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Aula entrevista com criancas

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Estudante: Meque Francisco Magena e Lúcia Sozinho.
Docente
José Rocha Nonoque 
Curso- Psicologia Clinica IV Ano T/B
Seminário: consulta de psicologia. Tema Entrevista com crianças 
No fim da aula, os estudantes devem:
Saber definir a entrevista;
Saber identificar os aspectos relevantes na entrevista com as crianças.
 Objectivos de seminário 
A entrevista psicológica é um instrumento fundamental de trabalho para o psicólogo e outros profissionais como sociólogo, psiquiatra e assistente social e se diferencia das outras formas de entrevista devido a seus objectivos puramente psicológicos (investigação, diagnóstico, terapia, etc).
A avaliação psicológica é uma prática exclusiva do profissional de Psicologia e historicamente contribuiu para a inserção profissional nos diferentes contextos de actuação.
Introdução
Na primeira entrevista o paciente tem a possibilidade de conhecer o Psicólogo(a) e o seu consultório, ou seja, pode analisar o profissional e o ambiente para saber se realmente se sentirá confortável e a vontade para iniciar um processo terapêutico. (Duarte & Arboleda, 2005).
Entrevista psicológica 
As entrevistas com crianças e a actuação do psicólogo  é  pedagógica e estruturada. A criança está em fase de desenvolvimento e durante essa fase apresenta alto nível de criatividade e capacidade lúdica, habilidades que são expressas em jogos, actividades estimulativas e  actividades orientadas realizadas fora do consultório.
Maior ou menor ênfase pode ser dado a cada tópico de uma entrevista estruturada ou a forma de selecção das informações significativas tem que estar de acordo com o objectivo do exame, tipo de paciente e sua idade, ou, ainda, com "as circunstâncias da entrevista de avaliação" (Strauss, 1999, pág 574).
Entrevista com crianças 
Os entrevistadores devem procurar tornar o local acolhedor, decorando-o, por exemplo, com figuras e desenhos feitos por crianças. Ao mesmo tempo deve ser informal, livre de perturbações e de acessórios que possam causar distração. Pode ser útil dispor de algum material para desenho e alguns brinquedos, mas não em demasia. O mobiliário deve ser adaptado à estatura da criança e é fundamental que o espaço seja privado e que isto esteja claro para a criança (Duarte & Arboleda, 2005).
Entrevista com crianças 
Tal como com os bebés, com as crianças as sessões de psicologia, inclui sempre os pais. 
O pedido da consulta é sempre formulado por outrem (pais, professor, pediatra, tribunal, etc.), e não pela criança.
É importante a presença de ambos os pais na consulta (pai e mãe). A introdução da tríade é fundamental para a criança.
Quando realiza-se a anamnese da criança, deve-se sempre ser feita com os pais, pois só assim consegue-se obter informações mais precoce em relação à criança (ex. gravidez, dificuldades escolares, primeiros meses de vida, etc.).
Motivos da consulta e elementos pertinentes 
A atitude dos entrevistadores
Os profissionais devem realizar a entrevista demonstrando serenidade, cordialidade e empatia. Devem considerar diversas hipóteses sobre o que ouvirão da criança, sem aceitarem de antemão ou tomarem como única verdade válida, a informação anterior à entrevista (Duarte & Arboleda, 2005; Garbarino & Scott, 1992). 
O uso de palavras pertencentes ao vocabulário infantil pode ser necessário, especialmente para fazer referência às zonas anatômicas ou práticas abusivas. 
Procura-se estabelecer uma relação de colaboração com os pais. 
Os pais estão ali para ajudar, tal como o psicólogo (há uma colaboração). Não podem haver disputas, pois isso seria muito prejudicial para a criança.
Ao longo da interacção, no momento em que o psicólogo fica sozinho com a criança, pode surgir dificuldades na separação entre os pais e a criança. 
Procedimentos no decorrer da Entrevista com as crianças
 A criança exprime os seus sentimentos e dificuldades através do desenho e do jogo simbólico.
O desenho e o jogo são actividades naturais da criança, que não necessitam de aprendizagem (são diferentes da actividade de ler e escrever). 
São actividades espontâneas e lúdicas que traduzem uma função elaborativa do funcionamento da criança. 
É um dispositivo que faz emergir a conflitualidade mais íntima da criança; vai conflitualizar os problemas da criança, através do jogo.
Entrevista entre o psicólogo e a criança
O jogo e o desenho devem ser sempre espontâneos, pois só assim permitem oferecer indicações sobre a problemática e o funcionamento mental do sujeito.
Jogo: as personagens que constituem o jogo devem ser mais projectivas do que perceptivas, não devem ser muito definidos. 
O contexto do jogo deve ser composto por vários personagens (animais selvagens, animais domésticos, personagens de várias idades, de sexo diferente, etc.). Os jogos devem ser o mais simples possível.
CONT…
(1) Habilidades empáticas que dizem respeito a um conjunto de sentimentos e atitudes, os quais os entrevistadores devem demonstrar em relação à criança, tais como: honestidade, sinceridade, compreensão, interesse. Faz-se necessário que se coloquem no lugar da criança para melhor entender seus sentimentos e que ajam de modo que a criança perceba isto. 
(2) Habilidades não-verbais, tais como: expressão facial, voz, postura corporal e gestos. Algumas das habilidades mais citadas são: voz modulada, suave e firme, olhar direto e seguro para a criança, sorriso ocasional, velocidade moderada da fala, gestos ocasionais com as mãos. 
Estratégias que se podem utilizar para enriquecer a obtenção dos dados. 
(3) Habilidades de perguntar, ou seja, as perguntas devem ser feitas uma de cada vez, de forma clara, direta e precisa. Perguntas indutoras, sugestivas ou com conotação de valor ou apreciação moral devem ser evitadas.
 
(4) Operacionalizar informações, ou seja, buscar uma descrição do problema, pedindo esclarecimentos de algumas questões, para que se tenha certeza de que os entrevistadores e as crianças estão falando de um mesmo problema. 
CONT…
(5) Parafrasear, ou seja, repetir frases ditas pela criança, com a intenção de mostrar entendimento, acentuar a questão e fazer com que a criança perceba que foi ouvida. Assim a criança poderá continuar refletindo sobre o assunto como se estivesse ouvindo sua própria fala e;
(6) Sumarizar ou resumir as informações relatadas pela criança, para avaliar se foram bem compreendidas, e para que ela possa corrigir eventuais erros de comunicação.
CONT…
E importante que os entrevistadores não prometam segredos sobre as informações por dois motivos:
Primeiro para não reforçarem a dinâmica de segredo que vitimiza a criança; 
Segundo porque tais informações podem ser requisitadas por órgãos de protecção a criança e sempre que esta em risco, e dever ético dos profissionais fazer denuncia. Além disto, prometer segredo e depois romper com este pode fortalecer a percepção anterior da vitima de que ninguém e confiável 
CONT…
Obter o relato de uma criança sobre situações de abuso sexual é uma tarefa complexa que requer a capacitação dos profissionais.
para realizar um diagnóstico, baseado em indicadores concretos. O cuidado principal consiste em preservar e garantir os direitos da criança e trabalhar para o seu melhor interesse, sem tornar a entrevista uma revitimização. 
Conclusão 
American Psychiatric Association. (2002). Manual diagnóstico e estatístico dos transtornos mentais (4a ed., revisada). Porto Alegre: Artes Médicas. 
Azevedo, M. A., & Guerra, V. N. A. (1989). Crianças vitimizadas: a síndrome do pequeno poder. São Paulo: IGLU. 
Briere, J., & Elliott, D. M. (2003). Prevalence and psychological sequelae of self-reported childhood physical and sexual abuse in a general population sample of men and women. Child Abuse & Neglect, 27, 1205-1222. 
Cohen, J. A. (2003). Treating acute posttraumatic reactions in children and adolescents. Society of Biological Psychiatry, 53, 827-833.
Cohen, J. A., Mannarino, A. P.,& Rogal, S. (2001). Treatment practices for childhood posttraumatic stress disorder. Child Abuse & Neglect, 25, 123-135.
Referencias bibliográficas