formas para um significado (algo negativo). subaquático / soterrar: [sub] ~ [só] → duas formas para um significado (algo que está embaixo da superfície terrestre). • Alomorfia na raiz ouro / áureo: [our] ~ [aur] → duas formas para um significado (palavra ouro). cabelo / capilar: [cabel] ~[capil] → duas formas para um significado (palavra cabelo). Figura 2 - O morfe e a atribuição do significado Fonte: Pixabay Morfologia do Português 17 Exemplo: Nas ocorrências do prefixo “IN” – infeliz, incomum, inconstante –, verificamos que em todas as palavras o fonema tem a mesma função, que é a de negar o significado do elemento da palavra que vem na sequência. Já nas palavras imoral, ilegal, foi acrescido o prefixo “I”, que tem exatamente o mesmo significado de “IN”. Neste caso, o prefixo “IN” sofreu uma alomorfia, isto é, uma mudança de forma, e pode ser identificado através de dois ALOMORFES: os prefixos “IN” e “I”. Estrutura das palavras Para estudarmos a estrutura das palavras, é necessário conhecermos os elementos que as formam. Já sabemos o que significa morfe e morfema, mas os elementos mórficos (ou morfemas) também apresentam diferenças entre si. As palavras têm em sua estrutura os seguintes elementos (CEGALLA, 2009): 1) Raiz, radical, tema: são os elementos básicos e significativos das palavras. Raiz é o constituinte da palavra que contém significado lexical mas não inclui afixos derivacionais ou flexionais (cf. carr- raiz nominal de carro). Radical é o constituinte da palavra com significado lexical que não inclui afixos de flexão, mas que pode incluir afixos derivacionais. Os radicais podem ser: radicais adjetivais, radicais adverbiais, radicais nominais e radicais verbais. Os radicais podem ter uma estrutura simples (constituídos por um único morfema, como cas-, radical simples de casa) ou complexa (constituídos por mais de um morfema, como nacionaliza-, de nacionalização). Tema é o constituinte da palavra que inclui uma raiz ou um radical e um índice temático ou uma vogal temática. Os temas, assim como os radicais, podem ser adjetivais, adverbiais, nominais ou verbais. Morfologia do Português 18 Exemplo: [[cant] radical verbal [a] vogal temática] tema verbal [[doc] radical adjectival [e] índice temático] tema adjetival [[bol] radical nominal [a] índice temático] tema nominal 2) Afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: são elementos modificadores da significação. Afixos são elementos secundários (geralmente sem vida autônoma) que se agregam a um radical ou tema para formar palavras derivadas. Exemplo: Sabemos que o acréscimo do morfema "-mente", por exemplo, cria uma nova palavra a partir de "certo": certamente, advérbio de modo. Dentro dos afixos, dependendo da sua posição na palavra, temos: prefixo (antes do radical) e sufixo (depois do radical). Desinências são os elementos terminais indicativos das flexões das palavras. Existem dois tipos de desinências: nominais e verbais. a) Desinências nominais: indicam as flexões de gênero (masculino e feminino) e de número (singular e plural) dos nomes. Exemplos alun-o aluno-s alun-a aluna-s IMPORTANTE: Só podemos falar em desinências nominais de gêneros e de números em palavras que admitem tais flexões, como nos exemplos acima. Em palavras como mesa, tribo, telefonema, por exemplo, não temos desinência nominal de gênero. Já em pires, lápis, ônibus não temos desinência nominal de número. Morfologia do Português 19 Figura 3 - Desinências nominais de gênero Fonte: Pixabay b) Desinências verbais: indicam as flexões de número e pessoa e de modo e tempo dos verbos. Exemplos: compr-o compra-s compra-mos compra-is compra-m compra-va compra-va-s Morfologia do Português 20 VOCÊ SABIA? A desinência “-o”, presente em “am-o”, é uma desinência número-pessoal, pois indica que o verbo está na primeira pessoa do singular; “-va”, de “ama-va”, é desinência modo- temporal: caracteriza uma forma verbal do pretérito imperfeito do indicativo, na 1ª conjugação. Vogal temática é o afixo que identifica o paradigma de flexão verbal a que pertence o verbo. No Português há três vogais temáticas: -a, -e, -i: (ele) canta (ele) come (eu) parti' 3) Vogal de ligação, consoante de ligação: são elementos de ligação ou eufônicos. As vogais ou consoantes de ligação são morfemas cujas funções são formar, facilitar ou possibilitar a pronúncia de determinadas palavras da Língua Portuguesa. As vogais e as consoantes de ligação são fonemas que aparecem no interior das palavras permitindo a ligação entre o radical e as desinências. RESUMINDO: Nesta competência você conheceu os elementos estruturais das palavras e a importância da morfologia para os estudos da Língua Portuguesa. Essa competência é fundamental para que você possa compreender como são formados os vocábulos da Língua Portuguesa. A partir dos estudos da morfologia, o significado e o conceito das palavras se ampliam, ganhando novas roupagens que auxiliam na hora de interpretar e compreender melhor o mundo e as comunicações que nele se estabelecem. Agora que já estudamos esses elementos, veremos a seguir as características e as funções de cada um deles. Morfologia do Português 21 Conhecendo a classificação e a função dos morfemas OBJETIVO: Nesta competência, você irá estudar, além da classificação de cada um dos morfemas, a função que cada um deles desempenha nas palavras do léxico da nossa língua. Raiz A raiz é um elemento originário e irredutível, no qual se concentra a significação das palavras. Esse elemento tem como característica ser monossilábico e é comum às palavras que pertencem à mesma família etimológica (CEGALLA, 2009). IMPORTANTE: O estudo das raízes é um campo de estudo de interesse da gramática histórica ou da etimológica, não sendo, portanto, foco da gramática normativa. Vejamos um exemplo, observando as seguintes palavras: • nocivo, nocividade; • inocente, inocentar, inócuo. De acordo com CEGALLA (2009, p. 91), “a raiz noc (do latim nocere = prejudicar) tem a significação geral de causar dano, e a ela se prendem, pela origem comum” das palavras acima. Morfologia do Português 22 Radical Para entendermos a função desse elemento na formação das palavras, iniciaremos considerando as seguintes palavras: • livr- o; • livr- inho; • livr- eiro; • livr- eco. Observamos que todas elas têm um elemento constante, “livr”, o qual é impossível de ser decomposto em unidades de menor significação. A esse elemento mórfico (ou morfema) damos o nome de radical. Figura 4 - O radical é a base de significação de palavras da mesma família Fonte: Pixabay De acordo com o linguista Celso Cunha Cintra (2001), esse elemento irmana as palavras da mesma família e lhes dá uma base comum de significação. Morfologia do Português 23 Tema ou vogal temática De acordo com CEGALLA (2009, p. 92), “Tema é o radical acrescido de uma vogal (chamada vogal temática)”. • Nos verbos, obtém-se o tema destacando-se o -r do infinitivo: CANTA-r, BATE-r, PARTl-r etc. • Nos nomes, o tema é mais evidente em derivados de verbos: CAÇA-dor, DEVE-dor, FINGl-mento, PERDOÁ-vel, FERVE-nte etc. Afixos Esses elementos têm valor gramatical e se unem ao radical das palavras, modificando-as quanto ao significado ou até mesmo à função. Existem dois tipos de afixos, os quais veremos na sequência. Prefixos Ao afixo anteposto ao radical, damos o nome de prefixos. Na língua portuguesa, a maioria dos prefixos é de origem latina ou grega e alguns desses elementos, embora sejam diferentes, podem apresentar o mesmo significado. Morfologia do Português 24 Figura 5 - Estudo dos prefixos nas palavras da língua portuguesa Fonte: Pexels Considere os seguintes prefixos, usados frequentemente em nosso idioma, verificando sua origem e seu significado (NORMA CULTA, 2019): • Prefixos que indicam negação e oposição: des- (origem latina): desfavorável, desigual, desnecessário, descontente etc. in- (origem latina): infeliz, inacabado, inconsequente, inconstante etc. contra- (origem latina): contramão, contrassenso, contracorrente, contracurva etc. anti- (origem grega): anti-inflamatório, anticoncepcional, antirrugas,antitetânica etc. a- / an- (origem grega): acéfalo, anaeróbico, anônimo, amoral etc. • Prefixos que indicam duplicidade: di- (origem grega): ditongo, dióxido, digrafia, di-iodado etc. Morfologia do Português 25 bi- (origem latina): bicampeão, bimensal, bicarbonato, bissexual etc. ambi- (origem latina): ambidestro, ambivalente, ambilátero etc. • Prefixos que indicam movimento para dentro: in- / im- (origem latina): ingerir, imigrar, importar, imigração etc. en- / em- (origem latina): enterrar, enterrado, embarcar, enraizar etc. intra- (origem latina): intramuscular, intravenoso, intraocular, intrapulmonar etc. endo- (origem grega): endovenoso, endotérmico, endoscópio, endocarpo etc. • Prefixos que indicam movimento para fora: ex- / e- (origem latina): exportar, extrair, emigrar, exprimir etc. ec- / ex- (origem grega): êxodo, eclipse, exantema, eczema etc. • Prefixos que indicam repetição: re- (origem latina): refazer, recomeçar, reeditar, reaver etc. ana- (origem grega): anáfora, anagrama, analogia, análise etc. • Prefixos que indicam superioridade ou excesso: super- (origem latina): superpovoado, superpor, super-homem, superdotado etc. sobre- (origem latina): sobrecarga, sobrepor, sobrescrito, sobrevir etc. supra- (origem latina): suprassumo, supradito, supracitado, supra- humano etc. ultra- (origem latina): ultrapassar, ultrassom, ultraconservador, ultrassofisticado etc. Morfologia do Português 26 hiper- (origem grega): hipérbole, hipertensão, hipermercado, hipermetropia etc. arqui- (origem grega): arquiduque, arqui-inimigo, arquibilionário, arquiconhecido etc. • Prefixo que indica inferioridade: hipo- (origem grega): hipotensão, hipocalórico, hipoglicemia, hipoalergênico etc. • Prefixos que indicam simultaneidade ou companhia: co- / com- / con- (origem latina): cooperar, compor, coordenar, conviver etc. si- /sin- /sim- (origem grega): sinfonia, sincronia, sinônimo, sinestesia etc. • Prefixos que indicam anterioridade: ante- (origem latina): antebraço, antessala, anteontem, antepasto etc. pre- (origem latina): prefácio, prever, pré-história, pré-adolescente etc. • Prefixos que indicam posterioridade: pos- (origem latina): pospor, pós-eleitoral, pós-graduação, posfácio etc. epi- (origem grega): epílogo, epígrafe, epiderme, epidemia etc. Sufixos Assim como os prefixos, os sufixos também são elementos importantes na formação das palavras. No entanto, esses elementos estão pospostos ao radical. Morfologia do Português 27 Tabela 1 - Principais sufixos utilizados na língua portuguesa Tipos de sufixos Principais sufixos Exemplos Nominais Formam substantivos e adjetivos Aumentativo: -alhão, -ão, -anzil, -arra, -orra, ázio Corpázio, bocarra, corpanzil, casarão Diminutivo: -acho, -eto, -inho, -inha, -ote Riacho, filhote, livrinho Superlativo: -íssimo, -érrimo, -limo Belíssimo, paupérrimo, facílimo Lugar: -aria, -ato, -douro, -ia Padaria, internato, bebedouro Profissão: -ão, -dor, -ista Barista, dentista, vendedor Origem: -ano, -eiro, -ês Polonês, sergipano, mineiro Coleção, aglomeração, conjunto: -al, -eira, -ada, -agem Folhagem, cabeleira, capinzal Excesso, abundância: -oso, -entro, -udo Delicioso, ciumento, cabeludo Verbais -ear, -ejar, -ecer, -entear etc. Folhear, farejar, amanhecer, presentear Adverbiais (advérbio de modo) -mente Geralmente, facilmente, rapidamente, frequentemente etc. Fonte: Elaborado pela autora (2019). Morfologia do Português 28 Desinências São elementos com valor gramatical usados para indicar: • Gênero: nos nomes (adjetivos e substantivos) e em alguns pronomes, o gênero feminino ou masculino. • Número: nos nomes (adjetivos e substantivos) e em alguns pronomes, singular ou plural. Exemplo: GAROT – O – S Radical Des. de Gênero Des. de Número (plural) • Pessoa e número, tempo e modo: nos verbos. Exemplo: FAL Á SSE MOS Radical Vogal Temática Des. de Tempo De pessoa e número (1ª do plural) Vogal e consoante de ligação Diferente dos elementos que vimos até aqui, esses não trazem nenhuma informação gramatical ou modificação de sentido nas palavras – apenas vêm entre dois morfemas (ou elementos mórficos), a fim de facilitar a pronúncia. Morfologia do Português 29 Vogal de ligação GÁS Ô METRO Radical Vogal de ligação Sufixo Fonte: Elaborado pela autora (2019). Consoante de ligação PAU L ADA Radical Consoante de ligação Sufixo Fonte: Elaborado pela autora (2019). RESUMINDO: Nesta competência você aprendeu o que é raiz, radical, vogal temática, prefixos, sufixos, desinências, vogais e consoantes de ligação – conhecidos como morfemas. Seguiremos estudando os processos estruturais das palavras. Morfologia do Português 30 Analisando os processos de estrutura das palavras OBJETIVO: Agora que já conhecemos como são estruturadas as palavras na língua portuguesa, chegou a hora de compreendermos como ocorre a formação das palavras do nosso léxico. Dois processos básicos são responsáveis por formar novas palavras: derivação e composição. Derivação Segundo CEGALLA (2009, p. 96), “A derivação consiste em formar uma palavra nova (derivada), a partir de outra já existente (primitiva)”. Vamos retomar esse conceito, observando o quadro abaixo: Palavra primitiva Palavra Derivada mar marinheiro, marujo, marítimo terra enterrar, aterrar, terreiro Fonte: Elaborado pela autora (2019). Derivação prefixal (ou prefixação) Esse processo é o resultado da formação de uma nova palavra formada pelo acréscimo de um prefixo. Morfologia do Português 31 Figura 6 - Atenção para o processo de prefixação Fonte: Pixabay Vejamos: • incapaz; • desligar; • refresco; • supersônico; • pré-história. Figura 7 - Processos de formação de palavras Fonte: Pixabay Morfologia do Português https://pixabay.com/pt/photos/mindmap-brainstorm-id%C3%A9ia-inova%C3%A7%C3%A3o-2123973/ https://pixabay.com/pt/photos/mindmap-brainstorm-id%C3%A9ia-inova%C3%A7%C3%A3o-2123973/ 32 Em resumo, esse processo acontece antepondo-se um prefixo a um radical. Derivação sufixal (ou sufixação) Esse processo se dá quando uma nova palavra é formada por meio do acréscimo de um sufixo juntamente ao radical. Vejamos os diferentes tipos de derivação sufixal: • Nominal - formando substantivos e adjetivos: - Papel – papelaria - Riso – risonho • Verbal - formando verbos: -Atual – atualizar • Adverbial – formando advérbios de modo, com o acréscimo do sufixo “mente”: - Feliz – felizmente Derivação regressiva Acontece quando a palavra é formada não pelo acréscimo, mas pela redução de algum elemento. Por exemplo, do verbo beijar deriva o substantivo beijo. Já o verbo falar dá origem ao substantivo fala. Morfologia do Português 33 VOCÊ SABIA? Para descobrirmos se um substantivo é derivado de um verbo ou se ocorre o contrário, podemos refletir sobre a seguinte situação: Se o substantivo indica ação, será palavra derivada, e consequentemente o verbo será primitivo. Contudo, se o nome denota algum objeto ou substância, verifica-se o contrário (CUNHA, 2001). No exemplo acima, as palavras fala e beijo indicam ações, portanto são derivadas. Derivação imprópria Chamamos de derivação imprópria quando uma palavra muda sua classe gramatical ao sofrer alguma alteração em sua formação. Vejamos alguns casos: • Um substantivo usado no lugar de adjetivo: homem paulista; • Um adjetivo é usado como substantivo: Os melhores serão premiados. • Um verbo é usado como substantivo: O jantar está pronto. • Um advérbio é usado como substantivo: A resposta foi um sim. Vamos recordar quais são as classes gramaticais da língua portuguesa? Conforme CEGALLA (2009, p. 15), “Na língua portuguesa há dez classes de palavras ou classes gramaticais: 1. Substantivo; 2. Artigo; 3. Adjetivo; 4. Numeral; 5. Pronome; Morfologiado Português 34 6. Verbo; 7. Advérbio; 8. Preposição; 9. Conjunção; 10. Interjeição. As seis primeiras classes são variáveis, isto é, flexionam-se, sofrem alterações na forma. As quatro outras são invariáveis”. Em momento oportuno desta disciplina seguiremos nos aprofundando algumas delas. Figura 8 - Classes gramaticais Fonte: Elaborado pela autora (2020). Derivação parassintética (ou parassíntese) Quando acrescidos simultaneamente um prefixo e um sufixo, ocorre a derivação parassintética. Por meio desse processo, são formados nomes (substantivos e adjetivos) e verbos. Morfologia do Português 35 Vejamos no quadro abaixo: Palavras primitivas Prefixos Radicais Sufixos Palavras novas alma des alm ado desalmado mudo e mud ecer emudecer Fonte: Elaborado pela autora (2019). Composição Quando há junção de dois ou mais radicais, ocorre a formação de palavras por composição. Esse processo, por sua vez, pode acontecer por meio da justaposição ou da aglutinação. Justaposição Esse processo se dá quando os radicais não sofrem nenhuma alteração para formarem uma nova palavra. Exemplo: passatempo, guarda-sol, quinta-feira, cachorro-quente, beija-flor, couve-flor, guarda-roupa etc. Aglutinação Quando pelo menos um dos radicais da palavra sofre algum tipo de alteração, ocorre o processo de composição por aglutinação. Exemplo: planalto (plano+alto), aguardente (água+ardente), fidalgo (filho de algo), hidrelétrico (hidro+elétrico). Outros processos de formação de palavras Além dos processos que já vimos, existem outros processos que formam novas palavras: hibridismo, onomatopeia, abreviação vocabular, Morfologia do Português 36 sigla e, ainda, a partir de radicais gregos e latinos, muitas palavras de uso científico podem ser criadas. É o que veremos a seguir. Hibridismo Segundo o linguista CEGALLA (2009, p. 99), “Hibridismos são palavras em cuja formação entram elementos de línguas diferentes”. São alguns exemplos de palavras formadas por esse processo: • monocultura (mono+cultura, grego e latim); • alcoômetro (álcool+metro, árabe e grego); • lactômetro (lact+metro, latim e grego); • televisão (tele+visão, grego e latim); • automóvel (auto+móvel, grego e latim); • abreugrafia (Abreu+grafia, português e grego). Onomatopeias Seguindo com a ideia de Cegalla (2009, p. 99): Numerosas palavras devem sua origem a uma tendência constante da fala humana para imitar as vozes e os ruídos da natureza. Semelhantes vocábulos, chamados onomatopeias, reproduzem aproximadamente os sons e as vozes dos seres. Entre as principais vozes imitativas, alguns exemplos: • arrulhar - pombo, rola; • badalar, bimbalhar, repicar, repenicar; Morfologia do Português 37 • balir - ovelha, cordeiro; • blaterar - camelo; • bramar, bramir, rugir - feras, mar; • cascalhar - risadas; • coaxar - rã; • cocoricar, cucuricar, cucuritar - galo; • chiar - carro de bois, insetos; • chilrar, chilrear - aves. Além disso, as onomatopeias podem compreender palavras imitativas que procuram reproduzir certos sons ou ruídos. Esses casos são muito comuns em histórias em quadrinhos e charges. Figura 9 - Onomatopeias nas histórias em quadrinhos Fonte: Pixabay Abreviação vocabular Esse processo consiste na redução de uma palavra até o limite da sua compreensão. Vejamos algumas palavras que se encaixam nesse processo: Morfologia do Português 38 • Moto (redução de motocicleta); • Foto (redução de fotografia); • Quilo (redução de quilograma). IMPORTANTE: Fique atento para não confundir abreviação com abreviatura. Esta, por sua vez, é a representação de uma palavra apenas pela utilização de algumas letras. É o caso das palavras Dr. (doutor), Av. (avenida), Prof. (professor), entre outras. Siglonimização Utiliza-se essa opção quando, para abreviar o nome de uma associação, entidade, instituição ou organização, usamos uma sigla, a qual é formada por letras iniciais que compõem um nome. Exemplo: ONU (Organização das Nações Unidas), Funai (Fundação Nacional do Índio), Petrobras (Petróleo Brasileiro S.A.), BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) etc. Radicais gregos e latinos É muito comum a utilização de radicais gregos e latinos na criação de palavras científicas ou artísticas, por isso é fundamental que esses elementos sejam conhecidos, para melhor compreendermos o sentido de muitas palavras que utilizamos em nosso dia a dia. De acordo com CEGALLA (2009, p. 117): O conhecimento dos radicais gregos é de indiscutível importância para a exata compreensão e fácil memorização de inúmeras palavras criadas e vulgarizadas pela linguagem científica. Morfologia do Português 39 Tabela 2 - Exemplos de radicais gregos e seus significados Radicais Significados Exemplos acro- alto acrópole aero- ar aeródromo -agogo que conduz pedagogo biblio- livro bibliófilo bio- vida biografia cardio- coração cardiologia deca- dez decâmetro -delo visível psicodélico enea- nove eneassílabo entero- intestino entérico fito- planta fitoide fisis- natureza fisiológico gero- velho geriatria gimno- nu gimnofobia nefro- rim nefrite neo- novo neolatino onico- unha onicofagia oniro- sonho onírico penta- cinco pentágono Fonte: Elaborado pela autora, com base em Cegalla (2009, p. 117). Além desses, segue uma pequena lista de radicais latinos com as respectivas formações vernáculas, de cunho erudito, isto é, palavras que entraram na língua portuguesa por via literária e científica, a maioria delas entre os séculos XVIII e XX, conforme a obra de Cegalla (2009). Tabela 3 - Exemplos de radicais latinos e seus significados Radicais Significados Exemplos Agri Campo Agricultura Ambi Ambos Ambidestro Arbori- Árvore Arborícola Morfologia do Português 40 Bis-, bi- Duas vezes Bípede, bisavô Calori- Calor Calorífero Cruci- cruz Crucifixo Curvi- curvo Curvilíneo Equi- igual Equilátero, equidistante Ferri-, ferro- ferro Ferrífero, ferrovia Loco- lugar Locomotiva Morti- morte Mortífero Multi- muito Multiforme Olei-, oleo- Azeite, óleo Oleígeno, oleoduto Oni- todo Onipotente Pedi- pé Pedilúvio Pisci- peixe Piscicultor Pluri- Muitos, vários Pluriforme Quadri-, quadru- quatro Quadrúpede Reti- reto Retilíneo Semi- metade Semimorto Tri- Três Tricolor Fonte: Elaborado pela autora, com base em Cegalla (2009, p. 123). Neologismos É muito comum acrescentarmos significados a determinadas palavras sem modificá-las estruturalmente. Para muitos estudiosos da língua, isso é considerado um processo extremamente enriquecedor, visto que em muitos casos até mesmo se esquece do significado inicial das palavras (PASQUALE, 2008). Pense, por exemplo, em situações em que a palavra arara é utilizada para evidenciar a irritação de uma pessoa, ou ainda quando alguém comete um equívoco e dizemos que ela está “pagando um mico”. Nessas situações, temos exemplos do uso de neologismos semânticos, que consistem em utilizar uma palavra atribuindo-lhe um significado diferente do seu original. Morfologia do Português 41 EXPLICANDO MELHOR: Os neologismos nascem em decorrência do progresso e do desenvolvimento da cultura humana. Novas ideias e invenções criam novas necessidades de expressão (CEGALLA, 2009). Os neologismos são criados a partir do contato das pessoas com diferentes áreas de conhecimento, como a política e a ciência, e atualmente, com o acelerado crescimento da tecnologia. No entanto, cabe ressaltar que existem diferentes tipos de neologismos. Tabela 4 - Conhecendo os neologismos TIPO DE NEOLOGISMO CONCEITO EXEMPLOS SEMÂNTICO Palavra que já existe no léxico e adquire um novo significado - A professora ficou uma arara porque entramos atrasados na aula. (ficou brava) - Meu vizinho fez um gato na rede elétrica. (ligação elétrica irregular) LEXICAL Designa a criação de uma nova palavra - “Vou deletar você da minha vida”. (apagar/esquecer)- O chefe pediu para escanear os documentos da reunião. (digitalizar/ fazer cópias) Morfologia do Português 42 SINTÁTICO Construção sintática que adquire um significado específico - Joana deu a volta por cima e venceu as drogas. (superou) - Lucas me deu o bolo e não compareceu ao encontro. (enganou) Fonte: Elaborado pela autora (2019). Empréstimos linguísticos Conforme já mencionamos nesta unidade letiva, o contato entre culturas produz efeitos no vocabulário das línguas (PASQUALE, 2008). Pense nas seguintes palavras: • Bife; • Futebol; • Abajur; • Xampu. Todas elas são muito frequentes em nosso dia a dia e não nos damos conta de que são originárias de outros idiomas. Contudo, a maioria das palavras de origem estrangeira passa por algum processo de aportuguesamento, tanto do aspecto fonológico quanto gráfico. Outro fato bastante influenciador no léxico da Língua Portuguesa é o surgimento constante de produtos e processos tecnológicos. Sobretudo com a chegada da internet, muitas palavras passaram a fazer parte do nosso vocabulário. Tomemos como exemplo: deletar, clicar, blogue, avatar, emoji, selfie e muitas outras. Assim, como sabemos, nossa língua é viva e, com o passar dos anos, muitas outras palavras ainda surgirão, dependendo da necessidade dos falantes de se comunicarem. Morfologia do Português 43 RESUMINDO: Nesta competência você aprendeu os principais processos de formação de palavras que ocorrem em nosso idioma: o processo de derivação (prefixal, sufixal, regressiva, imprópria e parassintética), e de composição (justaposição e aglutinação). Também conheceu processos outros, como hibridismo, onomatopeia, abreviação, siglonimização, neologismos e empréstimos linguísticos. Seguiremos estudando os processos de formação das palavras. Morfologia do Português 44 Examinando as palavras primitivas e derivadas, simples e compostas OBJETIVO: Nesta competência, veremos que algumas palavras quanto à formação podem ser primitivas ou derivadas, ou ainda, simples e compostas. Por isso, para encerrar esta unidade letiva, vamos verificar o que as diferencia entre si. O fenômeno que é a língua Como estudamos aqui nesta unidade 1, boa parte das palavras de nossa língua provém de outras já existentes. Como a língua é um organismo dinâmico e mutável, outras palavras vão surgindo a partir da influência de povos e de escritores que ultrapassam fronteiras (BEZERRA, p. 111). E o processo não é novo, visto que nossa própria língua é resultante de mutação e de mistura. Em diálogo remoto sobre a língua portuguesa, Rodrigues Lobo fala com carinho da nossa língua e nos dá algumas pistas da sua formação. “E verdadeiramente que não tenho a nossa língua por grosseira, nem por bons os argumentos com que alguns querem provar que é essa; antes é branda para deleitar, grave para engrandecer, eficaz para mover, doce para pronunciar, breve para resolver e acomodada às matérias mais importantes da prática e escritura. Para falar é engraçada com um todo senhoril, para cantar é suave com um certo sentimento que favorece a música; para pregar é substanciosa, com uma gravidade que autoriza as razões e as sentenças; para escrever cartas nem tem infinita cópia que dane, nem brevidade estéril que a limite; para histórias nem é tão florida que se derrame, nem tão seca que busque o favor das alheias. A pronunciação não obriga a ferir o céu da boca com aspereza, nem a arrancar as palavras com Morfologia do Português 45 veemência do gargalo. Escreve-se da maneira que se lê, e assim se fala. Tem de todas as línguas o melhor: a pronunciação da Latina, a origem da Grega, a familiaridade da Castelhana, a brandura da Francesa, a elegância da Italiana. Tem mais adágios e sentenças que todas as vulgares, em fé da sua antiguidade. E se à língua Hebreia, pela honestidade das palavras, chamaram santa, certo que não sei eu outra que tanto fuja de palavras claras em matéria descomposta quanto a nossa. E, para que diga tudo, só um mal tem: e é que, pelo pouco que lhe querem seus naturais, a trazem mais remendada que capa de pedinte”. Sabe-se, e Rodrigo Lobo nos aponta em seu diálogo, que nossa língua portuguesa brasileira é resultante de muitas outras. O processo histórico nos conta que, com a expansão marítima portuguesa, o português foi levado a todas as colônias de Portugal, chegando, assim, ao Brasil em 1500. De origem latina, a língua portuguesa em território brasileiro misturou-se com a dos índios e tem grande influência na formação de inúmeros vocábulos de nosso dia a dia. Também as línguas africanas provenientes do tráfico de escravos influenciaram grandemente a nossa língua. Não à toa, hoje estudamos radicais e afixos provenientes de outras línguas, sobretudo grega e latina, como quer o estudo da etimologia. Figura 10 - Formação da Língua Portuguesa no Brasil Fonte: Pixabay Morfologia do Português 46 Segundo Ricardo Lima, professor do Departamento de Estudos da Linguagem (UERJ), a língua é um organismo vivo e está em constante transformação. "A língua é viva porque está sendo usada sempre, em vários contextos, em várias situações, o que faz com que ela tenha novos usos e novas possibilidades. Isso acontece tanto no espaço quanto no tempo. No espaço geográfico, diferentes regiões; no tempo, em diferentes situações que mudam na sociedade. Assim como a sociedade vai mudando, a língua acompanha essas mudanças da sociedade" (LIMA, p. 51). SAIBA MAIS: Para saber mais sobre as origens da nossa língua e o fenômeno de mutação desta, assista ao documentário “Português, a língua do Brasil”. Sinopse: O documentário apresenta depoimentos de 16 Acadêmicos, membros da Academia Brasileira de Letras, sobre o atual estado da Língua Portuguesa. Nossa realidade idiomática é mostrada com as cores do Brasil na experiência personalíssima de cada Acadêmico. O diretor escolheu como cenário a Casa de Machado de Assis que, simbolicamente, representa a Casa da Língua Portuguesa. No documentário, os depoimentos se sucedem, registrados sempre com a presença do próprio Nelson, o grande anfitrião deste encontro de notáveis. ACESSE: https://www.youtube.com/watch?v=-bbT7QmdNSE Se a língua é um organismo em movimento constante, ao estudar morfologia estudamos a formação de palavras através de elementos morfológicos (ou mórficos), que são as unidades que formam uma palavra. Para tanto, alguns conceitos nos auxiliam no entendimento dessa mutação linguística e nos levam a observar a língua como fenômeno Morfologia do Português 47 que é. Entre esses conceitos, nos cabe agora os de palavras primitivas, derivadas, simples e compostas. Entendemos que no processo de formação de palavras existem aquelas que dão origem a outras, às quais chamamos de primitivas. DEFINIÇÃO: Palavras primitivas são aquelas que não se formam a partir de um vocábulo preexistente. São também denominadas “derivantes” (BEZERRA, p. 128). Exemplo: terra / pedra / ferro / luz / janela / carro DEFINIÇÃO: Já um dos processos mais recorrentes de formação de palavras é a derivação. Entendemos por palavras derivadas, então, aquelas formadas a partir de um vocábulo preexistente (os vocábulos primitivos). Exemplo: terraço / pedreira / ferrugem / luzeiro / janelão / carroceiro Também neste processo fenomenal de formação de palavras, temos os conceitos que se ligam ao radical dos vocábulos. Entre eles, nos interessam os conceitos de palavras simples e compostas. DEFINIÇÃO: Palavras simples dizemos que são aquelas que apresentam um único radical (BEZERRA, p. 128). Exemplo: água / guarda / perfume / perna Morfologia do Português 48 DEFINIÇÃO: Palavras compostas, por sua vez, como o próprio nome já indica, são aquelas que se compõem com dois ou mais radicais. Exemplo: água-benta / guarda-chuva / lança-perfume / pernalta Abaixo vamos organizar esses conceitospara fins de estudo. Palavras primitivas e derivadas a) Palavras primitivas: são as que não derivam de outras, dentro da Língua Portuguesa. Exemplos: pedra, terra, dente, pobre, etc. As palavras a que chamamos de primitivas são aquelas originárias do fenômeno de mutação das línguas. Trata-se de um conjunto que se forma pela influência de outras línguas e de outros países. A Língua Portuguesa possui vários vocábulos primitivos e a grande maioria, para não dizer a totalidade, têm sua origem em outras nacionalidades. Existem influências vindas do latim, grego, inglês, árabe, francês, africano, entre outros locais. Todas essas contribuíram e deixaram seu legado na atual Língua Portuguesa. Sem falar da mistura com as línguas que aqui já existiam, como o tupi-guarani. Para ampliar nosso entendimento, abaixo temos uma lista com alguns vocábulos primitivos e, ao seu lado, a origem e sua tradução. • cafuné: essa palavra veio do quimbundo e é escrita kafundu. • xampu: vocábulo de origem latina, veio do inglês shampoo. • quilo: vem do grego khylós. • alface: esse termo tem origem árabe e é escrito al-hassa. Morfologia do Português 49 • batom: proveniente do francês bâton. • sapato: palavra originária do árabe sabbat. • piano: esse termo é procedente do italiano e tem como tradução a palavra pianoforte. • máquina: provém do latim machina. • gelo: descendente do latim, tem como tradução gelus. • azul: palavra natural do persa e originalmente chama-se lazward. b) Palavras derivadas: são as que provêm de outras. Exemplos: pedreiro, enterrar, dentista, pobrezinho etc. Os vocábulos derivados, como o próprio nome aponta, são aqueles que derivam de outras palavras já existentes na Língua Portuguesa, as palavras primitivas vistas acima. As palavras definidas como derivadas nasceram pelos termos primitivos. Um mesmo substantivo primitivo, por exemplo, pode gerar várias palavras derivadas, não se restringindo a apenas uma. Abaixo, uma lista com alguns vocábulos primitivos e algumas derivações dessas palavras: • mar: maresia, marinheiro e maremoto. • morte: mortal, mortuário e mortífero. • pedra: pedreiro, pedregulho e pedraria. • jornal: jornaleiro, jornada e jornalista. • dia: diário, diurno e diarista. • campo: camponês, campina e campinho. • terra: terreno, terreiro e terraplanagem. • casa: caseiro, casinha e casarão. • banana: bananada, bananinha e bananeira. • dente: dentadura, dentista e dentição. Morfologia do Português 50 Nos exemplos citados acima é possível perceber o modo como cada vocábulo primitivo consegue dar vida às novas palavras e assim aumentar o vocabulário da Língua Portuguesa. Nossa língua é vasta e diversa justamente por conta de suas origens múltiplas e pelas possibilidades que o recurso morfológico, a partir dos processos de formação, possibilita. Relembrando: O radical é o morfema que contém o significado básico da palavra e a ele podem ser acrescidos outros elementos mórficos, como as desinências e os afixos – é o que acontece na série casa, casebre, casarão, caseiro. Por terem o mesmo radical e uma significação comum, dizemos que pertencem a uma família de palavras. As palavras que compõem uma mesma família são chamadas de cognatas. Vejamos outros grupos de palavras cognatas: régua, regra, regular, irregular; corpo, corpinho, corpanzil, corpúsculo, corporal, incorporação, corpanzil; fugir, fuga, refúgio. Figura 11 - Estudo das palavras primitivas e derivadas, simples e compostas Fonte: Pixabay Morfologia do Português https://pixabay.com/pt/photos/biblioteca-livros-conhecimento-1147815/ 51 Palavras simples e compostas Com relação ao radical, dividem-se as palavras em simples e compostas. a) Palavras simples: são as que têm um só radical. Exemplos: livre, beleza, recomeçar, maquinismo, desmatamento. b) Palavras compostas: são as que apresentam mais de um radical. Seus elementos, em muitos casos, unem-se sem hífen. Exemplos: passatempo, automóvel, ferrovia, peixe-elétrico, melão- de-São-Caetano. Revisando: Radical é um morfema básico (que mostra o sentido básico da palavra), indivisível (porém existem palavras cujo radical se altera, como na conjugação de verbos anômalos), e comum a uma série de palavras. Também pode ser classificado como um morfema lexical. O radical retém o significado básico da palavra – é o núcleo. No português, diversas palavras são compostas a partir de radicais gregos e latinos – os chamados compostos eruditos. Lista de radicais gregos • aero (aér = ar): aeroporto • astro (áster = estrela): astronomia • biblio (bibl-íon = livro): biblioteca • bio (bi-os = vida): biografia • cardio (kard-ia = coração): cardíaco • crono (chron-os = tempo): cronômetro • deca (deka = dez): década Morfologia do Português 52 • derme (derm-a = pele): dermatologista • di (dis = dois): dissílabo • etno (ethn-os = raça): etnia • gastro (gáster = estômago): gástrico • hetero (héter-os = diferente): heterogêneo • hidro (hyd-ro = água): hidrografia • macro (makr-ós = grande): macróbio • micro (mikrós = pequeno): micróbio • mono (mónos = um): monólogo • neo (né-os = novo): neologismo • oftalmo (ophthálmos = olho): oftalmologia • poli (polys = muito): poligamia • pseudo (pseudos = falsidade): pseudônimo • psico (psiqué = alma): psicologia • tele (têle = longe): telefone • termo (termós = calor): termômetro • tri (triás = três): tríade • zoo (zô-on = animal): zoológico Lista de radicais latinos • agri (agri = campo): agricultura • alter (alter = outro): alternativa • ambi (ambi = ambos): ambidestro • audio (audire = ouvir): auditório • beli (bellum = guerra): bélico Morfologia do Português 53 • bi (bis = duas vezes): bisavó • cídio (cidio = matar): suicídio • clar (clarus = claro): claridade • cruci (crux = cruz): crucificar • curv (curvus = curvo): curvilíneo • duo (duo = dois): dueto • equi (aequus = igual): equilátero • escri (scríbere = escrever): escrita • lac (lactis = leite): lácteo • loco (locus = lugar): locomover • loquo (lóquor = fala): ventríloquo • ludo (ludis = jogo): lúdico • mort (mortis = morte): mortandade • oni (omni = todo): onipresente • ped (pedis = pé): pedal • pisci (piscis = peixe): piscicultura • quadru (quattuor = quatro): quádruplo • tri (tres = três): tripé • uni (unus = um): uniforme • verm (vermis = verme): vermicida Morfologia do Português 54 SAIBA MAIS: [[Saiba Mais]]: Quer se aprofundar mais sobre os processos de formação e estruturação das palavras da língua portuguesa? Recomendamos acessar a seguinte fonte de consulta e aprofundamento: Artigo “Prefixos e Sufixos gregos e latinos: uma proposta de ensino”. Disponível em: https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/ handle/10183/60667/000861827.pdf?sequence=1. Boa leitura e bons estudos! RESUMINDO: E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu tudinho? Agora, só para termos certeza de que você realmente entendeu o conteúdo de estudo deste capítulo, vamos resumir o que vimos. Você deve ter aprendido que cada um dos elementos que formam as palavras, que fornecem noções de significado mínimo e são indecomponíveis denominam-se morfemas. Existem diferentes tipos de elementos mórficos na estrutura das palavras do nosso idioma: raiz, radical, tema: elementos básicos e significativos; afixos (prefixos, sufixos), desinência, vogal temática: elementos modificadores da significação; vogal de ligação, consoante de ligação: elementos de ligação ou eufônicos. No que se refere à formação das palavras, estudamos os dois tipos de processos: derivação (e seus casos específicos) e composição (por justaposição ou aglutinação). Ainda, conhecemos outros tipos de formação de palavras, entre elas siglas, abreviações vocabulares, hibridismos, neologismos e estrangeirismos, além de conhecermos o significado dos principais prefixos e sufixos de origemgrega e latina, bastante comuns na formação das nossas palavras. Em nossa próxima unidade letiva, seguiremos com o estudo da morfologia da língua portuguesa. Até lá! Morfologia do Português https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/60667/000861827.pdf?sequence=1 https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/60667/000861827.pdf?sequence=1 55 REFERÊNCIAS ALMEIDA, N. T. de. Gramática da língua portuguesa. São Paulo: Saraiva, 2009. BEZERRA, R. Nova gramática da língua portuguesa para concursos. São Paulo: Método, 2013. CIPRO NETO, P.; INFANTE, U. Gramática da língua portuguesa. 3. ed. São Paulo: Scipione, 2014. CEGALLA, D. P. Novíssima gramática da língua portuguesa. 48. ed. São Paulo: IBEP, 2009. CUNHA, C.; CINTRA, L. Nova gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. LIMA, R.; KENEDY, E. Linguística II. v. 1. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2013. NORMA CULTA. Língua portuguesa em bom português. Disponível em: https://www.normaculta.com.br/prefixos/. Acesso em: 18 out. 2019. WIKIPÉDIA. Morfologia. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/ Morfologia_(linguística)#:~:text=A%20morfologia%20(“morf(o,estrutura%20 e%20formação%20das%20palavras. Acesso em: 15 jul. 2020. Morfologia do Português https://www.normaculta.com.br/prefixos/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Morfologia_(lingu%C3%ADstica)#:~:text=A morfologia (%5C%22morf(o,estrutura e forma%C3%A7%C3%A3o das palavras https://pt.wikipedia.org/wiki/Morfologia_(lingu%C3%ADstica)#:~:text=A morfologia (%5C%22morf(o,estrutura e forma%C3%A7%C3%A3o das palavras https://pt.wikipedia.org/wiki/Morfologia_(lingu%C3%ADstica)#:~:text=A morfologia (%5C%22morf(o,estrutura e forma%C3%A7%C3%A3o das palavras Morfologia do Português Débora Luiza da Silva Angela Francisca Mendez Morfologia: identificando morfemas, morfes e estrutura de palavras Conceito de morfema Conceito de morfe Estrutura das palavras Conhecendo a classificação e a função dos morfemas Raiz Radical Tema ou vogal temática Afixos Prefixos Sufixos Desinências Vogal e consoante de ligação Analisando os processos de estrutura das palavras Derivação Derivação prefixal (ou prefixação) Derivação sufixal (ou sufixação) Derivação regressiva Derivação imprópria Derivação parassintética (ou parassíntese) Composição Justaposição Aglutinação Outros processos de formação de palavras Hibridismo Onomatopeias Abreviação vocabular Siglonimização Radicais gregos e latinos Neologismos Empréstimos linguísticos Examinando as palavras primitivas e derivadas, simples e compostas O fenômeno que é a língua Palavras primitivas e derivadas Palavras simples e compostas
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