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PENHORA E EXPROPRIAÇÃO Expropriação: -EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA, que pode fundar-se tanto em título judicial quanto em extrajudicial, tem como objetivo saldar o que é devido ao credor, através da EXPROPRIAÇÃO dos bens do devedor. -A expropriação é assim um meio coativo utilizado tanto contra o devedor solvente (que tem o patrimônio ativo maior que o passivo) quanto contra o devedor insolvente (que tem dívidas superiores aos seus rendimentos). -A expropriação de bens (ou expropriação judicial) ocorre então, por DETERMINAÇÃO JUDICIAL, para transferir, como forma de indenização, um bem de um devedor para o seu credor, mesmo sem o consentimento daquele, para que possa ocorrer o pagamento integral ou parcial da dívida = art. 824, CPC. Art. 824, CPC “A execução por quantia certa realiza-se pela expropriação de bens do executado, ressalvadas as execuções especiais.” -O art. 825 do CPC traz 3 espécies de expropriação de bens: · ADJUDICAÇÃO. · ALIENAÇÃO. · APROPRIAÇÃO DE BENS E DE RENDIMENTOS DE EMPRESA OU DE ESTABELECIMENTOS. Art. 825, CPC “A expropriação consiste em: I - adjudicação; II - alienação; III - apropriação de frutos e rendimentos de empresa ou de estabelecimentos e de outros bens.” -E para que essas medidas de expropriação aconteçam, é necessário que ocorra a PENHORA de bem (ou bens) do Executado. Penhora: -A penhora, regulada nos arts. 831 a 836 do CPC, é um instrumento judicial que tem como objetivo segurar um bem de um devedor para que o mesmo seja utilizado para pagar a dívida do sujeito que está sendo executado judicialmente pelo valor devido = é uma MEDIDA CONSTRITIVA, pois o bem penhorado será expropriado de seu dono, para pagamento da dívida, caso o devedor, citado, não pague e não apresente outras possibilidades. -Ela ocorre tanto em execuções de títulos judiciais quanto em extrajudiciais, e é um meio, DENTRO DA EXECUÇÃO POR QUANTIA CERTA, para que a dívida seja paga. Ou seja, não é a única forma para que a dívida seja paga, mas pode acontecer. E mesmo com a penhora, o devedor não perde automaticamente o bem, pois ele pode tentar renegociar a dívida antes da expropriação. -Como existe um processo de execução, para que a dívida seja paga, a penhora também garante o pagamento dos juros, das custas processuais e dos honorários advocatícios. -Ato seguinte à penhora, sem negociação, o bem penhorado será adjudicado ou alienado, ou seja, ele será oferecido ao credor como forma de pagamento e se aceitar, o credor recebe a posse e a propriedade do bem, que é passado para o seu nome (adjudicação). Mas se ele não tiver interesse no bem, o mesmo será alienado (leiloado) para que o valor supra a dívida (e se o valor do bem for inferior à dívida, o devedor ficará de pagar o montante restante. E se o valor for maior, o excedente deverá ser entregue ao devedor). -A penhora, quando efetivada, gera um TERMO/AUTO, que deve conter: · a indicação do dia, do mês, do ano e do lugar em que foi feita. · os nomes do exequente e do executado. · a descrição dos bens penhorados, com as suas características. · a nomeação do depositário dos bens. -A penhora obedece, PREFERENCIALMENTE (e não obrigatoriamente), a ordem prevista no art. 835 do CPC, tendo, em primeiro lugar, o dinheiro. Além disso, os bens imóveis vêm antes dos bens móveis. -Existem bens que não podem ser penhorados (listados no art.833 do CPC). -Se o executado não for localizado para citação na execução, o oficial de justiça poderá proceder o ARRESTO de bens do devedor, até a quantidade que seja suficiente para a satisfação da execução, como uma MEDIDA ASSECURATÓRIA. REQUISITOS: · Os bens apreendidos devem ser penhoráveis. · Os bens apreendidos devem pertencer ao patrimônio do devedor. · O credor deve estar documentado sobre o seu crédito. -A penhora será desfeita, quando foi inválida ou ilegal. -SUBSTITUIÇÃO: a penhora pode ser substituída, desde que o exequente ou o executado requeiram, e desde que não haja prejuízo ao exequente e seja menos onerosa para o devedor. Essa modificação pode ser QUANTITATIVA, ou seja, ampliando ou reduzindo o objeto penhorado, no caso dele ser insuficiente ou superior; ou QUALITATIVA, quando outro bem do patrimônio do executado substituirá o anterior. Embargos a Execução: -Como meio de defesa, poderá o executado, sendo o título extrajudicial, apresentar EMBARGOS À EXECUÇÃO. Se for o título judicial, através da IMPUGNAÇÃO. E esta, já foi vista na aula anterior. -Já os EMBARGOS À EXECUÇÃO, estes, apesar de serem uma DEFESA, são uma ação autônoma (arts. 914 a 920, CPC), onde o executado (embargante) apresenta sua discordância com algum aspecto da execução. -É uma petição inicial que será proposta em apenso à execução, no prazo de 15 dias, independentemente de caução/depósito/penhora. -Não tem efeito suspensivo (ou seja, não obsta o andamento da execução), mas pode ser requerido. -Interpostos os embargos, o exequente/embargado é intimado para se manifestar, em 15 dias. Após este prazo, com manifestação ou não, os autos seguem para o Juiz, que poderá designar uma audiência para coleta de provas OU julgar os embargos. O QUE PODE SER ALEGADO NOS EMBARGOS À EXECUÇÃO? Todas as matérias previstas no art. 917 do CPC, que são: · exequibilidade do título ou inexigibilidade da obrigação. · penhora incorreta ou avaliação errônea do bem. · excesso de execução ou cumulação indevida de execuções (ex.: quantia superior; coisa diversa; prestação não cumprida; prestação realizada). Nesse caso, o executado deverá indicar o valor que entende correto, sob pena de indeferimento dos embargos. · retenção por benfeitorias necessárias ou úteis, nos casos de execução para entrega de coisa certa = EMBARGOS DE RETENÇÃO (ex.: na saída de um imóvel, em que são retidas benfeitorias necessárias ou úteis realizadas no bem, para que haja compensação ou dedução na dívida). · incompetência absoluta ou relativa do juízo da execução. · qualquer matéria que lhe seria lícito deduzir como defesa em processo de conhecimento. Uma NOVIDADE do CPC em relação aos embargos à execução, é a possibilidade de parcelamento do débito: “Art. 916. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exequente e comprovando o depósito de trinta por cento do valor em execução, acrescido de custas e de honorários de advogado, o executado poderá requerer que lhe seja permitido pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e de juros de um por cento ao mês.”. -Assim, o credor será intimado para se manifestar sobre a proposta, e enquanto isso, o devedor vai depositando as parcelas, mensalmente, em juízo. -O Juiz pode indeferir o parcelamento, caso o devedor não atenda o disposto no art.916, e se já tiverem parcelas depositadas, estas serão mantidas e convertidas em penhora em favor do credor. Adjudicação É uma das espécies de expropriação, e está regulada nos arts. 876 e 877 do CPC. -Como dito anteriormente, após a penhora, o bem penhorado será oferecido ao credor como forma de pagamento e se ele aceitar, recebe a posse e a propriedade do bem, que é passado para o seu nome. Isso é a ADJUDICAÇÃO, que é a transferência forçada de propriedade do bem penhorado. -Efetuada a adjudicação, o executado será intimado para se manifestar. E após 5 dias, não se manifestando, o auto de adjudicação poderá ser lavrado, e será assinado pelo Juiz, pelo Adjudicante, pelo escrivão e pelo executado. -Com a carta de adjudicação, o mandado de imissão de posse, e a guia do imposto de transmissão pago, poderá o Adjudicante proceder a transferência do bem. Alienação -Esta acontece de forma particular ou por meio de LEILÃO JUDICIAL (eletrônico ou presencial), ou seja, ou o exequente a executa, ou busca ajuda de corretor ou leiloeiro público credenciado pelo órgão judiciário para isso. -O bem é avaliado, e o Juiz fixa o preço mínimo e prazo para a venda. E após a venda, o procedimento é semelhante à adjudicação. -No leilão judicial, o local deve ser designado pelo Juiz, sendo, preferencialmente, o lugar da situação da coisa.b O Juiz indica também, o leiloeiro e qualserá sua comissão para a realização do ato. -Qualquer pessoa pode oferecer lances no leilão judicial, exceto aquelas constantes no rol taxativo do art.890 do CPC, por conflitos de interesses (ex.: os tutores quanto aos bens confiados). -Não será aceito lance que ofereça preço vil, ou seja, que esteja abaixo do valor mínimo estabelecido pelo Juiz. E se o bem for arrematado por valor superior ao de seu crédito, o excedente será depositado nos autos. -Durante o leilão, o executado ainda pode remir o bem, ou seja, tê-lo de volta, caso ofereça valor igual ou superior ao maior lance oferecido. -Após, são lavrados os autos de alienação e de arrematação, que passam a ser irretratáveis, mesmo que venham a ser julgados procedentes os embargos do executado, sendo cabível assim, a possibilidade de reparação pelos prejuízos sofridos. A CARTA DE ARREMATAÇÃO conterá a ordem de entrega ou mandado de imissão na posse do bem. Apropriação de Bens e Frutos: -As empresas, no seu dia a dia, adquirem créditos, mas a penhora destes créditos não poder causar a sua ruína, e por isso existem limitações nesta penhora. -Assim, dispõe o art. 866 do CPC que, se o executado não tiver outros bens penhoráveis ou se, tendo-os, esses forem de difícil alienação ou insuficientes para saldar o crédito executado, o juiz poderá ordenar a penhora de percentual de faturamento de empresa, em percentual que propicie a satisfação do crédito exequendo em tempo razoável, mas que não torne inviável o exercício da atividade empresarial. -O depositário prestará contas mensalmente, entregando em juízo as quantias recebidas, com os respectivos balancetes mensais, a fim de serem imputadas no pagamento da dívida. -Além disso, o art. 834 do CPC prevê que, na falta de outros bens, os frutos e rendimentos de bens inalienáveis podem ser penhorados. Depósito: -O art. 839 do CPC dispõe que: “Considerar-se-á feita a penhora mediante a apreensão e o depósito dos bens, lavrando-se um só auto se as diligências forem concluídas no mesmo dia.”. -O depósito advém da penhora de bens, e caracteriza a perda da administração e da disponibilidade do bem penhorado, com a função de conservar este bem = ATO EXECUTÓRIO MATERIAL = APREENSÃO DO BEM. -Com o depósito, a penhora se aperfeiçoa, ou seja, a penhora sem o depósito está incompleta. -Após o depósito é que pode ser feita a expropriação de bens. -Segundo o art. 840 do CPC, serão preferencialmente depositados: as quantias em dinheiro existentes em instituições financeiras; bens móveis e imóveis; máquinas agrícolas = GARANTIA CONTRA FRAUDE. Os demais, podem ficar em poder do executado. - E os bens depositados ficam em poder do DEPOSITÁRIO, que geralmente é o depositário judicial, mas podem também ficar em poder do exequente (quando não há depositário judicial), e até mesmo do executado (quando for mais conveniente ou na impossibilidade do exequente ou quando este concordar) = art. 159, CPC. -Pode ainda, ser designado um terceiro depositário ou um depositário particular. -O depositário é a pessoa que fica responsável pela guarda e conservação dos bens penhorados, devendo colocá-los à disposição da Justiça quando instado para tal finalidade. Para isso, ele administra, presta conta e restitui a coisa depositada. Avaliação: -É a VALORAÇÃO PECUNIÁRIA do bem penhorado, para tornar conhecido das partes, do juízo e de terceiros o valor do bem. Ela é importante para a execução, pois: · Determina o valor mínimo de aquisição na alienação pública ou particular. · Determina eventual diminuição ou reforço de penhora. · Estabelece a continuidade ou não da execução, quando o credor opta pela adjudicação do bem penhorado. -É um processo burocrático, demorado e custoso, e é feito pelo OFICIAL DE JUSTIÇA, ou, na impossibilidade deste ou quando demandar conhecimento técnico, por um PERITO JUDICIAL. Será DISPENSADA a avaliação quando: · Houver aceitação da estimativa feita, ou seja, quando o devedor oferece o bem e o credor o aceita. · Se tratar de títulos, ações e mercadorias com cotação em bolsa. · Seja possível buscar por dados de mercado o atual valor real do bem. Ex. veículos. O LAUDO DE AVALIAÇÃO deve: · descrever e caracterizar minunciosamente o bem avaliado. · dizer o estado em que o bem se encontra. · afirmar o valor do bem, deixando claro como se chegou ao resultado, qual método e critério utilizado. · levar em consideração eventual divisão do bem, pois, se for divisível, pode penhorar parte do bem suficiente à satisfação do crédito, pelo princípio da menor onerosidade. -Feita a avaliação, terão as partes o direito à manifestação em relação à avaliação no prazo de 5 dias. -Se as partes não concordarem, deverão fundamentar a discordância, podendo, inclusive, fazer comparações com o mercado. Defesa do Terceiro: Durante a efetivação dos atos executivos, existe a possibilidade das constrições e expropriações patrimoniais atingirem, de forma indevida, BENS PERTENCENTES A TERCEIROS, alheios à demanda executiva, tais como: · Bens que estão na posse do Executado, a qualquer título. · Bens com garantia real. · Credor beneficiário de penhora anteriormente averbada. · Um dos cônjuges, sobre execução promovida em face do outro, salvo nos casos de dívida comum. · Condômino, salvo nos casos de dívida comum. · Bem com usufruto. -Nestas hipóteses, o terceiro atingido indevidamente pelos atos executivos poderá defender o seu patrimônio, com a demonstração em Juízo da inexistência de relação jurídica entre o bem atingido e o débito, ou a impossibilidade de constrição, por meio da oposição de EMBARGOS DE TERCEIRO, nos moldes dos arts. 1.046 e seguintes do CPC. Embargos de Terceiro: - Art. 675, CPC. “Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta.” -Cabe ao terceiro embargante demonstrar, na inicial, que o bem constringido ou ameaçado de constrição é seu, apresentando provas documentais ou testemunhais da posse ou propriedade sobre o bem em discussão. -As partes envolvidas no processo terão o prazo de 15 dias para apresentar suas contrarrazões ao embargo apresentado pelo terceiro. -Se o juiz julgar procedente os embargos de terceiro, o mesmo ordenará a suspensão da constrição sobre o bem alheio, e este será excluído do processo. Da sentença, cabe apelação.
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