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SU ST EN TA BI LI DA DE E M A Çà O: SO CI ED AD E E NA TU RE ZA SUSTEN TABILIDADE EM AÇÃO: SOCIEDADE E NATUREZA > EN SIN O M ÉDIO Área do conhecim ento: Ciências H um anas e Sociais Aplicadas Ciências H um anas Angela Rama Gislane Azevedo Isabela Gorgatti Leandro Calbente Reinaldo Seriacopi Ár ea d o co nh ec im en to : Ci ên ci as H um an as e S oc ia is A pl ic ad as > EN SI N O M ÉD IO H um an as Ci ên ci as 9 7 8 6 5 5 7 4 2 1 2 2 2 ISBN 978-65-5742-122-2 MANUAL DO PROFESSOR SU ST EN TA BI LI DA DE E M A Çà O: SO CI ED AD E E NA TU RE ZA Ár ea d o co nh ec im en to : Ci ên ci as H um an as e S oc ia is A pl ic ad as EN SI N O M ÉD IO H um an as H um an as Ci ên ci as Angela RamaAngela RamaAngela RamaAngela RamaAngela RamaAngela RamaAngela Rama Gislane AzevedoGislane AzevedoGislane Azevedo Isabela GorgattiIsabela GorgattiIsabela Gorgatti Leandro CalbenteLeandro CalbenteLeandro Calbente Reinaldo Seriacopi CÓ DI GO D A CO LE Çà O 02 15 P2 12 04 CÓ DI GO D O VO LU M E 02 15 P2 12 04 13 7 PN LD 2 02 1 • Ob je to 2 Ve rs ão su bm et id a à av al ia çã o M at er ia l d e di vu lg aç ão DIV-PNLD_21_3075-PRISMA-HUM-GIRA-MP-V5-Capa.indd All PagesDIV-PNLD_21_3075-PRISMA-HUM-GIRA-MP-V5-Capa.indd All Pages 16/04/21 17:2316/04/21 17:23 PRISMA 1a edição São Paulo – 2020 Ár ea d o co nh ec im en to : Ci ên ci as H um an as e S oc ia is A pl ic ad as > EN SI N O M ÉD IO > EN SI N O M ÉD IO H um an as Ci ên ci as Maria Angela Gomez Rama • Mestra em Ciências (Geografia Humana) pela Universidade de São Paulo (USP). • Bacharela e licenciada em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). • Especialista em Ensino de Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). • Licenciada em Pedagogia pela Universidade de Franca (Unifran-SP). • Formadora de professores. Atuou como professora no Ensino Fundamental e Médio das redes pública e privada e no Ensino Superior. Gislane Campos Azevedo Seriacopi • Mestra em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). • Professora universitária, pesquisadora e ex-professora de História do Ensino Fundamental e Médio nas redes pública e privada. Isabela Gorgatti Cruz • Bacharela em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP). • Especialista em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). • Editora de livros didáticos. Leandro Calbente Câmara • Bacharel em História pela Universidade de São Paulo (USP). • Bacharel em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). • Mestre em Ciências (História Econômica) pela Universidade de São Paulo (USP). • Editor de livros didáticos. Reinaldo Seriacopi • Bacharel em Letras pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP). • Bacharel em Jornalismo pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (IMS-SP). • Editor especializado na área de História. MANUAL DO PROFESSOR SU ST EN TA BI LI DA DE E M A Çà O: SO CI ED AD E E NA TU RE ZA D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21.indd 1D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21.indd 1 20/09/2020 23:5320/09/2020 23:53 Reprodução proibida: Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Todos os direitos reservados à EDITORA FTD. Rua Rui Barbosa, 156 – Bela Vista – São Paulo – SP CEP 01326-010 – Tel. 0800 772 2300 Caixa Postal 65149 – CEP da Caixa Postal 01390-970 www.ftd.com.br central.relacionamento@ftd.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Prisma : ciências humanas : sustentabilidade em ação : sociedade e natureza : ensino médio / Maria Angela Gomez Rama ... [et al.]. – 1. ed. – São Paulo : FTD, 2020. Área do conhecimento : Ciências humanas e sociais aplicadas Vários autores : Gislane Campos Azevedo Seriacopi, Isabela Gorgatti Cruz, Leandro Calbente Câmara, Reinaldo Seriacopi Bibliografia ISBN 978-65-5742-121-5 (Aluno) ISBN 978-65-5742-122-2 (Professor) 1. Ciências (Ensino médio) 2. Tecnologia I. Seriacopi, Gislane Campos Azevedo II. Cruz, Isabela Gorgatti III. Câmara, Leandro Calbente IV. Seriacopi, Reinaldo 20-44112 CDD-372.7 Índices para catálogo sistemático: 1. Ciências : Ensino médio 372.7 Aline Graziele Benitez - Bibliotecária - CRB-1/3129 Copyright © Maria Angela Gomez Rama, Gislane Campos Azevedo Seriacopi, Isabela Gorgatti Cruz, Leandro Calbente Câmara e Reinaldo Seriacopi, 2020 Direção-geral Ricardo Tavares de Oliveira Direção editorial adjunta Luiz Tonolli Gerência editorial Flávia Renata Pereira de Almeida Fugita Edição João Carlos Ribeiro Junior (coord.) Bárbara Berges, Carolina Bussolaro, Maiza Garcia Barrientos Agunzi, Siomara Sodré Spinola Preparação e revisão de textos Maria Clara Paes (sup.) Danielle Costa, Diogo Souza Santos, Eliana Vila Nova de Souza, Felipe Bio, Fernanda Rodrigues Baptista, Graziele Cristina Ribeiro, Jussara Rodrigues Gomes, Kátia Cardoso da Silva, Lívia Navarro de Mendonça, Rita Lopes, Thalita Martins da Silva Milczvski, Veridiana Maenaka Gerência de produção e arte Ricardo Borges Design Daniela Máximo (coord.), Sergio Cândido Imagem de capa StephanKogelman/Shutterstock.com Arte e Produção Vinicius Fernandes (sup.) Ana Suely Silveira Dobon, Karina Monteiro Alvarenga, Jacqueline Nataly Ortolan, Marcelo Saccomann (assist.) Diagramação C2 Artes Coordenação de imagens e textos Elaine Bueno Koga Licenciamento de textos Érica Brambila, Bárbara Clara (assist.) Iconografia Priscilla Liberato Narciso, Ana Isabela Pithan Maraschin (trat. imagens) Ilustrações Davi Augusto, Erika Onodera, Lápis 13B, Nelson Provazi, Ricardo Sasaki, Sonia Vaz, Studio Caparroz Em respeito ao meio ambiente, as folhas deste livro foram produzidas com fibras obtidas de árvores de florestas plantadas, com origem certificada. Impresso no Parque Gráfico da Editora FTD CNPJ 61.186.490/0016-33 Avenida Antonio Bardella, 300 Guarulhos-SP – CEP 07220-020 Tel. (11) 3545-8600 e Fax (11) 2412-5375 D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21.indd 2D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21.indd 2 20/09/2020 23:5320/09/2020 23:53 APRESENTAÇÃO Diariamente, somos bombardeados por notícias e informações na internet, na televisão, nos jornais, o que torna muito difícil entender o que acontece no mundo e identifi car aquilo que é signifi cativo para nós e que pode infl uenciar nosso cotidiano e impactar nossa comunidade. Se muitas vezes você tem a sen- sação de que não consegue analisar satisfatoriamente esse imenso volume de informações, saiba que não está sozinho. As Ciências Humanas e Sociais Aplicadas são uma ferramenta importante para nos ajudar a refl etir sobre o mundo em que vivemos. Os saberes desenvolvidos pela História, pela Geografi a, pela Sociologia e pela Filosofi a permitem mobilizar competências e habilidades fundamentais para o exercício do pensamento crítico, essencial para transformarmos as informações recebidas diariamente em conhe- cimentos capazes de nos ajudar a modifi car a realidade que nos cerca. Para auxiliá-lo nessa tarefa, selecionamos um conjunto de temas importan- tes para a compreensão dos tempos atuais. Por meio de textos, mapas, gráfi cos, tabelas, fotografi as e muitos outros documentos, você terá condições de interpre- tar e analisar criticamente não só a sua realidade, mas o mundo de uma maneira mais ampla. Com isso, esperamos ajudá-lo no exercício da cidadania e no desen- volvimento de práticas colaborativas que contribuam para a construção de uma sociedade mais justa, em busca do bem-estar coletivo. Esperamos oferecer o conhecimento necessário para você desenvolver uma visão crítica da realidade e se sentir seguro para adotar uma postura protagonista em seu dia a dia. Os autores D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21.indd 3D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21.indd3 20/09/2020 23:5320/09/2020 23:53 Esta coleção é composta de seis volumes. A seguir, apresentaremos algumas das principais características das obras. CONHEÇA SEU LIVRO © 2 02 0 - T H E AN DY W AR H O L FO U N D AT IO N F O R TH E VI SU AL A RT S, IN C. / L IC EN SE D B Y AU TV IS , B RA SI L. 10 © 2 02 0 - T H E AN DY W AR H O L FO U N D AT IO N F O R TH E VI SU AL A RT S, IN C. / L IC EN SE D B Y AU TV IS , B RA SI L.UNIDADE 10 1 ■ Latas de sopa Campbell (1962), de Andy Warhol. Suas obras se particularizam pelo uso de cores brilhantes, pela representação de materiais industrializados e pelo exagero do efeito de simultaneidade, como se observa na repetição das telas na imagem ao lado. Consumo responsável Os artistas da pop art, movimento estético que teve seu auge na década de 1960, utilizavam em suas obras imagens de embalagens, propagandas, pop stars, perso- nagens da televisão, cinema e quadrinhos e de outros aspectos da vida cotidiana e da chamada cultura de massa. Uma das possíveis intenções dos artistas era fazer uma crítica ao consumismo e à influência que os produ- tos fabricados em massa exerciam na vida das pessoas. Contraditoriamente, a exposição acabava populari- zando ainda mais o produto, como no caso das sopas Campbell, que inspirou a obra do estadunidense Andy Warhol (1928-1987), na imagem ao lado. Enlatados, assim como outros tipos de alimentos processados, surgiram com a industrialização e foram, por muito tempo, asso- ciados a uma vida moderna e urbanizada. Os alimentos industrializados continuam inspirando críticas, mas rela- cionadas aos efeitos negativos na saúde das pessoas e a quantidade de uso de embalagens, por exemplo. 1. Você acha que as embalagens de alimentos e as propa- gandas o influenciam a consumir mais? 2. Como as atitudes das pessoas em relação ao consumo influenciam a produção dos resíduos sólidos? NÃO ESCREVA NO LIVRO D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 10D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 10 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 4 CAPÍTULO Todos têm sede, mas nem todos têm água Com grande parte do território banhado por caudalosos e extensos rios, além de contar com importantes reservas de água no subsolo, o Brasil sempre foi considerado uma potência hídrica. No entanto, fatores como a má gestão de governos e empresas, os impactos socioambientais, a intensa urbanização, a cultura do desperdício e as questões relacionadas ao clima geraram crises de abastecimento em muitos lugares do país. Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo e sobre o trabalho com as atividades. Especialistas afirmam que a quantidade de água disponível no planeta Terra é a mesma desde sua origem, há 4,6 bilhões de anos. Se a quantidade permanece inalterada no planeta, por que ela desapareceu em alguns lugares ou está desaparecendo? As crises de abastecimento, acesso e consumo de água potável são fenômenos isolados ou mun- diais? Por que aumentou o consumo de água no mundo? Por que o acesso à água se dá de maneira tão desigual? Como os recursos hídri- cos estão distribuídos no espaço geográfico? Como você pode notar, o tema traz à discussão muitas questões, algumas das quais serão abor- dadas neste capítulo. ■ A carcaça de um carro abandonado na represa de Atibainha, em Nazaré Paulista (SP), que faz parte do Sistema Cantareira responsável pelo abastecimento de parte da Região Metropolitana de São Paulo, tornou- -se um dos símbolos da crise hídrica no estado de São Paulo, entre 2014 e 2016. À esquerda, a carcaça com a intervenção do artista Mundano, em dezembro de 2014. À direita, a mesma carcaça e o nível de água maior no reservatório, em fevereiro de 2015. Recurso hídrico Corresponde às águas disponíveis em rios, lagos, mares, oceanos, geleiras e aquíferos para o uso em atividades humanas. TI AG O Q U EI RO Z/ ES TA D ÃO C O N TE Ú D O /A E CL AY TO N D E SO U ZA /E ST AD ÃO C O N TE Ú D O /A E 60 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 60D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 60 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> ■ OSO, O. M. Pachamama. 2013. Acrílico em tela. 61 cm x 76,2 cm. Representação de Pachamama, Mãe da Terra, divindade cultuada por povos indígenas que vivem na Cordilheira dos Andes, na América do Sul. Para os povos indígenas que vivem na Cordilheira dos Andes, especialmente na Bolívia, no Peru e no Chile, Pachamama, que significa Mãe Terra, representa a divindade máxima. Observe a representação de Pachamama e em seguida realize as atividades. 1. Que aspectos da obra indicam que Pachamama é protetora da natureza? 2. De acordo com a tradição dos povos indígenas da Cordilheira dos Andes, o ser humano deve utilizar os recursos naturais de maneira parcimoniosa, o suficiente para garantir a sua sobrevivência, respeitando a Pachamama. Quando isso não acontece, ocorrem secas, tempestades, terremotos, erupções vulcânicas, inundações, avalanches, desliza- mentos de terra, doenças e escassez de alimentos. Em sua opinião, há correspondência entre esse entendimento, as questões ambientais do mundo atual e o conhecimento científico vigente? 3. Dia 22 de abril é o Dia Internacional da Mãe Terra. Em grupo, criem um cartaz para o Dia Internacional da Mãe Terra utilizando materiais alternativos/reaproveitados. O objeti- vo é conscientizar as pessoas, por meio da mensagem e dos materiais utilizados, de que a preocupação ambiental deve ser diária e envolver os diversos agentes da sociedade. NÃO ESCREVA NO LIVRO 127 AC ER VO P ES SO AL D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 127D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 127 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 Abertura dos capítulos Todos os capítulos iniciam-se com algum assunto do presente, para que você possa começar a entender como as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas se relacionam com o seu cotidiano. Atividades Conjunto de atividades que aparece ao final de muitos capítulos. É o momento em que você aplica os saberes apreendidos e exercita sua reflexão a respeito de diferentes temas estudados. Linguagens e leituras Esta atividade trabalha habilidades de leitura e interpretação de diferentes tipos de documentos, como mapas, gráficos, tabelas, charges, fotografias, textos impressos etc. Muitas vezes, você será convidado a relacionar informações em documentos distintos. A seção encontra-se no meio dos capítulos, mas pode aparecer também ao final deles. NÃO ESCREVA NO LIVROATIVIDADES> 1. Vimos que as dificuldades de abastecimento de água têm diversos motivos e consequências e que são especialmente comuns no continente africano. Em 2018, a Cidade do Cabo, capital da África do Sul, passou por uma seca severa em que foi necessário adotar restrições bas- tante limitantes ao consumo de água da população. Foi previsto também o “Dia Zero”, no qual o abastecimento seria completamente interrompido. Leia o trecho da notícia a seguir: No Dia Zero, toda a distribuição de água seria interrompida para casas e comércio, com exceção de hospitais, escolas e algumas poucas instituições fundamentais ao funcionamento da cidade. Depois, os habitantes teriam de buscar água, diariamente, em 200 postos espalhados pelo município, onde poderiam captar no máximo 25 litros. O QUE salvou a Cidade do Cabo da falta de água em 2018? Juntos pela água, 2017. Disponível em: https://www.juntospelaagua.com. br/2018/10/22/o-que-salvou-a-cidade-do-cabo-da-falta-de-agua-em-2018/. Acesso em: 23 ago. 2020. Por causa da implementação de novas tecnologias, como dessalinização e perfura- ção de poços em aquíferos, e à redução no consumo, a Cidade do Cabo conseguiu evitar o “Dia Zero” e adotou uma nova abordagem, buscando aplicar mudanças permanentes no abastecimento e no consumo da água. a) Em caso de necessidade, como poderiaser a adoção de uma política como a do “Dia Zero” em seu município? b) Como você imagina os impactos em seu bairro ou sua comunidade? 2. O abastecimento de água em grandes cidades se apresenta como um desafio crescente, em razão da alta densidade populacional e da rápida urbanização. Observe o mapa a seguir, que mostra as cidades que, segundo projeções da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), vão sofrer com a redução da disponibilidade de água doce até 2050. Em seguida, responda às questões. Fonte: UNESCO-ONU. Agua y cambio climático: informe mundial de las Naciones Unidas sobre el desarrollo de los recursos hídricos 2020. Unesco: París, 2020. p. 23. Disponível em: https://unesdoc. unesco.org/ark:/48223/ pf0000373611/ PDF/373611spa.pdf. multi. Acesso em: 23 ago. 2020. Diminuição da disponibilidade da água urbana, 2050* 0º 0º Círculo Polar Ártico Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Círculo Polar Antártico Equador OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO M er id ia no d e G re en w ic h OCEANO GLACIAL ÁRTICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0 2400 Maior que 10000000 De 5000001 a 10000000 De 1000001 a 5000000 De 500001 a 1000000 De 100001 a 500000 População urbana em risco, em 2050 *Projeção. AL LM AP S 72 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 72D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 72 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 Glossário As palavras destacadas nos textos ganham uma explicação aprofundada no glossário. 111111 RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA Você se preocupa com a quantidade de lixo que produz ou com o destino dele? Um dos grandes problemas do consumo de produtos industrializados é a quantidade de resíduos sólidos gerada. No Brasil, desde 2010 está em vigor a lei no 12 305, que instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Essa lei estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, envolvendo fabricantes, cidadãos e governos. Diante dessa realidade, qual é o seu papel como cidadão? Ao longo deste projeto, você e seus colegas vão buscar respostas para essa pergunta e irão criar uma campanha para realização da coleta seletiva na comunidade. RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 11D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 11 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 Abertura das unidades Texto e imagem apresentam o tema central da unidade. Também encontram-se perguntas que auxiliam na reflexão sobre o assunto. Muitas imagens presentes nas aberturas são trabalhos de artistas plásticos contemporâneos. Todos os volumes estão divididos em quatro unidades, e cada unidade tem dois capítulos. Nossa comunidade Por meio desta seção, você e seus colegas desenvolverão um projeto que impactará a comunidade em que vivem. É o momento de exercerem o protagonismo. São dois projetos por livro, cada um composto de quatro etapas que aparecem ao final de cada capítulo. D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21-AV.indd 4D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21-AV.indd 4 21/09/2020 00:5021/09/2020 00:50 INVESTIGAÇÃO> Pegada ecológica Você já parou para pensar que a forma como vivemos deixa marcas no meio ambiente? Para descobrir quais são as marcas deixadas por sua comunidade, vamos utilizar a metodologia da pegada ecológica e a prática de pes- quisa por amostragem. A pegada ecológica é uma metodologia de contabi- lidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais, permi- tindo verificar o impacto do padrão de consumo sobre a capacidade do planeta em fornecer recursos naturais biológicos renováveis (grãos e vegetais, carne, peixe, madeira e fibras, energia renovável etc.). Feita individual- mente, fornece uma ideia de como o indivíduo utiliza os recursos naturais de acordo com os hábitos de consumo e o estilo de vida. Para saber qual é sua pegada ecológica e a dos demais participantes da amostragem será preciso montar um questionário. Você e os colegas de grupo podem uti- lizar como base a cartilha Pegada ecológica. Qual é a sua?, elaborada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), <http://www.inpe.br/noticias/arquivos/ pdf/Cartilha%20-%20Pegada%20Ecologica%20-%20web. pdf> (acesso em: 23 ago. 2020); ou o questionário eletrô- nico Pegada ecológica <http://www.pegadaecologica. org.br/2019/pegada.php> (acesso em: 23 ago. 2020). Veja a seguir um exemplo de questão. • Que meio de transporte você utiliza com mais frequência? a) transporte público (ônibus, metrô, trem); b) carro; c) bicicleta ou me locomovo a pé; d) carro, mas procuro fazer os percursos curtos a pé ou de bicicleta. Antes de aplicar o questionário é possível elaborar hipóteses sobre a pegada ecológica da comunidade e os possíveis limitadores de um bom resultado. Por exemplo, se sua comunidade não tem coleta seletiva, essa ausência é um limi- tador para a população reciclar, aumentando os impactos no ambiente. Nesse caso, vocês poderiam, por exemplo, fazer um abaixo-assinado solicitando à prefeitura o oferecimento desse serviço para a comunidade. ■ Símbolo que representa diversas iniciativas para diminuir nossas pegadas no meio ambiente, como reciclagem e uso de fontes de energia renovável. SIM M OSIM OSA/ SHUTTERSTOCK.COM 74 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 74D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 74 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 As respostas do questionário devem contar com uma pontuação cuja soma- tória leve a uma classificação, como a utilizada na publicação do Inpe, Pegada ecológica. Qual é a sua?: Pegada bacana; Pegada moderada (atenção); Pegada larga (mudanças de hábitos já). A amostragem será representada por uma parcela selecionada da popula- ção. Existem várias metodologias de amostragem; para esse estudo sugerimos a acidental. A amostragem acidental baseia-se em uma escolha aleatória dos pesquisados. Então, vocês devem entregar aleatoriamente o questio- nário para preenchimento a diversas pessoas da comunidade. No entanto, é importante calcular a média da amostra que vai represen- tar a população total da comunidade. Por exemplo, se a comunidade tem 1 000 habitantes, pode-se entregar for- mulários para 5% da população, que corresponde a cinquenta pessoas. Uma vez que os pesquisados tenham respondido ao questionário e o devolvido a vocês, é preciso tabular os dados para verificar a classificação da pegada ecológica de cada um deles. A importância da análise dos dados é a resposta às hipóteses iniciais, que podem ter questões como: • Qual é a pegada ecológica média da amostra da população? • Quais práticas da comunidade tornam a sua pegada ecológica mais impac- tante para o meio ambiente? • Que ações podem aumentar a conscientização da comunidade em relação ao meio ambiente, a fim de melhorar sua pegada ecológica? A partir da análise dos resultados, é possível criar ações de conscientização para diminuir a pegada da comunidade, tais como: • repensar hábitos de consumo; • produzir menos lixo e reciclar; • optar por meios de transporte que não utilizam combustíveis fósseis; • desenvolver o consumo consciente. ■ Uma amostra é uma parcela representativa da população selecionada para fins de estudo. IA M N EE /S H U TT ER ST O CK .C O M AMOSTRA POPULAÇÃO 75 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 75D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 75 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 Mulheres, empoderamento e desenvolvimento sustentável Uma das declarações feitas durante a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável em 212 (Rio+2) foi a de que as mulhe- res têm funções centrais e transformadoras no desenvolvimento sustentável e que a igualdade de gênero deve ser prioridade das ações em áreas como participação e liderança econômica, social e política. A igualdade de direitos entre homens e mulheresé tratada em diversos documentos nacionais e internacionais, inclusive na Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada em 1948. Apesar disso, as mulheres continuam a enfrentar discriminação, marginalização, exclu- são e violência. Nas últimas décadas, a maior participação feminina no mercado de trabalho, nas universidades e na liderança de diversas instituições trouxe à discussão a questão do empoderamento das mulheres em diferen- tes setores, por exemplo o político e o científico. O empoderamento feminino fortalece a economia, promove a melhoria da qualidade de vida de todos e é uma garantia para o desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade não é possível sem a participação efetiva das mulheres. Ainda no Ensino Médio, Juliana Estradioto (2-) começou a desen- volver uma pesquisa para transformar a casca da noz de macadâmia em um material sustentável que substitui, por exemplo, curativos e sacos plásticos produzidos principalmente a partir de material sintético. ■ Painel produzido pelo artista Adn, Adriano dos Santos Damasceno (1985-), com o tema “Mulher no Poder e na Liderança”, para a exposição itinerante Pequim+20 em Graffiti (2014), iniciativa que faz parte do debate promovido pela ONU Mulheres sobre os avanços para a igualdade de gênero, desde o estabelecimento da Plataforma de Ação de Pequim, em 1995. CO LE Çà O P AR TI CU LA R / A D RI AN O D O S SA N TO S D AM AS CE N O /A D N 40 DIÁLOGOS> EU TAMBÉM POSSO> D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 40D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 40 23/09/20 23:2623/09/20 23:26 O trabalho de Juliana trouxe-lhe prêmios e reconhecimento inter- nacional. No aspecto ambiental, a pesquisa de Juliana pode trazer ao menos dois tipos de benefício: • diminuir os resíduos da macadâmia, que acabam sendo, na maior parte, jogados em aterros sanitários ou queimados para produzir energia; • reduzir a produção e o uso de materiais plásticos e borrachas sintéticas que, em sua maioria, não são biodegradáveis e nem sempre são recicláveis. 1. Como a fala de Juliana, apresentada a seguir, se relaciona com o empoderamento de mu- lheres no Brasil? [...] “Ter feito pesquisa no Ensino médio mudou minha vida comple- tamente e eu acho que tem que dar essa oportunidade para cada vez mais jovens das mais diferentes realidades do país. Educação tem essa capacidade transformadora”. [...] ESTUDANTE gaúcha que ganhou o Prêmio Jovem Cientista é uma das vencedoras da maior feira de ciências do mundo. Clic Camaquã, 18 maio 2019. Disponível em: https://www.cliccamaqua.com.br/noticia/39944/estudante-. Acesso em: 26 ago. 2020. 2. Se fossem fazer uma pesquisa relacionada a soluções sustentáveis para sua comunidade, o que vocês pesquisariam? Há produtos locais que podem ser reaproveitados? Há problemas ambientais que precisam de soluções? 3. Pode ser que você ou alguém que conheça já tenha sonhado ou sonhe ser cientista. Muitas vezes, a visão que se tem de um cientista é daquele profissional que fica trancado em um laboratório fazendo experiências com tubos de ensaio e microscópios. Embora também possa fazer isso, esse profissional realiza muitas outras atividades, e em diferentes áreas, como Medicina, Comunicação, História, Sociologia e tantas outras. Além disso, qualquer pessoa pode se tornar cientista, desde que tenha uma grande vontade de contribuir na busca de soluções para os problemas enfrentados pela sociedade, além de estudar bastante e desenvolver habilidades. Na sua opinião, que habilidades socioemocionais são im- portantes para a formação de um cientista? Como as políticas públicas e a iniciativa privada podem contribuir? Discuta essas questões com seus colegas e busquem informações para complementar a resposta. ■ Juliana Estradioto ganhou o Prêmio Jovem Cientista em 2018 e foi uma das vencedoras da maior feira de ciências do mundo. Fotografia em Brasília (DF), 2018. AC ER VO P ES SO AL NÃO ESCREVA NO LIVRO 41 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 41D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 41 23/09/20 23:2623/09/20 23:26 Água como fonte de energia renovável A energia hidrelétrica, gerada pela força do movimento de grandes massas de água, é uma importante fonte energética no Brasil, em razão da riqueza hidrográfica do país. Essa é uma fonte renovável, pois depende de recursos não esgotáveis, e, em geral, considerada energia limpa, quando comparada aos combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral, que são fontes não renováveis e causam sérios danos ao ambiente, em especial os relacionados ao clima. A energia hidrelétrica, entretanto, provoca também impactos ambien- tais e sociais significativos, pois, para a implantação das usinas geradoras, faz-se necessária a inundação de grandes áreas. Ação que resulta em perda do solo na região, alterações no clima e grandes prejuízos à flora e à fauna locais, inclusive com o desaparecimento de espécies, por exemplo, de peixes. Além disso, as áreas alagadas causam decomposição de matéria orgâ- nica, que libera dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) na atmosfera, contribuindo assim para a intensificação do efeito estufa. O alagamento do entorno força ainda o deslocamento de popu- lações, geralmente de comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas, que têm fortes vínculos com o território e cujo modo de vida, em geral, depende da relação com o rio. Por essa razão, no Brasil, foi criado o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), organização autônoma que defende um projeto energético popular em todo o país. O MAB luta contra as desapropria- ções e por reparação e melhores programas de reassentamento para os atingidos. ■ Usina hidrelétrica na Rússia, 2020. > DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO • Em grupos, discutam e identifiquem as possíveis consequências da implantação do novo marco legal de saneamento básico para a população de seu município. ILYA TIMIN/TASS/GETTY IMAGES 69 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 69D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 69 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 controle dos resíduos dispostos. Dessa forma, mesmo com as atividades encerradas, o lixão de Gramacho continua poluindo o ambiente, pois a matéria orgâ- nica em decomposição, despejada a céu aberto, gera gases, como o gás metano, e chorume. Resíduos vindos de hospitais e mesmo de processos indus- triais também eram depositados em Gramacho, o que aumenta a preocupação com a contaminação. O lixão de Gramacho também influenciou a vida de milhares de pessoas que viviam da coleta de mate- riais recicláveis, em condições insalubres. Estima-se que cerca de cinco mil catadores viveram do local. Em 2007, o artista plástico brasileiro Vik Muniz (1961-) iniciou um projeto para criar obras de arte com os cata- dores de material reciclável do lixão de Gramacho, fotografando essas pessoas e, posteriormente, retra- tando-as em painéis confeccionados com o próprio material coletado pelo grupo, resultando em uma série de obras denominada Retratos do lixo. Os catadores que participaram do projeto relataram que o processo artístico modificou suas vidas e lhes trouxe autoestima, revelando o poder transformador da arte. Mas também a crueldade de suas realidades, ganhando projeção internacio- nal e que de certa forma, ajudou no processo de encerramento do lixão de Gramacho. Quase 10 anos depois, no entanto, o bairro Jardim Gramacho, no entorno do antigo lixão, ainda presencia caminhões de lixo entrando nos portões antes fechados: esses resíduos, de origem privada, são despejados ilegalmente. As quase 28 mil pessoas que moram no bairro são, em sua maioria ex-catadores e catadoras que já não vivem do lixão, mas continuam em situação de vulne- rabilidade social. O caso de Gramacho ajuda a ilustrar algumas das questões que vamos discutir neste capítulo: Para onde vão os resíduos que geramos diaria-mente? E qual é o impacto deles no meio ambiente e na vida das pessoas? ■ Retratos do lixo, obra do artista Vik Muniz, cópia cromogênica digital de 2008, retratando um dos catadores de material reciclável do lixão de Gramacho. Chorume Resíduo líquido resultante da decomposição do lixo orgânico. @ M U N IZ , V IK /A U TV IS , B RA SI L, 2 02 0 NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM 1. Em sua opinião, como a ideia de transformação aparece na arte produ- zida por Vik Muniz? 2. A que reflexões sobre a destinação do lixo no Brasil o trabalho do artista nos leva? 25 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 25D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 25 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 > SAIBA MAIS Entre rios Direção: Caio da Silva Ferraz. Brasil, 2009. Vídeo (25 min) Disponível em: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/ prateleira-ambiental/entre-rios/. Acesso em: 28 ago. 2020 O documentário trata sobre o processo de transformação sofrido pelos rios e córregos na cidade de São Paulo (SP) e as motivações sociais, políticas e econômicas que promoveram a supressão desses cursos de água na paisagem, que até o final século XIX abasteciam a população e hoje passam despercebidos pela maioria dos paulistanos. A lei da água – Novo Código Florestal Direção: André D’Elia. Brasil, 2014. Vídeo (80 min). Disponível em: https://vimeo. com/123222594. Acesso em: 29 ago. 2020. Patrocinado por ONG ambientalistas, como a WWF e a SOS Mata Atlântica, o documentário trata da importância das florestas para a conservação das águas e dos problemas do novo Código Florestal Brasileiro, aprovado em 2012. Na natureza selvagem Direção: Sean Penn. Estados Unidos, 2007. DVD (87 min). O filme conta a história real de um jovem estadunidense que, na década de 1990, abandona todos os bens materiais e decide empreender uma jornada pelos Estados Unidos, buscando autoconhecimento e contato com a natureza. The thirsty world Direção: Yann Arthus-Bertrand. França, 2013. Vídeo (90 min). “Nunca bebi água potável. Não sei que gosto tem”, diz uma mulher nesse documentário que mostra lugares na África e na Ásia em que não há água potável, e as pessoas só têm água contaminada disponível. Em tradução livre, “O mundo sedento”. Observatório do clima Disponível em: http://www.observatoriodoclima.eco.br/. Acesso em: 28 ago. 2020 Esse site, criado por uma rede que reúne entidades da sociedade civil com o objetivo de discutir a questão das mudanças climáticas no contexto brasileiro, apresenta diversas informações, resultados de pesquisa, debates e estatísticas a respeito das questões que envolvem o clima, a exemplo dos cálculos de emissões de gases de efeito estufa. Há também informações detalhadas sobre compromissos que o Brasil precisa assumir para a criação de políticas públicas efetivas na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Glossário de doenças relacionadas à água Disponível em: http://www.aguabrasil.icict.fiocruz.br/index.php?pag=doe. Acesso em: 23 ago. 2020. O site Água Brasil: sistema de avaliação da qualidade da água, saúde e saneamento do Ministério da Saúde, disponibiliza um glossário que relaciona as principais doenças causadas direta e indiretamente pela água contaminada. 77 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 77D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 77 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 Verde, outro nome para o chamado ambientalismo de mercado Alguns pensadores também criticam a ideia de que seja possível criar uma economia verde capaz de resolver os problemas ambientais em um mundo capitalista. Um exemplo é o sociólogo brasileiro Michael Löwy (1938-). Em suas obras, Löwy faz uma análise crítica da possibi- lidade de reformas no sentido de transformar o capitalismo em um sistema social menos predatório. A economia verde, para ele, seria uma nova forma de propor tais reformas, mas sem promover mudanças radicais no sistema social em que vivemos. O problema, segundo Löwy, é que o sistema capitalista não pode ser transformado a ponto de garantir a equidade social e o equilíbrio ambiental, já que a estrutura do capi- talismo é essencialmente predatória e visa à exploração constante dos recursos naturais do planeta. Desse modo, seria impossível a construção de uma economia verdadei- ramente verde. Para Löwy, sem uma mudança profunda no modo como as socie- dades capitalistas estão organizadas, há o risco crescente de uma crise ambiental que ameaça a própria existência da vida humana no planeta e, por essa razão, defende um projeto político que ele chama ecosso- cialismo. Esse modelo de sociedade seria baseado em uma organização democrática dos recursos econômicos do planeta de modo a conter o crescimento ilimitado da economia e assegurar a utilização não predató- ria dos recursos naturais. As ideias de Michael Löwy não são aceitas por todos os pensadores da área das Ciências Humanas. Há aqueles que defendem outros caminhos para a construção de uma sociedade capaz de encontrar equilíbrio entre desenvolvimento econômico e uso sustentável dos recursos naturais do planeta, o que demonstra diferentes visões sobre a questão ambiental. ■ Vitrine de loja de roupas confeccionadas a partir de materiais reciclados, em Estocolmo (Suécia), 2019. NÃO ESCREVA NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS • Contraponha o conceito da ONU de economia verde e o de ecossocialis- mo de Michael Löwy. Com qual dos conceitos você tende a concordar? Apresente argumentos para embasar sua resposta. TA TI AN A O SI PO VA /S H U TT ER ST O CK .C O M 125 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 125D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 125 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 De mãos dadas Atividades que relacionam temas do capítulo com sua realidade, como seus amigos, sua escola, seu bairro, seu município etc. Aparece de forma aleatória nos capítulos. Saiba mais Aqui você encontra sugestões de filmes, sites, vídeos, podcasts, livros e outros materiais que ampliam os saberes explorados nas unidades. Leitura de imagem Atividade de leitura e análise de mapas, gráficos, charges e outras linguagens imagéticas. Aparece de forma aleatória nos capítulos. Meus argumentos Momento em que você expõe suas ideias, pois esta seção explora sua capacidade de analisar, refletir e argumentar a respeito de determinado assunto. Aparece de forma aleatória nos capítulos. Eu também posso Esta seção apresenta exemplos de jovens que exerceram o protagonismo e promoveram mudanças na comunidade em que vivem. O texto vem acompanhado de atividades que exploram, entre outros itens, suas competências socioemocionais. Esta seção aparece duas vezes por volume. InvestigAção Esta seção estimula o pensamento crítico. Aliando criatividade com diferentes práticas de pesquisa, você será convidado a solucionar problemas e desafios relacionados ao seu cotidiano. Esta seção aparece duas vezes por volume. Este ícone aparece junto das atividades em que é proposto o trabalho em grupo. D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21-AV.indd 5D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21-AV.indd 5 24/09/20 00:2324/09/20 00:23 Consumo responsável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 UNIDADE 1 > CAPÍTULO 1 Consumir para viver ou viver para consumir? . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Natureza na sociedade urbano-industrial . . . . . . . 13 Da sociedade de consumo à sociedade de hiperconsumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Problemas do hiperconsumismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Muito para poucos: a distribuição desigual. . . . . 19 É possível criar outra relação com o consumo? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 > CAPÍTULO 2 O que sobra depois do consumo: para onde vai meu lixo? . . . 24 Geração e destino dos resíduos sólidos no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Principais destinos do lixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Breve histórico da política de gestão dos resíduos sólidos no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 O que tem no meu lixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 E o lixo que vai para o mar? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Um caminho de oportunidades e práticas . . . . . 34 O que o mundo faz com os resíduos sólidos . . . 36 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Eu também posso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Recursos naturais: usos e abusos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 UNIDADE 2 > CAPÍTULO 3 Visões de natureza . . . . . . . . 46 As diferentes visões de natureza na evolução da humanidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 O dualismo no pensamento grego . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 O dualismo no pensamento moderno . . . . . . . . . . . . . . . . 50 Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 A natureza vista pelas comunidades tradicionais . . 52 Crise ambiental, novas ideologias e a ética ecológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 Antropocentrismo e biocentrismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 > CAPÍTULO 4 Todos têm sede, mas nem todos têm água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .60 Disponibilidade hídrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Demanda por água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 Acesso e degradação dos recursos hídricos . . . . 64 Saneamento básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 Doenças transmitidas pela água . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67 Gestão dos recursos hídricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68 Água como fonte de energia renovável . . . . . . . . . 69 Conflitos e gestão compartilhada . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 InvestigAção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .74 Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77 SUMÁRIO D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21-AV.indd 6D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21-AV.indd 6 21/09/2020 00:5021/09/2020 00:50 Questões ambientais no mundo contemporâneo . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 UNIDADE 3 > CAPÍTULO 5 Mudanças climáticas e preservação das florestas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Mudanças climáticas e aquecimento global . . . 82 Aquecimento global . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Consequências locais e globais das mudanças climáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Emissão de GEE no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 As queimadas como fonte de GEE . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89 A importância das florestas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90 Brasil: vegetação nativa × vegetação atual . . . . . . . . . . 92 O Código Florestal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 Crise ambiental e as comunidades tradicionais: outros caminhos são possíveis? ......94 Povos da floresta e Reservas Extrativistas . . . . . . . . . . . . 94 Povos e comunidades tradicionais no Cerrado . . . . . . 95 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 > CAPÍTULO 6 Desastres naturais ou humanos? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 Desastres naturais no mundo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 População em risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 Inundações e alagamentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 Movimentos de massa/deslizamentos . . . . . . . . . . . . . . . 103 Tempestades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105 Seca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 Desertificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106 Gestão dos riscos ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108 InvestigAção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112 Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 Políticas ambientais e sociedade civil . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 UNIDADE 4 > CAPÍTULO 7 Políticas ambientais internacionais do século XXI . . . . . . . . . . . . 116 Conferências ambientais internacionais . . . . . . . 118 Maior atenção ao clima e à biodiversidade . . . 120 Interesses individuais em um mundo globalizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 Economia verde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 124 Verde, outro nome para o chamado ambientalismo de mercado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 Organizações à frente das causas ambientais globais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 Greenpeace .................................................................... 126 WWF ................................................................................ 126 Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 128 Nossacomunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 > CAPÍTULO 8 Políticas ambientais no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 A proteção na forma de lei . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132 Quem cria e executa as leis ambientais . . . . . . . . . 134 As formas de fiscalizar e controlar os impactos ambientais da ação humana . . . . . 136 Os casos de Mariana e Brumadinho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 Linguagens e leituras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 Questões ambientais ou socioambientais? . . . 141 A longa duração dos problemas socioambientais no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 O Brasil na agenda internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 Atividades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 144 Eu também posso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 Nossa comunidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 Saiba mais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 149 > FICHAS DE AUTOAVALIAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150 > BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152 > BIBLIOGRAFIA COMENTADA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157 Orientações para o professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21-AV.indd 7D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21-AV.indd 7 21/09/2020 00:5021/09/2020 00:50 NESTE VOLUME Objetivos, justificativas, competências e habilidades Você já parou para pensar por que e para que estuda os conteúdos escolares? Eles devem ter importância para sua vida, sendo uma ferramenta a mais para que você, com seus colegas e professores, pensem em solu- ções para diferentes problemas do cotidiano, da sociedade brasileira e do mundo em geral. Apresentamos, a seguir, as justifi cativas (importância) e os objetivos (para que) de cada unidade deste livro e também indicamos competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), cujos textos se encontram ao fi nal do livro. UNIDADE 1 Consumo responsável Justificativa • Por que é importante estudar este conteúdo? Podemos dizer que a questão do consumo excessivo de bens industrializados e a do lixo são duas faces da mesma moeda. E, mesmo aquelas sociedades que não estão entre as que mais con- somem, enfrentam problemas com a destinação do lixo, já que este é composto principalmente por resíduos que necessitam de destinação adequada e que não causem impactos ao ambiente. Daí a necessidade urgente de se discutir as reponsabilidades de cada um nessa questão, como governos, empresas e indivíduos. Objetivos • Devo estudar este conteúdo para... 1. Entender a origem, o desenvolvimento e as características da chamada sociedade do consumo, reconhecendo que é um modelo insustentável para as próximas gerações. 2. Diferenciar os ciclos produtivos baseados na economia linear e circular, avaliando o risco do esgotamento dos recursos naturais. 3. Compreender que a sociedade do hiperconsumo prioriza a compra de bens que expressam a subjetividade e os valores de quem os compra. 4. Relacionar práticas de consumo às infl uências dos meios de comunicação e aos impactos ambientais que provocam. 5. Analisar ações de governos e empresas, e conhecer prá- ticas, como a economia solidária e o comércio justo, que aliem desenvolvimento com preservação ambiental. 6. Analisar a geração e o descarte do lixo, refl etindo sobre os impactos no ambiente e na vida das pessoas. 7. Relacionar produção de resíduos sólidos no mundo e no Brasil ao nível de renda e às práticas de consumo de países, grupos sociais e indivíduos. 8. Utilizar coleta e análise de diversos tipos de informações em diferentes tipos de linguagens, como mapas e gráfi cos. 9. Conhecer e avaliar os avanços da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), assim como os obstáculos para sua implementação. 10. Investigar a gestão dos resíduos sólidos em seu municí- pio, a fi m de refl etir sobre medidas que levem em conta a responsabilidade compartilhada. Competências e habilidades Competências gerais 1, 2, 3, 7 e 10 Competências específi cas 1, 3 e 6 Habilidades EM13CHS103, EM13CHS106, EM13CHS301, EM13CHS302, EM13CHS303, EM13CHS304, EM13CHS305, EM13CHS601 UNIDADE 2 Recursos naturais: usos e abusos Justificativa • Por que é importante estudar este conteúdo? Para muitos setores da sociedade urbano-industrial contempo- rânea, a natureza está a serviço dos seres humanos. Esta visão levou, ao longo do tempo, a impactos socioambientais que passaram a colocar a biodiversidade mundial e vidas humanas em risco. Entre os recursos que foram “usados e abusados” está a água, necessária para existência da vida e inúmeras atividades econômicas. Assim, discutir o modo como nos relacionamos com a natureza, considerando a sustentabilidade econômica e socioambiental, se faz urgente. Objetivos • Devo estudar este conteúdo para... 1. Criticar a oposição entre natureza e cultura compreen- dendo que as paisagens resultam da interação entre sociedade e natureza. 2. Compreender as diferentes visões da natureza ao longo da história, refl etindo sobre as relações entre os seres humanos e a natureza no mundo contemporâneo. 3. Contrapor a visão predatória da natureza com práticas sustentáveis utilizadas por comunidades tradicionais. 4. Conhecer diferentes ideologias ambientalistas, refl etindo sobre a ética ambiental na contemporaneidade. 5. Refl etir sobre a crescente demanda pela água no século XXI e a necessidade de adoção do uso responsável desse recurso natural. 6. Identifi car e compreender fatores da desigualdade no acesso à água, de modo a avaliar políticas públicas para minimizar esse problema. 7. Identifi car doenças transmissíveis pela água e debater medidas para a diminuição da ocorrência delas. 8. Reconhecer a importância de uma gestão efi ciente dos recursos hídricos e refl etir sobre ações para promover a educação ambiental da comunidade escolar. 9. Discutir o papel das hidrelétricas como fontes de energia renováveis no país, reconhecendo benefícios e impactos ambientais e sociais. 10. Conhecer confl itos e exemplos de gestão compartilhada dos recursos hídricos no mundo e no Brasil, de modo. 11. Utilizar coleta e análise de dados em diferentes tipos de linguagens, como gráfi cos e mapas. Competências e habilidades Competências gerais 1, 2, 7 e 10 Competências específi cas 1, 2, 3, 5 e 6 Habilidades EM13CHS101, EM13CHS102, EM13CHS103, EM13CHS104, EM13CHS105, EM13CHS202, EM13CHS206, EM13CHS301, EM13CHS302, EM13CHS304, EM13CHS305, EM13CHS306, EM13CHS501, EM13CHS601, EM13CHS604 D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21.indd 8D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21.indd 8 20/09/2020 23:5320/09/2020 23:53 UNIDADE 3 Questões ambientais do mundo contemporâneo Justificativa • Por que é importante estudar este conteúdo? Os problemas ambientais do mundo atual, como o aqueci- mento global e as secas, têm causas naturais ou humanas?Essa é uma discussão bastante atual e, embora, muitos eventos naturais sempre marcassem a história da Terra, pesquisas demonstram que a ação humana vem acelerando problemas ambientais globais e ampliando ou aprofundando outros, como a questão das inunda- ções e dos deslizamentos em cidades, que fazem vítimas no Brasil e no mundo. Assim, refl etir sobre a ação de diferentes atores (indi- víduos, governos, indústrias etc.) em diferentes escalas (do local ao global) se faz urgente. Objetivos • Devo estudar este conteúdo para... 1. Reconhecer o processo natural da história evolutiva da Terra e as ações humanas nas mudanças climáticas. 2. Identifi car evidências científi cas das mudanças climáticas, refl etindo sobre ações para conter a aceleração das altera- ções dos climas em escala mundial, regional e local. 3. Identifi car consequências locais e globais das mudanças cli- máticas, propondo soluções que respeitem e promovam a consciência e a ética socioambiental. 4. Analisar emissões dos gases do efeito estufa (GEE) no Brasil, de modo a refl etir sobre ações que possam reduzi-las no município, na Unidade da Federação e no país. 5. Identifi car a cobertura vegetal do município e na Unidade da Federação da comunidade escolar, de modo a problematizar o desmatamento e a importância da preservação das fl orestas para a regulação das temperaturas médias do planeta. 6. Conhecer aspectos do Código Florestal brasileiro avaliando os diferentes pontos de vista sobre eles. 7. Compreender o papel de comunidades e povos tradicionais refl etindo como o modo de vida desses grupos pode ser aliado ao conhecimento científi co sobre sustentabilidade. 8. Entender que eventos naturais são considerados desastres quando seres humanos vivem nas áreas onde ocorrem. 9. Classifi car a origem dos desastres naturais e identifi car perdas humanas e econômicas no mundo e no Brasil. 10. Relacionar desastres naturais a situações de vulnerabilidade, problematizando ações para evitar ou minimizar os impactos. 11. Utilizar coleta e análise de diversos tipos de informação em diferentes linguagens, como gráfi co, esquema, texto e tabela. Competências e habilidades Competências gerais 1, 5, 7 e 10 Competências especí� cas 1, 2, 3 e 6 Habilidades EM13CHS101, EM13CHS103, EM13CHS104, EM13CHS106, EM13CHS202, EM13CHS206, EM13CHS302, EM13CHS304, EM13CHS305, EM13CHS306, EM13CHS601 UNIDADE4 Políticas ambientais e sociedade civil Justificativa • Por que é importante estudar este conteúdo? Acordos e políticas ambientais nos países e entre eles são fun- damentais para regular as relações entre a sociedade e natureza. Afi nal, diferentes grupos têm visões diversas sobre a exploração dos recursos naturais e sobre impactos ambientais. Assim, valori- zar as lutas em favor de comunidades tradicionais e do ambiente pelo cumprimento de acordos e leis, no Brasil e na comunidade internacional, se faz necessário para evitar retrocessos e promover a sustentabilidade socioambiental. Objetivos • Devo estudar este conteúdo para... 1. Conhecer organizações e políticas internacionais do século XXI relacionadas à preservação ambiental, de modo a iden- tifi car soluções inovadoras para o consumo e produção sustentáveis. 2. Discutir os limites dos esforços internacionais para a pre- servação ambiental, de modo a perceber que é preciso assegurar a assinatura e o cumprimento dos acordos fi r- mados pelos países e o envolvimento da sociedade civil. 3. Compreender que o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) depende das ações de organismos globais, de governos locais e da sociedade civil. 4. Compreender os conceitos de economia verde e ecossocia- lismo, a fi m de confrontar os argumentos que sustentam cada uma dessas propostas. 5. Conhecer organizações ambientalistas, a fi m de identifi car ações globais e locais dessas organizações. 6. Conhecer a legislação ambiental do Brasil e identifi car os órgãos responsáveis pela fi scalização e execução dessas leis, de modo a destacar a importância da participação da população na cobrança dos órgãos responsáveis, denúncias de crimes, entre outras formas. 7. Compreender que as questões ambientais estão relacio- nadas às esferas política, econômica e social do país, de modo a avaliar as complexas relações entre a natureza e a sociedade a partir da realidade do município ou da Unidade da Federação da comunidade escolar. Competências e habilidades Competências gerais 1, 7, 9 e 10 Competências especí� cas 1, 3 e 6 Habilidades EM13CHS103, EM13CHS104, EM13CHS304, EM13CHS305, EM13CHS306, EM13CHS604, EM13CHS606 D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21-AV.indd 9D2-CH-EM-3075-V5-INICIAIS-001-009-LA-G21-AV.indd 9 21/09/2020 00:5121/09/2020 00:51 © 2 02 0 - T H E AN DY W AR H O L FO U N D AT IO N F O R TH E VI SU AL A RT S, IN C. / L IC EN SE D B Y AU TV IS , B RA SI L. 10 © 2 02 0 - T H E AN DY W AR H O L FO U N D AT IO N F O R TH E VI SU AL A RT S, IN C. / L IC EN SE D B Y AU TV IS , B RA SI L.UNIDADE 10 1 ■ Latas de sopa Campbell (1962), de Andy Warhol. Suas obras se particularizam pelo uso de cores brilhantes, pela representação de materiais industrializados e pelo exagero do efeito de simultaneidade, como se observa na repetição das telas na imagem ao lado. Consumo responsável Os artistas da pop art, movimento estético que teve seu auge na década de 1960, utilizavam em suas obras imagens de embalagens, propagandas, pop stars, perso- nagens da televisão, cinema e quadrinhos e de outros aspectos da vida cotidiana e da chamada cultura de massa. Uma das possíveis intenções dos artistas era fazer uma crítica ao consumismo e à influência que os produ- tos fabricados em massa exerciam na vida das pessoas. Contraditoriamente, a exposição acabava populari- zando ainda mais o produto, como no caso das sopas Campbell, que inspirou a obra do estadunidense Andy Warhol (1928-1987), na imagem ao lado. Enlatados, assim como outros tipos de alimentos processados, surgiram com a industrialização e foram, por muito tempo, asso- ciados a uma vida moderna e urbanizada. Os alimentos industrializados continuam inspirando críticas, mas rela- cionadas aos efeitos negativos na saúde das pessoas e a quantidade de uso de embalagens, por exemplo. 1. Você acha que as embalagens de alimentos e as propa- gandas o influenciam a consumir mais? 2. Como as atitudes das pessoas em relação ao consumo influenciam a produção dos resíduos sólidos? NÃO ESCREVA NO LIVRO D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 10D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 10 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 111111 RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA Você se preocupa com a quantidade de lixo que produz ou com o destino dele? Um dos grandes problemas do consumo de produtos industrializados é a quantidade de resíduos sólidos gerada. No Brasil, desde 2010 está em vigor a lei no 12 305, que instituiu a Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Essa lei estabelece a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, envolvendo fabricantes, cidadãos e governos. Diante dessa realidade, qual é o seu papel como cidadão? Ao longo deste projeto, você e seus colegas vão buscar respostas para essa pergunta e irão criar uma campanha para realização da coleta seletiva na comunidade. RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 11D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 11 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 1 CAPÍTULO Você já parou para pensar quantos e quais produtos consome diaria- mente? Todos eles são essenciais? O consumo faz parte do nosso cotidiano e é influenciado por uma série de fatores, como costumes, crenças, práti- cas sociais, que vão desde necessidades básicas para nossa sobrevivência, como alimentos, até aquelas que são construídas de forma subjetiva, em que não ocorre uma reflexão sobre as razões pelasquais consumimos, por exemplo, a compra de celulares de última geração. As sociedades pós-industriais estabeleceram padrões tão eleva- dos de consumo, que, no futuro, os recursos naturais poderão não ser mais suficientes. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), esti- ma-se que daqui a 50 anos sejam necessários dois planetas Terra para atender os patamares atuais de produção e de consumo de mercadorias do mundo. Diante desse panorama, torna-se fundamental pensar em mudanças no padrão de consumo da sociedade atual. Além dos recursos naturais, a aquisição de um novo produto consome também horas de dedicação ao trabalho. Você imagina quantas horas de trabalho são necessárias para ganhar uma remuneração e ter dinheiro para comprar um par de tênis? E um aparelho celular? Considerando que a renda média mensal do brasileiro, de acordo com o IBGE, corres- pondia, em 2019, a 2.308 reais e que a jornada de trabalho no mês era de 176 horas, seriam necessárias aproximadamente 15 horas de trabalho para comprar um par de tênis no valor de R$ 200 reais. Para obter um celular no valor de 1.500 reais seria necessário trabalhar cerca de 114 horas. A quantidade de horas de trabalho necessárias para obter um salário e comprar determinados produtos não essenciais é um dos aspectos que nos ajuda a refletir sobre a relação que construímos com os bens e os serviços divulgados diariamente nos meios de comunicação, como fundamentais para nossa vida. Em que medida nossa felicidade está con- dicionada ao consumo, levando-nos ao ciclo vicioso relacionado à vontade de adquirir cada vez mais? Neste capítulo vamos discutir sobre esta e outras questões. Consumir para viver ou viver para consumir? Sociedade pós-industrial Sociedade na qual se dá a ascensão das atividades econômicas relacionadas aos serviços e declínio das industriais. ■ Eletrodomésticos são itens desejados por consumidores. Na fotografia, pessoas disputam televisores em uma liquidação em São Paulo (SP), 2017. AN AN D A M IG LI AN O /F U TU RA P RE SS Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo e sobre o trabalho com as atividades. 12 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 12D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 12 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 Natureza na sociedade urbano-industrial A consolidação do capitalismo como sistema econômico e social acon- teceu principalmente com as Revoluções Industriais, que introduziram diversas inovações tecnológicas e possibilitaram, direta e indiretamente, o aumento da produção e do consumo de bens e serviços. O processo de industrialização, os avanços técnicos e tecnológicos, a redução dos custos de transporte, as propagandas e os preços rela- tivamente acessíveis contribuíram para originar a chamada sociedade de consumo. Nesse tipo de sociedade, o processo de subjetivação dos indivíduos é marcado pelo ato de consumir. Fundamental para o funcionamento do sistema produtivo capita- lista, o ato do consumo é caracterizado, em geral, pela padronização, pois o mesmo produto de uma determinada marca é comercializado e comprado em diversas regiões do mundo. Além disso, as relações entre as pessoas passam a ser moldadas pelo consumo não somente de produtos, mas de informações, bens culturais etc. Na sociedade de consumo, milhões de mercadorias são produzidas diariamente. Por isso, é fundamental que a compra de produtos seja incentivada, com o intuito de escoar a produção, assegurar a circulação de riquezas, gerar lucro e sustentar o ciclo produtivo (produzir, vender, comprar, consumir, descartar, produ- zir, vender…). Se esse ciclo “emperra” por causa da redução no consumo, os estoques de mercadorias se acu- mulam, fábricas são desativadas, trabalhadores perdem seus empre- gos e a economia entra em crise. O marketing é instrumento fundamental nesse ciclo produ- tivo, pois incentiva o consumo, mantendo o capitalismo em pleno funcionamento. Propagandas e publicidades são constantemente veiculadas pelos meios de comuni- cação de massa, como a televisão, o rádio, a internet e o cinema, com o objetivo de influenciar o consumi- dor a adquirir os bens e serviços. Processo de subjetivação Formação de um indiví- duo a partir do contato com elementos externos, como informações e experiências, que são interiorizados e que transformam o sujeito. Esse processo contribui para a formação da iden- tidade de uma pessoa. Marketing Conjunto de atividades orientado a entender e atender as necessidades do consumidor, promo- vendo o relacionamento entre cliente e marcas e gerando lucros para empresas por meio das vendas. ■ A Times Square, na cidade de Nova York (Estados Unidos), é um local emblemático pela quantidade excessiva de anúncios e propagandas existentes nas fachadas dos edifícios. Fotografia de 2018. BE RN AD ET T PO G ÁC SÁ S- SI M O N /A LA M Y/ FO TO AR EN A 13 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 13D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 13 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 Esse tipo de ciclo produtivo se baseia, em geral, em uma economia linear, caracterizada pela grande extração de recursos naturais, em um processo de extração-produção-descarte, sem o reaproveitamento de resíduos. Observe a figura a seguir. Economia linear Fonte: ALLEN, A. Economia linear, economia circular e blockchain. A criação, 9 jul. 2018. Disponível em: http://www.acriacao.com/economia-linear-economia-circular-e-blockchain/. Acesso em: 29 jul. 2020. SO N IA V AZ SO N IA V AZ Recursos naturais Matéria- -prima Manufatura Distribuição Uso/ consumo Descarte ■ A economia linear é baseada no processo extração-produção- -descarte e provoca o risco do esgotamento dos recursos naturais. Além de utilizar excessivamente os recursos naturais, os processos da economia linear geram grandes volumes de resíduos que impactam e degradam o ambiente. A degradação ambiental é uma das conse- quências negativas do modo como ocorreu a industrialização, associada à expansão do modo de produção capitalista e das sociedades de consumo. Até algumas décadas atrás, a degradação ambiental era entendida como consequência inevitável do processo industrial e do desenvolvi- mento econômico, o que provocou grande deterioração dos recursos naturais, mais acentuada em algumas regiões do mundo. Entre os impactos gerados pela atividade industrial estão: a liberação de gases que poluem o ar, prejudicando as condições de saúde da população; a poluição das águas superficiais por efluentes de indústrias (rejeitos líquidos), cau- sando a mortandade de animais; a contaminação do solo e das águas subterrâneas em razão da dis- posição inadequada de resíduos sólidos e líquidos da produção industrial. Agora observe ao lado o ciclo produtivo pau- tado na economia circular. Você consegue notar as diferenças? A economia circular é um modelo desenvol- vido com base na ideia de sustentabilidade. Nele os materiais são utilizados ao máximo para reduzir o desperdício de recursos naturais e os produtos são projetados para que seus componentes sejam reu- tilizados. Além disso, o ciclo produtivo é baseado em fontes renováveis de energia, substituição de produtos tóxicos e eliminação de resíduos indus- triais, reduzindo os impactos ambientais. Economia circular Resíduos Reciclagem Design Produção re-transformação Distribuição Consumo, utilização reutilização reparação Recolha Matérias- -primas Economia circular ■ Na economia circular, a reutilização, a reparação de produtos e a reciclagem do material descartado são elementos inseridos no ciclo produtivo. Fonte: ALLEN, A. Economia linear, economia circular e blockchain. A criação, 9 jul. 2018. Disponível em: http://www.acriacao.com/ economia-linear-economia-circular-e-blockchain/. Acesso em: 29 jul. 2020. Degradação ambiental Alterações nas caracte- rísticas do ambiente, por açõesantrópicas ou natu- rais, que diminuem a sua capacidade de sustentar a vida e seu potencial de renovação de recursos naturais. 14 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 14D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 14 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 http://www.acriacao.com/economia-linear-economia-circular-e-blockchain/ http://www.acriacao.com/economia-linear-economia-circular-e-blockchain/ Da sociedade de consumo à sociedade de hiperconsumo No início do século XX, alguns países alcança- ram um estágio de desenvolvimento econômico, industrial e tecnológico avançado. Nos chamados países industrializados, o crescimento acelerado da população, especialmente nas áreas urbanas, e a ampliação das atividades, como o comércio e a prestação de serviços, contribuíram para as profundas transformações da força de trabalho e ampliação do poder de consumo dos indivíduos. Isso fez com que um número crescente de con- sumidores tivesse acesso a bens variados, como alimentos industrializados, automóveis, eletrodo- mésticos. Esse movimento teve início na década de 1920, mas foi especialmente forte no período pós-Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos e em países euro- peus. Nesse contexto, o ato de consumir deixou de ser um privilégio das camadas mais ricas da sociedade, disseminando-se entre a população de média e baixa renda. Nos Estados Unidos, por exemplo, o período após a Segunda Guerra Mundial apresentou um grande crescimento de produção e consumo, na medida em que o país despontava como uma nova liderança no cenário geopolítico internacional, enquanto as demais potências da Europa e o Japão se recuperavam economicamente das duas grandes guerras mundiais. Nesse contexto, o modelo de sociedade estadunidense passou a ser referência para diversos países. O American way of life, isto é, o estilo de vida americano, pautado em ideais e comportamentos liberais, estimu- lava o consumo por meio das propagandas e publicidades veiculadas nos principais meios de comunicação, especialmente o cinema. Esse modo de viver influenciou as sociedades de outros países, criando a ideia de que o exercício da cidadania, da felicidade e da liberdade estava asso- ciado com a capacidade de consumir bens industriais. Durante a segunda metade do século XX, mesmo o grupo de países considerados em desen- volvimento, como era o caso do Brasil, foi influenciado por esse modelo de comportamento baseado na valorização excessiva do consumo. ■ O American way of life se tornou referência para diversos países em meados do século XX, contribuindo para o elevado crescimento da produção e do consumo de bens e serviços. TH E AD VE RT IS IN G AR CH IV ES /B RI D GE M AN IM AG ES /F O TO AR EN A NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM • Analise de que forma os elementos contidos na imagem acima revelam características do chamado American way of life. 15 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 15D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 15 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 Até o final do século XX a sociedade de consumo se disseminou por diversas regiões do mundo. Porém, na transição do século XX para o século XXI, esse tipo de sociedade começou a se transformar, surgindo, segundo o filósofo francês Gilles Lipovetsky (1944-), uma sociedade de hiperconsumo. Enquanto a sociedade de consumo foi marcada pela expansão da produção de bens padronizados e semelhantes, sendo os eletrodo- mésticos um símbolo importante, a sociedade de hiperconsumo foi marcada pela individualização do consumidor. Nesse contexto, as empresas passaram a investir na criação de bens personalizados e na venda das chamadas “experiências”. A lógica de consumo se fundamenta cada vez mais na compra de bens que expressariam a subjetividade e os valores do consumidor. Por isso, há um investimento crescente na construção de marcas e símbolos que representem as qualidades únicas das mercadorias de determinadas empresas. Nesse contexto, para o indivíduo não basta ser capaz de comprar um aparelho celular ou uma roupa, mas é importante adquirir bens que simbolizem ou expressem seus valores e visão de mundo. É por isso que Lipovetsky afirma que, na sociedade de hipercon- sumo, o consumo passa a ter uma função subjetiva cada vez maior. Os indivíduos consomem bens não por sua utilidade genérica, mas pela forma como eles podem ajudá-lo a expressar sua personalidade e a vivenciar suas experiências no mundo. Um aparelho celular não é vendido apenas por ser um símbolo de distinção social, mas por expressar valores subjetivos, como ser descolado. Além disso, na sociedade de hiperconsumo, não há limite de espaço e tempo para consumir, pois com a internet podem-se obter produtos a qualquer hora e local. Muitas coisas se tornam consumí- veis e as redes sociais intensificam essa experiência na medida em que os indivíduos podem exibir sua vida a todo momento. Uma viagem transforma-se em um bem de consumo no momento em que as pessoas publicam suas fotografias e vídeos para milhares de seguidores, com o objetivo de afirmar sua identidade e divulgar seu estilo de vida. ■ Atualmente, a escolha de um modelo de smartphone ou outro dispositivo eletrônico pode representar determinado modo de se comunicar e relacionar com a sociedade. Na fotografia, lançamento de novo modelo de smartphone nos Estados Unidos, em 2018. N O AH B ER G ER /A FP 16 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 16D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 16 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 Problemas do hiperconsumismo A sociedade de hiperconsumo pode ser pensada como uma radica- lização do consumismo que marcou o século XX. O gráfico ao lado revela os dados da produção global de plástico de 1950 a 2016 e a projeção para o ano de 2030. O crescimento da produção desse material ajuda a demonstrar como o consumo de bens industrializados aumentou nas últimas décadas, já que muitos deles são constituídos ou possuem com- ponentes plásticos. Outros dados também ajudam a compreender como o consumo excessivo torna insustentável o atual modelo de produção, em função do esgotamento dos recursos naturais. De acordo com os dados publicados pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde a década de 1970 até o ano de 2017 a extração de recursos naturais (biomassa, com- bustíveis fósseis, minerais metálicos e não metálicos, água e solo) mais do que triplicou. No caso dos combustíveis fósseis, houve um aumento de 45% no uso de petróleo, gás natural e carvão mineral. Acredita-se que até 2060 o uso de recursos extraídos da natureza irá dobrar e chegar a 190 bilhões de toneladas, ante os 92 bilhões regis- trados em 2017. Esse panorama deverá contribuir para o aumento de 43% das emissões de gases do efeito estufa. NÃO ESCREVA NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS • De acordo com o filósofo Gilles Lipovetsky, vivemos atualmente em uma sociedade na qual os hábitos de consumo estão associados ao processo de construção de nossas subjetividades. Por isso, há uma relação profunda entre consumir e a construção da autoestima. Para muitos, a individualidade e a personalidade são afirmadas por meio do consumo. E, quem não pode consumir, acaba tendo sua autoimagem afetada. Reflita sobre essa questão e elabore um texto argumentativo, pensando em ações que podem ajudar a fortalecer a autoestima sem associá-la ao consumo. Produção global de plástico, 1950-2030 100 0 200 500 400 300 600 Ano Milhões de toneladas 19701960 20001980 1990 2010 2016 20301950 Projeção 2 8 35 70 120 213 313 396 550 A produção de plástico virgem neste século equivale a tudo que foi produzido entre 1950 e 2000. ■ A produção global de plástico aumentou significativamente ao longo do período retratado. Esses dados estão relacionados ao crescimento do consumo de bens materiais. Fonte: VASCONCELOS, Y. Planeta plástico. Pesquisa FAPESP, São Paulo, ano 20,n. 281, p. 22, jul. 2019. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/folheie- a-edicao-281/. Acesso em: 6 jun. 2020. Gases do efeito estufa São gases, como o dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), que absorvem parte da radiação infravermelha refletida pela superfície terrestre, impedindo que se irradie para o espaço, aque- cendo o planeta Terra. SO N IA V AZ 17 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 17D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 17 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 https://revistapesquisa.fapesp.br/folheie-a-edicao-281/ Leia o texto e a tirinha da personagem Mafalda e, em seguida, responda às questões. A relação culturas juvenis, mídia e consumo [...] Na Grã-Bretanha, o trabalho de Steven Miles [1977-] e seus pares também contou com o conceito de estilo de vida para dar sentido à relação dos jovens com a mídia e com o mercado. Conforme Miles, os jovens utilizaram as suas práticas de consumo para desenvolver um estilo de vida em que sentiam que “se encaixavam”, com um grupo mais amplo de pares, ao mesmo tempo dando-lhes um senso de individualidade em um mundo marcado pela instabilidade, o fluxo e a mudança. [...] Em resposta, os jovens procuraram uma sensação de estabilidade, através da construção de uma identidade com base nos valores simbólicos dos produtos que consumiam. Desta forma, os meios de comunicação eram vistos como um recurso fun- damental em que os jovens se baseavam à medida que pretendiam construir uma identidade autônoma [...]. O consumo não é visto como uma atividade frívola, mas algo com “potencial eman- cipatório”. É um aspecto fundamental da formação da identidade pessoal e social. No mundo pós-moderno a essência da identidade está ligada menos ao trabalho e mais às atividades de lazer. Face a estas definições, o marketing para adolescentes não é simplesmente uma maneira temporária de influenciar as suas preferências de compra. Mais importante, é uma maneira de moldar como eles se definem e o que constitui um estilo de vida ade- quado para aquela identidade – uma vez que escolher e criar um estilo de vida próprio é visto como uma forma fundamental de “emancipação” [...]. [...] FRANCISCO, K. C. A cultura juvenil, a mídia e o apelo ao consumo. Revista Eco-Pós, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 119, 2010. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/eco_pos/article/view/888/828. Acesso em: 30 jul. 2020. DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1992. 1. Segundo a pesquisa realizada pelo sociólogo Steven Miles e sua equipe, qual é a re- lação entre as práticas de consumo e o estilo de vida dos jovens? Em seguida, reflita sobre suas práticas de consumo, avaliando se o seu comportamento condiz com as ideias mencionadas no texto. 2. Com base na leitura do texto e na tirinha, explique a relação entre o consumo dos jovens e o papel da mídia. 3. Analise criticamente a relação direta entre o consumismo e a ocorrência de impactos ambientais. © JO AQ U IM S . L AV AD O T EJ Ó N (Q U IN O ), TO D A M AF AL D A/ FO TO AR EN A NÃO ESCREVA NO LIVRO 18 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 18D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 18 20/09/20 14:0120/09/20 14:01 https://revistas.ufrj.br/index.php/eco_pos/article/view/888/828 Muito para poucos: a distribuição desigual Nas páginas anteriores, vimos o crescimento elevado do consumo a partir da década de 1960, com a difusão do consumo em massa. Os meios de comunicação de massa tiveram um papel importante na difusão de valores da indústria cultural, padronizando os hábitos de consumo ditados pela lógica material das sociedades urbano-industriais. Apesar de ter sido registrado o crescimento do consumo nas últimas décadas, não se pode afirmar que esse panorama ocorre de forma homogênea em todas as regiões do mundo. De forma geral, o consumo é mais elevado nas grandes potências econômicas mundiais, como os Estados Unidos, Japão e países da União Europeia. A distribuição desigual do consumo entre os países ajuda a revelar a forte concentração de renda e as grandes desigualdades socioeconô- micas existentes no mundo. Observe nas fotografias a seguir o trabalho realizado pelo fotógrafo Peter Menzel (1948-), em 2013, que retratou os alimentos consumidos em uma semana por 30 famílias de diversos países do mundo, mostrando as diferenças tanto dos tipos de alimen- tos como da quantidade de produtos. NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM 1. Quais diferenças são observadas no consumo e nos hábitos alimentares das duas famílias? Indique qual das famílias apresentada possui um padrão de consumo que provavelmente gera mais impactos no meio ambiente. 2. Na sua opinião, qual é a importância do trabalho desenvolvido pelo fotógrafo Peter Menzel? Indústria cultural Termo criado na década de 1940, por sociólogos como Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), da chamada Escola de Frankfurt. Para esses pensadores, expressões culturais das sociedades capitalistas, como filmes e músicas, são fabrica- das e vendidas como mercadorias, provocando a homogeneização das tendências e criando con- formismo na população. ■ Fotografias do projeto de Peter Menzel que registrou o consumo semanal de alimentos por famílias em diferentes lugares no mundo e o valor gasto na semana para alimentação. À esquerda, uma família nos Estados Unidos, que gastava em 2013 cerca de 684 reais; à direita, uma família tradicional no Equador, que gastava 62 reais. © P ET ER M EN ZE L /W W W .M EN ZE LP H O TO .C O M © P ET ER M EN ZE L /W W W .M EN ZE LP H O TO .C O M 19 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 19D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 19 20/09/20 14:0220/09/20 14:02 É possível criar outra relação com o consumo? Na década de 1960, no contexto de uma sociedade consumista, cres- cente industrialização e aumento da degradação ambiental, começaram a surgir movimentos ambientalistas e uma pressão mundial sobre gover- nos, para a criação de legislação ambiental rigorosa e maior fiscalização, e sobre as empresas, para a adoção de métodos de produção que mini- mizassem os impactos ambientais. Atualmente, em muitos países, entre eles o Brasil, existem leis que obrigam as indústrias a diminuírem os impactos de suas atividades no ambiente, devendo realizar ações, como colocar filtros para a retenção de contaminantes atmosféricos; tratar a água antes de ser despejada na rede de esgotos ou em rios; dar destino adequado ao resíduo industrial; entre outras. No final do século XX, além de ações obrigatórias por lei, muitas indús- trias potencialmente poluidoras, preocupadas com sua imagem, passaram a adotar práticas sustentáveis, como o uso de matérias-primas recicladas, de fontes de energia renovável, além de obterem certificação ambiental, ou seja, um certificado garantindo que a empresa atendia à legislação ambiental e controlava os impactos de sua atividade. Essa certificação ambiental é concedida quando a empresa atende a normas definidas por organizações internacionais. A International Organization for Standardization (Organização Internacional de Normatização), a ISO, federação mundial das organizações nacionais de normatização sediada em Genebra (Suíça), na década de 1990 lançou a série ISO 14 000, composta de normas que orientam as empresas na gestão e mitigação dos impactos ambientais e adequação de seus pro- cessos às políticas ambientais do país, visando à melhoria contínua em toda sua cadeia produtiva. A certificação ambiental tem se tornado um parâmetro de análise por parte dos consumidores, que podem utilizar como referência o histórico de impacto ambiental dos produtos oferecidos e a respon- sabilidade socioambiental da empresa. O selo verde, fornecido pela ISO 14 000, certifica que a empresa reduziu ou eliminou o desperdício de matéria-prima e nãoapresentou impacto ambiental no processo produtivo. Além de gestão dos impactos das atividades industriais, outras alternativas têm sido desenvolvidas atualmente com a finalidade de promover o desenvolvimento sustentável, como a economia solidária e o comércio justo. ■ Logo da ISO. LO G O TI PO IS O 20 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 20D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 20 20/09/20 14:0220/09/20 14:02 Na economia solidária, a forma de produção, distribuição e consumo de bens ou serviços é horizontal, isto é, não há ganhos em nenhuma parte da cadeia produtiva e os lucros não são priorizados. Os trabalhadores se organizam em cooperativas e a posse dos meios de produção é coletiva. Por meio de princípios de autogestão, cooperação e uma relação direta entre a produção e as necessidades da comunidade local, busca-se maior equilíbrio entre as demandas da sociedade e o ambiente. O comércio justo (fair trade), movimento criado no continente europeu, durante a década de 1960, tem o objetivo de promover trans- formações na cadeia produtiva, ao eliminar as etapas intermediárias entre produtores e consumidores. Essa iniciativa prioriza relações empregatícias justas, garantindo condições de trabalho e salários adequados e os direitos previstos aos trabalhadores. O foco do comércio justo está no empoderamento dos pequenos e médios produtores e no trabalho artesanal, e exige menos dos recursos naturais. Por fim, algumas cidades ao redor do mundo têm adotado práticas capazes de transformar localmente as relações de consumo. As hortas urbanas, por exemplo, encurtam as distâncias entre os locais de pro- dução e consumo e promovem melhorias na qualidade ambiental das cidades, na medida em que ampliam as áreas verdes. Movimentos como o vegetarianismo e o veganismo têm crescido, contribuindo para a dimi- nuição dos impactos ambientais provocados pela atividade pecuária. ■ Horta comunitária localizada na zona leste do município de São Paulo (SP), 2019. M AU RI CI O S IM O N ET TI /P U LS AR IM AG EN S NÃO ESCREVA NO LIVRO> DE MÃOS DADAS 1. Reúnam-se em grupos e pesquisem exemplos de economia solidária ou de comércio justo. Façam um storyboard, sequências de ilustrações seme- lhantes a histórias em quadrinhos, para contarem à classe as experiências encontradas. 2. Reflitam como vocês poderiam colocar em prática alguns elementos pro- postos na economia solidária ou no comércio justo. 21 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 21D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 21 20/09/20 14:0220/09/20 14:02 NÃO ESCREVA NO LIVROATIVIDADES> 1. Leia o fragmento do texto abaixo e faça a atividade. Um guia de moda influente e muito lido oferece para a temporada outono-inverno de 2005 “meia dúzia de looks fundamentais” “para os próximos meses”, “que colocam qualquer um à frente do júri do estilo”. Essa promessa é apropriada e habilmente calculada para conquistar nossa atenção: com uma frase breve, decidida, é possível atingir todas as ansiedades e os ímpetos criados pela sociedade de consumidores e nascidos da vida de consumo”. BAUMAN, Z. A ética é possível num mundo de consumidores? São Paulo: Zahar, 2011. p. 127. • Relacione o fragmento do texto acima com a ideia de sociedade de consumo. 2. Com base nas ideias do filósofo Gilles Lipovetsky, analise a linguagem utilizada pela propaganda abaixo, relacionando-a com as necessidades de consumo criadas na sociedade contemporânea. Semijoias a partir de R$ 59,90 SUA MÃE VAI ADORAR ESSE PRESENTE. 3. Leia o texto abaixo e, depois, faça o que se pede. “Eu faço vídeos e tiro fotos para me inspirar e inspirar as pessoas sobre um estilo de vida mais consciente.” É assim que Marina Godward se apresenta em [sua rede social] [...], com mais de 14 mil seguidores. Receitas veganas, dicas para uma alimentação saudável e discussão sobre consumo consciente estão entre os principais temas que a jovem aborda também em seu canal do Youtube, com mais de 18 mil inscritos. Tudo começou em 2012 quando Marina optou por virar vegana. “Percebi que nem tudo na vida é como nos contaram, ou como a sociedade considera ‘normal’. Comecei a repensar vários aspectos da minha vida, principalmente no que diz respeito ao impacto que meu estilo de vida tem no planeta”, conta. FI ZK ES /S H U TT ER ST O CK .C O M 22 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 22D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 22 20/09/20 14:0220/09/20 14:02 Foi então que a blogueira começou a estudar sobre a realidade do lixo, desper- dício de alimentos, indústria da moda, entre outros temas que ajudaram a entender como adotar uma forma diferente de viver, com hábitos mais sustentáveis. [...] SUSTENTABILIDADE vira tema de influenciadores e ganha espaço nas redes. Reciclasampa, 15 jan. 2019. Disponível em: https://www.reciclasampa.com.br/artigo/sustentabilidade-vira-tema-de-influenciadores-e-ganha-espaco-nas-redes. Acesso em: 3 ago. 2020. • Pesquise exemplos de ações que promovam a sustentabilidade adotadas na sua co- munidade escolar e compartilhe com os seus colegas. Em um amplo debate mediado pelo professor, avalie de que forma as ações trazidas contribuem para minimizar os impactos ambientais. DIAGNÓSTICO I: RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO A Política Nacional de Resíduos Sólidos determinou que a extinção dos lixões no Brasil deveria acontecer até 2014. No entanto, em 2018, cerca de 54% dos municípios não depo- sitavam seus resíduos em aterros sanitários. Essa política também propõe a prática de hábitos de consumo sustentável e busca promover o incentivo à reciclagem e à reutiliza- ção dos resíduos sólidos, além da destinação ambientalmente adequada. Nesta etapa do projeto, você vai descobrir qual é a destinação dos resíduos sólidos no município onde estuda. Em grupos, pesquisem em que local é depositado o lixo coletado no município, por exemplo, em lixões e ou aterros sanitários, e se ocorre coleta seletiva, reciclagem e reutilização dos resíduos. Apresentem o resultado da pesquisa por meio de um mapa, localizando os pontos de interesse, como aterros sanitários e locais de coleta seletiva. O mapa deve ser acompa- nhado por um texto comentando os resultados obtidos. Com base nas informações coletadas, discutam com os colegas se, na opinião deles, o município faz a destinação adequada do lixo. Reúnam os dados pesquisados e a conclu- são da discussão para serem utilizados na etapa 4. Etapa 1 ■ Marina Godward apresentando materiais separados para a reciclagem. Porto Alegre (RS), 2017. AC ER VO P ES SO AL 23 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 23D3-CH-EM-3075-V5-U1-C1-010-023-LA-G21_AVU1.indd 23 20/09/20 14:0220/09/20 14:02 https://www.reciclasampa.com.br/artigo/sustentabilidade-vira-tema-de-influenciadores-e-ganha-espaco-nas-redes 2 CAPÍTULO Na periferia do município de Duque Caxias (RJ) funcionou, por mais de 30 anos, o lixão de Gramacho. Fechado em 2012, era o maior lixão da América Latina e recebia diariamente mais de 7 mil toneladas de resíduos sólidos gerados em Duque de Caxias e munícipios vizinhos. O encerramento das atividades de Gramacho, marcado por uma cerimônia de fechamento da entrada do lixão, representou os esforços dos governos federal, estadual e municipal de encer- rar mais de 30 anos de degradação ambiental. Estima-se que cerca de 60 milhões de toneladas de lixo foram depositados no local, que não apre- sentava qualquer sistema de controle de poluição e controle de proliferação de vetores de doenças, como leptospirose e dengue. Diferente de um aterro sanitário, que é uma obra de engenharia planejada para receber de forma adequada os resíduos sólidos, evitando a contaminação do solo e das águas pelo chorume e controlando a emissão de gases, um lixão é uma forma de depósito de lixo em que não há qualquer O que sobra depois do consumo: para onde vai meu lixo? Consultar asOrientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo e sobre o trabalho com as atividades. Localização do lixão de Gramacho Fonte: ORTIZ, F. Lixão de Gramacho fecha esta semana; catadores querem forma “mais humana” de trabalhar com reciclagem. UOL, 31 maio 2012. Disponível em: https://noticias. uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/05/31/desastre- ambiental-lixao-de-gramacho-fecha-amanha-com-60-milhoes- de-toneladas-de-residuos.htm. Acesso em: 8 ago. 2020. D AC O ST A M AP AS ■ Lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), 2012. ISMAR INGBER/PULSAR IMAG ENS 2424 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 24D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 24 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2012/05/31/desastre-ambiental-lixao-de-gramacho-fecha-amanha-com-60-milhoes-de-toneladas-de-residuos.htm controle dos resíduos dispostos. Dessa forma, mesmo com as atividades encerradas, o lixão de Gramacho continua poluindo o ambiente, pois a matéria orgâ- nica em decomposição, despejada a céu aberto, gera gases, como o gás metano, e chorume. Resíduos vindos de hospitais e mesmo de processos indus- triais também eram depositados em Gramacho, o que aumenta a preocupação com a contaminação. O lixão de Gramacho também influenciou a vida de milhares de pessoas que viviam da coleta de mate- riais recicláveis, em condições insalubres. Estima-se que cerca de cinco mil catadores viveram do local. Em 2007, o artista plástico brasileiro Vik Muniz (1961-) iniciou um projeto para criar obras de arte com os cata- dores de material reciclável do lixão de Gramacho, fotografando essas pessoas e, posteriormente, retra- tando-as em painéis confeccionados com o próprio material coletado pelo grupo, resultando em uma série de obras denominada Retratos do lixo. Os catadores que participaram do projeto relataram que o processo artístico modificou suas vidas e lhes trouxe autoestima, revelando o poder transformador da arte. Mas também a crueldade de suas realidades, ganhando projeção internacio- nal e que de certa forma, ajudou no processo de encerramento do lixão de Gramacho. Quase 10 anos depois, no entanto, o bairro Jardim Gramacho, no entorno do antigo lixão, ainda presencia caminhões de lixo entrando nos portões antes fechados: esses resíduos, de origem privada, são despejados ilegalmente. As quase 28 mil pessoas que moram no bairro são, em sua maioria ex-catadores e catadoras que já não vivem do lixão, mas continuam em situação de vulne- rabilidade social. O caso de Gramacho ajuda a ilustrar algumas das questões que vamos discutir neste capítulo: Para onde vão os resíduos que geramos diaria- mente? E qual é o impacto deles no meio ambiente e na vida das pessoas? ■ Retratos do lixo, obra do artista Vik Muniz, cópia cromogênica digital de 2008, retratando um dos catadores de material reciclável do lixão de Gramacho. Chorume Resíduo líquido resultante da decomposição do lixo orgânico. @ M U N IZ , V IK /A U TV IS , B RA SI L, 2 02 0 NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM 1. Em sua opinião, como a ideia de transformação aparece na arte produ- zida por Vik Muniz? 2. A que reflexões sobre a destinação do lixo no Brasil o trabalho do artista nos leva? 25 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 25D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 25 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 Geração e destino dos resíduos sólidos no Brasil Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), em 2018 foram gerados 79 milhões de toneladas de resí- duos sólidos no Brasil. Essa grande quantidade de materiais é proveniente das residências, dos comér- cios e da limpeza das ruas, praias e demais locais das áreas urbanas. No Brasil, as diferenças na geração de lixo podem ser observadas entre as grandes regiões, como apre- sentado no gráfico ao lado. Enquanto um habitante da região Norte gera cerca de 0,884 kg por dia, no Sudeste essa contribuição por habitante pode passar de 1,2 kg nas mesmas 24 horas. Fatores como renda per capita, hábitos de consumo, número de habitan- tes e concentração urbana ajudam a explicar essas diferenças regionais. Principais destinos do lixo Segundo a Abrelpe, em 2018 92% do lixo gerado no Brasil foi cole- tado. Depois de o lixo ser recolhido das casas, comércios e outros locais do município onde você mora, pode ser que o caminhão de coleta se dirija para um lixão, como o de Gramacho, ou para um aterro contro- lado, onde o lixo depositado é coberto por uma camada de terra, o que não evita a contaminação do ambiente por chorume e gases gerados pela decomposição. Esses locais são o destino de 40% de todo resíduo sólido urbano coletado no Brasil. Veja a tabela a seguir. Brasil e grandes regiões: geração de resíduos sólidos per capita, 2018 Brasil Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul 1,039 0,884 0,951 0,990 1,232 0,759 0 0,3 0,6 0,9 1,2 1,5 Quilos por dia Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2018/2019. São Paulo, 2019. p. 19. Disponível em: https://abrelpe.org.br/download-panorama-2018-2019/. Acesso em: 3 ago. 2019. SO N IA V AZ Brasil e grandes regiões: disposição final de resíduos sólidos urbanos, por número de municípios, 2018 Disposição final Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul Brasil Aterro sanitário 93 454 162 820 1 040 2 569 Aterro controlado 110 496 152 641 109 1 508 Lixão 247 844 153 207 42 1 493 Brasil 450 1 794 467 1 668 1 191 5 570 Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos resíduos sólidos no Brasil 2018/2019. São Paulo, 2019. p. 17. Disponível em: https://abrelpe.org.br/download-panorama-2018-2019/. Acesso em: 3 ago. 2019. ■ Apesar de a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em 2010, ter definido que até 2014 os resíduos sólidos deveriam ser depositados em aterros sanitários, uma grande parte dos municípios ainda encaminha esses resíduos para locais como lixões e aterros controlados. 26 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 26D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 26 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 https://abrelpe.org.br/download-panorama-2018-2019/ https://abrelpe.org.br/download-panorama-2018-2019/ Também pode ser que o lixo da sua casa seja levado para um aterro sanitário, que é uma unidade ambientalmente adequada de recebimento de resíduos sólidos, com controles ambien- tais necessários, como a impermeabilização do solo e sistemas de drenagem, para evitar a poluição das águas subterrâneas e do ar (veja a imagem abaixo), além de não permitir a entrada de catadores, mas apoiar o trabalho de cooperativas para a separação de materiais recicláveis. NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM 1. Qual região do Brasil apresenta a maior geração de resíduo sólido per capita? E a menor? 2. Considerando a quantidade de municípios, identifique a região brasileira que tem o lixão como principal local para disposição final de resíduos sólidos. 3. Você sabe onde os caminhões de lixo depositam os resíduos depois que fazem a coleta no seu bairro ou município? Pesquise essa informação, com seus colegas, proponham uma visita escolar ao local, se possível. Muitos aterros sanitários possuem programas de visitas guiadas de escolas. O que um aterro sanitário deve ter LÁ PI S 13 B de catadores, mas apoiar o trabalho de cooperativas para a separação de materiais recicláveis. O que um aterro sanitário deve ter Drenagem da água da chuva Camada impermeabilizante Cercamento da área, com isolamento visual da vizinhança. Sistema de drenagem e tratamento de chorume (resíduo da decomposição do lixo). Monitoramento das águas subterrâneas. Sistema de drenagem de gases. Em alguns casos, são usados também para a produção de energia. Lixo Fonte: MATOS, T. E. N. Análise do aproveitamentoenergético do biogás de aterro sanitário em uma central de potência de pequeno porte. TCC (Graduação em Ciências Exatas e Tecnológicas) – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, 2016. p. 7. Disponível em: https://www2.ufrb.edu.br/bcet/components/com_chronoforms5/chronoforms/uploads/tcc/20190327174429_2016.1_-_TCC_Tamiles_Matos_-_ Anlise_do_Aproveitamento_Energtico_do_Biogs_de_Aterro_Sanitrio_em_Uma_Central_de_Potncia_de_Pequeno_Porte.pdf. Acesso em: 26 ago. 2020. 27 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 27D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 27 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 _Anlise_do_Aproveitamento_Energtico_do_Biogs_de_Aterro_Sanitrio_em_Uma_Central_de_Potncia_de_Pequeno_Porte Breve histórico da política de gestão dos resíduos sólidos no Brasil O problema do destino inadequado de resíduos sólidos não é recente na história do Brasil. Desde o século XIX, as vilas e as cidades brasileiras já enfrentavam problemas provocados pela gestão inadequada do lixo. No período imperial (1822-1889), a maior e prin- cipal cidade do país era o Rio de Janeiro. Mesmo sendo a capital do império, não contava com uma política sistemática de controle dos resíduos. As autoridades relatavam com frequência que o espaço urbano estava constantemente sujo. Vale lembrar que a cidade não contava com estrutura de saneamento básico; dessa forma, as pessoas precisavam dispor por conta própria das fezes e urinas que produziam em suas casas. Para isso, utili- zavam tinas onde armazenavam os excrementos. Essas tinas eram transportadas por pessoas escravizadas, cha- madas de tigres ou cabungos, até regiões distantes do centro urbano, especialmente as praias. Em 1850, foi criado um decreto que estabeleceu a Junta de Higiene Pública. Essa instituição passou a ter a função de garantir a salubridade nas cidades brasileiras, inclusive tomando decisões relativas à gestão dos resí- duos produzidos pela população. O governo brasileiro passou a tomar medidas para regulamentar o trabalho dos tigres e evitar que o descarte dos resíduos das casas ocorresse sem nenhum controle. Na década de 1860, uma companhia inglesa iniciou a instalação de um sistema de captação de esgoto na cidade do Rio de Janeiro, o que teve um papel impor- tante no controle dos esgotos domésticos. Além disso, foram feitas experiências para incinerar os resíduos sólidos urbanos. Porém, a principal forma de disposição do lixo urbano foram os lixões. Ainda analisando o caso do Rio de Janeiro (RJ), a ilha de Sapucaia foi utilizada de 1865 até 1949 como um espaço de armazenamento dos resíduos sólidos urbanos. Posteriormente, foram construídos lixões no aterro do Gestão dos resíduos Envolve aspectos como o recolhimento e o transporte de resíduos sólidos, supervisão e manutenção dos locais de destinação. Pode ser realizado de forma a gerar maior ou menor impacto ambiental. ■ “Não mais febre amarela! Está descoberto o bicho”, capa do jornal O Mosquito, 1876. A partir do decreto nO 6378, de 15 de novembro de 1876, a Junta de Higiene Pública teve o auxílio de médicos e de outros profissionais para indicar as providências necessárias para conter o avanço da febre amarela e providenciar ações para melhorar as condições sanitárias do Rio de Janeiro (RJ). AC ER VO B IB LI O TE CA N AC IO N AL D O R IO D E JA N EI RO 28 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 28D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 28 20/09/20 17:0620/09/20 17:06 Retiro Saudoso, do Amorim e de Cavalcanti. Finalmente, na década de 1970, o lixão do Jardim Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), tornou-se um dos principais destinos do lixo produzido no Rio de Janeiro (RJ) e municípios vizinhos. A partir da década de 1970, foram tomadas novas iniciativas para melhorar a gestão dos resí- duos sólidos. Um exemplo disso foi a criação da Usina de Irajá, que entrou em funcionamento em 1977, para reciclar parte do lixo produzido no Rio de Janeiro (RJ). A proposta era que na usina fosse realizada a separação de materiais recicláveis e compostagem de resíduos orgânicos. Assim como a Usina de Irajá, foi criada a Usina do Caju em 1992. Porém, as duas usinas foram administradas de forma ineficiente, utilizando tecnologia antiquada e sem recursos para investir em melhorias. Por isso, acabaram sendo soluções ineficientes, desperdiçando grande quanti- dade de resíduos sólidos, os quais foram depositados em lixões ou aterros. Outro exemplo de iniciativa de melhoria da gestão dos resíduos urbanos foi a decisão de criar o primeiro sistema municipal de reciclagem do lixo em Curitiba (PR). Criado em 1988, a iniciativa foi pioneira e posteriormente foi adotada por outros municípios. Apenas em 2010 foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos, visando assegurar um gerenciamento mais adequado desses resíduos no território brasileiro. ■ Descarga de resíduos no aterro da praia do Retiro Saudoso no Rio de Janeiro (RJ), em 1962. NÃO ESCREVA NO LIVRO> DE MÃOS DADAS • Quais são as políticas públicas e leis relacionadas aos resíduos sólidos em seu município e como o governo as coloca em prática? Reúna-se com seus colegas, pesquisem informações sobre o tema e reflitam sobre medidas que podem ajudar a melhorar essa gestão. Depois, gravem um vídeo curto sobre o tema e compartilhem o material nas redes sociais visando à conscientização da comunidade. AU G U ST O M AL TA /A RQ U IV O G ER AL D A CI D AD E D O R IO D E JA N EI RO , R IO D E JA N EI RO , R J. 29 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 29D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 29 20/09/20 17:0720/09/20 17:07 Uma lei inteiramente dedicada aos resíduos sólidos Em agosto de 2010 foi publicada a lei no 12 305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Em seu texto há princípios e objetivos que orientam sua aplicação, bem como definições técnicas e instrumentos necessários para a gestão correta dos resíduos sólidos. Leia alguns dos trechos da lei e depois faça as atividades. DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> ■ Cooperativa de reciclagem de plástico no Rio de Janeiro (RJ), 2019. [...] Art. 3º Para os efeitos desta Lei, entende-se por: [...] IX - geradores de resíduos sólidos: pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, que geram resíduos sólidos por meio de suas atividades, nelas incluído o consumo; [...] XV - rejeitos: resíduos sólidos que, depois de esgotadas todas as possibilidades de tratamento e recuperação por processos tecnológicos disponíveis e economicamente viáveis, não apresentem outra possibilidade que não a disposição final ambientalmente adequada; XVI - resíduos sólidos: material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, [...]; Disposição final ambientalmente adequada Distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais específicas, de modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e à segurança e a minimizar os impactos ambientais adversos. CH IC O F ER RE IR A/ PU LS AR IM AG EN S NÃO ESCREVA NO LIVRO 30 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 30D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 30 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produ- tos: conjunto de atribuições individualizadas e encadeadas dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos consumidores e dos titu- lares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos, para minimizar o volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados, bem como para reduzir os impactos causados à saúde humana e à qualidade ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei; XVIII - reutilização: processo de aproveitamento dos resíduos sólidos sem sua transformação biológica, física ou físico-química, observadas as condições e os padrõesestabelecidos pelos órgãos competentes [...]; [...] Art. 6o São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: [...] VI - a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; VII - a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos; VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e pro- motor de cidadania; IX - o respeito às diversidades locais e regionais; X - o direito da sociedade à informação e ao controle social; [...] Art. 7o São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: I - proteção da saúde pública e da qualidade ambiental; II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos; III - estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços; IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais; [...] BRASIL. Lei nº 6 2015, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a lei nº 9 605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF: Casa Civil, [2010]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm. Acesso em: 3 ago. 2020. 1. Com base nos trechos da lei que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, explique e dê exemplos de geradores, de resíduos sólidos e de rejeitos. Há dificuldades nessa tarefa, mesmo com as definições trazidas pela lei? 2. Os princípios estabelecidos podem ser complementados? Discuta com seus colegas alguns exemplos de como fazer isso. 3. Como você, em sua casa, ou a escola podem contribuir para o cumprimento dos objetivos expostos no Artigo 7? Dê sugestões de iniciativas locais. 4. Reúnam-se em grupos e discutam como a sociedade brasileira e seus atores (governos, empresas, indivíduos etc.) podem tornar realidade os objetivos da PNRS. NÃO ESCREVA NO LIVRO 31 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 31D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 31 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm Brasil: estimativa da composição dos resíduos sólidos coletados, 2008 2,9% Rejeitos 13,1% Resíduos potencialmente recicláveis (31,9%) Metais Papel/papelão Plásticos Vidro 13,5% Resíduos orgânicos 2,4% 16,7% 51,4% Fonte: INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Diagnósticos dos resíduos sólidos urbanos. Brasília, DF, 2012, p. 36. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/ images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/121009_relatorio_ residuos_solidos_urbanos.pdf. Acesso em: 4 ago. 2020. Fonte de pesquisa: BRASIL. Lei nº 6 205, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei nº 9 605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Brasília, DF: Casa Civil, [2010]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/ Lei/L12305.htm. Acesso em: 3 ago. 2020. SO N IA V AZ O que tem no meu lixo Em 2018, cada brasileiro gerou, em média, 380 kg de resíduos sólidos, segundo a Abrelpe. Os resíduos urbanos são gerados não somente em nossas residências, mas também nas escolas e em locais de lazer, no trabalho, nos restaurantes etc. Na composição média do lixo urbano, mais da metade é composta de materiais orgânicos, como restos de alimento, folhas, galhos e outros. Veja o gráfico ao lado. Além das residências, comércios e limpeza das ruas, há outros locais que geram lixo nas cidades? Hospitais e postos de saúde produzem resí- duos que podem ser perigosos para as pessoas e o ambiente, como agulhas usadas, restos de curativos e materiais de procedimentos cirúrgicos, e devem receber tratamento como a incineração em unida- des especializadas. Resíduos de obras e demolição também devem ser destinados a unidades que possam torná-los reutilizáveis para outras ativida- des também na construção civil. E resíduos sólidos industriais, por fim, podem possuir diferentes carac- terísticas, entre as quais algumas classificadas como perigosas e poluentes, se não forem corretamente manipuladas e tratadas. Resíduos sólidos urbanos RESÍDUOS DOMICILIARES RESÍDUOS DA CONSTRUÇÃO CIVIL RESÍDUOS DE LIMPEZA URBANA RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS RESÍDUOS INDUSTRIAIS RESÍDUOS DE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS E PRESTADORES DE SERVIÇOS ED IT O RI A D E AR TE 32 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 32D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 32 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatoriopesquisa/121009_relatorio_residuos_solidos_urbanos.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12305.htm E o lixo que vai para o mar? Os rios que atravessam áreas urbanas são vias por onde diversos materiais, descartados de forma ina- dequada, são transportados e vão parar nos oceanos; portanto, resíduos gerados em municípios distantes do mar podem ter como destino suas águas. Um exemplo é Manaus, a capital do Amazonas: com a intensa urbanização, seus mais de 90 iga- rapés passaram a receber grandes quantidades de resíduos sólidos, que são levados ao Rio Negro. Esse é afluente do Rio Amazonas que deságua no Oceano Atlântico. Estima-se que 80% dos resíduos encontrados nos oceanos são de origem terrestre, ou seja, podem ter vindo de lugares onde vivemos. No Brasil, segundo a Abrelpe, quase 2 milhões de toneladas vão parar em nosso litoral. Esse volume equivale a cobrir 7 mil campos de futebol. A fauna marinha sofre grandes impactos pela ingestão desses resí- duos que chegam aos oceanos, especialmente pedaços muito pequenos de plásticos que se degradam no mar ao longo do tempo. No topo da cadeia alimentar, os seres humanos acabam por sofrer as consequências em sua saúde também. Outro impacto negativo é na eco- nomia local de cidades litorâneas que dependem do turismo e precisam manter as águas e praias limpas para não afastar seus usuários. Ações de comunicação e enga- jamento para conscientização de banhistas nas praias, instalação de eco barreiras em rios, melhoria da coleta seletiva e fechamento de lixões são algumas das formas de prevenir e desviar o caminho que o lixo faz até o mar. E essas soluções precisam da parti- cipação das prefeituras, dos comércios, das indústrias e dos cidadãos. ■ Grande quantidade de lixo nas margens do Rio Negro em Manaus (AM), 2019. ■ Ecobarreira feita de materiais reutilizados, instalada no Canal do ABC, na zona oeste do Recife (PE), para barrar o transporte de resíduos sólidos, 2019. RU BE N S CH AV ES /F O LH AP RE SS M AR LO N C O ST A/ FU TU RA P RE SS Igarapé Canal fluvial estreito e pouco profundo que liga duas ilhas ou uma ilha à terra firme. 33 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 33D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 33 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 Um caminho de oportunidades e práticas Um dos objetivos da PNRS é estabelecer uma ordem de prioridades na gestão dos resíduos sólidos, que começa na não geração e termina na disposição dos rejeitos nos aterros sanitá- rios. Cada etapa pode ser alcançada por meio de diversas iniciativas que nos fazem repensar o consumo, a responsabilidade pelo descarte e a disposição final do lixo. A partir dessa reflexão é possível reivindicar mudanças às autoridades locais. Se não dá para evitar, reduzir e reutilizar Optar por produtos usados em bom estado ou repassar a outras pessoas os objetos e materiais que você não deseja mais são reco- mendações da política de resíduos. Há uma forte tendência na Europa e no Brasil por brechós e outros tipos de lojas que vendem roupas, equipamentos eletrônicos e objetos de decoração usados. O preço geralmente é maisbaixo do que um novo e é uma forma de poupar os recursos naturais que seriam extraídos no processo produtivo de novos produtos, além de evitar a geração de mais resíduos. Não geração Reciclagem Primeiro passo é a não geração Refletir sobre a real necessidade de comprar um produto é fundamental para reduzir a geração de lixo. Esse passo pode ser iniciado com perguntas relacionadas aos hábitos pessoais. Para reduzir a quantidade de resíduos sólidos, por exemplo, podemos planejar a quantidade de alimentos que será consumida, não comprando muitos produtos perecíveis de uma vez, evitando o desperdício. Essas ações também se relacionam com uma postura ética perante a sociedade, pois promove a reflexão sobre o trabalho necessário e os recursos naturais utilizados para o cultivo dos alimentos. “Preciso trocar todo ano o aparelho celular, mesmo estando em bom funcionamento?” “Preciso de tantas roupas?” Essas são perguntas impor- tantes para a decisão de não comprar e, assim, não gerar mais resíduos. Redução e reutilização Reciclar para não faltar! Segundo a Abrelpe, em 2018 menos de 3% dos materiais reci- cláveis gerados no Brasil foram coletados separadamente do restante do lixo. A coleta seletiva é de extrema importância para o setor da reciclagem, mas cerca de 27% dos municípios brasileiros nem sequer possuem uma iniciativa. A logística reversa é definida pela PNRS como um conjunto de ações que promovem o retorno dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada. As embalagens dos produtos que consumimos, seja de papelão, plástico, metal ou vidro, devem ser recolhidas por meio da coleta seletiva. E, uma vez preparadas para a compra pela indústria, serem recicladas e utilizadas em novos produtos. Lâmpadas, medicamentos, equipamentos eletroeletrônicos, pilhas e baterias, entre outros produtos, também devem ser recolhidos por meio da logística reversa. ■ Logo da iniciativa #SemDesperdício lançada pela WWF, FAO e Embrapa, para conscientizar os brasileiros sobre o desperdício de alimentos. EM BR AB A/ W W F/ LO G O TI PO # SE M D ES PE RD ÍC IO RI KK YA LL /S H U TT ER ST O CK .C O M /E D IT O RI A D E AR TE 34 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 34D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 34 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 Disposição final Tratamento Tratamento como solução Como já apresentado anteriormente, metade dos resíduos sólidos coletados no Brasil são orgânicos, como restos de comida. Para esse tipo de resíduo há muitas possibilidades de tratamento, como a com- postagem e a biodigestão. A compostagem é uma técnica que estimula a decomposição de resíduos orgânicos e gera um material rico em nutrientes, que pode ser aplicado no cultivo de alimentos. A biodigestão é um método anaeróbico (ausência de oxigênio) que promove a decomposição de resíduos orgânicos e gera biogás, utilizado como combustível e na produção de energia elétrica. Há também uma parte dos resíduos sólidos que não pode ser reciclada ou passar por diferentes trata- mentos como os descritos acima. O aproveitamento energético é uma alternativa que deve ser planejada e considerada no tratamento desses resíduos, e que consiste em técnicas como a incineração, que gera eletricidade. Aterro sanitário só no final Os rejeitos que sobram tanto da recicla- gem como das formas de tratamento devem ir para locais como os aterros sanitários. Essas unidades devem reali- zar a captação do biogás gerado em seu interior e, de preferência, aproveitá-lo para a geração de eletricidade ou com- bustível a gás. ■ Compostagem de matéria orgânica em Caetité (BA), 2019. ■ Fardos de plástico separados para a reciclagem, no Rio de Janeiro (RJ), 2019. CA RL D E SO U ZA /A FP CH IC O F ER RE IR A/ PU LS AR IM AG EN S 35 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 35D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 35 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 O que o mundo faz com os resíduos sólidos Um estudo do Banco Mundial estima que mais de 2 bilhões de tone- ladas de resíduos sólidos são gerados ao ano, podendo chegar a quase 4 bilhões até 2050. A distribuição desses resíduos varia entre as regiões do mundo. Veja o gráfico a seguir. Geração de lixo, por região do mundo, 2016 14% 9% 20% 11% 17% 23% Leste Asiático e Pací�co Oriente Médio e Norte da África África Subsaariana América Latina e Caribe América do Norte Sul da Ásia Europa e Ásia Central 6% Fonte: WORLD BANK GROUP. What a waste 2.0. A global snapshot of solid waste management to 2050. Washington, 2018. p. 19. Disponível em: https:// openknowledge.worldbank.org/ handle/10986/30317. Acesso em: 4 ago. 2020. Segundo dados do Banco Mundial, embora representem apenas 16% da população do mundo, os países mais ricos geram 34%, ou 683 milhões de toneladas, dos resíduos mundiais. Bermudas, Canadá e Estados Unidos produzem a maior quantidade média de resíduos per capita, com 2,21 kg por dia. A média global estimada é a geração de 0,74 kg per capita/dia. Mundo: composição dos resíduos sólidos, 2016 44% 5%4% 14% 17% 12% 2% 2% Borracha e couro Madeira Alimentos Vidro Metal Outros Papel e papelão Plástico 44% 5%4% 14% 17% 12% 2% 2% Borracha e couro Madeira Alimentos Vidro Metal Outros Papel e papelão Plástico 44% 5%4% 14% 17% 12% 2% 2% Borracha e couro Madeira Alimentos Vidro Metal Outros Papel e papelão PlásticoFonte: WORLD BANK GROUP. What a waste 2.0. A global snapshot of solid waste management to 2050. Washington, 2018. p. 29. Disponível em: https:// openknowledge.worldbank.org/ handle/10986/30317. Acesso em: 4 ago. 2020. SO N IA V AZ SO N IA V AZ 36 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 36D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 36 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/30317 https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/30317 A composição média dos resíduos globais demonstra que, em geral, o mundo desperdiça uma quantidade considerável de alimentos e a fração orgânica se aproxima da metade de tudo o que é gerado. Observe o gráfico da página anterior. De todos os resíduos coletados no mundo em 2016, cerca de 33% tiveram destino inadequado em lixões, 37% foram enviados para aterros sanitários, 19% foram para a reciclagem e compostagem e 11% para incineração. Destinação dos resíduos sólidos, por região do mundo, 2016 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Despejo a céu aberto Aterro Compostagem Reciclagem Incineração % Leste Asiático e Pací�co 54,3% 33,3% 12% 2% 75% 34% 24% 24%46% 20% 52,4% 25,6% 26,8% 68,5% 25,9% 10,7% 17,8% 6,6% 4,5% 4% 4% 0,4% 5% 9% 9% 16% 18% 69% América do Norte Sul da Ásia Oriente Médio e Norte da África Europa e Ásia Central África Subsaariana América Latina e Caribe <1% <1% <1% Nota: Algumas porcentagens indicadas no grá�co não somam 100%. Isso se deve ao arredondamento feito em cada uma das categorias. Fonte: WORLD BANK GROUP. What a waste 2.0. A global snapshot of solid waste management to 2050. Washington, 2018. p. 35. Disponível em: https:// openknowledge.worldbank.org/ handle/10986/30317. Acesso em: 4 ago. 2020. Como é possível analisar no gráfico acima, cada uma das sete regiões do mundo possui um sistema próprio de gestão e tratamento de resíduos sólidos. As diferenças são claras: enquanto em algumas regiões no mundo o lixo é destinado à reciclagem e a outros métodos de reaproveitamento, sendo um recurso utilizado como valioso para a preservação de recursos naturais e geração de energia, em outras regiões o lixo é depositado em locais inadequados, como os lixões, e apenas uma pequena parte é reaproveitada. SO N IA V AZ NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM 1. No gráfico “Destinação dos resíduos sólidos, por região do mundo, 2016”, em qual região o Brasilestá localizado e de que forma o sistema nacional se parece com a análise regional? 2. Com base na hierarquia da gestão dos resíduos sólidos, definida na Política Nacional dos Resíduos Sólidos, discutida nas páginas 34 e 35, analise o gráfico da destinação dos resíduos nas diferentes regiões do mundo e debata com seus colegas sobre quais regiões se aplicam os conceitos da ordem de prioridades. 37 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 37D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 37 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/30317 NÃO ESCREVA NO LIVROATIVIDADES> Composição dos resíduos sólidos por nível de renda dos países, 2016 32% 5% 6% 11% 25% 13% 4% 4% 54% 4% 2% 15% 12% 11% 1% 1% 53% 3%2% 17% 12,5% 11% <1% 1% 56% 1% 2% 27% 7% 6,4% <1% Borracha e couro Madeira A. Alta renda B. Renda média-alta C. Renda média-baixa D. Baixa renda Alimentos Vidro Metal Outros Papel e papelão Plástico 1. Observe a composição dos resíduos sólidos gerados em países divididos em quatro níveis de renda. a) Quais frações variam mais entre os níveis de renda? Qual sua opi- nião sobre isso? b) Quais frações variam menos? c) Considerando o dado sobre a produção de resíduos sólidos orgânicos no Brasil, apresentado neste capítulo, a qual composi- ção de renda mais se aproxima o Brasil? d) Afinal, como o mundo se com- porta na geração de resíduos? Converse com os seus colegas sobre ações e responsabilida- des que podemos tomar para mudar o tipo e quantidade de resíduos sólidos que geramos. Será que essas ações pode- riam ser aplicadas a todas as culturas? 2. A pintura abaixo foi feita em bueiros na cidade de Sintra, em Portugal. Reflita: A qual problema ela se refere? Qual é o objetivo da mensagem? Fonte: WORLD BANK GROUP. What a waste 2.0. A global snapshot of solid waste management to 2050. Washington, 2018. p. 30. Disponível em: https:// openknowledge.worldbank.org/handle/10986/30317. Acesso em: 4 ago. 2020. SO N IA V AZ SM AS /S IN TR A ■ Pintura realizada ao lado de um bueiro em Sintra, Portugal, 2019. 3. Como sua família faz a gestão dos resíduos sólidos que vocês geram? Afinal, quanto e o que é gerado? A sugestão desta atividade é que você avalie os resídu- os sólidos gerados em sua casa em um dia. Para isso, tome nota: a) do que é orgânico: faça anotações do que foi descartado nas principais refeições do dia, consi- derando os resíduos do preparo de alimentos e os restos de comida que foram para o lixo. b) do que é reciclável: anote as embalagens de ali- mentos (por exemplo iogurtes e bolachas, restos de papel e papelão, entre outros). 38 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 38D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 38 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/30317 • Dos dois tipos de resíduos, qual apresentou maior volume? E que hábitos você pode mudar para evitar uma geração menor de resíduos? 4. O post abaixo, feito em uma rede social pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, teve 963 curtidas. Foi a publicação com o maior número de curtidas dessa associação. ■ Post da Abrelpe feito em maio de 2020. ■ Histórico das publicações mais curtidas da rede social da Abrelpe, em setembro de 2020. ■ Informações sobre os seguidores da Abrelpe em rede social, em setembro de 2020. a) A quantidade de curtidas é a base para qualquer métrica de rede social. “Gari”, a publicação mais curtida da Abrelpe, está dentro ou fora da média das últimas doze publicações? Explique. b) Sabendo que a página da Abrelpe contava com aproximadamente 2 960 seguidores, em setembro de 2020, você considera que as postagens dessa associação são de im- pacto? Por quê? c) Considerando que a quantidade de curtidas mede como o conteúdo está atingindo as redes sociais, como você ca- racterizaria o alcance das publicações da associação? d) A rede social utilizada pela Abrelpe apre- senta informações sobre o público que segue a associação. Qual a localização dessas pessoas? Qual é a faixa etária da maioria dos seguidores? e) O que você achou da publicação mais curti- da? Qual a importância dos garis dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos? IL U ST RA Çà O : C AR LO S AN D RÉ P ER EI RA D A SI LV A (@ CA RL O SA N D RE G RA FI TE )/ AB RE LP E @ AB RE LP E @ AB RE LP E 39 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 39D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 39 21/09/2020 01:2121/09/2020 01:21 Mulheres, empoderamento e desenvolvimento sustentável Uma das declarações feitas durante a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável em 212 (Rio+2) foi a de que as mulhe- res têm funções centrais e transformadoras no desenvolvimento sustentável e que a igualdade de gênero deve ser prioridade das ações em áreas como participação e liderança econômica, social e política. A igualdade de direitos entre homens e mulheres é tratada em diversos documentos nacionais e internacionais, inclusive na Declaração Universal dos Direitos Humanos promulgada em 1948. Apesar disso, as mulheres continuam a enfrentar discriminação, marginalização, exclu- são e violência. Nas últimas décadas, a maior participação feminina no mercado de trabalho, nas universidades e na liderança de diversas instituições trouxe à discussão a questão do empoderamento das mulheres em diferen- tes setores, por exemplo o político e o científico. O empoderamento feminino fortalece a economia, promove a melhoria da qualidade de vida de todos e é uma garantia para o desenvolvimento sustentável. A sustentabilidade não é possível sem a participação efetiva das mulheres. Ainda no Ensino Médio, Juliana Estradioto (2-) começou a desen- volver uma pesquisa para transformar a casca da noz de macadâmia em um material sustentável que substitui, por exemplo, curativos e sacos plásticos produzidos principalmente a partir de material sintético. ■ Painel produzido pelo artista Adn, Adriano dos Santos Damasceno (1985-), com o tema “Mulher no Poder e na Liderança”, para a exposição itinerante Pequim+20 em Graffiti (2014), iniciativa que faz parte do debate promovido pela ONU Mulheres sobre os avanços para a igualdade de gênero, desde o estabelecimento da Plataforma de Ação de Pequim, em 1995. CO LE Çà O P AR TI CU LA R / A D RI AN O D O S SA N TO S D AM AS CE N O /A D N 40 DIÁLOGOS> EU TAMBÉM POSSO> D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 40D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 40 23/09/20 23:2623/09/20 23:26 O trabalho de Juliana trouxe-lhe prêmios e reconhecimento inter- nacional. No aspecto ambiental, a pesquisa de Juliana pode trazer ao menos dois tipos de benefício: • diminuir os resíduos da macadâmia, que acabam sendo, na maior parte, jogados em aterros sanitários ou queimados para produzir energia; • reduzir a produção e o uso de materiais plásticos e borrachas sintéticas que, em sua maioria, não são biodegradáveis e nem sempre são recicláveis. 1. Como a fala de Juliana, apresentada a seguir, se relaciona com o empoderamento de mu- lheres no Brasil? [...] “Ter feito pesquisa no Ensino médio mudou minha vida comple- tamente e eu acho que tem que dar essa oportunidade para cada vez mais jovens das mais diferentes realidades do país. Educação tem essa capacidade transformadora”. [...] ESTUDANTE gaúcha que ganhou o Prêmio Jovem Cientista é uma das vencedoras da maior feira de ciências do mundo. Clic Camaquã, 18 maio 2019. Disponível em: https://www.cliccamaqua.com.br/noticia/39944/estudante-. Acesso em: 26 ago. 2020. 2. Se fossem fazer uma pesquisa relacionada a soluções sustentáveis para sua comunidade, o que vocês pesquisariam? Há produtos locais que podem ser reaproveitados? Há problemas ambientais que precisam de soluções? 3. Pode ser que você ou alguémque conheça já tenha sonhado ou sonhe ser cientista. Muitas vezes, a visão que se tem de um cientista é daquele profissional que fica trancado em um laboratório fazendo experiências com tubos de ensaio e microscópios. Embora também possa fazer isso, esse profissional realiza muitas outras atividades, e em diferentes áreas, como Medicina, Comunicação, História, Sociologia e tantas outras. Além disso, qualquer pessoa pode se tornar cientista, desde que tenha uma grande vontade de contribuir na busca de soluções para os problemas enfrentados pela sociedade, além de estudar bastante e desenvolver habilidades. Na sua opinião, que habilidades socioemocionais são im- portantes para a formação de um cientista? Como as políticas públicas e a iniciativa privada podem contribuir? Discuta essas questões com seus colegas e busquem informações para complementar a resposta. ■ Juliana Estradioto ganhou o Prêmio Jovem Cientista em 2018 e foi uma das vencedoras da maior feira de ciências do mundo. Fotografia em Brasília (DF), 2018. AC ER VO P ES SO AL NÃO ESCREVA NO LIVRO 41 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 41D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21_AVU2.indd 41 23/09/20 23:2623/09/20 23:26 DIAGNÓSTICO II: RESPONSABILIDADE DOS CIDADÃOS E DAS EMPRESAS Nesta etapa, vocês irão aplicar questionários sobre os cuidados com os resíduos sólidos nas residências da comunidade, como a separação de materiais recicláveis e a destinação correta do lixo. Os questionários podem ser aplicados pessoalmente ou enviados por mensagem eletrônica. Junto com o questionário é importante formular um breve texto explicando o objetivo da pes- quisa e a importância das respostas, procurando despertar o interesse em quem irá recebê-lo. Questionário é um instrumento de coleta de dados, elaborado com uma série ordenada de perguntas. Ele pode apresentar três tipos de questões: abertas, fechadas (sim ou não) ou de múltipla escolha. Vocês podem utilizar o questionário-modelo apresentado a seguir. No entanto, sugerimos que ele seja ampliado, contemplando aspectos específicos da comunidade. O ideal é que ele tenha, no máximo, 10 questões semiestruturadas. Na elaboração do questionário, sugerimos o uso de perguntas fechadas para facilitar o tra- balho de tabulação. As perguntas abertas são mais complexas, de difícil tabulação e análise, apesar de possibilitarem investigações mais precisas e profundas. Caso necessário, utilizar somente uma pergunta aberta. Nas perguntas fechadas e de múltipla escolha é possível ela- borar questões de opinião (Você acha importante reciclar?), de avaliação (Qual a qualidade do serviço de coleta de resíduos sólidos no seu bairro?), de intenção (Se o serviço de coleta de reciclagem e de entulhos fosse disponível na sua rua, você iria participar?), entre outras. Após o recebimento dos questionários respon- didos, vocês deverão reunir e tabular os dados coletados por todos os estudantes da classe e produzir gráficos. Tabulação é a disposição dos dados em tabelas, realizada para facilitar a verificação das inter-relações; pode ser feita de forma manual ou em planilhas eletrônicas. Esse processo permite a representação gráfica dos dados obtidos. Ao final, analisem os resultados e identifi- quem quais respostas foram preponderantes. Após obter informações sobre a destinação dos resíduos sólidos gerados nas residências da comunidade, vocês irão pesquisar em grupos ações de empresas considerando a responsa- bilidade delas no ciclo de vida e na destinação correta dos resíduos, ou seja, em ações de logís- tica reversa. Pesquisem se as fábricas ou outras empresas instaladas no munícipio onde vocês estudam e/ou moram possuem programas de geren- ciamento ambiental para diminuir a geração de resíduos, se desenvolvem programas de coleta seletiva e reciclagem de materiais para que os resíduos dos produtos gerados por elas retornem à cadeia produtiva ou recebam um tratamento adequado na disposição final, como pilhas e lâmpadas fluorescentes. DIAGNÓSTICO II: RESPONSABILIDADE DOS CIDADÃOS Etapa 2 Sugestão de formulário para reunir informações sobre os cuidados com os resíduos sólidos em sua comunidade. 1. Qual a quantidade aproximada de lixo produzida por dia na sua casa? Considere o volume de um saco de lixo (em litros). Menos de 30 l De 31 l a 60 l Até 30 l De 61 l a 120 l 2. É feita a separação do lixo reciclável? Sim Qual o destino do reciclável? Catadores ou cooperativas Coleta seletiva do município Reúso e reaproveitamento O que é feito com o lixo orgânico? Coleta municipal Compostagem Outros Não Quais são os motivos? Não há coleta seletiva no município Dá trabalho Outros 42 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 42D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 42 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 > SAIBA MAIS Lixo extraordinário Direção: Lucy Walker. Brasil/Reino Unido, 2010. DVD (98 min). Documentário filmado ao longo de dois anos, entre agosto de 2007 e maio de 2009, que acompanhou o trabalho do artista brasileiro Vik Muniz com catadores de materiais recicláveis no lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ). Estamira Direção: Marcos Prado. Brasil, 2006. DVD (121 min) Documentário a respeito de Estamira Gomes de Souza, catadora de materiais recicláveis no lixão de Gramacho, em Duque de Caxias (RJ), e que sofre de distúrbios mentais. As falas de Estamira misturam um discurso filosófico e poético com frases muitas vezes sem sentido. Em muitos momentos, Estamira analisa questões de interesse global com profundidade e lucidez. Os delírios de consumo de Becky Bloom Direção: P. J. Hogan. Estados Unidos, 2009. DVD (106 min). Comédia estadunidense sobre uma mulher consumista e ambiciosa que tem como sonho trabalhar em uma revista de moda. O filme foi baseado na série de livros “Delírios de consumo”, escrita por Sophie Kinsella, e que se tornou um best-seller mundial. Ecologia industrial: conceitos, ferramentas e aplicações Biagio F. Giannetti e Cecília M. V. B. Almeida. São Paulo: Edgard Blücher, 2006. O livro apresenta metodologias e aplicações de conceitos aplicadas em alguns países, incluindo o Brasil, para a solução de problemas ambientais e busca por competitividade baseada em processos industriais mais sustentáveis. Ilha das Flores Direção: Jorge Furtado. Brasil, 1989. Vídeo (13 min). Disponível em: http://portacurtas.org.br/ filme/?name=ilha_das_flores. Acesso em: 27 ago. 2020. O curta-metragem desenvolve de forma perspicaz a relação entre seres humanos e a complexa cadeia que envolve lucro, pobreza, consumo, descarte e lixo. A história das coisas Direção: Louis Fox. Estados Unidos, 2009. Vídeo (21 min). Disponível em: https://www.youtube. com/watch?v=3c88_Z0FF4k. Acesso em: 27 ago. 2020. Documentário disponível na internet, com legendas em português, que trata sobre a origem das coisas que compramos no dia a dia e o destino delas após serem descartadas. O documentário permite diversas reflexões sobre consumo sustentável. O filme faz parte de um projeto desenvolvido pelo site <www.storyofstuff.org> (acesso em: 7 set. 2020) em que também é possível encontrar outros vídeos legendados em inglês a respeito de consumo e sustentabilidade. #SemDesperdício Disponível em: http://www.semdesperdicio.org/. Acesso em: 27 ago. 2020. Lançada pelo WWF-Brasil, em parceria com a Embrapa e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, a #Desperdício é uma iniciativa para promover a conscientização da população brasileira sobre o desperdício de alimentos e mudanças nos hábitos de consumo alimentar. 43 D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 43D3-CH-EM-3075-V5-U1-C2-024-043-LA-G21.indd 43 20/09/20 13:2720/09/20 13:27 http://portacurtas.org.br/filme/?name=ilha_das_flores https://www.youtube.com/watch?v=3c88_Z0FF4k https://www.semdesperdicio.org/ CO LE Çà O P A RT IC U LA R / T EL A BO RD A D A PO R A N TÔ N IA ZU LM A,  N G EL A, M A RI LU , M ART H A E SÁ VI A D U M O N T SO B O S D ES EN H O S D E D EM Ó ST EN ES V A RG A S. 44 UNIDADE 2 44 1. A instituição de datas comemorativas pode ter em vista dife- rentes objetivos. Em muitos casos, essas datas são instituídas para lembrar a sociedade de um tema importante. Assim, qual a importância do dia 22 de março no sentido de pro- mover o acesso a água limpa e segura à população mundial, considerando as ações de governos, empresas, indíviduos, ONGs e outros atores da sociedade? 2. Observe atentamente cada elemento representado na obra de arte reproduzida nestas páginas. Aponte aspectos nos quais se nota a integração das pessoas com a paisagem. Recursos naturais: usos e abusos Em 1993, a Organização das Nações Unidas (ONU) insti- tuiu o dia 22 de março como Dia Mundial da Água. Nessa data, todos os anos, é lançada um tema relacionado à água. Em 2019, o tema “Não deixe ninguém para trás” teve o objetivo de reforçar o acesso a água limpa e segura como um dos direitos humanos fundamentais, de acordo com a resolução da ONU assinada em 2010. Esse é um tema central no compromisso da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, cuja finalidade é garantir que todas as pessoas ao redor do mundo se beneficiem do desenvolvimento socioeconômico. ■ Lavadeiras. Ilustração do livro Menino do Rio Doce, de Ziraldo, publicado por Cia. das Letrinhas, em 1996. Bordados de cambraia de linho, técnica utilizada: aquarela e bordado espontâneo a fios soltos e malabares. NÃO ESCREVA NO LIVRO D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 44D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 44 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 45 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 45D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 45 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 3 CAPÍTULO Visões de natureza D o que depende o modo como a sociedade se relaciona com a natureza? O que determina nossas visões sobre a natureza? Será que, ao longo da história e nas diferentes culturas, houve diferentes visões? Observe as imagens a seguir e perceba, em cada caso, como essa relação acontece. Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo e sobre o trabalho com as atividades. ■ Vista aérea do Rio Tietê na cidade de São Paulo (SP), 2018. O modelo de urbanização da capital paulista priorizou as avenidas para estimular a indústria automobilística, retificando as margens do rio e eliminando as áreas de várzea. ■ Sobre as extensas terras aplainadas, conhecidas como chapadas, uma apanhadora de flores sempre-vivas aparece como parte do sistema agrícola tradicional na Serra do Espinhaço, em Diamantina (MG), 2015. As comunidades tradicionais da Serra do Espinhaço exploram os recursos locais de maneira sustentável, garantindo a subsistência das famílias e mantendo a sua identidade. TA LE S AZ ZI /P U LS AR IM AG EN S J.R .R IP PE R/ IM AG EN S H U M AN AS 46 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 46D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 46 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 As visões sobre a natureza foram construídas historicamente e refletem o modo como as sociedades se relacionam com o ambiente. Essas visões não são neutras e muitas vezes expressam os discursos dominantes de cada época. Um exemplo disso é quando se fala que uma floresta é um meio de produção de riquezas. Essa visão justifica a exploração dos recursos naturais e reforça o discurso dominante de que a natureza está a serviço do ser humano e pode ser explorada livremente. Há visões que integram a relação ser humano-natureza, como os povos indígenas. Para eles não existe uma separação entre a sociedade e a natureza. A natureza não é pensada como algo à disposição dos seres humanos, que podem explorá-la livremente. Essa visão contrasta com aquela que por muito tempo foi praticamente unânime entre as sociedades ocidentais, na qual existe uma clara separação entre o ser humano e a natureza. Essa perspectiva pode ser classificada como uma visão dualista e é muito antiga no pensamento ocidental, colocando, em geral, o ser humano acima do mundo natural. A visão dualista justifica a ideia de que a natureza está subordi- nada aos interesses da sociedade. Assim, os grupos humanos podem explorá-la ao máximo para satisfazer as necessidades de alimentação, de abrigo e como fonte de matérias-primas para se desenvolver tecno- logicamente e transformar seu entorno. A partir dessa visão dualista, os seres humanos percebem a natureza a partir da abundância ou da escassez, da beleza ou de sua destruição, como solução ou problema, lucro ou prejuízo. Por essa razão, é muito importante entender de que maneira essa visão foi construída ao longo do tempo e como continua influen- ciando o modo de pensar e agir das sociedades urbano-industriais contemporâneas, propagando as ideias de que os recursos naturais podem ser explorados indefini- damente e que os humanos são excepcionais e se distinguem dos demais seres vivos. Refletir acerca das visões construídas sobre a natureza é uma forma de pensar critica- mente os impactos das ações humanas, os riscos que eles ofere- cem para a vida de todos os seres vivos e lutar contra a degradação ambiental que marcou o planeta nas últimas décadas. ■ Grafite em muro no centro da cidade de Cambuí (MG), 2018. Nas áreas urbanas, geralmente onde há menor presença de vegetação, os elementos naturais contrastam com elementos artificiais na paisagem. As intervenções artísticas urbanas podem dialogar com esses elementos de diferentes formas. JO ÃO P RU D EN TE /P U LS AR IM AG EN S 47 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 47D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 47 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 As diferentes visões de natureza na evolução da humanidade A natureza assume significados distintos segundo os valores e os objetivos de cada agru- pamento humano. A relação entre seres humanos e natureza, ao longo do tempo, é expressa por uma situação complexa na qual a sobrevivência depende da forma como os grupos humanos se relacionam com o meio no qual estão inseridos e o transformam, e, ao mesmo tempo, de que maneira o meio afeta e influencia a forma como esses grupos se organizam. É nesse movimento de influências recípro- cas que as sociedades humanas refletiram sobre o impacto da natureza na organização social, bem como no papel desempenhado pelos seres humanos em sua relação com a natureza. Como vimos, essas visões variaram muito ao longo do tempo e ainda são bem diferentes nos dias de hoje, de acordo com a maneira de pensar e as concepções de mundo de diferentes sociedades. Contudo, o pensa- mento baseado em uma concepção que coloca o ser humano em primeiro plano e suas necessidades acima das necessidades das demais espécies, justificando o usufruto dos recursos naturais do planeta, em larga medida ainda guia o modelo de desenvolvimento em nossa sociedade. No pensa- mento ocidental, a origem dessa concepção reside em alguns pensadores gregos que se utilizavam do dualismo para conceber as relações entre o ser humano e o ambiente. O dualismo no pensamento grego O pensamento filosófico grego refletiu longamente sobre a questão das relações entre seres humanos e a natureza, gerando visões distintas. Segundo os pensadores pré-socráticos, não havia uma clara separação entre os seres humanos, os animais e os vegetais. A visão dominante entre esses pensadores opunha o reino vivo e o reino não vivo. Nessa perspectiva, Pitágoras (c. 570 a.C.-c. 495 a.C.) considerava que a alma humana, a animal e a vegetal tinham a mesma natureza. Existiam diferen- ças físicas entre esses seres, mas a essência da alma era a mesma. De forma semelhante, Anaxágoras (c. 500 a.C.-428 a.C.) entendia que a essência de ■ Cultivo de arroz por meio de terraceamento em Yuanyang (China), 2019. Essa técnicaagrícola de plantio permite a conservação dos solos e a ampliação dos espaços agricultáveis. ZHANG HONGKE/VCG/GETTY IMAGES 48 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 48D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 48 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 todos os seres vivos era a mesma, o que variava era a quantidade de razão presente em cada uma delas. Sócrates (469 a.C.-399 a.C.) e Platão (c. 428 a.C.-347 a.C.), porém, critica- ram essa visão e passaram a defender uma visão dualista dos seres. Para eles, os humanos, dotados de razão, diferenciavam-se dos animais, que só podiam usar o instinto. Essa visão criava uma hierarquia entre seres vivos, na qual os humanos se encontravam acima das demais espécies. Essa tese não se tornou con- sensual no pensamento grego. Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), por exemplo, defendeu que, embora a razão fosse uma propriedade exclusiva dos humanos, existia uma equivalência funcional entre todos os seres vivos. Essa oposição entre duas visões, uma que via o humano como um ser essencialmente diferente e outra que se centrava no equilíbrio e reconhecia todas as espécies como iguais, influenciou durante muito tempo o pensamento medieval e humanista. A partir do início da Idade Moderna, a primeira, denominada visão antropocêntrica, consolidou-se como dominante. ■ BOTTICELLI, S. O nascimento de Vênus. 1482-1485. Têmpera sobre tela, 172,5 cm × 278,5 cm. Galleria degli Uffizi, Florença, Itália. NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM Observe essa famosa pintura renascentista. Com a ajuda de seu professor, faça uma breve pesquisa a respeito desse movimento artístico e responda às questões. 1. Qual é a temática dessa pintura e o que ela re- presenta para o contexto histórico da época? 2. Como a natureza e as formas humanas são caracterizadas nessa pintura? G AL LE RI A D EG LI U FF IZ I, FL O RE N ÇA , I TÁ LI A. 49 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 49D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 49 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 O dualismo no pensamento moderno Um dos pontos centrais na construção do dualismo moderno é a obra do filósofo francês René Descartes (1596-1650). Esse pensador se dedicou a refletir sobre a produção do conhecimento humano de modo a construir uma base filosófica sólida que pudesse separar as ideias verdadeiras das ideias falsas. Nesse processo, ele defendeu que a única maneira de se produzir conhecimento verdadeiro é por meio da razão humana. Para Descartes, os humanos são os únicos seres dotados de razão e, por meio dela, seriam capazes de analisar a realidade e produzir conhecimento verda- deiro sobre o mundo. Assim, Descartes retoma a tese de que a razão é uma propriedade dos humanos, o que os diferencia dos demais seres do planeta. Além disso, dá um passo a mais defendendo a tese de que todos os outros seres vivos funcionam como máquinas, sujeitos apenas às leis naturais da física, não possuindo capacidade de pensar racionalmente. Para Descartes, uma máquina construída em uma oficina seria idên- tica a um animal, já que ambos agiriam de forma automática, sem a necessidade do pensamento. Com isso, esse pensador cria uma oposição radical entre os seres vivos racionais e os seres vivos não racionais. Essa visão influenciou muitos filósofos e cientistas a partir do século XVII, que retomaram e aprofundaram essa separação dualista proposta por Descartes. Nesse movimento, o pensamento científico passou cada vez mais a justificar novas formas de intervenção sobre o meio. Ao assumir que a natureza funcionava como uma máquina, tor- nava-se legítimo explorá-la de forma ilimitada, já que sempre seria possível arrumar e modificar tais máquinas de acordo com os interesses humanos. A partir do final do século XVIII, enrai- zada nas ideias iluministas, a visão de que o ser humano é capaz de conhecer e dominar a natureza por meio da ciência e da razão passou a legitimar um modelo de desenvolvimento antropocêntrico. No entanto, hoje sabemos que essa visão ameaça a própria existência desse modelo: ao não impor limites para o uso da técnica, o ser humano destrói a natureza e compromete o desenvolvimento das gera- ções futuras. ■ RODIN, A. O pensador. 1904. Escultura em bronze. Museu Rodin, Paris, França. FRI SO GE NT SCH /PI CT UR E AL LIA NC E/G ETT Y IM AG ES 50 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 50D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 50 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 Leia o texto a seguir, um fragmento da obra de Descartes. Em seguida, responda ao que se pede. Se houvesse máquinas assim que tivessem os órgãos e o aspecto de um macaco ou de qualquer outro animal sem razão, não teríamos nenhum meio de reconhecer que elas não seriam, em tudo, da mesma natureza desses animais; ao passo que, se houvesse algumas que se assemelhassem a nossos corpos e imitassem as nossas ações tanto quanto moralmente é possível, teríamos sempre dois meios muito certos para reconhecer que, mesmo assim, não seriam homens [seres humanos] verdadeiros. O primeiro é que nunca poderiam servir-se de palavras nem de outros sinais, combinando-os como fazemos para declarar aos outros nossos pensamentos. [...] E o segundo é que, embora fizessem várias coisas tão bem ou talvez melhor do que algum de nós, essas máquinas falha- riam necessariamente em outras, pelas quais se descobriria que não agiam por conhecimento, mas somente pela disposição de seus órgãos”. DESCARTES, R. Discurso do método. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 63-64. (grifo nosso) 1. Por que Descartes enfatiza que as máquinas são semelhantes apenas aos animais sem razão? 2. De acordo com Descartes, quais são as características únicas dos seres humanos? 3. As Ciências Biológicas já demonstraram que as teses defendidas por Descartes com relação às diferenças entre seres humanos e animais não são verdadeiras. Em grupo, formulem argumentos para refutar a diferença proposta por Descartes. 4. A visão de Descartes sobre a natureza teve implicações éticas importan- tes, na medida em que ajudou a formular uma visão de mundo que con- sidera que o ser humano pode utilizar livremente os recursos da natureza sem se preocupar com os impactos ambientais e sofrimento causado aos animais. Do ponto de vista ético, você considera correta essa visão? Elabore um texto, no caderno, justificando seu ponto de vista. DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> NÃO ESCREVA NO LIVRO ■ Capa do livro Discurso do método publicado em Paris (França), 1668. D EA G O ST IN I/G ET TY IM AG ES 51 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 51D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 51 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 A natureza vista pelas comunidades tradicionais As chamadas comunidades tradicionais compõem-se de uma grande diversidade de agrupamentos humanos ao redor do mundo, que vivem, principalmente, no campo. Essas comunidades ainda mantêm vigentes práticas resultantes de um grande conhecimento tradicional associado, proporcionando uma exploração sustentável dos recursos naturais e a conservação da biodiversidade. A forma de essas comunidades se relacionar com a natureza evidencia uma multiplicidade de práticas extrativistas e sistemas agrícolas tradi- cionais baseados em princípios agroecológicos, nos quais o manejo dos recursos naturais ocorre de forma criativa e sustentável, a garantir sua exploração pelas gerações futuras. Além de proporcionarem a produção de alimentos saudáveis, as formas de transformação dos recursos da natureza associadas as comu- nidades tradicionais permitem manutenção e reprodução de sua cultura material e imaterial e geram menos impactos no ambiente em relação às práticas das sociedades industriais. De modo geral, essas comunidades demonstram uma relação de equilíbrio entre seres humanos e natureza e uma ampla cooperação entre os indivíduos, servindo comomodelo de práticas sustentáveis para as sociedades modernas em diversos sentidos. No Brasil, as comunidades tradicionais correspondem a mais de 230 povos indígenas, aproximadamente 3 mil comunidades quilombolas, distribuídas em 24 Unidades da Federação, e a mais de 20 outros povos e comunidades, a de ribeirinhos, caiçaras, quebradeiras de coco babaçu, entre outros, distribuídas por todo o território nacional. ■ Quebradeiras de coco babaçu em Viana (MA), 2019. Conhecimento tradicional associado Conjunto de saberes cole- tivos que são transmitidos entre gerações e acumu- lados por comunidades tradicionais ao longo do tempo, resultantes de suas práticas culturais e produtivas e relacionadas à adaptação ao ambiente e ao conhecimento acerca do patrimônio genético das regiões onde vivem. Sistemas agrícolas tradicionais Modos de produção agrícolas e/ou agroex- trativistas realizados por comunidades tradicionais e que envolvem conjuntos de saberes e formas de organização produtiva resultantes de sua herança cultural. RI CA RD O A ZO U RY /P U LS AR IM AG EN S 52 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 52D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 52 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 A sustentabilidade As comunidades tradicionais enxergam a natureza como prove- dora, mas não ignoram que sua exploração e seus produtos possam ser fonte de trabalho e renda. O conceito de sustentabilidade ganhou destaque a partir da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, em meio às preocupações internacionais sobre questões rela- cionadas à degradação ambiental e à poluição. Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações Unidas (ONU) publicou um documento intitulado Nosso Futuro Comum, introduzindo pela primeira vez o termo desenvolvimento sustentá- vel, o qual passou a ser entendido como o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capaci- dade de atender as necessidades das gerações futuras, e que asse- gura o crescimento econômico, sem esgotar os recursos para o futuro. Em 1990, o ambientalista John Elkington (1949-) cunhou o con- ceito de tripé da sustentabilidade para nortear o desenvolvimento sustentável, defendendo o princí- pio de que as atividades humanas precisam considerar, conjunta- mente, a economia, a justiça social e o equilíbrio ambiental. Social Ambiental Sustentabilidade Econômica ■ Esquema que ilustra o conceito de tripé da sustentabilidade. > DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO 1. Converse com seus colegas e, a partir de pesquisa em fontes documentais de comunidades tradicio- nais que possam existir no município onde vocês estudam, busquem descrever quais são as práticas econômicas, sociais ou culturais que expressem a relação dessas comunidades com o a natureza. 2. Caso exista uma comunidade tradicional no município de vocês, realizem uma visita e procurem retratar as práticas identificadas no item anterior. Vocês poderão fotografar e documentar aspec- tos da cultura, como uma festa ou confecção de um objeto, e das práticas agrícolas e extrativistas. Podem ainda entrevistar membros da comunidade, gravando ou filmando depoimentos. Ao final do processo, compartilhem os resultados da pesquisa (documental e/ou exploratória) com os demais colegas da escola por meio de uma exposição. Se houver possibilidade, convidem membros da comunidade tradicional visitada para uma roda de conversa sobre suas práticas e histórias. ED IT O RI A D E AR TE 53 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 53D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 53 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 ■ Seres humanos e natureza participam de complexos sistemas de interação que influenciam toda a vida na Terra. JURG EN ZI EWE/ SHUT TERS TOCK .COM Crise ambiental, novas ideologias e a ética ecológica A ideia de progresso esteve durante muito tempo associada ao mito da superabundância da natureza e à crença de que os recursos eram ilimitados e que o poder da técnica serviria para resolver os problemas ambientais. No entanto, os crescentes problemas verificados em nosso planeta exigem perceber o mundo de outro jeito, especialmente refletir acerca das consequências das ações humanas sobre a natureza. Não basta apenas uma solução técnica para os problemas ambientais, mas uma mudança comportamental em todos nós: em nossa vida pessoal, convivência social, produção, consumo e descarte de produtos, circulação e escolha de meios de transporte, entre outros exemplos. Exige, portanto, uma transformação de mentalidade e de visão do mundo. Atualmente ouvimos sempre que devemos pensar ecologicamente. Essa forma de pensar critica a racionalidade moderna e o sistema econômico capitalista. Mas do que se trata esse novo pensamento? Em um primeiro momento, a ética ambiental surge como reação à mentalidade predatória da natureza; na prática, está muito associada ao Direito Ambiental. Nessa perspectiva, no caso brasileiro, a Constituição de 1988 afirma em seu art. 225 que: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 30 ago. 2020. 54 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 54D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 54 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm De acordo com a Constituição, portanto, preservar o meio ambiente significa garantir qualidade de vida das gerações atuais e futuras. A preservação ambiental deve servir aos interesses dos seres humanos ou à vida em geral? Essa é uma questão que se coloca, levando a posições éticas antagônicas baseadas nas visões de antro- pocentrismo e de biocentrismo. Antropocentrismo e biocentrismo Como vimos anteriormente, a visão dualista se tornou referência para o desenvolvimento humano durante muito tempo, ajudando a conso- lidar a ideia da exploração da natureza para satisfação e progresso da humanidade. Esse pensamento é a base do antropocentrismo, visão que considera o ser humano o centro do Universo, sendo referência para determinar os valores (verdade, bem etc.) que orientam normas e leis em relação ao ambiente. No entanto, ao se deparar com os problemas ambien- tais, como a sociedade resolve eticamente a questão a partir dessa visão? Na visão antropocêntrica, a solução encontrada repousa na ideia de que é preciso conservar os recursos naturais porque são limitados e as gerações futuras têm direito a eles, e a preservação é realizada para satis- fazer apenas as necessidades dos seres humanos, como a contemplação das paisagens, que promovem o bem-estar físico e emocional. Essas ideias englobam uma ética de responsabilidade do ser humano para com a natureza, mas não deixam de ter como horizonte o bem-estar da própria humanidade. No século XX, porém, essa visão antropocêntrica passou a ser con- testada a partir de uma concepção baseada no biocentrismo, que coloca o ser humano como parte da natureza e no mesmo patamar dos demais seres vivos. Nesse contexto, a vida se torna o valor que orienta normas, condutas e leis. Ao considerar a vida um valor supremo, é possível mitigar as intervenções dos seres humanos que causam impactos ambientais. Do ponto de vista ético, isso implica o “dever” do ser humano de proteger a natureza, “cuidando” dela para que todas as presentes e futuras gerações possam viver de modo justo. Nessa visão, a natureza é sujeito de direito, por isso devemos respeitá-la. > MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO • Faça uma reflexão sobre a relevância, no Brasil, das unidades de conservação,terras indígenas e quilombolas na atualidade e sua relação com as comunidades tradicionais (indígenas, ribeirinhas, quilombolas etc.) que exercem atividades de subsistência nessas áreas. De acordo com a Constituição, portanto, preservar o meio ambiente significa garantir qualidade de vida das gerações atuais e futuras. A preservação ambiental deve servir aos interesses dos seres humanos ou à vida em geral? Essa é uma questão que se coloca, levando a posições éticas antagônicas baseadas nas visões de antro- Como vimos anteriormente, a visão dualista se tornou referência para 55 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 55D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 55 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 Ecocentris mo e a reintegração ser humano-natureza O pensamento biocentrista tem como foco a vida, entendendo que todo ser vivo merece consideração moral e deve ter seus direitos respeitados. Uma vertente do biocentrismo passou a defender uma visão mais abrangente, a qual parte da ideia de que todas as vidas são merecedo- ras de consideração moral não somente como entidades individuais, mas como conjuntos sistêmicos, a exemplo dos ecossistemas e biomas, valorizando a coletividade e não apenas os seres como indivíduos. Essa visão é o ecocentrismo. Com isso, a ideia de direitos que devem ser respeitados é ampliada para ecossistemas, biomas, cadeias alimentares, fluxos energéticos e a biosfera de modo geral. Uma floresta inteira, por exemplo, passa a ser vista como detentora de direitos que devem ser respeitados pelas socie- dades humanas. Nessa perspectiva, o direito de viver não é pensado a partir de distinções entre as formas de vida mais ou menos importantes, não existindo uma hierarquia entre as espécies. A natureza, portanto, é vista como um conjunto interdependente, em que cada ser ocupa seu lugar, incluindo os seres humanos. Essa vertente parte de uma postura bioempática (de se importar com a vida, seja ela qual for) levando à transformação radical das práticas de sensibilidade humana em relação à natureza. Nessa concepção, muito mais holística, as atitudes humanas em relação à natureza e às outras vidas não podem ser reduzidas a leis nem responder a direitos, afinal o “cuidado” não é normatizável. Por isso, a solução para enfrentar os problemas ambientais inclui a ideia Holístico Relativo a holismo, doutrina que busca entendimento integral dos fenômenos em contrapo- sição à visão analítica, que separa em partes. IS SO U F SA N O G O / AF P 56 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 56D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 56 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 de que o ser humano deve ser educado para ter condutas que expressem virtudes condizentes com o cuidado da vida e o respeito às comunidades de seres vivos. Assim surge uma ética ecológica, que vê a natureza como merecedora de conside- ração moral não somente enquanto serve aos interesses humanos, mas por si mesma, por ser a matriz da vida. Essa ética ecológica também pode ser entendida como um esforço de superação da lógica dualista, na medida em que se afirma a integração de todos os viventes. Os seres humanos deixam de ser seres privilegiados e passam a ser vistos como equivalentes aos demais seres vivos. Com isso, não é mais importante discutir o que há de específico no ser humano (como sua capacidade racional), mas sim o que há de comum entre todos os seres vivos (o direito de viver). Como explica o filósofo José Roque Junges (195?-), A biologia levou a humanidade ao conhecimento do fato de que todas as formas de vida e os seres humanos descendem de antepassados comuns. A biologia evolutiva mostrou o parentesco comum de todos os viajantes da aventura da vida. O conhecimento deste fato suscita amor e respeito como quando conhecemos parentes. A biologia ecológica faz tomar consciê ncia da existência de comunidades bióticas às quais estamos ligados como membros, ligações não menos estreitas do que com comunidades humanas. JUNGES, J. R. Ética ecológica: antropocentrismo ou biocentrismo? Perspectiva teológica, ano 23, n. 89, p. 43, jan./abr. 2001. Disponível em: http://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/perspectiva/article/view/801/1232. Acesso em: 31 ago. 2020. Assim, nessa perspectiva, a natureza e os seres humanos possuem uma história comum e não é possível pensá-los como entidades separadas ou opostas. > MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO • A partir do pensamento biocêntrico, houve um esforço em superar a visão dualista que marcou o pensamento ocidental ao longo do tempo. De que modo esse esforço pode ajudar a reverter os efeitos negativos das intervenções humanas sobre o meio ambiente no presente? Discuta essa questão com seus colegas e, ao final, elabore um texto justificando seu ponto de vista. 57 ■ Trecho do rio Ogooe na floresta equatorial, nas proximidades de Ndjole (Gabão), 2017. D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 57D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 57 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 http://www.faje.edu.br/periodicos/index.php/perspectiva/article/view/801/1232 NÃO ESCREVA NO LIVROATIVIDADES> 1. Leia um trecho do livro Nós e a natureza, do antropólogo Emilio F. Moran (1946-), e faça as atividades. [...] [...] A dicotomia entre natureza e cultura não faz sentido nas realidades não ocidentais, e mesmo em algumas ocidentais. Em resumo, o entendimento tanto da humanidade quanto do resto do mundo natural exige novos caminhos de reflexão sobre as interações em andamento. [...] As pessoas integram o meio ambiente e, do mesmo modo, o meio ambiente integra a pessoa. No entanto, [...] essa dicotomia está profundamente enraizada na filosofia e na prática do mundo ocidental [...]. Atualmente, essa linha filosófica ocidental para pensar natureza e humanidade, plena de equívocos, atrapalha a solução das nossas crises ambientais. [...] Se pensarmos de modo menos dicotômico, poderemos pensar de maneira mais semelhante às de outras sociedades. A dicotomia cartesiana entre homem e natureza é uma ideia específica da sociedade ocidental, não necessariamente partilhada por outras culturas. A maior parte dos povos do mundo não exterioriza a natureza dessa maneira. Ao contrário, considera o homem como parte da natureza. [...] Um dos desafios é como “reconceituar” as interações entre as pessoas e a natureza. Um passo à frente é pensar organicamente, como organismos da natureza, dando nossas próprias versões de sentido a esse processo, de acordo com nossas histórias. O pensamento dicotômico nos leva a ver as pessoas separadas da natureza, incumbidas de controlá-la para os propósitos humanos [...]. A partir desse erro, originou-se grande parte da espiral rumo à destruição que se seguiu após a Segunda Guerra Mundial, com o conjunto da natureza sendo tratado como tratamos os produtos industriais, como se fosse um todo inanimado, como se o que fizéssemos à natureza não tivesse importância para nós. [...] É uma fantasia atraente conceber os sistemas ecológicos sem nós – no passado, uma fantasia utilizada com frequência em ecologia, quando se falava de sistemas naturais sem seres humanos. E, de fato, há houve uma época, muitos milhões de anos atrás, em que isso era uma realidade. No entanto, também é verdade que, durante dezenas de milhares de anos, a humanidade teve um impacto significativo sobre a estrutura, a função, a extensão territorial e a composição das espé- cies dos ecossistemas do planeta. Esse fato apresenta duas consequências importantes em relação a como começamos a desenvolver soluções e estratégias a favor de um planeta sustentável: em primeiro lugar, houve um tempo em que não arruinávamos a Terra; em segundo lugar, a crise é relativamente recente e será reversível se agirmos com persistência e vigor. No passado, os ecologistas costumavam responsabilizar a humanidade pela nossa atual crise, e, de fato, há certo mérito nesse ponto de vista [...]. Noentanto, isso não fez com que buscássemos solu- ções. [..] A presença humana acrescenta um novo elemento de mudança nos processos da natureza. [...] se somos tão capazes de cuidar de nós mesmos, e de nos organizarmos para atingir nossos obje- tivos, por que atravessamos a crise atual? Acredito que a resposta se encontra em nossa tendência evolutiva de pensar principalmente em termos dos territórios locais ou do meio ambiente imediato, ainda que nossa capacidade atual de utilizar recursos de locais distantes tenha crescido muito. [...] MORAN, E. F. Nós e a natureza: uma introdução às relações homem-ambiente. Tradução de Carlos Szlak. São Paulo: Senac, 2008. p. 26-29. a) A qual visão sobre a natureza, entre as que você estudou no capítulo, o texto se relaciona? b) Diversas sociedades não compartilham do pensamento dualístico. Busque exemplos desse tipo de sociedade. c) Você concorda com a resposta dada pelo autor no último parágrafo do texto? Por quê? 58 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU2.indd 58D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU2.indd 58 20/09/20 17:2520/09/20 17:25 DIAGNÓSTICO III: TRABALHO DE CAMPO Nesta etapa, a proposta é que vocês façam uma investigação sobre uma pequena parte do lixo produzido em sua comunidade, com o objetivo de identificar os principais materiais que o compõem e, assim, pensar em soluções que envolvem a geração e o descarte. Para isso, vocês vão escolher o local para o trabalho de campo, que pode ser o entorno da escola, uma praça ou, se morar no litoral, a praia. No trabalho de campo vocês farão a coleta do lixo e uma ação de mutirão de limpeza, tomando os devidos cuidados de higiene (como orientado abaixo). Embora pontual e local, o mutirão pode contribuir para rever hábitos individuais (como o jogar o lixo em qualquer lugar), cobrar governos e empresas quanto às suas responsabilidades sobre o lixo e também valorizar as pessoas que trabalham diretamente com o lixo e são invisíveis para grande parte da sociedade: funcionários de limpeza e coleta e catadores autônomos ou de cooperativas. Trabalho de campo (e mutirão de limpeza) Organizar um grupo de voluntários e a distribuição de tarefas específicas: providenciar mate- riais como luvas, sacos plásticos e bonés; desenvolver uma tabela simples para o registro dos resíduos coletados com base no Formulário do mutirão de limpeza do Ministério do Meio Ambiente <https://www.mma.gov.br/agenda-ambiental-urbana/lixo-no-mar/item/15662-levan- tamento-nacional-de-mutir%C3%B5es-de-limpeza.html> (acesso em: 31 ago. 2020); planejar o mutirão: dia, horário e a área-objeto da ação; escolham uma área tranquila, considerando o trânsito local e a passagem das pessoas. Para todos os casos, será necessário enviar uma comunicação à prefeitura do município pedindo a autorização para o mutirão. No fim do registro dos materiais, a disposição final correta dos resíduos será feita pela prefeitura. No trabalho de campo, além de coletar o lixo, observem também se há lixeiras no local. Se houver: Elas estão cheias? Estão acessíveis? Há quantidade suficiente? Há lixeiras para coleta seletiva? Registro 1. Chegou o momento de registrar tudo o que foi encontrado. Escolham uma sala, forrem uma mesa com um plástico de cor neutra ou uma lona, e despejem o conteúdo coletado. 2. Separem os materiais por tipo: canudos, hastes de pirulito, papéis, lacres de latinha, tampas de garrafa e fragmentos de plástico. 3. Anotem na planilha a quantidade contabilizada de cada tipo. Análise e ações Analisem os dados e respondam: 1. Qual o tipo de resíduo mais encontrado? Por que esse tipo de resíduo se destaca no local? É possível saber se o lixo é gerado no local ou se é trazido pela água ou pelo vento, por exemplo? 2. A quantidade de lixo encontrado tem relação com a presença ou ausência de lixeiras? 3. É possível identificar a origem a partir da análise das atividades realizadas no entorno da área pesquisada? 4. Considerando os materiais encontrados, que ações podem ser feitas para reduzir a quanti- dade de lixo e para o descarte adequado? Etapa 3 59 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 59D3-CH-EM-3075-V5-U2-C3-044-059-LA-G21_AVU1.indd 59 20/09/20 16:5220/09/20 16:52 https://www.mma.gov.br/agenda-ambiental-urbana/lixo-no-mar/item/15662-levantamento-nacional-de-mutir%C3%B5es-de-limpeza.html 4 CAPÍTULO Todos têm sede, mas nem todos têm água Com grande parte do território banhado por caudalosos e extensos rios, além de contar com importantes reservas de água no subsolo, o Brasil sempre foi considerado uma potência hídrica. No entanto, fatores como a má gestão de governos e empresas, os impactos socioambientais, a intensa urbanização, a cultura do desperdício e as questões relacionadas ao clima geraram crises de abastecimento em muitos lugares do país. Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo e sobre o trabalho com as atividades. Especialistas afirmam que a quantidade de água disponível no planeta Terra é a mesma desde sua origem, há 4,6 bilhões de anos. Se a quantidade permanece inalterada no planeta, por que ela desapareceu em alguns lugares ou está desaparecendo? As crises de abastecimento, acesso e consumo de água potável são fenômenos isolados ou mun- diais? Por que aumentou o consumo de água no mundo? Por que o acesso à água se dá de maneira tão desigual? Como os recursos hídri- cos estão distribuídos no espaço geográfico? Como você pode notar, o tema traz à discussão muitas questões, algumas das quais serão abor- dadas neste capítulo. ■ A carcaça de um carro abandonado na represa de Atibainha, em Nazaré Paulista (SP), que faz parte do Sistema Cantareira responsável pelo abastecimento de parte da Região Metropolitana de São Paulo, tornou- -se um dos símbolos da crise hídrica no estado de São Paulo, entre 2014 e 2016. À esquerda, a carcaça com a intervenção do artista Mundano, em dezembro de 2014. À direita, a mesma carcaça e o nível de água maior no reservatório, em fevereiro de 2015. Recurso hídrico Corresponde às águas disponíveis em rios, lagos, mares, oceanos, geleiras e aquíferos para o uso em atividades humanas. TI AG O Q U EI RO Z/ ES TA D ÃO C O N TE Ú D O /A E CL AY TO N D E SO U ZA /E ST AD ÃO C O N TE Ú D O /A E 60 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 60D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 60 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM 1. Cite dois países entre os que têm os maiores níveis de disponibilidade de água doce per capita. 2. Se um país tem alta disponibilidade de água per capita, significa que todo seu território tem a mesma distribuição dos recursos hídricos? Explique. Dessalinização Processo de retirada ou redução do sal e outros minerais da água. Disponibilidade hídrica De toda a água existente na Terra, 97,5% dessa água, que é salgada, está nos oceanos, e, para ser aproveitada para o consumo humano ou para a irrigação, deve passar por um pro- cesso de dessalinização. A água doce corresponde a apenas 2,5% do total da água existente na Terra. Além de a quantidade de água doce disponível ser pequena, em relação ao total, ela varia muito entre as regiões do planeta. Observe o gráfico ao lado e o mapa a seguir. Fonte: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Consumo sustentável: manual de educação. Brasília: DF, 2005. p. 28. Fonte: FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS (FAO). Aquastat. Disponível em: http://www.fao.org/nr/water/aquastat/maps/world-map.ww.cap_eng.htm. Acesso em: 20 ago. 2020. Terra: distribuição de água 0,3% Água doce Água salgada Geleiras e neves eternas Rios e lagos Águas subterrâneas Solo, pântanos e geadas Total global (água) 2,5% 97,5% 2,5% do total global (água doce) 68,9% 29,9% 0,9% Mundo: disponibilidade hídrica per capita, 2016 < 97,67 < 254,2 < 420,2 < 812,0 >= 812,0 Sem dados Disponibilidade hídrica (em m3/habitante/ano)0º 0º Círculo Polar Ártico Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Círculo Polar Antártico Equador OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO M er id ia no d e G re en w ic h OCEANO GLACIAL ÁRTICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0 3350 SO N IA V AZ AL LM AP S 61 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU2.indd 61D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU2.indd 61 20/09/20 17:1020/09/20 17:10 http://www.fao.org/nr/water/aquastat/maps/world-map.ww.cap_eng.htm Demanda por água Dos setores produtivos, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a agricultura é o setor que mais utiliza água, sendo responsá- vel por 69% das retiradas totais. Já os setores industrial e doméstico representam os restantes 19% e 12%, respectivamente. Na indústria, os maiores consumidores são metalúr- gicas, siderúrgicas, petroquímicas e indústrias de produção de papel. Há, no entanto, diferenças entre os países, pois os de renda mais elevada têm uma proporção muito maior de captação para a indústria do que os menos desenvolvidos. Observe o gráfico ao lado. Até o século XIX, a demanda mundial por água cresceu gradual- mente, sendo acelerada no século XX a partir da década de 1950, como pode ser observado no gráfico ao lado. Os principais fatores que explicam esse crescimento são o aumento populacional e de consumo e a expansão urbana e de atividades industriais e agrícolas. No século XXI, o crescimento da demanda foi impul- sionado pelo aumento de produção e consumo de bens industrializados, recursos naturais e energéticos. Esses fatores resultam na necessidade cres- cente de água potável, para saúde e saneamento, produção de alimentos e outros bens e serviços. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a demanda mundial vai crescer 55% até 2050. Mundo: retirada de água total e por grupo de países (por setor), 2014 Fonte: FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS (FAO). Water uses. 2010. Disponível em: www.fao.org/nr/water/aquastat/water_use/ image/WithTime_eng.pdf. Acesso em: 20 ago. 2020. Fonte: ATLANTE GEOGRAFICO DE AGOSTINI. Novara: Istituto Geografico De Agostini, 2015. E11. Em % do total Mundo Países de baixa renda Países com renda média baixa Países com renda média alta Países com alta renda 100 0 10 60 70 80 90 20 30 40 50 Uso domésticoAgricultura Indústria Retirada global de água total, 1900-2010 500 0 1 000 1 500 2 000 2 500 4 500 4 000 3 500 3 000 Ano 19 00 19 10 19 20 19 30 19 40 19 50 19 60 19 70 19 80 19 90 20 00 20 10 *Evaporação de lagos arti�ciais. Reservatórios* Municípios Indústrias Agricultura Em km³/ano SO N IA V AZ SO N IA V AZ 62 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU2.indd 62D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU2.indd 62 20/09/20 17:1320/09/20 17:13 http://www.fao.org/nr/water/aquastat/water_use/image/WithTime_eng.pdf No mapa a seguir, foram usadas duas soluções cartográficas para representar as informações: • Cartograma: a forma dos países não corresponde aos limites do território e o tamanho de cada um varia de acordo com a informação representada. • Variável valor: os valores são percebidos pela variação da tonalidade da cor, do claro para o escuro. Observe o mapa e, depois, responda às questões. DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> 1. No mapa foram representadas duas informações. Quais são elas? Que soluções cartográficas foram usadas para representar cada uma delas? 2. O tamanho dos territórios representados no mapa corresponde ao real? Explique sua resposta apon- tando exemplos. 3. Em que continente há países com maiores percentuais de população sem acesso à água? Em que países a situação é mais grave? 4. Em que continente está o maior número de pessoas sem acesso à água? Calcule, de forma aproxi- mada, esse número nos dois países onde a situação é mais crítica. 5. Analise a situação do Brasil de acordo com os dados do mapa. Verifique as duas informações repre- sentadas e compare com os dados de outros países. 6. Considerando as duas informações representadas no mapa, explique por que países com tamanhos maiores, como China e Índia, não são representados com tonalidades mais escuras. Mundo: população sem acesso à água, 2010 Fonte: BLANCHON, D. Atlas mondial de l’eau: de l'eau pour tous. Paris: Autrement, 2013. p. 56. Madagascar Moçambique Somália Iêmen Índia Bangladesh China Etiópia Quênia Tanzânia Ug an daNigéria S ud ão Cam. Mali Níger Sri Lanka Timor Leste Papua Nova Guiné Camboja Indonésia V ie tn ã M ia nm ar Fi lip in as La os Mongólia Cazaquistão Uzbequistão P aq ui st ão AfeganistãoTurquia Síria IraqueChade Argélia Marrocos Mauritânia Burkina Faso Senegal Guiné México Cuba Haiti Nicarágua Venezuela Brasil Bolívia Chile Peru Colômbia Equador Paraguai Argentina *Padrão da OMS para acesso à água corrente: ponto de água potável a menos de 200 metros. Libéria Gana Togo Benin Costa do Marfim Serra Leoa Egito Congo Rep. Dem. do Congo Angola África do Sul Lesoto Zimbábue 100 milhões 25 milhões 10 milhões 1 milhão De 50 a 78 De 30 a 49 De 20 a 29 De 10 a 19 De 1 a 9 População sem acesso à água (em percentual) Número de pessoas que não têm acesso à água por país, segundo a OMS* A LL M AP S 63 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 63D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 63 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 Acesso e degradação dos recursos hídricos A desigualdade no acesso à água é explicada por vários fatores. Entre eles, destacam-se fatores naturais (clima, relevo, solo etc.), a degradação dos recursos hídricos e os aspectos políticos e econô- micos. Mesmo com uma grande abundância de água em seu território, o Brasil enfrenta problemas de escassez de água potável, por diversas razões, em muitos lugares. Em muitos países, acesso, tratamento e distri- buição da água são controlados pelo governo. Em 2018, segundo o Instituto Trata Brasil, cerca de 82% da população brasileira e mais de 90% das moradias em áreas urbanas no país já contavam com água encanada, isto é, adequada ao consumo. Ainda assim, mais de 30 milhões de pessoas não eram atendidas por esse serviço. Em alguns países, no entanto, nem sequer existem redes de distribuição de água potável. Nesses casos, quem tem condição financeira abre poços em casa ou compra água para o consumo doméstico, restando aos mais pobres consumir água não potável. Muitas vezes, a ausência de políticas públicas para regular o acesso e a distribuição abre espaço para que grandes empresas explorem as fontes e comercializem a água potável em outras regiões que não as de origem, em vez de oferecê-la para a população local. Um país com baixa disponibilidade hídrica pode garantir o acesso à água para sua popula- ção se investir em técnicas como perfuração de poços, dessalinização, sistemas de reutilização, cisternas para captação e armazenamento de água de chuva, entre muitas outras. ■ Degradação dos recur- sos hídricos causada pelo lançamento de esgoto em córrego no município de Novo Hamburgo (RS), 2016. água de chuva, entre muitas outras. ■ Usina de dessalinização da água do mar em Omã, 2019. LU CI AN A W H IT AK ER /P U LS AR IM AG EN S SULTAN AL-HASANI / AFP 64 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 64D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 64 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 O acesso desigual à água tem sido motivo de crescente preocupação no mundo todo. A quantidade disponível por pessoa diminuiu nos últimos 50 anos, e, em muitos lugares, é necessário buscar água em locais cada vez mais distantes, o que encarece ou inviabiliza o abastecimento. Enquanto em várias áreas a água é usada de forma abundante e, às vezes, ineficiente (como nas perdas na distribuição pelas empresas) e irresponsável (como quando se lava a calçada com água tratada), emoutras o acesso a ela é muito difícil, sendo reservada apenas para as necessidades básicas. ■ O uso abundante de água para lavar calça- das é um exemplo de desperdício e mau uso da água. Fotografia em São Gonçalo do Sapucaí (MG), 2018. Água subterrânea Água localizada no subsolo, que preen- che os poros ou vazios granulares das rochas sedimentares, ou as fraturas, as falhas e as fissuras das rochas ígneas e metamórficas. > MEUS ARGUMENTOS NÃO ESCREVA NO LIVRO • Na sua opinião, você e sua família fazem uso responsável da água? Por quê? Poderiam melhorar a forma como utilizam esse recurso? A degradação dos recursos hídricos colabora para o desequilíbrio na oferta de água doce, pois a contaminação de rios e águas subterrâneas por esgoto, resíduos industriais, agrotóxicos e fertilizantes compromete sua qualidade. Durante séculos, a água usada nos processos produtivos foi devolvida à natureza sem tratamento. Embora a preocupação ambiental mundial tenha aumentado, e em muitos países leis específicas tenham passado a regula- mentar o uso e o tratamento da água, a degradação desse recurso ainda constitui um grande problema. JO ÃO P RU D EN TE /P U LS AR IM AG EN S 65 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 65D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 65 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 Saneamento básico Além do acesso desigual à água tratada, as deficiências dos sistemas de saneamento básico atingem também a coleta e o tratamento de esgoto. Um relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em 2017, apon- tava que 892 milhões de pessoas no mundo não tinham acesso a banheiro. Mais de 2 bilhões de pessoas ainda não tinham acesso a nenhum tipo de serviço de saneamento básico no mundo. Isso corresponde aproximadamente a três em cada dez pessoas no mundo sem acesso a sane- amento. Observe o mapa a seguir. Assoreamento Processo natural de acúmulo de sedimentos no leito do rio, que causa sua elevação. Pode ser intensificado por ação antrópica. Mundo: acesso ao saneamento básico, 2019 0º 0º Círculo Polar Ártico Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Círculo Polar Antártico Equador OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO M er id ia no d e G re en w ic h OCEANO GLACIAL ÁRTICO 0 3350 Maior de 94,9 De 86,1 a 94,9 De 74,3 a 86,1 De 59,4 a 74,3 De 42,2 a 59,4 De 26 a 42,2 Inferior a 26 Sem dados População com acesso ao saneamento básico (em %)OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO Fonte: DE AGOSTINI GEOGRAFIA. Acess to improvide sanitation. Disponível em: http://www. deagostinigeografia.com/wing/ confmondo/confronti.jsp. Acesso em: 28 ago. 2020. No Brasil, de acordo com o Instituto Trata Brasil, em 2018 apenas 53% das pessoas tinham acesso à coleta de esgoto. Além disso, apenas 46% do esgoto do país era tratado. Na região Norte esse índice era de 21,7% e na região Centro-Oeste, 53,8%. Das 100 maiores cidades brasileiras, apenas 21 tinham mais de 80% do esgoto tratado. O esgoto não tratado prejudica o ambiente das mais diversas formas. Mais de 110 mil quilô- metros de trechos de rios no Brasil estão comprometidos com despejo de esgoto não tratado. Entre os impactos ambientais dessa prática, estão a intensificação do assoreamento dos rios e a contaminação da água para abastecimento da população e uso agrícola, expondo as pessoas a inúmeras doenças, resultando em problemas de saúde pública. NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM 1. Que continente apresenta a maior concentra- ção de países com baixos índices de acesso aos serviços sanitários? 2. O que pode explicar esses índices? 3. Que impactos isso traz para as populações desses países? AL LM AP S 66 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 66D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 66 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 http://www.deagostinigeografia.com/wing/confmondo/confronti.jsp?goal=100077§ion=2&year=2020&title=PIL%20totale Doenças transmitidas pela água Em países da África, Ásia e América Latina são ainda comuns epidemias de cólera e de outras doenças transmitidas direta ou indiretamente pela água. A maioria das doenças transmitidas dessa forma são causadas por microrganismos presentes em reservatórios, em geral após contaminação por fezes humanas ou de animais. A transmissão do agente infeccioso ocorre por ingestão, pelo contato com a pele durante o banho, pela pre- paração de alimentos ou pelo consumo de alimentos lavados com água contaminada. Nas regiões onde não há saneamento básico (coleta e tratamento de esgoto), as doenças infec- ciosas podem ocorrer devido à contaminação de rios, lagos, córregos e mar. Observe o mapa a seguir. A cólera é uma doença infectocontagiosa aguda, causada pelo vibrião colérico (Vibrio cholerae), bactéria que se multiplica rapidamente no intestino humano, produzindo uma potente toxina que provoca diarreia intensa, acompanhada de vômito. Em poucas horas, a perda excessiva de água e de sais minerais nas evacuações pode resultar em desi- dratação grave do corpo humano, com risco de morte, particularmente em crianças. A cólera pode ser tratada de forma simples e efetiva por meio da substituição imediata dos fluidos e sais, realizada por via oral com soro caseiro ou soluções reidratantes. A água parada pode servir também como meio para a proliferação de mos- quitos transmissores de doenças, como dengue, zika e malária, que ali depo- sitam seus ovos. NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM 1. Em que regiões do mundo ocorreram os maiores surtos de cólera entre 2010 e 2015? 2. Por que essa doença está concentrada nessas regiões? 3. Que medidas podem ser tomadas para a diminuição da ocorrência de doenças transmitidas pela água? 4. Faça uma pesquisa sobre doenças transmissíveis pela água, de forma direta e indireta. Procure saber como se dá a ocorrência dessas doenças no Brasil e no mundo. Mundo: surtos de cólera, 2010-2015 0º 0º Círculo Polar Ártico Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Círculo Polar Antártico Equador OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO M er id ia no d e G re en w ic h OCEANO GLACIAL ÁRTICO 0 3350 OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO2015 2010 a 2014 Ocorrência de casos de cólera (relatados pelos países) OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO Fonte: WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). World: countries reporting cholera, 2010-2015. Disponível em: http://gamapserver.who.int/mapLibrary/Files/Maps /Global_Cholera_2010_2015.png. Acesso em: 21 ago. 2020. AL LM AP S 67 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 67D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 67 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 http://www.deagostinigeografia.com/wing/confmondo/confronti.jsp?goal=100077§ion=2&year=2020&title=PIL%20totale Gestão dos recursos hídricos Em geral, o modelo de gestão de recursos hídricos adotado por muitos países do mundo mostrou-se ineficaz diante das condições climáticas extremas (como secas prolongadas), dos pro- blemas ambientais (desmatamento, assoreamento de rios, extinção de nascentes, entre outros), do ritmo de desenvolvimento econômico nas últimas décadas e do crescimento populacional e urbano (com maiores demandas por alimentos e energia). Ocorreu assim um desequilíbrio entre a intensidade do uso da água e os investimentos necessários, ampliando-se, ao mesmo tempo, problemas antigos, como a degradação de mananciais e o desperdício na rede de distribuição. A implementação de ações e planos efetivos focados na redução das perdas torna-se ainda mais necessária com os recorrentes déficits hídricos em diferentes regiões do Brasil. Cidades do mundo com padrão de excelência em perdas têm indicadores menores de 15%. No Brasil, em 2018, o índice de perdas total na distribuição foi de 37,1%. Observe a ilustração a seguir. Entre as políticas públicas importantes para manter a qualidade das águas adequadasao consumo estão as medidas preventivas para evitar a poluição de mananciais, o investimento na recuperação de rios e as ações para racionalizar o uso da água (programas de conscientização da população e educação ambiental, incentivo à coleta de água de chuva e reúso etc.). Nos últimos anos, está em pauta a proposta de privatização do setor de saneamento no Brasil. A lei no 14 026, aprovada em julho de 2020, atualiza o marco legal do saneamento básico, retirando a autonomia de estados e municípios para contratação de empresas de abastecimento de água e coleta de resíduos, e prevendo a concessão de serviços de saneamento para empresas privadas e a criação de mercados de água em bacias hidrográficas brasileiras. Enquanto os favoráveis ao projeto afirmam que o investimento privado possibilitaria uma gestão eficiente dos recursos hídricos e melhorias na qualidade dos serviços, os contrários enten- dem que ele entrega a água, um direito humano, ao capital financeiro, para que a comercialize sem preocupação com a universalização do acesso da população ou com a preservação ambiental. Fonte: ÁGUA no Brasil. Folha de S.Paulo, 2015. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2015/01/118521-agua-no-brasil.shtml. Acesso em: 22 ago. 2020. Alemanha 7% Inglaterra 20% ÍNDICE DE PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO POR PAÍS Japão 3% Brasil 37% PERDAS NA DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA POR VAZAMENTOS Registro defeituoso ou desgastado Tubo rachado, quebrado ou perfurado Junta ou luva corroída, desgastada ou solta Hidrante vazando POR “GATOS” Perdas por ligações irregulares ou falhas na medição Ligação “Gato” Consumidor Hidrômetro ED IT O RI A D E AR TE 68 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 68D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 68 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 https://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2015/01/118521-agua-no-brasil.shtml Água como fonte de energia renovável A energia hidrelétrica, gerada pela força do movimento de grandes massas de água, é uma importante fonte energética no Brasil, em razão da riqueza hidrográfica do país. Essa é uma fonte renovável, pois depende de recursos não esgotáveis, e, em geral, considerada energia limpa, quando comparada aos combustíveis fósseis, como o petróleo e o carvão mineral, que são fontes não renováveis e causam sérios danos ao ambiente, em especial os relacionados ao clima. A energia hidrelétrica, entretanto, provoca também impactos ambien- tais e sociais significativos, pois, para a implantação das usinas geradoras, faz-se necessária a inundação de grandes áreas. Ação que resulta em perda do solo na região, alterações no clima e grandes prejuízos à flora e à fauna locais, inclusive com o desaparecimento de espécies, por exemplo, de peixes. Além disso, as áreas alagadas causam decomposição de matéria orgâ- nica, que libera dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4) na atmosfera, contribuindo assim para a intensificação do efeito estufa. O alagamento do entorno força ainda o deslocamento de popu- lações, geralmente de comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas, que têm fortes vínculos com o território e cujo modo de vida, em geral, depende da relação com o rio. Por essa razão, no Brasil, foi criado o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), organização autônoma que defende um projeto energético popular em todo o país. O MAB luta contra as desapropria- ções e por reparação e melhores programas de reassentamento para os atingidos. ■ Usina hidrelétrica na Rússia, 2020. > DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO • Em grupos, discutam e identifiquem as possíveis consequências da implantação do novo marco legal de saneamento básico para a população de seu município. ILYA TIMIN/TASS/GETTY IMAGES 69 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 69D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 69 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 Conflitos e gestão compartilhada Vários limites territoriais são marcados pelos rios, levando milhões de pessoas no mundo a depender do abastecimento de águas parti- lhadas entre países. Em razão da transnacionalização dos recursos hídricos, ou seja, de eles pertencerem a mais de um país, em algumas regiões do mundo ocorreram diversos conflitos, com disputas pela água e pelo controle de barragens, e acordos, com gestão compartilhada entre países. Vejamos a seguir alguns exemplos, entre os mais de 30 casos registrados nos últimos 50 anos. Uma bacia hidrográfica importante no Oriente Médio é a do rio Jordão, que abrange os territórios de Síria, Líbano, Israel, Jordânia e Palestina. Em 1967, durante a Guerra dos Seis Dias, Israel se apropriou das colinas de Golã, que era território sírio, onde estão as principais nascentes dessa bacia hidrográfica e destruiu uma barragem que estava sendo construída pela Jordânia e pela Síria. Nessa guerra, Israel também atacou o Egito e a Jordânia e, em seis dias, venceu o confronto e se apropriou de parte dos territórios desses países. No sul da Ásia, Bangladesh alega diminuição do fluxo do rio Ganges, em razão da construção de bar- ragens e projetos de irrigação na Índia, que coloca em risco florestas e mangues da região. Na África, em razão do potencial energético e de irrigação, a bacia do Nilo é foco de disputas entre Egito, Etiópia, Tanzânia, Uganda e Sudão, países que apresentam extensas áreas desérticas. Na região do Oriente Médio, a Turquia, o Iraque e a Síria enfrentam dificuldades para administrar a rede hidrográfica formada pelos rios Tigre e Eufrates. A Guerra de Seis Dias e a ocupação israelense 34º L 31º N JORDÂNIA ISRAEL ARÁBIA SAUDITA EGITO SÍRIA R io J or d ão Mar Vermelho Mar Morto LÍB AN O Mar da Galileia G olfo de Suez G ol fo d e Á ca ba Mar Mediterrâneo 0 90 Cisjordânia. Pertencia à Jordânia. Importante zona fértil, guarda grande valor religioso para o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Faixa de Gaza. Pertencia ao Egito. Zona árida, de intensa atuação da guerrilha palestina contra alvos israelenses. Península do Sinai. Pertencia ao Egito. Foi devolvida, posteriormente, mediante os Acordos de Camp David, em 1979. Colinas de Golã. Pertenciam à Síria. São a mais importante área de manancial da região. Fonte dos dados: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8 ed. Rio de Janeiro, 2018. p. 49. AL LM AP S 34º L 31º N JORDÂNIA ISRAEL ARÁBIA SAUDITA EGITO SÍRIA R io J or d ão Mar Vermelho Mar Morto LÍB AN O Mar da Galileia G olfo de Suez G ol fo d e Á ca ba Mar Mediterrâneo 0 90 Cisjordânia. Pertencia à Jordânia. Importante zona fértil, guarda grande valor religioso para o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Faixa de Gaza. Pertencia ao Egito. Zona árida, de intensa atuação da guerrilha palestina contra alvos israelenses. Península do Sinai. Pertencia ao Egito. Foi devolvida, posteriormente, mediante os Acordos de Camp David, em 1979. Colinas de Golã. Pertenciam à Síria. São a mais importante área de manancial da região. 70 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 70D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 70 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 Com a construção da bar- ragem de Ataturk, no rio Eufrates, e o desvio do curso desses rios para irrigação na Turquia, o volume das águas que chegam ao Iraque e à Síria diminuiu conside- ravelmente. A situação na região foi agravada também pela Guerra civil na Síria e pela atuação do grupo terrorista Estado Islâmico na região, que atacou diversas barragens. A Guerra civil na Síria teve início em 2011 com revoltas e manifestações contra o governo de Bashar al-Assad. A forte repressão levou os manifestantes à luta armada. No conflito, forças leais ao governo, rebeldes e grupos radicais lutam entre si sob a observação das grandes potências mundiais. Milhares de pessoas morreram e há milhões de deslocados e refugiados. Até meados de 2020, a guerra não havia cessado. Há situações, no entanto,em que ocorre a gestão compartilhada dos recursos hídricos. Na Europa, países têm projetos comuns de recu- peração das águas poluídas e construção de hidrovias em rios, como o Reno e o Danúbio. Na América do Sul, Brasil e Paraguai fazem uma gestão compartilhada da usina hidrelétrica de Itaipu, localizada no rio Paraná, na fronteira entre os dois países. Rios Tigre e Eufrates IRAQUE SÍRIA TURQUIA Mar Mediterrâneo 40º L Mar Negro Mar Cáspio R io Tigre Rio Eufrates 40º N Golfo Pérsico 0 190 Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. p. 49. ■ Hidrovia no rio Reno, Alemanha, 2020. AL LM AP S ANDREAS RENTZ/GETTY IMAGES 71 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 71D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 71 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 NÃO ESCREVA NO LIVROATIVIDADES> 1. Vimos que as dificuldades de abastecimento de água têm diversos motivos e consequências e que são especialmente comuns no continente africano. Em 2018, a Cidade do Cabo, capital da África do Sul, passou por uma seca severa em que foi necessário adotar restrições bas- tante limitantes ao consumo de água da população. Foi previsto também o “Dia Zero”, no qual o abastecimento seria completamente interrompido. Leia o trecho da notícia a seguir: No Dia Zero, toda a distribuição de água seria interrompida para casas e comércio, com exceção de hospitais, escolas e algumas poucas instituições fundamentais ao funcionamento da cidade. Depois, os habitantes teriam de buscar água, diariamente, em 200 postos espalhados pelo município, onde poderiam captar no máximo 25 litros. O QUE salvou a Cidade do Cabo da falta de água em 2018? Juntos pela água, 2017. Disponível em: https://www.juntospelaagua.com. br/2018/10/22/o-que-salvou-a-cidade-do-cabo-da-falta-de-agua-em-2018/. Acesso em: 23 ago. 2020. Por causa da implementação de novas tecnologias, como dessalinização e perfura- ção de poços em aquíferos, e à redução no consumo, a Cidade do Cabo conseguiu evitar o “Dia Zero” e adotou uma nova abordagem, buscando aplicar mudanças permanentes no abastecimento e no consumo da água. a) Em caso de necessidade, como poderia ser a adoção de uma política como a do “Dia Zero” em seu município? b) Como você imagina os impactos em seu bairro ou sua comunidade? 2. O abastecimento de água em grandes cidades se apresenta como um desafio crescente, em razão da alta densidade populacional e da rápida urbanização. Observe o mapa a seguir, que mostra as cidades que, segundo projeções da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), vão sofrer com a redução da disponibilidade de água doce até 2050. Em seguida, responda às questões. Fonte: UNESCO-ONU. Agua y cambio climático: informe mundial de las Naciones Unidas sobre el desarrollo de los recursos hídricos 2020. Unesco: París, 2020. p. 23. Disponível em: https://unesdoc. unesco.org/ark:/48223/ pf0000373611/ PDF/373611spa.pdf. multi. Acesso em: 23 ago. 2020. Diminuição da disponibilidade da água urbana, 2050* 0º 0º Círculo Polar Ártico Trópico de Câncer Trópico de Capricórnio Círculo Polar Antártico Equador OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO M er id ia no d e G re en w ic h OCEANO GLACIAL ÁRTICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0 2400 Maior que 10000000 De 5000001 a 10000000 De 1000001 a 5000000 De 500001 a 1000000 De 100001 a 500000 População urbana em risco, em 2050 *Projeção. AL LM AP S 72 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 72D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 72 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 https://www.juntospelaagua.com.br/2018/10/22/o-que-salvou-a-cidade-do-cabo-da-falta-de-agua-em-2018/ https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373611/PDF/373611spa.pdf.multi a) Que cidade brasileira com mais de 10 milhões de habitantes vai sofrer com a escassez de água? b) Que país latino-americano, além do Brasil, apresenta grande número de cidades afetadas? Pesquise e explique os motivos que levam à escassez de água nesse país. c) Que outras regiões do mundo chamam a atenção pela quantidade de cidades afetadas? d) Que consequências a redução na disponibilidade de água pode trazer para essas cidades? e) Que consequências esse cenário pode trazer para o contexto global? 3. Leia a afirmação abaixo e, depois, responda às questões. [...] A crise hídrica, ou seja, quando se abre a torneira e não sai água, é sempre gerencial, e não natural. [...] GEÓGRAFO da FFLCH alerta sobre noção equivocada de “falta de água”. USP Online Destaque, 24 ago. 2015. Disponível em: www5.usp. br/96406/geografo-da-fflch-alerta-sobre-nocao-equivocada-de-falta-de-agua. Acesso em: 23 ago. 2020. a) Como se pode prevenir ou amenizar as crises hídricas? b) Quais são as consequências do lançamento de esgoto sem tratamento em rios e no mar para a população? Em sua opinião, a poluição dos recursos hídricos pode comprometer o abasteci- mento de água nas residências? Explique. 4. Segundo a ONU, em 2025, duas a cada três pessoas viverão situações de carência de água caso não haja mudanças no padrão atual de consumo. Observe a tabela ao lado. a) Qual foi o aumento percentual aproximado do consumo de água de 1900 para o ano 2000? Que fatores explicam esse crescimento? b) Quais são as consequências do aumento do consumo de água? 5. Quando as forças do grupo jihadista Estados Islâmico domina- vam grande parte do Iraque em 2015, uma das táticas utilizadas pelo grupo foi interferir no abastecimento de água da região. Leio o trecho da notícia e responda às questões a seguir. O grupo jihadista Estado Islâmico fechou as comportas de uma represa em Ramadi, cidade localizada a oeste de Bagdá [Iraque], reduzindo os níveis de água do Rio Eufrates e criando uma nova ameaça à segurança e ao plano humanitário. [...] Isso resultou na queda do nível de água no Rio Eufrates e causou o corte do abastecimento em Khaldiyah e Habbaniyah, cidades a leste de Ramadi que ainda estão sob o controle do governo na província de Al-Anbar. [...] Estado Islâmico fecha represa iraquiana em Ramadi. G1, 2 jun. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/estado- islamico-fecha-represa-iraquiana-em-ramadi.html. Acesso em: 11 set. 2020. a) Como a ação do grupo Estado Islâmico afetou o território do seu adversário? b) Explique por que o acesso a água pode ser considerado uma importante questão geopolítica. Evolução do consumo mundial médio de água, 1900-2025* Ano Água consumida (km3/ano) 1900 580 1950 1 400 2000 4 000 2025* (estimativa) 5 200 BLANCHON, D. Atlas mondial de l’eau: défendre et partager notre bien commun. 13. ed. Paris: Autrement, 2017. p. 29. 73 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 73D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 73 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 https://www5.usp.br/noticias/entrevista/geografo-da-fflch-alerta-sobre-nocao-equivocada-de-falta-de-agua/ http://g1.globo.com/mundo/noticia/2015/06/estado-islamico-fecha-represa-iraquiana-em-ramadi.html INVESTIGAÇÃO> Pegada ecológica Você já parou para pensar que a forma como vivemos deixa marcas no meio ambiente? Para descobrir quais são as marcas deixadas por sua comunidade, vamos utilizar a metodologia da pegada ecológica e a prática de pes- quisa por amostragem. A pegada ecológica é uma metodologia de contabi- lidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais, permi- tindo verificar o impacto do padrão de consumo sobre a capacidade do planeta em fornecer recursos naturais biológicos renováveis (grãos e vegetais, carne, peixe, madeira e fibras, energia renovável etc.). Feita individual- mente, fornece uma ideia de como o indivíduo utiliza os recursos naturais de acordo com os hábitos de consumo e o estilo de vida. Para saber qual é sua pegada ecológica e a dos demais participantes da amostragem será preciso montar um questionário.Você e os colegas de grupo podem uti- lizar como base a cartilha Pegada ecológica. Qual é a sua?, elaborada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), <http://www.inpe.br/noticias/arquivos/ pdf/Cartilha%20-%20Pegada%20Ecologica%20-%20web. pdf> (acesso em: 23 ago. 2020); ou o questionário eletrô- nico Pegada ecológica <http://www.pegadaecologica. org.br/2019/pegada.php> (acesso em: 23 ago. 2020). Veja a seguir um exemplo de questão. • Que meio de transporte você utiliza com mais frequência? a) transporte público (ônibus, metrô, trem); b) carro; c) bicicleta ou me locomovo a pé; d) carro, mas procuro fazer os percursos curtos a pé ou de bicicleta. Antes de aplicar o questionário é possível elaborar hipóteses sobre a pegada ecológica da comunidade e os possíveis limitadores de um bom resultado. Por exemplo, se sua comunidade não tem coleta seletiva, essa ausência é um limi- tador para a população reciclar, aumentando os impactos no ambiente. Nesse caso, vocês poderiam, por exemplo, fazer um abaixo-assinado solicitando à prefeitura o oferecimento desse serviço para a comunidade. ■ Símbolo que representa diversas iniciativas para diminuir nossas pegadas no meio ambiente, como reciclagem e uso de fontes de energia renovável. SIM M OSIM OSA/ SHUTTERSTOCK.COM 74 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 74D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 74 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 http://www.inpe.br/noticias/arquivos/pdf/Cartilha%20-%20Pegada%20Ecologica%20-%20web.pdf As respostas do questionário devem contar com uma pontuação cuja soma- tória leve a uma classificação, como a utilizada na publicação do Inpe, Pegada ecológica. Qual é a sua?: Pegada bacana; Pegada moderada (atenção); Pegada larga (mudanças de hábitos já). A amostragem será representada por uma parcela selecionada da popula- ção. Existem várias metodologias de amostragem; para esse estudo sugerimos a acidental. A amostragem acidental baseia-se em uma escolha aleatória dos pesquisados. Então, vocês devem entregar aleatoriamente o questio- nário para preenchimento a diversas pessoas da comunidade. No entanto, é importante calcular a média da amostra que vai represen- tar a população total da comunidade. Por exemplo, se a comunidade tem 1 000 habitantes, pode-se entregar for- mulários para 5% da população, que corresponde a cinquenta pessoas. Uma vez que os pesquisados tenham respondido ao questionário e o devolvido a vocês, é preciso tabular os dados para verificar a classificação da pegada ecológica de cada um deles. A importância da análise dos dados é a resposta às hipóteses iniciais, que podem ter questões como: • Qual é a pegada ecológica média da amostra da população? • Quais práticas da comunidade tornam a sua pegada ecológica mais impac- tante para o meio ambiente? • Que ações podem aumentar a conscientização da comunidade em relação ao meio ambiente, a fim de melhorar sua pegada ecológica? A partir da análise dos resultados, é possível criar ações de conscientização para diminuir a pegada da comunidade, tais como: • repensar hábitos de consumo; • produzir menos lixo e reciclar; • optar por meios de transporte que não utilizam combustíveis fósseis; • desenvolver o consumo consciente. ■ Uma amostra é uma parcela representativa da população selecionada para fins de estudo. IA M N EE /S H U TT ER ST O CK .C O M AMOSTRA POPULAÇÃO 75 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 75D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 75 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 ANÁLISE DA REALIDADE E PROPOSTAS DE AÇÕES Nesta etapa, vocês irão realizar em grupos uma pesquisa sobre os cuidados com os resíduos sólidos domésticos, necessários para evitar a contaminação do ambiente e riscos à saúde de moradores e de coletores de lixo. Por exemplo: O que pode ser feito com o lixo reciclado e o orgânico, mesmo antes de serem coleta- dos? O que deve ser feito com o óleo de cozinha usado, pilhas e lâmpadas? Qual é a melhor forma de acondicionar vidros e outros objetos cortantes e perfurantes? Vocês podem pesquisar em sites de órgãos públicos, empresas e cooperativas de coleta de resíduos, conversar com moradores do bairro, funcionários de coo- perativas de reciclagem de lixo ou coletores de lixo. A partir dos dados coletados na pesquisa e nas etapas anteriores deste projeto, vocês vão discutir se no município onde vocês moram e em suas residências ocorrem ações de responsabilidade compartilhada em relação aos resíduos sólidos. É possível fazer diferente? Que ações para uma conduta mais responsá- vel podem ser realizadas? Com base nesses questionamentos, proponham ações em sua comunidade. Vejam algumas propostas a seguir. I. Projeto de coleta seletiva, reúso e reciclagem na escola Montar um projeto que envolva toda a comunidade escolar. Para a execução do projeto deve-se trabalhar com a conscientização dos estudantes e funcioná- rios e alterações na infraestrutura, como providenciar recipientes diferenciados para cada tipo de resíduo, em tamanho e número suficiente para toda a escola. Deve-se pensar também no reaproveitamento de materiais, como garrafas e potes de plástico e de vidros, e latinhas de alumínio e papelão. Podem ser produzidos peças artesanais, potes, vasos ou outras de diferentes usos, como cercas para jardim, potes para horta comunitária, enfeites para eventos comemorativos etc. Os reci- cláveis também podem ser vendidos ou doados para catadores. A renda arrecadada pode ser destinada a alguma instituição local ou para a própria escola. II. Produção de panfletos digitais Produção de um panfleto para a comunidade com informações sobre a separação de resíduos sólidos para a reciclagem. III. Mensagens, e-mails ou petição pública Enviar mensagens por aplicativos e e-mails ou reunir assinaturas em uma petição pública (abaixo- -assinado) cobrando, se for o caso, a responsabilidade compartilhada de governantes e representantes políticos do município, como prefeito, secretários municipais e vereadores. Etapa 4 ■ Cartaz incentivando a separação do lixo para a coleta seletiva. G O VE RN O D O D IS TR IT O F ED ER AL , B RA SÍ LI A 76 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 76D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 76 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 > SAIBA MAIS Entre rios Direção: Caio da Silva Ferraz. Brasil, 2009. Vídeo (25 min) Disponível em: https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/ prateleira-ambiental/entre-rios/. Acesso em: 28 ago. 2020 O documentário trata sobre o processo de transformação sofrido pelos rios e córregos na cidade de São Paulo (SP) e as motivações sociais, políticas e econômicas que promoveram a supressão desses cursos de água na paisagem, que até o final século XIX abasteciam a população e hoje passam despercebidos pela maioria dos paulistanos. A lei da água – Novo Código Florestal Direção: André D’Elia. Brasil, 2014. Vídeo (80 min). Disponível em: https://vimeo. com/123222594. Acesso em: 29 ago. 2020. Patrocinado por ONG ambientalistas, como a WWF e a SOS Mata Atlântica, o documentário trata da importância das florestas para a conservação das águas e dos problemas do novo Código Florestal Brasileiro, aprovado em 2012. Na natureza selvagem Direção: Sean Penn. Estados Unidos, 2007. DVD (87 min). O filme conta a história real de um jovem estadunidense que, na década de 1990, abandona todos os bens materiais e decide empreender uma jornada pelos Estados Unidos, buscando autoconhecimento e contato com a natureza. The thirsty world Direção: Yann Arthus-Bertrand. França, 2013. Vídeo (90 min). “Nunca bebi água potável. Não sei que gosto tem”, diz uma mulher nesse documentário que mostra lugares na África e na Ásia em que não há água potável, e as pessoas só têm água contaminada disponível. Em tradução livre, “O mundo sedento”. Observatório do clima Disponível em: http://www.observatoriodoclima.eco.br/. Acessoem: 28 ago. 2020 Esse site, criado por uma rede que reúne entidades da sociedade civil com o objetivo de discutir a questão das mudanças climáticas no contexto brasileiro, apresenta diversas informações, resultados de pesquisa, debates e estatísticas a respeito das questões que envolvem o clima, a exemplo dos cálculos de emissões de gases de efeito estufa. Há também informações detalhadas sobre compromissos que o Brasil precisa assumir para a criação de políticas públicas efetivas na mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Glossário de doenças relacionadas à água Disponível em: http://www.aguabrasil.icict.fiocruz.br/index.php?pag=doe. Acesso em: 23 ago. 2020. O site Água Brasil: sistema de avaliação da qualidade da água, saúde e saneamento do Ministério da Saúde, disponibiliza um glossário que relaciona as principais doenças causadas direta e indiretamente pela água contaminada. 77 D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 77D3-CH-EM-3075-V5-U2-C4-060-077-LA-G21_AVU1.indd 77 20/09/20 15:4620/09/20 15:46 https://www.infraestruturameioambiente.sp.gov.br/educacaoambiental/prateleira-ambiental/entre-rios/ https://vimeo.com/123222594 http://www.observatoriodoclima.eco.br/en/ http://www.aguabrasil.icict.fiocruz.br/index.php?pag=doe EL IO N AR D O O LI VE IR A / B AN CO D E IM AG EN S AD EL 78 EL IO N AR D O O LI VE IR A / B AN CO D E IM AG EN S AD EL UNIDADE 3 78 Questões ambientais do mundo contemporâneo A ocorrência de períodos de seca no semiárido brasileiro faz parte da característica do clima da região, seco e quente, ao qual se associa à Caatinga, bioma de rica biodiversidade. Se por um lado ações humanas podem agravar as consequências das secas, por outro há outras que promovem a convivência com as condi- ções ambientais do semiárido. Exemplos dessas ações são as promovidas pela Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel), fundada por oito jovens com o objetivo de apoiar empreendedores rurais. 1. Entre as ações protagonizadas pela Adel estão a pro- moção do acesso ao conhecimento, ao crédito e às tecnologias. Na sua opinião, por que promover esse acesso é importante para que os jovens consigam em- preender, seja em uma comunidade do semiárido nor- destino, seja em outra região? 2. Em sua opinião, como pesquisas sobre as condições do ambiente de uma região ou comunidade podem evitar desastres ambientais e possibilitar melhores con- dições de vida? Pense em um exemplo, considerando sua realidade. NÃO ESCREVA NO LIVRO D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 78D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 78 20/09/20 23:4520/09/20 23:45 ■ João Paulo, jovem empreendedor rural, na comunidade Coité Pedreiras, município de Caucaia (CE), 2019. Ele faz parte da Agência de Desenvolvimento Econômico Local, que é uma organização sem fins lucrativos que tem como missão promover o desenvolvimento local de comunidades rurais por meio do empreendedorismo e do protagonismo social de jovens e agricultores. 7979 PROBLEMAS AMBIENTAIS NA COMUNIDADE Como se dá a relação entre a sociedade e a natureza no município onde você vive? Como os governantes, empresários, membros de ONGs, colegas da escola, sua família e você se relacionam com a natureza? Essa relação gera impactos ambientais? Quais? O que está sendo feito sobre isso? Outras ações poderiam ser encaminhadas? Ao longo deste projeto você e seis colegas irão responder a essas e outras perguntas. Para chamar a atenção da população e dos governantes, vão realizar postagens impactantes nas redes sociais. D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 79D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 79 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 5 CAPÍTULO Mudanças climáticas e preservação das florestas Nos últimos anos, vimos um aumento da mobilização em torno das mudanças climáticas globais e seus efeitos sobre o ambiente e a sociedade. As ações de líderes mundiais, instituições internacionais, meio científico-acadêmico, sociedade civil, comunidades tradicionais e organizações não governamentaiss vêm ganhando o reforço de cele- bridades do meio artístico, como a atriz Jane Fonda (1937-) e o ator Leonardo DiCaprio (1974-), que usam sua visibilidade mundial para chamar a atenção sobre o tema. Leonardo DiCaprio se tornou uma importante voz na luta contra as mudanças climáticas, ao utilizar em seu discurso sobre esse tema evidências científicas obtidas por estudos e pesquisas desenvolvidas nas últimas décadas, que indicam que as ações antrópicas influenciam o aumento das temperaturas médias da atmosfera e possuem efeitos em escala global. Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo e sobre o trabalho com as atividades. ■ Na fotografia, a atriz Jane Fonda sendo detida por protestar por políticas mais duras contra as mudanças climáticas em Washington (Estados Unidos), 2019. A atriz e outros ativistas foram presos por participarem de uma manifestação em frente ao prédio do congresso estadunidense, onde não são permitidos esses atos. M AN D EL N G AN /A FP 80 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 80D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 80 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 Veja o discurso do ator ao receber o prêmio do Oscar em 2016. E, por último, só quero dizer isso: fazer O Regresso [filme protagonizado por DiCaprio] foi falar sobre a relação dos seres humanos com o mundo natural. Um mundo que, em 2015, foi sentido como o ano mais quente da história. Nossa produção precisava se deslocar para o extremo sul deste planeta apenas para poder encontrar neve. A mudança climática é real, está acontecendo agora. É a ameaça mais urgente que toda a nossa espécie enfrenta, e precisamos trabalhar juntos e parar de procrastinar. Precisamos apoiar líderes em todo o mundo que não falam pelos grandes poluidores, mas que falam por toda a humanidade, pelos povos indígenas do mundo, pelos bilhões e bilhões de pessoas desprivilegiadas que serão as mais afetadas pelas consequên- cias das mudanças climáticas. Para os filhos de nossos filhos e para aquelas pessoas lá fora, cujas vozes foram abafadas pela política da ganância. Agradeço a todos por este prêmio incrível esta noite. Não vamos considerar o planeta como algo garantido. Eu não considero esta noite garantida. Muito obrigado. DOVE, S. Watch Leonardo DiCaprio’s 2016 Oscar acceptance speech for best actor. Tradução nossa. Oscars, 29 fev. 2016. Disponível em: https://oscar.go.com/news/winners/watch-leonardo-dicaprios-acceptance- speech-for-best-actor-2016. Acesso em: 27. ago. 2020. Eventos climáticos extremos têm ocorrido em todas as regiões do mundo, como chuvas torrenciais e ciclones mais intensos, períodos de fortes secas e ondas de calor. Em maior ou menor intensidade, a depen- der das localidades onde ocorrem, as evidências apontadas pela ciência nos mostram um panorama de crise em escala planetária que pode afetar as condições de vida da atual sociedade nas próximas décadas. Ativistas e pesquisadores alertam sobre a necessidade urgente de ações e medidas que levem à redução dos índices de poluição e de libera- ção dos gases do efeito estufa (GEE), ao fim do desmatamento de florestas e à redução da degradação dos recursos naturais. Mas é importante considerar que os cenários de crise são uma opor- tunidade para promover transformações que levam países, instituições, empresas e pessoas a tomar novas decisões e a seguir adiante, como afirma o historiador Leandro Karnal (1963-): “É a crise que transforma, que busca o melhor de nós, nos tira da zona de conforto e dá estímulo. Mudar não é fácil, mas não mudar é fatal”. VILLAR, D. É a crise que transforma, afirma Leandro Karnal durante a Expoagas 2017. Rádio Uirapuru, Passo Fundo, 23 ago. 2017. Disponível em: https://rduirapuru.com.br/geral/e-a-crise-que-transforma- afirma-leandro-karnal-durante-a-expoagas-2017/.Acesso em: 17 ago. 2020. Daí a necessidade de que diferentes setores da sociedade reconhe- çam os cenários de crise e tomem ações conjuntas para enfrentá-los. ■ O ator e ativista Leonardo DiCaprio destacou a importância das medidas de combate às mudanças climáticas durante o discurso da cerimônia de entrega do Oscar de 2016, nos Estados Unidos. M AR K RA LS TO N /A FP 81 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 81D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 81 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 Mudanças climáticas e aquecimento global Mudanças no clima global fazem parte do ambiente terrestre desde a origem do planeta, há cerca de 4,5 bilhões de anos. Ao longo das eras geo- lógicas, o clima da Terra se transformou em razão de uma série de fatores naturais, como intensas ativi- dades vulcânicas, glaciações e queda de meteoros, alterando a vegetação, o relevo, a distribuição das águas e substituindo, por exemplo, áreas de climas úmidos por desertos e vice-versa. Estudos apontam que a região congelada da Antártida foi ocupada por uma floresta tropical há mais de 200 milhões de anos. A atual área no estado do Arizona, nos Estados Unidos, com um clima árido, era ocupada por uma floresta de clima úmido, que foi encoberta por lava vulcânica, e milhões de anos mais tarde, com a erosão, foram revelados troncos de árvores petrificados, compostos principal- mente de quartzo. Mudanças climáticas, portanto, fazem parte de um processo natural vinculado à história da Terra e, para definir uma tendência de alteração das condições climáticas globais e regionais, é necessário analisar dados de um longo período de tempo. A última mudança climática regional, conhecida como Pequena Idade do Gelo, ocorreu entre os séculos XVI e XVII. A Europa passou por sucessivas ondas de frio que desencadearam crises de fome e revoltas sociais. Nos últimos anos, o tema mudanças climáticas passou a ganhar força em razão dos inúmeros estudos indicando que as alterações no clima global estão ocorrendo principalmente em consequência do aqueci- mento global. Também aumentaram as discussões e os estudos sobre a participação das atividades humanas na aceleração das alterações dos climas em escala mundial, regional e local, como veremos a seguir. ■ Tradução da legenda: Seus resultados saíram. Trata-se de mudanças climáticas. Quantos gases de efeito estufa você tem consumido? Tradução do texto apresentado na prancheta da médica: Sintomas: aquecimento global; derretimento de calotas polares; elevação do nível do mar; tempestades. GREENHALGH, E. NOOA Climate.gov, [201?]. Disponível em: https://www.climate.gov/ sites/default/files/Q%26A_ GWvsCC_comic_lrg.png. Acesso em: 10 set. 2020. EMILY GREENHALGH, NOAA CLIMATE.GOV ■ Na fotografia, troncos petrificados de grandes árvores que constituíam uma floresta de clima úmido há milhões de anos depositados sobre um solo típico de clima seco no Parque Nacional da Floresta Petrificada, no estado do Arizona (Estados Unidos), 2019. PANORAMIC IMAGES/ALAMY/FOTOARENA 82 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 82D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 82 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 https://www.climate.gov/sites/default/files/Q%26A_GWvsCC_comic_lrg.png Aquecimento global O termo aquecimento global refere-se especificamente ao aumento médio da temperatura na superfície terrestre, isto é, em torno de 1,5 °C acima dos níveis anteriores à Revolução Industrial, iniciada em meados do século XVIII. As evidências científicas mostram que o aquecimento global está associado e é agravado pelo desenvolvimento das atividades humanas, pois coincide com o aumento das emissões de gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono (CO2). Observe o gráfico a seguir que apresenta a variação da temperatura média global nos últimos 1700 anos. Segundo os dados, o clima da Terra apresentou variações de aumento e diminuição da temperatura, mas nenhum episódio de aquecimento anterior parece ter sido tão grande e abrupto quanto o demonstrado pela linha roxa. De acordo com os estudos recentes desenvolvidos pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que entre 1880 a 2012, a temperatura média global aumentou 0,85 °C. Além disso, os resultados dos estudos apontam o aquecimento dos oceanos, o aumento do nível do mar e a diminuição das áreas cobertas de neve e de gelo no planeta. Há estimativas de que as concentrações atuais e as emissões contínuas de gases de efeito estufa serão responsáveis pelo aumento de 1 °C a 2 °C na temperatura média global até final do século XXI. NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM • Relacione a charge, apresentada na página ao lado, com as informações do gráfico acima e analise as influências das atividades humanas para o aquecimento global e as mudanças climáticas. Variação da temperatura média global nos últimos 1700 anos* Registros realizados com base em termômetros Registros realizados com base em indicadores de paleoclima presentes em corais, amostras de gelo e anéis de árvores, por exemplo * Observe que a temperatura está em escala °F. Pequena Idade do Gelo Período Quente Medieval Ano 1,5 0,5 – 0,5 – 1,5 – 1 1 0 Diferença da média (°F) 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000 Fonte: KENNEDY, C.; LINDSEY, R. What’s the difference between global warming and climate change? NOAA Climate.gov, 17 jun. 2015. Disponível em: https:// www.climate.gov/news-features/ climate-qa/whats-difference- between-global-warming-and- climate-change. Acesso em: 17 ago. 2020. SO N IA V AZ 83 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 83D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 83 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 https://www.climate.gov/news-features/climate-qa/whats-difference-between-global-warming-and-climate-change Consequências locais e globais das mudanças climáticas Os impactos provocados pelo aquecimento global ocorrem com intensidades diferentes, mas em todo o mundo, afetando os seres humanos e as demais formas de vida responsáveis pelo equilíbrio natural e pela manutenção dos ecossistemas existentes no planeta Terra. Os fenômenos que vêm sendo relacionados às alterações climáticas são, por exemplo, o aumento da ocorrência e intensidade de fortes tem- pestades, ciclones e furacões e maior quantidade e extensão de incêndios em florestas, como os que ocorreram na Austrália em 2020. Esses fenôme- nos são observados em vários países e provocam diversas consequências sociais, como mortes, prejuízos materiais e problemas de saúde pública. Estudos também indicam que o aquecimento global tem sido respon- sável diretamente pela perda da biodiversidade do planeta. De acordo com a Plataforma Intergovernamental para Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), órgão ligado a ONU, estima-se que atualmente mais de 1 milhão de espécies da fauna e flora mundial estão ameaçadas de extinção por causa das mudanças climáticas. As atividades agrícolas e pecuárias também sofrem consequências das mudanças climáticas, colocando a segurança alimentar da população mundial em risco. No Brasil, os estudos indicam que nos próximos 50 anos, a tempera- tura no país poderá aumentar entre 2 °C a 3 °C, e o calor será mais intenso nas regiões Norte e Nordeste. Para as regiões Sul e Sudeste, as pesquisas apontam a tendência de ocorrer alterações nos regimes de chuvas. Possíveis consequências do aquecimento global Fonte: A NOVA realidade da mudança climática. São Paulo: Planeta Sustentável/Editora Abril, [201?]. Disponível em: http://www. santoandre.sp.gov. br/pesquisa/ ebooks/371583. PDF. Acesso em: 17 ago. 2020 ■ Principais consequência globais, previstas por cientistas, caso a temperatura média do planeta Terra aumente mais de 2 °C. ■ Cientistas acreditam que o aumento das temperaturas dos oceanos tem contribuído para o embranquecimentodos corais. Na fotografia, a Grande Barreira de Corais na Austrália, 2017. BR ET T M O N RO E G AR N ER /M O M EN T/ G ET TY IM AG ES RI CA RD O S AS AK I Elevação dos mares Escassez de água Espécies extintas Derretim ento de geleiras Te mp es tad es , se ca s, inc ên dio s, o nd as de ca lor Mu dan ças clim átic as abr upt as Recif es de cora is preju dicad os Queda de pr odutividade na agricultu ra 5 °C 4 °C 3 °C 2 °C 1 °C 0 °C Impactos aceleram Hoje 84 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 84D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 84 20/09/20 23:5420/09/20 23:54 http://www.santoandre.sp.gov.br/pesquisa/ebooks/371583.PDF Apesar dos diferentes entendimentos, todos devem agir Em 2015, durante a Conferência das Partes das Nações Unidas (COP), realizada em Paris, na França, 195 países ratificaram o Acordo de Paris, que prevê o comprometi- mento mundial com metas para manter o aumento da temperatura média global abaixo de 2 °C, limitando-o a 1,5 °C. Para isso, as nações deveriam, a partir de 2020, criar mecanismos de estímulo econômico e social necessários para que os setores tradicionalmente mais poluentes, como energia e agropecuária, passassem a reduzir o volume das emissões de gases do efeito estufa. Apesar desse comprometimento mundial, alguns chefes de estado e alguns cien- tistas afirmam que as atividades humanas não são responsáveis pelo aquecimento global, mas que este resulta exclusivamente de dinâmicas da natureza. Além disso, consideram que a transição para uma economia verde trará prejuízos econômicos para os países. Compromissos estabelecidos em acordos internacionais, como o Acordo de Paris (tema abordado na unidade 4 deste livro) demonstram que a sociedade busca uma transição econômica com menores impactos ambientais e maior justiça social. Dessa forma, não se trata somente de ações para frear o aumento da temperatura do planeta, mas também mitigar seus efeitos colaterais no sistema climá- tico que podem afetar milhões de pessoas, principalmente, aquelas que vivem em condi- ções mais vulneráveis, promover a preservação da natureza, o uso sustentável dos recursos naturais e repensar as práticas da sociedade de consumo. ■ Charge de Joel Petts publicada em 2009. NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM 1. Há uma mensagem irônica na charge? Discorra sobre a crítica que ela traz e se você concorda ou não com esse posicionamento. 2. Você saberia dizer que prováveis consequências do aquecimento global poderiam ocorrer no lugar em que vive? Pesquise em artigos científicos ou reportagens. Reúna as informações obtidas e discuta com os colegas. Durante o debate, reflita a respeito das atitudes e mudanças de comportamento que podem ser adotadas pela sua comunidade escolar a fim de minimizar os impactos do aquecimento global no seu lugar de vivência. © 2 00 9 JO EL P EE TT . A LL R IG H TS R ES ER VE D. D IS TR IB U TE D B Y TR IB U N E CO N TE N T AG EN CY 85 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 85D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 85 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 Emissão de GEE no Brasil Em 2016, o Brasil era o sétimo maior emissor de dióxido de carbono (CO2), segundo a organiza- ção Climate Watch Data. Esse é o principal gás do efeito estufa lançado por atividades humanas, veja o gráfico abaixo. No Brasil, o monitoramento das emis- sões de GEE é realizado pelo Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (Seeg), iniciativa do Observatório do Clima, uma organização da sociedade civil criada em 2001. Esse sistema monitora cinco setores: agrope- cuário, produção de energia, mudanças no uso da terra (desmatamento e queima- das), indústria e resíduos (tratamento de esgoto e destino de resíduos sólidos que geram gases, como incineração e aterro sanitário). Segundo dados Seeg, em 2018, mais de 40% das emissões de dióxido de carbono (CO2) no Brasil tiveram origem em alterações no uso do solo, relacionadas ao desmatamento. O setor de energia engloba as ativi- dades de geração de energia elétrica e as atividades de transporte, que utilizam combustíveis derivados de petróleo, por exemplo, a gasolina e o diesel. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em 2018, 13% da energia elétrica no Brasil foi gerada a partir da queima de gás natural, derivados de petróleo e carvão mineral, que são combustíveis fósseis e liberam poluentes como o dióxido de carbono (CO2) e o dióxido de enxofre (SO2). O diesel e a gasolina, combustíveis derivados do petróleo, são consumidos, principalmente, pela frota de carros e caminhões que circu- lam o território diariamente. Os combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral e gás natural) ocorrem em Fonte dos dados: EMISSÕES totais. SEEG Brasil, c2019. Disponível em: http://plataforma.seeg.eco.br/total_emission#. Acesso em: 18 ago. 2020. Fonte dos dados: GLOBAL historic emissions. Climate Watch, [2017?]. Disponível em: https://www.climatewatchdata.org/ghg-emissions?breakB y=gas&chartType=percentage. Acesso em: 18 ago. 2020. Mundo: emissão de gases do efeito estufa, 2016 Dióxido de carbono (CO2) Metano (CH4) 75% 17% 6,1% 1,9% Óxido nitroso (N20) Outros gases SO N IA V AZ Brasil: participação nas emissões de CO2 por setor, 2018 %0 10 20 30 40 50 *Mudanças no uso da terra, como desmatamento e queimadas. Resíduos Uso da terra* Agropecuária Indústria Energia 4,7% 43,6% 25,4% 5,2% 21,1% SO N IA V AZ 86 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 86D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 86 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 https://www.climatewatchdata.org/ghg-emissions?breakBy=gas&chartType=percentage http://plataforma.seeg.eco.br/total_emission# bacias sedimentares, e são formados por restos de plantas e animais soterrados juntamente com sedimentos há milhões de anos. São ampla- mente utilizados como fontes de energia e respondem por cerca de 80% da energia consumida no mundo. O uso desse tipo de combustível vem sendo bastante discutido por cientistas, governos e instituições internacionais, pois, em relação a outras fontes de energia (hidráulica, eólica, solar etc.), causam maiores impactos ambientais, como a emissão de gases de efeito estufa que, de acordo com diversas pesquisas, con- tribuem para o aquecimento global. A tabela abaixo demonstra que, apesar do reconhecimento da comunidade científica e da maior parte da sociedade de que é neces- sário reduzir as emissões de GEE, no Brasil elas não apresentam ritmo de diminuição significativo, como você pode verificar no caso da emissão de dióxido de carbono (CO2) na tabela a seguir. Brasil: emissão de CO2, por setor em milhões de toneladas - 2013-2018 2014 2015 2016 2017 2018 Resíduos 86,3 87,6 89,3 90,6 91,9 Uso da terra* 794,1 890,3 909,3 816,7 845,9 Indústria 101,4 100,9 96,0 99,9 101,2 Energia 480,6 457,1 423,8 429,5 407,9 Agropecuária 488,1 491,2 499,8 495,9 492,2 Total 1 950,5 2 027,1 2 018,2 1 932,6 1 939,1 Bacia sedimentar Estrutura rebaixada em relação aos terrenos vizinhos, preenchida com detritos oriundos das áreas circundantes. > DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO • De que forma você pode contribuir para melhorar a qualidade do ar onde vive? Primeiro, conte como você percebe o problema no seu co- tidiano: há muitos veículos circulando nas ruas e estradas no município em que vive? Pesquise sobre como a poluição do ar pode gerar proble- mas no ambiente e na saúde das pessoas. Agora, pesquise alternativas à queima de combustíveis fósseis para os meios de transporte que ob- servou. Que tipo de combustível pode ser utilizado, ou mesmo formas de transporte que não poluam o ar? Leve os resultados da sua pesquisa para a sala de aula. Debata com os colegas e relacionem as ações lo- cais a possíveis impactos regionais e nacionais. Será que a experiência apontada para seu municípiopode ser levada a outras cidades? *Mudanças no uso da terra, como desmantamento e queimadas. Fonte dos dados: EMISSÕES totais. SEEG Brasil, c2019. Disponível em: http:// plataforma.seeg.eco.br/total_ emission#. Acesso em: 18 ago. 2020. 87 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 87D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 87 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 http://plataforma.seeg.eco.br/total_emission# As queimadas como fonte de GEE No Brasil, o desmatamento associado às queimadas é a fonte principal das emissões de GEE, sendo que as maiores áreas de ocorrência estão na Amazônia e no Cerrado. Queimadas naturais, muito comuns nas áreas da vegetação do Cerrado, são eventos menos frequentes na Amazônia. Parte significativa é resultado de ações de desmatamento e limpeza do terreno para criação de áreas de pastagem para o gado ou abertura de novas áreas para agricultura. O processo de desmatamento tem, geralmente, três etapas na região: o corte das árvores maiores para o aprovei- tamento da madeira, corte raso da vegetação remanescente e, depois de dois meses secando, é colocado fogo para reduzir o volume de galhos e troncos. Importante destacar que a expansão das atividades agropecuárias, especial- mente produção de soja e criação de gado, estão fortemente relacionadas ao desmatamento e às queimadas na Amazônia. As queimadas são responsáveis pela liberação de grandes quantidades de gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono (CO2), pois no momento da combustão de biomassa vegetal, o carbono armazenado nas árvores é liberado na atmosfera. Além disso, a perda das áreas florestais durante as queimadas prejudica a regula- ção das temperaturas da superfície terrestre, já que a vegetação densa contribui para preservar a umidade e, consequentemente, manter as temperaturas mais baixas. Os solos expostos costumam absorver maior radiação solar e, por isso, mantém as temperaturas mais elevadas. Portanto, a preservação das florestas é fundamental no combate ao aquecimento global, pois além de armazenar em carbono, contribuem para a regulação das temperaturas médias do planeta. CA RL D E SO U ZA /A FP ■ Estima-se que cerca de 125 000 hectares da Floresta Amazônica foram perdidos em 2019 com o desmatamento e as queimadas. Na fotografia, queimada na floresta em Porto Velho (RO), 2019. 88 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 88D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 88 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 As atuais tecnologias digitais de informação e comunicação são importantes ferramentas para o combate ao desmatamento nas florestas e em outras coberturas vegetais. Há inúmeros exemplos, como uso de aplicativos e celulares por comu- nidades tradicionais, como indígenas e quilombolas, para registrar e denunciar atividades ilegais em suas terras, por exemplo, garimpo e extração de madeira. Outro exemplo é o Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo do Brasil, o Mapbiomas, que integra especialistas em diversas áreas, como biólogos e cientistas da computação, e disponibiliza mapas anuais de cobertura e uso da terra do Brasil, desde 1985. Veja a tela inicial da plataforma e faça as atividades que seguem. DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> 1. Visite a ferramenta digital disponibilizada pelo Projeto de Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil (MapBiomas). O acesso deve ser realizado por meio do link <https://plataforma.mapbiomas.org/map#coverage> (acesso em: 27 ago. 2020). 2. Ao acessar a ferramenta, colete os dados de cobertura vegetal, desmatamento e re- generação da vegetação registrados na Unidade da Federação ou município em que você vive. Em seguida, analise as informações coletadas e selecione alguns aspectos que considera importante. Por exemplo, tente desenvolver uma breve discussão sobre como leis, como o Novo Código Florestal (Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012), podem influenciar o desmatamento na área selecionada. 3. Escreva um pequeno texto sobre os resultados de sua pesquisa e compartilhe-o com o professor e os demais colegas. Você pode buscar outras informações a respeito desse tema para complementar o trabalho. ■ Imagem do site do projeto MapBiomas obtida em 2020. PR O JE TO M AP BI O M AS -H TT P: // M AP BI O M AS .O RG 89 NÃO ESCREVA NO LIVRO D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 89D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 89 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 A importância das florestas As comunidades tradicionais, como povos indígenas, quilombolas e extrativistas, depen- dem da vegetação original (também chamada de vegetação nativa), associada aos demais elementos naturais, para garantir a subsistência, manter as tradições culturais e a existência enquanto povo. Por muito tempo, no mundo todo, o desmatamento foi associado a desenvolvimento econômico. Durante séculos, as florestas foram importantes fontes de matérias-primas e sua exploração foi intensificada com o desenvolvimento industrial. Iniciada na Inglaterra, em meados do século XVIII, a Revolução Industrial promoveu profundas transformações no modelo de produção, a partir da transição da manufatura para a indústria mecânica. Esse processo contribuiu não somente para o desmatamento de formações vegetais nativas de diversas regiões do mundo, como também para o uso excessivo dos demais recursos naturais, como os minerais. A retirada da vegetação original também está associada à urbanização e ao desenvolvi- mento de atividades econômicas primárias, como agricultura, pecuária e mineração. De acordo com o monitoramento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), estima-se que de mais de 75% das florestas primárias do mundo foram extintas. Para expandir áreas de agricultura e pastagem para a criação de gado, e também para obter madeira, formações vegetais foram derrubadas. Hoje, muitas pesquisas e práticas apontam diversos motivos para se preservar grandes áreas de vegetação, além de, a médio e longo prazo, serem obtidos maiores ganhos econômicos. Mundo: cobertura fl orestal original e atual Equador 0° Trópico de Capricórnio Círculo Polar Antártico Trópico de Câncer 0° M er id ia no d e G re en w ic h Círculo Polar Ártico OCEANO GLACIAL ÁRTICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO 0 2445 Cobertura florestal atual Cobertura florestal original Fonte: RAINFOREST FOUNDATION NORWAY. State of the rainflorest 2014. Oslo, 2014. p. 24. Disponível em: http://stateoftherainforest. regnskogfondet.no/uploads/docs/StateOfTheRainforest_lo.pdf. Acesso em: 27 ago. 2020. ER IC SO N G U IL H ER M E LU CI AN O 90 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 90D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 90 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 http://stateoftherainforest.regnskogfondet.no/uploads/docs/StateOfTheRainforest_lo.pdf Entre os principais motivos para a preservação, em especial das formações florestais, estão: • a capacidade de prover bens, como plantas medicinais (grande parte delas usadas pela indústria farmacêutica), frutos, raízes, madeira, fibras, óleos etc.; • o controle de pragas e doenças nos cultivos agrícolas, purificação e regulação do ciclo das águas; regulação climática; capacidade de absorver carbono pela fotossíntese (ver imagem abaixo); influên- cia no controle de inundações, erosão e assoreamento; proteção de nascentes de rios etc.; • a contribuição para processos naturais, como a formação de solos e o ciclo de nutrientes na natureza. A umidade atmosférica na floresta, que resulta principalmente da transpiração das plantas, ajuda a regular o clima não apenas da região onde a floresta se encontra, mas também de outras bem mais distantes. O desmatamento reduz a evapotranspiração e, assim, inibe a reciclagem de água pois diminui a umidade na atmosfera, reduzindo a precipitação local em regiões para onde a umidadeé transportada. ■ Por meio da fotossíntese, as florestas são capazes de armazenar carbono, que fica retido nas plantas e no solo. O desmatamento, principalmente quando acontece por meio de queimadas, causa a liberação do CO2. Fonte: RAINFOREST FOUNDATION NORWAY. State of the rainflorest 2014. Oslo, 2014. p. 36. Disponível em: http://stateoftherainforest.regnskogfondet.no/uploads/docs/StateOfTheRainforest_lo.pdf. Acesso em: 27 ago. 2020. Formação florestal Termo genérico que se refere a tipos de formação vegetal no qual os elementos dominantes são as árvores, formando um dossel (cobertura superior da floresta). ER IK A O N O D ER A 91 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 91D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 91 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM 1. Que formações vegetais nativas foram mais devastadas? 2. Que formações vegetais nativas ocorrem na Unidade da Federação em que você vive? Qual a situação atual? Serviço ecossistêmico Benefício que a sociedade obtém da natureza, como provisão de alimentos, regulação climática, lazer e de suporte para a vida, por exemplo, formação de solo, sendo vitais para o bem-estar das pessoas e para as atividades econômicas. Brasil: vegetação nativa x vegetação atual No Brasil, o desmatamento teve início durante o processo de colonização, mas se intensificou ao longo do século XX, no período em que houve crescimento da população, especialmente nas áreas urbanas, industrialização e expansão de atividades agropecuárias no país. A vegetação nativa tem importância ambiental, social e econômica: cumpre impor- tantes serviços ecossistêmicos, podem ser aproveitadas economicamente de forma sustentável e são fundamentais para a sub- sistência direta e a preservação de tradições culturais de inúmeras comunidades. No Brasil, as florestas constituem a for- mação vegetal de maior extensão. Mesmo no Cerrado e na Caatinga, caracterizadas por formações arbustivas, há trechos de for- mações florestais. Compare, nos mapas ao lado, as áreas de vegetação nativa com as de vegetação atual. Segundo o Relatório Anual de Desma- tamento do Brasil, somente em 2019 foram detectados e confirmados 56,8 mil alertas de desmatamento, que devastaram 12 187 km2 quadrados de vegetação nativa no país, sendo 63% na Floresta Ama- zônica, 33,5% no Cerrado e 3,3% na Mata Atlântica, na Caatinga, no Pantanal e nos Campos. O estudo constatou que mais de 99% dos desmatamentos não foram autorizados ou se sobrepõem com áreas protegidas; portanto, são ilegais. Brasil: vegetação nativa 50º O 0º Equador Trópico de C apricórnio OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO Floresta Amazônica Mata dos Cocais Matas Atlânticas Mata de Araucárias Caatinga Cerrado Campos Complexo do Pantanal (cerrado e campos inundáveis) Vegetação litorânea (mangue, restinga, jundu) Tipos de vegetação Rios 0 740 AM AP PA MT RO MS MG ES RJ MA PI CE RN PB PE AL SE BA TO DF GO SP PR SC RS RR AC Fonte: GIRARDI, G.; ROSA, J. V. Atlas Geográfico. São Paulo: FTD, 2016. p. 64. RE N AT O B AS SA N I Brasil: vegetação atual 50º O 0º Equador Trópico de Capricórnio OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO AM AP PA MT RO MS MG ES RJ MA PI CE RN PB PE AL SE BA TO DF GO SP PR SC RS RR AC Floresta Amazônica Mata dos Cocais Matas Atlânticas Mata de Araucárias Caatinga Cerrado Campos Complexo do Pantanal (cerrado e campos inundáveis) Vegetação litorânea (mangue, restinga, jundu) Tipos de vegetação Área devastada Rios 0 740 Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Atlas geográfico escolar. 7. ed. Rio de Janeiro, 2016. p. 100. RE N AT O B AS SA N I 50º O 0º Equador Trópico de Capricórnio OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO AM AP PA MT RO MS MG ES RJ MA PI CE RN PB PE AL SE BA TO DF GO SP PR SC RS RR AC Floresta Amazônica Mata dos Cocais Matas Atlânticas Mata de Araucárias Caatinga Cerrado Campos Complexo do Pantanal (cerrado e campos inundáveis) Vegetação litorânea (mangue, restinga, jundu) Tipos de vegetação Área devastada Rios 0 740 50º O 0º Equador Trópico de C apricórnio OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO Floresta Amazônica Mata dos Cocais Matas Atlânticas Mata de Araucárias Caatinga Cerrado Campos Complexo do Pantanal (cerrado e campos inundáveis) Vegetação litorânea (mangue, restinga, jundu) Tipos de vegetação Rios 0 740 AM AP PA MT RO MS MG ES RJ MA PI CE RN PB PE AL SE BA TO DF GO SP PR SC RS RR AC 92 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 92D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 92 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 Principais medidas do Código Florestal 1. Trecho desmatado 6. Topo de morro 3. Margem de rio 7. Encosta 2. Mata 4. Nascente de rio 5. Manguezal 8. Atividade agrossilvipastoril Área de Preservação Permanente (APP): área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservação. Corresponde às margens dos rios e lagos, nascentes, topos de morro, encostas, manguezais, restingas e bordas de chapadas. Reserva Legal: área que deve ser preservada em uma propriedade rural para garantir a biodiversidade e não colocar em risco os ciclos naturais. Módulo fiscal: unidade variável de medida agrária em hectares, pois é definido para cada município e considera o tipo de exploração e a renda obtida. Agrossilvipastoril: cultivo em conjunto de agricultura, silvicultura e pecuária. Lei válida para ações feitas até 2008 Lei válida para ações feitas a partir de 2008 Área de Preservação Permanente Reserva Legal 1. Trecho desmatado na encosta: • Em terrenos de até 4 módulos fiscais: sem obrigação de recomposição; • Em terrenos com mais de 4 módulos fiscais: recomposição em até 20 anos. 2. Mata: Área a ser preservada varia de acordo com o bioma, sendo: • Amazônia: 80%; • Cerrado: 35%; • Demais biomas, exceto manguezais: 20%. 3. Margem de rio: A preservação do entorno depende da largura do rio: 4. Nascente perene de rio e olho-d´água perene: Mínimo de 50 metros de distância em relação à nascente. 5. Manguezal: Toda a extensão deve ser preservada. 6. Topo de morro: Nos topos de morros com altura mínima de 100 m e inclinação maior que 25°, devem ser preservados 2/3 da altura mínima definida em relação à base. 7. Encosta: Devem ser preservadas todas as áreas com declividade superior a 45°. 8. Atividade agrossilvipastoril: Para propriedades que ocupam área de preservação permanente com atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e turismo rural, as regras transitórias e de adequação serão reu- nidas nos Programas de Regularização Ambiental (PRAs) elaborados pelos estados e pelo Distrito Federal. O Código Florestal O Código Florestal, instituído a partir de 2012, foi motivo de debate e discórdia entre os chamados ruralistas e os ambientalistas. Observe o infográfico a seguir. ST U D IO C AP AR RO Z Fonte de pesquisa: BRASIL. Lei 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Brasília, DF: Casa Civil, 2012. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12651.htm. Acesso em: 28 ago. 2020. Largura do rio • Até 10 metros de largura • De 10 metros a 50 metros • De 50 metros a 200 metros • De 200 metros a 600 metros • Mais de 600 metros Mata preservada • 30 metros • 50 metros • 100 metros • 200 metros • 500 metros 93 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 93D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 93 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 Crise ambiental e as comunidades tradicionais: outros caminhos são possíveis? De acordo com a legislação brasileira, povos e comunidades tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, possuem formas próprias de organização social, ocupam e usam territóriose recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, uti- lizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição. Desses grupos, fazem parte os inúmeros povos indígenas e comunidades de diversas partes do território brasileiro. Povos da floresta é a denominação que recebem as comunidades tradicionais que vivem e tiram seu sustento das florestas, como os indí- genas, extrativistas, seringueiros e ribeirinhos. As comunidades tradicionais, principalmente os povos das florestas, sofrem com a crise ambiental global, pois são grupos sociais que dependem diretamente dos recursos oferecidos pela natureza para sobreviver. Por isso, o desmatamento das áreas florestais pode prejudicar sua base de subsistência e comprometer seu modo de vida. No entanto, em razão do seu profundo conhecimento sobre os ele- mentos da natureza e sua dinâmica, esses grupos podem aliar informações passadas entre as gerações ao conhecimento científico sobre agroecologia e desenvolvimento sustentável. De acordo com a ONU, os povos das florestas são grandes aliados na luta contra o aquecimento global, pois conhecem integralmente o valor e a importância da preservação da natureza para o equilíbrio ambiental. Os avanços científicos associados ao conhecimento tradicional podem ser uma saída para a crise ambiental. Conheça um pouco mais sobre o modo de vida de alguns povos da floresta e comunidades tradicionais que vivem no Brasil. Povos da floresta e Reservas Extrativistas Na Amazônia, a luta dos povos da floresta ganhou força com a notoriedade mundial de Chico Mendes (1944-1988) e outros seringueiros do Acre na década de 1980. Desde os anos de 1970, Chico Mendes liderou os povos da floresta na luta pela preservação da Amazônia. Uma das formas de luta era o empate, na qual os seringueiros impediam de forma pacífica a derrubada das árvores. ■ Na fotografia, Chico Mendes em Xapuri (AC), 1988. H O M ER O S ÉR G IO /F O LH AP RE SS 94 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 94D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 94 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 Em 1988, Chico Mendes foi assassinado, pois a sua atuação era inconveniente para os fazendeiros locais. Mas a sua luta, entre outras con- quistas, resultou na criação das Reservas Extrativistas (Resex), sendo a primeiras delas no Acre em 1990, a reserva Alto Juruá. A implantação das Resex, presentes em todo o país, teve como objetivo aliar a preservação da floresta com uma exploração sustentável pelas comunidades locais, como a extração do látex e da castanha. No entanto, a pressão sobre essas reservas teve grande aumento principalmente a partir do final da década de 2010. Na Amazônia e no Cerrado, o principal fator foi a expansão das atividades agropecuárias. Ao mesmo tempo, faltam políticas públicas para apoiar as comunidades tradicionais que, em muitos casos, não vêm um retorno econômico com os produtos explorados. Povos e comunidades tradicionais no Cerrado Atualmente, estratégias de manejo do Cerrado e de áreas de tran- sição são realizadas em mais de 50 territórios indígenas, em terras quilombolas e diversas comunidades rurais, como geraizeiros, retireiros, vazanteiros, veredeiros – essas denominações são relacionadas aos ecos- sistemas do Cerrado, como os campos gerais, várzeas dos rios e veredas. Muitas comunidades tradicionais no Brasil se articulam em associa- ções e redes para promover avanços sociais e econômicos integrados à preservação da cultura, das formações vegetais nativas e demais ele- mentos naturais. A Rede Cerrado é um exemplo de integração de mais de trezentas associações da sociedade civil. O objetivo principal é a luta pela conservação do Cerrado e a defesa de seus povos e comunidades tradicionais, promovendo justiça social e sustentabilidade ambiental. Reserva Extrativista Unidade de conservação de uso sustentável em que tem o objetivo de proteger os meios de vida e a cultura das populações extrativistas e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais. tradicionais, promovendo justiça social e sustentabilidade ambiental. ■ Geraizeiros catadores de pequi em Minas Gerais, 2014. BE N TO V IA N A/ AC ER VO IS PN Área de transição Área que agrupa características de dois ou mais biomas. 95 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 95D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 95 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 NÃO ESCREVA NO LIVROATIVIDADES> 1. Observe a ilustração para fazer as atividades. ■ Cartum de artista iraniano Shahram Rezaei, publicado em 2014. a) Descreva a cena representada. b) Qual é o tema abordado pelo cartum e sua principal crítica? A qual ameaça global ele se refere? 2. Observe o gráfico a seguir e responda. a) O que o gráfico indica sobre o desmatamento da Amazônia? Que fatores ajudam a explicar isso? b) Qual a importância da preservação da floresta para as comunidades tradicionais? E para as demais sociedades? Amazônia: desmatamento, 2011-2020 0 200 400 600 800 km² 165 43 84 185 389 474 96 634 797 649 Ma io/ 20 11 Ma io/ 20 12 Ma io/ 20 13 Ma io/ 20 14 Ma io/ 20 15 Ma io/ 20 16 Ma io/ 20 17 Ma io/ 20 18 Ma io/ 20 19 Ma io/ 20 20 Fonte: Desmatamento registrado na Amazônia em maio foi o 2o maior da década. Amazônia, 17 jun. 2020. Disponível em: https://amazonia. org.br/2020/06/desmatamento- registrado-na-amazonia-em-maio- foi-o-2o-maior-da-decada/. Acesso em: 19 ago. 2020. SO N IA V AZ SH AH RA M R EZ AE I 96 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 96D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 96 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 https://amazonia.org.br/2020/06/desmatamento-registrado-na-amazonia-em-maio-foi-o-2o-maior-da-decada/ PLANEJAMENTO DO TRABALHO E DIAGNÓSTICO DA REALIDADE Nesta etapa vocês irão se reunir em grupos. Cada grupo deverá investigar um assunto relacionado à temática ambiental no município onde estudam. Pode ser escolhido um impacto ou problema ambiental, como: poluição atmosférica; degradação de rios e córregos; devastação de áreas verde; contaminação dos solos; ou outros que ocorrem especificamente no município. Escolhido o tema, o grupo discutirá o que sabe sobre o problema e buscará informações para complementar o diagnóstico da realidade, por exemplo: • Em que áreas do município ocorre? • Há quando tempo esse problema ocorre? • Quem são as pessoas mais atingidas? • Quais são as causas? Os grupos devem pesquisar dados e informações sobre o tema escolhido, para ampliar o que já sabem, fazer novas perguntas e buscar respostas. Os dados podem ser coletados em publicações, sites ou visitas às secretarias de meio ambiente do município e do estado, ONGs, institutos de pesquisa, como o IBGE, universidades e outras instituições comprometidas com o tema de estudo. Podem ser coletados dados estatísticos e consultados relatórios, reportagens, mapas temáticos e legislações ambientais municipais, estaduais ou federais. Também podem ser feitas entrevistas com os atores envolvidos com o problema. Etapa 1 ■ Lixo em córrego no munícipio de Juazeiro (BA), 2016.C ES AR D IN IZ / PU LS AR IM AG EN S 97 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 97D3-CH-EM-3075-V5-U3-C5-078-097-LA-G21_AVU1.indd 97 20/09/20 23:4620/09/20 23:46 6 CAPÍTULO Desastres naturais ou humanos? Tempestades, inundações, deslizamentos e terremotos são fenôme- nos naturais intensos. Quando ocorrem em locais habitados por seres humanos, resultando em danos (materiais e humanos) e prejuízos (socioe- conômicos), são considerados desastres naturais. Você já presenciou um desastre natural ou viu alguma reportagem sobre o assunto pela televisão? Eventos naturais se convertem em desastres apenas quando os seres humanos que vivem nas áreas em que ocorrem são afetados. Assim, ao analisar desastres naturais temos de considerara forma como as socie- dades ocupam e usam o território e a sujeição dos grupos humanos aos riscos. Observe no esquema a seguir as principais categorias de desastres naturais, de acordo com a origem. Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo e sobre o trabalho com as atividades. Desastres naturais: classifi cação quanto à origem MeteorológicosHidrológicosClimatológicosGeofísicosBiológicos Epidemias Terremotos Secas Inundações Tempestades Infestações por insetos Ataques animais Movimentos de massa (sem água) Temperaturas extremas Incêndios Movimentos de massa (com água) Vulcões Fonte: SAITO, S. M. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE). Desastres naturais: conceitos básicos. Disponível em: http://www3.inpe.br/crs/crectealc/pdf/silvia_saito.pdf. Acesso em: 21 ago. 2020. ■ O ciclone extratropical que atingiu a região Sul do Brasil em junho de 2020 causou grandes estragos no Paraná, onde as rajadas de vento chegaram a 120 quilômetros por hora. O temporal atingiu 30 municípios e afetou 3 127 pessoas no Estado. Fotografia de um município do Paraná, 2020. DEFESA CIVIL DO PARANÁ SO N IA V AZ 98 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 98D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 98 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 http://www3.inpe.br/crs/crectealc/pdf/silvia_saito.pdf Para um fenô- meno da natureza ser reconhecido como desastre natural, o Centre for Research on the Epidemiology of Disasters (Cred), ou, em português, Centro de Pesquisas sobre Desastres, órgão ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), considera pelo menos um dos seguintes critérios: dez ou mais pessoas mortas; 100 ou mais indivíduos afetados; declaração de estado de emergência; e pedido de assistência internacional. Para quantificar a gravidade dos impactos causados pelos desastres naturais são utilizados como parâmetros os números absolutos e relativos das pessoas afetadas e mortas na fase de emergência, os custos econô- micos e a infraestrutura danificada e destruída. Observe o gráfico acima. O impacto dos desastres naturais sobre os seres humanos depende de múltiplos fatores, como o tipo e a duração do impacto, além da loca- lização e da vulnerabilidade da população. O grau de vulnerabilidade é determinado por uma combinação de fatores, que incluem a consciência da população acerca do perigo, as condições de moradia, a infraestrutura existente, as políticas e a adminis- tração públicas, além da capacidade de lidar com desastres. A pobreza, presente na maioria das regiões do mundo, é também uma das principais causas dessa vulnerabilidade. Em geral, os desastres naturais são intensificados por ações humanas, como o desmatamento e a ocupação irregular nas cidades, muitas vezes em áreas de risco, como margens de rios sujeitas a inundação e encostas ou morros com risco de deslizamento. Embora o percentual de ocorrências mundiais seja pequeno, se com- parado a outros desastres, os deslizamentos (movimentos de massa) precedidos de fortes chuvas constituem um grave problema no Brasil, causando mais mortes que as inundações. Área de risco Área considerada impró- pria para moradia dada a fragilidade ou instabili- dade do terreno causada pela natureza ou ação humana. Fonte: CENTRE FOR RESEARCH ON THE EPIDEMIOLOGY OF DISASTERS (CRED)/ UNITED NATIONS OFFICE FOR DISASTER RISK REDUCTION (UNISDR). Economic losses, poverty & disasters (1998-2017). Bélgica/ Suiça, 201[?]. p. 7. Disponível em: https://www.unisdr. org/2016/iddr/IDDR2018_ Economic%20Losses.pdf. Acesso em: 21 ago. 2020. Mundo: ocorrência de desastres naturais (por tipo), 1998-2017 3 148 43,4% 2 049 28,2% Incêndio Atividade vulcânica Movimento de massa (sem água) 563 7,8% 405 5,6% 378 5,2% 347 4,7% 254 3,5% 99 1,4% 12 0,2% Inundação Tempestade Terremoto Temperatura extrema Deslizamento Seca NÃO ESCREVA NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS • Ao analisar o que acabou de ler nesta dupla de páginas, como você responderia à pergunta no título do capítulo? Em sua opinião, o desastre natural poderia ser evitado? Como? SO N IA V AZ 99 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 99D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 99 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 https://www.unisdr.org/2016/iddr/IDDR2018_Economic%20Losses.pdf Desastres naturais no mundo Entre 1998 e 2017, desastres geofísicos e climáticos ocorridos no mundo mataram 1,3 milhão de pessoas e deixaram mais 4,4 bilhões feridas, desabrigadas ou precisando de assistência emergencial. Enquanto a maioria das fatalidades ocorreram em razão de eventos geofísicos, principalmente terremotos e tsunamis, 91% dos desastres foram causados por inundações, tempestades, ondas de calor e outros eventos climáticos extremos. Observe os gráficos. Mundo: número de mortes por tipo de desastre, 1998-2017 Mundo: número de pessoas afetadas por tipo de desastre, 1998-2017 56% 747 234 17% 232 680 13% 166 346 11% 142 088 2% 21 563 1% 18 414 0,2% 2 398 Movimento de massa (sem água) Inundação Seca Tempestade Terremoto Temperatura extrema Deslizamento Incêndio Atividade vulcânica 0,1% 4,8 milhões 0,1% 6,2 milhões 45% 2 bilhões 33% 1,5 bilhão 16% 726 milhões 3% 125 milhões 2% 97 milhões Movimento de massa (sem água) Inundação Seca Tempestade Terremoto Temperatura extrema Deslizamento Incêndio Atividade vulcânica Fonte: CENTRE FOR RESEARCH ON THE EPIDEMIOLOGY OF DISASTERS (CRED)/ UNITED NATIONS OFFICE FOR DISASTER RISK REDUCTION (UNISDR). Economic losses, poverty & disasters (1998-2017). Bélgica/ Suíça, 201[?]. p. 8-9. Disponível em: https://www.unisdr.org/2016/iddr/ IDDR2018_Economic%20Losses.pdf. Acesso em: 21 ago. 2020. Muito embora os desastres naturais tenham atingido todos os continentes no período de 1998 a 2017, a Ásia foi o continente mais impactado – o que se explica principalmente pela extensa área territorial, pelas altas densidades demográficas, pelo relevo constituído de formas propensas a desastres, como planícies de inundação e montanhas, e por determinadas condições geológicas, zonas sísmicas e vulcânicas, por exemplo. Em termos monetários, os países de alta renda relataram perdas de 53% dos desastres entre 1998 e 2017, os países de baixa renda relataram apenas 13% dos desastres no mesmo período. No entanto, as perdas nos países de baixa renda são maiores do que os dados disponíveis sugerem por causa da subnotificação sistemática. O Banco Mundial calculou que o custo real para a SO N IA V AZ SO N IA V AZ 0,1% 4,8 milhões 0,1% 6,2 milhões 45% 2 bilhões 33% 1,5 bilhão 16% 726 milhões 3% 125 milhões 2% 97 milhões Movimento de massa (sem água) Inundação Seca Tempestade Terremoto Temperatura extrema Deslizamento Incêndio Atividade vulcânica 100 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21_AVU1.indd 100D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21_AVU1.indd 100 20/09/20 20:3220/09/20 20:32 https://www.unisdr.org/2016/iddr/IDDR2018_Economic%20Losses.pdf https://www.unisdr.org/2016/iddr/IDDR2018_Economic%20Losses.pdf comunidade global é aproximadamente de 520 bilhões de dólares por ano, levando 26 milhões de pessoas à pobreza todos os anos. As perdas absolutas também mascaram o peso relativamente maior dos desastres sobre os países com renda mais baixa. Quando os custos econômicos são expressos como porcentagem média do Produto Interno Bruto (PIB), isso fica mais claro. Observe os mapas abaixo. Segundo o Cred, entre 2000 e 2017, em países de baixa renda, morreram, em média, 130 pessoas por milhão de habi- tantes que viviam em áreas afetadas por desastres, em comparação com apenas 18 em países de alta renda. Isso signi- fica que as pessoas expostas a riscos naturais nas nações mais pobres estavam sujeitas a uma probabilidade de morrer de sete vezes maior do que as pessoas expostas a riscos equivalentes nas nações mais ricas. As catástrofes naturais expõem e agravam as vulne- rabilidades, comoa pobreza, a desigualdade, a degradação ambiental e a má gestão pública. Os países e as comunidades mais pobres, sem conhecimento dos riscos e com pequena capaci- dade preventiva, são os que mais sofrem os impactos dos desastres. As ações preventivas requerem investimentos significativos a longo prazo em educação, tecno- logia e infraestrutura, bem como necessitam de instituições e pro- fissionais preparados. Fonte: CENTRE FOR RESEARCH ON THE EPIDEMIOLOGY OF DISASTERS (CRED)/ UNITED NATIONS OFFICE FOR DISASTER RISK REDUCTION (UNISDR). Economic losses, poverty & disasters (1998- 2017). Bélgica/Suíça, 201[?]. p. 4-5. Disponível em: https://www.unisdr.org/2016/iddr/IDDR2018_ Economic%20Losses.pdf. Acesso em: 18 ago. 2020. Os dez países que mais registraram perdas percentuais em relação ao PIB, 1998-2017 0° 0° Equador Trópico de Câncer Círculo Polar Antártico Círculo Polar ÁrticoCírculo Polar Ártico Trópico de Capricórnio M er id ia no d e G re en w ic h M er id ia no d e G re en w ic h OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO Renda alta Renda média alta Renda média baixa Renda baixa Terremoto Tempestade Inundação Tsunami EUA 944,8 0 3550 Índia 79,5 Tailândia52,4 China 492,2 Japão 376,3 Alemanha 57,9 Itália 56,6 França 43,3 México 46,5 Porto Rico 71,7 0° 0° Equador Trópico de Câncer Círculo Polar Antártico Círculo Polar ÁrticoCírculo Polar Ártico Trópico de Capricórnio M er id ia no d e G re en w ic h M er id ia no d e G re en w ic h OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO Tadjiquistão 2,7 Renda alta Renda média alta Renda média baixa Renda baixa Nicarágua 3,6 Honduras 7,0 Haiti 17,5 Porto Rico 12,2 Coreia do Norte 7,4 Geórgia 3,5 Mongólia 2,8 Cuba 4,6 El Salvador 4,2 Terremoto Tempestade Temperatura extrema 0 3550 Os dez países que mais registraram perdas econômicas causadas por desastres naturais, em valores absolutos (em bilhões de dólares), 1998-2017 NÃO ESCREVA NO LIVRO> LEITURA DE IMAGEM • Analise os gráficos desta dupla de páginas e explique a relação entre a vulnerabilidade a desastres e o desenvolvimento econômico. SO N IA V AZ SO N IA V AZ 101 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21_AVU2.indd 101D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21_AVU2.indd 101 20/09/20 21:0520/09/20 21:05 https://www.unisdr.org/2016/iddr/IDDR2018_Economic%20Losses.pdf População em risco Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), 8,27 milhões de brasileiros vivem em áreas de risco de desastres naturais em 872 municípios do país. A maior parte dos desastres naturais no Brasil tem origem hidrológica (inundações e movimentos de massa com água) e geológica (movi- mento de massa sem água). Inundações e alagamentos O crescimento urbano tem influen- ciado no aumento das inundações em razão, principalmente, da intensa imper- meabilização do solo e da ocupação das áreas naturais de inundação dos rios (planícies fluviais). Nas cidades, a situação se agrava, pois o asfalto e o concreto dificultam ou impedem que a água das chuvas penetre no solo. A água escorre então por ruas e calçadas até atingir os bueiros (bocas de lobo), que podem estar com o acesso obstruído por lixo. Com isso, a água não chega às galerias pluviais (que também podem estar obstruídas por detritos e, assim, sem vazão suficiente), acumulando-se na superfície e provocando alagamento nas partes mais baixas do relevo. Estudos vêm demonstrando que as inundações periódicas têm impacto grave e de longo prazo nas condições de vida e na saúde das pessoas, em particular nas zonas rurais pobres que dependem da agri- cultura. Na zona rural da Índia, as crianças de até 1 ano de idade que vivem em áreas sujeitas à inundação sofrem de desnutrição crônica em consequência da produção agrícola perdida e do abastecimento de ali- mentos interrompido. Diferentemente de outros desastres naturais, as inundações podem ser prevenidas. Algumas dessas medidas preventivas são: construção de barragens e diques nas áreas rurais; aumento do número de áreas verdes, redução de construções e asfaltamento em áreas de inundação, destino adequado ao lixo, serviços públicos como coleta e varrição de ruas e limpeza de rios e córregos nas cidades. Brasil: distribuição dos municípios monitorados na Base Territorial Estatística de Áreas de Risco (BATER), 2010 50º O 0º Equador OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO Trópico de Capricó rnio RR AM RO AC PA AP PI CEMA TO GO BA MG ES RJ RN PB PE SE AL SP PR SC RS MS MT DF Municípios monitorados com BATER 0 485 Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). População em áreas de risco no Brasil. Rio de Janeiro, 2018. p. 37. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/ visualizacao/livros/liv101589. pdf. Acesso em: 18 ago. 2020. Galeria pluvial Conjunto de tubulações subterrâneas que capta a água da chuva (pluvial) e permite o escoamento. AL LM AP S 102 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 102D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 102 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101589.pdf Movimentos de massa/ deslizamentos A erosão pluvial é provocada pelas águas da chuva que desgastam as rochas e transportam materiais das áreas mais altas do relevo para as mais baixas. Em geral, a erosão provocada pela chuva é mais intensa em terrenos muito inclinados, já que a força da gravidade faz com que os solos tendam a deslizar. A mecânica dos deslizamentos é caracterizada pela ruptura das condições de equilíbrio de uma massa de solo, sedimentos ou rochas, em uma encosta. Além das águas da chuva, outros agentes podem ser responsá- veis pela ruptura desse equilíbrio, como as fraturas das rochas, as alterações do peso específico do solo devido à saturação, a compactação do terreno, o uso urbano, as vibrações provocadas por explosões ou pelo tráfego de veículos pesados, assim como forças naturais, como os terremotos etc. O desmatamento aumenta o escoamento superficial da água, que leva parte do solo. O solo pode também ficar encharcado e escorregar encosta abaixo. As constru- ções de moradias em áreas impróprias para a ocupação, como as encostas de morros, podem intensificar os des- lizamentos e causar mortes. Saturação do solo Estado do solo em que todos os poros estão preenchidos por água. ■ Casa destruída por um deslizamento no Japão, 2020. Deslizamentos Fonte: CENTRO NACIONAL DE MONITORAMENTO E ALERTS DE DESASTRES NATURAIS. Movimento de massa. Disponível em: http://www.cemaden.gov.br/ deslizamentos/. Acesso em: 18 ago. 2020. ER IK A O N O D ER A KY O D O N EW S/ G ET TY IM AG ES ■ Quando a superfície de ruptura é curvada (em forma de colher) com movimento rotatório em materiais superficiais, o deslizamento é classificado como rotacional. Quando o deslizamento ocorre em superfície relativamente plana e associada a solos mais rasos, é denominado translacional. 103 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 103D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 103 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 http://www.cemaden.gov.br/deslizamentos/ Tempestades Como os seres humanos se distribuem praticamente por toda a superfície do planeta Terra, ocupando áreas de baixas a altas latitudes, as diversas sociedades são afetadas em épocas distintas do ano por fenômenos atmosféricos variados, como frio intenso, chuvas torrenciais, furacões, grandes períodos de estiagem, calor intenso, queda acentuada de neve etc. Em geral, o avanço tecnológico tem contribuído para que se façam previsões do tempo mais confiáveis, o que pode ser um dos fatores que explicam a diminuição global das mortes por tempestades nos últimos vinte anos. Pesquisadores concluem que aocorrência de tempestades não pode ser controlada, mas uma melhor gestão preventiva possibilita a redução de mortes e outras perdas. Após um superciclone ocorrido em 1999, no estado de Odisha, na Índia, foram desenvolvidos sistemas de redes de comunicação que permitiram alertar comunidades expos- tas e pescadores sobre os riscos, além da construção de aterros para proteger a população contra tempestades e inundações costeiras. Em 27 de março de 2004, um fenômeno climático extremo deixou um rastro de destruição em quarenta cidades nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esse evento, denominado como Catarina, é um marco na história meteorológica mundial, pois foi o único furacão a se formar no oceano Atlântico sul, onde a ocorrência desse fenômeno é pouco comum por apresentar águas com menores temperaturas e ventos mais fortes. Foi também o primeiro e único furacão a atingir o Brasil. São poucos os registros de tornados no Brasil, mas existe uma zona propícia à inci- dência que vai de Lajeado (RS) até Foz do Iguaçu (PR), com 800 quilômetros de compri- mento. Para os especialistas, esses fenômenos meteorológicos no país são consequência do encontro das correntes de ar quente e úmido da Amazônia com as massas de ar frio vindas do Oceano Glacial Antártico. Em 20 de abril de 2015, um tornado, com ventos de 300 quilômetros por hora, atingiu as cidades de Xanxerê e Ponte Serrada, também em Santa Catarina. Duas pessoas morreram, 124 ficaram feridas, mais de 5 300 ficaram desaloja- das e o prejuízo financeiro foi aproximadamente de 114 milhões de reais. ■ Com ventos de até 180 quilômetros por hora, o furacão Catarina, no Brasil, provocou a morte de 11 pessoas, deixou 518 feridos, mais de 27 mil desabrigados e milhares de moradias destelhadas ou destruídas. O prejuízo foi estimado em 1 bilhão de reais. Imagem de satélite de 2004. JA CQ U ES D ES CL O IT RE S, M O D IS R AP ID R ES PO N SE T EA M , N AS A/ G SF C 104 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 104D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 104 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 “Aguenta a mã o, João”, foi escrita pelo cantor e compositor paulista Adoniran Barbosa (1910- 1982) em parceria com o compositor mineiro Hervê Cordovil (1914-1979), em 1965. A seguir, leia a letra da canção (se possível, ouça a música) e observe a fotografia. Depois, responda às questões. Aguenta a mão, João Não reclama, contra o temporal Que derrubou seu barracão Não reclama, aguenta a mão, João Com o Cibide aconteceu coisa pior Não reclama, pois a chuva só levou a sua cama Não reclama, aguenta a mão, João Que amanhã tu levanta um barracão muito melhor C’o Cibide, coitado, não te contei? Tinha muita coisa mais no barracão A enxurrada levou seus tamancos e o lampião E um par de meia que era de muita estimação O Cibide tá que tá dando dó na gente Anda por aí com uma mão atrás e outra na frente AGUENTA A MÃO, JOÃO. Intérprete: Adoniran Barbosa. In: ADONIRAN Barbosa. São Paulo: RGE Discos, 1965. Faixa 3. Disponível em: https://www. letras.mus.br/adoniran-barbosa/188487/. Acesso em: 18 ago. 2020. 1. Qual é a relação entre a canção e a fotografia? Em sua opinião, por que os pro- blemas se repetem no decorrer dos anos? 2. Em sua comunidade existe algum problema relacionado a fenômenos climáticos que se repete todos os anos? 3. O que você acha que pode ser feito para melhorar esse problema? DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> NÃO ESCREVA NO LIVRO ■ Moradores limpam moradia após inundação em Colombo (PR), município da Região Metropolitana de Curitiba (PR), 2018. FR AN KL IN D E FR EI TA S/ FO LH AP RE SS 105 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21_AVU2.indd 105D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21_AVU2.indd 105 21/09/2020 01:2721/09/2020 01:27 Seca Em geral, as secas estão associadas a perdas agrícolas e de gado, escassez de abastecimento de água e surtos de doenças. Podem durar vários anos, resultando em impactos econômicos e sociais, com deslo- camento de grande parcela da população afetada. Os dados que apontam 2% das mortes em todo o mundo por causa da seca devem ser analisados com cuidado, pois excluem a grande maioria das mortes indiretas, causadas por desnutrição, doenças e deslocamentos. Embora seja muito difícil quantificar essas mortes, não há dúvida de que resultam do aumento da fome e da miséria, perpetuando as condições de pobreza em muitos países e regiões. Os pro- cessos de desertificação do solo intensificam os problemas relacionados à seca. No Brasil, projetos que incluem a construção de cisternas no sertão nordestino têm contribuído para garantir o abaste- cimento de água para milhares de famílias agricultoras. Desertificação Segundo a ONU, a desertificação é um processo de destruição do potencial produtivo da terra em áreas de clima semiárido, árido e subúmido, por meio da pressão exercida pelas atividades humanas (queimadas, desmatamento, mineração, técnicas agropecuárias impró- prias etc.) sobre ecossistemas frágeis, cuja capacidade de regeneração é baixa. A desertificação é um problema global que afeta diretamente 250 milhões de pessoas e um terço da superfície terrestre. A degradação do solo e a desertificação ameaçam a quantidade de alimentos produzidos. Veja o mapa. ■ Cisterna em Carnaúba dos Dantas (RN), 2018. Mundo: deserti� cação, 2012 OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICOEquador0° 0° Trópico de Câncer Círculo Polar Ártico Círculo Polar Antártico M er id ia no d e G re en w ic h Trópico de Capricórnio OCEANO PACÍFICO OCEANO ÍNDICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO OCEANO GLACIAL ÁRTICO GRANDE BACIA ATACAMA PATAGÔNIA NAMÍBIA SOMÁLIA ARÁBIA THAR GOBI VITÓRIA SAARA KALAHARI 0 3315 Deserto Risco moderado de desertificação Alto risco de desertificação Fonte: FERREIRA, G. M. L. Atlas geográfico: espaço mundial. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2013. p. 29. TA LE S AZ ZI /P U LS AR IM AG EN S AL LM AP S 106 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21_AVU1.indd 106D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21_AVU1.indd 106 20/09/20 20:3220/09/20 20:32 Gestão dos riscos ambientais O termo “risco ambiental”, às vezes, é usado como sinônimo de desastre, mas são conceitos diferentes. O risco ambiental é a probabilidade de acontecer um desastre, ou seja, é a percepção do perigo. Portanto, é possível minimizar os desas- tres por meio do gerenciamento ou gestão dos riscos, que envolve um conjunto de ações preventivas, tais como: • medidas estruturais: obras de engenharia, como as realizadas para a contenção de inundações (barragens, diques etc.); • medidas não estruturais: ações de planejamento e gerencia- mento, como sistemas de alerta, monitoramento e mapeamento de áreas de risco; orientação à população. A gestão de riscos e desastres envolve ações de diversos setores da sociedade em momentos diferentes: antes, durante e após um desastre. Observe o esquema ao lado. Além de governos, empresas, instituições de pesquisa etc., os indiví- duos têm papel fundamental na prevenção dos desastres naturais e na redução de seus impactos, podendo agir de diferen- tes formas, desde perceber riscos para comunicá-los às autoridades até saber o que fazer durante o desastre e depois dele. A defesa civil, organizada por governos e cidadãos, desenvolve ações em relação aos desastres naturais, que podem ser classificadas em prevenção, prepara- ção, resposta e reconstrução. As ações de prevenção e preparação minimizam a ocorrência e os danos pro- vocados pelos desastres e devem ser colocadas em prática antes do evento. As de resposta e reconstrução ocorrem durante e após o desastre. Além disso, ações adequadas de monitoramento possibilitam a criação de sistemas eficientes de alerta. NÃO ESCREVA NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS 1. Explique por que as secas perpetuam as más condições de vida nos lu- gares em que ocorrem. 2. Em sua opinião, como as técnicas e os avanços tecnológicos poderiamcontribuir para amenizar os impactos da seca sobre as populações que vivem em regiões onde esses fenômenos ocorrem? 3. Em sua opinião, a condição de pobreza e fome nessas regiões se dá ex- clusivamente por fatores naturais? Fonte: KOBIYAMA, M et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos básicos. Florianópolis: Organic Trading, 2006. p. 41. Disponível em: http://www.disaster-info. net/lideres/portugues/curso- brasil08/documentos_e_artigos/ Prevencao%20desastres%20 naturais.pdf. Acesso em: 21 AGO. 2020. Relação entre três atores no gerenciamento de desastres naturais Pré-eventoPré-evento Pré-eventoPré-eventove neé- o Pré-eventotré eve Pré-evento GOVERNAMENTAL Federal Estadual Municipal Ação emergencial Açã o em erg enc ial Pós- -evento ON G Em pre sas de ass ess ori a d e co mu nic aç ão Clu be s d e ser viç o D ur an te Individual ED IT O RI A D E AR TE 107 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 107D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 107 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 http://www.disaster-info.net/lideres/portugues/curso-brasil08/documentos_e_artigos/Prevencao%20desastres%20naturais.pdf NÃO ESCREVA NO LIVROATIVIDADES> 1. Leia o texto e, depois, observe a fotografia e sua legenda. Chove mais forte nos países pobres que nos ricos? A seca é mais intensa nas áreas miseráveis do mundo que nos grandes centros de poder? Se as mudanças climáticas atingem todo o planeta, sem distin- ção de fronteira ou regime político, um levantamento de uma década de desastres naturais revela que são os pobres os que mais morrem e sofrem com enchentes, secas ou furacões. Mas o problema não são os eventos climáticos, mas a própria pobreza. Em dez anos, 2 bilhões de pessoas em todo o planeta foram atingidos por desastres naturais, um volume recorde e que mostra o impacto de eventos extremos como chuvas, secas ou furacões. CHADE, J. Impacto de desastres naturais recai sobre pobres. Estadão, 16 out. 2014. Disponível em: https://sustentabilidade.estadao.com.br/ noticias/geral,impacto-de-desastres-naturais-recai-sobre-pobres,1577479. Acesso em: 19 ago. 2020. • A porção Noroeste do Japão foi atingida, em 2019, por um terremoto de intensidade 7,0 na escala Richter, a mesma intensidade daquele que atingiu o Haiti em 2010. No Haiti as consequências ime- diatas foram 316 mil mortos 1,5 milhão de feridos e 1,5 milhão de desabrigados, enquanto no Japão foram 26 feridos. Qual é a relação que podemos fazer entres os dois lugares? Por que o terremoto no Haiti é considerado um desastre natural e, no Japão, não? 2. No Brasil, a defesa civil faz parte do Sistema Nacional de Defesa Civil, que conta com Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), órgão de apoio às defesas civis locais. Leia a seguir trecho de uma cartilha elaborada pelo Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (Ceped) para prevenção de riscos. Depois, responda às questões. Saiba como agir em tempestades Se estiver na rua: • Evite lugares que ofereçam pouca ou nenhuma proteção contra raios tais como: pequenas construções não protegidas como celeiros, tendas ou barracos; veículos sem capota como tratores, motocicletas ou bicicletas; • Evite estacionar próximo a árvores ou linhas de energia elétrica; • Evite estruturas altas tais como torres de linhas telefônicas e de energia elétrica; • Alguns lugares são extremamente perigosos durante uma tempestade. Por isso: NÃO per- maneça em áreas abertas como campos de futebol, quadras de tênis e estacionamentos; ■ Na fotografia registrada em abril de 2010, apenas alguns meses após o terremoto de janeiro de 2010, cidadãos começaram a reconstruir uma escola em Porto Príncipe, no Haiti. Entretanto, dez anos depois do desastre que matou mais de 300 mil pessoas naquele país, a corrupção e a turbulência política impediram a pequena nação insular de se recuperar. TH O N Y BE LI ZA IR E / A FP 108 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 108D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 108 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 https://sustentabilidade.estadao.com.br/noticias/geral,impacto-de-desastres-naturais-recai-sobre-pobres,1577479 • NÃO fique no alto de morros ou no topo de prédios; • NÃO se aproxime de cercas de arame, varais metálicos, linhas aéreas e trilhos; • NUNCA se abrigue debaixo de árvores isoladas. Se estiver dentro de casa: • Não use telefone (o sem fio pode ser usado); • Não fique próximo a tomadas, canos, janelas e portas metálicas. CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES (CEPED). Cartilha: prevenção de riscos de desastres. Disponível em: https://www.ceped.ufsc.br/wp-content/uploads/2014/10/Cartilha_prevencao_de_desastres.pdf. Acesso em: 19 ago. 2020. a) O texto orienta as pessoas a se proteger de qual fenômeno atmosférico? b) Qual é a importância da defesa civil na gestão de riscos e desastres naturais? c) Além da defesa civil, que outros setores da sociedade devem atuar na prevenção de desastres naturais? d) Você ou alguém que conhece já esteve em uma situação de risco ou desastre, como tempesta- des, enchentes ou outros? Em caso afirmativo, relate as ações dos envolvidos e das autoridades responsáveis. Em sua opinião foram tomadas atitudes adequadas? e) Antes de ler o texto acima, você saberia como agir em tempestades? Busque informações de como agir em caso de outros eventos naturais como ventos fortes e inundações. 3. Observe o gráfico e, depois, responda às questões. a) Quais foram os desastres naturais que, proporcionalmente, mais aumentaram no decorrer dos anos? b) Qual é a relação desse fato com o aumento da urbanização no mundo? Mundo: desastres naturais relacionados com o clima, 1980-2018 800 600 400 200 0 20 10 20 12 20 14 20 16 20 18 20 00 20 02 20 04 20 06 20 08 19 94 19 96 19 98 19 84 19 86 19 80 19 82 19 88 19 90 19 92 Ano Número de eventos Nota: Os eventos contabilizados causaram pelo menos uma morte e/ou produziram perdas, pela ordem, de ≥ 100 mil, 300 mil, 1 milhão ou 3 milhões de dólares (dependendo do grupo de investimentos do país afetado, segundo o Banco Mundial). Eventos meteorológicos (Tempestade tropical, tempestade extratropical, tempestade convectiva, tempestade local) Eventos hidrológicos (Inundação, deslizamento) Eventos climatológicos (Temperatura extrema, seca, incêndio �orestal) Fonte: UNWATER. Agua y cambio climático: informe mundial de las Naciones Unidas sobre el Desarrollo de los Recursos Hídricos 2020. ONU, 2020. p. 27. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/ pf0000373611. Acesso em: 19 ago. 2020. SO N IA V AZ 109 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 109D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 109 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373611 INVESTIGAÇÃO> Prevenir para salvar vidas Como vimos, os riscos ambientais podem causar muitos problemas para os habi- tantes das áreas afetadas, como doenças e até mortes. Passar por um desastre costuma mudar a vida de uma comunidade para sempre. Tal experiência pode levar à perda de confiança e ao sentimento de seguir vivendo exposto ao perigo – e, assim, impedir a recuperação da população afetada –, mas também pode ampliar a percepção dos riscos e provocar uma mudança de costumes e hábitos. Nesta atividade você vai se juntar a alguns colegas e formar um grupo para entrevistar pessoas da comunidade (conhecidos ou não) a fim de analisar se elas têm informações sobre riscos e como fazer prevenção. A prática de pesquisa usada será a entrevista semiestruturada, composta de perguntas ou um roteiro. Veja a seguir alguns aspectos desse tipo de técnica: • as questões da entrevista devem atender aos objetivos da pesquisa, ou seja, deve-se perguntar o que se quer saber sobre o tema pesquisado; • deve-se predefinir as perguntas ou os tópicos do roteiro, que podem ser alte- rados ou mesmo acrescidos de outras perguntasque surgirem de acordo com as respostas durante a entrevista; • o entrevistador deve ter cuidado para não fugir do objetivo da pesquisa e ser sempre respeitoso e ético com o entrevistado; • o pesquisador deve conhecer o contexto a ser investigado em profundidade, pois isso vai ajudá-lo na elaboração das perguntas e do roteiro, assim como na condução da entrevista. Sigam as seguintes etapas para a investigação. I. Escolha do tema e levantamento de informações Elejam um tipo de risco, de preferência relacionando a desastres naturais, como tempestades, inundações, seca e deslizamento. A escolha vai depender das carac- terísticas da comunidade, do município ou região em que os entrevistados vivem. Busquem informações sobre a ocorrência de desastres na região dos entrevistados. Esse levantamento inicial vai ajudá-los a construir o roteiro e elaborar as pergun- tas. Por exemplo, sabendo que a comunidade está em área de risco de inundações, vocês podem elaborar as perguntas em torno desse evento. II. Elaboração de roteiro e perguntas Vocês deverão elaborar as perguntas de acordo com o que querem descobrir. A entrevista tem como objetivo geral verificar a percepção das pessoas sobre os riscos a que estão sujeitas e como podem se prevenir contra eles. NÃO ESCREVA NO LIVRO 110 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 110D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 110 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 III. A entrevista Combinem com o entrevistado um momento apropriado que ele possa dispor para conceder a entrevista e expliquem-lhe seus objetivos. Estabeleçam um contato amistoso e cordial, de forma a deixá-lo à vontade. Os entrevistadores podem falar, mas devem ouvir principalmente, mantendo sempre o foco no roteiro. Façam uma pergunta de cada vez para não confundir o entrevistado. O registro das repostas deve ocorrer durante a entrevista, podendo ser em gravação de áudio, vídeos ou anotação escrita. Fiquem atentos também aos gestos e à inflexão de voz do entre- vistado, por exemplo, pois essas manifestações espontâneas podem ser muito reveladoras e úteis para o resultado da entrevista. Ao término da entrevista, não se esqueçam de agradecer ao entrevistado e solicitar, se for o caso, um segundo contato para dúvidas. IV. Análise das respostas Reúnam as entrevistas, leiam juntos as respostas de cada entrevistado pelo grupo e organizem as informações coletadas (em um relatório ou mapa mental, por exemplo), de acordo com a orientação do professor. Analisem o conteúdo das respostas buscando verificar como as pessoas percebem o risco, se tomam atitudes preventivas, se percebem que as soluções são responsabilidade de diversos atores, como as pessoas da comunidade e o poder público etc. V. Apresentação e ações possíveis Apresentem o resultado da análise de forma resumida para os demais colegas e professor. Após todas as apresentações, discutam coleti- vamente como podem contribuir para que as pessoas da comunidade tenham mais acesso à informação de prevenção de riscos e como a comunidade pode se organizar a fim de solicitar ações do poder púbico, por exemplo. Uma ideia para orientar essa organização é a produção de textos informativos, como cartilhas, mensagens de texto divulgadas em mídias sociais, organiza- ção de palestras na escola etc. ■ Cartaz de sistema de alerta da Defesa Civil do estado de São Paulo divulgado em 2017. D EF ES A CI VI L D O E ST AD O D E Sà O P AU LO 111 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 111D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 111 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 ANÁLISE DA REALIDADE E PROPOSTA DE AÇÕES Nesta etapa, o tema de estudo será analisado com base nos dados pesqui- sados na etapa anterior. A análise das informações coletadas pode ser um momento de descobertas e levantamento de novas dúvidas, exigindo que a pesquisa seja ampliada para responder aos possíveis questionamentos que surgirem. Ao final da análise dos dados e das informações, os questionamentos não podem ficar sem resposta. É preciso formular hipóteses para orientar a investi- gação das causas do impacto e do problema ambiental estudado. Veja a seguir alguns exemplos: • Os rios do munícipio estão poluídos e a falta de rede de coleta e tratamento de esgotos no bairro e/ou no município é a principal causa da poluição. A ausência de coleta dos efluentes domésticos está relacionada a políticas públicas de saneamento básico que não atendem a toda população. • O município apresenta um sério problema no abastecimento de água potável, por essa razão muitas casas possuem poços artesianos e cisternas para obter água utilizada em atividades domésticas, como limpeza da casa e lavagem da roupa, dessa forma, há água disponível na região. A falta de água potável está relacionada à ineficiência do sistema de abastecimento de água potável, que é antigo e não recebe investimentos para a sua manutenção e melhoria. • Determinada área do bairro próximo a um rio sofre com inundações. No passado, esse local não era afetado por tais eventos, mas atualmente, prin- cipalmente no verão, durante as chuvas mais intensas, os moradores têm suas casas invadidas por água. A ocorrência desses eventos está relacionada ao grande crescimento do bairro nos últimos 10 anos, que promoveu a dimi- nuição de áreas verdes e a impermeabilização do solo. As principais questões a serem respondidas: • Quais as causas do problema? • Que atores (indústrias, órgãos do governo, empresas, população etc.) são responsáveis? • Em que medida esses atores são responsáveis pelo problema e podem resol- vê-lo ou mitigar suas consequências? Após a investigação das hipóteses levantadas e obtenção de respostas sobre o problema estudada, é hora de pensar nas soluções. • O que o grupo propõe para a resolução do problema identificado com base nos dados e informações coletados? • Que tipo de ação cabe a cada ator envolvido para a resolução do problema ambiental ou diminuição dos impactos? • Como garantir que tais ações sejam encaminhadas para o poder público ou outro ator que pode solucionar o problema identificado? • O que o grupo pode fazer de maneira mais direta para intervir na realidade? Etapa 2 112 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 112D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21.indd 112 20/09/20 18:5620/09/20 18:56 Meio ambiente: e eu com isso? Nurit Bensusan. São Paulo: Peirópolis, 2009. No livro, a bióloga e ambientalista Nurit Bensusan desafia o leitor desde o título. As provocações no decorrer da leitura levam as pessoas a refletir sobre as questões ambientais. Um futuro para a Amazônia Bertha Becker e Claudio Stenner. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. O livro procura mostrar que o valor da Amazônia vai além da rica biodiversidade, discutindo o caminho para o futuro de uma floresta que se tornou floresta urbanizada. Agricultores que cultivam no Cerrado Daniel Luis Mascia Vieira et al (org.) Brasília: WWF Brasil, 2014. Disponível em: http://ispn.org. br/site/wp-content/uploads/2018/10/AgricultoresQueCultivam%C3%81rvoresNoCerrado.pdf. Acesso em: 19 ago. 2020. O livro traz experiências de trabalhadores rurais que cultivam árvores nativas e promovem a conservação e restauração dos elementos naturais por meio de técnicas de baixo custo, e que adotam saberes tradicionais e inovações adaptadas às condições locais. Observatório Florestal Disponível em: http://www.observatorioflorestal.org.br/. Acesso em: 20 ago. 2020. O Observatório Florestal foi criado em 2013 por associações da sociedade civil, como WWF e SOS Mata Atlântica, com o objetivo de monitorar a implementação do novo Código Florestal e contribuir para minimizar os aspectos que o grupo considera negativos. No site há informações sobre o trabalho do grupo. Rede do Cerrado Disponível em: https://redecerrado.org.br/. Acesso em: 28 ago. 2020 Composta por mais de 50 entidades da sociedade civil associadas, a Rede Cerrado trabalha para a promoção da sustentabilidade,em defesa da conservação do Cerrado e dos seus povos. No site dessa organização há informações sobre os povos do Cerrado como os indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco babaçu, vazanteiros, fundo e fecho de pasto, pescadores artesanais, geraizeiros, extrativistas e veredeiros. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) Disponível em: http://videoseducacionais.cptec.inpe.br/. Acesso em: 28 ago. 2020. O site do Inpe disponibiliza materiais educacionais com diversos temas, como desastres naturais, mudanças climáticas e erosão do solo. Previsão do tempo e do clima Realização: Univesp TV. Brasil, 2011. Vídeo (25 min). Disponível em: https://youtu.be/QwcVKWafbrU. Acesso em: 28 ago. 2020. Meteorologistas expõem como realizam análises do tempo e do clima – diversos fenômenos meteorológicos são exemplificados, como as frentes frias e quentes. > SAIBA MAIS 113 D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21_AVU1.indd 113D3-CH-EM-3075-V5-U3-C6-098-113-LA-G21_AVU1.indd 113 20/09/20 20:3320/09/20 20:33 http://ispn.org.br/site/wp-content/uploads/2018/10/AgricultoresQueCultivam%C3%81rvoresNoCerrado.pdf https://observatorioflorestal.org.br/ http://videoseducacionais.cptec.inpe.br/ https://youtu.be/QwcVKWafbrU 114 UNIDADE 114 4 Políticas ambientais e sociedade civil Artemisa Xakriabá (2000-) é uma das jovens vozes do movimento indígena de Minas Gerais, que, histori- camente, resiste aos avanços ruralistas. Ela se tornou conhecida mundialmente ao discursar na Cúpula da Juventude pelo Clima, que antecedeu a Cúpula do Clima da ONU, realizada em setembro de 2019. Em seu discurso, Artemisa proferiu as seguintes palavras: Lutamos pela nossa Mãe Terra, porque a luta pela Mãe Terra é a mãe de todas as outras lutas.” DIA do meio ambiente. Três jovens ativistas pelo meio ambiente para conhecer. Produzindo Cultura, 5 jun. 2020. Disponível em: https://produzindocultura.com. br/cultura/dia-do-meio-ambiente-tres-jovens-ativistas-pelo-meio-ambiente- para-conhecer/. Acesso em: 8 set. 2020. 1. A que lutas a Artemisa está se referindo em seu discurso? 2. Qual a importância das políticas ambientas e por que elas influenciam diretamente a vida das populações tradicionais? NÃO ESCREVA NO LIVRO ■ Representação artística do discurso da brasileira Artemisa Barbosa Ribeiro, também conhecida como Artemisa Xakriabá, na Cúpula da Juventude pelo Clima – evento que abre a Cúpula do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), realizada de 21 a 23 de setembro de 2019, em Nova York (Estados Unidos). D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 114D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 114 20/09/2020 20:5220/09/2020 20:52 https://produzindocultura.com.br/cultura/dia-do-meio-ambiente-tres-jovens-ativistas-pelo-meio-ambiente-para-conhecer/ 115 N ELSO N PRO VAZI N ELSO N PRO VAZI LU CAS JACKSO N /REU TERS/FO TO AREN A LU CAS JACKSO N /REU TERS/FO TO AREN A D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21_AVU1.indd 115D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21_AVU1.indd 115 21/09/20 00:1221/09/20 00:12 7 CAPÍTULO Políticas ambientais internacionais do século XXI Nas últimas décadas, as mudanças climáticas deixaram de ser um assunto restrito ao meio científico e se converteram em um tema de interesse global, discutido nas mais diferentes esferas da sociedade e se transformando em bandeira de diversos grupos ligados à causa ecológica, como o Fridays For Future (Sextas-feiras para o futuro) (#fri- daysforfuture nas redes sociais), liderado pela jovem ativista sueca, Greta Thumberg, nascida em 2003. Iniciado em 2018, esse movimento consiste em uma greve escolar semanal em que milhões de jovens de mais de 200 países de todos os continentes, engajados por essa iniciativa, saem às ruas todas às sextas-feiras para pedir aos governantes que assumam o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. As propostas desse grupo engajam pessoas de diversos níveis socioe- conômicos, gêneros e etnias em torno do tema ambiental. E parece haver um consenso de que a temática ambiental diz respeito à sobrevivência, à igualdade e à justiça social, que garantam a qualidade de vida de toda a sociedade. E que as responsabilidades são compartilhadas entre pessoas, empresas e governos, estes últimos o principal alvo do movimento. Mais recentemente, governos de diversos países passaram a incor- porar uma série de demandas oriundas de movimentos populares em suas políticas nacionais de proteção ambiental. A essa pressão “de baixo para cima”, soma-se uma pressão exercida de “cima para baixo” por organismos internacionais. A Organização das Nações Unidas (ONU), Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo e sobre o trabalho com as atividades. ■ Jovens seguram cartazes do movimento Fridays For Future, em Paris (França), 2019. 116 CH AR LE S PL AT IA U /R EU TE RS /F O TO AR EN A CH AR LE S PL AT IA U /R EU TE RS /F O TO AR EN A D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 116D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 116 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 por exemplo, estabelece acordos e tratados entre os países a fim de que estes assumam compromissos globais de proteção ambiental em suas políticas internas e em suas relações comerciais e diplomáticas. A importância da temática ambiental pode ser observada na forma como os governos passaram a pressionar uns aos outros na adequação de suas legislações. Contudo, de acordo com a primeira avaliação global do Estado de Direito Ambiental, divulgada em janeiro de 2019 pela ONU Meio Ambiente, embora o número de leis e agências ambientais tenha registrado aumento significativo em todo o mundo nas últimas quatro décadas, a fraca aplicação das leis é uma tendência que vem agravando os problemas ambientais. O diálogo entre os governos e o setor privado é importante para o estabelecimento de uma economia sustentável. Países que adotam políticas ambientais restritivas influenciam diretamente os processos produtivos das empresas, forçando-as a adaptar suas instalações e pro- cedimentos de modo a reduzir os impactos negativos sobre o ambiente, ao mesmo tempo em que abre possibilidades de novos negócios e serviços ecologicamente adequados. Adaptações nas formas de con- trole e monitoramento da poluição, substituição de recursos naturais por insumos reaproveitados e programas de pagamento e proteção a comunidades tradicionais e/ou de baixa renda são respostas positivas da indústria às políticas nacionais e internacionais. A comunidade científica é parte de uma sociedade engajada e com- prometida com as questões ambientais. O desenvolvimento de novas tecnologias e soluções para diminuir ou mesmo eliminar impactos negativos ao ambiente são consequência de políticas que incentivam e reconhecem a importância da ciência. O conhe- cimento científico contribui para a construção e o aperfeiçoamento de leis e outros mecanismos governamentais, promovendo um ciclo funda- mental para melhorar as condições de vida de toda a comunidade. Se considerarmos o mundo um jogo de tabuleiro, as peças representam as organiza- ções internacionais, os governos, as empresas, os cidadãos e a comunidade científica. E as polí- ticas, que você conhecerá neste e no próximo capítulo são as regras do jogo, que devem ser claras e conhecidas por todas as pessoas. ■ “Como Salvar o Planeta” foi um dos temas do Fórum Econômico Mundial realizado em Davos (Suíça), em janeiro de 2020. JA SO N A LD EN /B LO O M BE RG /G ET TY IM AG ES 117 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 117D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 117 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 1972: Conferência de Estocolmo, em Estocolmo, Suécia A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, ou Conferência de Estocolmo, foi a primeira grande reunião de chefes de Estado para discutir questões ambien- tais, reunindo cerca de 113 países-membros. Oencontro tentou mediar as divergências entre os países desenvolvidos, que pediam a redução do crescimento da industrialização, e os países em desenvolvimento, que não queriam assumir compromissos que pudessem reduzir seu cresci- mento econômico. Apesar das disputas, a conferência foi um marco em termos de conscientização mundial quanto ao uso sustentável dos recursos naturais do planeta e inaugurou o direito ambiental internacional. 1992: Rio-92 ou Eco-92, no Rio de Janeiro (RJ), Brasil A Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que debateu e buscou soluções para os grandes problemas ambientais do planeta, contou com representantes de 178 países, ONGs e organizações internacionais. O evento trouxe como resultado a assinatura de diversos documentos, como: • Agenda 21, no qual os governos se comprometeram a organizar um programa de ações e metas locais para solucionar os princi- pais problemas socioambientais, como pobreza, desmatamento, desigualdade no acesso à saúde e à educação. • Convenção sobre Mudanças Climáticas, que apresentou propos- tas para eliminar ou restringir o uso de gases responsáveis pela destruição da camada de ozônio e pelo aquecimento global. • Convenção sobre Diversidade Biológica, que estabeleceu o direito soberano dos países sobre a biodiversidade de seus territórios e o dever de conservá-la e usá-la de forma sustentável. 2002: Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável ou Rio+10, em Johanesburgo, África do Sul A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que ficou mais conhecida como Rio+10, trouxe à pauta temas como pobreza e falta de acesso à água potável. Representantes de 189 países-membros da ONU se reuniram com o objetivo de discutir ações para o desenvolvi- mento sustentável, propostas dez anos antes, na Rio-92, e avançar na preservação ambiental. Conferências ambientais internacionais 1972 2002 1992 ■ Integrantes de ONGs participam de protesto em evento paralelo à Rio-92, no Rio de Janeiro (RJ), 1992. ■ Reunião da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente Humano, no Parlamento sueco, em Estocolmo (Suécia), 1972. ■ O então presidente sul-africano Thabo Mbeki (1942-) discursa durante abertura da Rio +10, em Johanesburgo (África do Sul), 2002. JO N H RU SA /A P PH O TO S/ G LO W IM AG ES PO PP ER FO TO /G ET TY IM AG ES M AR CO S IS SA / AG ÊN CI A O G LO BO 118 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 118D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 118 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 NÃO ESCREVA NO LIVRO> DE MÃOS DADAS • Analisem os avanços em relação às questões ambientais trazidos pelas conferências internacionais ao longo do tempo. Depois, façam uma pesquisa para avaliar se esses avanços refletiram em mu- danças para as sociedades. 2012: Rio+20, no Rio de Janeiro (RJ), Brasil A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvol- vimento Sustentável (Rio+20), que marcou os vinte anos de realização da Rio-92, reuniu delegações dos 193 países-membros da ONU e contou com ampla participação popular. O documento final O futuro que queremos apresentou seis grandes temas: reafirmação do compromisso político; economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradica- ção da pobreza; estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável; estrutura de ação e acompanhamento e meios de implementação. A partir dos resultados dessa conferência, teve início o processo intergovernamental para a criação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. 2019: Assembleia Ambiental das Nações Unidas (Unera), em Nairóbi, Quênia Composta por 193 países-membros, a Assembleia Ambiental das Nações Unidas representa o nível mais alto em termos de decisões globais para questões de meio ambiente. A cada dois anos, chefes de Estado, minis- tros de meio ambiente, presidentes de multinacionais e ONGs reúnem-se para discutir e assumir compromissos globais de proteção ambiental. A decisão de criar a Unea surgiu a partir da grande conferência da ONU Meio Ambiente, realizada em 2012, no Rio de Janeiro (RJ). 2012 2019 ■ Conferência durante a Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente realizada em Nairóbi (Quênia), 2019. ■ Protesto de indígenas nos arredores do centro de eventos onde foi realizada a Rio+20, Rio de Janeiro (RJ), 2012. Nota: nesta obra, por questão de espaço, as linhas do tempo não obedecem a uma escala. ANTONIO SCORZA / AFP AN TO N IO S CO RZ A / A FP YA SU YO SH I C H IB A / A FP 119 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 119D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 119 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 Maior atenção ao clima e à biodiversidade As decisões sobre temas complexos, como mudanças climáticas e biodiversidade são apoia- das por grupos de especialistas e cientistas, uma vez que elas influenciam diretamente as políticas nacionais e as relações comerciais entre os países, portanto exigem dados técnicos e imparciais. Conheça as principais organizações e convenções internacionais relacionadas ao meio ambiente. Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) Criado em 1988, o IPCC é o órgão que realiza avaliações científicas sobre as mudanças climáticas. Seu objetivo é fornecer aos governos informações que possam ser usadas para o desenvolvimento de políticas climáticas. É formado por 195 países-membros e uma comunidade voluntária de organizações observadoras e científicas de todo o mundo. Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) A UNFCCC, tratado internacional que resultou da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Cnumad) – conhecida como Cúpula da Terra, realizada na Rio-92, em que os países signatários se comprometeram a reduzir as concentra- ções atmosféricas de gases de efeito estufa. Desde 1992, os países membros dessa convenção reúnem-se anual- mente nas chamadas Conferências entre as Partes (COP), que têm o objetivo de acompanhar os avanços, ratificar compromissos e metas que devem ser colocadas em prática, sobretudo por meio de políticas nacionais. Em 1997, a COP realizada na cidade de Kyoto, no Japão, deu origem ao Protocolo de Kyoto, que foi assinado por 141 países e entrou em vigor em 2005. O documento reconhecia que os países não contam com os mesmos recursos econômicos e sociais para combater o aqueci- mento global, e considera que os países desenvolvidos são os principais responsáveis pela emissão de gases de efeito estufa e impõe a eles metas de redução. A COP de 2015, realizada em Paris, na França, deu origem ao Acordo de Paris, criado para substituir o Protocolo de Kyoto a partir de 2020. Dos 195 países signatários do acordo, 189 ratificaram o compromisso de limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2 °C até 2100. Convenção da Diversidade Biológica A cada dois anos, os países signatários da Convenção da Diversidade Biológicas (também estabelecida durante a Rio-92), organizações não governamentais, cientistas e demais observadores se reúnem para levantar proble- mas e apresentar possíveis soluções para a preservação da diversidade biológica no planeta e a utilização susten- tável dos recursos naturais. ■ Manifestação em Paris (França), para a aprovação do novo acordo para deter o aquecimento global, durante a COP 2015. ■ Reunião do IPCC em Incheon (Coreia do Sul), 2018. ■ XI Convenção da Diversidade Biológica realizada em Hyderabad (Índia), 2012. Nota: nesta obra, por questão de espaço, as linhas do tempo não obedecem a uma escala. JU N G YE O N -J E / A FP FR AN CO IS G U IL LO T / A FP N O AH S EE LA M / AF P 120 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 120D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 120 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 Interesses individuais em um mundo globalizado Apesar de todos os esforçosinternacionais para evidenciar a necessidade de preservação ambiental, os países não apresentam o mesmo grau de compro- metimento. Isso ocorre, principalmente, por questões de interesses políticos e econômicos internos. As eco- nomias que se baseiam no uso de combustíveis fósseis, na agropecuária de larga escala e na intensa atividade industrial emitem uma quantidade maior de gases poluentes. Desde a primeira Conferência promovida pela ONU Meio Ambiente, há quase 50 anos, ocorre uma disputa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, ou seja, entre os que já atingiram a estabilidade econômica e buscam compensar os impactos ambientais e os que se sentem prejudicados pelas novas restrições de produção. Os Estados Unidos, embora façam parte do grupo de países desen- volvidos, atualmente negam-se a assumir qualquer compromisso global, seja em relação à redução das emissões de poluentes ou à assinatura de outros tratados ambientais. Historicamente, o país não ratificou o Protocolo de Kyoto e, recentemente, saiu do Acordo de Paris. Em 2017, o então presidente estadunidense, Donald Trump (1946-), afirmou publi- camente que não deseja colocar a proteção ambiental à frente dos interesses econômicos da nação. Entretanto, alguns estados e empresas multinacionais instaladas no território estadunidense se compromete- ram a manter as metas assinadas anteriormente no Acordo de Paris. Por outro lado, China, Rússia e países da União Europeia vêm demons- trando compromisso com a proteção ambiental por meio de leis cada vez mais restritivas, inclusive com impactos sentidos em todo o mundo. Desde 2018, a China proibiu a importação de vários tipos de resíduos, incluindo plásticos, por questões ambientais, de saúde da população e de proteção da economia interna. Essa medida afetou as indústrias de reciclagem de todo o mundo. Países como Estados Unidos e Reino Unido foram seriamente afetados e tiveram de repensar toda a logística de reci- clagem de plástico produzido em seus territórios. ■ O movimento estadunidense We are still in (Ainda estamos dentro) representa, aproximadamente, 155 milhões de estadunidenses, que são a favor do cumprimento do Acordo de Paris. LO G O TI PO D O W E AR E ST IL L IN NÃO ESCREVA NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS • É possível afirmar que a realização de conferências e assembleias inter- nacionais garante avanços mundiais nas questões ambientais? Apresente argumentos para justificar sua resposta. 121 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 121D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 121 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030 ■ 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) são um apelo universal à ação para acabar com a pobreza, proteger o planeta e melhorar a vida e as perspectivas de todas as pessoas, em todos os lugares. Os 17 objetivos foram propostos ao longo de quase três anos e adotados por todos os países-membros da ONU em 2015, como parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. É importante lembrar que o alcance dos ODS até 2030 não depende apenas das ações dos gover- nos, mas de todos os setores da sociedade. As responsabilidades devem ser compartilhadas entre: • organismos globais, que devem garantir liderança, recursos e soluções inteligentes para atingir os ODS; • governos locais, cuja responsabilidade é incorporar as transições necessárias em suas políticas internas, orçamentos, instituições e estruturas regulatórias de governos, cidades e autoridades locais; • sociedade civil, incluindo jovens, mídia, setor privado, sindicatos e outros segmentos, de modo a gerar um amplo movimento social pelas transformações necessárias. Cada um dos 17 objetivos tem uma série de prioridades, em um total de 169, distribuídas entre eles. O ODS 1- Erradicação da pobreza, cujo objetivo é acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares, por exemplo, possui sete prioridades para a ação de governos, empresas e pessoas. A de número 4 é: Até 2030, garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os pobres e vulneráveis, tenham direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o acesso a serviços básicos, propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, herança, recursos naturais, novas tecnolo- gias apropriadas e serviços financeiros, incluindo microfinanças. NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Objetivo 1. Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Disponível em: https://nacoesunidas. org/pos2015/ods1/. Acesso em: 19 ago. 2020. M IN TA RT /S H U TT ER ST O CK .C O M 122 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 122D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 122 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 https://nacoesunidas.org/pos2015/ods1/ Pode parecer que esse objetivo não tem muita relação com a proteção ambiental, mas só é possível preservar recursos naturais e ecossistemas se todas as pessoas tiverem condições de alimentação, habitação e renda que lhes garantam uma vida digna. Por outro lado, ambientes degradados – como áreas desmatadas ou desertificadas pela ação humana, rios e mares poluídos etc. – prejudicam comunidades inteiras, que muitas vezes são obrigadas a abandonar o lugar onde vivem ou levadas à condição de extrema pobreza. O ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis possui 10 prioridades, as quais estabelecem que os assentamentos humanos, em todas as suas formas, devem ser inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis, com respeito ao ecossistema onde estão inseridos. Uma dessas prioridades consiste em: Apoiar os países menos desenvolvidos, inclusive por meio de assistência técnica e financeira, para construções sustentáveis e resilientes, utilizando materiais locais. NAÇÕES UNIDAS BRASIL. Objetivo 11. Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/ods11/. Acesso em: 19 ago. 2020. A ONU possui um sistema para acompanhar o cumprimento dos ODS pelos governos, empre- sas e sociedade em geral. Existe uma preocupação especial em relação ao combate à crescente pobreza no mundo, ao empoderamento de mulheres e meninas e ao enfrentamento da emer- gência climática. Em 2019, foi publicado um relatório referente aos quatro primeiros anos de ação e a conclusão é de que ainda há muito a ser feito. NÃO ESCREVA NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS • Em relação aos ODS, o entendimento da ONU é de que, em um mundo globalizado, todos devem contribuir, pois os impactos positivos e negativos são sentidos em todas as partes. Consulte a página do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – Brasil que traz os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável <https://www.br.undp.org/content/brazil/pt/home/ sustainable-development-goals.html> (acesso em: 19 ago. 2020), escolha um ODS e apresente ar- gumentos que comprovem a afirmação acima. ■ Jovens em campanha de divulgação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, na Armênia, 2017. ©UNDPI YEREVAN 123 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 123D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 123 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 Economia verde Em 2011, a ONU Meio Ambiente definiu a economia verde como aquela que pode melhorar o bem-estar humano e a igualdade social, enquanto reduz significativamente os riscos ambientais, custos e escassez ecológica. Em sua expressão mais simples, uma economia verde é de baixo carbono, eficiente em termos de recursos e socialmente inclusiva. STEINER, A. Planeta precisa que mudemos nosso padrão de consumo – Achim Steiner, diretor executivo do PNUMA. Nações Unidas Brasil, 4 jun. 2015. Disponível em: https://nacoesunidas.org/pnuma-mudar-nosso-padrao-de-consumo-e-uma-escolha-que-devemos-tomar/. Acesso em: 19 ago. 2020. A base da mudança para uma economia verde está na criação de políticas nacionais que estimulem a criação eo uso de tecnologias menos poluentes e valorizem as fontes de energia renovável, por exemplo. Uma vez que essas políticas são aprovadas e colocadas em prática, as indústrias devem desempenhar o papel fundamental de incorporar essas recomendações em seus processos produtivos. Para isso, devem investir recursos financeiros. Com a previsão de 7 bilhões de pessoas vivendo em cidades a partir de 2050, o setor energé- tico é um dos mais pressionados a iniciar essa mudança. Combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão mineral, devem ser substituídos por formas menos poluentes e que possam ser geradas em áreas mais próximas aos centros urbanos. Apesar das críticas, as fontes de energia eólica e solar, além dos próprios resíduos sólidos, são defendidas por especialistas como possibilidades reais para essa transição. Algumas organizações da sociedade civil, no entanto, fazem críticas ao conceito de econo- mia verde. Para elas, trata-se apenas de mais uma versão do capitalismo que pode, entre outras coisas, estimular ainda mais o consumo de produtos que passam a falsa sensação de serem “ecologicamente corretos”, mas podem acabar utilizando mais recursos naturais, como água, em sua produção ou reciclagem. ■ Turbinas eólicas instaladas em João Câmara (RN), 2017. L U IS S AL VA TO RE /P U LS AR IM AG EN S 124 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 124D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 124 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 Verde, outro nome para o chamado ambientalismo de mercado Alguns pensadores também criticam a ideia de que seja possível criar uma economia verde capaz de resolver os problemas ambientais em um mundo capitalista. Um exemplo é o sociólogo brasileiro Michael Löwy (1938-). Em suas obras, Löwy faz uma análise crítica da possibi- lidade de reformas no sentido de transformar o capitalismo em um sistema social menos predatório. A economia verde, para ele, seria uma nova forma de propor tais reformas, mas sem promover mudanças radicais no sistema social em que vivemos. O problema, segundo Löwy, é que o sistema capitalista não pode ser transformado a ponto de garantir a equidade social e o equilíbrio ambiental, já que a estrutura do capi- talismo é essencialmente predatória e visa à exploração constante dos recursos naturais do planeta. Desse modo, seria impossível a construção de uma economia verdadei- ramente verde. Para Löwy, sem uma mudança profunda no modo como as socie- dades capitalistas estão organizadas, há o risco crescente de uma crise ambiental que ameaça a própria existência da vida humana no planeta e, por essa razão, defende um projeto político que ele chama ecosso- cialismo. Esse modelo de sociedade seria baseado em uma organização democrática dos recursos econômicos do planeta de modo a conter o crescimento ilimitado da economia e assegurar a utilização não predató- ria dos recursos naturais. As ideias de Michael Löwy não são aceitas por todos os pensadores da área das Ciências Humanas. Há aqueles que defendem outros caminhos para a construção de uma sociedade capaz de encontrar equilíbrio entre desenvolvimento econômico e uso sustentável dos recursos naturais do planeta, o que demonstra diferentes visões sobre a questão ambiental. ■ Vitrine de loja de roupas confeccionadas a partir de materiais reciclados, em Estocolmo (Suécia), 2019. NÃO ESCREVA NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS • Contraponha o conceito da ONU de economia verde e o de ecossocialis- mo de Michael Löwy. Com qual dos conceitos você tende a concordar? Apresente argumentos para embasar sua resposta. TA TI AN A O SI PO VA /S H U TT ER ST O CK .C O M 125 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 125D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 125 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 Organizações à frente das causas ambientais globais As organizações ambientalistas atuam na conservação e recupe- ração do meio ambiente, baseando-se em aspectos políticos, sociais e científicos. Muitas delas são instituições civis sem fins lucrativos e que obtêm recursos por meio do financiamento de governos e empresas privadas, e da venda de produtos e doações. Presentes em todo o mundo, essas organizações focam suas ações principalmente nos seguintes temas: mudanças climáticas, extinção de espécies, riscos à biodiversidade, poluição das águas, desmatamento, desertificação, poluição do ar, deterioração da camada de ozônio, contaminação dos solos, chuva ácida, organismos geneticamente modi- ficados, produtos radioativos e desenvolvimento de pesquisas de novas tecnologias para incentivar o uso de recursos naturais menos susceptí- veis ao esgotamento. Algumas organizações ambientalistas têm atuação internacio- nal, com representação em vários países. Entre elas destacam-se o Greenpeace e o WWF. Greenpeace Essa organização ambiental foi criada em 1971, quando um grupo de 12 pessoas começou a protestar contra testes nucleares realizados pelas grandes potências econômicas mundiais. Na embarcação que transpor- tava o grupo até o Alasca, onde os Estados Unidos promoviam testes, tremulavam a bandeira da ONU e outra com as palavras green (verde) e peace (paz), transmitindo a mensagem da defesa do ambiente e da paz. Assim nascia o Greenpeace, cujas principais ações estão voltadas à pro- teção das florestas, dos oceanos e do clima. WWF Considerada a maior organização ambiental do mundo, a WWF foi fundada em 1961, na Suíça. Sua atuação está focada na defesa da con- servação da biodiversidade, na sustentabilidade dos recursos naturais renováveis e na redução da poluição e do desperdício. ■ Protesto do Greenpeace em Brasília (DF) sobre o vazamento de óleo que atingiu o litoral brasileiro em 2019. ■ Logo da WWF. M AT EU S BO N O M I / A G IF / AF P LO G O TI PO D A W W F NÃO ESCREVA NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS • Qual a relação entre a atuação internacional das ONGs e as ações locais? Você já presenciou alguma ação dessas organizações ou de outras ONGs e movimentos ambientalistas organizados em sua cidade? 126 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 126D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 126 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> ■ OSO, O. M. Pachamama. 2013. Acrílico em tela, 61 cm × 76,2 cm. Representação de Pachamama, Mãe da Terra, divindade cultuada por povos indígenas que vivem na Cordilheira dos Andes, na América do Sul. Para os povos indígenas que vivem na Cordilheira dos Andes, especialmente na Bolívia, no Peru e no Chile, Pachamama, que significa Mãe Terra, representa a divindade máxima. Observe a representação de Pachamama e em seguida realize as atividades. 1. Que aspectos da obra indicam que Pachamama é protetora da natureza? 2. De acordo com a tradição dos povos indígenas da Cordilheira dos Andes, o ser humano deve utilizar os recursos naturais de maneira parcimoniosa, o suficiente para garantir a sua sobrevivência, respeitando a Pachamama. Quando isso não acontece, ocorrem secas, tempestades, terremotos, erupções vulcânicas, inundações, avalanches, desliza- mentos de terra, doenças e escassez de alimentos. Em sua opinião, há correspondência entre esse entendimento, as questões ambientais do mundo atual e o conhecimento científico vigente? 3. Dia 22 de abril é o Dia Internacional da Mãe Terra. Em grupo, criem um cartaz para o Dia Internacional da Mãe Terra utilizando materiais alternativos/reaproveitados. O objeti- vo é conscientizar as pessoas, por meio da mensagem e dos materiais utilizados, de que a preocupação ambiental deve ser diária e envolver os diversos agentes da sociedade. NÃO ESCREVA NO LIVRO 127 AC ER VO P ES SO AL D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21_AVU1.indd 127D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21_AVU1.indd 127 21/09/20 00:1421/09/20 00:14 NÃO ESCREVA NO LIVROATIVIDADES> 1. Imagine que você vai assumir temporariamente o cargo de Secretário/a Geral da ONU e precisaliderar uma nova discussão ambiental global. Decida o tema justificando sua importância, determinando os setores que devem ser convocados a participar (governos, empresas, entre ou- tros) e selecionando os ODS relacionados a esse tema. 2. Analisando a comunidade onde você vive, escolha um dos ODS e pro- ponha ações locais que contribuam para seu alcance e que envolvam os moradores e organizações de atuação local. 3. Atualmente, a maioria dos países apresenta déficits ecológicos, ou seja, utilizam mais recurs os naturais do que seus ecossistemas são capazes de repor, enquanto outros dependem fortemente de recursos externos. Observe o mapa e a legenda. Identifique três países onde a situação de déficit ecológico é mais crítica e em seguida desenvolva uma proposta para melhorar a situação nesses países. Trópico de Capricórnio Trópico de Câncer Equador M er id ia no d e G re en w ic h Círculo Polar Antártico Círculo Polar Ártico 0° 0° OCEANO ÍNDICO OCEANO PACÍFICO OCEANO ATLÂNTICO OCEANO PACÍFICO OCEANO GLACIAL ÁRTICO OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO 0 3 140 Mais de 150% De 101% a 150% De 51% a 100% Crédito de biocapacidade* Biocapacidade maior que pegada ecológica De 0% a 50% Sem dados Sem dados Mais de 150% De 101% a 150% De 51% a 100% De 0% a 50% Déficit de biocapacidade Pegada ecológica maior que a biocapacidade *Biocapacidade é a capacidade dos ecossistemas de produzir e repor recursos naturais e de absorver os resíduos gerados pelos humanos, sob os atuais esquemas de manejo e tecnologias de extração. Mundo: pegada ecológ ica, 2016 Fonte: GLOBAL FOOTPRINT NETWORK. Disponível em: http://data.footprintnetwork.org/#/?. Acesso em: 22 jul. 2020. 4. Escolha dois dos 17 ODS da Agenda 2030 com os quais você mais se identifica e relate o que gostaria de fazer para ajudar a alcançá-los. 5. Em grupo, pesquisem e citem ao menos uma ação no Brasil do Greenpeace, da WWF ou de outra organização ambientalista internacional. Procurem descobrir como ocorreu, quais foram os resultados obtidos e que impor- tância ela representou para a sociedade brasileira. Apresentem, oralmente ou em forma de podcast, os resultados para os colegas e o professor. D AC O ST A M AP AS 128 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 128D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 128 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 PRODUTOS FINAIS: PODCASTS, VÍDEOS, FOTOGRAFIAS Nesta etapa, a ideia é chamar atenção do poder público e da população do município onde estudam por meio de conteúdos que devem ser criados com base nos temas e nas soluções discutidos na etapa 2. A proposta é que esses conteúdos sejam desenvolvidos para serem postados em uma rede social escolhida. Vocês devem certificar-se que as informações e os dados que farão parte do conteúdo criado sejam retirados de fontes confiáveis, não promovendo a divulgação de infor- mações falsas ou erradas. Nada de fake news! Para a elaboração de conteúdos que serão postados na internet vocês podem, por exemplo: • Entrevistar pesquisadores ou pessoas envolvidas com o problema na comunidade e gravar podcasts. • Registrar por meio de fotografias o problema ambiental estudado e criar uma campanha com as imagens acompanhadas de textos denunciando os impactos do tema retratado. • Convidar especialistas e representares do poder público, indústria e ONG para um debate com a comunidade, discutindo como o problema ambiental afeta a população, as suas causas e as possíveis formas de mitigação ou resolução. O debate pode ser gravado e depois postado. Outra possibilidade é organizar essa conversa por meio de videoconferência, utilizando uma plataforma digital de comunicação. • Elaborar e divulgar na rede social escolhida uma carta pública aos representantes políticos, relatando o problema e solicitando ações de acordo com a legislação municipal, estadual e federal vigente. • Criar cartazes e intervenções artísticas que sensibilizam as pessoas sobre o problema ambiental e promovam a conscientização. • Criar um vídeo sobre o problema ambiental, apresentando depoimentos de moradores e rela- tando as suas causas e consequências para a população. Etapa 3 ■ Entrevistar pessoas envolvidas com problemas ambientais da comunidade e divulgar nas redes sociais é um meio de chamar a atenção da população. Fotografia nos Estados Unidos, 2018. D EA N D RO BO T/ SH U TT ER ST O CK .C O M 129 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 129D3-CH-EM-3075-V5-U4-C7-114-129-LA-G21.indd 129 20/09/2020 20:5320/09/2020 20:53 CAPÍTULO 8 Você já deve ter tido notícia, por meio da imprensa ou das redes sociais, sobre desmatamentos irregulares, poluição das águas de rios e mares, incêndios em matas e florestas, entre outras ações consideradas crimes ambientais. É possível até que tenha presenciado algum deles no lugar onde vive. Leia as notícias e observe o cartaz da página 131: Empresa têxtil é multada por cometer crime ambiental em Petrolina, PE Uma empresa de fabricação têxtil, que fica no Distrito Industrial de Petrolina, Sertão de Pernambuco, foi multada pela Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA) na quinta-feira (23). De acordo com a AMMA, a empresa estava despejando resíduos químicos sem tratamento em um canal que tinha como destino o Rio São Francisco. A multa aplicada é de R$ 16 milhões. Segundo a AMMA, o crime ambiental foi descoberto através de denúncia à Ouvidoria do Município. O resíduo era despejado através de uma tubulação de concreto camuflada com madeira e vegetação, o que dificultava a visuali- zação e identificação da origem. EMPRESA têxtil é multada por cometer crime ambiental em Petrolina, PE. G1, 24 ago. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/pe/petrolina-regiao/noticia/2018/08/24/empresa-textil-e-multada-por-cometer- crime-ambiental-em-petrolina-pe.ghtml. Acesso em: 22 jul. 2020. Empresa é multada em R$ 17,1 mil por crime ambiental A Polícia Militar Ambiental multou em R$ 17,1 mil uma empresa sucro- energética depois de constatada a retirada de 57 árvores nativas. O terreno onde ocorreu o crime ambiental fica localizado em uma propriedade rural, às margens da Rodovia Comandante João Ribeiro de Barros (SP-294), em Tupi Paulista [SP]. O flagrante ocorreu ontem, durante fiscalização de rotina dos militares. [...] “Sempre que ocorre mudança de atividade agrícola para a implantação de canavial, é padrão que a polícia entre e verifique se está tudo certo. Como a área era de conhecimento nosso, verificamos por meio de imagens de satélite que faltava vegetação, o que constatou a perda de 57 árvores”, explica [o primeiro-sargento Robson] Dinardi. A terra estava arrendada para a empresa, desta forma, a mesma responderá às penalidades. KAWAZAKI, R. Empresa é multada em R$ 17,1 mil por crime ambiental. O Imparcial digital, 26 fev. 2019. Disponível em: http://www.imparcial.com.br/noticias/empresa-e-multada-em-r-17-1-mil-por-crime- ambiental,25998. Acesso em: 22 jul. 2020. Políticas ambientais no Brasil 130 Consultar as Orientações para o professor para obter mais informações sobre o capítulo e sobre o trabalho com as atividades. D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 130D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 130 20/09/2020 21:5420/09/2020 21:54 http://www.imparcial.com.br/noticias/empresa-e-multada-em-r-17-1-mil-por-crime-ambiental,25998 De acordo com a legislação brasileira, todos têm direito a um meio ambiente saudável como extensão do direito à vida. Violar esse direito constitui crime previsto na Lei de Crimes Ambientais, lei no. 9 605 promul- gada no ano de 1998. As leis ambientais no Brasil são bastante abrangentes e avan- çadas em relação às de muitos outros países. O não cumprimento das leis ambientais é classifi- cado como crime ambiental e as punições vão desde a prisão ao pagamento de multas e compen- sações pelos danos causados. Uma das formas utilizadas pelo governo para fazer cumprir as leis é pela fiscalização,realizada por órgãos governamentais com o chamado poder de polícia ambiental. O governo pode emitir licenças ambientais por meio de um processo de licenciamento em etapas e monitorar as atividades de empreendimentos que utilizam recursos naturais e oferecem riscos de poluição ou degradação do ambiente. Também são realizadas vistorias por técnicos ambientais, com o obje- tivo de verificar o cumprimento das leis e das licenças obtidas. Como você verá neste capítulo, na esfera federal, a fiscalização ambiental é feita pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Nas esferas estadual e munici- pal, existem órgãos específicos, como secretarias de meio ambiente e polícia militar ambiental. Ainda assim, em muitos casos, as leis não são cumpridas, por diver- sos motivos, como falhas na fiscalização, falta de políticas públicas voltadas à conscientização e apoio técnico a comunidades, sentimento de impunidade na sociedade, entre outros. Além disso, parte impor- tante no cumprimento das leis está nas mãos dos cidadãos, que podem fazer denúncias aos órgãos responsáveis que, por sua vez, devem tomar as providências necessárias. Conhecer as leis e políticas ambientais é um dos primeiros passos para o exercício da cidadania e participação política, da qual também faz parte cobrar ações de órgãos públicos, denunciando crimes e orga- nizando-se em busca de um ambiente saudável para todos. ■ Cartaz do Governo de Minas Gerais em campanha de combate a queimadas, 2020. G O VE RN O D O E ST AD O D E M IN AS G ER AI S 131 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 131D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 131 20/09/2020 21:5420/09/2020 21:54 A proteção na forma de lei 1981: Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) Primeira política do Brasil a ter como objetivo principal a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, estabelecendo que os ambientes e todos os seus elementos devem ser protegidos. Destaca que o desenvolvimento econômico e social deve ocorrer com o uso racional dos recursos naturais e a preservação da qualidade do meio ambiente. Também traz a definição de degradação e poluição, abrindo o caminho para a criação de leis específicas de punição por esses atos. 1997: Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH) A Lei das Águas, como é conhecida, introduziu formas de gestão dos recursos hídricos em todo o território nacional e criou o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (Singreh). Esse sistema participativo promove o esforço conjunto entre governo federal e governos estaduais, e conta com a participação dos municípios e da sociedade civil na gestão de recursos hídricos por meio dos comitês de bacias hidrográficas. 1998: Lei de Crimes Ambientais Segundo essa lei, constitui crime ambiental qualquer tipo de agressão cometida contra o meio ambiente e seus componentes. Ela define cinco tipos de crime ambiental: caçar, causar danos, entre outras ações prejudiciais à fauna; destruir e/ou danificar a flora; causar danos ao ordenamento urbano e ao patrimônio cultural; poluir o ambiente; e fraudar ou sonegar informações em processos de licencia- mento ambiental. 1999: Política Nacional de Educação Ambiental (Pnea) A Pnea apresenta os princípios básicos e os objetivos da educação ambiental no país, definida como os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletivi- dade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qua- lidade de vida e sua sustentabilidade. BRASIL. Lei n. 9.795, de 27 de abril de 1999. Política Nacional de Educação Ambiental. Brasília, DF, 1999. Disponível em: http://www2.mma.gov.br/port/ conama/legiabre.cfm?codlegi=321. Acesso em: 20 ago. 2020. Legislação é o conjunto de leis elaboradas nas esferas federal, estadual e municipal. As leis são regras prescritas que todos os cidadãos devem respeitar. Elas podem ser modificadas ao longo do tempo e adaptadas de acordo com as necessidades e pressões da sociedade, incorporando questões socioambientais. Conheça a seguir as leis e políticas ambientais instituídas no Brasil. 132 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU1.indd 132D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU1.indd 132 21/09/20 01:0121/09/20 01:01 NÃO ESCREVA NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS 1. Discuta com seus colegas as leis e as políticas ambientais instituídas no país, listadas no infográfico, e citem fatos que comprovem o descumprimento da legislação ao longo do tempo. 2. Como a população pode se engajar ou se manifestar para que as leis e políticas ambientais sejam cumpridas? D AV I A U G U ST O Nota: nesta obra, por questão de espaço, as linhas do tempo não obedecem a uma escala. 2009: Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC) A PNMC representa o compromisso voluntário do Brasil junto à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC) para redução de emissões de gases de efeito estufa. Seu objetivo é garantir que o desenvolvimento econômico e social contribua para a proteção do sistema climático global. 2010: Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) A PNRS define os conceitos e as formas para a gestão adequada dos resíduos sólidos com a finalidade de prevenir os principais problemas ambientais, sociais e econômicos causados pelo tratamento e disposição inadequada dos resíduos, por exemplo, em lixões. 2012: Novo Código Florestal Atualização da primeira versão do Código Florestal, de 1965, determina as normas sobre a proteção da vegetação nativa; a exploração florestal, o controle e a prevenção dos incêndios florestais; a previsão de instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. 2015: Plano Nacional de Combate à Desertificação (PAN-Brasil Desertificação) Esse plano foi criado a fim de estabelecer mecanismos de prevenção, proteção, preservação, conservação e recuperação dos recursos naturais das áreas afetadas pelos processos de arenização e desertificação no território brasileiro. 133 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU1.indd 133D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU1.indd 133 21/09/20 01:0121/09/20 01:01 Quem cria e executa as leis ambientais O Sistema Nacional de Meio Ambiente, conhecido como Sisnama, representa a governança ambiental do Brasil: é uma estrutura formada pelos níveis federal, estadual e municipal para a proteção, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. Organograma do Sisnama Fonte: MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Sistema Nacional do Meio Ambiente. Disponível em: https://www.mma.gov.br/ governanca-ambiental/sistema- nacional-do-meio-ambiente. Acesso em: 28 ago. 2020. ED IT O RI A D E AR TE Ministério do Meio Ambiente (MMA) O Ministério do Meio Ambiente foi criado em 1992. Como órgão central do Sisnama, a missão do MMA é criar e implementar políticas públicas ambientais nacionais em diálogo e acordo com os atores públi- cos e a sociedade para o desenvolvimento sustentável. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Criado em 1989 como órgão executor da PNMA, o Ibama tem como função realizar o controle e a fiscalização sobre o uso dos recursos naturais (água, flora, fauna, solo) e emitir licenças ambientais para empreendimen- tos com potencial poluidor. Cada estado brasileiro também possui um órgão ambiental autorizado a emitir licenças, com o aval do Ibama. Órgão Superior Órgãos Executores Conselho de Governo Ibama e ICMBio Órgão Central Órgãos Locais MMA Municípios Órgão Consultivo e Deliberativo Órgãos Seccionais Conama Estados D IT EC _I BA M A- AM /IB AM A ■ Fiscal do Ibama apreende toras de madeira em Parintins (AM), 2016. 134 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 134D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 134 20/09/2020 21:5420/09/202021:54 Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) O papel do ICMBio é cumprir as ações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), como criação, proteção e fiscalização de Unidades de Conservação (UCs). Criado em 2007, como resultado da reorganização do Ibama, o Instituto assumiu a responsabilidade de incen- tivar e executar programas de pesquisa e o poder de polícia ambiental para a proteção, preservação e conservação da biodiversidade. Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) Criado em 1981, o Conama constitui um grupo representativo de cinco setores: órgãos federais, estaduais e municipais, setor empresarial e sociedade civil. O Conselho tem como principais atribuições estabele- cer normas técnicas para o controle da poluição do ambiente e divulgar recomendações para o cumprimento dos objetivos da PNMA. Estados Em um país de dimensões continentais como o Brasil, a descen- tralização das políticas e das ações é fundamental para garantir o cumprimento das leis em todo o território. Há secretarias e outros órgãos estaduais dedicados ao ambiente, cujas responsabilidades vão desde a criação de leis específicas para seus territórios até a realização de fiscalização para o cumprimento das normas. A Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema) reúne as secretarias de estado, autarquias e fundações res- ponsáveis pela execução das políticas ambientais, possibilitando o diálogo entre elas e a comunicação direta com o Ibama. Municípios Na esfera municipal, as secretarias ou órgão ambiental observam a execução das leis nas áreas urbanas e rurais. Há também os conselhos municipais de meio ambiente, integrados por diferentes atores sociais (governo, empresas e sociedade civil). Eles representam o nível local do Conama, contam com participação popular e têm a função de opinar e assessorar o poder executivo municipal. Autarquia Entidade com autonomia econômica, técnica e administrativa, sob tutela do Estado. ■ Logo do ICMBio. LO G O TI PO D O IC M BI O NÃO ESCREVA NO LIVRO> DE MÃOS DADAS • Informar-se sobre os acontecimentos atuais ocorridos no país é o primeiro passo para contribuir com ações preventivas e com a fiscalização das políticas ambientais. Pesquisem um crime ambien- tal praticado no Brasil recentemente. Depois verifiquem quando e onde ocorreu; quais esferas do poder público assumiram responsabilidade; como a sociedade se envolveu para resolvê-lo. Ao final, discutam de que formas podemos prevenir novas ocorrências como essa. 135 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 135D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 135 20/09/2020 21:5420/09/2020 21:54 As formas de fiscalizar e controlar os impactos ambientais da ação humana De acordo com a legislação ambiental brasileira, qualquer atividade considerada “modificadora do meio ambiente”, ou seja, causadora de impacto ambiental, deve passar por processo de licenciamento para aprovação ou não. São considerados causadores de impactos ambientais obras e empreendimentos como estradas, ferrovias, portos, aeropor- tos, oleodutos, linhas de transmissão de energia elétrica, canais para navegação, hidrelétricas, extração mineral, aterros sanitários, distritos industriais, grandes projetos urbanísticos, entre outros. O processo de licenciamento ambiental pode ser feito por meio do Ibama, dos órgãos estaduais ambientais ou dos municípios – o caminho dependerá da dimensão e do tipo de empreendimento. A construção de uma casa em terreno com vegetação nativa que demande o corte de espécies vegetais, por exemplo, deve solicitar a licença necessária ao órgão ambiental municipal, apresentando estudos locais. Já uma linha de transmissão de energia planejada para atravessar territórios estaduais, com corte de vegetação nativa em larga escala, deslocamento de residências e movimentação de solo, precisará passar pela análise do Ibama e as informações necessárias deverão ser apre- sentadas por meio de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e de um Relatório de Impacto Ambiental (Rima), produzidos por equipes técnicas multidisciplinares, ou seja, de diversas áreas, como geógrafos, sociólo- gos, biólogos e engenheiros. Devem constar no Estudo e Relatório de Impacto Ambiental os prováveis impactos socioambientais da implan- tação de determinado projeto e as medidas a serem tomadas para amenizá-los e compensá-los. ■ Instalação de dutos para transporte de gás natural em Pedreiras (MA), 2017. ANTONIO AZEVEDO/PULSAR IMAGENS 136136 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 136D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 136 20/09/2020 21:5420/09/2020 21:54 Os casos de Mariana e Brumadinho A mineração causa impactos ambientais em todas as etapas do processo, desde o momento da extração até a deposição de rejeitos (sedimentos e substâncias químicas usadas pelas mineradoras). No Brasil, há inúmeras e extensas áreas de exploração mineral, cujas ativi- dades devem se pautar nas legislações ambientais específicas. Entre os impactos da mineração, destacam-se: poluição sonora, causada pela explosão de rochas, por exemplo; poluição do ar, pro- vocada por gases resultantes do processamento mineral e por poeira gerada pela extração e pelo transporte de materiais; poluição das águas usadas na atividade extrativa e no processamento dos minérios; polui- ção do solo nas áreas utilizadas para depositar rejeitos da produção. O caso de Mariana O caso ocorrido em Minas Gerais, em 2015, é bastante ilustrativo dos impactos ambientais que as mineradoras podem causar. O rompimento de uma barragem de rejeitos resultou em danos socioambientais sem precedentes: poluição das águas dos rios, morte da vida aquática, de animais e de pessoas, atingindo diversas comunidades e se estendendo pelo Vale do Rio Doce. De acordo com a Subprocuradoria da República, o crime ambiental e suas consequências demonstraram, no mínimo, negligência por parte das empresas envolvidas e fragilidade do poder público quanto à fis- calização. Observe o mapa a seguir e as fotografias na próxima página. Fonte: MACHADO, V. Lama deixa 1,4 mil pescadores sem renda e mata 3t de peixes no ES. G1 ES, 5 dez. 2015. Disponível em: http://g1.globo.com/espirito-santo/desastre-ambiental-no-rio-doce/ noticia/2015/12/barragem-que-rompeu-ha-1-mes-traz-mar-de-lama-e-prejuizos-para-o-es.html. Acesso em: 24 ago. 2020. ■ De acordo com o Ibama, o rompimento da barragem do Fundão, em 2015, no distrito de Bento Rodrigues, município de Mariana (MG), lançou cerca de 45 milhões de metros cúbicos de rejeito de minérios no Rio Doce e seus afluentes, percorrendo 663,2 km até atingir o sistema costeiro marinho, no litoral do Espírito Santo. MG ES 40° O 20° S OCEANO ATLÂNTICO Ri o Do ce Percurso da lama Rompimento da barragem em Mariana 0 65 Mariana: percurso da lama AN TO N IO A ZE VE D O /P U LS AR IM AG EN S 137 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 137D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 137 20/09/2020 21:5420/09/2020 21:54 ■ Acima, imagem de satélite da barragem do Fundão antes do rompimento, em julho de 2015 , no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG). Abaixo, imagem de satélite da barragem após o rompimento que ocorreu em 5 novembro de 2015. Imagem de 9 de novembro de 2015. O caso de Brumadinho Quatro anos depois do caso de Mariana, uma barragem em Brumadinho (município mineiro situado a pouco mais de 100 km de distância de Mariana), lançou 11,7 milhões de metros cúbicos de lama tóxica sobre os prédios administrativos do Complexo do Córrego do Feijó e sobre a comunidade. A tragédia causou quase 260 mortes confir- madas e danos ambientais de grandes dimensões, com grande impacto sobre a fauna e a flora locais e a contaminação do solo e dos recursos hídricos da região, como o rio Paraopeba. A barragem que estourou estava desativada desde 2014, mas apre- sentava sinais de risco pelasdiversas alterações sofridas ao longo do tempo para aumentar sua capacidade de armazenamento de rejeitos da mineração. Os governos federal, estadual e municipal uniram esforços para providenciar alojamento aos desabrigados e montar equipes de busca G O O G LE E AR TH G O O G LE E AR TH 138 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 138D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 138 20/09/2020 21:5420/09/2020 21:54 de possíveis sobreviventes e iden- tificação dos que não puderam ser salvos. Houve grande mobi- lização popular em todo o Brasil para envio de doações às famílias que perderam suas casas. Dos grandes impactos socio- ambientais, muitas vezes, nascem movimentos positivos e avanços para que os erros não se repitam. Logo após a tragédia de Brumadinho, o Projeto de Lei “Mar de Lama Nunca Mais” foi aprovado pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais por unanimidade. Com mais de 55 mil assinaturas da sociedade civil, a nova lei instituiu mais etapas para os pro- cessos de licenciamento ambiental e fiscalização, além de proibir a construção de estruturas próximas a comunidades no estado. NÃO ESCREVA NO LIVRO> MEUS ARGUMENTOS • Em razão de conflito de interesses, muitas ações e omissões que levam a graves impactos socioambientais não são denunciadas. Muitas vezes, as comunidades que vivem próximas a barragens também não têm força suficiente para enfrentar o poder político e econômico local em favor dos seus direitos. De que maneira essas comunidades poderiam contar com o apoio da sociedade civil e das organizações para ganhar força na defesa de seus direitos? ■ Fotografia aérea da Barragem da Mina do Feijão rompida, em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019. ■ Bombeiros em meio à lama procurando por vítimas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), em janeiro de 2019. 139139 ANDRE PENNER/AP PHOTO/GLOW IMAGES CR IS TI AN E M AT TO S/ FU TU RA P RE SS D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 139D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 139 20/09/2020 21:5520/09/2020 21:55 Rio Branco Maceió Macapá Manaus Salvador Fortaleza Vitória Goiânia São Luís Cuiabá Campo Grande Belo Horizonte Belém João Pessoa Curitiba Recife Teresina Rio de Janeiro Natal Porto Alegre Porto Velho Boa Vista Florianópolis São Paulo Aracaju Palmas Brasília MINAS GERAIS MATO GROSSO DO SUL ESPÍRITO SANTO SÃO PAULO RIO DE JANEIRO PARANÁ SANTA CATARINA RIO GRANDE DO SUL P A R Á MARANHÃO PIAUÍ CEARÁ RIO GRANDE DO NORTE PARAÍBA PERNAMBUCO ALAGOAS MATO GROSSO TOCANTINS BAHIA GOIÁS DISTRITO FEDERAL SERGIPE RORAIMA AMAPÁ A M A Z O N A S ACRE RONDÔNIA AC AM PA APRR RO TO MT MS ES RJ BA MA PI CE RN PB PE AL SE MG GO DF RS PR SC SP Equador OCEANO ATLÂNTICO Trópico de Ca pricórnio 50° O 0° OCEANO PACÍFICO Nome da barragem de mineração Minério principal 1 2 Barragem II Mina Engenho Minério de ouro primário Barragem Mina Engenho Minério de ouro primário 3 Unidade I Minério denióbio 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 Aluvião com gemas Minério de ferro Minério de ferro Minério de zinco Minério de ouro primário Aluvião estanífero Aluvião estanífero Areia Carvão mineral Carvão mineral Carvão mineral Camada Bonito Argila Argila Água Fria Barragem B1a Ipê Barragem Minar Planta Pondes de Rejeitos do Igarapé Bahia Ca01 Jacaré Médio Ca02 Bacia de Finos da Mina do Recreio Barragem Rio Fiorita Barragem Lauro Müller Barragem de Clarificação Ouro Branco Oeste 1 2 3 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 1516 4 0 470 Alta Média Categoria de risco A Agência Nacional de Mineração (ANM) possui duas categorias de classificação de barragens: risco – refere-se a fatores como falhas estruturais e humanas, que podem levar a ocorrência de acidentes, um rompimento, por exemplo; e dano potencial – estimativa do dano em caso de acidente e consequente derrame de rejeitos de mineração, como a perda de vidas, danos à natureza e à economia. Observe o mapa a seguir. DIÁLOGOS> LINGUAGENS E LEITURAS> Fonte: TREVIZAN, K. País tem quase 200 barragens de mineração com alto potencial de dano. G1, 29 jan. 2019. Disponível em: https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/01/30/pais-tem-quase-200-barragens-de-mineracao-com-alto-potencial-de-dano. ghtml. Acesso em: 23 jul. 2020. 1. Qual é a informação apresentada no mapa? 2. Quais são as unidades federativas e regiões onde se localizam essas barragens? Além da mineração, você sabe dizer que outras atividades econômicas são praticadas nesses estados? 3. Existem barragens no município ou na região onde você mora? Elas estão localizadas próximas ao seu local de moradia? Em caso positivo, você sabe como é feita a fiscalização? A população sabe como agir em caso de acidente? 4. Você considera que as consequências dos danos socioambientais causados pelo rompimento de uma barragem se limitam ao município onde ela está instalada? Por quê? 5. Realize uma pesquisa para saber quais medidas podem ser adotadas para evitar o rompimento de barragens. Converse com a turma sobre esse assunto, lembrando das informações que obteve sobre os casos de Mariana e Brumadinho. Brasil: barragens com alto potencial de dano, 2019 D AC O ST A M AP AS 140 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 140D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 140 20/09/2020 21:5520/09/2020 21:55 https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/01/30/pais-tem-quase-200-barragens-de-mineracao-com-alto-potencial-de-dano.ghtml Questões ambientais ou socioambientais? O ambiente deve ser entendido como a interação entre elementos naturais e humanos. As questões ambientais estão diretamente ligadas à forma como a sociedade se relaciona com a natureza e com os elementos construídos pelos seres humanos. Além disso, devem considerar como os diversos agentes da sociedade (governos, empresas, cidadãos etc.) se relacionam entre si. Se a relação do poder público com empresas poluidoras é de conivência, isso resultará em impacto sobre os elementos naturais (água, ar etc.) que, por sua vez, prejudicará as condições de vida das pessoas. As questões ambientais, portanto, são também sociais, daí serem chamadas de socioambientais. Os exemplos de Mariana e Brumadinho demonstram a estreita relação entre a natureza e as esferas sociais e econômicas. A negligência causada pelos interesses econômicos resultou na perda de centenas de vidas, afetou a economia dos municípios e do entorno, contaminou as águas, o solo e a vegetação. Nas últimas décadas, o Brasil avançou em relação a algumas questões ambientais, com maior (embora ainda não suficiente) fiscalização na emissão de gases poluentes por indústrias e veículos; uso de biocombustíveis; criação de leis ambientais; áreas de proteção ambiental etc. Há, no entanto, ainda muito a ser recuperado, evitado e minimizado, o que envolve esforços de todos: poder público, empresas, organizações não governamentais, comunidades tradicionais e cada pessoa em seu lugar de vivência. A participação social é fundamental tanto na criação das políticas públicas quanto na cobrança e fiscalização da execução das leis. Além dos con- selhos municipais de meio ambiente, há muitas formas de mobilização, começando pela própria comunidade onde se vive. As grandes mudanças começam pelas tentativas locais, pela conexão com pessoas com os mesmos interesses e o diálogo com o poder público. > DE MÃOS DADAS NÃO ESCREVA NO LIVRO • Reúnam-se em grupos e façam uma pesquisa sobre as leis ambientais do município onde moram. Quais são as questões ambientais que trazem maior preocupação aos habitantes? Essa preocupação é justificada? ■ Mutirão de limpeza de uma praia em Cabo de Santo Agostinho (PE), afetada pelo vazamento de óleo que atingiu o litoral brasileiro em 2019. LE O M AL AF AI A / A FP 141 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 141D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd141 20/09/2020 21:5520/09/2020 21:55 A longa duração dos problemas socioambientais no Brasil Os problemas socioambientais no Brasil remontam ao início do processo de con- quista e colonização do território pelos portugueses. Desde o início do processo de colonização do território por portugueses, o desenvolvimento de atividades econô- micas foi acompanhado por problemas ambientais que, em alguns casos, afetaram até o desenvolvimento econômico do território. Um exemplo disso é a questão da devastação das florestas para ampliar as terras produtoras de açúcar e manter os engenhos em funcionamento. Para a produção do açúcar, os engenhos demandavam grandes quantidades de lenha, já que elas mantinham as fornalhas funcionando para aquecer o caldo extraído da cana. Esse caldo era posteriormente processado e transformado no açúcar. Durante as etapas iniciais da expansão da produção de açúcar na região atual- mente conhecida como Zona da Mata em Pernambuco, as florestas eram abundantes e os donos de engenho podiam obter lenha com facilidade. Porém, já no século XVII, o corte agressivo das florestas começou a criar problemas e causar escassez de lenha em algumas regiões. A legislação portuguesa, que era imposta ao território colonial, estabelecia punições a quem degradasse de forma predatória os recursos florestais. Entretanto, pouco era feito para impedir a destruição das florestas nas regiões açucareiras, já que essa atividade tinha grande importância econômica. A situação mudou quando a escassez de madeira passou a ameaçar a produção de açúcar. Em 1784, colonos encaminharam reclamações ao governo português sobre o risco de colapso de muitos engenhos pela falta de lenha para alimentar as fornalhas. Por ordens do rei de Portugal, foi proibido o corte de madeira para atividades não rela- cionadas com a produção do açúcar. A medida, porém, teve poucos efeitos práticos e a expansão da produção de açúcar para novas regiões provocou o aumento do desmatamento e da destruição dos recursos naturais da Zona da Mata. Nos séculos seguintes, sobretudo entre o final do século XIX e o início do século XX, o desenvolvimento tecnológico e a instalação de usinas de açúcar intensificaram o problema. ■ Atualmente, no Brasil, segundo dados de 2020 da ONG SOS Mata Atlântica, restam apenas 12,4% da floresta original. Fotografia aérea da Mata Atlântica, na Serra da Esperança, em Prudentópolis (PR), 2020. MAURICIO SIMONETTI/PULSAR IMAGENS 142 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 142D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 142 20/09/2020 21:5520/09/2020 21:55 O Brasil na agenda internacional O Brasil possui um engajamento histórico com a agenda ambiental internacional, inclusive tendo sediado duas das Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente. A participação e o compromisso do país com os acordos e manifestos resultantes desses eventos deram origem ao Ibama e ao Ministério do Meio Ambiente. Os compromissos com o Acordo de Paris para redução das emissões de gases de efeito estufa e com os ODS para a Agenda 2030 também são exemplos desse engajamento. No Brasil, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável foram incor- porados pela administração pública em todas as esferas e também por empresas e pela sociedade civil. Para monitorar o cumprimento das metas de cada ODS, há uma plataforma on-line que mostra a situação dos indicadores adequados à realidade do país. Até o momento foram criados 78 indicadores que incentivam a produção de dados e informação fundamentais ao desenvolvimento de políticas públicas para o alcance dos ODS até 2030. Por que isso é importante? Porque é por meio desses avanços que o Brasil se mostra confiável para obter acesso a recursos financeiros internacionais para melhorias, como projetos de baixo carbono em setores importantes como energia, indústria e agricultura. O compromisso com as questões ambientais representa também oportunidade financeira em tempos de preocupação global, porém, depende do modo de pensar dos governantes e da forma como dire- cionam os esforços, os recursos e o comprometimento com programas e projetos voltados à proteção ambiental e à promoção de desenvolvi- mento com inclusão social. ■ Painéis solares instalados na Escola Municipal Nossa Senhora de Fátima, na Reserva Extrativista Tapajós- -Arapinuns e Vila de Anã, em Santarém (PA), 2016. ■ Símbolo do objetivo 7 dos ODS. ED UA RD O Z AP PI A/ PU LS AR IM AG EN S 143 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU2.indd 143D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU2.indd 143 21/09/20 01:2321/09/20 01:23 NÃO ESCREVA NO LIVROATIVIDADES> 1. As imagens abaixo se referem a manifesta- ções em favor do meio ambiente. Observe-as para responder às questões. ■ Manifestantes em Nova York (Estados Unidos) durante a greve mundial pelo clima, em 2019. ■ Protesto contra a impunidade do caso do rompimento da Barragem da Mina do Feijão, em Brumadinho (MG), 2020. a) Quais são os recursos comuns a essas duas manifestações? b) Qual a principal diferença entre elas? c) Você conseguiria afirmar que as duas, ou apenas uma delas, ajuda a construir po- líticas públicas ambientais? Qual seria o objetivo dessas políticas? d) Com qual das causas você mais se identi- fica e gostaria de se engajar? Por quê? 2. Em outubro de 2018, viaturas de fiscais do Ibama foram incendiadas e depredadas em Rondônia. Provavelmente, os autores faziam parte de grupos criminosos que são contrá- rios às leis ambientais e atuam no garimpo e no desmatamento ilegal. Após ataques, Força Nacional vai acompanhar equipes do ICMBio na Amazônia O governo federal vai enviar à Região Norte homens da Força Nacional para resguardar os trabalhos de equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que foram alvos de ataques no fim de semana durante ope- rações de combate ao desmatamento na Amazônia. Viaturas de fiscais do órgão e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram incen- diados e depredados em Rondônia. Em outra ação, no Pará, fiscais ficaram ilhados durante sete horas, depois que criminosos incendiaram pontes e fizeram fogueiras à beira da BR-163. Não houve feridos. Uma portaria conjunta dos Ministérios da Segurança Pública e do Meio Ambiente deve ser publicada nesta quinta-feira, 25, no Diário Oficial da União para permitir a operação, que deve durar até 180 dias. [...] A Força Nacional já acompanha equipes do Ibama, cuja atividade – de fiscaliza- ção de desmatamento ilegal ou ações de garimpeiros, por exemplo –, até agora era considerada de maior risco pelo Ministério do Meio Ambiente. O efetivo atual da força é de 96 homens. A proteção de equipes do ICMBio, por sua vez, era feita até o momento por poli- ciais estaduais. O órgão é responsável pela gestão das unidades de conserva- ção do País e também atua, em apoio ao Ibama, no combate a atividades ilegais nesses locais. APÓS ataques, Força Nacional vai acompanhar equipes do ICMBio na Amazônia. Estadão conteúdo, 25 out. 2018. Disponível em: https:// exame.com/brasil/apos-ataques-forca-nacional-vai-acompanhar- equipes-do-icmbio-na-amazonia/. Acesso em: 23 jul. 2020. JO KA M AD RU G A/ FU TU RA P RE SS SC O TT H EI N S/ G ET TY IM AG ES 144 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU2.indd 144D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU2.indd 144 21/09/20 01:2321/09/20 01:23 Discuta com os colegas os fatos relatados e tro- quem opiniões sobre as sequintes questões: a) Quais são as ações descritas na notícia consideradas crimes? Quais são as leis que asseguram o meio ambiente nesses casos? b) Que outros órgãos públicos precisaram ser envolvidos na operação de fiscaliza- ção ambiental? c) Quais as dificuldades enfrentadas pelos fiscais para fazer cumprir a lei? Você co- nhece outros exemplos em que fiscais enfrentaram dificuldades? d) De que formaé possível trabalhar com as comunidades locais para impedir que mais ataques ocorram aos agentes públi- cos de meio ambiente? 3. Observe o cartaz abaixo. ■ Cartaz do governo do Parána contra o tráfico de animais silvestres. a) Explique o que é crime ambiental. b) Qual tipo de crime ambiental é mostrado no cartaz? c) Qual a importância de se denunciar os crimes ambientais? 4. Observe o grafite elaborado pela dupla de artistas OSGEMEOS, cujo tema é a destruição do distrito de Bento Rodrigues pelo rompi- mento da barragem do Fundão em Mariana (MG), em 2015. Depois, leia o relato de um morador dos arredores da barragem. ■ OSGEMEOS. Obra sem título. 2018. São Paulo (SP), Brasil. “Era uma vila pesqueira e toda econo- mia girava em torno do rio. A gente está atravessando muitos transtornos. Já são três anos de impunidade, de um relaciona- mento totalmente conflituoso porque eles [a Vale] não reconhecem, não querem pagar, não querem ressarcir os danos materiais das pessoas. Os emocionais são irrepará- veis porque toda comunidade pequena que depende de um rio tem um vínculo com esse patrimônio que é muito maior que o financeiro, faz parte da cultura da gente”. HERRETO, T. Da tragédia de Mariana para Brumadinho. Greenpeace, 28 fev. 2019. Disponível em: <https://www.greenpeace.org/brasil/ blog/da-tragedia-de-mariana-para-brumadinho/>. Acesso em 23 jul. 2020. a) Que crítica é expressa por meio do grafite? b) Relacione a crítica evidenciada pelo grafi- te e o relato citado acima. c) É possível usar os recursos naturais sem degradá-los? d) No caso de Mariana, as leis ambientais foram cumpridas? Explique. G O VE RN O D O E ST AD O D O P AR AN Á O SG EM EO S 145 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU1.indd 145D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU1.indd 145 21/09/20 00:4421/09/20 00:44 Estudantes do Ensino Médio no Ceará criam lei municipal para valorizar a Caatinga Um grupo de estudantes na Escola Estadual de Educação Profissional Lucas Emmanuel Lima Pinheiro, no município de Iguatu, interior do Ceará, realizou um conjunto de ações para valorizar o bioma da Caatinga. Eles conseguiram não só transformar a educação ambiental dentro da escola como ajudaram a criar leis e a mudar a forma como a comunidade e o munícipio lidava com o ambiente. Uma das ações do grupo foi realizar uma pesquisa com os colegas do 1o ano do Ensino Médio das outras sete escolas do município. Ao aplicar um questionário, o grupo descobriu o desconhecimento dos estudantes do município em relação à Caatinga. Uma das perguntas pedia aos estudantes para citar animais nativos do bioma e a resposta de cerca de 80% deles considerou a vaca como um animal nativo. Além disso, foi observado na pesquisa que muitos estudantes percebiam o o bioma apenas como uma paisagem seca e morta. O grupo continuou suas pesquisas e decidiu criar ações para mudar a situação de desinformação geral. Para isso, prepararam um projeto de lei e fizeram uma campanha na câmara de vereadores do município. O projeto, apresentado em dezembro de 2015, foi aprovado em março de 2016. O princi- pal objetivo dos estudantes era desenvolver uma nova identidade das pessoas com a Caatinga, além de chamar atenção para o uso do bioma sem causar degradação. A lei criada por eles define que a cidade deve ser arborizada com espécies nativas e estabe- lece que a oitica, árvore típica da Caatinga, seja o novo símbolo do município. Além disso, a nova lei criou um simpósio anual sobre o bioma no dia 28 de abril, dia da Caatinga. ■ Imagem de satélite do município de Iguatu (CE), 2020. No canto superior à direita, a Escola Estadual de Educação Profissional Lucas Emmanuel Pinheiro. NÃO ESCREVA NO LIVRO © 2 02 0 M AX AR T EC H N O LO G IE S/ G O O G LE E AR TH 146 DIÁLOGOS> EU TAMBÉM POSSO> D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU2.indd 146D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21_AVU2.indd 146 21/09/20 01:2321/09/20 01:23 A partir do conhecimento e das experiências adquiridas, os estu- dantes transformaram a realidade ambiental do município de forma duradora por meio da criação de uma nova lei. Para muitas pessoas formular leis é algo muito distante e que deve ser preocupação apenas de políticos. Os estudantes da escola provaram o contrário, tomando atitudes protagonistas com base em princípios éticos, democráticos e socioambientais. Na sua opinião, qual a impor- tância de atitudes individuais ou de pequenos grupos que pensem no coletivo, ou na comunidade em que vivem? Como você se sente realizando uma ação que o coloca como executor de uma tomada de decisão responsável? Qual a importância da argumentação em casos como esse? Após a discussão proposta acima, reúnam-se em grupos e sigam os passos percorridos pelos estudantes da Escola Estadual de Educação Profissional Lucas Emmanuel Lima Pinheiro. Localizem qual é o bioma do município onde vocês estudam. Depois, pesquisem informações sobre esse bioma. É possível fazer um levanta- mento bibliográfico sobre as pesquisas e informações disponíveis em sites de universidades, institutos de pesquisa e organizações não gover- namentais. Desenvolvam um questionário para saber o que os demais estudantes da sua escola e as pessoas da comunidade onde vivem sabem a respeito desse bioma. Organizem as informações obtidas e as analisem. Com base nos resultados obtidos, procurem soluções para resolver problemas como crimes ambientais e desinformação da comu- nidade em relação ao bioma onde vivem. Proponham um novo projeto de lei para ser apresentado na câmara de vereadores do município. ■ O bioma Caatinga, que ocorre na região Nordeste do Brasil, é formado por vegetação arbustiva adaptada ao clima seco e quente. Na fotografia, vista panorâmica da Chapada do Araripe em Crato (CE), 2010. D EL FI M M AR TI N S/ PU LS AR IM AG EN S 147 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 147D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 147 20/09/2020 21:5520/09/2020 21:55 DIVULGAÇÃO: COMO UTILIZAR AS REDES SOCIAIS DE FORMA EFICIENTE Nesta etapa, vocês irão postar na rede social escolhida os conteúdos elabo- rados na etapa 3. Para chamar atenção da população e dos órgãos públicos, sugerimos a criação de uma conta em uma rede social com nome relacionado ao problema ambiental que vocês estudaram nas etapas anteriores deste projeto. Para as postagens feitas no canal, perfil ou página terem a repercussão preten- dida, é preciso acompanhar e realizar a análise de métricas de mídias sociais. As principais redes sociais da atualidade possuem ferramentas de análise (algumas mais avançadas que outras) disponíveis para a consulta no canal, na página ou no perfil criado. Algumas métricas básicas que podem ser con- sultadas, geralmente na aba de informações, são: • Número de seguidores. • Número de curtidas por publicação. • Alcance, ou seja, número de pessoas que visualizaram a publicação. • Informações sobre os seguidores, como localidade de origem, período de acesso, gênero, idade etc. As métricas listadas acima são interessantes e podem indicar a popularidade, mas não são as mais importantes para informar a eficiência do perfil, canal ou página. As métricas mais relevantes são aquelas que mostram a realidade do dia a dia da rede social, por exemplo: • Alcance: mede como o conteúdo postado está sendo distribuído, isto é, quantas pessoas estão sendo alcançadas com as publicações nas redes sociais. • Volume ou conversas e discussões: mede se as pessoas realmente estão falando sobre a publicação. • Engajamento: considera o número de curtidas, compartilhamentos e comen- tários de cada publicação. • Crescimento do canal: apresenta dados sobre o crescimento, avaliando o aumento do número de seguidores, o engajamento do administrador do perfil e a participação da página na rede social. É importante que vocês analisem as métricas semanalmente para avaliar se estãoatingindo o público da maneira esperada. E, se não estiverem, devem discutir que ações tomar, por exemplo: usar da ferramenta # (hashtag) para divulgar palavras-chaves, “marcar” pessoas com @, ou até mesmo mudar o tipo de postagens, verificando qual apresenta maior repercussão e influencia mais as pessoas (imagem, pequenos vídeos, frases curtas e de impacto etc). Outra estratégia que deve ser verificada é a quantidade de postagens feitas por semana e horário do dia, esses aspectos, que podem ser analisados pelas métricas, influenciam o número de visualizações. Etapa 4 148 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 148D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 148 20/09/2020 21:5520/09/2020 21:55 ON U Brasil Disponível em: https://nacoesunidas.org/pos2015/. Acesso em: 24 ago. 2020 No site da ONU Brasil é possível conhecer na íntegra cada um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, como também, acessar a cartilha do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), com perguntas e respostas sobre esses objetivos. Brasília Ambiental Disponível em: http://www.ibram.df.gov.br/leis-ambientais/. Acesso em: 24 ago. 2020. Nesse site é possível encontrar as principais leis ambientais brasileiras. Ministério do Meio Ambiente Disponível em: https://www.mma.gov.br/. Acesso em: 24 ago. 2020. No site no Ministério do Meio Ambiente é possível encontrar dados e indicadores relacionados ao meio ambiente brasileiro, bem como leis, normas e informações diversas. Página 22 Disponível em: https://pagina22.com.br/. Acesso em: 24 ago. 2020. Revista multimídia que promove o debate sobre importantes questões relacionadas à sustentabilidade, principalmente no Brasil. WWF Brasil Disponível em: https://www.wwf.org.br/informacoes/bliblioteca/. Acesso em: 24 ago. 2020. No site dessa organização não governamental é possível encontrar dados e informações relacionadas aos diferentes biomas brasileiros, análises, informações técnicas e propostas de soluções para as diversas áreas relacionadas à sustentabilidade e ao meio ambiente. Ambientes e territórios: uma introdução à Ecologia Política Marcelo Lopes de Souza. Rio de Janeiro: Difel, 2019. O livro apresenta os principais debates contemporâneos sobre meio ambiente e território, como impactos e conflitos ambientais, movimentos ambientais. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas Nacib Aziz Ab’Saber. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012. O livro trata das características e potencialidades das grandes paisagens brasileiras, explicando aspectos da vegetação, da sua importância ambiental, bem como as pressões ambientais causadas nessas paisagens pelas atividades humanas. Amazônia: o despertar da floresta Direção: Christiane Torloni e Miguel Przewodowski. Brasil, 2018. DVD (106 min.) A partir de entrevistas com especialistas das mais diversas áreas e com o resgate de figuras históricas, o documentário discute questões relacionadas à Floresta Amazônica. O amigo do rei Direção: André D'Elia. Brasil, 2019. DVD (142 min.) Misturando-se entre o documental e o ficcional, o filme trata do rompimento da barragem do Fundão no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), em 2015, sob diferentes pontos de vista. > SAIBA MAIS 149 D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 149D3-CH-EM-3075-V5-U4-C8-130-149-LA-G21.indd 149 20/09/2020 21:5520/09/2020 21:55 > FICHAS DE AUTOAVALIAÇÃO Autoavaliação Esta é a hora de se autoavaliar em seu percurso de estudos. Para tanto, sugerimos que retome os objeti- vos propostos para o estudo da unidade. Depois, leia atentamente cada um dos itens relacionados abaixo e escreva em seu caderno como considera seu atual momento de aprendizagem. A resposta para cada um dos itens pode ser sim, não ou em algumas situações. Registre também uma justifi cativa para suas respostas. Unidade 1 Critérios 1. Entendo o que é a sociedade de consumo e os fatores que contribuíram para a sua formação. 2. Reconheço o papel dos meios de comunicação para a manutenção e o fortalecimento da socie- dade de consumo. 3. Entendo que o consumo, muitas vezes, também se associa à busca por uma identidade e à repre- sentação de uma ideologia. 4. Consigo reconhecer os impactos socioambientais relacionados ao consumo excessivo. 5. Entendo que uma das consequências do consumo excessivo é o aumento da produção de lixo. 6. Entendo o que é consumo consciente. 7. Consigo aplicar no meu dia a dia o consumo consciente. 8. Entendo que é possível produzir, consumir e des- cartar de forma menos danosa ao meio ambiente. 9. Consigo propor medidas para enfrentar solucionar questões do consumo e da produção de resíduos. 10. Sei que o meu consumo e a forma como eu des- carto os resíduos podem ter maior ou menor impacto na natureza. 11. Sinto confi ança para apresentar meus pontos de vista e apontar ideias e sugestões que considero adequadas. 12. Sinto-me motivado a aprender e a aplicar meus conhecimentos para melhorar a minha vida e o lugar onde vivo. Comente, a partir dos tópicos acima, seus pontos fortes e os pontos que você ainda precisa trabalhar. Converse com seu professor para, juntos, estabele- cerem um plano de ação. Unidade 2 Critérios 1. Consigo perceber a construção social, ou seja, a ação humana sobre as paisagens e fazer a crítica da oposição natureza × cultura. 2. Entendo a construção de diferentes visões da natureza ao longo da história. 3. Sou capaz de refletir sobre as relações entre os seres humanos e a natureza no mundo contemporâneo. 4. Reconheço a necessidade de estabelecer uma relação mais equilibrada entre seres humanos e natureza a partir de formas criativas de manejo dos recursos naturais. 5. Sou capaz de discutir diferentes ideologias ambientalistas, seus fundamentos teóricos e formas de atuação, de modo a problematizar a ética ambiental na contemporaneidade. 6. Consigo contrapor a visão predatória da natureza com práticas sustentáveis utilizadas por comuni- dades tradicionais. 7. Reconheço a importância da água e conheço ações que devem ser adotadas para seu uso sustentável. 8. Adoto práticas de uso sustentável da água em meu dia a dia. 9. Reconheço a importância do saneamento básico como forma de preservação da água e para a saúde humana. 10. Sinto confi ança para apresentar meus pontos de vista e apontar ideias e sugestões que considero adequadas. 11. Sinto-me motivado a aprender e a aplicar meus conhecimentos para melhorar a minha vida e o lugar onde vivo. Comente, a partir dos tópicos acima, seus pontos fortes e os pontos que você ainda precisa trabalhar. Converse com seu professor para, juntos, estabele- cerem um plano de ação. NÃO ESCREVA NO LIVRO 150 D2-CH-EM-3075-V5-FINAIS-150-160-LA-G21-AVU.indd 150D2-CH-EM-3075-V5-FINAIS-150-160-LA-G21-AVU.indd 150 21/09/2020 01:5121/09/2020 01:51 Unidade 3 Critérios 1. Entendo o que são as chamadas mudanças cli- máticas, reconhecendo que não há um único entendimento sobre suas causas. 2. Reconheço as principais fontes de emissão de gases de efeito estufa, entendendo como esses gases agem na atmosfera. 3. Reconheço que o aquecimento global é parte de um conjunto de mudanças mais amplas que afetam, em maior ou menor medida, todas as regiões do planeta. 4. Entendo o que são desastres naturais e reco- nheço a vulnerabilidade dos países e regiões mais pobres diante desses acontecimentos. 5. Reconheço os desastres naturais mais recorren- tes na região onde vivo e sei como agir caso eles ocorram. 6. Consigo propor medidas que podem evitar ou minimizar os impactos de desastres naturais. 7. Sinto confiança para apresentar meus pontos de vista e apontar ideias e sugestões que considero adequadas. 8. Sinto-me motivado a aprender e a aplicar meus conhecimentos para melhorar a minha vida e o lugar onde vivo. Comente, a partir dos tópicos acima, seus pontos fortes e os pontos que você ainda precisa trabalhar. Converse com seu professor para, juntos, estabele-