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Medievo Modernidade e Transições-1

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Medievo Modernidade e Transições
HISTÓRIA E IMPORTÂNCIA NA EDUCAÇÃO
José Maria Moreira de Souza Júnior
Prof. Gilmar Ferreira de Moraes 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Licenciatura em História – Pratica Interdisciplinar 
22/11/2022
RESUMO
Este artigo tem por objetivo questionar o fim da Idade Média defendido pela historiografia tradicional. O termo Idade Moderna, apesar de identificar algo novo ou atual, não se refere aos nossos tempos, ao século XXI. Ele se refere, historicamente, ao período compreendido entre os séculos XV e XVIII e foram os europeus desse tempo que se autodenominaram modernos. Para alguns historiadores, a Idade Moderna foi um grande período de transição do mundo medieval feudal para o mundo capitalista e burguês, o qual se inaugurou no final do século XVIII e início o século XIX. O período foi marcado por quatro grandes movimentos: o Renascimento, a Reforma Protestante, a Centralização Política e os Descobrimentos. Pretende-se demonstrar que esse período foi mais marcado por continuidades que por rupturas e que o fim do Medievo pode ser mais bem compreendido dentro da perspectiva da Longa Idade Média. 
Palavras-chave: Ensino de História. Idade Media. Modernidade.
ABSTRACT
	This article aims to question the end of the Middle Ages defended by traditional historiography. The term Modern Age, despite identifying something new or current, does not refer to our times, to the 21st century. He refers, historically, to the period between the 15th and 18th centuries and it was the Europeans of that time who called themselves modern. For some historians, the Modern Age was a great period of transition from the medieval feudal world to the capitalist and bourgeois world, which was inaugurated in the late 18th and early 19th centuries. The period was marked by four major movements: the Renaissance, the Protestant Reformation, Political Centralization and the Discoveries. It is intended to demonstrate that this period was more marked by continuities than by ruptures and that the end of the Middle Ages can be better understood within the perspective of the Long Middle Ages.
Keywords: History Teaching. Middle Ages. Modernity.
INTRODUÇÃO
O mundo é um todo emaranhado composto de passado, presente e futuro. O presente hoje, se torna passado amanhã e, para que possa ser compreendido é necessário, obrigatoriamente, que se estude e conheça o que aconteceu anteriormente. Assim, mesmo que não se perceba ou que, muitas vezes, não se queira perceber e aceitar são os acontecimentos do passado que forjam o nosso mundo atual, e, os atos atuais, que acabarão por gerar e motivar o mundo de amanhã. 
A Idade Média foi definida pela historiografia do século XIX como o período entre o fim do Império Romano do Ocidente, em 476, e o fim do Império Bizantino, em 1453. Sua origem é mais remota, contudo. Seu nome foi utilizado pela primeira vez pelo poeta italiano Francesco Petrarca, no século XIV, para se referir aos séculos que julgava de barbárie entre a Antiguidade Clássica e seus dias. Criticada pelos iluministas – para os quais era uma era de trevas - e idealizada pelos românticos, a Idade Média foi, talvez, o período histórico que mais passou por reavaliações e ressignificações.
Essa complexidade tornou a Idade Média terreno fértil para pesquisadores e teóricos do século XX, especialmente da Escola dos Annales, que lhes conferiram atualidade. Nas palavras de Franco Júnior (2001, p. 13);
“Sem risco de exagerar, pode-se dizer que o medievalismo se tornou uma espécie de carro-chefe da historiografia contemporânea, ao propor temas, experimentar métodos, rever conceitos, dialogar intimamente com outras ciências humanas” (2001, p. 13);
Já a transição da Idade Média para Idade Moderna foi um processo longo e gradual, respeitando o espaço e o tempo de cada região. Ainda que o termo seja impreciso, ficou marcado por um tempo de grandes eventos que mudaram para sempre as estruturas políticas, sociais e econômicas.
Na chamada Idade Moderna,  coexistiram permanências do mundo medieval e elementos que formaram as bases do sistema capitalista. A economia agrária, a persistência das relações de servidão, os privilégios da nobreza, os valores sociais baseados na tradição, no sangue, e a apropriação privada do Estado eram aspectos  do mundo medieval. Mas, paralelamente, profundas transformações sociais e culturais ocorriam nesse período de transição: mudaram as relações entre os diferentes grupos  sociais, as visões do mundo e as crenças, outras formas de trabalho, de poder.
A Idade Moderna não era essencialmente capitalista e já não era mais medieval. Mas nada disso aconteceu de repente; os elementos típicos do feudalismo ainda persistiram, com maior ou menor  intensidade e durabilidade, nas diferentes regiões da Europa, mas as mudanças foram atingindo  todos os campos e trazendo a modernidade.
Linha do Tempo – Idade Media e Moderna
527-565 - Justiniano I governou o Império Bizantino e desenvolveu o famoso Código Justiniano de leis.
622 - Maomé, fundador da religião muçulmana, fugiu de Meca para Medina. A fuga de Maomé, chamada de Hégira, assinala o começo do calendário muçulmano.
711 - Os muçulmanos invadiram a Espanha e deram início à ocupação que durou cerca de 700 anos. 
732 - Carlos Martel liderou os francos na derrota que impuseram aos invasores muçulmanos em Tours. Essa vitória impediu que os muçulmanos conquistassem a Europa. 
750 - Carlos Magno tornou-se governante dos francos. 
800 - O papa Leão III coroou Carlos Magno imperador dos romanos. 
843 - O tratado de Verdun dividiu o império de Carlos Magno em três partes, iniciando-se o desenvolvimento nacional da França, Alemanha e Itália. 
969 - Os fatímidas conquistaram o Egito e transformaram o Cairo no centro do império muçulmano. 
1000 - Leif Ericson navegou para oeste, da Groenlândia para o continente norte-americano. Comandou o que foi, provavelmente, a primeira expedição européia ao continente das Américas. 
1099 - Forças cristãs conquistaram Jerusalém, no final da Primeira Cruzada. 
1187 - Tropas muçulmanas sob o comando de Saladino reconquistaram Jerusalém. 
1215 - Barões da Inglaterra forçaram o rei João a assinar a Magna Carta. 
1279 - Kublai Khan liderou os mongóis completando a conquista da China. 
1368 - A dinastia Ming começou seu domínio de 300 anos na China. 
1440 - Johannes Gutenberg, um impressor alemão, inventou o tipo móvel. 
1453 - Os turcos otomanos conquistaram Constantinopla (Istambul) e derrubaram o Império Bizantino. 
1492 - Cristóvão Colombo chegou à América e declarou-a colônia da Espanha. 
1492 - Os espanhóis conquistaram Granada e puseram fim ao domínio da Espanha pelos mouros muçulmanos. 
1517 - A Reforma Protestante começou na Alemanha. 
1519 - 1522 Fernão de Magalhães comandou a primeira viagem ao redor do mundo. 
1526 - Baber, um governante muçulmano, conquistou a Índia e estabeleceu o Império Mongol. 
1532 - Francisco Pizarro invadiu o Peru, iniciando a conquista espanhola do império Inca. 
1588 - A marinha real da Inglaterra derrotou a armada espanhola e consolidou a posição da Inglaterra como grande potência naval. 
1613 - Miguel Romanov tornou-se czar da Rússia e iniciou o domínio de 300 anos da Rússia pelos Romanov. 
1644 - Os manchus conquistaram a China e estabeleceram governo que durou até 1912. 
1688- A Revolução Gloriosa depôs Jaime II da Inglaterra. 
1763 - O Tratado de Paris pôs fim à Guerra dos Sete Anos na Europa e à guerra entre franceses e índios na América do Norte. 
1776 - As 13 colônias inglesas da América do Norte assinaram a Declaração de Independência. 
1789 - A Revolução Francesa começou.
	 
Foi dentro da Idade Média que o mundo moderno foi gerado, razão pela qual, ao contrário do que alguns defendem, este período histórico não pode ser considerado pequeno ou medíocre, tendo sua importância para a história mundial, com características e questões próprias, mas igualmente sendo o período preparatório para o Estado Moderno.
Contudo, os limites sobre o fim da Idade Media nãosão tão claros. Muitos estudiosos Removeram a ideia de ‘fim’ a Queda de Constantinopla, fixando o Renascimento, a Reforma Protestante, a Centralização do Poder Monárquico e os Descobrimentos como pontos de entrada nos Tempos Modernos. Não raras vezes o período medieval é relegado a uma mera fase transitória, de debilidade história. Taxado de período de estagnação social, política e cultural.
Ao contrário desse equivocado pensamento, os quase mil anos que se convencionou chamar de Idade Média congregam grande diversidade, autonomia e riqueza histórica. Longe de ser um período de estagnação, o período medieval formulou concepções e valores típicos, complexos e harmônicos.
A cultura medieval tem um forte sentido das diferenças e das hierarquias. As relações de senhoria e de obediência estão em perfeita adequação ao imaginário coletivo e reflexão social no qual, tanto o cosmos quanto à sociedade humana são concebidos como uma rede de diferenças que se traduz em uma ordem de superioridade e de sujeição. Nesse contexto, o regime feudal é marca permanente dessa sociedade, extrapolando o âmbito puramente econômico, condicionando as relações sociais, políticas e jurídicas da época. O feudalismo foi um regime político jurídico formado pela combinação de relações interpessoais de submissão (vassalo prometia fidelidade e serviços pessoais ao seu senhor) e concessão de terras pelo senhor (em retribuição dos serviços prestados pelo vassalo). Tratava-se de uma sociedade corporativa e organizada hierarquicamente.
O apogeu da época foi vivido entre os séculos 11 a 13, quando a sociedade dos feudos teve sua expansão, com aumento da produção agrícola, além do crescimento da população e da retomada da vida urbana e do comércio. A Centralização Política foi caracterizada através de dois elementos - a formação dos Estados Nacionais e o surgimento do Absolutismo (compreendida como fator essencial de ruptura com a Idade Média). Contudo, os mesmos fatos que geraram o ápice, também ocasionaram a derrocada do feudalismo e, por consequência, da Idade Média. 
Medieval e Moderno	
Houve, assim, crise em todos os setores, sendo eles econômicos, sociais, políticos, demográficos e, inclusive, religiosos, ocasionando profundas transformações e a necessidade de uma alta capacidade de reorganização e reestruturação da sociedade. As cidades começaram a se recuperar e se reestruturar, o comércio começou a florescer, e a crise do feudalismo acabou se tornando um divisor de águas. O que gerou o colapso também fomentou a retomada do desenvolvimento e, enquanto o senhorio chegava ao seu fim, o capitalismo começava a surgir, estando ele diretamente vinculado ao novo período da humanidade: o Estado Moderno.
Nas palavras de Bedin (2013, p. 82), “três outros fatores que impulsionaram a formação do Estado moderno: a luta contra os poderes locais e universais da religião como fonte de legitimidade e de identidade do Estado; a constituição dos chamados monopólios estatais (distribuição da justiça, emprego da violência legítima, arrecadação de impostos, etc.) e a delimitação territorial e pessoal do Estado moderno”.
É neste período que a Igreja perde a total hegemonia que possuía, passando a ser obrigação e função do Estado reger os interesses políticos e econômicos da sociedade, cabendo à religião a função única e exclusiva de amparar no sentido teológico, mas deixando de ter a primazia sobre as decisões e o poder. A política e a religião são definitivamente separadas, passando a compor dois setores paralelos, não mais se confundindo como existia na Idade Média.
A sociedade se diferenciou em classes e desapareceu a noção de pertencimento. O cenário político, econômico e social foi alterado com a emergência e consolidação da classe burguesia. As representações de mundo passaram a se formar com as bases do ideário cultural do Iluminismo, predominando a razão em detrimento da tradição.
A transição entre essas estruturas não pode ser confundida com uma sucessão de experiências harmônicas e complementares. As alterações amadureceram lentamente desde que se delineava a alteração entre mentalidades. Cada momento histórico, embora guarde traços comuns em seu conjunto, tem um desenvolvimento irregular, alcançando diferenciações locais, decorrente dos elementos específicos de cada formação econômico-social. Não obstante, o que se pretendeu foi ressaltar a identidade de determinados processos marcantes, se analisados em conjunto e perspectiva história, mas nunca perdendo de vista que tais fenômenos se realizaram de forma heterogênea, descontínua e na interação com excepcionalidade dos fatores e contingências de cada local.
Reduzindo gradativamente o pluralismo político, surge uma nova ordem política centralizada, que passou a representar e exercer toda a autoridade anteriormente disposta pelas ordens da sociedade medieval. A autoridade, que estava apoiada antes nas relações sociais, religiosos, econômicos, passou ao ente estatal moderno.
O valor central que caracteriza a sociedade moderna é o individualismo, e foi justamente o seu surgimento que possibilitou a emergência dos direitos do homem e o abandono ao modelo organicista de sociedade, para passar a predominar o modelo individualista ou atomista. A grande consequência deste novo modelo é a convicção de que todos os homens são iguais, e devem ser assim tratados.
Há igualmente alteração quanto aos poderes, com a centralização na figura do monarca, que passa a ser o único responsável pela ordem e pelo exercício do poder, o que acaba também concentrando o domínio em suas mãos. O rei absorve o papel que antes era exercido pelo chefe da Igreja, no caso, o Papa, passando a ter o total controle político sobre a sua população. A luta democrática não visava invocar uma igualdade abstrata dos direitos e, sim, como defendem todos os seus teóricos, uma igualdade que efetivamente combatesse e colocasse por terra as desigualdades de fato que existiam na época. Uma delas, e a principal defendida por este, o acesso às decisões públicas. A concretização da certeza do alcance do princípio da igualdade foram as Declarações de Direitos de 1789 e 1948, onde foi lembrada a igualdade de direitos no primeiro artigo de cada uma delas, referindo que todos os homens nascem livres e iguais em direitos e dignidades. 
Renascimento
O Renascimento marca o início da Idade Moderna. O desenvolvimento comercial e a agitada atividade cultural no Ocidente, sobretudo, no século XV, faz surgir o movimento intelectual centrado no Homem. Foi placo de inegáveis avanços, especialmente artísticos na pintura, na escultura, na arquitetura como também científicos e culturais. A criação da imprensa pelo alemão Gutenberg revolucionou a produção do livro. O resgate da Antiguidade Clássica manifestou-se na leitura e na poesia e um clima de florescimento e erudição urbanos desenvolveu-se, principalmente entre a nobreza e a alta burguesia das cidades italianas e alemãs.
Porém, por mais importante que tenha sido, por mais que deva merecer uma individualização na duração histórica, as características básicas do movimento renascentista (individualismo, racionalismo, neoplatonismo, humanismo) estavam presentes na cultura ocidental ha pelo menos desde princípios do século XII.
O Renascimento é mais bem compreendido como uma síntese de inovações medievais fruto de um longo processo de gestação, não como um período à parte, muito menos como o inaugurador da Idade Moderna. Se, por um lado, nele houve uma expansão do pensamento científico, através da observação racional da natureza manifestada no heliocentrismo e no desenvolvimento da autópsia, por outro, observar e questionar a natureza é um exercício religioso e intelectual, gerador de um racionalismo no período medieval anterior mesmo à redescoberta de Aristóteles no século XII. 
O que diferencia os intelectuais do Renascimento dos séculos XV-XVI, dos outros intelectuais, é que os primeiros (século XXII) julgavam estar vivendo em um mundo novo (moderno). O que é “moderno”, porém é relativo, e a ambiguidadedo termo, pode ter conotação negativa e foi empregada deste modo pelo arquiteto florentino Filarete, no século XV, ao se referir às práticas arquitetônicas de sua época. Para o renascentista, o que chamamos de medieval era o “moderno” e deveria ser abandonado. 
Muito se falou do brilho destes séculos, mas eles também trouxeram elementos negativos, como “um aumento do obscurantismo – o obscurantismo dos alquimistas, dos astrólogos, das feiticeiras e dos caçadores de feiticeiras”. A bruxa é uma figura dominante do Renascimento e foi a partir dele que se intensificou sua perseguição. A decadência moral e o aumento do crime e da violência que se percebe no período, que de outro modo defende ardentemente. 
O impacto social da Reforma Protestante – e da Contrarreforma Católica – não pode ser subestimado: ambas reconfiguraram o mapa político europeu e jogaram continente em séculos sangrentos que culminaram com a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), o conflito mais destrutivo e em maior escala até então. Contudo, na raiz destes conflitos – não desprezando fatores econômicos e nacionais - está à pretensão universalista de cada segmento cristão.
Desta forma, acredita-se que o Renascimento não foi um ponto de passagem para a Idade Moderna, pois tanto em seus aspectos louváveis quanto naqueles mais sombrios, apresenta um forte elemento de continuidade com a Idade Média, continuidade que não deve ser compreendida como estagnação, mas como um conjunto de transformações sutis e graduais, inseridas em uma longa duração.
METODOLOGIA
	A experiência enquanto observador na escola do Ensino Médio Irmã Agnes Vincquier, em Ipixuna do Pará, foi desenvolvida esta analise, sendo aplicado um questionário e atividade a todos os alunos do 1° ano, totalizando 36 alunos. Através de diálogos prévios e durante atividades de coleta de dados correlacionando a Idade antiga, Idade Media e Modernidade, o que foi estudado e observado.
 	Com esses postulados em mente, foi elaborada uma aula (junto da Professora responsável) que buscava trazer elementos que nos possibilitem obter as impressões prévias dos estudantes sobre a Idade Antiga, Idade Media e Modernidade, a fim de proporcionar um espaço de diálogo e questionamentos sobre as evidências observadas.
Foi elaborada a seguinte aula;
A aula consistia em duas aulas de 50 minutos, na qual foi apresentada uma atividade e posteriormente um debate, utilizando o livro didático focando em com era retratada a passagem da Idade Media para a Idade moderna. O enfoque das perguntas era: 
· Quando você lê “Os valores modernos foram baseados nos antigos” Nesse contexto qual é o significado desta frase?
· De acordo com os textos estudados, você acredita ser consensual entre os historiadores que houve uma transição das estruturas medievais para as modernas? Comente.
· O conceito de modernidade pode ser também aplicado para compreender como viviam os povos não europeus no período? Explique.
· Apesar de se identificar com o “novo”, propondo uma ruptura com o passado medieval, a modernidade foi construída com base em elementos da Antiguidade Clássica. Cite alguns destes elementos.
· Do século XII ao século XV, formaram-se monarquias nacionais em Portugal, Espanha, França e Inglaterra, principais Estados europeus do período. Cite algumas características. 
Apesar de muitos alunos identificarem o “novo”, proposto pela ruptura com o passado medieval, a modernidade foi construída com base em elementos da Antiguidade Clássica, como a racionalidade, a valorização do indivíduo, o resgate da noção de cidadania, entre outros. Fatos que apenas um terço dos alunos identificou alguma ligação entre os períodos já citados. Houve um debate aberto entre os alunos que defendiam que as transformações na Europa causaram um rompimento com as estruturas feudais e outros alunos que afirmavam que as permanências feudais provocaram uma “longa Idade Média”. Isso demonstra que a História está em construção e há interpretações diversas pessoas nem sempre leva ao consenso.
Se hoje tanto se fala em tecnologia e globalização, não podemos refutar a ligação intrínseca entre esses dois fenômenos e a Idade Moderna. O advento das Grandes Navegações, além de contribuir para o acúmulo de capitais na Europa, também foi importante para que a dinâmica de um comércio de natureza
intercontinental viesse a acontecer. Com isso, as ações econômicas tomadas em um lugar passariam a repercutir em outras parcelas do planeta.	
RESULTADOS E DISCUSSÃO
	Com a participação da professora de História, que auxiliou de forma voluntária na aplicação e discussão da atividade proposta na aula, apliquei a atividade sobre a passagem da Idade Media para a Idade moderna na turma do primeiro ano do Ensino Médio.
	Primeiramente, discutimos com os estudantes o que eles entendiam por Idade Media, e o principal elemento de definição que apareceu foi o famoso bordão “idade das trevas”, associando o termo a Igreja Católica (pagamentos de indulgências). Então, surgiu o questionamento se nesse período não houve avanços, a principal conclusão trazida pelos estudantes no diálogo é que não houve mudanças significativas neste período, então ressaltei para eles que a Idade Media não envolvia apenas o Continente Europeu e durou aproximadamente dez séculos.
Foi-lhes mostrado algumas invenções da Idade Media que poderiam lhes chamar atenção. As invenções da Idade Média podem surpreender não por ainda estarem presentes no mundo atual, mas porque estamos tão acostumados com sua existência que não a atribuiríamos a esse período. Entre elas:
· O Papel Moeda; Sua impressão ocorreu pela primeira vez na China, em 1023. Uma das razões pelas quais se tornou popular foi porque servia como um substituto útil para metais preciosos, que eram pesados e precisavam ser carregados.
· Bussola; Outras bússolas existiram na China e na Mesoamérica muito antes, mas a tecnologia que associamos à bússola de hoje se desenvolveu apenas na Idade Média.
· Óculos; estima-se que a primeira versão dos óculos surgiu na Itália, em torno do ano 1268. Eles eram usados por monges e intelectuais, mas não tinham a forma que têm hoje, pois precisavam ser segurados a frente dos olhos.
· Pólvora; Foi desenvolvida na China entre os séculos IX e XI. Essa inovação revolucionária transformou a história da humanidade, logo sendo usada como instrumento de guerra.
Dos 36 estudantes, apenas cinco diziam lembrar apenas de alguns temas referentes aos temas aprendidos na escola. Boa parte dos estudantes admitia não conhecer a duração da Idade Media bem como os feitos notáveis da época, mas reconheciam que ouviram falar algumas vezes. No entanto, relataram que não tinham interesse, porque sempre estudaram os processos históricos que aconteceram na Europa de forma rasa.
O que se observa é que as temáticas sobre demais países que não sejam europeus, bem como os mesmos, são desconhecidos pelos estudantes, e não necessariamente negadas por eles, o que demonstra uma condição igualmente problemática em relação à relevância dada a esse período nos livros, especialmente na área de História.
De uma forma geral, os educandos admitem uma relação histórica entre a Idade Media e a Idade Moderna, dando pouca ênfase a questões históricas e sociais. A escola não atua de forma positiva no desenvolvimento do seu conhecimento acerca do assunto, já que a maioria das menções diretas da escola é negativa ou rasa. Também é perceptível, ainda, o papel da televisão na constituição do pensamento e opinião dos estudantes.
A atividade possibilitou uma série de diálogos que contribuíram para o entendimento tanto no que diz respeito à origem do conhecimento e à interpretação dos estudantes sobre como eles percebem os países, culturas e as relações que estabelecem entre os elementos das mesmas nesse período e até mesmo a região a qual pertencem. 
Depois dos procedimentos metodológicos apresentados e aplicados durante a pesquisa e atividade hora-aula, foi possível constatar que existe poucas temáticas relacionadas à Idade Media e sua importância no currículoescolar brasileiro, especialmente na disciplina de História. A conexão estabelecida com o assunto ocorria a partir de temas que por mais que fossem abrangentes, eram tratados de forma branda. Através de boas praticas didática, é possível a construção de uma identidade clara e robusta sobre a Idade Media e a Modernidade. 
CONCLUSÃO
Uma vez que foram apresentados os argumentos que pretendem demonstrar a inadequação da divisão clássica entre Idade Média e Idade Moderna, resta tratar da perspectiva da Longa Idade Média e das referências cronológicas que justificariam sua adoção.
Um ‘verdadeiro’ período histórico é habitualmente longo: ele evolui, pois a História jamais é imóvel. No decorrer dessa evolução, ele é levado a experimentar renascimentos mais ou menos brilhantes, que amiúde se baseiam no passado, frutam de um fascínio por este último, sentido pela humanidade da época. Mas esse passado só serve como uma herança que permite o salto para um novo período.
A longa duração da Idade Media não é, portanto, uma forma de homogeneizar um período, tão-somente de reconhecer que transformações radicais e abruptas são raras e que entre os extremos temporais de determinada era há mais permanências que rupturas. Isso não quer dizer que não haja mudanças, ou mesmo retrocessos, pois a História é fluida e dinâmica, resultado das ações dos homens em sociedade. Trata-se de um período de profundas transformações quantitativas e qualitativas e, quanto a esse aspecto, não há muitas diferenças na continuidade entre os séculos XVI e XVII e os séculos XI e XIII do que entre estes e a Alta Idade Média.
Espera-se ter demonstrado a utilidade e atualidade do conceito de Longa Idade
Média para a discussão sobre a transição entre o Medieval e o Moderno e como este assunto é e como deve ser abordado na disciplina de história. Mesmo para
a reinterpretação dessa época que, mesmo resgatada da visão de “Era das Trevas” pelos
historiadores do século XX, ainda não está plenamente realizada, com sua luz e sua
escuridão, no imaginário coletivo.
REFERÊNCIAS
BEDIN, Gilmar Antônio. A Idade Média e o nascimento do Estado moderno. 2ª ed. Ijuí: UNIJUÍ, 2013.
FRANCO JÚNIOR, Hiláro. A Idade Média: O Nascimento do Ocidente. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo: Brasiliense, 2001.
LE GOFF, Jacques. A História Deve Ser Dividida em Pedaços?. São Paulo: Editora Unesp,2015.

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