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Universidade Estadual de Campinas
Faculdade de Engenharia Química
EQ481 – Introdução à Engenharia Química
EQ 481
Introdução à Engenharia Química
Apostila de Notas de Aula
e Listas de Exercícios
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo
Departamento de Engenharia de Sistemas Químicos
Setembro/2020
Campinas – SP
EQ 481 – Apostila de Notas de Aula e Listas de Exercícios
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
S U M Á R I O
1 – INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS E VARIÁVEIS DE PROCESSOS _________________________________________________ 1
1.1 – SISTEMAS, PROCESSOS E VARIÁVEIS DE PROCESSO ______________________________________________________________ 1
1.2 – CLASSIFICAÇÃO DOS PROCESSOS ________________________________________________________________________ 14
2 – BALANÇOS DE MASSA _______________________________________________________________________________ 18
2.1 – BASE DE CÁLCULO __________________________________________________________________________________ 18
2.2 – EQUAÇÃO GERAL DE BALANÇO _________________________________________________________________________ 19
2.2.1 – Casos particulares da equação geral do balanço de massa __________________________________________ 21
2.3 – GRAUS DE LIBERDADE _______________________________________________________________________________ 22
2.4 – TIPOS DE FLUXOGRAMA E CORRENTES DE PROCESSOS __________________________________________________________ 23
2.5 – PROCEDIMENTO PARA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ENVOLVENDO BALANÇOS __________________________________________ 29
3 – PROCESSOS DE SEPARAÇÃO __________________________________________________________________________ 31
3.1 – PRINCÍPIOS DOS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO ________________________________________________________________ 31
3.2 – PRINCIPAIS PROCESSOS DE SEPARAÇÃO DA INDÚSTRIA QUÍMICA ___________________________________________________ 38
3.2.1 – Sistemas gás-líquido _________________________________________________________________________ 38
3.2.2 – Sistemas gás-sólido __________________________________________________________________________ 42
3.2.3 – Sistemas líquido-líquido ______________________________________________________________________ 43
3.2.4 – Sistemas sólido-líquido _______________________________________________________________________ 44
4 – BALANÇOS DE ENERGIA ______________________________________________________________________________ 45
4.1 – ENERGIA ________________________________________________________________________________________ 45
4.2 – PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÃO DE ENERGIA _______________________________________________________________ 45
4.2.1 – Processos convencionais ______________________________________________________________________ 45
4.2.2 – Formas alternativas _________________________________________________________________________ 47
4.3 – FORMAS DE ENERGIA ________________________________________________________________________________ 48
4.3.1 – Energia cinética (Ec) __________________________________________________________________________ 48
4.3.2 – Energia potencial (Ep ) ________________________________________________________________________ 48
4.3.3 – Energia interna (U) __________________________________________________________________________ 48
4.4 – FORMAS DE SE TRANSFERIR ENERGIA _____________________________________________________________________ 50
4.4.1 – Calor (Q) ___________________________________________________________________________________ 50
4.4.2 – Trabalho (W) _______________________________________________________________________________ 50
4.5 – PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA ______________________________________________________________________ 54
4.6 – FORMULAÇÃO DA PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA __________________________________________________________ 55
4.6.1 – Equação geral da conservação da energia ________________________________________________________ 56
4.7 – FUNÇÕES DE ESTADO E FUNÇÕES DE CAMINHO _______________________________________________________________ 61
4.8 – ESTADOS DE REFERÊNCIA E GRANDEZAS DE ESTADO ____________________________________________________________ 62
EQ 481 – Apostila de Notas de Aula e Listas de Exercícios
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4.9 – DIAGRAMAS DE SUBSTÂNCIAS PURAS E TABELA DE VAPOR D’ÁGUA _________________________________________________ 63
4.9.1 – Diagrama P-T e pressão de vapor _______________________________________________________________ 64
4.9.2 – Tabela de Vapor d’Água ______________________________________________________________________ 70
4.9.3 – Diagrama P-V ______________________________________________________________________________ 72
4.9.4 – Diagrama T-V ______________________________________________________________________________ 73
4.10 – EFEITOS TÉRMICOS ________________________________________________________________________________ 74
4.10.1 – Efeitos térmicos sem reações químicas _________________________________________________________ 75
4.11 – APLICAÇÕES DA PRIMEIRA LEI A SISTEMAS ABERTOS OPERANDO EM REGIME PERMANENTE ________________________________ 85
4.12 – EQUAÇÕES DE ESTADO _____________________________________________________________________________ 87
4.12.1 – Equação dos Gases Ideais ____________________________________________________________________ 88
5 – BALANÇOS DE MASSA E ENERGIA EM SISTEMAS REATIVOS _________________________________________________ 89
5.1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES _____________________________________________________________________________ 89
5.2 – GRAU DE AVANÇO _________________________________________________________________________________ 93
5.3 – PROCESSOS DE COMBUSTÃO ___________________________________________________________________________ 99
5.3.1 – Análise de Orsat para combustíveis gasosos _____________________________________________________ 101
5.4 – EFEITOS TÉRMICOS ASSOCIADOS A REAÇÕES QUÍMICAS ________________________________________________________ 102
5.4.1 – Entalpia de reação __________________________________________________________________________ 103
5.4.2 – Entalpia de formação _______________________________________________________________________ 106
5.4.3 – Entalpia de combustão ______________________________________________________________________ 107
5.4.4 – Lei de Hess ________________________________________________________________________________ 108
5.5 – BALANÇOS DE ENERGIA EM PROCESSOS REATIVOS ____________________________________________________________ 108
5.5.1 – Processos com condições desconhecidas na saída ou na entrada ____________________________________ 114
5.5.2 – Temperatura Adiabática de Chama ____________________________________________________________ 114
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS __________________________________________________________________________ 118
1
A
LISTA DE EXERCÍCIOS – CONVERSÃO DE UNIDADES E VARIÁVEIS DE PROCESSO ________________________________ 119
2
A
LISTA DE EXERCÍCIOS – BALANÇO DE MASSA SEM REAÇÃO QUÍMICA EM REGIME TRANSIENTE ___________________ 123
3
A
LISTA DE EXERCÍCIOS – BALANÇO DE MASSA SEM REAÇÃO QUÍMICA EM ESTADO ESTACIONÁRIO _________________ 124
4
A
LISTA DE EXERCÍCIOS – BALANÇOS DE ENERGIA SEM REAÇÃO QUÍMICA – SISTEMAS FECHADOS __________________ 130
5
A
LISTA DE EXERCÍCIOS – BALANÇOS DE ENERGIA SEM REAÇÃO QUÍMICA – SISTEMAS ABERTOS ___________________ 131
6
A
LISTA DE EXERCÍCIOS – BALANÇOS DE MASSA COM REAÇÃO QUÍMICA _______________________________________ 135
7
A
LISTA DE EXERCÍCIOS – BALANÇOS DE MASSA EM PROCESSOS DE COMBUSTÃO _______________________________ 138
8
A
LISTA DE EXERCÍCIOS – BALANÇOS DE ENERGIA COM REAÇÃO QUÍMICA ______________________________________ 139
EQ481 – Capítulo 1 – Introduçãoaos Cálculos de Engenharia Química 1
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1 – Introdução aos Processos e Variáveis de Processos
1.1 – Sistemas, processos e variáveis de processo
Sistema: entende-se por sistema uma determinada quantidade de matéria ou uma região no
espaço, escolhida para um estudo, sendo essa escolha, arbitrária. O sistema pode ser um volume; uma
substância ou grupo de substâncias, um corpo, um equipamento (ou equipamentos), etc. O sistema
pode ser até mesmo uma indústria inteira. Devido à natureza ampla envolvida no conceito de sistema,
toda vez que se estuda um problema, o primeiro passo é definir claramente o sistema, delimitando-o.
Este procedimento leva a um novo conceito, o de vizinhança.
Vizinhança: é tudo o mais que não seja o sistema. É tudo aquilo exterior ao sistema.
Limite ou fronteira: é, como o próprio nome diz, a região que separa o sistema de sua
vizinhança.
Limite ou Fronteira
Vizinhança Sistema
A definição do tipo de sistema depende da forma como é definida sua fronteira! Um sistema
também pode ser denominado um VOLUME DE CONTROLE. A fronteira é a superfície de contato entre o
sistema e a vizinhança. Matematicamente tem espessura ZERO, não contém massa e nem ocupa
volume no espaço, sendo apenas uma divisão imaginária, útil para realizar os balanços de massa e
energia.
Tipos de sistemas
Aberto: é aquele no qual ocorre transferência de material através da fronteira do sistema, quer
dizer, há fluxo de massa entrando no sistema, saindo do sistema ou ambos os casos. Como energia
está associada ao fluxo de massa, em sistemas abertos também ocorre transferência de energia.
Sistemas abertos também são denominados sistemas com escoamento.
Fechado: não ocorre fluxo de material do sistema para a vizinhança e nem da vizinhança para o
sistema. Neste caso, diz-se que o sistema é de massa constante. Este tipo de sistema permite
transferência de energia através de suas fronteiras, sob a forma de calor e/ou trabalho. Portanto,
em um sistema fechado, podem ocorrer transformações no seu interior, mas nunca troca de massa
com suas vizinhanças.
Adiabático: é aquele no qual não há fluxo de calor pela fronteira do sistema. Este tipo de sistema é
dito ser termicamente isolado, entretanto pode acontecer de um sistema ser isolado termicamente,
porém ser um sistema aberto e nesse caso poderá haver transferência de energia junto com o
material que entra e sai através de sua fronteira. Em sistemas adiabáticos pode ocorrer
transferência de energia sob a forma de trabalho, mas nunca na forma de calor.
Isolado: não ocorre transferência de material, nem de energia (sob quaisquer formas) pelas
fronteiras do sistema. Alterações que ocorrem na vizinhança não afetam o sistema.
EQ481 – Capítulo 1 – Introdução aos Cálculos de Engenharia Química 2
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As Tabelas 1.1 e 1.2 apresentam as características dos diversos tipos de sistemas e fronteiras que
estão presentes em processos de engenharia.
Tabela 1.1 – Tipos de sistemas e transferências possíveis de serem observadas.
Tipo Calor Trabalho Fluxo de Massa
Fechado Sim Sim Não
Aberto Sim Sim Sim
Isolado Não Não Não
Mecanicamente isolado Sim Não Não
Termicamente isolado
ou adiabático
Não Sim
Não (Sist. Fechado)
Sim (Sist. Aberto)
Tabela 1.2 – Tipos de fronteiras presentes em sistemas.
Tipo Calor Trabalho Massa Volume do sistema
Adiabática Não Sim Sim -
Diatérmica Sim Sim Sim -
Fixa - - - Fixo
Móvel - - - Variável
Real Sistemas fechados
Imaginária Sistemas abertos (frequentemente)
O que é o estado de um sistema?
O estado de um sistema é definido pelo conjunto de todos os valores das grandezas
(propriedades) termodinâmicas desse sistema. As principais grandezas utilizadas na descrição de um
estado do sistema são: temperatura, pressão, volume, massa e composição química; pois são grandezas
mensuráveis e por meio delas, outras grandezas físico-químicas são obtidas e também utilizadas na
caracterização do estado de um sistema.
O que é um processo?
Processo é o que ocorre sempre que houver uma mudança no estado inicial de um sistema, ou
seja, é uma transformação que altera o estado do sistema. Para que um processo seja definido, os
estados inicial e final do sistema devem ser especificados, bem como a trajetória do processo e as
interações com as vizinhanças.
A indústria química é uma indústria de transformação. Transformações implicam em mudanças
de estado do sistema, ou seja, a ocorrência de processos, por isso também são denominadas indústrias
de processos.
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Essa mudança de estado do sistema, ou seja, o processo, pode ser resultado de qualquer
operação ou sequência de operações, químicas e/ou físicas, que ocorrem dentro do sistema e
transformam uma matéria bruta (uma substância ou mistura de substâncias) em um ou vários produtos.
Em um processo, uma ou até mesmo todas as variáveis do sistema (temperatura, pressão, composição,
estado físico, etc) podem se alterar. Mas se nenhuma variável se alterar, não houve um processo.
Em um determinado processo, conhecendo-se a quantidade de matéria-prima e suas
propriedades (composição e características físicas e químicas) e se há ou não reações químicas
presentes, pode-se calcular a quantidade de produto que será obtida e também suas características. São
exemplos de processos: aquecimento de uma solução para solubilizar solutos; mudanças de fase,
concentração de leite em evaporadores; queima de um combustível, fermentação de melaço de cana
para a produção de álcool etílico, destilação de petróleo, etc.
A corrente (ou correntes) de material que entra em um determinado processo é denominada
corrente de alimentação, de reagentes, carga ou corrente afluente (o termo equivalente em inglês é
INPUT). Normalmente utiliza-se o termo alimentação de uma forma geral, reservando o termo reagente
apenas para processos onde ocorrem transformações (reações) químicas. A corrente (ou correntes) de
material que deixa o processo é chamada de corrente efluente ou de produtos (em inglês OUTPUT). No
caso do fluxo de matéria que sai do processo, o nome genérico adotado é produto (independentemente
se houve ou não reação química).
Alimentação Efluente
Reagente PROCESSO Produto
Input Output
Denomina-se “unidade de processamento” ou “unidade de processo” qualquer equipamento ou
aparato, no qual é realizada uma das operações que constituem o processo. Assim, entende-se que o
processo pode ser não somente uma única operação, mas também uma série de operações. Cada
unidade de processo tem associada a ela um conjunto de correntes de alimentação e de produtos, que
constituem as correntes (ou fluxos) do processo.
Processos industriais envolvem múltiplas correntes de processo, cujas condições - basicamente:
temperatura, pressão, composição e vazão - devem ser conhecidas por aqueles que projetam, operam e
controlam estes processos. Essas grandezas, denominadas variáveis de processo, são fundamentais para
a realização de balanços de massa e energia, que por sua vez são utilizados para dimensionar
equipamentos, demandas de utilidades (quentes e frias) e fornecer as condições necessárias para que o
processo ocorra dentro das especificações desejadas. Por meio dos balanços de massae energia
também é possível analisar o desempenho de um determinado processo e propor alternativas para
otimizá-lo, sob diversos aspectos (energético, ambiental, segurança, etc).
Variáveis de processo
Na descrição das variáveis de processo é necessário utilizar um sistema de unidades, capaz de
descrever quantitativamente os valores destas variáveis. Um sistema de unidades é constituído de três
componentes distintos:
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Dimensões: são as quantidades fundamentais, conceitos básicos de medida, tais como massa (M),
comprimento (L), temperatura (T), tempo (t) e quantidade de matéria (N). Existem ainda outras
dimensões básicas como corrente elétrica e intensidade luminosa.
Unidades: as unidades são os meios de se expressar as dimensões, tais como metro para
comprimento, horas para tempo, mol para quantidade de matéria, etc. As unidades podem ser
escritas sob a forma de múltiplos ou submúltiplos para facilitar a utilização de dados.
Unidades derivadas: podem ser obtidas de duas formas diferentes; multiplicando ou dividindo
unidades básicas ou múltiplas, ou então, definindo unidades equivalentes para unidades compostas
(ex: 1 N = 1 kg.m/s2).
Sistemas de unidades
Existem basicamente três sistemas distintos de unidades: o S.I. que é o sistema internacional de
unidades; o sistema CGS e o sistema americano de engenharia (SAE), com unidades inglesas.
Atualmente e cada vez mais, o SI vem sendo adotado como o sistema oficial de periódicos e livros de
engenharia, em detrimento do sistema inglês. A maneira correta de utilizar o Sistema Internacional de
Unidades; uma breve história de sua criação; suas unidades (com múltiplos e submúltiplos desse
sistema) e também outras unidades fora do SI e convenções de estilos para escrita de textos técnicos;
estão descritos na apostila sobre a utilização correta do SI (disponibilizada separadamente).
Além da apostila sobre utilização do SI, outro material complementar desta disciplina é a tabela
de conversão de unidades, a qual deverá ser impressa separadamente e deverá fazer parte do material
didático das aulas de EQ481, de modo a permitir sua utilização sempre que necessário. É um material
que também será útil em outras disciplinas do seu curso e mesmo na vida profissional.
A Tabela 1.3 apresenta as definições atuais das unidades fundamentais do SI (redefinidas a partir
de maio de 2019, com base em constantes físicas com valores numéricos fixos).
Sistema Internacional de Unidades (SI – Système International d’Unités), criado em 1960.
• massa = quilograma (kg) Atenção: o “k” do múltiplo “kilo” é minúsculo! Não existe Kg!
• comprimento = metro (m)
• temperatura = kelvin (K)
• tempo = segundo (s)
• quantidade de substância = mol (mol)
Consulte o seguinte link para maiores informações sobre o Sistema Internacional de Unidades:
https://physics.nist.gov/cuu/Units/
Sistema Americano de Engenharia (SAE): utiliza unidades inglesas.
• massa = libra-massa (lbm)
• comprimento = pé (ft)
• temperatura = grau Rankine (oR)
• tempo = segundo (s)
• quantidade de matéria = lbmol (libra-mol)
https://physics.nist.gov/cuu/Units/
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Sistema CGS.
• massa = grama (g)
• comprimento = centímetro (cm)
• tempo = segundo (s)
• força = dina (dyn) = 1 g.cm/s2 = 10-5 N
• energia = erg = 1 g.cm²/s² = 10-7 J
Tabela 1.3 – Definições atuais das grandezas fundamentais do Sistema Internacional de Unidades.
Grandeza
Unidade
(símbolo)
Definição
Tempo
segundo
(s)
é definido tomando-se o valor numérico fixo da frequência de
transição hiperfina do estado fundamental não perturbado do
átomo de césio 133, ∆νCs, em 9.192.631.770, quando se expressa a
unidade em Hz, igual a s-1.
Comprimento
metro
(m)
é definido tomando-se o valor numérico fixo da velocidade da luz
no vácuo (c) como sendo 299.792.458, quando se expressa a
unidade em m.s-1, onde o segundo é definido em função da
frequênciade césio, ∆νCs.
Massa
quilograma
(kg)
seu valor será estabelecido fixando-se o valor numérico da
constante de Planck, h, exatamente igual a 6,626 070 15x10-34
quando expresso em unidades do SI, kg·m2·s-1, queé igual a
joule·segundo (J·s), sendo o metro e o segundo definidos em
termos de c e ∆νCs.
Temperatura
termodinâmica
kelvin
(K)
é definido tomando-se o valor numérico fixo da constante de
Boltzmann, k, exatamente igual a 1,380649×10-23 quando expresso
em unidades do SI, kg·m2·s-2·K-1, que é igual a (J·K-1), sendo o
quilograma, metro e o segundo definidos em termos de h, c e ∆νCs.
Quantidade de
substância
mol
(mol)
o mol continuará a ser a unidade de quantidade de substância de
uma entidade elementar especificada, que pode ser um átomo,
molécula, íon, elétron, qualquer outra partícula ou um grupo
especificado de tais partículas, mas seu valor será estabelecido
fixando-se o valor numérico da Constante de Avogadro (NA)
exatamente igual a 6,02214076×1023 quando expresso em
unidades do SI, mol-1. Dessa forma 1 mol contém exatamente uma
quantidade de unidades elementares equivalente ao valor de NA.
Corrente
elétrica
ampere
(A)
seu valor é estabelecido fixando-se o valor numérico da carga
elementar, e, exatamente igual a 1,602176634×10-19, quando se
expressa a unidade em coulombs (C), igual a A·s, onde o segundo é
definido em função de ∆νCs.
Intensidade
luminosa
candela
(cd)
é definida tomando-se o valor numérico fixo da eficácia luminosa
da radiação monocromática de frequência 540x1012 Hz, Kcd, como
sendo 683, quando se expressa a unidadeem lm·W-1, igual a
cd·sr·kg-1·m-2·s3 ou cd·sr·W-1 onde o quilograma, o metro e o
segundo são definidos em função de h, c e ∆νCs.
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Figura 1.1 – Grandezas básicas do SI e as respectivas constantes associadas.
A temperatura de um corpo é uma medida da energia cinética média das moléculas que
constituem a substância deste corpo. A energia cinética das moléculas não pode ser medida
diretamente, portanto, a temperatura é medida de modo indireto, utilizando-se uma propriedade física
da substância, que seja função da temperatura. O uso de diferentes propriedades resulta na existência
de diversos dispositivos para medir a temperatura. As escalas de temperatura podem ser definidas em
termos das propriedades físicas das substâncias ou em termos de fenômenos físicos, como
congelamento, fusão e ebulição que ocorrem à pressão e temperatura fixas, para substâncias puras.
As escalas de temperatura se dividem em duas classes: relativas e absolutas. As escalas relativas
mais utilizadas são a Celsius (ou escala centígrada) e a Fahrenheit. A escala Celsius foi definida utilizando
o ponto de congelamento da água (atribuído o valor 0 oC) e o ponto de ebulição (100 oC) a 1 atm de
pressão. Na escala Fahrenheit, o zero foi escolhido como a temperatura produzida no bulbo do
termômetro pela mistura de neve ou gelo com sal amoniacal e a temperatura mais alta como o ponto
de ebulição do mercúrio. Esta faixa de temperatura foi dividida em 600 partes. As escalas absolutas são
aquelas cujo zero de escala corresponde à temperatura mais baixa que se acredita existir. Estas escalas
são: kelvin e grau rankine. A escala kelvin é a correspondente à escala Celsius relativa e a Rankine à
Fahrenheit. Os zerosabsolutos têm a seguinte correspondência aos valores das escalas relativas:
0 K (zero kelvin) = -273,15 oC 0 oR (zero grau rankine) = -459,67 oF
O kelvin é adotado como a unidade fundamental de temperatura. A seguir são apresentadas as
equações que permitem a conversão da temperatura nas diversas escalas:
T(K) = T(oC) + 273,15 T(oR) = T(oF) + 459,67
T(oR) = 1,8 T(K) T(oF) = 1,8T(oC) + 32
25 oC = 77 oF = 298,15 K = 536,67 oR
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OBS: quando escritos por extenso, os nomes de unidades, com ou sem prefixos, são considerados
substantivos comuns, ou seja, começam por letras minúsculas, mesmo quando têm o nome de um
cientista. A única exceção é o grau Celsius, onde Celsius corresponde a um adjetivo que qualifica o
substantivo grau.
Grandezas derivadas
A Tabela 1.4 apresenta as dimensões que compõem as principais grandezas derivadas utilizadas
em cálculos de engenharia.
Tabela 1.4 – Principais grandezas derivadas utilizadas nos cálculos de processos.
Quantidade Definição
Dimensões
Fundamentais
Velocidade Distância por unidade de tempo L/t
Aceleração Variação da velocidade por unidade de tempo ao quadrado L/t2
Força Produto da massa pela aceleração (M.L)/t2
Pressão Razão entre força aplicada e a área perpendicular a ela M/(L.t2)
Área Produto de dois comprimentos mutuamente perpendiculares L2
Volume Produto de três comprimentos mutuamente perpendiculares L3
Massa
Específica
Razão entre a massa de um corpo e o volume ocupado por ele
(não confundir com densidade, ver "Grandezas Derivadas")
M/L3
Peso Força pela qual um corpo é atraído pela gravidade da Terra (M.L)/t2
Trabalho Força que atua sobre uma unidade de distância (M.L2)/t2
Potência Taxa com que um trabalho é realizado (M.L2)/t3
M = massa, L = comprimento, t = tempo.
Força (F): a força exercida sobre um corpo é proporcional ao produto de sua massa (m) pela sua
aceleração (a):
.F m a (1.1)
As unidades de força são:
Sistema Unidade (símbolo) Definição
SI newton (N) 1 N = 1 kg.m/s2
CGS dina (dyn) 1 dyn = 1 g.cm/s2
SAE libra-força (lbf) 1 lbf = 32,1740 lbm.ft/s
2
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IMPORTANTE:
A unidade de força que considera o produto de 1 lbm pela aceleração de 1 ft/s
2 é denominada "poundal"
(pdl), sendo então 1 pdl = 1 lbm.ft/s
2.
Peso (P): o peso de um determinado objeto é a força exercida neste objeto pela atração
gravitacional. Ou seja, é o produto de sua massa (m) pela aceleração da gravidade (g):
.Peso m g (1.2)
A aceleração da gravidade varia de lugar para lugar, sendo função da latitude e altitude. Porém, para
fins de cálculo em engenharia, ela pode ser considerada constante e de valor igual a:
g = 9,80665 m/s2 = 980,665 cm/s2 = 32,1740 ft/s2
Pressão (P): a pressão de um fluido sobre uma superfície é definida como a força normal F
(perpendicular) exercida pelo fluido por unidade de área (A) de superfície:
Pressão
F
A
(1.3)
As unidades de pressão são:
SI pascal (Pa) sendo 1 Pa = 1 N/m2
CGS dyn/cm2
SAE psi (pound-force per square inch) sendo 1 psi = 1 lbf /in
2 (in = inch = polegada).
Existem três escalas de pressão: relativa (ou manométrica), absoluta e vácuo. A pressão absoluta
é obtida pela soma da pressão manométrica com a barométrica (atmosférica):
absoluta relativa atmosfericaP P P (1.4)
Atentar para o fato de que 1 lbf não é igual a 1 lbm.ft/s
2. Isso porque o valor da aceleração
considerado na definição de lbf não é 1 ft/s
2 e sim a aceleração da gravidade, 32,174 ft/s2
(equivalente a 9,80665 m/s2), enquanto que o N é definido como o produto da massa de 1 kg
pela aceleração de 1 m/s2.
As letras “a” e “g” são muitas vezes utilizadas junto à unidade de pressão para indicar se a pressão
é absoluta (a) ou manométrica (g, do inglês gauge). Existe hoje uma recomendação de se utilizar
essas letras no símbolo da variável (ex: Pa ou Pg) e não na unidade, para evitar confusões!
Exemplo: psia (absoluta) = psi (atmosférica ou barométrica) + psig(manométrica) ou Pa = P + Pg.
EQ481 – Capítulo 1 – Introdução aos Cálculos de Engenharia Química 9
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Comparação entre pressões:
3
1 4 5
2
6
Vácuo total (referência)
1 - Atmosfera Padrão: 1 atm ou 760 mm Hg a 0oC (g = 9,80665 m/s2 = 32,174 ft/s2)
2 - Pressão atmosférica local (barométrica)
3 - Pressão relativa (manométrica)
4 - Pressão absoluta = 2 + 3 (com relação ao vácuo total)
5 - Pressão relativa de vácuo
6 - Pressão absoluta de vácuo = 2 – 5
Massa específica (): é a razão entre a massa (m) de uma substância ou um corpo qualquer e o
volume (V) que ele ocupa. As unidades mais usuais são: kg/m3, g/cm3 e lbm/ft
3. A massa específica é
obtida pela seguinte equação:
m
V
(1.5)
A massa específica não deve ser confundida com concentração. Embora a concentração tenha a mesma
unidade (M/L3), ela se refere à quantidade de massa de um determinado soluto por unidade de volume
da solução ou por unidade de volume de um determinado solvente. Também não deve ser confundida
com densidade, cuja definição é apresentada a seguir. No caso de gases, como o volume varia com a
temperatura e a pressão, é preciso especificar estas duas condições. Caso estas condições não sejam
especificadas, consideram-se as condições normais de temperatura e pressão, CNTP (vide adiante).
Densidade (d): a densidade de uma substância A qualquer é a razão entre a massa específica
desta substância (A) a uma temperatura T1 e a massa específica de um fluido de referência (ref) a uma
temperatura T2 (que pode ou não ser igual a T1), por isso o termo mais correto seria densidade relativa.
A equação que permite calcular a densidade é:
1
2
( )
( )
A
ref
T
d
T
(1.6)
Normalmente o símbolo d vem acompanhado do valor das duas temperaturas (T1 e T2), como
por exemplo:
20
4 20/40,8 ou 0,8d d . A leitura deste valor é feita da seguinte maneira: a massa
específica de um fluido qualquer a 20 oC em relação à massa específica de um fluido de referência a 4oC
é igual a 0,8.
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ATENÇÃO: não confundir condições normais com condições padrão, que são 25 oC e 1 atm
Para líquidos, o fluido de referência universalmente adotado é a água ( = 1,0000 g/cm3
equivalente a 62,43 lbm/ft
3 medido a uma temperatura de a 4 oC). Por apresentar valor igual à unidade,
não variando muito em uma ampla faixa de temperatura, decorre que o valorda densidade de um
líquido é quase sempre igual ou bem próximo do valor de sua massa específica. Por esse motivo, esses
conceitos são muitas vezes confundidos.
Outro fator que leva à confusão desses conceitos é que em inglês o termo para massa específica
é density, muitas vezes traduzido erradamente para densidade. O termo em inglês para densidade
relativa é specific gravity, cuja tradução literal em português (gravidade específica) não tem um
significado físico muito claro.
Entretanto, é fácil perceber a diferença entre estes dois conceitos, pois a densidade é uma
grandeza adimensional, enquanto que a massa específica possui as dimensões de M/L3. Para simplificar
estes conceitos, podemos então interpretar a massa específica como uma densidade absoluta e a
densidade como densidade relativa (que utiliza um fluido de referência).
Para os gases, os fluidos de referência adotados são normalmente o ar ou o hidrogênio. As
condições de temperatura e pressão em que se deseja saber a densidade de um determinado gás
devem ser especificadas para ambos os gases. Quando não especificadas estas condições, são
consideradas as condições normais de temperatura e pressão (CNTP = 0 oC e 1 bar). Assim:
A
ref
( , ) ou (CNTP)
( , ) ou (CNTP)
A
ref
T P
d
T P
(1.7)
Como podem ser utilizados fluidos de referência e condições de T e P distintas, é necessário, no
caso de densidades para gases, explicitar claramente estas condições. As CNTP – Condições Normais de
Temperatura e Pressão – são definidas para os diversos tipos de sistemas de acordo com os valores
apresentados na Tabela 1.5.
Tabela 1.5 – Valores das grandezas nas CNTP para diferentes sistemas de unidades.
Sistema Temperatura Pressão Volume No de mols
S.I.* 273,15 K 105 Pa 22,710 m3 1 kmol
C.G.S. 273,15 K 1 atm 22,415 litros 1 mol
S.A.E. 491,67 oR 1 atm 359,05 ft3 1 lbmol
* A IUPAC recomenda que os antigos valores das CNTP, 1 atm para a pressão (101325 Pa) e volume
molar de 22,4 L/mol sejam substituídos respectivamente por 100000 Pa (= 1 bar) e 22,71 m3/kmol
(= 22,71 L/mol), para que estejam em acordo com as unidades básicas do S.I.
Existem algumas unidades especiais de densidade, que são utilizadas em algumas indústrias em
particular. São elas: graus Baumé (oBe) e graus API - American Petroleum Institute - (oAPI), utilizados
principalmente na indústria do petróleo; graus Twadell (oTw), utilizado para ácido sulfúrico, clorídrico e
soda cáustica e graus Brix (oBr) para indústrias de açúcar, sucos e fermentativas.
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Peso específico ou gravidade específica (w): é a grandeza obtida pelo produto entre massa
específica () e a aceleração da gravidade (g). A unidade de peso específico é então: M/(L2.t2). Assim:
w g (1.8)
Volume específico (v): o volume específico de qualquer composto ou substância é definido como
o volume por unidade de massa. O volume específico é, portanto, o inverso da massa específica. Suas
unidades mais comuns são: m3/kg, ft3/lbm, cm
3/g. A fórmula é:
1V
v
m
(1.9)
Volume específico molar (v): o volume específico molar, similar ao volume específico, considera
a razão entre o volume de um sistema e a quantidade de matéria presente neste sistema. As unidades
mais comuns do volume específico molar são: cm3/mol, m3/kmol e ft3/lbmol. A fórmula é:
.
m
V V M
v
n m
(1.10)
Quantidade de matéria ou número de mol (n): o número de mol de uma substância é dado pela
razão entre a massa desta substância (m) e a sua massa molar (M), anteriormente denominada peso
molecular, termo que ficou obsoleto. As unidades mais comuns do número de mol são: mol, gmol, kmol
ou kgmol e lbmol; obtidas da relação entre a massa (m) dada por g, kg e lbm e a massa molar (M), dada
por g/mol, kg/kmol e lbm/lbmol:
m
n
M
(1.11)
A massa atômica é expressa em termos de “unidades de massa atômica” (uma, ou amu – do
inglês, atomic mass unit), que é igual à 1/12 da massa do carbono 12 (12C) ou seja, 1,66053873.10-27 kg.
Massa molecular é a soma das massas atômicas de todos os átomos de uma molécula. Massa molar é a
massa em gramas de um mol (6,02214199.1023) de átomos ou moléculas. A massa molar é
numericamente equivalente à massa molecular, mas possui unidades de g/mol ou g/gmol.
É importante aprender a usar as diferentes formas de expressar a quantidade de matéria, pois
são úteis quando os problemas envolvem transformações de unidades. A seguir apresenta-se a
interpretação dessas unidades.
1 dúzia = 12 unidades
1 centena = 100 unidades
1 mol = 6,02214.1023unidades
Conforme definido pelo Sistema Internacional de Unidades (SI), 0,012 kg de 12C contêm
6,02214.1023 moléculas, ou seja, 0,012 kg (= 12 g) de carbono contêm 1 mol de moléculas.Então a massa
molar de 12C, sendo a massa em gramas de um mol de 12C será:
12 g g
12
1 mol mol
M
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Qual é o número de mols (n) de uma massa de 12 kg de C e de 12 lbm de C?
12 kg de carbono
12 kg 1000 g
= . =1000 mol
g 1 kg
12
mol
n
12 lbm de carbono
m
m
12 lb 453,6 g
. 453,6 mol
g 1 lb
12
mol
n
massa de carbono no de mols no de moléculas
12 g 1 6,022.1023
12 kg 1000 6,022.1026
12 lbm 453,6 2,732.10
26
12 g de carbono 12 g1 mol
M
PM = 12 g/mol que, como foi calculado a partir de uma massa
em gramas, podemos denominar gmol, portanto: 12 g1 gmol
M
M = 12 g/gmol
12 kg de carbono
12 kg 1000 g
n= . =1000 gmol
g 1 kg
12
gmol
= 1 kgmol ou 1 kmol
12 lb de carbono
m
m
12 lb 453,6 g
n= . =453,6 gmol
g 1 lb
12
gmol
= 1 lbmol
Conclusão:
mlbg kg12 12 12
gmol kgmol lbmol
Ou seja, independentemente da unidade, o valor da massa molar de uma substância será sempre
o mesmo. Daí, escolhe-se a unidade mais conveniente, de forma a reduzir cálculos de conversão de
unidades (a unidade oficial do S.I. para quantidade de matéria é o mol, porém o uso de gmol e kgmol
ajuda quando for preciso realizar procedimentos de conversão de unidades).
Fração molar (x) e fração mássica (w): a fração molar é simplesmente o número de mol de um
determinado componente i do sistema, dividido pelo número total de mol presentes no sistema. Esta
definição é válida para gases, líquidos e sólidos. Raciocínio análogo é feito para a fração mássica, que é a
divisão da massa de um componente i pela massa total presente no sistema.
ii
total
i
i
total
n
x
n
m
w
m
(1.12)
(1.13)
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As porcentagens mássica e molar são obtidas multiplicando-se, respectivamente as frações
mássica e molar por 100. As porcentagens precisam ser indicadas explicitamente para evitar confusões,
em geral utilizam-se as seguintes notações: %massa, %mol, %mássica, %molar.
ATENÇÃO
Concentrações: concentração é a razão entre a quantidade de certo soluto contido numa
quantidade fixa de solvente ou solução,contendo dois ou mais componentes. Alguns exemplos de
concentração são:
massa por unidade de volume (lbm de soluto/ft
3 de solução, g de soluto/litro de solvente, etc.);
mol por unidade de volume = volume molar (mol de soluto/cm3, etc.);
partes por milhão (ppm): unidade utilizada para se expressar a concentração de soluções
extremamente diluídas. Entretanto, esse tipo de expressão não é considerado como sendo do SI e
tem caído em desuso;
molaridade (mols de A/litro de solução), normalidade (equivalente-grama de A/litro de solução) e
molalidade (mols de A/kg de solução);
porcentagem: muitas vezes as concentrações podem ser expressas em termos de porcentagens.
Existem diferentes maneiras de se escrever este tipo de concentração. Normalmente costuma-se
explicitar a que tipo de grandeza se refere a porcentagem, escrevendo % em massa ou mássica; % em
mol ou molar, % em volume, etc. Anteriormente usavam-se os termos a seguir para identificar o tipo
de porcentagem referido, mas tais termos já são considerados obsoletos. São eles:
% (p/p) = massa por massa % (p/v) = massa por volume
% (v/v) = volume por volume % (mol/mol) = mol por mol
Taxa de escoamento: a taxa de escoamento, também chamada de vazão ou taxa de fluxo, é a
velocidade com que uma determinada quantidade de material é transportada através de uma linha de
processo (tubulação) ou através das fronteiras de um sistema. A taxa de fluxo das correntes de um
processo pode ser expressa em termos da vazão mássica (massa/tempo: kg/h, g/s, etc...); em termos da
vazão volumétrica (volume/tempo: m3/h, litros/s, etc.) ou ainda em termos da vazão molar
(mol/tempo: gmol/h; lbmol/ano, etc.), mais utilizada em processos onde ocorrem reações químicas.
Também é possível nos referirmos a taxa de escoamento de energia, na forma de calor, trabalho,
ou mesmo a energia associada a uma corrente material que entra e/ou sai de um sistema. Porém,
nestes casos, o termo mais utilizado é fluxo de energia e as unidades comumente usadas são: kJ/s,
Btu/h, cal/min, etc.
Para líquidos e sólidos, salvo menção em contrário, as porcentagens são expressas em
%massa. Para gases, utiliza-se mais frequentemente a porcentagem volumétrica ou molar,
sendo que para gases ideais, essas duas se equivalem.
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1.2 – Classificação dos processos
Na maior parte dos processos químicos industriais é economicamente vantajoso manter os
equipamentos em operação contínua e permanente, com um mínimo de perturbações ou de paradas,
principalmente nos processos que operam em grande escala. Entretanto, existem também alguns
processos e equipamentos que operam de forma intermitente. Em função disto surgem algumas
classificações dos processos.
As Figuras 1.2 a 1.4 a seguir ilustram diferentes processos de operação de um reator químico, no
qual são alimentadas correntes dos reagentes A e B. Considere que a reação que ocorre no interior do
reator é A + B → C e que não há 100% de conversão (consumo) dos reagentes alimentados, ou seja, na
corrente de saída do reator sempre haverá o produto C e também certa quantidade de A e B. Os
diferentes tipos de processo são descritos a seguir e ilustrados utilizando como exemplo o regime de
operação desse reator.
Processos em batelada: são aqueles nos quais o sistema é carregado com uma determinada
alimentação no início do processo e os produtos são removidos, todos de uma só vez, algum tempo
depois. Nenhuma massa cruza as fronteiras do sistema entre o tempo de carga da alimentação e o
tempo em que o produto é removido. No reator utilizado como exemplo (Figura 1.2), A e B são
alimentados de uma só vez e após algum tempo de reação, o material contido no reator é removido
todo de uma vez só.
t = 0
0 < t ≤ tfinal
tfinal
Figura 1.2 – Esquema de um reator operando em processo batelada.
Em geral, processos bateladas são encontrados em indústrias de menor porte ou que processam
pequenas quantidades de material de alto valor agregado (conhecidas como indústrias de química fina),
como por exemplo: indústrias farmacêuticas (fármacos e vacinas) e indústrias de cosméticos. Nessas
indústrias, alguns equipamentos podem ser usados várias vezes para obter diferentes produtos (plantas
multipropósito).
A
B
A, B, C
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Processos contínuos: as alimentações (correntes de entrada) e as retiradas (correntes de saída)
fluem continuamente pela fronteira do sistema no decorrer do processo, sem alterações ao longo do
tempo (Figura 1.3).Em geral, processos contínuos são encontrados na maioria das grandes indústrias,
que precisam produzir grandes quantidades de produtos, utilizando equipamentos que são projetados
para um único propósito, podendo operar 24 horas por dia, 7 dias por semana, ininterruptamente.
Figura 1.3 – Esquema de um reator operando em processo contínuo.
Processo semi-batelada ou semi-contínuo: qualquer processo que não se encaixe nas descrições
anteriores. As alimentações podem ser instantâneas e as retiradas são contínuas ou vice-versa ou então
realizar adições lentas de alimentação sem nenhuma retirada. Em outras palavras, qualquer combinação
de processos contínuos com processos bateladas, se encaixa nesse tipo de processo.
t = 0
0 < t ≤ tfinal
tfinal
Figura 1.4 – Esquema de um reator operando em processo semi-contínuo ou semi-batelada.
No esquema da Figura 1.4 o reagente A é alimentado todo de uma só vez no reator (batelada
para A) e o reagente B é alimentado em seguida, continuamente, ao longo de um intervalo de tempo.
Ao final toda matéria contida no reator é retirada de uma só vez.
A
B
A, B, C
A
B
A, B, C
A
B
A, B, C
A
B
A, B, C
A
B
A, B, C
B
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Além do modo de operação, os processos também são caracterizados com base em sua
dependência com o tempo.
Processo em estado estacionário (regime permanente - “steady state”)
São independentes do tempo. Os valores de todas as variáveis de processo (temperatura,
pressão, volume, vazões, etc.) não variam com o tempo, numa mesma posição do sistema, exceto,
possivelmente, por pequenas flutuações. Este tipo de processo caracteriza as operações que são
realizadas de modo contínuo, nos quais se espera que o desempenho do processo seja o mesmo a
qualquer tempo, se as condições operacionais permanecerem as mesmas. É claro que para isso ocorrer
é necessário que não ocorram perturbações no processo, mas, no entanto, elas ocorrem. Para contorná-
las é necessário que sejam instalados sistemas de controle de processos. Portanto, um processo em
estado estacionário (regime permanente) será também sempre classificado como um processo
contínuo, no qual as alimentações e as retiradas fluem continuamente no decorrer do processo,
mantendo suas características constantes.
Processos que operam em estado estacionário em geral apresentam maior consistência na
qualidade dos produtos gerados e custos de operação menores.
Processo em estado não-estacionário (regime transiente - “unsteady state”)
Ocorre quando qualquer uma das variáveis de processo, parte delas ou até mesmo todas variam
com o tempo, diferenciando-se do regime em estado estacionário.Desse modo, os processos batelada e
semi-batelada, por sua natureza, serão sempre classificados como processos que operam em estado
não-estacionário ou transiente.
Um sistema está em um estado transiente se qualquer uma de suas variáveis mudar com o tempo.
• Processos batelada, semi-batelada ou semi-contínuo são sempre processos transientes.
• Na partida e parada de plantas industriais, o processo é sempre transiente e, dependendo do
processo, poderão atingir um estado estacionário de operação, se transformando em um processo
contínuo.
• Regimes transientes também ocorrem quando há operações fora do normal no processo.
Exemplos de processos transientes:
• carga e descarga de tanques e vasos de processo a partir de linhas de suprimento;
• descarga de um fluido contido em um recipiente pressurizado;
• partida e parada de plantas industriais e equipamentos;
• mudanças ocorrem num t, com o tempo o processo se torna estacionário.
Processo contínuo = Estado Estacionário = Regime Permanente
Processo batelada e processo semi-contínuo = Estado Não-Estacionário = Regime Transiente
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Escoamento paralelo (cocorrente) e escoamento contra-corrente: são modos distintos de se
colocar duas ou mais correntes de fluido em contato, seja de modo direto (nos casos em que se deseja
misturar e transferir massa entre essas correntes) ou indireto (nos casos em que se deseja transferir
apenas energia). No primeiro modo, paralelo, as correntes escoam na mesma direção e no segundo,
contra-corrente, em direções opostas, conforme ilustrado na Figura 1.5.
Figura 1.5 – Tipos de escoamento: paralelo ou cocorrente (1) e contra-corrente (2).
CorrenteA
1 2
CorrenteB Corrente B
Corrente A
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2 – Balanços de Massa
O balanço de massa ou balanço material consiste simplesmente de uma quantificação e
caracterização dos fluxos (ou correntes) de massa presentes no processo, que entram e saem de um
determinado sistema e também da massa que é acumulada ou transformada no sistema.
O balanço de massa normalmente é a primeira etapa na solução de um problema relacionado a
um processo industrial, seja ele simples ou complexo e é fundamental para a análise, otimização e
projeto de processos químicos e físicos.
Realizar o balanço material global de um processo ou de parte desse processo é uma tarefa vital.
Afinal, nos processos industriais e mesmo em escalas menores, ocorre a transformação de matérias-
primas de baixo valor em produtos de maior valor agregado, que são muitas vezes acompanhados de
produtos indesejados. Além disso, muitos desses produtos e subprodutos podem ser nocivos. O balanço
material é uma ferramenta que permite acompanhar o que entra e sai do processo e o que acontece em
seu interior e, sem ele, é impossível projetar e operar uma planta industrial de modo eficiente, seguro e
econômico. Na resolução dos balanços de massa, faz-se uso do Princípio de Conservação da Massa, que
afirma que “na ausência de reações nucleares, a massa é conservada”.
Na resolução de problemas existem duas etapas principais envolvidas na aplicação do princípio
de conservação da massa. A primeira é representar o problema adequadamente por meio de equações
que o descrevam e a segunda é a resolução dessas equações a fim de se caracterizar completamente
todas as variáveis. A primeira etapa compreende, portanto, uma descrição matemática adequada do
sistema, baseando-se nos princípios aplicáveis da física e da química. O conjunto resultante desta
descrição matemática, dado por diversas equações, é chamado de modelo matemático do sistema, o
qual poderá ser constituído de muitas equações, dependendo da complexidade do problema. A segunda
etapa mencionada anteriormente consiste na resolução desse modelo matemático.
Atualmente existem diferentes ferramentas computacionais que auxiliam na solução de
problemas, principalmente simuladores comerciais (em especial o ASPEN Plus® e o ASPEN Hysys®,
comerciais e o COCO, que é um simulador gratuito). Porém, mais do que saber utilizar estas
ferramentas, o profissional precisa conhecer como os simuladores tentam resolver os problemas, pois
isto é fundamental para se chegar a uma solução adequada para o problema, explorando todo o
potencial desses simuladores.
2.1 – Base de cálculo
Na resolução de balanços de massa e energia é fundamental definir claramente no início qual a
base de cálculo que está sendo utilizada. A base de cálculo (B.C.), como o próprio nome diz, é a
referência escolhida para os cálculos que serão efetuados em um determinado problema. Ela pode ser
um intervalo de tempo, uma massa de um determinado material, uma taxa (molar, volumétrica ou
mássica) de uma corrente ou de um componente, etc. A escolha conveniente de uma base de cálculo
facilita bastante a solução do problema, tornando-a menos trabalhosa.
Quando a taxa de uma corrente é dada no enunciado de um problema, normalmente ela é
escolhida como a base de cálculo, mas não existe uma regra específica que restrinja a escolha de uma
base. No decorrer dos cálculos de balanço de massa, a base de cálculo escolhida pode ser alterada
EQ 481 – Capítulo 2 – Balanços de Massa 19
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(inclusive mais de uma vez), de modo a facilitar o tratamento dos dados. Este é um recurso muito usado,
porém, deve-se ter o cuidado de indicar sempre a nova base de cálculo que está sendo utilizada, a fim
de evitar confusões ao retornar à base anterior.
Ao final da resolução de um problema, as quantidades e/ou taxas de fluxo de todas as correntes
de um processo podem ser alteradas por um fator proporcional à base de cálculo, sem prejudicar os
resultados obtidos no balanço de massa realizado. Este procedimento é chamado de escala de processo
(“scalling”), que gera um “fator de escala”, sendo muito útil quando a base de cálculo escolhida não
corresponde à quantidade especificada no processo ou quando existem unidades diferentes.
2.2 – Equação geral de balanço
Na segunda metade do Século XVIII, Lavoisier demonstrou que a matéria poderia ser
transformada, mas nunca criada e nem destruída. Seus experimentos deram origem à conhecida “Lei da
Conservação da Massa”, que na indústria química foi abreviada para “balanço de massa” ou “balanço
material” e consiste na quantificação exata de todos os materiais que entram, saem, acumulam ou são
transformados no decorrer de um dado intervalo de tempo de operação de um determinado processo.
O balanço de massa de um sistema é definido por meio da equação geral da conservação da
massa, que é dada por:
ENTRA – SAI + GERADO – CONSUMIDO = ACUMULA (2.1)
Podem ser escritos basicamente três tipos de equações de balanço:
1) Balanço por componente: quando a equação é escrita para um material específico ou uma substância
isolada qualquer (exemplo: água, ar, metano, etc), que entra, sai, é gerada ou consumida no sistema.
2) Balanço atômico: quando a equação é escrita para uma espécie atômica específica. Exemplo: H2, O2,
N2, C, que entra e sai do sistema. No balanço atômico não são considerados os termos de geração e
consumo pois os átomos são preservados, mesmo que ocorra alteração de componentes (geração ou
consumo), no caso da presença de reações químicas.2) Balanço total: quando é escrita para a massa total presente em cada uma das correntes que entram
ou saem do sistema.
Podem ser escritos também balanços diferenciais, que são aqueles que indicam o que está
acontecendo em um sistema em um instante determinado do tempo; ou balanços integrais, que
descrevem o que acontece entre dois instantes de tempo. Nos balanços diferenciais, cada termo da
equação geral de balanço é uma taxa e são usualmente utilizados em processos contínuos. Nos balanços
integrais cada termo da equação é uma porção da grandeza balanceada com suas unidades
correspondentes e são normalmente aplicados a processos em batelada, nos quais os dois instantes de
tempo são o momento depois da entrada dos reagentes e o momento antes da retirada dos produtos.
EQ 481 – Capítulo 2 – Balanços de Massa 20
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Balanços diferenciais (sistemas sem reação química)
, ,
1 1 1
2 2 2
1 2
1 2
1 2
0
sistema A sist B sist
A B
A B
sistema
sistema
sistema
m m m
m m m
m m m
m m t m t
m
m m
t
t
dm
m m
dt
Generalizando a equação do balanço diferencial para um sistema com múltiplas entradas ("e") e
múltiplas saídas ("s"), tem-se:
Balanço total =
1 1
n m
sistema
e s
e s
dm
m m
dt
(2.8)
Balanço por componente (i) =
,
, ,
1 1
n m
i sistema
e i s i
e s
dm
m m
dt
(2.9)
As equações (2.8) e (2.9) também podem ser escritas em termos do número de mols totais ou
por componentes, substituindo "m" por "n", só para os casos em que não ocorrem reações químicas.
Balanços integrais (sistemas sem reação química)
A equação do balanço diferencial se aplica ao balanço em um determinado instante de tempo
(infinitesimal), mas quando se deseja um determinado intervalo de tempo entre um valor inicial (to) e
um valor final (tf) é preciso realizar um balanço integral. Tomando a equação que permite calcular o
balanço de massa do sistema num determinado intervalo de tempo: 1 2sistemam m t m t podemos
definir msist,i como a massa do sistema no valor de tempo inicial e msist,f como a massa do sistema no
valor de tempo final, então: , ,sist sist f sist im m m
mA,sist
mB,sist
1
1
A
B
m
m
2
2
A
B
m
m
(2.2)
(2.3)
(2.4)
(2.5)
(2.6)
(2.7)
EQ 481 – Capítulo 2 – Balanços de Massa 21
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Considerando que tanto 1m como 2m variem com o tempo, a massa total que entra no sistema
seria igual à área sob a curva de 1m versus tempo, ou seja, a integral de 1m de to a tf. O mesmo vale para
a massa total que sai do sistema. Portanto, podemos escrever que a variação da massa de um sistema
com uma corrente de entrada (1) e uma corrente de saída (2) pode ser dada pela seguinte equação:
, , 1 2
tf tf
sist f sist i
to to
m m m dt m dt (2.10)
Generalizando a equação do balanço integral para um sistema com múltiplas entradas ("e") e
múltiplas saídas ("s"), tem-se:
Balanço total = , ,
1 1
tf tfn m
sist f sist i e s
e sto to
m m m dt m dt
(2.11)
Balanço por componente (i) = , , , , , ,
1 1
tf tfn m
i sist f i sist o e i s i
e sto to
m m m dt m dt
(2.12)
As equações (2.11) e (2.12) também podem ser escritas em termos do número de mols totais ou
por componentes, substituindo "m" por "n", para os casos em que não ocorrem reações químicas.
Balanços integrais são úteis para se analisar o desempenho de processos semi-contínuos ou processos
bateladas, nos quais nos interessa saber o que ocorre no sistema em um determinado intervalo de
tempo.
2.2.1 – Casos particulares da equação geral do balanço de massa
Nos processos em que não ocorrem reações químicas dentro do sistema não há substâncias
sendo consumidas (reagentes) e nem geradas (produtos). Nestes casos, ao se considerar o balanço por
componente, os termos GERADO e CONSUMIDO são iguais a zero. O mesmo ocorre para casos em que o
balanço é feito em relação à massa total, independentemente se ocorrer reação química ou não, uma
vez que massa não pode ser criada e nem destruída. A Tabela 2.1 apresenta alguns casos particulares da
equação geral do balanço de massa.
Tabela 2.1 – Casos particulares da equação geral do balanço de massa.
Situação Equação do Balanço de Massa
Processo contínuo, estado estacionário, sem
reação química
ENTRA = SAI
Sistema aberto, no qual não há geração nem
consumo de matéria
ENTRA – SAI = ACUMULA
Sistema fechado ou isolado GERADO – CONSUMIDO = ACUMULA
Processo contínuo, estado estacionário, com
reação química
ENTRA + GERADO = SAI + CONSUMIDO
Processo batelada ENTRA(início) + GERADO = SAI(final) + CONSUMIDO
EQ 481 – Capítulo 2 – Balanços de Massa 22
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2.3 – Graus de Liberdade
Antes de abordar a resolução de problemas de balanço de massa em si, é importante estabelecer
um critério para verificar se um determinado problema, da forma como está apresentado, tem solução
ou não. Em outras palavras, é possível realizar, de forma rápida, uma análise para saber se um problema
pode ser resolvido, mesmo antes de resolvê-lo. Este critério é denominado "análise dos graus de
liberdade" de um problema.
Em termos simples, sabe-se da álgebra que para se resolver um conjunto de equações com N
incógnitas, é necessário que este conjunto seja constituído também por N equações independentes. Se
o número de equações independentes for menor que o número de incógnitas, não há uma solução
possível. Se o número de equações independentes for maior que o número de incógnitas, algumas
equações poderão ser descartadas, porém há sempre o risco de erros de inconsistências na solução em
função das equações escolhidas para serem utilizadas, portanto a situação ideal é quando o número de
incógnitas (variáveis independentes) é igual ao número de equações independentes. Grau de liberdade
(GL) do sistema é justamente a representação dessa diferença.
Graus de liberdade = no de variáveis independentes – no de equações independentes (2.13)
Nas equações independentes, incluem-se:
as equações de balanço de massa;
número total de variáveis independentes especificadas;
número total de outras relações/especificações.
Quando GL = 0, o problema provavelmente tem uma solução única. Se GL < 0, o problema está
superespecificado, algumas equações podem ser redundantes ou inconsistentes. Se GL > 0 o problema
está subespecificado e neste caso novas equações podem ser incluídas na análise, avaliando o processo
com relação a outros aspectos (como custos, por exemplo).
Em geral, a etapa mais difícil da análise dos graus de liberdade é estabelecer quantas e quais são
as equações independentes, que são aquelas que fornecem informações únicas que não podem ser
obtidas combinando-se duas ou mais equações e/ou especificações.
Em processos não reativos aplicam-se duas regras:
1- o número máximo de equações independentes que podem ser escritas através do balanço de massa é
igual ao número de espéciesquímicas presentes nas correntes de entrada e saída.
2- escreva primeiro as equações para balanço das variáveis menos conhecidas.
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O procedimento básico para a determinação dos graus de liberdade consiste nas seguintes
etapas:
i) defina o sistema onde será realizado o balanço;
ii) identifique os componentes;
iii) rotule as correntes e identifique os componentes de cada uma delas (escreva as reações químicas do
sistema, quando for o caso);
iv) conte o número de componentes em cada corrente do processo, somando-os ;
v) conte o número de equações independentes (considere as correntes de fluxo especificadas, as
composições especificadas, especificações do sistema e equações de balanço);
vi) calcule os graus de liberdade.
Exemplo 1: um processo deverá produzir 200 kg/dia de ácido de bateria que é uma solução 18,6 % em
massa de H2SO4, em uma operação contínua feita em um misturador, no qual são alimentadas três
correntes: (1) solução 77% em massa de H2SO4; (2) solução 4,5% em massa de H2SO4 e (3) água pura. Por
meio da análise dos graus de liberdade, determine se este problema está completamente especificado.
Exemplo 2: uma empresa produz 4000 kg/dia de um produto (base seca), contendo óxido de titânio
(TiO2) e uma pequena quantidade de sal. Em uma etapa intermediária de purificação (unidade de
lavagem), são alimentadas duas correntes: [1], contendo uma solução aquosa com sal e TiO2 e [2],
corrente de água pura. Dessa unidade saem duas correntes: [3] solução aquosa contendo apenas água e
sal e [4] produto lavado contendo água, sal e TiO2. A corrente [4] contém 100 ppm de sal (base livre de
água). Se a corrente [1] contém 40% TiO2, 20% sal e 40% água e a corrente [4] contém 50% de TiO2,
quantos graus de liberdade há no sistema e qual a fração mássica de sal da corrente [3]?
Exemplo 3: considerando a unidade de lavagem do Exemplo 2, o engenheiro químico responsável da
empresa submeteu um projeto para uma agência governamental de controle do meio ambiente,
solicitando uma permissão de captar 60.000 kg/h de água do rio e descartar 62.000 kg/h de uma
corrente de água contendo 3,23% de sal. A agência reguladora rejeitou o projeto do engenheiro
alegando que isso afetaria a potabilidade da água do rio (o limite para consumo humano aceitável é de
0,02% de sal na água). O máximo que a agência libera é o descarte de 30.000 kg/h com uma
concentração de 0,5% de sal. Analise nessas condições, quantos graus de liberdade há no balanço da
unidade de lavagem, considerando que as especificações do produto, descritas anteriormente, deverão
ser mantidas.
2.4 – Tipos de fluxograma e correntes de processos
Na resolução de problemas envolvendo balanços de massa e energia é sempre importante
representar o processo que está sendo analisado por meio de um fluxograma. Os fluxogramas de
processo podem ser bastante simples (fluxograma de blocos) ou trazer um número muito grande de
informações detalhadas (fluxograma de engenharia). Os fluxogramas são uma forma muito comum que
engenheiros de processo usam para obter informações ou para representar informações, ou seja,
transformar palavras em um fluxograma e vice-versa. A Tabela 2.2 apresenta os principais tipos de
fluxogramas e suas características.
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Tabela 2.2 – Principais tipos de fluxograma de processos.
Tipo Informações apresentadas
Diagrama entrada-saída
Correntes de entrada (matérias-primas), estequiometria da reação
(se houver) e correntes de produtos.
Fluxograma de blocos
Diagramas entrada-saída combinados, além de informações de
balanços, principais unidades de processamento e especificações de
desempenho dessas unidades.
Fluxograma de processo
(Process Flow Diagram – PFD)*
Todas as informações de um fluxograma de blocos, mais dados de
balanços de energia, condições das correntes do processo (P, T,
vazão, composição), especificações dos equipamentos principais.
Fluxograma de engenharia
(Piping & Instrumentation
Diagram – P&ID)*
Exibem informações sobre toda a instrumentação requerida para
controle do processo, sobre todas as linhas (tubulações) e válvulas
requeridas, além de materiais das linhas, isolamento e especificações
de bitola.
* não serão abordados nesta disciplina.
Diagrama entrada-saída: é o fluxograma de processo mais simples possível, constituído de um
único bloco que representa todas as operações físicas e químicas que ocorrem no processo e linhas com
setas representam as correntes materiais que se movem para dentro (matérias-primas) e para fora
(produtos) do processo.
Figura 2.1 – Diagrama entrada-saída de correntes de processo.
Fluxograma de blocos: representam uma sequência de etapas que constituem um determinado
processo. Processos químicos são representados por um grupo de blocos conectados que representam
as unidades de processamento, as quais possuem uma função específica, nas quais materiais passam
por transformações físicas e/ou químicas. As linhas conectando os blocos representam correntes de
processo (entradas e saídas) e suas vazões podem estar indicadas diretamente no fluxograma ou em
uma tabela que o complementa.
Basicamente existem apenas quatro tipos de unidades de processamento que são utilizadas em
um fluxograma de bloco: misturadores, reatores, divisores e separadores. Por meio dessas quatro
unidades de processamento é possível representar processos complexos utilizando diagrama de blocos.
1) Misturadores: combinam duas ou mais entradas em uma única corrente de saída. Misturadores
podem representar uma fábrica inteira, um único equipamento ou ainda apenas uma junção de
tubulações correntes de processo e neste caso, é denominado ponto de mistura (P.M.), o qual pode ser
considerado um sistema onde pode ser feito um balanço de massa do mesmo modo que qualquer
equipamento ou processo. Cálculos envolvendo ponto de mistura ocorrem principalmente quando um
problema grande é dividido em partes menores. A Figura 2.2 ilustra o esquema de um misturador e um
ponto de mistura.
Processo
Matérias-primas
Produtos
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Entrada 1
Entrada 2 Saída
Entrada 3
Corrente A
Corrente B Corrente C
P.M.
Figura 2.2 – Esquema de um misturador e um ponto de mistura.
IMPORTANTE: em misturadores, se as composições das correntes de entrada são diferentes entre si, a
composição da corrente de saída será diferente dessas composições. Se, num ponto de mistura, a
composição de C for igual à de A ou à de B, então necessariamente, A e B têm a mesma composição!
2) Reatores: as correntes de entrada contêm reagentes. Uma ou mais reações químicas ocorrem dentro
do reator. As correntes de saída contêm os produtos das reações que ocorrem no reator, bem como
reagentes não consumidos. A Figura 2.3 representa um reator de produção de amônia.
Figura 2.3 – Reator de produção de amônia.
3) Divisores: divisores separam uma única corrente de alimentação (entrada) em duas ou mais
correntes de saída. Um divisor de corrente pode ser simplesmente um “T” em uma tubulação,
representando um ponto em que há uma divisão (bifurcação) da vazão de uma corrente (à montante do
divisor)em duas ou mais correntes (à jusante do divisor). Como se trata apenas de uma divisão da
corrente de alimentação em outras, se esta corrente for uma mistura de dois ou mais componentes,
então as correntes de saída do divisor têm, necessariamente, a mesma composição da corrente de
alimentação (não ocorrem reações químicas e nem separações seletivas em um divisor de corrente).
Figura 2.4 – Esquema de um divisor de correntes.
Reator
N2(g)
H2(g)
N2(g), H2(g), NH3(g)
Misturador
Corrente A
1000 kg/h
45% etanol
55% água
Corrente C
200 kg/h, 45% etanol, 55% água
Corrente B
800 kg/h, 45% etanol, 55% água
Região à montante
do divisor
Região à jusante
do divisor
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4) Separadores: são equipamentos que separam uma corrente de entrada em duas ou mais correntes
de saída, as quais possuem composições diferentes entre si e também em relação à corrente de
entrada. A alteração na composição se deve a operações físicas (e não a reações químicas), portanto,
todos os componentes da corrente de entrada, estarão distribuídos entre as correntes de saída e não
haverá consumo e nem geração de novos componentes. No caso mais simples estarão presentes uma
corrente de entrada e pelo menos duas correntes de saída. A Figura 2.5 ilustra um exemplo de
separador.
Figura 2.5 – Esquema de um separador de uma solução etanol/água.
Além dessas quatro unidades básicas de processamento, existem determinadas correntes que
são muito frequentes em processos industriais e que são utilizadas na construção desses diagramas:
5) Reciclo: a corrente de reciclo é uma corrente que retorna parte ou a totalidade da massa de um
ponto avançado do processo para um outro em uma posição pela qual esta massa já tenha passado.
Note que a corrente de reciclo pode se originar tanto de um divisor de corrente como também ser uma
saída de um separador, o que, neste caso, faz com que sua composição seja diferente da composição
das outras correntes que saem de tal equipamento. Uma corrente de reciclo de uma determinada
substância (ou mistura de substâncias) é incluída no processo com os seguintes objetivos:
recuperação de reagente(s) não consumido(s), presente(s) no produto final, para reutilização;
recircular destilado em colunas de fracionamento;
recuperação de catalisadores;
diluição de uma corrente do processo;
controle de uma variável do processo;
circulação de um fluido de trabalho;
enriquecer um produto;
aumentar rendimentos;
conservar energia;
reduzir custos operacionais.
São vários os exemplos industriais onde correntes de reciclo podem estar presentes. Em
processos físicos de separação, citam-se: colunas de destilação e operações com secagem de ar. Nos
processos químicos envolvendo diversas reações químicas, a maioria das correntes é constituída de
misturas muito complexas, exigindo muitas etapas de separação, que envolvem reciclo de algumas
correntes. Em reatores químicos que operam com baixa conversão dos reagentes também é preciso
separar os produtos dos reagentes não consumidos e então reciclá-los para tornar o processo mais
econômico.
Separador Corrente [1]
45% Etanol
55% Água
1000 kg/h
Corrente [2]
93% Etanol
7% Água
400 kg/h
Corrente [3]
13% Etanol
87% Água
600 kg/h
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A Figura 2.6 apresenta um esquema de um processo com reciclo. Na prática, é possível, em
muitos casos reais, que a vazão da corrente de reciclo seja muito maior que as vazões das correntes de
alimentação e de produto do processo.
5 = Reciclo
1 Misturador 2 PROCESSO 3 Separador 4
Figura 2.6 – Esquema de um processo com reciclo.
As seguintes denominações são adotadas em processos com corrente de reciclo:
Corrente 1 = carga virgem (ou carga fresca); Corrente 4 = produto final ou produto líquido;
Corrente 2 = carga ao processo; Corrente 5 = corrente de reciclo.
Corrente 3 = produto bruto;
OBS: as linhas tracejadas da Figura 2.6 são algumas possíveis escolhas de sistemas (volumes de controle)
a serem estudados, para os quais se desenvolvem as equações de balanço material (no caso são
indicados quatro possíveis sistemas). O sistema definido pela linha ponto-traço que envolve todos os
componentes do processo é chamado de SISTEMA GLOBAL, enquanto cada equipamento ou bloco pode
consistir de um sistema individual e combinações de sistemas também constituem alternativas de novos
sistemas.
6) Desvio (“bypass”): a corrente de desvio é um tipo de corrente que “pula” um ou mais estágios do
processo e vai diretamente para outro estágio. As correntes de bypass, via de regra, são originadas em
um divisor de correntes e terminam em um misturador (ver esquema da Figura 2.7). A corrente de
bypass tem a sua utilização ligada principalmente ao controle operacional da planta, ou
especificamente, de alguns equipamentos. Assim, é comum ocorrer no processo o bypass em somente
um equipamento, manipulando-se o valor da vazão dessa corrente de bypass, com o objetivo de manter
as condições de saída dentro de uma faixa desejada.
Desvio (“bypass”)
Alimentação Divisor PROCESSO Misturador Produto
Figura 2.7 – Esquema de um processo com desvio.
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7) Make-up: a corrente de make-up (ou corrente de reposição) é uma corrente que repõe perdas de
material em um circuito fechado. Por exemplo, um circuito de água de resfriamento de um processo
industrial, disponibiliza água a uma determinada temperatura, suficiente para retirar energia de pontos
(equipamentos) diferentes no processo. Esse circuito é formado, principalmente, por uma bomba, que
envia a água de refrigeração para o processo e por uma torre de resfriamento, que recebe a água
aquecida que volta do processo e torna a resfriá-la até a temperatura inicial, disponibilizando-a para ser
novamente bombeada, fechando assim o circuito. Neste circuito, vazamentos e evaporação na torre de
resfriamento são as principais causas da diminuição da quantidade de água que circula. Para manter
essa quantidade constante, há a necessidade de repor esta água que foi perdida, o que é feito através
de uma corrente de make-up. A Figura 2.8 ilustra uma corrente de reposição de água de refrigeração
utilizada em um processo de resfriamento para repor as perdas ocorridas por evaporação.
Figura 2.8 – Esquema de uma corrente de make-up em um processo com torre de resfriamento.
Outro exemplo de processos que operam com circuitos fechados são processos de extração por
solvente. Neste caso o solvente está presente para servir de agente extrator, não podendo sair junto
com o produto. Assim, após fazer a extração (retirar de uma matriz sólida a substância desejada) o
solvente é separado da substância de interesse e reciclado. As perdas de solvente que ocorrem nas
correntes do efluente e do produto purificado, são repostas através de uma correntede make-up
(Figura 2.9).
Figura 2.9 – Esquema de um processo de extração por solvente com uma corrente de make-up.
Make-up
Alimentação Produto purificado
Solvente recuperado
Efluente Solvente
corrente de
make-up
perdas por
evaporação
P R O C E S S O
água
quente
água fria
bomba
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A Figura 2.10 apresenta o fluxograma de blocos de um processo industrial com múltiplas
unidades.
Reator
Coluna 1
Separação de
Ácido Acético
Decantadores
Coluna III
Separação de
Água
Coluna II
Separação de
Acetato de Etila
15
3 4
14
11
13
1
2
7
6
16 8 10
12
9
Figura 2.10 – Diagrama de blocos do processo de produção do acetato de etila.
2.5 – Procedimento para resolução de problemas envolvendo balanços
A essência dos problemas que envolvem balanços de massa é: dado os valores de algumas
variáveis das correntes de entrada e algumas das correntes de saída, calcular os valores das variáveis
não fornecidas. Resolver problemas seguindo uma metodologia adequada e bem organizada é a melhor
maneira de evitar erros. Sugere-se a seguinte sequência de etapas na resolução de problemas:
1) ler o problema e em seguida, reler o problema;
2) esquematizar o problema (processo) através de um fluxograma de blocos ou diagrama entrada-
saída;
3) identificar (e numerar) todas as correntes de entrada e saída, para cada bloco que compõe o
processo, escrevendo os valores e unidades de todas as variáveis conhecidas (taxas, composições,
temperaturas, pressões, etc);
4) definir o sistema a ser estudado indicando-o claramente;
5) estabelecer símbolos algébricos para as variáveis desconhecidas em cada corrente, escrevendo seus
nomes e unidades;
6) estabelecer uma base de cálculo (B.C.);
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7) definir as variáveis do sistema para geração, consumo e acúmulo. Se houver reações químicas
presentes, com estequiometria conhecida, escreva as equações utilizando variáveis do sistema que
estejam relacionadas com a geração de produtos e o consumo de reagentes. Se o sistema não
estiver operando em regime permanente (estado estacionário), estabelecer uma variável para o
acúmulo.
8) aplicar a equação da conservação da massa, listando as equações dos balanços independentes (para
cada sistema é possível ter 1 equação para o balanço global e n equações de balanço por
componente, onde n é o número de componentes). Deve-se procurar escrever estas equações
numa ordem tal que as que envolvem as variáveis menos conhecidas sejam escritas primeiro;
9) se alguma informação dada no problema não foi usada ao se rotular as correntes de fluxo, traduzir
estas informações em forma de equações que envolvam as variáveis do processo;
10) verificar se é possível resolver as equações, obtendo uma solução única (análise dos graus de
liberdade do sistema);
11) resolver as equações (converta as unidades se for necessário) e calcular as variáveis desconhecidas;
12) conferir as respostas, substituindo-as nas equações de balanços e verificando se elas estão
satisfeitas.
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3 – Processos de Separação
3.1 – Princípios dos processos de separação
Uma planta química industrial genérica pode ser representada de forma simplificada pelo
diagrama da Figura 3.1. As atividades do Engenheiro Químico estão intimamente ligadas aos processos
de separação existentes nas indústrias (especialmente as químicas). Estas atividades se distribuem em
diversas áreas: controle das variáveis do processo, controle da qualidade das matérias-primas e/ou
produtos, pesquisa de novos processos ou otimização dos já existentes; etc. De um modo geral, as
etapas essenciais de uma planta química são mostradas na Figura 3.1.
Figura 3.1 – Esquema de uma planta química típica (Prausnitz et al., 1986).
Nessa planta da Figura 3.1 a parte central (Estágio II) representa o reator químico, no qual
ocorrem as reações de interesse para o processo. As reações podem se processar em um simples tanque
de mistura, caso sejam reações rápidas, de fácil controle e que não requeiram condições especiais de
operação (como por exemplo, altas temperaturas e altas pressões). Porém, normalmente reatores são
equipamentos bastante complexos e esta etapa se caracteriza como sendo o coração do processo,
podendo vir a ser responsável pelo fracasso ou sucesso econômico do mesmo.
Mas, além do estágio de reação, uma planta química necessita de etapas de tratamento físico
(operações unitárias de separação/concentração) das matérias-primas (Estágio I), no qual os reagentes
são preparados para a reação, já que muitas vezes as matérias-primas provenientes da natureza não são
100% puras, sendo constituídas de materiais contaminados, misturas ou soluções.
Essas operações unitárias têm o objetivo de separar os reagentes desejáveis de outros
componentes que não são necessários à reação ou que podem interferir na mesma. Outras etapas de
tratamento físico (Estágio III), localizadas após o reator, também são frequentemente necessárias, a fim
de separar produtos desejáveis dos indesejáveis e também com o objetivo de reciclar reagentes não
consumidos, uma vez que raramente ocorre uma conversão total dos reagentes dentro do reator.
Matérias-primas
(reagentes)
Estágio I
Estágio de
Preparação
Tratamentos Físicos
(operações unitárias)
Estágio II
Estágio de Reação
Processamento
Químico
(reator)
Estágio III
Estágio de
Purificação
Tratamentos Físicos
(operações unitárias)
Produtos
Sub-produtos Reagentes não consumidos
são reciclados para o reator
Reagentes
indesejáveis
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Estas operações unitárias, nas quais não ocorrem reações, podem ser divididas em dois grandes
grupos:
Operações de mistura: envolvendo reagentes ou produtos, cuja principal finalidade é alterar a
composição.
Operações de separação física: que se subdividem em separações por simples fracionamento de
correntes de processo (por exemplo uma corrente de bypass ou qualquer outro meio que apenas
seja uma bifurcação na linha do produto) e separações de fases (que consistem de separações
obtidas em um equipamento projetado para este fim, obtendo fases de diferentes composições e
características).
Essas operações que envolvem separação entre fases constituem uma grande área de atuação
do engenheiro químico, chamada de processos de separação, a partir da qual, muitas outras atividades
deste profissional são derivadas.
Alguns exemplos de situações em que se emprega um processo de separação são:
separar produtos indesejáveis obtidos no processo;
separar poluentes de uma corrente de produtos para tratamento posterior;
separar reagentes não consumidos para reaproveitamento no processo (corrente de reciclo);
separar substâncias presentes nos reagentes que poderão contaminar os equipamentos do processo
(podendo ser feita antes do processo ou após o processo), etc.
A separação entre as fases é fácil, principalmente devido à diferençade densidade entre elas, o
difícil é separar os constituintes de cada fase, de modo a concentrá-los. O princípio dos processos de
separação é gerar fases diferentes, de modo que elas contenham diferentes concentrações dos
componentes, e então, através de um tempo adequado de contato entre elas, permitir que haja a
transferência de componentes entre as fases, até que esta distribuição seja interrompida, devido ao
sistema ter atingido um estado de equilíbrio. Separam-se então as fases, concentrando assim os
componentes.
O mecanismo que impera nos processos de separação é a transferência de massa, cuja força
motriz é a diferença de concentração (rigorosamente falando, é na verdade a diferença de potencial
químico) de um componente entre as fases envolvidas. A tendência natural é o componente se difundir
(se transportar) de uma fase em que está em maior concentração para aquela em que está em menor
concentração, até que seja atingido o equilíbrio.
No equilíbrio, não ocorrem modificações macroscópicas das variáveis do sistema em relação ao
tempo. Os critérios de equilíbrio entre fases são a igualdade de pressão, temperatura e potencial
químico de cada componente em cada fase. O equilíbrio é essencialmente um estado de saturação.
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As tecnologias de separação podem ser divididas em três grandes categorias, baseadas no seu
mecanismo de operação:
1) mecânicas: a alimentação contém duas fases (ex: sólidos suspensos em um líquido, partículas sólidas
em um gás, etc) e as diferenças no tamanho ou densidade são exploradas para separar as fases uma da
outra;
2) baseadas na taxa: baseiam-se na diferença na taxa de transporte ao longo de um determinado meio
dos componentes a serem separados. Em geral os meios são sólidos porosos e as correntes de
alimentação e de produtos estão numa mesma fase. Ex: cromatografia de camada fina, osmose reversa
para dessalinização de água, etc.
3) baseadas no equilíbrio: a alimentação é uma corrente com vários componentes, porém em uma fase
homogênea. Dentro do processo uma segunda fase é gerada e os componentes se distribuem entre
estas duas fases, que possuem composições diferentes. A geração da segunda fase não é espontânea e
requer um agente de separação, que pode ser o fornecimento/remoção de energia (por exemplo, para
gerar uma fase vapor a partir de um líquido) ou a adição de algum material (como em processos de
extração líquido-líquido no qual é adicionado um agente extratante).
A Tabela 3.1 apresenta um resumo das principais características de cada tecnologia de
separação.
Tabela 3.1 – Classificação das tecnologias de separação.
Tecnologia Entrada Saída Base da separação
Mecânica Duas fases Duas fases
Diferença no tamanho ou na
densidade
Baseada na taxa Uma fase Uma fase
Diferença na taxa de transporte
através de um determinado meio
Baseada no equilíbrio Uma fase Duas fases
Diferenças na composição das duas
fases em equilíbrio
As Tabelas 3.2, 3.3, 3.4 e 3.5 apresentam, respectivamente, informações detalhadas sobre as
seguintes tecnologias de separação: mecânica; baseadas na taxa; baseadas no equilíbrio que usam
energia como agente de separação e baseadas no equilíbrio que usam a adição de algum material como
agente de separação. Na maior parte dos casos, os processos de separação irão envolver a presença, de,
no mínimo, duas fases, sendo que por fase entendemos uma porção de matéria homogênea,
fisicamente distinta e mecanicamente separável. Os processos mais frequentes no ambiente industrial
utilizam duas fases imiscíveis, obtendo as seguintes combinações de sistemas:
* Gás/sólido * Gás/líquido * Sólido/liquido *Líquido/líquido (imiscíveis)
OBS: os sistemas sólido/sólido são pouco usados industrialmente e os gás/gás formam uma única fase.
Para entender melhor o papel do engenheiro químico dentro dos processos de separação e a
importância dos balanços de massa e energia, aplicados a estes processos, faz-se necessário um estudo,
mesmo que superficial nesse momento do curso, sobre os diferentes processos existentes e seus
princípios. No item 3.2 são apresentadas as diferentes combinações dos sistemas de duas fases com
ênfase nos principais processos de separação dentre os citados nas tabelas apresentadas anteriormente.
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Tabela 3.2 – Tecnologias de separação mecânicas.
Tecnologia
Fases
alimentadas
Propriedade
física
Como funciona Exemplos
Filtração
Sólido e
fluido
Tamanho
Mistura é bombeada através
de uma barreira porosa, tal
como uma membrana ou
filtro e sólidos são retidos
enquanto o fluido atravessa a
barreira
Remoção de cristais
em uma solução
Remoção de material
particulado em uma
corrente gasosa
Sedimentação
Sólido e
líquido
Densidade
Partículas sólidas suspensas
são parcialmente separadas
do líquido pela ação da
gravidade
Remoção de lodo de
efluentes de esgoto
Flotação
Sólido e
líquido
Dois líquidos
imiscíveis
Densidade
Sólidos menos densos ou
gotas de líquido são
coletadas até a superfície do
sistema e retiradas
Remoção de
contaminantes de
minerais
Recuperação de
petróleo cru em água
Compressão
Sólido e
líquido
Tamanho
Sólidos úmidos são
comprimidos permitindo a
retirada do líquido
Recuperação de suco
de cada da cana
cortada
Centrifugação
Líquido e
vapor
Sólido e
fluido
Dois líquidos
imiscíveis
Densidade
A mistura é girada
rapidamente, forças
centrífugas fazem a fase mais
densa ou sólidos presentes
migrarem para fora
Separação de isótopos
de urânio 235U e 238U
Separação do leite em
leite desnatado e
creme ou nata
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Tabela 3.3 – Tecnologias de separação baseadas na taxa.
Tecnologia Alimentação
Propriedade
física
Como funciona Exemplos
Cromatografia
Macromoléculas
dissolvidas em
um solvente
Tamanho
Mistura é injetada em uma coluna
contendo um recheio poroso, então
solvente é bombeado
continuamente pela coluna,
moléculas maiores não podem
entrar nos poros e são removidas
rapidamente, enquanto que as
moléculas menores ficam retidas
por mais tempo e demoram para
sair da coluna
Purificação de
proteínas
Microfiltração/
Ultrafiltração
Solutos
dissolvidos em
um solvente
Tamanho
Solução é bombeada sob altas
pressões através de uma membrana
com poros na escala nano a
micrométrica. Uma parte do
solvente passa pela membrana, mas
todos os solutos são retidos
Ultralimpeza
de água para
manufatura
de componen-
tes eletrônicos
Concentração
de proteínas
Osmose
reversa
Solutos
dissolvidos em
um solvente
Tamanho
Solução é bombeada sob altas
pressões através de uma membrana
com poros muito pequenos. Uma
parte do solvente passa pela
membrana, mas todos os solutos
são retidos
Produção de
água potável a
partir de água
salgada
EQ 481 – Capítulo 3 – Processos de Separação 36
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
Tabela 3.4 – Tecnologias de separação baseadas no equilíbrio que utilizam energia para separação.
TecnologiaFase alimentada/
Fases dos produtos
Propriedade
física
Como funciona Exemplos
Evaporação
Líquido/
Líquido e vapor
Pressão de
vapor (ponto de
ebulição)
Mistura líquida é
aquecida até que
uma parte do
material vaporize
Separação de
butano do asfalto
Purificação de água
Condensação
Vapor/
Líquido e vapor
Pressão de
vapor (ponto de
ebulição)
Mistura de vapor é
resfriada até que
parte do material
condense
Recuperação de
compostos
orgânicos voláteis
presentes numa
corrente gasosa
Destilação
Líquido ou vapor/
Líquido e vapor
Pressão de
vapor (ponto de
ebulição)
Mistura é alimenta-
da em uma coluna
de múltiplos está-
gios onde ocorrem
evaporações e
condensações
repetidas
Separação de
petróleo cru em
frações
Separação de
soluções
álcool/água
Cristalização
Líquido/
Sólido e líquido
Solubilidade a
baixas
temperaturas
(ponto de fusão)
Solução é resfriada
até que o limite de
solubilidade seja
excedido fazem
com que cristais de
soluto precipitem
Purificação da
aspirina
Secagem
Solução ou
suspensão/
Sólido e vapor
Pressão de
vapor
Alimentação é
aquecida para
volatilizar o
solvente presente,
restando sólidos
não voláteis
Secagem de grãos,
de papel, e de
cristais de minérios
EQ 481 – Capítulo 3 – Processos de Separação 37
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Tabela 3.5 – Tecnologias de separação baseadas no equilíbrio que utilizam adição de material.
Tecnologia Fase alimentada
Propriedade
física
Como funciona Exemplos
Absorção Gás
Solubilidade de
um gás em um
solvente
Mistura gasosa é
colocada em contato
com um solvente, o
qual absorve
preferencialmente um
dos componentes
Separação de
CO2 do H2
adicionando
etanolamina
Adsorção Fluido (gás ou líquido)
Afinidade pela
superfície sólida
Fluido é contatado com
um material sólido que
adsorve na sua
superfície um dos
componentes da
mistura
Adsorção em
carvão ativado
para purificação
de água
Lixiviação Sólido
Solubilidade de
componentes
sólidos em um
solvente
adicionado
Uma matriz sólida
contém componentes
solúveis e insolúveis,
adicionando um
determinado solvente,
os componentes
solúveis são removidos
da matriz
Recuperação de
cafeína de grãos
de café
Recuperação de
solutos de
minérios
utilizando
solventes ácidos
Extração Líquido
Distribuição
entre dois
líquidos
imiscíveis
Um solvente possui
maior afinidade por um
dos componentes da
alimentação e não se
mistura com os demais,
gerando assim duas
fases líquidas, com um
soluto distribuído
diferentemente entre
elas
Purificação de
antibióticos de
caldos de
fermentação
Extração líquido-
líquido em
sistemas água-
ácido acético
EQ 481 – Capítulo 3 – Processos de Separação 38
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3.2 – Principais processos de separação da indústria química
A seguir serão apresentadas as diferentes combinações dos sistemas de duas fases e os
principais processos de separação associados a elas.
3.2.1 – Sistemas gás-líquido
A – Destilação
Uma fase líquida constituída de n componentes é aquecida, gerando-se uma fase vapor. Esta
fase vapor é mais rica nos componentes mais voláteis (menor ponto de ebulição). Os constituintes
podem estar presentes em ambas as fases, o que varia é sua concentração. O equipamento no qual se
realiza este processo é denominado coluna (ou torre) de destilação, cujo esquema é apresentado na
Figura 3.2.
Figura 3.2 – Coluna de destilação: esquema de uma coluna tradicional, com uma corrente de
alimentação e duas correntes de produtos (fundo/bottom e topo/distillate) e visão de uma coluna em
escala industrial.
Em uma coluna de destilação uma corrente de alimentação (feed) é alimentada em uma
determinada altura da coluna. Calor é fornecido a um trocador de calor denominado refervedor,
normalmente utilizando-se vapor de processo, o qual é responsável por vaporizar parte da solução
líquida que se encontra no interior da coluna. Esse vapor gerado percorre a coluna em sentido
ascendente, passa por um condensador, no qual troca calor com um fluido de refrigeração,
condensando-se (total ou parcialmente). A fase líquida gerada neste condensador é denominado
destilado. Parte do destilado é reciclado para a coluna, sendo denominada corrente de refluxo e é
utilizada para resfriar a corrente de vapor ascendente, condensando os componentes menos voláteis e
purificando assim a corrente de vapor. Outra parte desse destilado é retirada da coluna e denominada
produto de topo, que é sempre mais rico nos componentes mais voláteis. A fase líquida que se forma no
topo da coluna, fruto da condensação de parte do vapor após o contato com a corrente de refluxo,
desce pela coluna, sempre em contato com a fase vapor, havendo assim a transferência de massa entre
essas fases. A fase líquida forma uma piscina no fundo da coluna, sendo que uma parte é retirada como
EQ 481 – Capítulo 3 – Processos de Separação 39
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produto de fundo e outra é parcialmente vaporizada, assegurando assim a operação contínua da
coluna.
Um importante parâmetro utilizado nos cálculos de destilação é a volatilidade relativa, que é
uma medida da extensão da separação que se pode alcançar em um determinado sistema. A
volatilidade relativa é definida como:
j
j
i
i
j,i
x
y
x
y
(3.1)
em que:
i,j é a volatilidade relativa do componente i em relação ao componente j,
xi = fração molar do componente i na fase líquida,
yi = fração molar do componente i na fase vapor.
Quanto maior o valor da volatilidade relativa, tanto melhor será a separação dos componentes.
O equipamento utilizado no processo de destilação também pode ser denominado coluna de
fracionamento e em seu interior, com o objetivo de permitir o contato das fases líquida e vapor, são
utilizados pratos perfurados, pratos de campânulas (com ou sem vertedor) e também podem ser usados
diversos tipos de recheio. A operação inversa da destilação é a condensação.
B – Absorção
No processo de absorção, uma mistura gasosa é colocada em contato com um líquido, com o
propósito de absorver preferencialmente um ou mais componentes da fase gasosa, que sejam solúveis
no líquido, formando uma solução saturada. Os objetivos do processo de absorção podem ser:
recuperação de um produto gasoso (ex: benzeno obtido de gás de coqueria, que é absorvido em
óleo);
purificação de correntes gasosas: retirada de gases tóxicos (ex: NOx, SOx) de efluentes gasosos ou
retirada de CO2 de uma corrente com metano, usado como combustível, para melhorar o poder de
combustão deste gás;
formação de produtos: absorção de SO3 gasoso em água para formar H2SO4 (na prática a absorção
ocorre em soluções concentradas de ácido sulfúrico e não em água diretamente).
A característica deste processo, que o difere de outros similares, é que o componente que
difunde (se transfere de fase) está na fase vapor e passa à fase líquida. O equipamento onde ocorre a
absorção é denominado coluna de absorção (sendo as mais comuns as de recheio e as de paredes
molhadas). A operação inversa da absorção é a dessorção ou esgotamento (stripping).
A Figura 3.3 apresenta um esquema e uma ilustração de uma coluna de absorção de leito fixo
(recheada) utilizada para desidratação de álcool. A Figura 3.4 apresentaum esquema de uma coluna de
leito empacotado ("packed bed") utilizada para a purificação de uma corrente gasosa e as Figura 3.5 (a)
e (b) apresentam diferentes tipos de recheios utilizados em colunas de absorção.
EQ 481 – Capítulo 3 – Processos de Separação 40
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Figura 3.3 – Coluna de absorção (leito fixo) para desidratação do álcool.
Figura 3.4 - Coluna de absorção para Figura 3.5(a) – Diferentes tipos de recheios aleatórios.
purificação de gás.
EQ 481 – Capítulo 3 – Processos de Separação 41
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Figura 3.5(b) - Diferentes tipos de recheios utilizados em colunas de destilação e absorção.
C – Umidificação
No processo de umidificação, um gás é colocado em contato com um líquido, sendo que os
componentes do gás não são solúveis neste líquido (o que não ocorre na absorção). O componente que
difunde, mudando de fase, está na fase líquida. Os objetivos deste processo são:
resfriar um líquido. Ex: águas industriais (refinarias, etc), águas de sistemas centrais de ar refrigerado;
resfriar um gás. Ex: condicionamento de ar;
umedecer um gás.
Neste processo, ocorre sempre transferência simultânea de massa e calor (energia). Os
equipamentos que realizam a operação de umidificação denominam-se torres de resfriamento, torres
de umidificação ou umidificadores. A operação inversa da umidificação é a desumidificação. A Figura 3.6
apresenta um esquema geral de uma coluna de recheio utilizada em um processo de umidificação de ar
e a Figura 3.7 apresenta dois tipos clássicos de torres de resfriamento utilizados em indústrias químicas.
EQ 481 – Capítulo 3 – Processos de Separação 42
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Figura 3.6 - Esquema de uma coluna de recheio para umidificação de ar.
Figura 3.7 – Torres de resfriamento utilizadas na refrigeração de água em processos industriais.
3.2.2 – Sistemas gás-sólido
A – Evaporação e secagem
Nestes processos, só uma substância pode passar da fase líquida para a fase vapor, nas suas
condições de operação (diferentemente da destilação em que a fase vapor pode conter uma ou mais
substâncias). A evaporação se caracteriza pelo aquecimento de uma solução, ocasionando sua ebulição,
o vapor gerado é separado, obtendo-se uma solução mais concentrada e uma substância pura que é
obtida ao se condensar o vapor que foi separado. Seus objetivos são:
concentrar uma solução. Ex: suco de laranja;
obter uma substância pura. Ex: água pura a partir da água do mar.
A secagem difere-se da evaporação por caracterizar-se pela passagem de uma corrente gasosa
(normalmente ar) quente sobre uma substância, que faz com que um determinado componente volátil
se vaporiza, mudando de fase. A secagem pode ser entendida como retirada de umidade (água ou
solvente). Os equipamentos em que ocorrem são os evaporadores (diversos tipos) e os secadores
(principalmente os de bandejas e rotativos). A operação inversa de ambos os processos citados é a
condensação. A Figura 3.8 apresenta uma bateria de evaporadores (múltiplo efeito) utilizados para
concentração licor negro de eucalipto, utilizados no processo de produção de celulose e papel e
também um diagrama de um sistema de evaporação duplo efeito (no qual cada vaso de processo opera
a uma pressão diferente).
B – Adsorção
O que ocorre neste processo é a difusão do vapor ou de um gás em um sólido. Ex: sílica-gel ou
CaCl2 adsorvendo água de uma corrente gasosa contendo N2, H2 e H2O, a fim de purificar esta corrente
para utilizá-la em um processo de produção de amônia. Os equipamentos em que ocorre são
denominados colunas de percolação. A operação inversa é a dessorção.
EQ 481 – Capítulo 3 – Processos de Separação 43
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Figura 3.8 – Bateria de evaporadores múltiplo efeito utilizados para concentrar licor negro e esquema de
evaporador duplo efeito.
C – Sublimação
A sublimação é um processo de vaporização de um sólido sem passar pela fase líquida. Ex:
naftalina, iodo. Uma variação deste processo é a liofilização, que é um processo de desidratação muito
usado para preservar alimentos perecíveis, princípios ativos, bactérias, etc, onde estes são congelados e
a água é retirada, por sublimação, sem que passe pelo estado líquido. O alimento, após congelado segue
para uma câmara de vácuo, na qual ocorre um aumento gradativo da temperatura, reduzindo-se deste
modo a pressão circunvizinha, o que permite à água congelada no material passar diretamente da fase
sólida ao gás, desidratando assim o alimento (ex: produção de café solúvel).
3.2.3 – Sistemas líquido-líquido
A – Extração líquido-líquido
Também denominada extração por solvente. Consiste na extração dos constituintes de uma
solução líquida por contato com outro líquido insolúvel. Se as substâncias que constituem a solução
original se distribuem em ambos os líquidos diferentemente, haverá uma separação, que pode ser
alcançada por contatos múltiplos (estágios). Os objetivos deste processo são recuperar um soluto ou
recuperar um solvente de uma determinada solução.
Exemplos de processos que envolvem operações de extração líquido-líquido são:
rocha fosfática com alto teor de urânio - produção de U (na forma de yellow cake) e H3PO4;
produção de ácido acético: o ácido acético pode ser obtido pela oxidação bacteriana aeróbica
(Acetobacter) do álcool etílico a ácido acético diluído. As reações envolvidas nesse processo são:
2C2H5OH + O2 2CH3CHO (acetaldeído) + 2H2O
2CH3CHO + O2 2CH3COOH (ácido)
A mistura (ácido + água) é agitada com acetato de etila (éster). Uma parte do ácido se dissolve no
éster, mas apenas uma pequena quantidade de água é solúvel neste solvente. Deixando em repouso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Desidrata%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sublima%C3%A7%C3%A3o
EQ 481 – Capítulo 3 – Processos de Separação 44
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após a agitação, a fase orgânica (menos densa) se separa da aquosa que decanta. A fase aquosa é mais
rica em água que nos demais componentes. Este processo de separação pode ser feito de modo
contínuo ou em batelada. Um dos principais equipamentos que realizam esta operação são chamados
misturadores-decantadores (mixer-settler), mas também são utilizadas colunas de extração. A Figura 3.9
apresenta um esquema desse equipamento e também uma foto de uma bateria de misturadores-
decantadores em escala piloto.
Figura 3.9 – Esquema e ilustração de uma bateria de misturadores-decantadores.
3.2.4 – Sistemas sólido-líquido
A – Lixiviação
Trata-se da solubilização de um ou mais constituintes de uma matriz sólida, por simples
dissolução ou por formação de um composto solúvel com reação química (ex: ataque com ácido),
através de um solvente líquido (puro ou mistura). O objetivo deste processo é recuperar um soluto de
alto valor agregado, contido em uma matriz sólida. São exemplos:
extraçãode cobre com ácido sulfúrico: forma CuSO4 , recuperando-se o metal posteriormente;
café extração com água secagem café solúvel;
açúcar (cana, beterraba) extração com água;
soja compressão dos grãos extração do óleo com n-Hexano destilação separação do óleo
e n-Hexano (que é reciclado);
rocha fosfática ataque com mistura de ácidos (HNO3, H2SO4, HCl) produção de H3PO4 e gesso.
De uma maneira geral, essas extrações podem ainda ser classificadas em três categorias:
* lixiviação: ocorre com reação química e está relacionada com minérios,
* lavagem: ocorre quando o soluto é constituído por açúcares ou óleos vegetais,
* química: ocorre com reação química, porém relativa a outros materiais que não minérios.
B – Cristalização
É o processo de separação que ocorre devido à formação de cristais de um soluto dissolvido em
uma solução, através da redução da temperatura. Os cristais decantam e são separados da solução em
equipamentos próprios, que recuperam a matriz sólida. É um processo muito utilizado na purificação de
produtos farmacêuticos.
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 45
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4 – Balanços de Energia
4.1 – Energia
Energia não pode ser sentida, nem vista e também não pode ser medida diretamente. Pode ser
calculada a partir de grandezas conhecidas do sistema. Thomas Young (1773-1829) definiu, em 1807,
energia da seguinte forma: “é uma medida da capacidade do sistema realizar trabalho”. Portanto,
energia tem unidades do produto da força pela distância. Para os sistemas de medidas abordados nesta
disciplina as unidades de energia são dados na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 – Unidades de energia em diferentes sistemas de unidades.
Sistema Unidade de energia Definições
SI joule J = N.m
SAE Btu = British Thermal Unit Btu = lbf
..ft
CGS erg erg = dina.cm
Outra unidade de energia muito utilizada é a caloria. Ao se utilizar tabelas de conversão de
unidades de energia, deve-se certificar qual o tipo de caloria e de Btu (British Thermal Unit) a que a
tabela se refere. Nesta disciplina serão adotados os seguintes fatores de conversão:
1 caloria = 4,184 J 1 Btu = 1055 J 1 caloria = 3,966.10-3 Btu
As unidades de energia são definidas em termos da quantidade de calor que deve ser fornecida a
uma determinada massa de água, para aumentar sua temperatura em uma unidade, à pressão
constante de 1 atm, conforme apresentado na Tabela 4.2.
Tabela 4.2 – Definições das principais unidades de energia.
Unidade
é a quantidade de
energia necessária
para aumentar a
temperatura em
de uma massa
de água igual a
1 kilocaloria (kcal) 1 oC 1 kg
1 caloria (cal) 1 oC 1 g
1 unidade térmica britânica (Btu) 1 oF 1 lbm
4.2 – Processos de transformação de energia
A energia está disponível em diferentes formas e existem diversos processos pelos quais a
energia pode ser transformada.
4.2.1 – Processos convencionais
a) Usina termoelétrica: através do calor de combustão gerado pela queima de combustíveis tais como:
carvão, madeira, óleo e licor negro (indústrias de celulose - caldeira de recuperação), produz-se vapor
d’água, que é utilizado em um dispositivo motriz (turbina), transformando a energia térmica em
mecânica (trabalho). A turbina é ligada a um gerador produzindo um campo magnético variável, por
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 46
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meio da movimentação de um ímã, que por sua vez, provoca uma diferença de potencial elétrico (DDP)
que induz corrente elétrica. A Figura 4.1 apresenta o esquema geral de uma usina termoelétrica e a
Figura 4.2 mostra uma vista geral de uma usina termoelétrica para produção de energia elétrica, onde
se observam as torres de refrigeração de água do processo e chaminés dos efluentes gasosos do
processo de combustão.
Figura 4.1 - Esquema geral de uma usina termoelétrica que utiliza carvão mineral como combustível.
Figura 4.2 - Vista geral de uma usina termoelétrica para produção de energia elétrica (observam-se as
torres de resfriamento de água do processo e chaminés).
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 47
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b) Usina hidrelétrica: energia potencial da água represada faz girar uma turbina, produzindo trabalho
mecânico (trabalho de eixo), campo magnético (em um gerador) e corrente elétrica. A Figura 4.3
apresenta o esquema geral de uma usina hidrelétrica e uma foto da usina de Itaipu (PR).
Figura 4.3 - Esquema de uma usina hidrelétrica e vista da usina de Itaipu.
c) Usina nuclear: o processo de fissão nuclear no reator liberauma grande carga de energia do núcleo do
átomo na forma de calor. Este calor é utilizado para evaporar água, gerando vapor, que ao passar por
uma turbina, gera trabalho de eixo movimentando um gerador, que produz um campo magnético, que
gera corrente elétrica. A Figura 4.4 apresenta um esquema geral de uma usina nuclear e uma foto da
usina nuclear de Angra dos Reis (RJ).
Figura 4.4 - Esquema de uma usina nuclear e vista da usina de Angra dos Reis.
4.2.2 – Formas alternativas
a) Usina maremotriz: utiliza a diferença da maré alta e maré baixa, provocando fluxo e refluxo da água
do mar por passagens estreitas, movendo turbinas que movimentam geradores elétricos. Exige maré de
grande desnível, mas o impacto ambiental é mínimo.
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 48
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b) Usina termosolar: utilização de coletores solares concentradores, que evaporam um fluido de
processo, cujo vapor é utilizado para mover uma turbina acoplada a um gerador. Existem também
usinas que utilizam células fotovoltaicas para converter diretamente a energia solar em energia elétrica.
c) Usina eólica: utilização da energia dos ventos para mover hélices acopladas a eixos que movimentam
um gerador, realizando trabalho, produzindo um campo magnético e corrente elétrica.
d) Centrais térmicas marinhas: diferença de temperatura entre as águas aquecidas da superfície e as
mais frias da profundidade do oceano, movimenta um sistema fechado no qual a amônia ou água, num
ambiente de vácuo parcial, se evapora, movendo uma turbina. Testes indicaram que 97% da energia
gerada eram utilizados na própria central, para o bombeamento das águas do oceano para a terra.
e) Aproveitamento energético do movimento das ondas: as ondas pressionam um corpo oco, fixo na
beira da praia ou flutuante, comprimindo o ar dentro deste corpo. Este ar tende a se expandir, movendo
uma turbina ligada a um gerador. Uma onda de 3 metros de altura contém pelo menos 25 kW de
energia por metro de frente.
4.3 – Formas de energia
Para fins de balanço de energia em processos industriais, considera-se na prática, que a energia
total de um sistema possui, basicamente, três componentes:
4.3.1 – Energia cinética (Ec)
A energia cinética é a componente da energia associada ao movimento do sistema como um
todo, em relação a um referencial fixo (geralmente a superfície terrestre). A Ec de um corpo de massa m
e velocidade v é:
2
2
c
m v
E
(4.1)
4.3.2 – Energia potencial (Ep )
Associada à posiçãodo sistema em um campo magnético ou gravitacional, ou devido à
configuração do sistema em relação a um estado de equilíbrio (ex: mola estendida). A energia potencial
de um corpo de massa m, situado a uma altura h acima do referencial sujeito à aceleração da gravidade
g é dada por:
. .pE m g h (4.2)
4.3.3 – Energia interna (U)
A energia interna é a energia associada com o movimento (rotação, vibração e translação) das
partículas microscópicas (átomos, moléculas, elétrons, etc) que compõem um sistema macroscópico.
Representa o somatório das formas microscópicas de energia relacionada à estrutura molecular e ao
grau de atividade molecular. Os principais componentes da energia interna são:
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 49
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• Energia sensível: associada à energia cinética das moléculas e, portanto, deve-se ao deslocamento
(translação) das moléculas em relação ao centro de massa do sistema; aos movimentos de rotação e
vibração;
• Energia latente: relacionada às forças intermoleculares que mantêm as moléculas juntas. Essas
forças são maiores nos líquidos e menores nos gases. Uma adição de energia ao sistema capaz de se
sobrepor a essas forças intermoleculares possibilita a separação das moléculas, levando a uma
mudança de fase.
• Energia química ou de ligação: associada às ligações químicas (ligações entre os átomos). Por
exemplo, numa reação de combustão a destruição e formação de novas ligações levam a uma
alteração no valor da energia interna.
• Energia nuclear: associada às ligações dentro do núcleo dos átomos (constituintes subatômicos).
Figura 4.5 – Diferentes movimentos das partículas microscópicas
A energia interna pode estar contida ou ser armazenada em um sistema e por isso pode ser vista
como uma forma estática de energia. Não existem instrumentos para a medição direta da energia
interna em escala macroscópica. Ela pode ser calculada a partir de outras variáveis mensuráveis como
pressão, volume, temperatura e composição.
Acerca da energia interna, pode-se afirmar que:
• um sistema fechado armazena energia na forma de energia interna (é a energia total contida no
sistema);
• termodinamicamente não é correto afirmar que um sistema ARMAZENA calor;
• a energia interna é sensivelmente afetada pela temperatura do sistema e essas grandezas podem ser
diretamente associadas;
• para um gás ideal ela é função apenas da T.
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 50
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4.4 – Formas de se transferir energia
Em um sistema fechado, embora não haja fluxo de massa entre o sistema e sua vizinhança, pode
haver transferência de energia através de suas fronteiras, de duas formas distintas: calor e trabalho.
4.4.1 – Calor (Q)
É a forma de energia transferida entre dois sistemas (ou entre um sistema e sua vizinhança)
devido à presença de um gradiente de temperatura (T) entre os sistemas, portanto, calor pode ser
definido como energia térmica "em trânsito".
4.4.2 – Trabalho (W)
Em um sistema fechado, se a energia que passa através da fronteira do sistema não está na
forma calor, então estará na forma de trabalho. Qualquer interação de energia entre o sistema fechado
e sua vizinhança que não se deve a um gradiente de temperatura, será então na forma de trabalho.
Trabalho é a transferência de energia associada com uma força aplicada sobre um corpo, que
causa seu movimento por uma determinada distância, é a energia que flui entre o sistema e sua
vizinhança em resposta a uma força motriz qualquer (que não a diferença de temperatura), tal como
torque ou voltagem (DDP).
W F dl (4.3)
Figura 4.6 – Representação da definição de trabalho.
Duas propriedades importantes estão associadas ao conceito de trabalho:
assim como o calor, trabalho é uma forma de energia em trânsito;
trabalho é uma quantidade que depende da trajetória (caminho).
A ideia de que trabalho é o produto de uma força por um deslocamento, mostra que ambos
(força e deslocamento) devem estar presentes para que haja um efeito de trabalho. Assim, de uma
forma geral, podemos escrever:
Força (generalizada) .d (deslocamento generalizado)
(4.4)
1-2 = trajetória
" 2
calor ou calor transferido (J)
taxa de calor transferido (J/s ou W)
fluxo de calor (W/m )
Q
Q
Q
Trajetória
2
1
W
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 51
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A Tabela 4.3 apresenta seis formas mais comuns de trabalho, apresentando para cada caso a
força generalizada e o deslocamento, bem como as unidades mais comuns de cada forma.
Tabela 4.3 – Formas de trabalho mais comuns e suas características.
Sistema Força Unidade Deslocamento Unidade Trabalho
Linear força (F) N , lbf distância (dx) m, ft W = F.dX
Expansão pressão (P) N/m2, lbf/ft
2 volume (dV) m3, ft3 W = P.dV
Rotacional torque (M) N.m, lbf.ft ângulo (d) rad W = M.d
Elástico tensão () N, lbf extensão (dl) m, ft W = .dl
Superfície tensão superficial () N/m , lbf/ft área (dA) m
2, ft2 W = -.dA
Elétrico força eletromotiva (V) V carga (dQ) C W = -V.dQ
As principais formas de trabalho são:
1) Trabalho de expansão ou compressão: é um trabalho mecânico que resulta na variação de volume do
sistema (movimento da fronteira), envolvendo um deslocamento de sua fronteira.
(4.5)
(4.6)
(4.7)
Figura 4.7 - Representação do trabalho de compressão e expansão.
2) Trabalho de eixo ou rotacional: é aquele associado à presença de partes móveis no sistema,
envolvendo um eixo, que transfere energia para o sistema ou retira energia do mesmo, transferindo-
a para as vizinhanças. Está presente em bombas, compressores, turbinas, agitadores de tanques, etc.
A Figura 4.8 ilustra um exemplo de trabalho de eixo feito sobre um sistema adiabático com o uso de
um impelidor acionado externamente utilizando-se um eixo.
Figura 4.8 - Representação do trabalho de eixo realizado sobre um sistema adiabático.
W F dx PAdx PdV
2
1
W PdV
dV
W P
dt
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 52
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3) Trabalho de fluxo: ocorre somente em sistemas abertos e está associado ao movimento de um fluido
para dentro e para fora de um volume de controle (sistema), conforme ilustrado na Figura 4.9.
Figura 4.9 – Ilustração do trabalho de fluxo em um volume de controle.
4) Trabalho elétrico
Ocorre quando existe fluxo de uma corrente elétrica através da fronteira de um sistema. A força
presente no sistema é uma força eletromotiva em um campo elétrico (onde existe uma diferença de
potencial) e a distância envolvida é a percorrida pelos elétrons em movimento (carga elétrica). Uma
resistência elétrica, por onde circula a corrente elétrica, é responsável por elevar a temperatura do
sistema, assim a transferência de energia não ocorre devido a uma diferença de temperatura, portanto
a transferência não se dá na forma de calor e sim, trabalho. AFigura 4.10 ilustra a diferença entre
trabalho elétrico e calor, mostrando a influência da fronteira delimitada para o sistema.
Figura 4.10 – Diferença entre trabalho elétrico e calor.
2
1
V
W F dl W mPvdt v
m
Pistão
imaginário
W Q
2
1
fluxo
fluxo
fluxo
F PA
W F L P A L
W PV
W PdV
W mPv
(4.8)
(4.9)
(4.10)
(4.11)
(4.12)
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 53
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(4.13)
Potência elétrica (efeito Joule):
V = diferença de potencial elétrico (V - volt)
i = corrente elétrica (A - ampère)
R = resistência elétrica ( -ohm)
1 kJ/s = 1000 V.A
É possível que em um determinado sistema em estudo estejam presentes diferentes formas de
trabalho, por isso é importante verificar cada uma delas e quantificar corretamente na equação da
Primeira Lei da Termodinâmica. Na Figura 4.11 por exemplo, estão presentes quatro formas diferentes
de trabalho: elétrico (proveniente da bateria), eixo (proveniente da rotação da hélice acoplada a um
eixo movido por um motor), compressão (devido ao conjunto pistão-cilindro que atua sobre o sistema) e
trabalho de fluxo (pois trata-se de um sistema aberto, com uma corrente de entrada e uma corrente de
saída).
Figura 4.11 - Ilustração dos diversos tipos de trabalho presentes em um sistema.
Os quatro primeiros tipos de trabalho abordados são os mais frequentes em processos e
equipamentos de engenharia química. Existem ainda outros tipos, descritos a seguir, mas que estão
menos presentes em processos químicos industriais ou porque têm uma magnitude menor que os
anteriores.
5) Trabalho elástico
Presente em sistemas que envolvem uma força elástica, geralmente associadas a molas que
interagem sobre o sistema. É preciso conhecer a relação entre a força (F) e o deslocamento (x). Para
molas elásticas lineares, o deslocamento é proporcional à força: F = k.x
(4.14)
2
1
ddpW F dl W i Vdt V
2W i V Ri
2 2
2 2
2 1
1 1
2
k
W F dl W Fdx kxdx x x
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6) Trabalho viscoso
Fluido em movimento pode exercer uma força de cisalhamento sobre uma superfície sólida ou
contra elementos vizinhos do próprio fluido. Em sistemas abertos com escoamento de fluido,
dependendo da velocidade do fluido na fronteira do sistema, forças viscosas podem ser significativas e
trabalho viscoso deverá ser considerado.
7) Trabalho de campo
Existem diferentes tipos de trabalho de campo. Os principais são:
• Magnético: no qual a força é a força de campo magnético e a distância é o momento dipolar
magnético.
• De polarização elétrica: a força é a força de campo elétrico e a distância é a polarização do meio,
dada pela soma dos momentos de rotação dipolar elétrica das moléculas.
• Gravitacional: força gravitacional e distância percorrida pelo corpo contra o campo. O trabalho
gravitacional é equivalente à variação de energia potencial.
.
4.5 – Primeira Lei da Termodinâmica
A Primeira Lei da Termodinâmica surgiu das observações experimentais de James Prescott Joule,
a partir de estudos desenvolvidos durante o período de 1840 a 1870, nos quais ele procurava entender a
natureza do calor e do trabalho. Em seus elementos essenciais, os experimentos foram muito simples,
porém foram tomadas as devidas precauções para assegurar a sua precisão.
A Figura 4.12 apresenta um esquema da aparelhagem utilizada na mais famosa série de medidas
que ele realizou. Joule colocou quantidades conhecidas de água em um recipiente isolado e agitou essa
água com um agitador rotativo de pás, acoplado a massas que pendiam em uma corda que passava por
uma roldana. As quantidades de trabalho realizadas pelo agitador sobre a água foram medidas com
precisão e as variações na temperatura da água foram cuidadosamente anotadas.
Ele descobriu que, mediante agitação, uma quantidade fixa de trabalho era necessária para
elevar de um grau a temperatura de uma unidade de massa de água. Observou também que a
temperatura original da água poderia ser restabelecida pela transferência de calor através do simples
contato com um corpo mais frio. Dessa forma, Joule pôde demonstrar a existência de uma relação
quantitativa entre o trabalho e o calor e, portanto, que calor é uma forma de energia.
Calor e trabalho podem ser considerados “formas de energia dinâmicas”, pois não podem ser
armazenadas no sistema, sendo observadas apenas na sua fronteira com a vizinhança. Como por
definição eles são formas de se transferir energia, classifica-se qualitativamente o trabalho como a
energia transferida para ou de um estado mecânico do sistema, enquanto que calor é a energia
transferida para estados atômicos ou moleculares, que não são observados macroscopicamente.
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Figura 4.12 – Esquema da montagem experimental utilizada por Joule nos seus
experimentos sobre equivalência entre calor e trabalho.
A Primeira Lei da Termodinâmica é fruto das observações experimentais feitas por Joule, ao
estabelecer a equivalência entre trabalho e calor, pode ser enunciada da seguinte forma: “embora a
energia assuma várias formas, a quantidade total de energia é constante e, quando a energia
desaparece em uma forma, ela reaparece simultaneamente em outras formas”. Assim, a Primeira Lei da
Termodinâmica pode ser resumida como “lei da conservação da energia”. Ela consiste em um modelo
que buscou generalizar as observações experimentais realizadas.
4.6 – Formulação da Primeira Lei da Termodinâmica
O engenheiro químico ao projetar, operar e controlar um processo qualquer, precisa calcular a
quantidade de massa e energia que entra e sai de cada unidade do processo, a fim de dimensionar
corretamente cada equipamento, procurando então otimizar o consumo de energia, de modo a
melhorar a eficiência do processo como um todo. Ao determinar a energia global requerida, ele precisa
conseguir uma conversão aceitável dos recursos energéticos, de modo efetivo e econômico.
Para utilizar a energia é preciso entender os princípios básicos envolvidos na: geração, uso e
transformação desta energia em suas diferentes formas. Para entender o que acontece com a energia,
de onde vem e para onde vai, o engenheiro faz uso de cálculos, que são denominados balanços de
energia, que nada mais são do que a aplicação da Primeira Lei da Termodinâmica, que trata da
conservação da energia.
Balanço de energia = Aplicação da 1a Lei da Termodinâmica
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 56
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4.6.1 – Equação geral da conservação da energia
Analogamente ao processo descrito na obtenção da equação geral da conservação da massa,
pode-se chegar à equação equivalente para a energia, apenas trocando a referência que antes era a
massa, por energia. Assim, para um determinado sistema de interesse, tem-se que:
ENTRA + GERADO - SAI - CONSUMIDO = ACUMULADO (4.15)
que pode ser reescrita da seguinte forma:
EE - ES + EG – EC = EA
na qual E representatodas as componentes de energia presentes e os índices se referem à energia que
entra (E), sai (S), é gerada (G), consumida (C) e acumulada (A). A lei da conservação da energia rege
todos os cálculos envolvendo balanços de energia e nos diz que a energia não pode ser criada nem
destruída, apenas transformada. Esta lei é também conhecida como Primeira Lei da Termodinâmica. Os
termos “gerado” e “consumido” se aplicam somente aos casos em que estão presentes reações
químicas no sistema.
Portanto, da mesma forma como foi apresentada para o balanço de massa, as equações do
balanço de energia podem ser escritas nas formas diferencial e integral, como a seguir:
1 1
n m
sistema
e s
e s
dE
E E
dt
(4.16)
, ,
1 1
tf tfn m
sist f sist o e s
e sto to
E E E dt E dt
(4.17)
na quais os termos do somatório contabilizam todos fluxos de entrada (“e”) e saída (“s”) de energia do
sistema.
Considerando que a energia de um sistema pode ser constituída das componentes interna,
cinética e potencial e que as correntes de entrada e saída podem ser constituídas das componentes
interna, cinética e entalpia (resultado da combinação de energia interna com trabalho de fluxo,
conforme será visto mais à frente) e que além disso poderemos observar entradas e saída de fluxos de
calor e trabalho, as equações (4.16) e (4.17) podem ser reescritas, respectivamente, das seguintes
formas:
, , , ,
1 1 1 1
n n m m
cin pot sistema
ent cin ent pot ent ent sai cin sai pot sai sai j j
ent sai j j
d E E U
m e e h m e e h Q W
dt
(4.18)
na qual E representa energia total e e energia específica (por isso o termo é multiplicado pela vazão
mássica da respectiva corrente, obtendo energia total). Já para os fluxos de calor e trabalho, aplica-se o
sinal da convenção dependendo da direção do fluxo (ver adiante).
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U + Ecinética+ Epotencial= Q W
, , , ,
1 1
m m
cin pot cin pot cin ent cin sai pot ent pot sai ent sai j jfinal inicial
j j
E E U E E U E E E E H H Q W
(4.19)
sendo que os somatórios dos termos de calor e trabalho referem-se à soma de todos os fluxos que
entram e/ou saem do sistema, exceto o trabalho de fluxo, o qual já está embutido no termo de entalpia
(H). A seguir são apresentados alguns casos especiais da Equação 4.19.
A aplicação da Primeira Lei da Termodinâmica em um sistema, ou seja, a realização do balanço
de energia nesse sistema, consiste em avaliar variações da energia no sistema e variações na energia das
vizinhanças. Como a energia deve se conservar, pode-se escrever que:
= variação = estado final - estado inicial
(Energia do Sistema) + (Energia da Vizinhança) = 0
interessam as componentes interessam as formas com que a energia
de energia do sistema é transferida entre sistema e vizinhança
• INTERNA
• CINÉTICA
• POTENCIAL
• CALOR
• TRABALHO
• FLUXO DE MASSA
Balanço de energia geral:
(Energia do Sistema) = U + Ecinética+ Epotencial
(Energia da Vizinhança) = Q W + Emassa-entra-Emassa-sai
a) Sistemas fechados, em estado estacionário, sem reação química
(Energia do Sistema) = U + Ecinética+ Epotencial
(Energia da Vizinhança) = Q W + Emassa-entra-Emassa-sai
0 0
Combinando as variações de energia do sistema e da vizinhança, tem-se então:
(4.20)
que é a expressão da Primeira Lei da Termodinâmica para sistemas fechados.
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 58
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Esta expressão é equivalente à Equação (4.19), apenas com uma diferença importante: é preciso
ter atenção à convenção dos sinais dos termos calor e trabalho, conforme apresentado na Tabela 4.4.
Tabela 4.4 - Convenções de sinais adotadas para a equação da Primeira Lei da Termodinâmica.
Convenção atual (Esistema = Q + W) Convenção antiga (Esistema = Q – W)
Calor é > 0 quando VIZ SIST
Trabalho é > 0 quando VIZ SIST
Calor é > 0 quando VIZ SIST
Trabalho é < 0 quando VIZ SIST
Ambas as equações (4.19) e (4.20) podem ser utilizadas para resolver balanços de energia,
bastando para isso considerar a seguinte equivalência: entradas são considerados estados iniciais e
saídas, estados finais e os sinais das convenções dados na Tabela 4.1. Portanto:
= estado final - estado inicial = saída - entrada
Dessa forma, as equações (4.19) e (4.20) podem ser reescritas das seguintes formas
(considerando que não existem reações químicas e que o processo está em estado estacionário):
Uentra - Usai + Ecin,ent - Ecin,sai + Epot,ent – Epot,sai + Qentra - Qsai + Wentra - Wsai = 0 (4.21)
Ufinal - Uinicial + Ecin,ent - Ecin,sai + Epot,ent – Epot,sai = Q W (4.22)
Na Equação (4.21) não se aplica nenhuma convenção de sinal, bastando apenas identificar e quantificar
corretamente todas as entradas e todas as saídas. Na Equação (4.22) aplica-se a convenção de sinal para
calor e trabalho, conforme a Tabela 4.2, sendo que o índice "final" refere-se às condições na saída do
processo e "inicial" à entrada do processo.
Importante: cabe ressaltar que nos termos Q e W nas Equações (4.21) e (4.22) devem-se
considerar todos os fluxos de calor e todos os tipos de trabalho que ocorrem
na fronteira do sistema em estudo, ou seja, são um somatório de todos os componentes.
Em geral, as componentes de variação das energias cinética e potencial são muito pequenas,
principalmente quando comparadas com os termos de variação da energia interna, calor e trabalho
trocados e por isso podem ser desprezadas. Neste caso, a Equação (4.3) pode ser reescrita da seguinte
forma, considerando a convenção mais atual dos sinais de Q e W:
U = Q + W (variações finitas) (4.23)
dU = Q + W (variações diferenciais) (4.24)
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 59
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Algumas simplificações importantes da Equação (4.20) são frequentemente consideradas em
processos químicos:
1) A energia interna é função da temperatura, da composição química e do estado de agregação do
material do sistema. Ela independe da pressão no caso de gases ideais e também para líquidos e sólidos.
Em sistemas onde não ocorrerem mudanças na temperatura, na fase e na composição química U = 0.
2) Se não há troca de calor entre o sistema e a vizinhança, caso de sistemas perfeitamente isolados
termicamente ou que se encontram em equilíbrio térmico, o sistema é dito ser adiabático e Q = 0.
3) Se não há partes móveis no sistema e não ocorre geração de correntes elétricas ou radiação no
sistema, o termo referente ao trabalho é nulo. W = 0.
b) Sistemas abertos, em estado estacionário, sem reação química
Na equação da Primeira Lei da Termodinâmica, conforme mencionadoanteriormente, o termo
referente ao trabalho deve ser interpretado como um somatório de todos os tipos de trabalho
existentes. No caso de sistemas abertos, onde há fluxo de massa, entrando e saindo, normalmente se
consideram dois tipos de trabalho: trabalho de eixo (Weixo) e trabalho de fluxo (Wfluxo). Outros tipos de
trabalhos que podem ocorrer são: elétrico, elástico, etc. Considerando a hipótese de que no sistema só
estão presentes os trabalhos de eixo e de fluxo, o trabalho total do sistema pode ser calculado pela
soma (Weixo + Wfluxo).
O trabalho de eixo é aquele feito sobre o fluido de processo ou pelo fluido de processo por uma
parte móvel dentro do sistema (rotor, pistão, etc), normalmente associado a equipamentos como
bombas, turbinas, compressores, etc.
Em sistemas abertos, necessariamente sempre haverá no mínimo um tipo de trabalho, que é o
de fluxo, associado à entrada e/ou saída de massa no sistema. Então na equação da Primeira Lei da
Termodinâmica é interessante desmembrar o trabalho de fluxo dos demais tipos de trabalho que
poderão estar ou não presentes no sistema, de acordo com a equação a seguir:
U + EC + EP = Q + Wfluxo + Woutros tipos (4.25)
Considerando a convenção moderna do sinal (trabalho que sai do sistema é negativo), pode-se
escrever a seguinte equação para o trabalho de fluxo (equivalente a trabalho de compressão):
(4.26)
O trabalho de fluxo está associado à energia da massa que entra e sai do
sistema durante o processo, lembrando que o trabalho de fluxo nada mais
é que um trabalho de compressão de um fluido para entrar e sair do
sistema.
2
1
fluxoW PdV
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Se o processo ocorrer à pressão constante ou se a variação de pressão não for muito grande,
pode-se integrar a Equação (4.8) obtendo:
(4.27)
e então substituindo a Equação (4.27) na Equação (4.25), tem-se
(4.28)
que rearranjando
(4.29)
Definindo-se entalpia (h, entalpia específica ou H, entalpia total) como sendo:
h u Pv ou H U PV (4.30)
Por convenção, adotam-se nesta disciplina letras minúsculas para representar grandezas
específicas e letras maiúsculas para grandezas totais. Ex: h em kJ/kg e H em kJ
então a equação do balanço de energia (Primeira Lei da Termodinâmica) para sistemas abertos pode ser
escrita como:
H + EC + EP = Q + Woutros tipos (4.31)
IMPORTANTE ... NÃO ERRE!
, , ,
para gás ideal, pressões baixas
,
h T P u T P Pv T P
h T u T Pv T P
1 2fluxo
W PV PV
1 2C P outrosU E E Q PV PV W
2 2 1 1
( ) ( ) C P outrosU PV U PV E E Q W
Os termos da equação da Primeira Lei da Termodinâmica (nas formas apresentadas pelas
equações 4.4, 4.7 e 4.13) representam componentes totais de energia, ou seja, têm unidade
de energia e não energia por massa ou energia por mol (que são energias específicas). Não se
podem adicionar componentes que representam energias ou entalpias específicas. Este é um
erro muito comum em balanços de energia! Não erre!
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 61
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4.7 – Funções de estado e funções de caminho
Calor e trabalho são duas grandezas termodinâmicas muito importantes que estão presentes em
praticamente todos os processos industriais, em uma maior ou menor extensão e que por isso são
essenciais nos balanços de energia. As principais características dessas grandezas são:
• são observados na fronteira do sistema, portanto são “fenômenos de fronteira”;
• sistemas possuem energia, mas não possuem calor ou trabalho;
• ambos estão associados com um processo, não com um estado. Não têm significado em um estado
termodinâmico;
• ambos são grandezas de caminho, ou seja, sua magnitude depende do caminho seguido durante um
processo, bem como dos estados inicial e final do sistema.
O conceito de grandezas, variáveis ou funções de caminho é melhor entendido quando se define
seu contraponto que são as grandezas, variáveis ou funções de estado. Funções de estado são aquelas
cujas variações só dependem do estado final e inicial do sistema e não do caminho percorrido pelo
sistema para alterar seu estado. Já as funções de caminho dependem, como o próprio nome diz, do
caminho percorrido pelo sistema enquanto sofreu um processo (ou seja, uma alteração de seu estado).
Por exemplo, analisando a Figura 4.13, vemos dois processos possíveis, representados em um
gráfico P-V, entre os estados 1 e 2 de um sistema. No processo A o volume do sistema passa de 2 m3
para 5 m3 e o mesmo ocorre para o processo B. Então o volume pode ser considerado uma função de
estado, pois independentemente do processo sofrido pelo sistema, a variação de seu volume será a
mesma, 3 m3. Já em termos de trabalho, o processo B produz mais trabalho que o processo A.
No caso em questão, tem-se um processo de expansão, com aumento de volume e redução da
pressão, ou seja, o sistema realiza trabalho sobre as vizinhanças e o trabalho de expansão corresponde à
área sob a curva no diagrama P-V. Então o trabalho não é uma função de estado, pois ele dependerá do
caminho definido para que o sistema mude do estado 1 para o estado 2.
Figura 4.13 – Ilustração de funções de estado e funções de caminho.
2
1
2
2 1
1
(e não )W W W
dV V V V
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 62
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A integral de uma função de estado gera uma diferença, um , entre os valores final e inicial
dessa grandeza no sistema. Já a integral de uma função de caminho gera um valor que representa o
total da grandeza no processo, não é uma diferença entre um estado final e inicial, ou seja, não existe,
por exemplo, Q ou W, apenas Q ou W.
A Tabela 4.5 apresenta as principais características de funções de estado e funções de caminho,
bem como exemplos de grandezas que são classificadas em cada um desses dois grupos de funções.
Tabela 4.5 – Características de Funções de Estado e Funções de Caminho.
Funções de Estado Funções de Caminho
Independem da trajetória sofrida pelo sistema para
estabelecer o valor da grandeza
Dependem da trajetória sofrida pelo sistema
para estabelecer o valor da grandeza
Pode ser integrada utilizando os valores final e
inicial
Necessita de múltiplas integrações e limites de
integração para ser integrada
Múltiplas etapas resultam no mesmo valor Múltiplas etapas resultam em valores diferentes
Possuem diferenciais exatas (dx) Possuem diferenciais inexatas (x)
Baseadas no estado estabelecido para o sistema
Baseadas em como o estado do sistema foi
estabelecido
Massa
Energia (interna, entalpia, Gibbs e Helmholtz)
Entropia
Pressão
Temperatura
Volume
Composição química
Volume específico
Massa específica (densidade)
Fugacidade
Calor
Trabalho
Distância
4.8 – Estados de referência e grandezas de estado
Não se pode conhecer, calcular ou medir diretamente o valor absoluto da energia interna
específica (u), que é a energia interna por unidade de massa, ou da entalpia específica (h), para um dado
material do processo. Porém, pode-se determinar a mudança ou variaçãoda energia interna e/ou da
entalpia, correspondente a uma mudança de estado específica, ou seja, a um processo qualquer (que
pode ser uma variação na temperatura, pressão, composição, mudança de fase, uma combinação
desses, etc). Isto pode ser feito, por exemplo, para uma determinada massa m de uma substância,
através de uma mudança específica de estado (processo), de tal modo que todos os termos do balanço
de energia (Q, W, Ec, Ep) sejam conhecidos, exceto U. Uma vez determinado u = (U/m), pode-se
calcular h para a mesma mudança de estado do sistema, através de u Pv .
Os dados de energia interna específica e entalpia específica são tabelados de modo a fornecer
variações de valores em relação a um estado arbitrário escolhido como referência. A este estado de
referência normalmente atribui-se o valor zero para as referidas grandezas. Para caracterizar o estado
de referência são fixadas: a pressão, a temperatura e o estado de agregação da matéria.
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 63
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Normalmente, o estado adotado nas tabelas de vapor para referência é água líquida no ponto
triplo, cujo par P-T é 0,0098 oC e 0,611 kPa (4,58 mmHg), que é a pressão de vapor da água nessa
temperatura, ao qual é atribuído o valor zero para a entalpia. Isto não quer dizer que a entalpia seja
zero nestas condições, mas simplesmente que foi atribuído, arbitrariamente, um valor zero à entalpia
nestas condições. No cálculo das variações de entalpia, as condições de referência cancelam-se, como
pode ser visto a seguir:
estado inicial do sistema estado final do sistema
1 refh h 2 refh h
variação líquida de entalpia = 2 1 2 1ref refh h h h h h
Este tipo de solução encontrada para resolver o problema do cálculo dos valores de energia
interna e entalpia só foi possível devido ao fato delas serem uma função ou grandeza de
estado(conforme abordado no item anterior).
Existem basicamente duas opções de escolha de estados de referência:
1) Estado de referência pré-definido em tabelas e diagramas. Quando são utilizados tabelas e diagramas
para se obter valores de energia interna e entalpia, o estado de referência será, obrigatoriamente, o
estado que consta nessas tabelas e diagramas e que devem ser identificados inicialmente. Uma vez
que se opte por usar esses recursos para obter os valores dessas grandezas, deve-se tomar cuidado
para não utilizar diagramas que misturem estados de referência diferentes para uma mesma
substância.
2) Estado de referência é definido de forma aleatória por quem está resolvendo o problema. Nesse caso,
existe a liberdade de se escolher o estado de referência, o que pode ser útil em termos de atribuir o
valor zero para a entalpia em diversas correntes do processo, desde que elas se encontrem no estado
de referência definido. Porém existe a desvantagem de que as demais entalpias deverão ser
calculadas para cada corrente que não esteja no estado de referência escolhido, o que, em alguns
casos, pode ser muito trabalhoso.
4.9 – Diagramas de substâncias puras e tabela de vapor d’água
Antes de abordar os diferentes diagramas de substâncias puras, é preciso definir o que se
entende por uma substância pura, que é aquela que tem uma composição química homogênea e
invariável, podendo ser constituída de apenas um tipo de átomo ou um tipo de molécula. Os elementos
da tabela periódica são substâncias puras, mas estas também podem ser constituídas de uma mistura
átomos, sendo que o importante para se considerar uma substância como pura é que a mesma tenha
Na resolução dos problemas envolvendo balanços de energia, é preciso sempre
explicitar claramente qual o estado de referência (temperatura, pressão e estado
físico) que está sendo considerado nos cálculos da energia interna e da entalpia.
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 64
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composição química fixa e propriedades físicas bem definidas. As substâncias puras podem existir em
diferentes fases, desde que em cada fase a composição seja constante. As fases de uma substância pura
podem coexistir em equilíbrio.
4.9.1 – Diagrama P-T e pressão de vapor
A descrição feita a seguir baseia-se na Figura 4.14 que apresenta um diagrama P-T para uma
substância pura. A forma qualitativa do diagrama da Figura 4.14 aplica-se a qualquer substância pura,
mas na descrição a seguir, feita para os estados indicados no diagrama, serão utilizadas grandezas da
água, pela maior facilidade de associar dados de temperatura e pressão com estados físicos conhecidos.
Figura 4.14 – Regiões do Diagrama P-T de uma substância pura.
A curva 2-C na Figura 4.14 representa a curva de saturação líquido-vapor (curva de vaporização ou
curva de condensação), indicando o par P-T necessário para que possam coexistir duas fases em
equilíbrio para uma substância pura. A temperatura sobre esta curva é a temperatura de ebulição da
substância numa determinada pressão, denominada pressão de vapor ou pressão de saturação (em
Termodinâmica, saturação e equilíbrio são sinônimos).
A pressão de vapor depende da substância e da temperatura do sistema. Os componentes mais
voláteis têm maior pressão de vapor que os menos voláteis a uma mesma temperatura. Se a pressão de
vapor de uma determinada substância se igualar à pressão do ambiente, ocorrerá a ebulição desta
substância. A pressão de vapor é, portanto, a pressão na qual um líquido entra em ebulição e representa
um estado de equilíbrio (saturação) líquido-vapor. Esta grandeza é muito utilizada em cálculos de
dimensionamento de equipamentos que utilizam um sistema líquido-vapor, como a destilação, por
exemplo.
A pressão de vapor de uma substância é uma grandeza termodinâmica extremamente
importante para o engenheiro químico. Entende-se por pressão de vapor a pressão que vigora num
sistema heterogêneo, em equilíbrio termodinâmico, no qual uma das fases é gasosa, ou seja, é a
pressão exercida por um vapor em equilíbrio com a fase sólida ou líquida da mesma substância.
P
T
Sólido Líquido
Vapor
Tc
Pc
GásGás
FluidoFluido
1
2
3
C
http://www.eq.uc.pt/~eq1amf/equildf.html
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 65
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Exemplos de fenômenos que envolvem o conceito de pressão de vapor são a sublimação (equilíbrio
sólido-vapor) e a vaporização (equilíbrio líquido-vapor).
Na grande maioria dos processos de engenharia química o interesse se concentra no equilíbrio
entre as fases líquido e vapor e por isso, o conceito de pressão de vapor será enfocado para este caso,
relacionando-o também com a entalpia de vaporização. Quando se coloca um líquido em um recipiente
evacuado e fechado, uma parte desse líquido irá se vaporizar. A pressão no espaço acima do líquido irá
aumentar e eventualmente se estabilizará a um valor constante, que é a pressão de vapor.
A pressão de vapor de uma substância pura é função unicamente da temperatura e para uma
dada temperatura só existe uma única pressão na qual as fases líquida e vapor de uma substância pura
podem existir em equilíbrio. Esta pressão também é denominada pressão de saturação (uma vez que
saturação = equilíbrio).
Os pares de temperatura e pressão de saturação são pontos que ficam situadossobre a curva de
saturação (curva de vaporização/condensação) de um diagrama P vs. T (conforme mencionado
anteriormente em relação à Figura 4.14) de uma substância pura, que indica a fronteira entre as fases
líquida e vapor.
Pressão de vapor e ponto de ebulição possuem uma relação íntima. O ponto de ebulição é a
temperatura na qual a pressão de vapor do líquido se iguala à pressão externa (do ambiente). Quando
isso acontece, as moléculas da fase líquida possuem energia suficiente para vencerem as forças
intermoleculares que as mantêm unidas e então ocorre a mudança de fase. Por exemplo, devido ao fato
da pressão atmosférica ser menor a grandes altitudes, o ponto de ebulição de uma substância também
é menor nessas condições. A água tem uma pressão de vapor de aproximadamente 3 kPa na
temperatura ambiente, mas, uma vez que a pressão de vapor sempre aumenta com a temperatura, a
100 oC ela é de 101,325 kPa. Em geral, quanto maior a pressão de vapor de uma substância a uma
mesma temperatura, menor é o seu ponto de ebulição. Em outras palavras, compostos com pressão de
vapor alta são muito voláteis, formando uma concentração alta de vapor acima do líquido.
Por tudo que foi exposto, os valores da pressão de vapor de uma substância são extremamente
importantes nos cálculos das condições de equilíbrio líquido-vapor, necessárias ao projeto e
desenvolvimento de equipamentos e processos de engenharia. Os valores da pressão de vapor podem
ser obtidos de gráficos, tabelas ou então podem ser calculados a partir de equações apropriadas,
principalmente quando não existem dados sobre a substância ou sobre a faixa de temperatura desejada.
A seguir apresentam-se algumas equações para estimar a pressão de vapor de componentes puros.
Quando a fase vapor de um fluido puro se encontra em equilíbrio com a fase líquida, a aplicação
dos critérios de equilíbrio de fases, através do formalismo termodinâmico, deduzir a seguinte equação:
sat
vap
vap
hd P
dT T v
(4.32)
conhecida como equação de Clapeyron, que relaciona a pressão de vapor (Psat) e a temperatura (T), com
a entalpia de vaporização ( vaph ) e a diferença de volume entre o vapor saturado e o líquido saturado
( vapv ).
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 66
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A menos que a pressão seja extremamente alta, o volume específico do líquido é desprezível em
relação ao volume do vapor, portanto, vV Vvapor. Neste caso, assumindo-se que o vapor comporta-se
como um gás ideal, substituindo v por RT/P, a Eq. 4.32 pode ser alterada, obtendo-se a seguinte
equação:
ln
1
sat
vaphd P
d T R
(4.33)
A integração dessa equação permite obter uma relação entre a pressão de vapor e a
temperatura do sistema. Porém, quando se pode admitir que a entalpia de vaporização de uma
substância independe da temperatura, na faixa de temperatura para a qual se dispõe dos valores da
pressão de saturação, podem-se separar as variáveis da Eq. 4.33 e integrar ambos os lados, obtendo-se
então a chamada equação de Clausius-Clapeyron, dada por:
ln
vapsat hP B
RT
(4.34)
na qual B é uma constante que varia de acordo com cada substância. De acordo com a Eq. 4.34 uma
representação gráfica de lnPsat vs. 1/T geralmente fornece uma linha que é aproximadamente uma reta,
com uma inclinação dada
vaph
R
e um intersecção dada por B.
Retornando agora à Figura 4.14, o ponto 2 é denominado ponto triplo e o ponto C é chamado
ponto crítico.
Ponto triplo (P.T.): é aquele no qual três fases (sólido + líquido + vapor) coexistem em equilíbrio.
Nesse ponto existem três fases, à mesma temperatura e pressão e uma única substância. No caso da
água esse ponto é 0,01 oC e 0,611 kPa.
Ponto Crítico (P.C.): é aquele acima do qual não existe distinção entre as fases líquida e vapor, sendo
suas coordenadas a temperatura crítica (Tc) e a pressão crítica (Pc), que formam o par P-T cujos
valores são os mais elevados nos quais uma espécie química pura pode ainda existir em equilíbrio
líquido/vapor. Acima e à direita do ponto crítico nunca podem coexistir duas fases separadas. Essa
região é denominada “região de fluido” ou também “região supercrítica”. Cada substância pura tem
seu próprio ponto crítico, no caso da água esse ponto é 374,15 oC e 22,12 MPa.
Traçando uma reta vertical e outra horizontal pelo ponto crítico, determinam-se duas novas
regiões no diagrama de uma substância pura (vide Figura 4.14). A região situada abaixo da pressão
crítica e acima da temperatura crítica é denominada região de gás e a região situada acima da pressão
crítica e também acima da temperatura crítica é denominada região de fluido.
Embora no dia-a-dia os termos gás e vapor sejam usados como sinônimos e o termo fluido se
aplique tanto a gases como vapores e líquidos, em Termodinâmica suas diferenças são muito bem
definidas. Um vapor pode ser liquefeito por meio de um processo de compressão a temperatura
constante, já um gás, se comprimido à temperatura constante, vira um fluido. Para que ele seja
liquefeito em um processo de compressão, é preciso também reduzir sua temperatura. Completando as
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 67
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curvas representadas na Figura 4.14, a curva 2-3 representa o equilíbrio líquido-sólido e as temperaturas
sobre esta curva são chamadas temperaturas de fusão ou congelamento. A curva 1-2 representa o
equilíbrio sólido-vapor e as temperaturas sobre esta curva são as temperaturas de sublimação.
Uma substância possui muitas temperaturas de ebulição, estes valores dependem da pressão do
sistema. Normalmente nos referimos à pressão atmosférica, quando informamos a alguém sobre o
ponto de ebulição de uma determinada substância. Entretanto, a maneira mais correta de fornecer este
dado é mencionando o par pressão-temperatura. Por isso, devemos nos acostumar a referir à
temperatura normal de ebulição, deixando a entender que nos referimos à temperatura de ebulição a 1
atm de pressão.
Para caracterizar um sistema, faz-se uso da Regra das Fases de Gibbs, que nos diz o número de
variáveis intensivas do sistema (F), composto de fases, e n espécies químicas diferentes. Variáveis
intensivas são aquelas que independem da massa do sistema, sendo que em qualquer ponto do sistema
seu valor é o mesmo (exemplo: pressão, temperatura e fração molar de cada fase presente no sistema).
Portanto o número de variáveis intensivas pode ser entendido como o número de graus de liberdade do
sistema, ou seja, é o número mínimo de variáveis intensivas que são necessárias para se caracterizar o
estado em que o sistema se encontra. Em contraposição a estas variáveis, existem as chamadas
variáveis extensivas, que são aquelas que dependem do tamanho e da massa do sistema, tais como:
volume, entalpia, energia interna. A relação entre duas grandezas extensivas resulta sempre em uma
grandeza intensiva, como por exemplo: volume específico (razão entre o volume do sistema e a sua
massa). A Regra das fases de Gibbs para sistemas sem reações químicas e sem restrições é:
F = 2 - + n (4.35)
Assim, por exemplo, se um sistema é composto de uma mistura de vapor e água líquida ( = 2;
duas fases e n = 1; pois só existe uma substância que é a água), necessita-se de apenas uma variável
intensiva(P ou T) para caracterizá-lo, pois F = 2 + 1 - 2 = 1. Se por um acaso se escolher um valor de T,
há somente um único valor de P correspondente a este valor, que proporciona a existência de uma
mistura de vapor e água, que é exatamente um ponto sobre a curva de equilíbrio líquido-vapor.
Voltemos novamente à Figura 4.14 na qual iremos acompanhar agora um processo de
aquecimento a pressão constante partindo de um ponto A no diagrama até um ponto D, representado
na Figura 4.15.
Figura 4.15 – Processo de aquecimento a pressão constante seguindo a trajetória A-B-D.
P
T
Sólido Líquido
Vapor1
2
3
C
A• •
B
• D
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 68
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Suponha que este processo de aquecimento seja aplicado a um sistema constituído de um
conjunto pistão-cilindro, à prova de vazamentos, no qual calor pode ser adicionado ou retirado
(diminuindo ou aumentando a temperatura interna). O pistão pode se mover livremente e sem atrito,
permitindo alterar o volume do cilindro. Se este cilindro contém inicialmente apenas água líquida a uma
pressão de 1 atm e a 25 oC, este estado pode ser representado por um ponto A na Figura 4.15, que se
situa na região do líquido. Neste estado o líquido é denominado líquido comprimido ou líquido
subresfriado.
Procedendo com um aquecimento (fornecimento de calor sensível) do sistema, mantendo-se a
pressão constante, a temperatura é elevada até que surge a primeira bolha de vapor no sistema,
caracterizando o início do processo de ebulição do líquido. Neste momento o sistema pode ser
representado pelo ponto B que se situa sobre a curva 2-C, cujo par P-T é 1 atm e 100 oC. Este líquido que
contém a primeira bolha de vapor recebe a denominação de líquido saturado (ou ponto de bolha),
indicando que nesse momento já coexistem duas fases em equilíbrio (líquido+vapor), sendo que
saturação e equilíbrio são sinônimos em termodinâmica.
Continuando com o aquecimento do sistema à pressão constante, tem início o fornecimento de
calor latente, que leva à mudança de fase (vaporização) do sistema. Durante o processo de vaporização,
a pressão e temperatura do sistema permanecem constantes, aumentando a quantidade de vapor no
sistema e também seu volume. No instante em que existe no sistema apenas vapor e uma última gota
de líquido, ainda coexistem as duas fases em equilíbrio e o vapor neste estado recebe a denominação de
vapor saturado (ou ponto de orvalho).
Procedendo com novo aquecimento após a vaporização da última gota de líquido, volta-se a
fornecer calor sensível ao sistema. O volume do sistema continua aumentando (expansão do gás devido
ao aquecimento à pressão constante) e também sua temperatura. Neste estado o vapor passa a ser
denominado vapor superaquecido, como o ponto D a 1 atm e 150 oC, por exemplo.
A Figura 4.16 também ilustra essa transição entre os pontos A e D, com destaque para a região
onde as fases líquida e vapor coexistem em equilíbrio (ponto B), desde o aparecimento da primeira
bolha, até o desaparecimento da última gota.
A B (1a bolha) B (L+V)sat B (L+V)sat B (última gota) D
Figura 4.16 – Transição entre o estado de líquido comprimido e vapor superaquecido.
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 69
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Como entre o estado de líquido saturado e vapor saturado os valores de temperatura e pressão,
para uma substância pura, não se alteram, havendo variação apenas na quantidade de vapor presente e
no volume do sistema, é importante definir uma grandeza que auxilie a compreender em que ponto o
sistema se encontra durante o processo de vaporização. Essa grandeza é denominada fração de vapor,
título ou qualidade e é definida como a relação entre a massa de vapor do sistema e sua massa total,
conforme a Equação 4.36:
massa de vapor
Fração de vapor (título)
massa total
x (4.36)
Assim, no estado de líquido saturado tem-se x = 0 e no estado de vapor saturado tem-se x = 1.
Quando 0 < x < 1, tem-se uma mistura de (líquido + vapor) saturados. A Tabela 4.6 apresenta um resumo
do que foi dito até aqui.
Tabela 4.6 - Valores de título em função do estado físico de uma substância pura.
Estado Equivale a Valor do título
Líquido saturado Ponto de bolha x = 0
Vapor saturado Ponto de orvalho x = 1
Mistura intermediárias entre os
estados de líquido e vapor saturados
(L + V)sat 0 < x < 1
Líquido comprimido (subresfriado) ou
Vapor superaquecido
-
Não existe título fora de um
estado de saturação,
portanto não se indica x para
estes estados.
Obs: não existe o adjetivo "supersaturado" aplicado a estes estados físicos.
Em Termodinâmica, uma grandeza intensiva é aquela que não depende da massa (tamanho) do
sistema e seu valor é o mesmo em qualquer parte do sistema. Pressão, temperatura, entalpia específica,
volume específico são exemplos de grandezas intensivas. Para um sistema constituído de uma mistura
de duas fases (líquido + vapor) saturados, uma grandeza específica “G” qualquer desse sistema, pode ser
calculada por meio de uma média ponderada das grandezas de cada fase envolvida, utilizando-se o
conceito de título (fração de vapor), como na Equação 4.37:
1Vsat LsatG x G x G (4.37)
na qual os índices Vsat e Lsat indicam respectivamente os valores das grandezas do vapor saturado e do
líquido saturado. Quando um problema qualquer tratar de um estado de saturação, necessariamente é
preciso especificar o valor de x para que se possam calcular as grandezas termodinâmicas do sistema.
Ou ao contrário, o valor de x pode ser obtido a partir das grandezas termodinâmicas, rearranjando a Eq.
(4.37), obtendo a Eq. (4.38) a seguir:
Lsat
Vsat Lsat
G G
x
G G
(4.38)
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 70
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4.9.2 – Tabela de Vapor d’Água
Em muitas indústrias químicas, principalmente as de maior porte, são utilizadas caldeiras de alta
pressão (operando acima de 3500 kPa). Para fazer uso mais eficiente dos combustíveis queimados
nessas caldeiras, essas empresas geram vapor a alta temperatura e alta pressão, o qual é utilizado em
conjuntos turbo-geradores para obter energia elétrica que é consumida na própria indústria (ou pode
ser até mesmo um produto vendido para outras empresas). Na turbina do conjunto turbo-gerador são
realizadas retiradas laterais de vapor, em diferentes estágios da turbina (vapores de média e baixa
pressão), sendo essas frações utilizadas nos processos industriais como agente de aquecimento ou
transportador de calor. Dependendo dos interesses e das condições operacionais, o vapor gerado na
caldeira também pode ser exclusivamente utilizado como fonte de calor, não estando presente a etapa
de geração de energia elétrica em conjuntos turbo-geradores.
As caldeiras de alta pressão requerem água de excelente qualidade para a geração de vapor com
o objetivo de preservação dos equipamentos que estão inseridos no setor de utilidades da empresa,
evitando depósitos de sais nos tubos (incrustações) e também a corrosão acelerada dos materiais. Esse
setor envolve: sistema de captação de água, tratamento primário e secundário da água, recuperação etratamento de condensado de vapor, torres de resfriamento, caldeiras, turbo-geradores e sistema de ar
comprimido.
Portanto, um grande número de problemas envolvendo balanços de energia utiliza como fonte
principal de energia o vapor de processo, obtido do setor de utilidades em diferentes condições de
temperatura, pressão e vazão, dependendo das necessidades do processo. Assim para realizar cálculos
de balanço de energia envolvendo vapor d’água é fundamental a utilização correta de uma tabela de
vapor que fornece os valores das grandezas necessárias para resolver estes balanços.
É importante mencionar que os procedimentos descritos a seguir aplicam-se a qualquer
substância pura e que existem tabelas similares à Tabela de Vapor d’Água para diversas substâncias,
portanto, entender os conceitos fundamentais descritos a seguir é fundamental para utilizar
corretamente qualquer tabela de grandezas termodinâmicas de substâncias puras. A tabela das
grandezas da água é utilizada como exemplo devido à grande extensão de seu uso e aplicações.
O primeiro passo para se utilizar a Tabela de Vapor é identificar corretamente o estado físico da
água. A identificação do estado físico pode partir de três situações diferentes:
Situação 1: dado um par P-T
Pode-se começar escolhendo uma das duas grandezas (P ou T). Por exemplo, escolhendo P
procura-se a sua respectiva T de saturação na Tabela de Vapor Saturado. Se a T dada for igual à T de
saturação encontrada, então se tem um estado de saturação, que pode ser líquido saturado, vapor
saturado ou uma mistura (líquido + vapor) saturado. A distinção entre essas três possibilidades será
feita, necessariamente, pelo valor do título (x), que, neste caso, deveria ser uma informação adicional
fornecida (caindo então na Situação 2 a seguir). Se a T for inferior à temperatura de saturação então o
estado será líquido comprimido e no caso em que for superior à temperatura de saturação, será então
vapor superaquecido.
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 71
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uLcomp(T) uLsat(T)
vLcomp(T) vLsat (T)
hLcomp(T) hLsat (T)
No caso de se escolher T, procura-se então a sua respectiva P de saturação na Tabela de Vapor
Saturado e segue-se um raciocínio semelhante ao da temperatura, para o caso de P ser igual à pressão
de saturação encontrada. Se a P for inferior à pressão de saturação, então o estado será vapor
superaquecido e quando for superior à pressão de saturação, será líquido comprimido.
Algumas referências trazem valores de saturação também na Tabela de Vapor Superaquecido,
que é o caso da Tabela de Vapor fornecida nesta disciplina (retirada de Smith, Van Ness e Abbott, 2007),
que permite uma terceira opção para essa Situação 1, que é tomar o valor da pressão e procurar na
Tabela de Vapor Superaquecido, pois nela os valores de pressão encontram-se em ordem crescente de
números inteiros. Compara-se então a temperatura dada com o valor de Tsat (valor que fica abaixo do
valor da pressão, entre parênteses), realizando a mesma análise descrita anteriormente para T.
Situação 2: dado um valor do título (x) e um valor de P ou T
Como foi dado um valor para o título (x), então necessariamente, tem-se um estado de
saturação (equilíbrio líquido-vapor). Assim, se foi dado um valor de T a pressão será, necessariamente a
Psat para esta temperatura ou se foi dado um valor de P, a temperatura será então Tsat a esta pressão
(é desnecessário fornecer ambas T e P). As demais grandezas termodinâmicas (U, H, S, V ) são calculadas
por uma média ponderada, dada pela Equação 4.37, apresentada anteriormente, na qual G representa
uma grandeza termodinâmica qualquer e os índices se referem ao valor dessa grandeza para o vapor
saturado (Vsat) e para o líquido saturado (Lsat).
Situação 3: dado um valor de P ou T e uma grandeza termodinâmica específica qualquer
Seja G a grandeza termodinâmica específica fornecida. Toma-se então o valor dado de P ou T e
consultam-se os valores de GVsat e GLsat na tabela para a pressão ou a temperatura tomada. Analisam-se
então as seguintes situações:
Se G = GLsat então é líquido saturado (x = 0)
Se G = GVsat então é vapor saturado (x = 1)
Se G< GLsat então é líquido comprimido
Se G > GVsatentão é vapor superaquecido
Se GLsat < G < GVsat então tem-se mistura (L+V)sat
Nesse último caso, em que se tem uma mistura (L+V)sat é preciso calcular imediatamente o valor
do título, usando-se a Equação (4.38) – obtida da Equação 4.37 – pois ele será necessário para obter os
valores das outras grandezas termodinâmicas utilizando a Equação 4.37.
Para o estado de líquido comprimido, existem tabelas específicas com os valores das grandezas
termodinâmicas para esse estado, mas no caso de não estarem disponíveis, as seguintes aproximações
podem ser realizadas sem grandes erros nos cálculos, considerando-se apenas a temperatura do sistema
e não a pressão:
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 72
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A aproximação dos valores da entalpia do líquido comprimido como sendo a do líquido saturado,
na mesma temperatura é aceitável para os casos em que a pressão do líquido não é muito superior à
sua pressão de saturação na temperatura em questão.
Porém, quando a pressão dada é muito superior à pressão de saturação para a temperatura do
líquido em questão, a entalpia do líquido comprimido pode ser obtida da Equação 4.39 na qual as
variáveis entre parênteses são os argumentos dos quais a grandeza termodinâmica depende (há uma
equação termodinamicamente mais precisa, mas será abordada na disciplina de Termodinâmica).
ℎ(𝑇, 𝑃) = ℎ𝐿𝑠𝑎𝑡(𝑇) + 𝑣𝐿𝑠𝑎𝑡(𝑇) ∙ [𝑃 − 𝑃𝑠𝑎𝑡(𝑇)] (4.39)
Como exercício desse item sugere-se o preenchimento da Tabela 4.7 a seguir.
Tabela 4.7 – Dados termodinâmicos para água em diferentes condições.
T (oC) P (kPa) h (kJ/kg) u (kJ/kg) x Estado do sistema
500 0,7
140 2000
3000 2900
60 4000
1000 0,0
300 3056
4.9.3 – Diagrama P-V
O diagrama pressão-volume P-V de substâncias puras (normalmente utiliza-se na abscissa o
volume molar ou o volume específico) é também bastante útil para compreender alguns conceitos
fundamentais das relações PVT de fluidos.
A Figura 4.17 apresenta um esquema qualitativo de um diagrama P-V típico para as regiões de
líquido, equilíbrio líquido-vapor e de vapor, no qual a curva BC representa os pontos de líquido saturado
e a curva CD os de vapor saturado e o ponto C é o ponto crítico. À esquerda da curva BC tem-se a região
de líquido, à direita da curva CD a região de vapor e abaixo da curva BCD a região de equilíbrio líquido-
vapor. Os pontos ao longo das linhas horizontais dessa região (exemplo J e K) representam todas as
possíveis misturas de líquido e vapor em equilíbrio e vão desde 100% de líquido na extremidade
esquerda até 100% de vapor na extremidade direita.
Neste diagrama é possível observar a variação de volume (expansão) que ocorre quando uma
substância pura muda do estado de líquido saturado até vapor saturado, a T e P constantes, o que não
era possível no diagrama P-T. As linhas tracejadas são isotermas, as quais são bastante inclinadas na
região de líquido, porque o volume de um líquido varia pouco com grandes variações de pressão. A
isoterma da temperatura crítica apresenta uma inflexão no ponto crítico, no qual as fases líquida e
vapor não podem ser distinguidas, pois suas grandezas termodinâmicas tornam-se idênticas. Traçando-
EQ 481 – Capítulo4 – Balanços de Energia 73
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se uma reta horizontal paralela ao eixo de V a partir do valor de Pc é possível definir a região de fluido,
que será aquela que está acima dessa reta horizontal e acima da isoterma de Tc.
Figura 4.17 – Diagrama PV de uma substância pura (Smith et al., 2000).
4.9.4 – Diagrama T-V
O diagrama T-V é similar ao diagrama P-V, apresentando as mesmas regiões identificadas na
Figura 4.17, com a diferença de que no lugar das isotermas, são traçadas curvas de pressão constante
(isóbaras), as quais possuem um comportamento inverso ao observado nas isotermas do diagrama P-V,
conforme pode ser observado na Figura 4.18.
Figura 4.18 – Diagrama TV de uma substância pura.
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4.10 – Efeitos térmicos
Em quase toda indústria importante para o engenheiro químico, ocorrem operações
acompanhadas de efeitos térmicos. Estas operações podem ser puramente físicas ou podem incluir
reações químicas. Os efeitos térmicos alteram o estado de energia do sistema, seja através de alteração
da temperatura, composição, ou então, através de uma mudança de fase.
Na análise termodinâmica de processos industriais, considerando os efeitos térmicos presentes,
é essencial avaliar o consumo de energia envolvido no processo. Para tanto, faz-se uso da equação geral
do balanço de energia, que nada mais é que a Primeira Lei da Termodinâmica, a fim de quantificar as
fontes de entrada e saída de energia do sistema e também a energia envolvida nas transformações
químicas e físicas ocorridas dentro de um determinado sistema.
Para auxiliar essa tarefa, torna-se necessário acompanhar também todo o material que entra e
sai do processo e as transformações ocorridas nesses materiais. Para isso, toma-se mão de um balanço
de massa do processo, antes de proceder ao balanço de energia ou então ambos podem ser feitos de
forma combinada. A seguir são apresentados os conceitos envolvidos nos balanços de energia
relacionados aos efeitos térmicos.
Os dados de variação de entalpia, relacionados aos efeitos térmicos, normalmente recaem nos
seguintes processos mais comuns:
1- Mudança de pressão a temperatura constante;
2- Mudança de temperatura a pressão constante (calor sensível);
3-Mudança de fase a pressão e temperatura constantes (calor latente);
4- Mistura ou separação de duas ou mais substâncias a pressão e temperatura constantes (calor de
solução);
5- Reações químicas a pressão e temperatura constantes (calores de reação: formação, combustão)
Como a entalpia é uma função de estado, qualquer processo real pode ser desmembrado em
processos hipotéticos que podem envolver algum dos cinco casos anteriores de efeitos térmicos, sobre
os quais estão disponíveis dados sobre as variações de entalpia. Assim, pode-se chegar ao valor da
variação da entalpia do processo real, somando-se os valores de cada processo hipotético adotado e,
conforme mencionado, isso só é possível pelo fato da entalpia ser uma função de estado.
OBS: tem sido observado experimentalmente que a energia interna é aproximadamente
independente da pressão para sólidos e líquidos, assim como o volume específico também o é. Se a
pressão de um sólido ou um líquido varia, mas a temperatura permanece constante, tem-se que: U 0
e H VP. Para os gases ideais, tanto U quanto H independem da pressão e, portanto, se o gás estiver
a uma pressão menor que a crítica, ambas as variações de energia interna e entalpia podem ser
desprezadas, quando o gás sofrer um processo isotérmico de variação da pressão.
Quando utilizar tabelas e diagramas, verificar sempre o estado de referência adotado!
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4.10.1 – Efeitos térmicos sem reações químicas
A – Calor sensível
O calor sensível tem por efeito alterar a temperatura de um sistema (substância ou mistura de
substâncias), elevando-a ou diminuindo-a, através da transferência de calor. A quantidade de calor
requerida para produzir uma mudança específica na temperatura do sistema pode ser determinada a
partir das formas simplificadas da Primeira Lei da Termodinâmica. Quando os termos da variação das
energias cinética e potencial não existem ou podem ser desprezados e quando também não está
presente nenhuma outra forma de trabalho (exceto o trabalho de fluxo em sistemas abertos):
Q = U (sistemas fechados) Q = H (sistemas abertos)
As grandezas que são funções de estado possuem uma propriedade intrínseca que é a de ser
uma diferencial exata. Para um componente puro, pode-se expressar a energia interna apenas em
termos da temperatura (T) e do volume específico ( v ). Assim ( , )u u T v e tomando-se a derivada total,
chega-se a:
v T
u u
du dT dv
T v
(4.40)
Da Equação 4.40 surgem algumas definições de outras grandezas, tais como:
v
u
T
= CV = capacidade calorífica a volume constante,
T
u
v
= este termo pode ser desprezado pois a energia interna varia muito pouco com o volume.
Assim, integrando o termo que define capacidade calorífica a volume constante, entre os estados
1 (inicial) e 2 (final), assumidos por um sistema durante um processo, tem-se:
2 2
2 1
1 1
Vdu u u u C dT (4.41)
Do mesmo modo, tem-se que a entalpia específica também é uma diferencial exata e para uma
substância pura, ela pode ser expressa em termos da temperatura e pressão: h = h(T,P). Então:
P T
h h
dh dT dP
T P
(4.42)
P
h
T
= CP = capacidade calorífica a pressão constante,
T
h
P
= desprezível a pressões moderadas;
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 76
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portanto
2 2
2 1
1 1
Pdh h h h C dT (4.43)
Os conceitos de capacidade calorífica a volume constante e a pressão constante são melhor
visualizados quando se consideram dois importantes processos, que ocorrem com grande frequência
nas indústrias químicas:
Processo a volume constante (isocórico ou isovolumétrico)
Sistema fechado: dU = Q + W
dU = Q (se não existirem outros tipos de trabalho)
U = Q (forma integrada)
Figura 4.19 – Definição de capacidade calorífica a volume constante.
Figura 4.20 – Capacidade calorífica a volume constante em função da temperatura.
V
V
U
C
T
2
1
T
V
T
Q U C dT
VdU C dT
2
1
0
V
V
W PdV
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Processo a pressão constante (isobárico)
Das equações já apresentadas anteriormente, tem-se:
Sistema fechado,processo reversível: dU = Q + W
e se só existir W de compressão ou expansão
U = Q - PV U + PV = Q H = Q
Sistema aberto, ocorrência de trabalho de fluxo: dU = Q + W
e se só existir o W de fluxo
U = Q - PV U + PV = Q H = Q
Para sistemas fechados em que ocorre somente trabalho de compressão/expansão e para sistemas
abertos nos quais só existe trabalho de fluxo, as expressões da Primeira Lei são equivalentes
Figura 4.21 – Definição de capacidade calorífica a pressão constante.
Figura 4.22 – Capacidade calorífica a pressão constante em função da temperatura.
P
P
H
C
T
2
1
T
P
T
Q H C dT
PdH C dT
2 1W R T T
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 78
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Capacidade calorífica x calor específico
Capacidade calorífica ou capacidade térmica é uma medida física quantitativa que especifica a
quantidade de calor que deve ser fornecido a uma determinada massa de um material qualquer para
elevar a sua temperatura em 1 grau (Unidade = J/K). É uma grandeza extensiva da matéria, ou seja,
proporcional ao tamanho do sistema.
O conceito de capacidade calorífica pode ser aplicado a qualquer quantidade do material, mas
comumente é baseado em 1 mol ou em uma unidade de massa da substância. Nesses casos, tem-se
uma capacidade calorífica específica, também denominada calor específico, que é a capacidade
calorífica dividida pela massa da substância ou calor específico molar, se for por unidade de mol. Então
calor específico é definido como a energia requerida para elevar a temperatura de uma unidade de
massa de uma substância de um grau. As unidades de calor específico são
(energia)/(temperatura)(massa ou mol) sendo as mais comumente encontradas em cálculos de
engenharia:
J/(mol.K) cal/(mol.oC) cal/(g.oC) Btu/(lbmol.oF)
O calor específico a pressão constante é função apenas da temperatura e é frequentemente
expresso na forma polinomial (Cp = a + bT + cT2 + dT3 ), sendo os valores de a, b, c e d obtidos de dados
tabelados, que por sua vez foram obtidos ajustando-se esses parâmetros a dados experimentais.
Existem relações simples entre as capacidades caloríficas:
OBS: o calor específico costuma ser descrito como a razão da capacidade calorífica de uma substância
em relação à capacidade calorífica de uma substância referência (normalmente água, por apresentar
capacidade calorífica igual a 1 a cerca de 17 oC), a temperatura desta substância deve ser especificada.
Considerações importantes:
CP é sempre maior que CV (Figura 4.23)
Calor específico é função: da substância; da temperatura; do estado físico (Figura 4.24)
Figura 4.23 – Diferença entre CV e CP.
Figura 4.24 – Calor específico como função da
temperatura.
Líquidos e Sólidos: Cp Cv
Gases Ideais: Cp = Cv + R
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 79
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Para gases ideais, U e H dependem somente de T. Então, nesse caso, as derivadas parciais podem
ser substituídas por derivadas ordinárias.
Para sólidos e líquidos, a expressão de h deve ser reescrita, assumindo a seguinte forma:
2
1
( )
T
P
T
h v P C T dT (4.48)
a qual em processos a pressão constante recai na forma da equação que a originou.
• Relação entre CP e CV
P
V
C
C
(4.49)
Razão entre calores específicos: = f(T)
- para gases monoatômicos, é praticamente constante e igual a 1,67
- para gases diatômicos = 1,40 à temperatura ambiente.
- para gases poliatômicos simples (CO2, SO2, NH3 e CH4) = 1,30
Considerando 1 mol de gás (n = 1):
• Calor específico de sólidos e líquidos
Como sólidos e líquidos podem ser considerados substâncias incompressíveis (volume específico ou
massa específica são constantes) então considera-se CP = CV. Para pequenos intervalos de temperatura,
pode ser utilizado um calor específico médio.
2
2 1̀
1
2
2 1̀
1
V
V
P
P
du c T dT
u u u c T dT
dh c T dT
h h h c T dT
Gás ideal
P V
P V
h u Pv
Pv RT v V n
h u RT
dh du RdT
C dT C dT RdT
C C R
(4.44)
(4.45)
(4.46)
(4.47)
(4.50)
(4.51)
(4.52)
(4.53)
(4.54)
(4.55)
(4.47)
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 80
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É importante que o engenheiro saiba buscar fontes de dados de calor específico de substâncias,
a fim de obter dados confiáveis, que tragam segurança para os cálculos de balanços de energia. As
principais fontes são: Perry, R.H. & Green, D.W. “Perry’s Chemical Engineer’s Handbook, 8a edição,
2007, McGraw-Hill, New York; e Reid, R.C.; Prausnitz, J.H. e Poling, B.E, “The Properties of Gases &
Liquids”, 4a edição, McGraw-Hill, New York, 1988.
Dados de calor específico a pressão constante podem ser obtidos principalmente das seguintes
formas:
I) Tabelas: existem tabelas que fornecem constantes de uma equação da forma polinomial, que
relaciona Cp como uma função da temperatura. Ao utilizar estas tabelas deve-se observar:
as unidades de Cp e T;
a faixa válida de T para a qual as constantes de Cp estão disponíveis;
a forma da equação que deve ser utilizada. Normalmente existem duas formas:
Cp(T) = a + bT + cT
2 + dT3 ou Cp(T) = a + bT + cT
-2
Estas formas polinomiais são aplicáveis para gases apenas a pressões onde podem ser
considerados ideais e para a faixa de temperatura para a qual os coeficientes foram ajustados. É
preciso estar atento às referências utilizadas para obter as expressões dos Cp’s, pois existem muitas
formas diferentes de expressá-los.
II) Dados de Cp médio: a capacidade calorífica média a pressão constante de uma substância que vai de
uma temperatura T1, usada como referência para construir uma tabela, até uma temperatura T2 pode
ser escrita como:
2
2 1 1
2 1 2 1
( )
ou
T
T
P P
Cp T dT
h h
C C
T T T T
(4.62)
Para todo o processo, pode-se escrever:
Ph C T (4.63)
2 1
se volume é constante
para sólidos
médio
médio
médio
u c T T
h u Pv
dh du Pdv vdP
dh du vdP
h c T v P
h u c T
(4.56)
(4.57)
(4.58)
(4.59)
(4.60)
(4.61)
(4.47)
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 81
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A Eq. 4.63 se aplica quando T1 é igual à própria temperatura de referência utilizada para
construir a tabela de Cp médio. Quando T1 for diferente dessa temperatura de referência, tomam-se os
valores de Cp médio da tabela nas duas temperaturas em questão e utiliza-se a Eq. 4.64. Ao utilizar
tabelas de Cp médio, deve-se observar atentamente a temperatura de referência adotada.
2 11 2 2 1
( ) ( ) ( )
T TP ref P ref
h T T C T T C T T (4.64)
III) Equações empíricas:
III.A – Regra de Kopp: a regra de Kopp é aplicadapara estimar Cp de sólidos e líquidos a
temperaturas próximas de 20 oC. Ela utiliza o princípio de que o Cp de um composto é dado pelo
somatório dos Cp’s de cada elemento (átomo) do composto.
III.B – Soluções aquosas: como regra geral, na ausência de dados experimentais de Cp’s de
soluções aquosas, utiliza-se apenas o Cp da água.
III.C – Hidrocarbonetos: uma equação para o Cp de hidrocarbonetos líquidos e derivados de
petróleo, recomendada por Fallon & Watson é:
2 o 2 o 30,355 0,128.10 0,503 0,117.10 10 .t .(0,05 0,41)
.om
Btu
Cp API API K
lb F
(4.65)
na qual: oAPI = é uma medida da densidade; t = temperatura em oF e K = fator de caracterização da
Universal Oil Products.
III.D – Líquidos orgânicos: uma relação simples e razoavelmente precisa entre Cp em cal/(g.
oC) a
25 oC e a massa molar é: Cp = kM
a, sendo M a massa molar e k, a são constantes.
III.E – Vapores derivados de petróleo:pode ser estimada pela Equação 4.31:
(4,0 )( 670)
6450
s T
Cp
(4.66)
em que Cp é dado em Btu/(lbm.
oF), T em oF e s é a densidade a 60 oF, tendo como referência o ar
também à mesma temperatura.
III.F – Mistura de gases ou líquidos: para se calcular o calor específico e a entalpia de certas
misturas, algumas regras podem ser adotadas, a saber:
Regra 1: para uma mistura de gases e líquidos, calcula-se a variação total de entalpia como uma soma
das variações de entalpias dos componentes puros da mistura. Desse modo negligenciam-se as
variações de entalpia associadas com a mistura dos componentes (entalpia de solução). Esta
aproximação é muito boa quando se misturam líquidos ou gases similares.
Regra 2: pra soluções altamente diluídas de sólidos ou gases em líquidos, despreza-se a variação de
entalpia do soluto.
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Regra 3: o Cp de uma mistura de gases ou líquidos pode ser obtido a partir de uma média ponderada
em termos dos Cp’s de cada constituinte. Assim:
MIST 1 1 2 2 MIST
1
... ou ( )
n
i i
i
Cp y Cp y Cp Cp y Cp T
(4.67)
sendo que y é a fração mássica ou fração molar do componente i na mistura, dependendo do Cp
utilizado (calor específico ou calor específico molar, respectivamente).
2
1
( )
mist
T
P
T
h C T dT (4.68)
B – Calor latente
O calor latente é o efeito térmico que acompanha as mudanças de fase. Ele é definido como a
variação de entalpia por unidade de massa ou de mol, associada com a mudança de fase de uma
substância, mantidas constantes a pressão e a temperatura, quando se tratar de uma substância pura.
Assim, ao contrário do calor sensível, embora a entalpia do sistema seja alterada, alterando-se seu
potencial energético, a temperatura permanece a mesma. Basicamente são três os calores latentes: de
vaporização, de fusão e de sublimação. Os calores latentes de condensação, solidificação e resublimação
são, respectivamente, o negativo dos três primeiros. O calor latente varia bastante com a temperatura,
porém varia muito pouco com a pressão.
B.1 – Entalpia de vaporização
A entalpia de vaporização, também conhecida como calor latente de vaporização, é a diferença
entre as entalpias da fase vapor e da fase líquida, quando em equilíbrio termodinâmico. É definido como
o calor necessário para vaporizar 1 unidade de matéria (massa ou mol) de um líquido puro a pressão e
temperatura constantes.
A entalpia molar de vaporização é relacionada com a pressão de vapor através da equação de
Clausius-Clapeyron. Para se calcular a entalpia molar de vaporização (hvap) à temperatura de ebulição
normal (Teb), para componentes puros, pode-se utilizar uma das equações a seguir. As unidades básicas
utilizadas são: J, mol, K, bar e Tebr= Teb/Tc.
Equação de Riedel
ln 1,013
1,093
0,930
c
vap c ebr
ebr
P
h RT T
T
(4.69)
Equação de Chen
3,978 3,958 1,555ln
1,07
ebr c
vap eb
ebr
T P
h RT
T
(4.70)
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Equação de Vetere
1 2
0,4343ln 0,69431 0,89584
0,37691 0,37306 0,15075
c ebr
vap eb
ebr c ebr
P T
h RT
T P T
(4.71)
sendo que o erro relativo nessas correlações situa-se normalmente abaixo dos 2%.
Uma fórmula simples para estimar um calor padrão de vaporização (hvap no ponto de ebulição
normal) é a Regra de Trouton, para a qual:
hvap (kJ/mol) 0,088Teb(K) (líquidos não-polares)
(4.72)
hvap (kJ/mol) 0,109Teb(K) (água e álcoois de baixa massa molar)
(4.73)
Variação de vaph com a temperatura
A entalpia de vaporização decresce uniformemente com a temperatura e é igual a zero no ponto
crítico. A equação de Watson a seguir é uma das mais utilizadas para se calcular o valor da entalpia de
vaporização de um componente puro, para uma temperatura T2 a partir de um valor conhecido dessa
grandeza a uma temperatura T1 (sendo Tr a temperatura reduzida, obtida pela relação entre a
temperatura do sistema e a temperatura crítica da substância: Tr = T/Tc):
2 1
2
1
1
1
n
r
vap T vap T
r
T
h h
T
(4.74)
Uma escolha comum para n é 0,375 ou 0,380, mas alguns autores recomendam que n seja obtido
a partir da seguinte equação:
10
0,00264 0,8794eb
vap T
eb
h
n
RT
(4.75)
A entalpia de vaporização também pode ser calculada a partir de um valor conhecido da pressão
de vapor da substância, utilizando-se a equação de Clausius-Clapeyron:
ln
vap
vap
h
P B
RT
(4.76)
em que Pvap = pressão de vapor do líquido à temperatura T e B é um coeficiente associado à substância.
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 84
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B.2 – Entalpia de fusão
É definida nos mesmos moldes da entalpia de vaporização, porém refere-se ao calor necessário
para liquefazer um sólido a pressão e temperatura constantes. Pode ser estimada pela equação:
( / )
=
( )
fusãoh cal gmol
n
T K
(4.77)
na qual n é igual a: 2 a 3 para elementos; 5 a 7 para compostos inorgânicos; 9 a 11 para compostos
orgânicos.
B.3 – Entalpia de sublimação
Calor necessário para vaporizar um sólido puro a pressão e temperatura constantes. As
referências citadas como fontes de dados sobre capacidades caloríficas também são muito utilizadas
para cálculos de calores latentes, seja através de dados tabelados ou então de equações empíricas.
C – Entalpia de mistura ou de separação
Quando duas ou mais substâncias são misturadas a pressão e temperatura constantes, pode
haver liberação ou absorção de calor como resultado das interações moleculares provenientes da
combinação das substâncias.Em geral, utilizam-se duas definições de entalpia de mistura, em função do
estado das substâncias que estão sendo misturadas. Assim:
C.1 – Entalpia (calor) integral de solução: é a variação de entalpia para um processo no qual 1
mol de um soluto (gás ou sólido) é dissolvido em n mols de um solvente (líquido) a temperatura
constante. A nomenclatura utilizada para indicar este efeito é ( , )solh T n
C.2 – Entalpia de mistura: possui o mesmo significado do calor integral de solução, porém,
refere-se ao calor liberado ou absorvido quando se misturam dois líquidos. Sua nomenclatura é: misth .
O calor de separação é o negativo do calor de mistura.
Existem duas formas de se avaliar o calor integral de solução e o calor de mistura. A primeira é
através de tabelas, onde se deve atentar para a temperatura de referência utilizada no levantamento
dos dados. A segunda é através dos diagramas entalpia vs. concentração, que são gráficos de entalpia
específica de uma mistura vs. a porcentagem molar ou mássica de um componente. Estes gráficos
podem representar sistemas de até duas fases. Ao utilizá-los, deve-se observar a escolha de uma base
de cálculo e a temperatura de referência utilizada.
Os termos “calor sensível”; “calor latente”; “calor de reação”; “calor de processo”; “fonte de calor”; etc
não são termos consistentes com o significado termodinâmico de calor! Calor é diferente de energia
térmica e uma vez que calor é algo que se observa apenas na fronteira entre o sistema e a vizinhança, o
termo transferência de calor é redundante!
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4.11 – Aplicações da Primeira Lei a sistemas abertos operando em regime permanente
A Primeira Lei da Termodinâmica é aplicada a diversos equipamentos e dispositivos presentes
em processos industriais, que podem ser considerados sistemas abertos operando em regime
permanente (ou estacionário). Para cada um desses equipamentos e dispositivos, existem simplificações
da Primeira Lei que podem ser adotadas de modo a facilitar os cálculos do balanço de energia. A seguir
são apresentados os casos mais comuns e suas respectivas simplificações:
a) câmaras de mistura – uma câmara de mistura é um sistema onde duas ou mais correntes afluentes
de determinados fluidos se misturam, formando uma única corrente de saída (efluente). Um
exemplo típico é a mistura de uma corrente de água quente, com uma de água fria, por exemplo,
para obter uma corrente de água morna que alimentará um chuveiro.
b) trocadores de calor – são equipamentos projetados para realizar a troca de calor entre dois fluidos
diferentes. Ao contrário da câmara de mistura, esses fluidos não se misturam, pois há uma fronteira
física que os separa. A transferência de calor se dá através dessa fronteira. Um exemplo típico de um
trocador de calor é uma serpentina para gelar chope, na qual a bebida é resfriada por troca térmica
com gelo ou água gelada, que envolve a serpentina; ou então um radiador de automóveis, no qual a
água de refrigeração do motor tem sua temperatura reduzida ao trocar calor com o ar exterior, que
passa através dos tubos por onde a água circula;
c) fluxo em dutos e tubulações – essa é uma aplicação que está sempre presente em qualquer
indústria, pois envolve o transporte de líquidos e gases. O fluxo pode ser considerado estacionário
durante a operação normal da indústria, sendo transiente apenas nas situações de partidas e
paradas. O balanço de energia pode ser aplicado a uma determinada seção da tubulação.
d) turbinas – são dispositivos normalmente utilizados para mover um gerador elétrico em usinas
termoelétricas (a gás ou vapor) e hidrelétricas. Um fluido qualquer realiza trabalho sobre as palhetas
da turbina que estão acopladas a um eixo central. O eixo gira e a turbina produz trabalho de eixo,
que num gerador é transformado em energia elétrica. Também são dispositivos que podem ser
usados para propulsão (ex: aviões) aproveitando a pressão dos gases provenientes de uma câmara
de combustão;
e) compressores, bombas e sopradores – são dispositivos usados para aumentar a pressão de um
fluido, sendo que o trabalho é fornecido a esses dispositivos a partir de uma fonte externa, que faz
girar um eixo (normalmente uma fonte de eletricidade). Compressores são utilizados para elevar a
pressão de gases até valores muito altos e sopradores aumentam pouco a pressão dos gases, tendo
principalmente a função de apenas transportar esses gases. As bombas são dispositivos que servem
para elevar a pressão de um líquido;
f) válvulas de estrangulamento – são dispositivos que impõem algum tipo de restrição ao escoamento
de um fluido, produzindo uma redução significativa na pressão do fluido (líquido ou gás) numa linha
de processo. Os mais comuns são: válvula parcialmente aberta, placa porosa, ou tampa e tubos
capilares;
g) bocais e difusores – bocais são dispositivos que aumentam a velocidade de um fluido à custa de uma
redução da pressão e difusores fazem o processo inverso, aumentando a pressão de um fluido ao
reduzir sua velocidade.
A Tabela 4.8 apresenta as principais características de cada um dos itens citados anteriormente, com
as simplificações de cada um que podem ser adotadas ao se utilizar a Primeira Lei.
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Tabela 4.8 – Simplificações da Primeira Lei para balanços em equipamentos e dispositivos.
Dispositivo/
Equipamento
Esquema
Componentes da Primeira Lei
da Termodinâmica (sistema aberto)
Q W EC EP
Câmara de
mistura
0 0 0 0
Trocador
de calor
(TC)
Depende do
volume de
controle:
0 (se for o TC)
0 (se for um
dos fluidos)
0
0
0
Fluxo em
dutos
0
(se tubo não for
isolado)
0 0 0
(se
tubulação
vertical)
Turbinas
0 0 0 0
Compressores
e bombas
0 0 0 0
Válvula de
estrangulamen
to
0 0 0 0
Bocais
0 0 0 0
Difusores
0 0 0 0
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4.12 – Equações de Estado
As grandezas físico-químicas de um sistema fornecem relações adicionais entre as variáveis
necessárias para os cálculos de balanços de massa e energia. Estas grandezas estão relacionadas com
leis que governam o comportamento das fases do sistema.
As relações PVT de fluidos reais podem ser obtidas das seguintes formas:
• dados experimentais;
• dados tabelados;
• gráficos e diagramas;
• equações de estado;
• programas computacionais específicos (inclusive simuladores de processos).
A obtenção de dados experimentais normalmente demanda um tempo muito extenso e custos
altos, mas por outro lado é possível assegurar maior confiabilidade. Porém não é possível obter dados
experimentais para todas as substâncias existentes, em toda a faixa de pressão, volume e temperatura
desejada, daí a necessidade de se buscar outras formas de se obter esses dados. Os dados tabelados
também apresentam boa precisão, mas são limitados e podem conter erros de impressão, por exemplo.
Gráficos e diagramas são úteis e práticos, porém nem sempre permitem uma leitura precisa. As
equações de estado são uma alternativa interessante, tanto do ponto de vista da precisão dos
resultados obtidos, quanto da faixa de valores utilizados. Paraa obtenção de grandezas da fase vapor,
existem excelentes equações de estado, porém para a fase líquida ainda existem sérias restrições para
uso de equações de estado.
Por exemplo, nos cálculos de projeto de uma coluna de destilação, é necessário saber a pressão
de vapor e a volatilidade relativa dos componentes do sistema; para o dimensionamento de um
cristalizador, necessitam-se dados da solubilidade, em função da temperatura e para um extrator, é
necessário conhecer o coeficiente de distribuição do soluto entre as fases, etc. Nos casos de sistemas
que contenham uma fase gasosa, o comportamento do gás pode ser descrito por uma equação de
estado.
A equação de estado de um gás é uma relação matemática (modelo) que envolve as seguintes
variáveis do sistema: pressão absoluta (P), temperatura absoluta (T), volume (V) e quantidade de
matéria (massa - m ou mols - n). São, portanto,formulações analíticas da relação PVT que são
particularmente convenientes para se efetuar as operações matemáticas necessárias ao cálculo da
energia interna, entalpia, entropia e outras grandezas termodinâmicas.
Equação de Estado
massa ou mol temperatura
volume pressão
é a relação matemática entre os valores das
quatro grandezas necessárias para descrever o
estado de um sistema em equilíbrio
EQ 481 – Capítulo 4 – Balanços de Energia 88
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Existem várias equações de estado e em EQ481 será abordada apenas a equação dos gases
ideais (uma visão mais detalhada de equações de estado é vista na disciplina EQ415 – Termodinâmica I).
Em geral, as maiores diferenças existentes dentre as diversas equações de estado já propostas, estão
relacionadas com a simplicidade do cálculo computacional e com a qualidade dos resultados, no que se
refere a: dados a altas pressões, dados para a fase líquida e para moléculas polares. Para a fase gasosa
as equações de estado são relativamente simples e em número suficiente. Já para a fase líquida são
necessárias equações de estado mais elaboradas, que, porém, devem evitar ser muito complexas.
O comportamento diversificado de fases fluidas conforme mostrado pelos diagramas
apresentados anteriormente (Figuras 4.17 e 4.18), demonstra a dificuldade em se desenvolver teorias
quantitativas que possam gerar equações capazes de reproduzir o comportamento PVT das fases em
toda a extensão de dados. As equações de estado se apresentam como uma boa alternativa para
calcular os dados dessas grandezas e construir os diagramas.
4.12.1 – Equação dos Gases Ideais
Um gás ideal ou gás perfeito é um gás hipotético, que pode ser representado pela equação dos
gases ideais, a qual deriva da teoria cinética dos gases e que se baseia nas seguintes hipóteses:
moléculas possuem volume desprezável; todas as colisões entre átomos e moléculas e entre estes e a
parede do recipiente que os contém são perfeitamente elásticas e não estão presentes forças
intermoleculares entre estes átomos e moléculas, ou seja, não existem forças de interações moleculares
(atração ou repulsão) entre as espécies do sistema. Em um gás ideal a energia interna depende somente
da temperatura. O modelo matemático, ou seja, a equação de estado, que descreve o comportamento
de um gás ideal é:
PV = nRT ou Pv = RT (4.78)
na qual P = pressão absoluta do sistema; V = volume do sistema; v = V/n o volume molar do sistema, T é
a temperatura absoluta do sistema e R é a constante universal do gases. A Tabela 4.9 apresenta diversos
valores para R, os quais são úteis dependendo do sistema de unidades utilizado nos cálculos.
Tabela 4.9 – Valores da Constante universal dos gases (R).
1,987 cal/(mol.K) 8,314 (Pa.m3)/(mol.K)
1,987 Btu/(lbmol.
oR) 8,314 J/(mol.K)
10,73 (psia.ft3)/(lbmol.
oR) 8314 (kPa.cm3)/(mol.K)
0,7302 (atm.ft3)/(lbmol.
oR) 83,14 (bar.cm3)/(mol.K)
1545 (ft.lbf)/(lbmol.
oR) 82,06 (atm.cm3)/(mol.K)
21,9 (inHg.ft3)/(lbmol.
oR) 62365,6 (torr.cm3)/(mol.K)
A equação dos gases ideais é mais adequada para ser aplicada em condições de pressões baixas e
temperaturas altas, nas quais há menos desvios da idealidade, pelo fato dessas condições
desfavorecerem as interações entre as moléculas. O que se entende por baixa ou alta tem a ver com as
grandezas críticas. Esta equação é tanto mais precisa quanto maior for a temperatura do sistema em
relação à temperatura crítica e quanto menor a pressão em relação à pressão crítica da substância que
compõe o sistema (no caso de misturas, dos valores de temperatura e pressão críticas dessa mistura).
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos 89
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5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos
5.1 – Conceitos e definições
Os balanços em sistemas reativos seguem o mesmo procedimento descrito no item 2.5,
entretanto, quando reações químicas estão presentes é necessário primeiro escrever e balancear as
reações que ocorrem no processo, de modo a permitir os cálculos de balanços de massa. Em processos
contínuos em estado estacionário, com reação química, pode-se afirmar que:
entra = sai quando o balanço se refere à massa total;
entra = sai quando o balanço for feito para a massa de uma espécie atômica ou mol de uma
espécie atômica;
entra sai quando o balanço se referir aos mols totais, massa de um componente ou mol de um
componente.
Nos balanços em sistemas reativos, alguns conceitos e definições fundamentais merecem
especial atenção por serem amplamente utilizadas. São eles:
1) Estequiometria: do grego stoicheion = constituinte básico e metrein = medir, é a teoria das
proporções na qual espécies químicas combinam umas com as outras. A equação estequiométrica de
uma reação química é uma representação do número relativo de moléculas ou mols de reagentes e
produtos, que participam da reação. Os números que precedem as fórmulas de cada espécie são os
coeficientes estequiométricos dos componentes da reação. Uma equação estequiométrica válida deve
ser equilibrada, isto é, o número de átomos de cada espécie deve ser o mesmo em ambos os lados da
equação. A razão estequiométrica de duas espécies moleculares que participam da reação é a razão
entre os coeficientes estequiométricos da equação balanceada. Reagentes ou produtos presentes na
proporção estequiométrica são aqueles cuja razão molar é igual à razão estequiométrica, obtida da
equação de reação balanceada.
2) Reagente limitante: é aquele que está presente no meio reacional na menor quantidade
estequiométrica e que, por isso, será o que irá desaparecer (ser consumido) primeiro, caso a reação seja
levada até o fim (Obs: a conversão máxima possível dos reagentes em uma reação química é a
conversão de equilíbrio, que por sua vez depende basicamente da temperatura, pressão e composição
da carga de reagentes alimentada a um reator, e esta conversão pode não ser 100%). O reagente
limitante é aquele que determina a conversão da reação, pois ao desaparecer, a reação deixará de
ocorrer. Todos os demais reagentes presentes são chamados de reagentes em excesso.
3) Reagente em excesso: é aquele presente em excesso estequiométrico em relação ao reagente
limitante.
4) Fração em excesso: é definida para um reagente como
Fração em excesso = exc est
est
n n
n
(5.1)
nexc é o número de mols do reagente que está presente em excesso e nest é o número de mols
correspondente à proporção estequiométrica (necessários para reagir com o agente limitante).
EQ 481 – Capítulo 5 – Balançosde Massa e Energia em Sistemas Reativos 90
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5) Porcentagem em excesso: é a fração em excesso multiplicada por 100.
6) Conversão ou fração de conversão: é a razão entre os mols reagidos de um determinado
reagente e os mols alimentados deste reagente, ou seja, é quantidade do reagente alimentado que
efetivamente reagiu. Deve-se especificar em relação a qual reagente a conversão se refere quando
houver mais de um reagente presente na corrente de alimentação de um reator. Quando não for
especificado, considera-se a conversão com relação ao reagente limitante.
O termo conversão se aplica somente a reagentes e não a produtos!
Em processos envolvendo correntes de reciclo existem dois tipos de conversão:
conversão global do processo;
conversão por passe no reator.
A conversão global é obtida considerando-se como volume de controle (sistema) o processo
inteiro que está sendo analisado, ou seja, interessam apenas as correntes que alimentam e que saem do
sistema global. A conversão por passe considera como volume de controle apenas o reator, ou seja,
interessam somente as correntes que entra e saem do reator. Por exemplo, considerando a Figura 5.1, a
conversão global considera a quantidade de um determinado reagente na corrente 1 (carga
virgem/fresca) e na corrente 4 (produto final), enquanto que a conversão por passe considera a
quantidade desse reagente na corrente 2 (alimentação do reator) e na corrente 3 (efluente do reator).
5 = Reciclo
1 Misturador 2 Reator 3 Separador 4
Figura 5.1 – Esquema de um processo com reação, reciclo e conversões
.
mols de reagente na carga virgem - mols de reagente na corrente final
Conversão global
mols de reagente na carga virgem
(5.2)
mols reagidos no processo global
Conversão global
mols alimentados no processo
(5.3)
mols de reagente entrada do reator - mols de reagente na saída do reator
Conversão por passe
mols de reagente na entrada do reator
(5.4)
Conversão global
Conversão por passe
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7) Porcentagem de conversão: conversão multiplicada por 100.
8) Grau de complementação: é a fração de conversão do reagente limitante.
9) Rendimento: uma definição geral de rendimento, aplicável a qualquer campo de estudo, pode
ser representada pela seguinte equação:
o que se obtém
Rendimento =
o que poderia ter sido obtido
(5.5)
No caso de reações químicas, normalmente o rendimento é definido como a razão entre o
número de mols do produto formado e o número de mols teórico do produto que seria possível ser
formado, caso todo o reagente limitante fosse consumido e não houvesse reações paralelas.
IMPORTANTE: conversão e rendimento não são sinônimos! Em alguns casos podem
assumir valores iguais, mas nem sempre isso irá acontecer!
Encontram-se em alguns livros, outras definições para rendimento, que são apresentadas a
seguir a título de informação adicional:
a) rendimento baseado na alimentação:
alimentado limitante reagente de mols ou massa
desejado produto de mols ou massa
Rendimento (5.6)
b) rendimento baseado em reagente consumido
consumido limitante reagente de mols ou massa
desejado produto de mols ou massa
Rendimento (5.7)
c) rendimento baseado no consumo teórico do reagente limitante:
limitante do total consumo após obtido teórico produto de mols ou massa
desejado produto de mols ou massa
Rendimento (5.8)
Observação: denomina-se carga combinada a corrente formada no misturador, que combina
a carga fresca de alimentação e a corrente de reciclo. Se não há combinação de correntes,
considera-se apenas a corrente que alimenta o reator (carga virgem ou de alimentação).
Conceito importante: em processos com reciclo, operando em estado estacionário, onde todos
os reagentes não consumidos no reator são separados dos produtos e então reciclados, a carga
fresca se constitui exatamente da quantidade de reagentes necessária ao processo, ou seja, a
carga fresca é exatamente a quantidade de reagentes que é consumida no reator e o reciclo é
constituído apenas dos reagentes não consumidos.
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10) Seletividade: é um termo que se aplica quando existem reações paralelas, indesejadas, que
acabam por consumir reagentes para formar produtos que não são de interesse. É definida como:
mols formados de produto desejado
Seletividade
mols formados de produto indesejado
(5.9)
Importante ressaltar que a seletividade se refere a mol de produto formado (seja desejado ou
indesejado) e nesse caso, se já existir alguma quantidade desses produtos na corrente que alimenta o
reator, esses mols não são computados para fins de cálculo de seletividade. Isso ocorre porque o
interesse em definir a seletividade consiste em avaliar de que forma o reagente que está sendo
consumido no reator está formando o produto desejado ou o indesejado.
Em geral, para evitar confusões, é importante definir claramente a seletividade de qual produto
desejado em relação a qual produto indesejado, principalmente quando estão presentes várias reações
paralelas, com a formação de diferentes produtos indesejados. Quando só existe uma reação paralela e
a formação de apenas um produto desejado e um produto indesejado, a aplicação da Equação (5.9) fica
óbvia.
Rendimento e seletividade também são conceitos diferentes. Enquanto o primeiro se refere à
quantidade total de produto formado em um dado processo, considerando a quantidade que poderia
ter sido formada em função do número de mols de reagente alimentado, o segundo está relacionado
com o número de mols de produto desejado que é formado com relação ao número de mols do produto
indesejado que é formado. Valores elevados de rendimento e seletividade significam a supressão de
reações paralelas indesejadas relativamente à reação desejada.
11) Corrente de purga: nos processos onde estão presentes correntes de reciclo, podem ocorrer
dois problemas sérios. Imagine que a corrente de alimentação contenha algum componente inerte ao
processo ou então, que no processo ocorram reações secundárias (em paralelo com a reação principal)
que são responsáveis pela geração de produtos indesejáveis ao processo. Se na sequência do processo,
ao passar pelo separador, não ocorrer nenhuma remoção dos inertes e/ou dos produtos secundários,
eles estarão presentes na corrente de reciclo e retornarão para o início do processo.
Se nada for feito para impedir isso (uma opção é não utilizar uma corrente de reciclo), essas
substâncias (inertes e/ou produtos indesejáveis) irão se acumular progressivamente no processo,
impossibilitando que o estado estacionário seja alcançado. Para evitar esse acúmulo de inertes e/ou
substâncias indesejadas, utiliza-se o recurso de uma corrente de purga, colocando-se um divisor na
corrente de reciclo.
As correntes de purga e de reciclo terão, NECESSARIAMENTE, a mesma composição,
mas têm (quase sempre) vazões diferentes! A corrente de purga é gerada a partir
de um divisor e não de umprocesso de separação e não necessariamente a
corrente que entra no divisor é dividida em duas frações iguais.
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A Figura 5.2 apresenta o esquema de um processo com correntes de purga e reciclo.
Considerando-se este esquema, nos casos em que a corrente de purga for utilizada para remover um
componente inerte presente na corrente de alimentação, a quantidade desse elemento presente na
corrente de purga, com o processo operando em estado estacionário, corresponderá exatamente à
mesma quantidade de inertes presentes na corrente de alimentação (caso não existam inertes
presentes na corrente de produto), pois assim o balanço de inertes no sistema global será fechado.
Divisor Purga
Alimentação Misturador PROCESSO Separador Produto
Figura 5.2 – Esquema de um processo com purga e reciclo.
5.2 – Grau de Avanço
O grau de avanço de uma reação (também chamado de: coordenada de reação, grau de reação,
extensão da reação ou variável de progresso) fornece a medida do quanto uma determinada reação
química ocorreu. Por meio dessa grandeza é possível determinar a composição final da corrente de
produtos que deixa um reator, a partir dos dados da corrente de alimentação do reator e também a
conversão dos reagentes. A forma geral de se escrever uma reação química é:
...... 44332211 AAAA
(5.10)
na qual
i = são os coeficientes estequiométricos das espécies i. Quando tomados sem o módulo, os i são
denominados números estequiométricos que seguem uma convenção de serem positivos (+) para
produtos e negativos (-) para os reagentes. Para espécies inertes os números estequiométricos são
considerados zero;
Ai = representa a fórmula química da espécie i.
Por exemplo a reação de reforma do gás metano, reagindo com vapor d’água para obter os gases
combustíveis CO (monóxido de carbono) e H2 (hidrogênio), é dada por:
CH4(g) + H2O(g) CO(g) + 3H2(g)
da qual, pela estequiometria da reação, sabe-se que 1 mol de metano reage (é consumido) junto com 1
mol de água para formar (produzir) 1 mol de monóxido de carbono e 3 mols de hidrogênio. Esta
proporção da variação do número de mols é sempre mantida, a fim de se respeitar a estequiometria da
Reciclo
Inertes da alimentação são removidos na purga
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reação. Consideremos então alguns exemplos de composição inicial para um sistema que contém as
quatro substâncias que participam da reação química, conforme a Tabela 5.1.
Tabela 5.1 – Exemplos de situações de grau de avanço de uma reação química.
Exemplos de situação CH4 H2O CO H2
1) Composição inicial 1 2 3 4
se reagir 1 mol de metano
a composição final será 0 1 4 7
2) Composição inicial 4 2 0 1
se reagirem 2 mols de água
a composição final será 2 0 2 7
3) Composição inicial 5 4 2 15
se reagirem 3 mols de metano
a composição final será 2 1 5 24
O importante é observar que em cada uma das situações descritas anteriormente na Tabela 5.1,
as variações do número de mols dos componentes (ni) mantêm sempre a mesma proporção entre si e
que esta proporção está relacionada aos coeficientes estequiométricos da reação. Assim, aplicando um
índice às substâncias, pela ordem em que estão na reação, tem-se que:
Situação 1: n1 = -1 n2 = -1 n3 = + 1 n4 = + 3
Situação 2: n1 = -2 n2 = -2 n3 = + 2 n4 = + 6
Situação 3: n1 = -3 n2 = -3 n3 = + 3 n4 = + 9
Considerando então uma variação infinitesimal do número de mols das substâncias (dni) e os
números estequiométricos (i) com a convenção adotada (negativo para reagentes e positivo para
produtos), pode ser escrita a seguinte relação:
4
4
3
3
2
2
1
1
dndndndn
(5.11)
a qual pode ser estendida para uma reação qualquer com n reagentes e m produtos. Como todos os
termos da equação acima são iguais, eles podem ser identificados coletivamente como uma única
grandeza, que irá representar “a quantidade” com que uma reação ocorreu, a qual recebe a
denominação de grau de avanço da reação, caracterizando a extensão ou grau até o qual a equação
ocorreu. Portanto uma definição de coordenada de reação provém da Eq. (5.11) e pode ser dada por:
d
dndndndn
4
4
3
3
2
2
1
1
(5.12)
e a relação geral entre uma variação infinitesimal dn no número de mols de uma espécie da reação
química e d é dada por:
( 1,2,..., )i idn d i N (5.13)
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As duas equações anteriores definem variações de em relação às variações no número de mols
das espécies reagindo. A definição de para cada aplicação se completa através da especificação de
que ela é zero para o estado inicial do sistema, anterior ao início da reação.
Sendo assim, integrando a Eq. (5.13) de um estado inicial no qual ainda não ocorreu a reação, ou
seja, no qual = 0 e ni = nio (número de mols iniciais de cada componente), até um estado alcançado
após a reação de uma quantidade arbitrária de um reagente, fornece;
0
ddn i
n
n
i
i
io
(5.14)
e resolvendo as integrais, tem-se que:
ni = nio+i (i = 1,2,...,N) (5.15)
obs: alguns livros utilizam a letra grega ksi minúscula () para indicar o grau de avanço.
A soma sobre todas as espécies fornece:
i
i
i
io
i
i nnn (5.16)
sendo que
i
i
i
ioo
i
i nnnn
ou
n = no + (5.17)
Desta forma, as frações molares yi das espécies presentes estão relacionadas à coordenada de
reação pela seguinte equação:
i io i
i
o
n n
y
n n
(5.18)
e assim a composição do sistema reacional, em qualquer momento depois de iniciada a reação química,
pode ser determinada com base na sua composição inicial, na estequiometria da reação e conhecendo-
se o ponto até o qual a reação ocorreu, ou seja, seu grau de avanço, que por exemplo, pode ser obtido
por meio da análise quantitativa de um componente qualquer do sistema (reagente ou produto).
Quando duas ou mais reações independentes ocorrem simultaneamente, pode-se introduzir o
subscrito j, para representar o índice da reação e associa-se o valor de um grau de avanço para cada
reação j diferente que ocorrer no sistema. Os números estequiométricos recebem dois subscritos para
identificar a sua associação a uma espécie e a uma reação, de tal modo então que i,j passa a
representar o número estequiométrico da espécie i na reação j. Como o número de mols de uma
espécie ni pode variar em função de várias reações, a equação geral análoga à Eq. (5.13) contémuma
soma e pode ser escrita da seguinte maneira:
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j
j
jii ddn , (i = 1, 2, ..., N) (5.19)
e que integrando de ni = nio e j = 0 até ni e j arbitrários, fornece:
j
j
jiioi nn , (i = 1, 2, ..., N) (5.20)
Somando sobre todas as espécies para obter o número total de mols do sistema, tem-se:
,io i j j
i i j
n n (5.21)
que pode ser reescrita na forma
j
j i
jionn ,
(5.22)
e de forma análoga à definição de para uma única reação, tem-se que ,j i j
i
Então a Eq. 5.21 pode ser escrita como:
j
j
jonn (5.23)
a qual combinada com a Eq. (5.20) permite calcular a fração molar do componente i no sistema
,io i j j
j
i
o j j
j
n
y
n
(i = 1, 2, ..., N) (5.24)
Na realização de balanços de massa em sistemas reativos é muito útil construir uma tabela que
permita visualizar claramente a composição das correntes de entrada e saída do reator, utilizando o
conceito de grau de avanço. Para o exemplo da reação de reforma dado anteriormente:
CH4(g) + H2O(g) CO(g) + 3H2(g)
Considere que a corrente de alimentação tem a seguinte composição (em % molar): 45% CH4,
50% H2O, 2% CO, 3% CO2. Para uma vazão de 100 mol/h dessa corrente, pode-se construir a Tabela 5.2
representativa do balanço de massa no reator.
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Tabela 5.2 – Balanço de massa em um reator de reforma utilizando o grau de avanço.
Substância Entrada Saída yi
CH4 45 45 - (45 - )/(100 + 2)
H2O 50 50 - (50 - )/(100 + 2)
CO 2 2 + (2 + )/(100 + 2)
H2 0 0 + 3 (3)/(100 + 2)
CO2 3 3 (3)/(100 + 2)
Total 100 100 + 2 1,000
Obs: o CO2 é um inerte nessa reação, pois não participa da mesma, mas como ele está presente no
sistema, deve, necessariamente, estar envolvido no balanço de massa, pois afeta a fração molar.
O grau de avanço de uma reação não deve ser confundido com a conversão de um determinado
reagente nesta reação. A conversão é definida como a fração da alimentação ou de algum material da
carga de alimentação (reagente) que é convertida(o) em produtos; além disso, grau de avanço possui
unidade (que será a mesma utilizada para expressar o número de mols no problema).
Para um reagente i qualquer, a conversão então é dada por:
reagidos
Conversão (%) = 100
alimentados
i
i
n
n
(5.25)
O número de mols do componente i que reagiram pode ser obtido da variação entre o número
de mol inicial de i (nio), ou seja, número de mols alimentados no reator e o número de mols ao final da
reação (ni), na saída do reator:
reagidos = i io in n n (5.26)
ou seja
Conversão = io i i
io io
n n n
n n
(5.27)
Por definição, i in , portanto:
Conversão = i i
io io
n
n n
(5.28)
Conversão (%) = 100i
ion
(5.29)
Da Equação (5.29) é possível concluir que o grau avanço de uma reação será igual à conversão
de um determinado reagente i somente quando o coeficiente estequiométrico deste reagente for
igual ao seu número de mol inicial. O valor do (grau de avanço) não deve ser confundido com o
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número de mols que são gerados ou consumidos. Com ele é possível calcular os valores de mols de
produtos gerados e de reagentes consumidos, mas eles não são necessariamente iguais. Eventualmente
isso poderá acontecer, mas dependerá da carga inicial da alimentação e também da extensão com que a
reação ocorre. Assim, por meio do conceito do grau de avanço obtém-se quanto de reagente foi
consumido, para assim poder se calcular sua conversão e então efetuar o balanço de massa do sistema,
seguindo a estequiometria da reação.
É importante também não confundir conversão com rendimento. O termo rendimento em geral
se refere ao produto e aplica-se a sistemas nos quais ocorre mais de uma reação, sendo que em função
da existência de reações paralelas, parte do reagente é consumida sem gerar o produto desejado.
Assim, quando não estão presentes reações paralelas, conversão e rendimento terão o mesmo valor.
Por fim, utilizando-se o conceito de grau de avanço, podemos escrever a equação geral do
balanço de massa, tanto na forma diferencial como na forma integral, adicionando tanto às Equações
(2.8) e (2.9) como às Equações (2.11) e (2.12), os termos referentes ao consumo e geração de
componentes, utilizando a convenção adotada para o número estequiométrico (i), as quais serão então
descritas da seguinte forma:
Balanços Diferenciais
Balanço de massa total =
1 1
n m
sistema
e s
e s
dm
m m
dt
(2.8)
Balanço de massa por componente (i) =
,
, , ,
1 1 1
n m r
i sistema
e i s i i k i k
e s k
dm
m m M
dt
(5.30)
sendo "r" o número total de reações químicas independentes e M a massa molar do componente i. Se
não ocorrer reações químicas no sistema, o último termo da Eq. (5.30) é igual a zero, obtendo-se assim a
Eq. (2.9) que fornece o balanço de massa diferencial para o componente i.
Balanço de mols total = ,
1 1 1 1
n m r c
sistema
e s i k k
e s k i
dn
n n
dt
(5.31)
sendo "c" o número de componentes presentes no sistema.
Balanço de mols por componente (i) =
,
, , ,
1 1 1
n m r
i sistema
e i s i i k k
e s k
dn
n n
dt
(5.32)
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Balanços Integrais
Balanço de massa total = , ,
1 1
tf tfn m
sist f sist o e s
e sto to
m m m dt m dt
(2.11)
Balanço de massa por componente (i) =
, , , , , , ,
1 1 1
tf tf tfn m r
i sist f i sist o e i s i i k i k
e s kto to to
m m m dt m dt M dt
(5.33)
sendo "r" o número total de reações químicas independentes e M a massa molar do componente i. Se
não ocorrer reações químicas no sistema, o último termo da Eq. (5.33) é igual a zero, obtendo-se assim a
Eq. (2.12) que fornece o balanço de massa integral para o componente i.
Balanço de mols total =
, , ,
1 1 1 1
tf tf tfn m r c
sist f sist o e s i k k
e s k ito to to
n n n dt n dt dt
(5.34)
Balanço de mols por componente(i)
, , , , , , ,
1 1 1
tf tf tfn m r
i sist f i sist o e i s i i k k
e s kto to to
n n n dt n dt dt
(5.35)
5.3 – Processos de combustão
Combustão é a reação rápida de um combustível com oxigênio. Os combustíveis mais usados
são: carvão (constituído de C, H2, S e materiais não combustíveis); óleo combustível (constituído
principalmente de hidrocarbonetos pesados e algum enxofre) e combustíveis gasosos (gás natural - CH4
principalmente e gás liquefeito de petróleo - G.L.P., que é o gás de cozinha - propano e/ou butano). Os
produtos de combustão são o dióxido de carbono (CO2), o monóxido de carbono (CO), vapor d’água
(H2O) e dióxido de enxofre (SO2). A temperaturas acima de 1800
oC, algum nitrogênio do ar reage
formando NO.
A importância das reações de combustão está na enorme quantidade de calor que elas liberam.
Este calor pode ser utilizado por exemplo para gerar vapor a alta pressão, que moverá turbinas e
produzirá energia elétrica, ou então pode ser usado diretamente no processo, aquecendo reagentes
e/ou produtos, para favorecer reações ou ainda em processos de evaporação e secagem. Também
possui grande aplicação em processos de separação, com o objetivo de produzir uma fase vapor, que
permita concentrar componentes de interesse em uma das fases. Gases resultantes de processos de
combustão também podem ser usados diretamente em trocadores de calor como fonte de energia.
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Quando combustíveis que contêm carbono são queimados, podem ocorrer dois tipos de reação:
1) Combustão total: são as reações que ocorrem com produção de CO2.
2) Combustão parcial ou incompleta: são as reações que ocorrem com produção de CO.
As reações de combustão parcial são indesejadas pelas seguintes razões: geram menos calor que
as reações de combustão total e além disso geram CO, que é um gás muito mais poluente e tóxico que o
CO. Uma alternativa adotada nas indústrias para minimizar ou eliminar a ocorrência de reações de
combustão parcial é alimentar oxigênio além do estequiométrico requerido para a reação, o qual é
denominado oxigênio em excesso e este é um parâmetro importante em processos de combustão.
A fonte de oxigênio mais utilizada para reações de combustão é o ar atmosférico. As definições
do item anterior, para sistemas reativos, também se aplicam aos processos de combustão (reação de
combustão), porém existem algumas definições que são típicas desses processos, as quais são
apresentadas a seguir:
1) Oxigênio teórico: é a quantidade de oxigênio (em mol) necessária para que ocorra a
combustão completa de todo(s) o(s) combustível(is) alimentado(s) no reator, admitindo que todo o
carbono é oxidado a CO2, todo o hidrogênio a H2O e todo o enxofre a SO2. Portanto, quando se tratar de
uma mistura de combustíveis, o oxigênio teórico ou estequiométrico, deve ser calculado para cada uma
das reações de combustão separadamente e depois somado.
2) Ar teórico: é a quantidade de ar que contém o oxigênio teórico. Para cálculos de engenharia, o
ar atmosférico é considerado como sendo composto por 79 % de N2 e 21 % de O2 (base molar). Cálculos
mais precisos costumam considerar a seguinte composição: 78 % N2, 21 % O2 e 1 % Ar (argônio).
3) Oxigênio em excesso: é a quantidade de oxigênio que excede o teórico para combustão
completa (aqui também se aplica o conceito de ar em excesso, como o ar que excede o teórico p/
combustão completa).
IMPORTANTE
A quantidade de oxigênio em excesso é sempre calculada sobre o valor do oxigênio
teórico, portanto este deve ser calculado primeiramente e devem ser consideradas
todas as reações de combustão possíveis para o sistema, ou seja, a queima de todos os
combustíveis presentes, mas apenas ocorrendo reações de combustão total.
No cálculo do oxigênio em excesso, siga os seguintes passos:
1) Calcule primeiro o oxigênio teórico (estequiométrico) necessário para todas as reações de
combustão presentes.
2) Neste cálculo, considere apenas que irão ocorrer reações de combustão total. Nunca considere
as reações de combustão parcial (em um processo real, você não sabe à priori se elas irão
ocorrer e em qual extensão, por isso o cálculo do oxigênio teórico só considera a combustão
total).
3) Após calcular o oxigênio teórico para todas as reações e somente considerando a combustão
total, aplique então o excesso desejado sobre este valor teórico.
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O principal motivo de não se considerarem as reações de combustão parcial no cálculo do
oxigênio teórico e posteriormente, o oxigênio em excesso, é que sua ocorrência não é possível ser
prevista. Reações de combustão parcial e a extensão em que elas ocorrem só são observadas uma vez
que o processo está em operação. Estequiometricamente, as reações de combustão parcial consomem
menos oxigênio que as de combustão total, portanto, calcular o oxigênio teórico considerando somente
a combustão total irá assegurar o fornecimento de oxigênio para ambas as reações, caso a reação
parcial ocorra.
4) Porcentagem de ar em excesso: é sempre definida com relação ao oxigênio teórico, portanto,
pode ser escrita como a seguinte razão:
100
teórico oxigênio de mols
teórico oxigênio de mols - alimentado oxigênio de mols
excesso em % (5.36)
Portanto, uma vez obtido o valor do oxigênio teórico, a quantidade de oxigênio em excesso pode
ser calculada rearranjando a Equação (5.36), da seguinte forma:
2 2
% excesso
mol de O excesso = mol de O teórico 1 +
100
(5.37)
5) Ar enriquecido: em alguns processos industriais pode-se utilizar um ar com uma porcentagem
de oxigênio maior que a de 21% do ar atmosférico. Este ar denomina-se ar enriquecido. Por exemplo,
quando se diz que um ar está 5% enriquecido significa adicionar esta porcentagem àquela do ar
atmosférico, ou seja, significa então que o ar enriquecido teria a seguinte composição: 26% de O2 e 74%
de N2.
5.3.1 – Análise de Orsat para combustíveis gasosos
A análise de Orsat é um dos métodos mais utilizados para obter a composição dos combustíveis
gasosos, podendo também ser utilizada para análise dos gases gerados no processo de combustão
(fumos). Consiste na absorção seletiva dos diversos gases constituintes do combustível (ou dos fumos)
por intermédio de reagentes específicos. Normalmente, procede-se a análise conforme a seguinte
ordem:
1- absorção de CO2 em solução de hidróxido de potássio;
2- absorção de O2 em ácido pirogálico;
3- absorção de CO em solução de cloreto cuproso amoniacal;
4- havendo outros gases, devem-se empregar outras tantas soluções que absorvam seletivamente cada
um.
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A Figura 5.3 apresenta um esquema do aparto de Orsat utilizado para analisar a composição de
uma mistura gasosa. Trata-se de um aparelho móvel, que pode ser utilizado para coletar amostras em
diferentes locais de uma planta industrial e também em áreas abertas. Não consome energia para
funcionar, é bastante simples de operar e fornece resultados relativamente bem acurados.
Figura 5.3 – Esquema de um aparelho de Orsat para análise de gases.
A análise de Orsat forneceresultados em base seca (ou seja, livre de água), mesmo para uma
mistura de gases contendo água. A água deve ser analisada por outros métodos, tais como: secagem
com cloreto de cálcio, ácido sulfúrico concentrado ou sílica-gel; condensando, medir temperatura de
bulbo seco e bulbo úmido, etc. O poder calorífico dos gases pode ser avaliado a partir das entalpias de
combustão dos seus constituintes. A análise em base úmida se refere ao gás de chaminé, que inclui
todos os gases resultantes do processo de combustão.
5.4 – Efeitos térmicos associados a reações químicas
Os efeitos térmicos tais como: calor sensível, calor latente e calor de solução, são utilizados nos
cálculos do balanço de energia, a fim de quantificar a variação de entalpia decorrente de uma
transformação física do sistema (aumento de temperatura, mudança de fase ou alteração na
composição). Além destes efeitos térmicos existem outros que estão associados a uma transformação
química do sistema. São os efeitos que resultam de uma reação química e que acabam por alterar a
“energia” do sistema, sendo necessário quantificá-los a fim de realizar o balanço de energia quando
reações químicas estão presentes no sistema.
A transferência de calor que é observada em sistemas nos quais ocorrem reações químicas, seja
ela do sistema para as vizinhanças ou o contrário, é resultado da energia associada ao rearranjo das
ligações entre os átomos, depois de efetivada a reação.
Uma reação é dita exotérmica se a energia dos produtos for menor que a energia dos reagentes
e nesse caso a variação de entalpia desta reação é negativa (H 0), ou seja, a reação ocorre com
liberação de calor. Este calor liberado corresponde ao excesso de energia dos reagentes em relação à
energia dos produtos. Por outro lado, denomina-se reação endotérmica aquela em que a energia dos
produtos é maior que a dos reagentes. Para estas reações tem-se H 0, sendo necessário que haja
absorção de calor para efetivar a reação. A quantidade de calor absorvido corresponde ao excesso de
energia dos produtos com relação aos reagentes.
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ATENÇÃO: não confundir condições padrão (25 oC e 1 atm) com condições normais (0 oC e 1 atm);
sendo que atualmente a IUPAC recomenda como condições normais 0 oC e 1 bar ou 100 kPa.
5.4.1 – Entalpia de reação
A entalpia de reação, ( , )
r
h T P ,é uma medida da variação de energia (entalpia) para um
processo no qual as quantidades estequiométricas dos reagentes na temperatura T e pressão P, reagem
completamente em uma única reação para formar produtos específicos dessa reação, os quais deverão
estar nas mesmas condições de T e P dos reagentes. A entalpia de reação pode ser então definida
matematicamente pela seguinte relação:
1 1
( , )
n n
r Pi Ri
i i
h T P h h
(5.38)
em que os índices representam: P = produtos; R = reagentes. A Eq. (5.38) também pode ser escrita de
outra forma, dada por:
1
, ,
n
i fi
i
h T P h T P
(5.39)
na qual o símbolo i representa o número estequiométrico, que é o coeficiente estequiométrico da
espécie i que participa da reação, considerando novamente a convenção do sinal (+) quando i for um
produto da reação e (–) quando i for um reagente da reação. O termo ,fih T P corresponde à
entalpia de formação da espécie química i e será tratado mais adiante.
A entalpia de reação é definida para as seguintes circunstâncias:
1) os reagentes são alimentados na quantidade estequiométrica e a reação procede até se completar
inteiramente (ou seja, 100% de conversão dos reagentes).
2) os reagentes e produtos se encontram nas mesmas condições de P e T.
Existem algumas definições e propriedades relativas à entalpia de reação que são importantes e
que devem ser muito bem determinadas. São as seguintes:
1 – Entalpia padrão de reação: é a entalpia de reação medida em condições de pressão e temperatura
tomadas como condições padrão de referência, ou seja, os reagentes e produtos se encontram nestas
condições. Os valores mais utilizados são T = 25 oC e P = 1 atm. Para indicar que o valor medido está nas
condições padrão, utiliza-se o símbolo “o” ao lado do h, ou seja, orh .
2 – Conforme mencionado anteriormente, se rh for negativo, a reação é exotérmica e se for positivo,
será endotérmica.
3 – A pressões baixas e moderadas a entalpia de reação independe da pressão.
4 – O valor da entalpia de reação depende de como se escreve a equação estequiométrica.
5 – O valor da entalpia de reação depende do estado de agregação (sólido, líquido ou gasoso) dos
reagentes e produtos.
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos 104
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Por exemplo, na reação de combustão do metano dando como produtos CO2(g) e H2O (líq), tem-
se:
CH4 (g) + 2O2 (g) CO2(g) + 2H2O (l)
o
rh = -212,8 kcal/mol
Naturalmente surge a seguinte pergunta: na reação são liberados 212,8 kcal por mol de quê?
Reagente? Produto? Se houver mais de um reagente ou produto formado, qual deve ser considerado?
Se a reação química fosse escrita de outra forma, o valor da entalpia de reação deve ser alterado, veja o
exemplo a seguir:
2CH4 (g) + 4O2 (g) 2CO2(g) + 4H2O (l)
o
rh = - 425,6 kcal/mol
Então, como utilizar corretamente o valor da entalpia de reação em cálculos de balanço de
energia? A resposta é simples: na reação são liberados 212,8 kcal por mol de grau de avanço, ou seja,
de mol de reagente efetivamente consumido ou de produto formado. É importante considerar o valor
para o grau de avanço sempre para a reação na forma como ela foi apresentada.
Exemplo: 40 mol de CH4 são totalmente queimados com a quantidade estequiométrica de oxigênio, em
uma reação de combustão total. Calcule o calor total liberado, considerando a seguinte reação de
combustão. Dado: CH4 (g) + 2O2 (g) CO2(g) + 2H2O (l)
o
rh = -212,8 kcal/gmol
Se são queimados 40 mol de CH4, então 40 - = 0 e portanto = 40 mol, ou seja são consumidos
80 mol de O2 e produzidos 40 mol de CO2 e 80 mol de H2O. O calor total liberado pela reação é:
o
rQ h (5.40)
ou seja: -212,8 x 40 = -8.512,0 kcal. Se a reação tivesse sido apresentada como
2CH4 (g) + 4O2 (g) 2CO2(g) + 4H2O (l)
o
rh = - 425,6 kcal/mol
então nesse caso, considerando conversão total do metano, 40 - 2 = 0 e portanto = 20 mol e
voltando na Eq. (5.40), ter-se-ia a liberação de: -425,6 x 20 = -8.512,0 kcal. Ou seja, a mesma
quantidade de energia calculada para a reação escrita de outra forma.
Outra forma de interpretar o valor de uma entalpia de reação é considerar que ela se aplica aos
coeficientes estequiométricos da reação, da forma como a reação foi escrita e seu valor deve ser lido
considerando-se esses coeficientes. Assim:
o
rh =
4 2 2 2
212,8 kcal 212,8 kcal 212,8 kcal 212,8 kcal
1 mol de CH reagido 2 mol de O reagido 1 mol de CO formado 2 mol de H O formado
e portanto, a estequiometria da reação amarra a relação entre o calor liberado e a quantidade dos
reagentes e produtos!
o
rh =
2 2
212,8 kcal kcal
106,4
2 mol de O reagido mol de O
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Para a reação ocorrer são necessários 2 mol de O2 para cada molde CH4 consumido, portanto, se
reagirem efetivamente 2 mol de oxigênio, o calor total liberado pela reação será de 212,8 kcal.
Ao se calcular a variação de entalpia total, e não a específica, sempre será obtido o mesmo valor,
considerando os coeficientes estequiométricos. Veja um exemplo de como usar entalpia específica e
entalpia específica molar:
o
rh =
4 4
212,8 kcal mol -13,3 kcal
.
1 mol de CH reagido 16 g g CH
o
rh =
2 2
212,8 kcal mol -3,3 kcal
.
2 mol de O reagido 32 g g O
Assim, se 1 g de O2 participa da reação, o calor liberado será de 3,3 kcal. Como 1 g de O2 =
0,03125 mol de O2 e pela estequiometria da reação, 0,03125 mol de O2 requerem 0,015625 mol de CH4
(proporção molar de 2:1), tem-se que 0,015625 mol de CH4 = 0,25 g de CH4. Assim:
o
rh = kcal 3,3- CH de g 25,0 x
CH g
kcal 13,3-
4
4
A dificuldade quando se fala em
o
rh por massa, para uma dada reação química é que torna-se
necessário especificar por massa de qual substância se refere, enquanto que para
o
rh por mol, vale a
proporção estequiométrica da reação! Porém, o H total da reação, deve apresentar sempre o mesmo
valor, independentemente da referência da entalpia específica (por massa ou por mols).
Reações em reatores fechados
No caso de reatores fechados, ou em outras palavras, de sistema fechados, tem-se:
1 1
( )
n n
r Pi Ri
i i
u T u u
(5.41)
Se a reação envolver substâncias sólidas, liquidas e gasosas, então:
os gases são considerados ideais;
o volume específico dos reagentes e produtos, sólidos e líquidos, é desprezível, se comparado com o
dos gases. Assim:
1
( ) ( )
n
r r i
i
u T h T RT
(5.42)
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Medida da entalpia de reação
De uma maneira geral as medidas experimentais dos calores de reação são realizadas num
equipamento denominado calorímetro. O calorímetro consiste de um reator que é imerso em um fluido
dentro de uma câmara adiabática. De modo resumido, o procedimento experimental consiste em
controlar a temperatura e pressão dos reagentes dentro do reator e monitorar a temperatura do fluido
que o envolve. Processa-se a reação e observa-se uma alteração na temperatura do fluido dentro da
câmara adiabática. Esta alteração se deve à transferência de calor entre o reator e o fluido, em
consequência da liberação ou absorção de calor causada pela reação que ocorreu no interior do reator.
Sabendo-se a quantidade de calor transferida entre o reator e o fluido e as capacidades caloríficas dos
reagentes, produtos e do fluido termostático, pode-se calcular o calor de reação. As demais variações de
energia dentro do sistema são consideradas desprezíveis. A Figura 5.3 apresenta o esquema de um
calorímetro.
Figura 5.4 – Esquema de um calorímetro para determinação de calor de reação.
5.4.2 – Entalpia de formação
A entalpia de formação é definida como a energia liberada ou absorvida (variação de entalpia)
necessária para formar 1 mol de um determinado composto, a partir dos seus constituintes atômicos,
no seu estado de agregação mais estável, ou seja, na forma mais comum em que eles ocorrem na
natureza, a temperatura e pressão constantes. Assim, deve-se prestar atenção ao escrever elementos
que sejam biatômicos (F, Cl, Br, I, N, O, H).
A entalpia padrão de formação, ofh , é definida como a entalpia de formação nas condições
padrão e a entalpia padrão de formação de uma espécie elementar é zero! Podem-se utilizar dados da
entalpia padrão de formação de compostos, quando estes estiverem disponíveis, para se calcular a
entalpia padrão de reação de uma reação qualquer, utilizando-se a Lei de Hess (veja item 5.4.4).
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P.C.S = P.C.I. + m.hvap (H2O, 25
oC)
5.4.3 – Entalpia de combustão
Somente um pequeno número de reações de formação pode ser realizado na prática. Para as
demais reações, os dados da entalpia de formação são determinados indiretamente, utilizando valores
dos calores de combustão, determinados experimentalmente em calorímetros.
Define-se calor de combustão como o calor de reação de 1 mol de uma substância (combustível)
com o oxigênio estequiométrico, para fornecer produtos de combustão específicos (que dependem da
constituição atômica do combustível). Se os reagentes e produtos estiverem a 25 oC e 1 atm, o calor de
combustão é denominado calor padrão de combustão:
o
ch .
Os cálculos de calor padrão de combustão supõem que:
1) Todo o C, contido no combustível, é queimado formando CO2 (g).
2) Todo o H, contido no combustível, é queimado formando H2O (líq).
3) Todo o S, contido no combustível, é queimado formando SO2(g).
4) Todo o N, sai na forma de N2 (g).
Poder calorífico
O poder calorífico de um combustível corresponde ao calor total produzido, a volume constante,
quando uma unidade de massa do combustível é completamente queimada com oxigênio puro, em uma
bomba calorimétrica (no caso do poder calorífico de gases, adota-se uma unidade de volume no lugar da
massa). O poder calorífico (P.C.) é numericamente igual ao calor padrão de combustão, porém, com
sinal contrário.
Existem duas maneiras de se expressar o poder calorífico de um combustível, que se diferem
dependendo do estado que se considera para a água presente no sistema após a combustão. O
poder calorífico superior - PCS (também chamado total, bruto ou absoluto) é o calor liberado num
processo de combustão, considerando que toda a água presente nos produtos de combustão, encontra-
se no estado líquido à temperatura de referência. Neste caso, o calor latente de vaporização (ou
condensação) da água está disponível para qualquer propósito.
O poder calorífico inferior - PCI (denominado também líquido ou útil) é o calor liberado na
combustão completa de um combustível, sendo que toda a água presente nos produtos de combustão
se encontra no estado vapor, na temperatura de referência. Isto significa que o calor latente de
vaporização está perdido, ou seja, a quantidade de calor referente ao hvap da água não está disponível.
Para calcular o P.C.I. de um combustível, a partir do P.C.S. ou vice-versa, deve-se calcular a
quantidade de água produzida quando uma unidade de massa do combustível é queimada. A partir daí,
sabendo-se o calor latente de vaporização da água na temperatura de referência (hvap a 25
oC), aplica-
se a seguinte equação:
(5.43)
na qual: m = massa de água produzida (se h for dado em unidades de energia por unidade de massa)
ou mols de água produzida (se h for dado em unidades de energia por unidade molar).
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos 108
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O valor de hvap (H2O, 25
oC) é = 584 kcal/kg = 2442,5 kJ/kg = 44013 kJ/kgmol = 18934 Btu/lb-mol
As unidades mais usuais para o P.C. são: kJ/mol, kcal/kg, Btu/lbmol, kJ/kg e kcal/m3 (este último
para combustíveis gasosos).
OBS: a distinção entre PCS e PCI de um combustível só se
( )mist i iPC x PC (5.44)
em que xi = fração mássica (se PC for dado em energia/massa) ou molar (se PC for dado em
energia/mol) docomponente i da mistura e (PC)i = PC do componente i.
5.4.4 – Lei de Hess
A Lei de Hess baseia-se no fato da entalpia ser uma função de estado, ou seja,
independentemente do caminho que leva a uma alteração do estado do sistema (processo), a variação
de entalpia depende apenas dos valores inicial e final da entalpia do sistema e não dos valores
intermediários. Em outras palavras ela independe da trajetória do processo. Sendo assim, a Lei de Hess
pode ser enunciada da seguinte forma: “a variação de entalpia para qualquer reação depende somente
da natureza dos reagentes e produtos e não depende do número de etapas ou do caminho que
conduz dos reagentes aos produtos”.
Ela é basicamente um procedimento algébrico que permite calcular a entalpia de reação de uma
determinada reação química, a partir de valores conhecidos de rh de outras reações, utilizando o
princípio de que a entalpia é uma função de estado, para construir caminhos hipotéticos de reações
até chegar na reação de interesse, calculando assim a sua variação de entalpia.
Esse caminho hipotético das reações pode utilizar, por exemplo, valores das entalpias de
formação dos reagentes e produtos, que combinados adequadamente irão representar a reação real. A
Equação (5.45) ilustra a Lei de Hess para se obter o valor da entalpia de uma determinada reação a
partir dos valores das entalpias de formação dos produtos e reagentes envolvidos na reação.
1 1 1
i i i
n n n
o o o o
r i i if f f
i produtos reagentes
h h h h
(5.45)
5.5 – Balanços de energia em processos reativos
Antes de se iniciar um balanço de energia deve-se primeiramente escolher as condições de
referência. Estas condições geralmente são aquelas nas quais se conhece o valor do calor de reação a
uma dada temperatura To. Normalmente opta-se por condições nas quais existam dados já tabelados ou
fáceis de serem calculados (em geral estão disponíveis a 25 oC, mas é preciso saber que pode ser
adotado outro valor).
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos 109
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É importante calcular também o grau de avanço das reações envolvidas, pois o balanço de massa
é fundamental para o balanço de energia (em alguns casos, dependendo dos dados fornecidos, poderá
ser necessário fazer primeiro o balanço de energia para então se obter o balanço de massa). Após fixar
as condições de referência, passa-se ao balanço de energia propriamente dito, procurando quantificar
todas as variações de entalpia presentes nas correntes do sistema e os efeitos térmicos que ocorrem, a
fim de obter a variação de entalpia do próprio sistema. Duas situações podem ocorrer:
1) Os reagentes e produtos estão a uma temperatura To (de referência) e também se encontram num
estado de agregação em que a entalpia padrão de reação é conhecida. Neste caso, a entalpia de
reação pode ser obtida pela combinação das entalpias de formação de cada composto presente na
reação, na mesma temperatura de referência, utilizando-se então a Eq. (5.45), a variação de entalpia
do sistema pode ser calculada por:
o
r i i i i
S E
H h n h n h (5.46)
na qual: = grau de avanço da reação (quando houver mais de uma reação presente, deve-se
multiplicar cada entalpia de reação pelo seu respectivo grau de avanço e somar os valores obtidos
para se ter a entalpia de reação total); S = saída; E = entrada (do reator).
2) Os reagentes e produtos estão a uma temperatura diferente da temperatura de referência. Neste
caso, pode-se utilizar o fato da entalpia ser uma função de estado e então se criar um caminho
hipotético que passe por etapas nas quais os dados são conhecidos ou então podem ser calculados.
Nestas etapas poderão estar envolvidos cálculos para diversos efeitos térmicos diferentes:
mudanças de fase (calor latente), alteração da temperatura (calor sensível), alteração da composição
(entalpia de mistura e/ou entalpia de reação).
2.1) Quando os reagentes e produtos estão a uma mesma temperatura, diferente da
temperatura de referência disponível para a entalpia de reação tabelada, a entalpia de reação para essa
nova temperatura pode ser calculada de acordo com as seguintes etapas:
a) abaixamento/elevação da temperatura dos reagentes até a temperatura de referência;
b) realização da reação à temperatura de referência tabelada;
c) elevação/abaixamento da temperatura dos produtos até a temperatura real da reação.
Seja a reação hipotética:
A + 2B C + 3D (25 , 1 atm) 150 kJ/molo orh C
e considerando que A e B são alimentados na proporção estequiométrica a 100 oC e 1 atm. Deseja-se
saber qual é a entalpia dessa reação (hr) a 100
oC e 1 atm.
Por definição de entalpia de reação, os produtos deverão estar na mesma temperatura e pressão
dos reagentes, os reagentes são alimentados na proporção estequiométrica e ocorre 100% de
conversão dos reagentes. Assim, o processo real, para o qual se deseja saber a entalpia de reação é:
A, 2B (100 oC, 1 atm) ?hr C, 3D (100 oC, 1 atm)
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos 110
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Para se calcular a entalpia de reação a 100 oC constrói-se o diagrama de entalpias com as três
etapas mencionadas anteriormente:
A, 2B (100 oC, 1 atm) ?hr C, 3D (100 oC, 1 atm)
(1) (3)
(2)
A, 2B (25oC, 1 atm)
ohr C, 3D (25oC, 1 atm)
Etapa (1): abaixamento da temperatura dos reagentes de 100 oC até a temperatura de referência de
25 oC. O efeito térmico observado nessa etapa é calor sensível, uma vez que a única alteração observada
é a mudança de temperatura.
Etapa (2): reação ocorrendo a 25 oC e 1 atm. O efeito térmico dessa etapa é a entalpia padrão de reação
a 25 oC e 1 atm. Reagentes e produtos encontram-se à mesma temperatura e pressão.
Etapa (3): elevação da temperatura dos produtos de 25 oC até 100 oC. Novamente, o efeito térmico
dessa etapa é calor sensível, uma vez que a única alteração observada novamente é a mudança de
temperatura.
Uma vez identificados os efeitos térmicos de cada uma das etapas hipotéticas utilizadas para
representar o processo de interesse, a variação de entalpia de cada etapa é calculada separadamente e
depois elas são somadas para se obter a variação total de entalpia que representa o processo desejado.
Etapa (1): como estão envolvidos mais de um componente, esta etapa é calculada a partir do somatório
do calor sensível de cada componente (i) do sistema de (k) componentes. No caso, k = 2 e os
componentes são A e B:
25 25
1
1 100 100
T finalk
i i A pA B pB
i Tinicial
H n Cp dT n C dT n C dT
(5.47)
Como nesta etapa estamos multiplicando as integrais pelo respectivo número de mol do
componente, então o resultado dimensional da equação é uma entalpia total e não uma entalpia
específica.
Etapa (2) = nesta etapa ocorre a reação a 25 oC e 1 atm, portanto, a variação de entalpia dessa etapa
corresponde à entalpia padrão de reação na temperatura de referência,
2 (25 ,1 atm) 150 kJ/mol
o o
rh h C a qual também possui unidade de energia/quantidade de
matéria. Para que o valor de variação de entalpia dessa etapa seja dimensionalmente coerente com o
obtido na etapa anterior, precisamos multiplicar a entalpia específica da reação pelo grau de avanço,
portanto:
o2 rΔ h 25 C,1 atm ×εH (5.48)
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Etapa (3) = de forma similar à Etapa (1) esta etapa envolve como efeito térmico apenas o calor sensível,
o qual deve ser calculado também para o somatório de todos os componentes presentes no sistema.
Assim, pode-se reescrever a expressão que permite calcular a entalpia da Etapa (3) da seguinte forma:
100 100
3
25 25
C pC D pDH n C dT n C dT (5.49)
A soma das três etapas descritas anteriormente irá fornecer o calor total liberado na reação
quando ela ocorrer a 100 oC, ou seja, a entalpia total da reação a 100 oC, dada por:
25 25 100 100
o o
100 100 25 25
100 C, 1 atm 25 C,1 atmr r A pA B pB C pC D pDH h n C dT n C dT n C dT n C dT (5.50)
a qual pode ser pode ser reescrita invertendo-se os limites das integrais referentes aos componentes A e
B, de forma a obter
100 100 100 100
o o
25 25 25 25
100 C, 1 atm 25 C,1 atmr r A pA B pB C pC D pDH h n C dT n C dT n C dT n C dT (5.51)
Como A e B deverão ser alimentados na proporção estequiométrica, para que se possa ter o
calor de reação na temperatura desejada, sabe-se que se nA = 1 mol e nB = 2 mol e havendo 100% de
conversão dos reagentes, então nC = 1 mol e nD = 3 mol. Além disso, aplicando-se o conceito de grau
de avanço, verifica-se que nesse caso, = 1 mol. Verifica-se também que o número de mol de cada
componente corresponde, em módulo, ao número estequiométrico do componente na reação (i). O
número estequiométrico é adimensional e o grau de avanço tem unidade de mol. Assim, podemos
reescrever a Equação (5.50) da seguinte forma:
100 100 100 100
o o
25 25 25 25
100 C, 1 atm 25 C,1 atmr r A pA B pB C pC D pDH h v C dT v C dT v C dT v C dT (5.52)
Como os números estequiométricos são constantes, podem ser colocados de volta nas
respectivas integrais e a Equação (5.52) pode ser reescrita como:
100 100 100 100
o o
25 25 25 25
100 C, 1 atm 25 C,1 atmr r A pA B pB C pC D pDH h v C dT v C dT v C dT v C dT
(5.53)
As integrais podem ser agrupadas se considerarmos um termo de somatório da seguinte forma:
i
p i p
i
C C (5.54)
no qual a convenção do sinal do número estequiométrico deverá ser aplicada (negativo para reagentes
e positivo para produtos).
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos 112
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Então a Equação (5.53) poderá ser escrita da forma a seguir:
100
o o
25
100 C, 1 atm 25 C,1 atmr r pH h C dT
(5.55)
Se na Equação (5.55) substituirmos 25 oC por T1 e 100
oC por T2 e dividirmos toda a equação pelo
grau de avanço, iremos obter uma expressão geral que permite calcular a entalpia específica de uma
dada reação a uma temperatura qualquer T2 a partir do valor de sua entalpia específica dado a uma
temperatura T1, dada por:
2
2 1
1
( , ) ( , )
T
o o
r r p
T
h T P h T P C dT (5.56)
Em geral T1 é 25
oC em função de ser a temperatura para a qual a maioria dos dados disponíveis
está tabelada, mas pode ser qualquer outro valor caso esteja disponível e T2 é a temperatura para a qual
se deseja conhecer o valor da entalpia da reação. A Eq.(5.56) não considera efeitos térmicos
associados a mudanças de fase. Se alguma substância mudar de fase no intervalo de temperatura
envolvido (entre T1 e T2), é preciso incluir o calor latente relativo a esta mudança de estado, como uma
etapa adicional do processo hipotético.
2.2) Quando os reagentes e produtos estão em temperaturas diferentes e nenhuma delas é a
temperatura de referência disponível em dados tabelados para a entalpia de reação, continua válida a
construção do diagrama de entalpias, porém a variação de entalpia entre os reagentes e produtos, não
pode mais ser denominada entalpia de reação, pois eles não estão à mesma temperatura. Essa
variação de entalpia é obtida da Primeira Lei da Termodinâmica e todos os outros termos presentes na
Primeira Lei deverão ser considerados, caso existam. Na maior parte dos casos analisados, desprezam-se
as variações de energia cinética e potencial e não estão presentes outros tipos de trabalho que não o
trabalho de fluxo (sistemas abertos). Nesses casos, a variação de entalpia entre reagentes e produtos
será igual ao calor que deverá ser fornecido ou retirado do processo, para que as condições sejam
respeitadas.
Exemplo: tomando a mesma reação anterior, suponha que os reagente estejam a 50 oC e os produtos a
150 oC. Deseja-se saber qual é a variação de entalpia desse processo para o caso em que reagentes são
alimentados em uma proporção não estequiométrica e a conversão do reagente limitante é inferior a
100%. Considere então a corrente de reagentes contendo nA = 5 mol, nB = 8 mol e conversão de 50% do
reagente limitante.
Nesse caso o primeiro passo é proceder com o balanço de massa. Da estequiometria da reação
vê-se que B é o reagente limitante. Então se utilizando a tabela de balanço de massa, tem-se:
Tabela 5.3 – Balanço de massa no reator.
Substância Entrada Saída
A 5 5 -
B 8 8 - 2
C 0
D 0 3
Total 13 13 +
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos 113
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IMPORTANTE: as entalpias das três etapas só podem ser
somadas se forem entalpias totais e não específicas, por isso
deve-se ter atenção às unidades das variáveis!
Para 50% de conversão do reagente limitante, B, conclui-se que: 8 - 2 = 0,5 x 8 = 4 = 2.
Assim, o diagrama de entalpias pode ser construído da seguinte forma:
A = 3 mol
B = 4 mol 150 oC
C = 2 mol 1 atm
D = 6 mol
A = 5 mol
B = 8 mol
50 oC, 1 atm (1) (3)
A = 5 mol A = 3 mol
B = 8 mol (2) B = 4 mol 25 oC
25 oC, 1 atm C = 2 mol 1 atm
D = 6 mol
Etapa (1) = calor sensível =
25 25
50 50
A pA B pBn C dT n C dT
Os limites da integral devem sempre representar as temperaturas utilizadas no processo hipotético.
Nem sempre o limite superior será 25 oC. Dependerá se a entalpia utilizada na Etapa (2) tiver sido
tabelada a esta temperatura. Se o valor estiver disponível para outra temperatura, esta temperatura é a
que deverá ser utilizada como limite superior e não 25 oC.
Etapa (2) = entalpia padrão de reação =
o(25 C,1 atm)orh . Notar que está multiplicado por para
se obter o valor da entalpia total da reação e poder somar com os valores das demais etapas, já que hr
é um valor específico, em geral, J/mol ou cal/mol e tem unidade de mol.
Etapa (3) = calor sensível =
150 150 150 150
25 25 25 25
A pA B pB C pC D pDn C dT n C dT n C dT n C dT
lembrando que da expressão da Primeira Lei da Termodinâmica foram desprezadas as variações das
energias cinética e potencial, bem como todos os outros tipos de trabalho que não o de fluxo.
Processo real: H = Q = H1 + H2 +H3
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos114
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5.5.1 – Processos com condições desconhecidas na saída ou na entrada
Normalmente são fornecidas as condições de entrada e saída de um reator (temperatura,
pressão e composição) e pede-se a taxa de calor que deve ser fornecida ou retirada para que esse
processo ocorra, a qual é obtida por meio de um balanço de energia. Há outra classe de problemas em
que as condições de entrada ou de saída, a taxa de calor e a composição dos produtos são fornecidas e
necessita-se calcular as temperaturas de saída ou entrada. O procedimento é idêntico ao apresentado
no final do item anterior, sendo que agora a incógnita passa a ser uma temperatura.
Portanto, é importante estar atento que existe uma equação – balanço de energia do processo –
e assim, deve existir apenas uma incógnita, que pode ser qualquer variável envolvida no balanço
(temperatura, vazões, composição, conversão, seletividade, calor, etc). Constrói-se o diagrama de
entalpias, somam-se as entalpias das etapas hipotéticas e iguala-se à taxa de calor (para reatores
adiabáticos essa taxa é zero). A expressão obtida terá uma única incógnita e pode ser resolvida
analiticamente ou, se necessário, utilizando-se uma planilha eletrônica ou uma calculadora científica,
por exemplo.
5.5.2 – Temperatura Adiabática de Chama
A temperatura adiabática de chama (TAC), também chamada temperatura teórica de chama, é a
temperatura mais alta que pode ser alcançada em uma reação de combustão. Para que isto aconteça
seria necessária ocorrer um processo de combustão ideal, no qual todas as perdas de energia são
reduzidas a zero e o reator deverá ser um sistema adiabático. Neste caso: H = Q = 0. As perdas de
energia que normalmente ocorrem em um reator são:
perdas por irradiação, através das paredes do reator;
perdas por convecção;
perdas devido à ocorrência de reações paralelas indesejáveis, que sejam endotérmicas;
perdas devido à ocorrência de reações de combustão parcial (que são menos exotérmicas que as
reações de combustão total);
perdas devido à não conversão total do combustível.
Portanto, o cálculo da TAC implica em só ocorrer reações de combustão total dos combustíveis
presentes e que todos os combustíveis são totalmente consumidos e, além disso, que o reator opera
adiabaticamente.
O conhecimento do valor da TAC é de interesse prático principalmente para projeto de reatores
de combustão (fornos, caldeiras, etc), buscando descobrir a temperatura máxima (que é a temperatura
teórica, sem perdas) a que eventualmente poderão ser submetidos os materiais, que se encontram nas
proximidades da chama.
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos 115
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O cálculo da temperatura adiabática de chama é um caso particular no qual não se conhece a
temperatura de saída do reator e onde são consideradas hipóteses específicas. O termo temperatura
adiabática de chama é utilizado exclusivamente em processos de combustão. Vale lembrar também que
não necessariamente todos os reagentes precisam estar à mesma temperatura, mas os produtos
deverão estar. O importante é sempre detalhar todas as informações do processo, para que os cálculos
sejam feitos corretamente.
A equação que permite calcular a temperatura adiabática de chama nada mais é do que o
balanço de energia no sistema, que pode ser obtido do diagrama de entalpias, no qual são consideradas
as hipóteses mencionadas. Tomemos como exemplo a reação de combustão do metano.
CH4(g) + 2O2(g) CO2(g) + 2H2O(g)
Começando pelo balanço de massa do processo e tomando como base de cálculo 1 mol de CH4,
pela estequiometria da reação serão necessários 2 mol de O2 para consumir todo o metano.
Considerando que este oxigênio é alimentado então na proporção estequiométrica e que seja
proveniente do ar atmosférico, ele virá acompanhado de 7,52 mol de N2. Todo o CH4 e o O2 serão
consumidos, não haverá perdas de calor e nem reações paralelas.
O diagrama de entalpias apresentado a seguir ilustra a decomposição do processo real em
caminhos hipotéticos que, quando combinados, irão permitir o cálculo da temperatura adiabática de
chama (temperatura dos produtos da reação).
N2 = 7,52 mol
CO2 = 1 mol
H2O(vapor)= 2 mol
T2 (= TAC), 1 atm
CH4 = 1 mol (4)
O2 = 2 mol
N2 = 7,52 mol
T1, 1 atm
(1)
(3)
CH4 = 1 mol N2 = 7,52 mol
O2 = 2 mol (2) CO2 = 1 mol
N2 = 7,52 mol H2O(líq) = 2 mol
25 oC, 1 atm 25 oC, 1 atm
A variação de entalpia entre o estado 1 (entrada do reator) e o estado 2 (saída do reator), pode
ser calculada pela soma dos caminhos hipotéticos apresentados no diagrama acima, que neste caso são
os seguintes:
Processo real: H = Q = H1 + H2 +H3 +H4 = 0
N2 = 7,52 mol
CO2= 1 mol
H2O(vapor) = 2 mol
25oC e 1 atm
Processo Real
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos 116
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1) Mudança da temperatura dos reagentes, de T1 até 25
oC (calor sensível), considerando que todos os
reagentes estejam na mesma temperatura inicial. Caso eles estiverem a temperaturas diferentes,
deverão ser aplicados limites diferentes na equação de cálculo do calor sensível.
o
1
25 C
1
1
k
i Pi
i T
H n C dT
(5.57)
em que k = número de espécies químicas presentes, ni= mols da espécie i, Cpi = calor específico molar da
espécie i (se forem utilizados entalpias específicas – energia/massa, a integral deverá ser multiplicada
pela massa da espécie i e não pelo número de mol).
2) Reação de combustão. No caso de combustíveis hidrogenados é preciso estar atento ao dados
utilizados para cálculo da entalpia de reação, no sentido de verificar se são dados que irão fornecer
como produto a água no estado líquido ou no estado gasoso. Por exemplo, caso seja feito uso do PCS
(poder calorífico superior) do combustível, o estado físico da água seria líquido. Se for utilizado o PCI
(poder calorífico inferior) do combustível, o estado físico da água seria vapor. Pode-se também fazer uso
da equação da Lei de Hess, considerando as entalpias de formação de cada produto, no estado físico
desejado.
2
1
i
k
o
i f
i
H h
(5.58)
O grau de avanço corresponde ao número de mol de combustível que é queimado na reação de
combustão e o termo entre parênteses representa a entalpia da reação de combustão.
A entalpia dessa etapa também pode ser calculada por:
2 ( )combustivel combustivelH m PCS (5.59)
na qual mcombustível é a massa do combustível e PCS o poder calorífico superior do combustível (em
energia/massa; se for dado em energia/mol deve-se multiplicar pelo número de mol do combustível, de
forma a obter energia).
3) Vaporização da água: se for utilizado o PCS ao invés do PCI ou se na Equação (5.58) for considerada a
entalpia de formação da água líquida no somatório do cálculo de H2, então será preciso incluir este
passo que considera a vaporização da água. É importante estar atento à necessidadede se considerar a
água como produto gasoso, pois normalmente quando estamos calculando a temperatura adiabática de
chama, estamos nos referindo à mais alta temperatura possível no processo, na qual certamente a água
se encontrará no estado vapor, sendo perdida para a atmosfera junto com os demais produtos da
reação.
3 agua vaporizaçaoH m h (5.60)
EQ 481 – Capítulo 5 – Balanços de Massa e Energia em Sistemas Reativos 117
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Aqui vale lembrar que deverá ser considerada a entalpia de vaporização à temperatura definida no
diagrama de entalpias, que no caso desse exemplo é 25 oC. Obviamente não é possível existir água
vapor a 25 oC e 1 atm. Neste passo portanto, desconsidera-se o efeito da pressão sobre a entalpia de
vaporização (o que é uma simplificação aceitável neste caso).
4) Elevação da temperatura de todos os componentes presentes na saída do reator, de 25 oC até a
temperatura T2 que é considerada a temperatura adiabática de chama (calor sensível). Novamente tem-
se como efeito térmico, o calor sensível.
2
o
4
1 25 C
Tk
i Pi
i
H n C dT
(5.61)
Somando-se as entalpias das quatro etapas e igualando-se a zero, tem-se uma equação com uma única
incógnita que é a temperatura adiabática de chama (T2), a qual pode ser obtida por um cálculo iterativo
simples utilizando-se uma calculadora científica ou uma planilha eletrônica.
EQ 481 – Referências Bibliográficas 118
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
Referências Bibliográficas
FELDER, R.M., ROUSSEAU, R.W., BULLARD, L.G.; “Princípios Elementares dos Processos Químicos”, 4a
edição, LTC Editora, 2018.
HIMMELBLAU, D.M. e RIGGS, J.B. “Engenharia Química – Princípios e Cálculos”, 8a edição, LTC
Editora, 2014.
LUYBEN, W.L.; WENZEL, L.A. “Chemical Process Analysis”, Prentice-Hall Int., Englewood Cliffs, NJ,
1988.
MURPHY, R. M. "Introduction to Chemical Processes – Principles, Analysis, Synthesis", McGraw-Hill,
Chemical Engineering Series, 2007.
PERRY, R.H.; GREEN, D.W. “Perry’s Chemical Engineers’ Handbook”, 8a edição, McGraw-Hill, 2007.
REID, R.C.; PRAUSNITZ, J.M.; POLING, B.E. “The Properties of Gases & Liquids”, 4a edição, McGraw-
Hill, Cingapura, 1988.
SHREVE, R.N. e BRINK Jr., J.A. “Indústrias de Processos Químicos”, 4a edição, Guanabara Dois, Rio de
Janeiro, 1980.
SMITH, J.M.; VAN NESS, H.C.; ABBOTT, M.M. “Introdução à Termodinâmica da Engenharia Química”,
7a edição, LTC Editora, 2007.
EQ 481 – Listas de Exercícios 119
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
1a Lista de Exercícios – Conversão de Unidades e Variáveis de Processo
1. Complete a tabela abaixo, realizando as conversões de unidades:
Converter em valor na nova unidade Converter em valor na nova unidade
100 km/h ft/s 300 bar psi
4,56 cm3/min in3/dia 23 (lbm.ft)/min
2 (kg.m)/s2
1,57 g/cm3 lbm/ft
3 26,7 cm4/(min2.g) m4/(ano2.kg)
5,0 N/m2 lbf/in
2 57,5 lbm/ft
3 kg/m3
450 Btu/s J/min 120 hp kJ/min
600 kW Btu/s 0,3 lbm/(h.ft) centipoise (cP)
2. Na expressão do calor específico do metano dada a seguir, a temperatura está em K (kelvin) e as unidades do
Cp dependem das unidades escolhidas para o valor da constante R. Suponha que seja adotado o valor de 8,314
J/(mol.K) para R.
Metano: Cp = R(1,702 + 9,081.10-3T – 2,164.10-6T 2)
Modifique a expressão do Cp:
a) para que se entre com o valor da temperatura em oC e se obtenha o valor de Cp em cal/(g.oC);
Resposta: Cp = 0,4994 + 0,001T – 2,6877.10-7T2
b) para que se entre com o valor da temperatura em oR (graus rankine) e se obtenha o valor de Cp
emBtu/(lbm.
oR)
Resposta: Cp = 0,2113 + 0,0006T – 8,2875.10-8T2
3. A energia cinética é expressa pela seguinte fórmula: Ec = 1/2(mv2), na qual m = massa do sistema e v =
velocidade. Considere que 1 tonelada de água é transportada em um vagão a uma velocidade de 60 mi/h. Qual a
energia cinética dessa água: a) em lbf..ft (265314 lbf..ft); b) joules (359717 J); c) L.atm (3550 L.atm) ?
4. Faça as seguintes conversões:
a) 120 gmol de NaCl em g de NaCl (7020 g) b) 120 g de NaCl em gmol de NaCl (2,05 gmol)
c) 120 lbmolde NaCl em lbm de NaCl (7020 lbm) d) 120 lbmolde NaCl em g de NaCl (3184272 g)
e) 120 gmol de NaCl em lbmde NaCl (15,48 lbm) f) 120 g de NaCl em lbmde NaCl (0,265 lbm)
5. Uma coluna de mercúrio de um manômetro (massa específica = 13,6 g/cm3) tem um diâmetro de 3 mm e
uma altura de 72 cm. Calcule o peso da coluna em newton (0,68 N) e em lbf (0,153 lbf) e a sua massa em lbm
(0,153 lbm).
6. De acordo com o princípio de Arquimedes, a massa de um objeto flutuante é igual à massa do fluido por ele
deslocado. Um cilindro de madeira de 30 cm de altura flutua verticalmente em um tubo de água ( = 1,0 g/cm3) e
o topo do cilindro está a 14,1 cm acima da superfície da água, qual a densidade da madeira ? (0,53 g/cm3)
7. O número de Prandtl (Pr) é um importante grupo adimensional utilizado nos cálculos de transferência de
calor. Ele é definido como Pr = (Cp.)/k onde Cp é o calor específico do fluido, é a viscosidade do fluido e k é a
condutividade térmica desse fluido. Para o caso particular em que essas variáveis são, respectivamente: 0,583
J/(g.oC); 1936 lbm/(ft.h) e 0,286 W/(m.
oC), calcule o valor do número de Prandtl. (1631,4)
8. O número de Reynolds (Re) é um outro grupo adimensional muito importante nos cálculos de engenharia
química, na área de mecânica de fluidos. Supondo que um fluido escoa em uma tubulação de 2,067 in de
diâmetro (D), a uma velocidade 0,048 ft/s (v), com uma viscosidade () de 0,43 cP e que esse fluido possui uma
massa específica () de 0,805 g/cm3. Calcule o número de Reynolds (Re = vD/) desse fluido. (1438)
EQ 481 – Listas de Exercícios 120
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
9. Considere a equação D(ft) = 3t(s) + 4. Se esta equação é válida, quais são as dimensões das constantes 3 e 4 ?
Se a equação é consistente em suas unidades, quais são as unidades de 3 e 4 ? Elabore uma equação para se
obter a distância em metros em função do tempo em minutos. D(m) = 54,864t(min) + 1,2192
10. Após considerável experimentação e análise de dados, a seguinte equação empírica para a queda de pressão
através de um tipo particular de coluna de recheio foi obtida:
15,1
85,185,015,0
D
vN
61,3P
na qual P = queda de pressão em N/m2; = viscosidade do fluido em kg/(m.s); N = profundidade do recheio, em
m; = densidade do fluido, em kg/m3, v = velocidade do fluido, em m/s e D = diâmetro do recheio, em m.
a) Quais são as unidades de 3,61 ? (adimensional)
b) Suponha que as variáveis sejam dadas em unidades do sistema americano de engenharia, as quais deverão ser
usadas diretamente na fórmula, sem fazer a conversão previamente para as unidades do S.I. Modifique a
fórmula de tal modo que a queda de pressão ainda continue sendo dada em N/m2 mas que todas as outras
variáveis entrem na fórmula com unidades do sistema americano de engenharia.
15,1'
85,1'85,0''15,0'
3724,5
D
vN
P
11. A massa específica de um fluido é dada pela seguinte equação empírica:
10(1,2.10 )1,13 Pe
na qual
= massa específicaem g/cm3 e P = pressão em N/m2.
a) Quais são as unidades de 1,13 e de 1,2.10-10 ? (g/cm3 e m2/N)
b) Derive uma fórmula para se obter a massa específica em lbm/ft
3entrando com o valor da pressão em lbf/in
2.
R:
7(8,274.10 )70,5424 Pe
12. A densidade do ar atmosférico diminui com o aumento da altitude. Quando a pressão é de 340 mmHg, qual o
seu valor em polegadas de água e em kPa? (182,2 inH2O e 45,33 kPa)
13. O manômetro num tanque de CO2, utilizado na produção de bebidas carbonatadas, marca 51 psi. Ao mesmo
tempo, um barômetro indica 28 inHg. Qual a pressão absoluta no tanque em psia? (64,75 psia)
14. Ar está passando por um tubo com 4,0 cm de coluna de H2O de vácuo. O barômetro indica que a pressão
atmosférica é de 730 mmHg. Qual a pressão absoluta do gás em polegada de mercúrio? (28,62 inHg)
15. Pequenos animais, ratos por exemplo, são capazes de viver em pressões reduzidas de até 20 kPa (embora não
confortavelmente). Em um teste, um manômetro de mercúrio ligado a um tanque onde estão alguns ratos, marca
64,5 cmHg (pressão relativa de váculo) e o barômetro marca 100 kPa. Os animais irão sobreviver?
(Não, pois P será igual a 14 kPa)
16. Ao medir a vazão de fluidos numa tubulação, pode ser usado um manômetro diferencial para a determinação
da diferença de pressão numa placa de orifício. A vazão pode ser calibrada com a queda de pressão observada.
Calcule a queda de pressão P1 – P2 em pascal para o caso em que o fluido manométrico possui massa
específica igual a 1,1.103 kg/m3 e a diferença de altura do fluido manométrico no manômetro é de 22 mm. O
fluido na tubulação é a água. (21,56 Pa)
EQ 481 – Listas de Exercícios 121
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17. Na etapa de fermentação do mosto do processo de produção de cerveja ocorre a conversão do açúcar a
dióxido de carbono e álcool etílico. O dióxido de carbono (CO2) desprendido na reação é coletado, purificado,
comprimido e armazenado sob pressão, para posteriormente ser utilizado na etapa de carbonatação de cerveja.
a) No tanque de armazenagem do dióxido de carbono o manômetro indica uma pressão de 3 atm. Se a pressão
atmosférica local é de 14,4 psi, qual a pressão absoluta no interior desse tanque em kPa ? (403,3 kPa)
b) Considerando que o CO2 pode ser considerado um gás ideal (PV = nRT) e que ele está armazenado a uma
temperatura de 25 oC, qual a massa de CO2 (em kg) contida nesse tanque se o seu volume é de 17.500 ft
3 ?
(3547,1 kg)
18. Em trocadores de calor, equipamentos que são muito utilizados nas indústrias de processos químicos, a
quantidade de calor transmitida por unidade de tempo pode ser dada pela seguinte equação T.A.UQ na
qual Q = quantidade de calor transferida (em Btu/h); U = coeficiente global de troca térmica ; A = área de troca
térmica (em ft2) e T = é a diferença de temperatura entre os fluidos que trocam calor (em oF).
a) Para que a equação apresentada seja dimensionalmente consistente, quais devem ser as unidades de U ?
b) Como ficaria a equação se você fosse entrar com as unidades de U, A eT no Sistema Internacional de
Unidades mas ainda quisesse que a unidade de Q permanecesse em Btu/h ? (Q = 3,412U.A.T)
19. Quando se trata de substâncias tóxicas, uma informação muito utilizada é aquela denominada Dose Letal 50 -
DL50 que é a quantidade de uma substância química que quando é administrada em uma única dose por via oral,
expressa em massa da substância por massa de animal, produz a morte de 50% dos animais expostos dentro de
um período de observação de 14 dias. Sabendo-se que a DL50 do etanol é de 7000 mg/kg de peso corporal e que 1
garrafa de cerveja de 600 mL contém 18,94 g de álcool, calcule quantas garrafas de cerveja representam a DL50
para um homem de 75 kg. ( 28 garrafas)
20. A vazão mássica de água que é processada no setor de utilidades de uma indústria para ser enviada por uma
tubulação para ser usada no processo de produção pode ser dada pela seguinte expressão: Avm
, na qual
vazão mássica massa específica da água
velocidade da água na tubulação área da seção transversal do tubo circular
m
v A
Se um tubo possui um diâmetro interno de 2 in (também pode ser escrito como 2”), se a água escoa a uma
velocidade de 600 ft/min e se nas condições de escoamento a massa específica da água é de 2,1936 lbm/L, qual
será a vazão mássica da água em kg/s ? (6,15 kg/s)
21. Um gás ideal está armazenado em um tanque a uma temperatura de 30 oC. O manômetro desse tanque indica
uma pressão de 50 psig. A pressão atmosférica local é de 0,98 atm. Utilizando a equação dos gases ideais, calcule:
a) o número de mols de gás no interior desse tanque, sabendo que seu volume é de 1.000 L. (176,18 mol)
b) Se esse gás fosse o metano, qual seria o valor da massa, em kg, presente no interior do tanque ? (2,82 kg)
EQ 481 – Listas de Exercícios 122
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22. Deseja-se queimar 500 gmol/h de metano em uma caldeira de uma indústria para gerar calor para produzir
vapor. Considerando a queima total desse combustível, pergunta-se:
a) qual a vazão molar de oxigênio, necessário para queimar todo esse combustível ? (1000 gmol/h)
b) considerando que tanto o ar como o metano são alimentados na fornalha da caldeira a 1 atm e 100 oC, qual a
vazão volumétrica (em m3/h) de cada um deles, considerando-os como gases ideais ? (ar = 145,81 m3/h e
metano = 15,31 m3/h)
c) sabendo-se que o metano escoa numa tubulação de 0,05 m2 de seção transversal e que sua massa
específica é igual a 2,5 kg/m3, qual a velocidade de escoamento desse gás em m/s ? (0,0178 m/s)
d) qual é a vazão em normal metro cúbico (Nm3) dos gases de combustão efluentes da caldeira, considerando
que todo o metano foi consumido? (119,5 Nm3)
23. Um tanque contém água pressurizada por ar e a pressão é medida por um manômetro de vários fluidos,
conforme mostra a figura a seguir. A pressão atmosférica local é de 85,6 kPa. Determine a pressão do ar no
interior do tanque sabendo que h1 = 10 cm, h2 = 20 cm e h3 = 35 cm. As massas específicas da água, do óleo e do
mercúrio são, respectivamente (em kg/m3): 1000, 850 e 13600. (129,6 kPa)
Água
Ar
Mercúrio
Óleo
EQ 481 – Listas de Exercícios 123
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2a Lista de Exercícios – Balanço de Massa sem Reação Química em Regime Transiente
1) Um tanque contém 5 kg de sal. Uma corrente de água, com uma vazão de 3 kg/min é bombeada para
este tanque, sendo misturada com o sal, dissolvendo-o e formando uma solução aquosa.
a) Após 10 minutos, qual será a concentração de sal na solução no interior do tanque?
b) Quanto tempo demorará para que a concentração de sal no tanque seja igual a 1%?
Suponha que a mistura feita no tanque é forte o suficiente para assegurar que a concentração de sal
seja a mesma em qualquer ponto da solução no interior do tanque.
2) Numa fábrica de geleia de morango, 100 kg de morangos são prensados e misturados com 200 kg de
açúcar em um tanque que possui uma camisa de vapor, que fornece aquecimento ao sistema
(aquecimento indireto, uma espécie de banho-maria). O vapor aquece a mistura e vaporiza a água
contida nos morangos, engrossando a mistura até a consistência desejada para a geleia. A taxa de
evaporação da água é dada pela seguinteexpressão ´ , 2 0,03agua evapm t com t em minutos e a vazão
mássica de água evaporada em kg/min. Qual o tempo necessário para se produzir 240 kg de geleia a
partir da mistura iniial de morango e açúcar?
3) No tempo t = 0 um tanque contém 4 kg de sal dissolvidos em 100 L de água. Nesse momento, uma
corrente aquosa de entrada, contendo 0,25 kg de sal/L começa a alimentar o tanque a uma taxa de
2 L/min e a mistura é perfeitamente agitada, de forma que a concentração de sal em qualquer ponto do
tanque pode ser considerada a mesma. A vazão volumétrica de saída é a mesma de entrada. Determine:
a) uma expressão para a variação da massa de sal ao longo do tempo em função da massa de sal
dissolvido no tanque; b) a massa de sal no tanque após 60 min; c) a massa limite de sal no tanque.
4) Em uma indústria química existe um tanque de estocagem de benzeno. O consumo de benzeno na
fábrica é de 104 L/dia. O benzeno é reposto no tanque de estocagem a uma taxa de 103exp(-t/100)
L/dia, onde t é o tempo em dias. Se no início do ano de operação da planta o tanque continha 106 litros
de benzeno, qual será o volume após 2 meses de operação da planta? Por quanto tempo a planta
poderá operar até que o tanque de estocagem esteja totalmente vazio?
5) Um tanque está sendo enchido com água a uma taxa de 0,050 m3/s. No momento em que o tanque
contém 1,20 m3 de água, aparece no fundo um vazamento, cuja taxa pode ser expressa por: 0,0025t
(m3/s) onde t é o tempo em segundos. Escreva um balanço de massa no tanque para obter uma
expressão de dV/dt, sendo V o volume de água no tanque a qualquer momento e calcule em quanto
tempo o tanque estará totalmente vazio a partir do início do vazamento.
6) Um tanque cilíndrico de 4 ft de altura e 3 ft de diâmetro está cheio de água e seu topo está aberto
para a atmosfera. Um orifício circular é feito no fundo do tanque e a água começa a jorrar através dele,
sendo o diâmetro do jato d’água igual a 0,5 in. A velocidade média com que o jato escorre é dada por:
𝑣 = √2𝑔ℎ na qual h é a altura da água no tanque medida a partir do centro do orifício. Determine: a)
quanto tempo (em minutos) será necessário para que o nível de água no tanque alcance a altura de 2 ft;
b) quanto tempo será necessária para esvaziar todo o tanque. Considere: g = 32,174 ft/s2 e Avm
EQ 481 – Listas de Exercícios 124
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
3a Lista de Exercícios – Balanço de Massa sem Reação Química em Estado Estacionário
1. Em uma unidade de separação de um processo químico, é alimentada uma corrente [1] de material impuro,
sendo obtidas duas correntes de saída: [2], material purificado e [3] impurezas. Em todas as correntes do
processo estão presentes três componentes (a, b, c) com uma determinada concentração expressa em fração
mássica (xai, xbi e xci nos quais “i” é o número da corrente do processo). Se os valores da vazão mássica da corrente
[1], bem como xa1, xa2, xb1 e xc2 são pré-especificados, quantas incógnitas restam? Quantas equações
independentes podem ser escritas para o balanço de massa nesse sistema? Quantos graus de liberdade restam
para ser especificados?
2. Abaixo é apresentado um fluxograma de um processo de extração, no qual um soluto (A) é transferido de um
solvente (S) para outro (T) em que ele é mais solúvel. Pede-se:
a) o número máximo de equações independentes para o balanço de massa que pode ser escrito para este
processo; (3 eq.)
b) calcular as vazões mássicas de [2], [3] e [4], usando a corrente de alimentação [1] dada como base de cálculo e
escrevendo as equações de balanço de tal modo que você nunca tenha uma equação que envolva mais do que
uma quantidade desconhecida; ([2] = 130,6 g/min; [3] = 367,3 g/min e [4] = 163,3 g/min;)
c) calcular a diferença entre a quantidade de A na solução de alimentação e aquela da corrente [3] e mostrar que
este valor é igual à quantidade de A na corrente [4].
3. Suponha que uma coluna de destilação opera conforme mostrada na figura abaixo. Pergunta-se:
a) quantas equações de balanços materiais independentes podem ser escritas para este sistema? (3 eq.)
b) quantas taxas de fluxo e/ou frações molares devem ser especificadas antes de se calcular as demais? (2
variáveis);
c) suponha que
1m = 2500 kg/h e x2 = 0,35. Escreva as equações de balanço total e balanço por componente para
o sistema global (coluna de destilação) e calcule as demais incógnitas do processo.
(
3m = 1015 kg/h, 5m = 5585 kg/h,y4= 0,14 e z4 = 0,16).
[1] = 400 g/min
0,1 g A/g solução
0,9 g S/ g solução
[3] g/min
0,02 g A/g solução
0,98 g S/ g solução
[4] g/min
0,2 g A/g solução
0,8 g T /g solução
[2] g T/min
1m (kg/h)
0,03 kg B/kg
0,97 kg C/kg
2m = 5300 kg/h
x2 kg A/kg
y2 kg B/kg
3m (kg A/h)
4m = 1200 kg/h
0,70 kg A/kg
y4 kg B/kg
z4 kg C/kg
5m (kg/h)
0,60 kg B/kg
0,40 kg C/kg
EQ 481 – Listas de Exercícios 125
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
4. Qual o número máximo de balanços materiais independentes que podem ser escritos para o processo da figura
abaixo? As vazões das correntes são conhecidas. Suponha que você constate que A e B estão sempre combinados
em todas as correntes na mesma proporção. Quantas equações independentes você poderia escrever neste caso?
(9 eq. e 7 eq.)
5. Morangos contêm aproximadamente 15% de sólidos e 85% de água (em massa). Para fazer geleia de morango,
morangos moídos e açúcar são misturados na proporção de 45:55 e a mistura é aquecida para evaporar água, até
que o resíduo contenha um terço de água em massa. Desenhe um fluxograma e rotule as correntes e variáveis
deste processo. Utilize-os para calcular quantos quilogramas de morangos são necessários para produzir 1 kg de
geleia. Como você classificaria este processo? (0,49 kg de morangos/kg geleia)
6. Um gás contento partes iguais (em base molar) de H2, N2 e H2O passa através de uma coluna de pelotas de
cloreto de cálcio, a qual absorve 97% da água e nada dos demais gases. O recheio da coluna estava inicialmente
seco e sua massa era de 2,0 kg. Após 6 horas de operação contínua, interrompe-se o processo. As pelotas são
repesadas e encontra-se que sua massa é de 2,21 kg. Calcule a taxa de fluxo molar (mol/h) de gás de alimentação
e a fração molar do vapor d’água no produto gasoso. (6,02 gmol/h e 0,0147 ou 1,47% base molar)
7. Disulfeto de carbono deve ser recuperado de um gás contendo 15,0% CS2, 17,8% O2 e 67,2% N2 (base molar). O
gás é alimentado em uma torre de absorção contínua, entra em contato com benzeno líquido e este absorve CS2
mas não absorve os demais gases. O benzeno é alimentado na coluna numa razão molar de 2:1 para o gás
alimentado. Uma parte do benzeno que entra como líquido evapora e sai na corrente gasosa no topo da torre. O
gás que deixa a coluna contém 2% de CS2 e 2% de benzeno. Calcule:
a) a fração de CS2 alimentado na coluna que é recuperada na corrente líquida de saída; (88,2%)
b) a fração molar de CS2 nesta corrente; (0,063)
c) a fração de benzeno alimentado na coluna que é perdida no produto gasoso(0,9%)
8. Água do mar contendo 3,5 % em massa de sal passa por um processo de evaporação, contendo 10
evaporadores em série. A quantidade de água evaporada em cada um é praticamente a mesma. Esta água
evaporada é condensada para obter uma corrente de produto de água fresca. A salmoura (solução de sal) na
saída do último evaporador contém 5,0 % em massa de sal. Se 30.000 kg/h de água salgada alimentam o
processo, calcule:
a) o rendimentode água fresca em relação ao total de água alimentada no processo; (30%)
b) a porcentagem em massa de sal na solução que deixa o quarto evaporador. (3,98%)
9. Água líquida e ar fluem para dentro de uma câmara de umidificação na qual toda a água é evaporada. O ar
afluente contém 1,0% H2O (vapor), 20,8% O2 e o restante N2 (% em base molar). O ar umidificado contém 10% em
mols de H2O. Calcule a taxa de fluxo volumétrica (em ft
3/min) de água requerida para umidificar 200 lbmol/min de
ar admitido no processo. (5,77 ft3/min)
1
5
2
3
6
4
7
Composição das
correntes:
1) A e B
2) C puro
3) A, B e C
4) D e E
5) E puro
6) D puro
7) A, B, C e D
EQ 481 – Listas de Exercícios 126
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
10. Numa unidade de destilação, um hidrocarboneto líquido contendo 20% de etano, 40% de propano e 40% de
butano (em base molar), deve ser fracionado em componentes essencialmente puros, como ilustra a figura
abaixo. Estabeleça um fluxo molar para F e determine o fluxo molar em P e a composição da corrente A.
(C3 = 49,6% e C4 = 50,4%)
11. Alunita é um composto que contém alumínio, cuja fórmula é: 3Al2O3.K2O.4SO3.6H2O. Um determinado
minério de alunita foi analisado e verificou-se que seu teor de alumina (Al2O3) é de 23% em massa. O minério é
sujeito a uma série de tratamentos químicos que precipitam a maioria do alumínio sob a forma de Al(OH)3. O
precipitado é separado e aquecido para produzir alumina, a qual é dissolvida em um banho de sal fundido
(criolita) e eletrolisada para formar alumínio puro. Aproximadamente 88% do alumínio contido no minério é
recuperado como metal. Calcule quantas toneladas de minério são requeridas para produzir uma tonelada de
alumínio. (9,35 t)
12. Uma mistura líquida contendo 30% benzeno (B), 25% tolueno (T) e 45% xileno (X), em base molar, é
alimentada a uma taxa de 1275 kmol/h em uma unidade de destilação constituída de duas colunas. O produto de
fundo da primeira coluna contém 99 % em mol de X e nenhum B, sendo que 98 % da quantidade de X que é
alimentado são recuperados nessa corrente. O produto de topo da segunda coluna contém 99% em mol de B e
nenhum X. O benzeno recuperado nesta corrente representa 96% do B presente na corrente de alimentação.
Calcule as taxas de fluxo molares (kgmol/h) e as frações molares dos componentes em cada corrente de produto
de ambas colunas. (Fundo C1 = 567,95 kgmol/h; Topo C1 = 707,05 kgmol/h;Topo C1: 1,6% X, 44,3% T e 54,1% B;
Fundo C2 = 336,15 kgmol/h; Topo C2 = 370,9 kgmol/h e Fundo C2: 3,0% X, 92,0% T e 5,0% B)
13. O fluxograma a seguir representa uma planta industrial operando em estado estacionário, formada por duas
unidades. As linhas pontilhadas são as fronteiras dos subsistemas, sobre as quais é feito o balanço material.
Determine o número máximo de equações de balanço que podem ser escritas para cada subsistema, escrevendo-
as a seguir na ordem que você usaria para determinar as variáveis desconhecidas. Determine finalmente, o valor
de cada uma dessas variáveis. (m3 = 700 g/s; x3 = 0,0857; m4 = 900 g/s; x4 = 0,0667; y4 = 0,7111; m6 = 425 g/s; x5 =
0,1156; y5 = 0,8213)
m6 g/s
1,2 % A
58,8 % B
40,0 % C
1 2
A
x C3 = ?
x C4 = ?
x = fração molar
E
95% C2
4% C3
1% C4
P
99% C3
1% C4
B
8,4% C3
91,6% C4
F
20% C2
40% C3
40% C4
m4 g/s
x4 g A/g
y4 g B/g
1 – x4 – y4 g C/g
800 g/s
20% A
80% B
475 g/s
x5 g A/g
y5 g B/g
z5g C/g
100 g A/s
200 g C/s
m3 g/s
x3 g A/g
1 – x3 g B/g
Unidade 1 Unidade 2
5
3
2
1
4
6
7
EQ 481 – Listas de Exercícios 127
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
14. Uma corrente gasosa F de refinaria contendo 30% de etano e o restante de metano (base molar), é admitida
numa unidade de absorção, onde os gases são quase totalmente separados (veja esquema abaixo). A corrente
rica em metano será vendida a um cliente. Calcule os mols de gás comercializável produzidos por mol de carga à
unidade de absorção. (0,7216)
15. A água do mar é dessalinizada por osmose reversa, segundo o esquema abaixo. Utilizando os dados da figura,
determine:
a) a taxa de remoção de salmoura exausta; (586,5 lbm/h)
b) a taxa de produção de água dessalinizada - água potável; (413,5 lbm/h)
c) a fração de salmoura que deixa a câmara de osmose (atuando essencialmente como um separador) que é
reciclada. (55%)
16. Uma corrente gasosa contendo 25 mol% CO2 e 75 mol% de CH4 é tratada em uma planta de condicionamento
de gases. A corrente é alimentada em um absorvedor a uma taxa de 50 kmol/h e é contactada neste
equipamento com um solvente líquido que contém 0,5 mol% de CO2 dissolvido e o restante constituído de
metanol. O gás que deixa o absorvedor contém 1 mol% de CO2 e essencialmente todo o metano alimentado na
unidade. O solvente rico em CO2 que deixa o absorvedor vai para uma coluna de esgotamento (“stripping”); na
qual uma corrente de nitrogênio contacta o solvente, removendo 90% do CO2 dissolvido. O solvente regenerado é
então recirculado para a coluna de absorção. Metanol pode ser suposto como não volátil, ou seja, não está
presente em nenhuma das fases gasosas do processo. Pede-se:
a) calcular a fração de CO2 removida (mols absorvidos/mols alimentados);(97%)
b) a taxa de fluxo molar e a composição do líquido que alimenta a coluna de esgotamento; (281,4 kmol/h; 4,8%
CO2 e 95,2% metanol)
c) calcular a taxa molar de alimentação requerida para produzir 1000 kg/h de produto na corrente gasosa do
absorvedor.(81 kmol/h)
17. Suco de laranja natural contém 12% de sólidos e o restante é água e o suco concentrado contém 42% de
sólidos. Um processo de evaporação simples era usado para concentrar o suco, porém os constituintes voláteis do
suco escapavam com a água evaporada, deixando o suco concentrado com sabor amargo. Um novo processo para
evitar este inconveniente consiste em desviar do evaporador uma fração do suco natural, o suco que entra no
evaporador é então concentrado até 58% de sólidos e este produto é misturado com a corrente desviada para
alcançar então a concentração de sólidos desejada. Calcule a quantidade de suco concentrado produzido por 100
kg de suco natural alimentado ao processo e a fração da alimentação que é desviada do evaporador. (28,6 kg e
10%)
F
S 3% etano (gás de venda)
W 100% etano
Célula de
Osmose
Reversa
Água do mar
1000 lbm/h
3,1% de sal
Reciclo de água
Água dessalinizada
500 ppm de sal
4% de sal
Salmoura exausta
5,25% de sal
1
6
5
4
3
2
EQ 481 – Listas de Exercícios 128
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
18. 4500 kg/h de uma solução aquosa de cromato de potássio (K2CrO4) são alimentados em uma unidade de
recuperação de cristais deste sal. Através de uma sequência de etapas envolvendo evaporação, cristalização e
filtração, obtém-se no final do processo uma torta de filtração (cristais úmidos – corrente 4). Esta torta é
constituída de cristais (95 % da massa) e umidade (5 % da massa), sendo que esta umidade é uma solução aquosa
com 40 % em massa de K2CrO4. A torta segue para uma unidade de secagem, onde é retirada toda a umidade.
Com base nas informações dadas e no fluxograma do processo, preencha a tabela abaixo.5
1 2 Evaporador 3 Cristalizador 4
e filtro
6
Linha Contéudo Vazão (kg/h)
Conc. de K2CrO4 na
solução (% massa)
1 Carga Virgem 4500 30
2 Carga ao evaporador
3 Solução concentrada 50
4 Torta do filtro (retido) 40
5 Água evaporada -
6 Reciclo (filtrado) 40
19. Um processo de separação constituído por três colunas de destilação é mostrado no esquema abaixo. Realize
um balanço de massa nesse processo e complete os dados da tabela.
Dados: 1 2 1500m m kg/h
Composição
(% base mássica)
Linha
Vazão total
(kg/h)
C2 C3 C4
1 50 30 20
2 30 20 50
3 80 20 0
4 60 40 0
5 90 10 0
6
7 20 80 0
8 0 30 70
3
4
5
7
8
6
2
1
I
II
III
EQ 481 – Listas de Exercícios 129
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
20. Uma mistura líquida equimolar de benzeno e tolueno [1] é separada em duas correntes de produto por uma
coluna de destilação. A corrente de vapor [2] que deixa o topo da coluna contém 97% molar de benzeno, passa
por um condensador total, gerando uma corrente de condensado [3] que é separada em duas frações iguais. Uma
delas [4] é retirada como produto de topo e a outra [5], denominada corrente de refluxo, é recirculada para a
coluna. O produto de topo [4] contém 89,2% do benzeno que está contido em [1]. A corrente de líquido [6] que
deixa o fundo da coluna passa por um refervedor parcial, no qual 45% do líquido são vaporizados. A corrente de
vapor [7] gerada no refervedor retorna à coluna de destilação e a corrente de líquido residual [8] é retirada como
produto de fundo. As composições das correntes que saem do refervedor são governadas pela seguinte relação:
1
2 25
1
,
B B
B B
y y
x x
na qual yB e xB são as frações molares de benzeno nas correntes [7] e [8], respectivamente. Considerando que [1]
= 100 mol/h, desenhe um fluxograma do processo e calcule as vazões molares e a composição de todas as
correntes e a porcentagem de recuperação do tolueno em [8].
21. Madeira úmida contendo 10% em massa de água é alimentada em um secador para ser secada até que seu
teor de umidade seja reduzido para 1% em massa. Para tal usa-se ar quente em um secador, num processo em
contra-corrente, o qual contém 0,5 % em massa de água. Na saída do secador a corrente de ar tem seu teor de
umidade elevado para 2% em massa, retirando água da madeira. Qual a vazão mássica de ar quente necessário
para secar 1000 kg/h de madeira úmida?
Dados: massas atômicas: N = 14; O = 16; H = 1
22. A solubilidade de sulfato manganoso anidro a 20 oC é 62,9 g/100 g de H2O. Qual é a quantidade de sulfato
manganoso pentahidratado (MnSO4.5H2O) a ser dissolvida em 100 lb de H2O para que seja formada uma solução
saturada?
EQ 481 – Listas de Exercícios 130
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
4a Lista de Exercícios – Balanços de Energia sem Reação Química – Sistemas Fechados
1. Um dispositivo pistão-cilindro contém 25 g de vapor d’água saturado, o qual é mantido a uma pressão
constante de 300 kPa. Dentro desse dispositivo existe um ebulidor adaptado, de modo a fornecer calor através do
aquecimento de sua resistência elétrica. Esse ebulidor é ligado a uma fonte externa de 120 V e por ele passa uma
corrente de 0,2 A durante um período de 5 min. Ao mesmo tempo, ocorre uma perda de calor de 3,7 kJ.
a) Mostre que para um sistema fechado, o trabalho de expansão e a variação de energia interna na Primeira Lei
da Termodinâmica, podem ser combinados em um só termo, dado pela variação de entalpia, para um processo a
pressão constante;
b) determine a temperatura final do vapor dentro do sistema. ( 200 oC)
2. Um tanque rígido é dividido em duas partes iguais por um dispositivo de partição. Inicialmente, um lado do
tanque contém 5 kg de água, a 200 kPa e 25 oC. O outro lado é completamente evacuado. Em um dado instante o
dispositivo de partição é removido e a água se expande pelo tanque inteiro. O sistema não é isolado e portanto,
devido à expansão, ele troca calor com a sua vizinhança, que se encontra também a 25 oC, até que o equilíbrio
térmico entre eles seja atingido. Determine: a) o volume do tanque; b) a pressão final, e c) a quantidade de calor
transferido nesse processo. (10 L; 3,166 kPa; 0,27 kJ)
3. Um processo tradicional das indústrias metalúrgicas é o processo de têmpera, que consiste em um choque
térmico repentino, para resfriar o aço, ligas ou outros metais, que se encontram a temperaturas elevadas, de
modo a obter determinadas características na estrutura do material tratado. Seja um bloco de aço de 50 kg a 80
oC mergulhado em um tanque isolado que contém 0,5 m3 de água líquida a 25 oC. Determine a temperatura
quando o equilíbrio térmico for atingido. Considere o CP da água = 4,184 kJ/(kg.
oC) e do ferro = 0,45 kJ/(kg.oC).
(25,6 oC)
4. Dois tanques rígidos encontram-se conectados por uma válvula. O tanque A contém 0,2 m3 de água a 400 kPa
com um título de 80%. O tanque B contém 0,5 m3 de água a 200 kPa e 250 oC. A válvula que liga esses dois
tanques é aberta e os dois tanques atingem um mesmo estado final. Determine a pressão e a quantidade de calor
transferida quando todo o sistema alcança o equilíbrio térmico com as vizinhanças que está a 25 oC.
(3,166 kPa e – 2177 kJ)
5. Uma massa desconhecida de ferro, a 90 oC é mergulhada em um tanque isolado que contém 80 L de água a
20 oC. Ao mesmo tempo, um agitador com hélices, movido por um motor de 200 W é ativado, para agitar a água,
homogeneizando o sistema. O equilíbrio térmico é atingido após 25 min com uma temperatura final de 27 oC.
Determine a massa de ferro no tanque. Considere desprezível a energia armazenada no agitador e tome a massa
específica da água como sendo igual a 1000 kg/m3. (72,06 kg)
6. Considere que 5 kg de vapor d’água estão contidos em um dispositivo pistão-cilindro. Esse vapor sofre uma
expansão de um estado 1, no qual a energia interna específica é 2709,9 kJ/kg, até um estado 2, no qual ela é
2659,6 kJ/kg. Durante esse processo, há uma transferência de energia para o sistema, da ordem de 80 kJ. Além
disso, um agitado mecânico com hélices também transfere energia ao sistema, na forma de trabalho, da ordem
de 18,5 kJ. Considere que não há variação sensível das energias cinética e potencial do sistema. Determine a
quantidade de energia transferida pelo vapor para o pistão na forma de trabalho, durante esse processo. (350 kJ)
7. Uma casa utiliza um sistema de aquecimento baseado em recipientes contendo água aquecida por coletores
solares. Pretende-se manter a temperatura da casa estável durante as noites de inverno, por um período de 10
horas, a uma temperatura de 22 oC. A média de calor perdido pela casa é da ordem de 50.000 kJ/h. O sistema de
aquecimento é constituído de 50 recipientes, contendo 20 L de água cada, a uma temperatura de 80 oC. A casa
dispõe de um dispositivo de segurança, constituído de um aquecedor elétrico de 15 kW, que é acionado sempre
que a temperatura da casa cai abaixo dos 22 oC. Pergunta-se: a) nessas condições, por quanto tempo durante a
noite o dispositivo de segurança ficará ligado ?, b) quanto tempo esse mesmo dispositivo teria que ficar ligado se
não existisse o sistema de aquecimento solar para aquecer a água ?. (4,77 h e 9,26 h).
EQ 481 – Listas de Exercícios131
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
5
a Lista de Exercícios – Balanços de Energia sem Reação Química – Sistemas Abertos
1. Calcule a quantidade de calor que deve ser fornecida para 1 gmol de água, para a transição de 25 oC e 1 atm a
650 oC e 1 atm usando: a) tabelas de vapor; b) os dados tabelados da forma polinomial de Cp (T).
(66,8 kJ e 66,6 kJ)
2. 6 m3/h de ar a 100oC e 120 kPa são soprados através de tubos que passam no interior de um grande forno. O ar
emerge a 300oC. Calcule a taxa de calor que está sendo cedida pelo forno para aquecer essa quantidade de
ar,utilizando: a) os dados de Cp médio do ar; ( 1388 kJ/h) b) os dados de Cp dos constituintes do ar (1397 kJ/h).
3. Propano está para ser queimado com 20 % em excesso de oxigênio puro (sem nitrogênio). Antes de entrar no
forno, a corrente de alimentação combinada (C3H8 + O2) é pré-aquecida de 77
oF até 575 oF. A qual taxa, em kJ/h,
deve ser fornecido calor para este pré-aquecimento, se a taxa de fluxo da corrente de alimentação é de 2,5.105 ft3
(CNTP)/h ? (3,5.106 kJ/h)
4. Vapor saturado a 300 oC é utilizado para aquecer uma corrente de metanol (vapor), de 65 oC até 260 oC em um
trocador de calor adiabático. A taxa de fluxo de metanol é 50 L (CNTP)/min e todo o vapor utilizado para aquecer
o metanol é condensado e deixa o trocador na forma de líquido a 90 oC. Calcule a taxa requerida de vapor em
g/min. A temperatura de ebulição normal do metanol é 64,7oC.(10,3 g/min)
5. Na produção de ácido nítrico, amônia e ar pré-aquecido são misturados para formar uma corrente gasosa
contendo 10% em mol de NH3 a 600
oC. Amônia não é diretamente pré-aquecida para evitar sua decomposição
em N2 e H2. Esta mistura é então oxidada cataliticamente para formar NO2, o qual é absorvido em água para
formar HNO3. A amônia entra na unidade de mistura a 25
oC à taxa de 520 kg/h. Existe uma perda de calor nesta
unidade para as vizinhanças a uma taxa de 7 kW, determine qual a temperatura do ar pré-aquecido. (690 oC)
6. Em muitas plantas químicas, realiza-se um procedimento bastante comum para reduzir os custos com
combustíveis. Trata-se de passar os gases produzidos pela queima destes combustíveis em trocadores de calor,
onde eles são resfriados, cedendo calor que é usado para produzir vapor d’água a partir da água líquida. Suponha
que um gás contendo 40% CO2 e 60% água (base molar) a 1200
oC e 830 mmHg está para ser descarregado para a
atmosfera em uma certa etapa de um processo industrial. Se ao invés de desperdiçar a energia contida neste gás
optar-se por utilizá-lo em um regenerador de calor, a partir do qual ele sairá a 300 oC, onde ele trocará calor com
água que entra no regenerador como líquido a 10 bar de pressão e sai como vapor saturado à mesma pressão,
quantos quilogramas de vapor estão sendo produzidos por metro cúbico de gás alimentado no regenerador ?
Suponha que o regenerador opera adiabaticamente. (0,19 kg/m3)
7. Uma solução de amônia a uma alta pressão é vaporizada em um processo “flash” a uma taxa de 200 lbm/h. A
solução contém 0,7 lbm NH3/lbm solução e sua entalpia relativa à água (1 atm, 32
oF) e NH3 (1 atm, - 40
oF) é de -50
Btu/lbm. Correntes de líquido e gás deixam a unidade a 1 atm e 80 oF. Use o diagrama entalpia-concentração para
determinar as taxas de fluxo de massa e as frações mássicas de amônia das correntes de produto (líquido e vapor)
e a taxa em Btu/h com que o calor deve ser transferido ao vaporizador. (85650 Btu/h)
8. Uma solução de 5% em massa de NaOH a 80 oF deve ser concentrada a 23,1 % por evaporação da água, de
modo a atender uma necessidade de uma corrente de processo. A solução concentrada e o vapor saem do
evaporador a 230 oF e 1 atm. Calcular a taxa de calor que deve ser fornecida a processo, considerando uma
alimentação de 1000 lbm/h de solução diluída. (898609 Btu/h)
9. Sua empresa produz uma solução de soda cáustica (NaOH) 73% em massa, numa temperatura de 350 oF. Um
novo cliente, com grande potencial de consumo, liga para seu gerente e requisita uma solução de NaOH a 10%
em massa, que será fornecida a 80 oF. Seu gerente então lhe encarrega de produzir essa solução mais diluída.
Para realizar esta tarefa você só poderá desviar da linha de produção 100 lbm/h da solução mais concentrada,
porque senão seu estoque de solução concentrada ficará prejudicado. Para realizar a diluição você dispõe na
EQ 481 – Listas de Exercícios 132
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
empresa de uma corrente de água líquida a 80 oF e uma de gelo a 32 oF. Informe ao seu gerente qual a vazão da
solução de soda a 10% que estará disponível para o novo cliente e também quantas libras de gelo e de água serão
necessárias para realizar esta tarefa, sabendo-se que o misturador onde ocorrerá a diluição pode ser considerado
adiabático. Dado: oh fusão (gelo) = 143 Btu/lbm. (730 lbm/h de soda; 243 lbm/h de gelo e 387 lbm/h de água)
10. Uma solução aquosa contendo 45% em massa de NaOH a 80 oF é diluída com água líquida à mesma
temperatura, num misturador que pode ser considerado adiabático. Utilize o diagrama entalpia-concentração
para estimar a entalpia específica tanto da solução a 45% como da água pura. Compare o valor achado para a
água pura por este diagrama com o valor indicado na tabela de vapor. Se a razão de diluição é de 1 lbm H2O/2 lbm-
de solução 45%, calcule a porcentagem de massa de NaOH na corrente de saída do misturador. A partir de um
balanço de energia no processo, calcule a entalpia específica da solução final e determine a temperatura dessa
solução. (125 oF)
11. Em um tanque fechado, inicialmente vazio, 600 lbm de uma solução NaOH 10% a 200 oF são misturados com
400 lbm de outra solução NaOH a 50% no ponto de ebulição em um processo batelada e o sistema global atinge
um determinado estado de equilíbrio sob uma pressão de 1 atm. Calcule:
a) a composição do sistema global final no interior do tanque;
b) a temperatura no interior do tanque, considerando que o mesmo é um sistema adiabático;
c) a composição e as massas das fases em equilíbrio presentes no tanque após a mistura das soluções.
12. Uma solução de 0,1 % em mol de NaOH deve ser concentrada em um evaporador contínuo. A solução entra
na unidade a 25 oC e a uma taxa de 150 mol/min e é concentrada a 5 % em mol e 50 oC. Ar quente a 200 oC e 1,1
bar (absoluta) é borbulhado através do evaporador e sai saturado com água a 50 oC e 1 atm. Calcule a taxa de
fluxo volumétrica requerida do ar afluente e a taxa com que o calor deve ser transferido da ou para a unidade.
Suponha que o Cp por unidade de massa para todas as soluções líquidas seja igual ao da água pura. (1866 kJ/min)
13. Uma corrente gasosa [1] contendo acetona em ar flui através de uma unidade de recuperação do solvente a
uma taxa de 300 ft3/min e 250 oF e 5 psig. Um resfriador-compressor está para ser projetado para modificar esta
corrente para o estado de 0 oF e 5 atm (absoluta), condensando assim toda a acetona, gerando uma corrente de
produto [3] que contém toda a acetona que estava em [1] e uma corrente de ar [2]. Para determinar a
composição da corrente gasosa, uma amostra de 3 litros é colocada num condensador e resfriada até uma
temperatura na qual toda a acetona da amostra é condensada a líquido, sendo que a massa deste condensado foi
medida, obtendo-se 0,956 g. a) Qual a fração molar da acetona na corrente gasosa ? b) Qual a taxa (Btu/min)
que se deve remover calor no resfriador-compressor ? Considere Cp = 0,124 kJ/(gmol.oC) para a acetona líquida.
(13,3%; 3174 Btu/min)
14. Em uma fábrica de celulose vapor de alta pressão (taxa de 330 t/h, a 65 bar e 450 oC), produzido na caldeira
de recuperação, é alimentado em uma turbina para gerar energia elétrica por meio de um geradoracoplado. Ao
longo da turbina, na medida em que o vapor alimentado vai se expandindo, correntes são retiradas como
produtos para serem usados como fonte de calor em diferentes processos da empresa. Duas dessas correntes são
retiradas em pontos intermediários da turbina, sendo utilizadas como vapor de processo para a fábrica e a
terceira corrente é a corrente de saída da turbina (corrente de condensado) que é reciclado para a caldeira. O
gerador produz 37 MWh de energia elétrica. As correntes retiradas da turbina são: vapor de média pressão
(140 t/h, 10 bar, 250 oC); vapor de baixa pressão (164 t/h, 3 bar, 200 oC) e o restante é condensado (0,06 bar,
36 oC). Qual é a perda percentual de energia no conjunto turbina-gerador por hora de operação? (6,3%)
EQ 481 – Listas de Exercícios 133
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
15. Dado o fluxograma da Figura 1, calcule as vazões mássicas de água líquida (linha 9) e vapor d’água (linha 11)
em g/s, utilizando os dados da Tabela 1. Considere, como simplificação, que Cplíquido e vaph não dependem da
temperatura. Considere 5 42m m . 1 cal = 4,184 J.
Condensador
Refervedor
Coluna de
Destilação
6
7
2
3
8
4
1
9 10
1211
5
Figura 1 – Fluxograma da coluna de destilação.
Tabela 1 – Dados físicos para a Questão 1.
Substância A B Água
Cplíquido [cal/(g.
o
C)] 1,5 3,0 1,0
vaph
(cal/g) 65,0 85,0 540,0
(% em base mássica)
Linha 1: 1000 g/s, 60% A, 40% B, líquido, 25 oC
Linha 2: vapor saturado, 70 oC
Linha 3: líquido saturado, 70 oC
Linha 4: 90% A, 10% B
Linha 8: 15% A, 85% B, líquido, 100 oC
Linha 9: água líquida, 25 oC, 1 atm
Linha 10: água líquida, 50 oC, 1 atm
Linha 11: vapor d’água saturado, 110 oC
Linha 12: água líquido saturado, 110 oC
16. Uma companhia produtora de álcool pretende produzir álcool comercial por um processo que utiliza duas
unidades de destilação. A primeira unidade, representada pelo fluxograma da figura a seguir, destila o mosto de
malte (vide composição no quadro), que é pré-aquecido até 170 oF em um trocador de calor. O produto de topo
da coluna de destilação (vapor) é uma mistura álcool-água, com 60% (em massa) de álcool, a qual é condensada,
sendo uma parte reciclada para a coluna de destilação (constituindo a corrente de refluxo) e o restante
(destilado) segue para a segunda unidade de destilação, onde se obtém o álcool comercial a 95%. A razão de
refluxo nesta primeira coluna de destilação é igual a 3. O produto de fundo da coluna é uma mistura matéria
orgânica-água, denominada “caudas”, que não contém álcool. Este material é enviado a um trocador de calor,
onde retira-se calor sensível para pré-aquecer o mosto e em seguida abandona o sistema, seguindo para uma
planta de vanilina. Preencha os espaços em branco do quadro e determine a quantidade de calor que deve ser
fornecida pelo refervedor da coluna. Dados para o problema:
Substância
Teb
(oF)
Cp (Btu/lbm.oF)
vaph (à Teb)
(Btu/lbm) líquido vapor
Mosto de Malte 170 0,96 0,52 950
Topo – Álcool a 60% 176 0,85 0,56 675
Fundo – Caudas 212 1,00 0,50 970
EQ 481 – Listas de Exercícios 134
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3
8
2
1
10
4
11 12
Coluna de
destilação
TC1
TC2
TC1 = trocador de calor
TC2 = trocador de calor
(condensador)
Fronteira do sistema
9
56
7
Fluxograma da primeira unidade de destilação de uma usina de álcool.
O vapor de processo e a água de processo estão disponíveis a 1 atm (14,696 psia).
AG = água AL = álcool MO = matéria orgânica
Linha Conteúdo Estado T
(
o
F)
Vazão
(lbm/h)
Composição (% em massa) T ref.
(
o
F)
h
(Btu/lbm)
H
(Btu/h)
AG AL MO
1 mosto de malte L 80 10000 80 10 10
2 mosto de malte L 170
3 vapor de topo V 176
4 condensado L
5 destilado L
6 refluxo L
7 caudas L 210
8 caudas L
9 água de processo L 80
10 água de processo L 130
11
vapor de
processo
V 600
12
vapor de
processo
V 250
EQ 481 – Listas de Exercícios 135
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6a Lista de Exercícios – Balanços de Massa com Reação Química
1. Amônia é queimada formando óxido nítrico de acordo com a seguinte reação em fase gasosa:
4NH3(g) + 5O2(g) 4NO(g) + 6H2O(g)
Calcule as seguintes quantidades: a) mol de NO produzido/mol O2 reagido; b) taxa de fluxo molar de ar
atmosférico, correspondente a uma taxa de alimentação de 50 lbmol NH3/h, se os reagentes são alimentados na
proporção estequiométrica; c) a massa de NO produzida se 200 kg de amônia e 200 kg de oxigênio reagem e a
reação procede por completo. (0,8 ; 297,62 lbmol/h e 150 kg)
2. Etano é queimado com oxigênio para formar dióxido de carbono e água. l00 gmol/h de cada reagente são
alimentados no forno. Determine: a) a razão estequiométrica entre C2H6e O2; b) o reagente limitante; c) a
porcentagem pela qual o outro reagente está presente em excesso. (1:3,5 ; oxigênio e 250%)
3. A reação entre etileno e brometo de hidrogênio para formar brometo de etila ocorre em um reator contínuo. A
corrente de produto é analisada e encontra-se que ela contém 50% C2H5Br e 33% HBr (base molar). A alimentação
do reator contém somente etileno e brometo de hidrogênio. Calcule a conversão do reagente limitante e a
porcentagem em excesso do outro reagente. (74,6% e 23,9% )
4. No processo Deacon para a produção de cloro, HCl e O2 reagem para formar Cl2 e H2O. Ar suficiente é
alimentado de modo a fornecer 25% de oxigênio em excesso. A conversão de HCl é 70%. Calcule as frações
molares dos componentes na corrente gasosa do produto. (13% HCl, 6% O2, 51% N2, 15% H2O e 15% Cl2)
5. Etanol pode ser produzido comercialmente pela reação em fase gasosa de hidratação do etileno, dada por:
C2H4(g) + H2O(g) C2H5OH(g)
Uma parte do produto desta reação é convertido em éter dietílico em uma reação paralela:
2C2H5OH(g) C2H5OC2H5(g) + H2O(g)
A alimentação do reator contém etileno e vapor na razão molar de 3:2 e 10% em mol de inertes. A conversão do
etileno é 5% e a seletividade da produção de etanol, relativa à produção de éter, é 18,0 mol/mol. Calcule a
composição molar da corrente de saída do reator. (52,7% C2H4; 34,3% H2O; 2,6% EtOH; 0,1% éter; 10,3% inertes)
6. Um reator catalítico é usado para produzir formaldeído a partir do metanol seguindo a reação:
CH3OH(g) HCHO(g) + H2(g)
Uma conversão de passe simples de 70% ocorre no reator. O metanol na corrente de produto do reator é
separado do formaldeído e do hidrogênio, em um processo de unidades múltiplas. A taxa de produção do
formaldeído é de 600 kg/h. Calcule a taxa de alimentação requerida de metanol (mol/h) para o processo, nos
seguintes casos: a) sem reciclo; b) com reciclo do metanol recuperado do reator. (28,6 kgmol/h e 20 kgmol/h )
7. Metano reage com cloro gasoso para produzir cloreto de metila e cloreto de hidrogênio conforme a seguinte
reação:
CH4(g) + Cl2(g) CH3Cl(g) + HCl(g)
Uma vez formado, o cloreto de metila pode sofrer uma cloração formando cloreto de metileno (CH2Cl2 ),
clorofórmio (CHCl3) e tetracloreto de carbono (CCl4). Num processo de produção de cloreto de metila, metano e
cloro são alimentados em um reator à razão molar de 5:1. Uma conversão de passe simples no reator de 100%
EQ 481– Listas de Exercícios 136
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
pode ser suposta. A razão molar de CH3Cl para CH2Cl2 no produto é de 4:1 e quantidades desprezíveis de
clorofórmio e tetracloreto de carbono são produzidas. A corrente de produtos gasosos é resfriada, condensando
o cloreto de metila e cloreto de metileno, os quais são então separados em uma coluna de destilação. O gás que
deixa o condensador vai para um lavador (“scrubber”), no qual HCl é absorvido. O gás que deixa o lavador, o qual
pode ser considerado metano puro, é reciclado de volta ao reator. Para uma taxa de produção de 1000 kg
CH3Cl/h, calcule:
a) a taxa de fluxo e composição molar da alimentação virgem. (54,5 kgmol/h, 45,5% CH4 e 54,5% Cl2)
b) a taxa na qual o ácido clorídrico deve ser removido no lavador. (29,7 kgmol/h)
c) a taxa de fluxo molar da corrente de reciclo. (123,8 kgmol/h)
8. A pressões baixas ou moderadas, o estado de equilíbrio da reação de deslocamento do gás de água dada por
CO + H2O = CO2 + H2
é aproximadamente descrito pela seguinte relação:
2 2
2
0,0247exp 4020 / (K)
CO H
CO H O
y y
T
y y
A alimentação do reator que opera em processo estacionário contém 30% CO; 10% CO2; 40% H2O e o restante de
gás inerte (base molar). A reação ocorre até atingir o equilíbrio. Calcule:
a) a quantidade de H2 produzida por mol de água alimentada no reator, considerando que a reação ocorre a 850
oC; (0,36)
b) a qual temperatura o reator deverá operar para que se tenha uma conversão de 75% do CO. (742 K)
9.Etano é alimentado em um reator de desidrogenação, a uma taxa de 150 kmol/h. Os produtos da reação são
acetileno e hidrogênio. Alcança-se uma conversão de 80%. Calcule as seguintes propriedades do produto gasoso
final: a) taxa total de fluxo molar; b) razão molar de hidrogênio para o acetileno; c) massa molar média; d) taxa
mássica de fluxo do acetileno. (390 kmol/h; 1:2; 11,55 kg/kgmol e 3120 kg/h)
10. Dióxido de titânio (TiO2) é muito usado como pigmento branco. É produzido a partir de um minério
constituído de ilmenita (FeTiO3) e óxido férrico (Fe2O3). Digere-se o minério com uma solução de ácido sulfúrico. A
reação desse ácido com a ilmenita presente no minério produz sulfato de titanilo [(TiO)SO4] e sulfato ferroso
(FeSO4) e a reação do ácido com o óxido férrico produz sulfato férrico[(Fe2(SO4)3], todas as reações ocorrem em
fase líquida, formando uma solução aquosa desses compostos. Adiciona-se mais água a essa solução digerida para
hidrolizar o sulfato de titanilo a H2TiO3 e H2SO4, sendo que o primeiro precipita. O precipitado de H2TiO3é
calcinado (aquecimento a alta temperatura), liberando água e deixando como resíduo, dióxido de titânio puro.
Suponha que um minério que contém 23% em massa de Ti é digerido com uma solução de ácido sulfúrico 80%, a
qual é fornecida ao processo de digestão do minério com 50% em excesso da quantidade necessária para
converter toda a ilmenita a sulfato de titanilo e sulfato ferroso e todo o óxido férrico a sulfato férrico. Suponha
também que 89% da ilmenita alimentada se decompõe. Calcule as massas (em kg) de minério e de solução 80%
de ácido sulfúrico que devem ser alimentadas no processo, de modo a produzir 1000 kg de TiO2 puro.
Dados de massa molar: Fe = 56, Ti = 48, S = 32, O = 16, H = 1
(2931 kg de minério e 7905 kg de ácido)
EQ 481 – Listas de Exercícios 137
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11. Clorobenzeno (C6H5Cl) é um importante solvente e também um intermediário na obtenção de muitos outros
produtos químicos. Ele é produzido borbulhando-se cloro gasoso através de benzeno líquido na presença de
cloreto férrico, que funciona como catalisador. Em uma reação paralela indesejável, o produto é ainda clorado
dando diclorobenzeno, e em uma terceira reação, o diclorobenzeno é clorado a triclorobenzeno. A alimentação
do reator de cloração consiste essencialmente de benzeno puro e cloro de grau técnico (98% em massa de Cl2 e
2% de impurezas). A solução líquida que deixa o reator contém 65% C6H6 , 32% C6H5Cl, 2,5% C6H4Cl2 e 0,5%
C6H3Cl3 (base mássica). Os gases que deixam o reator contêm somente ácido clorídrico e as impurezas que
entraram com o cloro.a) Determine a porcentagem em excesso pela qual benzeno é alimentado.; b)a conversão
do benzeno;c) o rendimento de monoclorobenzeno (mol formado por mol que se formaria teoricamente); d)a
razão mássica entre a alimentação gasosa e a alimentação de líquido. (248%; 26,7%; 87,0% e 0,267)
12. Metanol é produzido reagindo-se monóxido de carbono com hidrogênio. Uma corrente de alimentação
virgem contendo CO e H2 junta-se a uma corrente de reciclo, e a corrente combinada é alimentada a um reator.
Uma porção do metanol que deixa o reator é condensada, e o CO e H2 que não são consumidos no processo e
CH3OH que não foi condensado são reciclados. A corrente que deixa o reator em direção ao condensador flui a
uma taxa de 275 mol/min e contém: 10,6% H2, 64,0% CO e 25,4% CH3OH (base mássica). A fração molar do
metanol na corrente de reciclo é 0,004. Calcule as taxas de fluxos molares de CO e H2 na carga virgem, e a
produção de metanol líquido.
(25,2 gmol/min; 50,4 gmol/min e 25,2 gmol/min)
13. A carga virgem a um reator no qual ocorre a síntese de metanol a partir de CO e H2 contém 32,0% CO, 64,0%
H2 e 4,0% N2 (base molar) e flui a uma taxa de 100 mol/h. A carga virgem é misturada a uma corrente de reciclo,
cuja taxa de fluxo é de 400 mol/h. A alimentação do reator, constituída da mistura destes dois fluxos, contém
13,0% em mol de N2. A corrente de produto que deixa o reator passa por um condensador, o qual gera uma
corrente líquida (constituída de todo o metanol que sai do reator) e uma corrente gasosa. Para evitar um acúmulo
de nitrogênio no sistema, uma corrente de purga é drenada desta corrente gasosa. Os gases não purgados
constituem a corrente de reciclo para o reator. Calcule:
a) a taxa de produção de metanol (mol/h);(24,6 mol/h)
b)a taxa de fluxo molar e a composição da corrente de purga;(26,2 mol/h – 28,2% CO, 56,5% H2 e 15,3% N2)
c) a conversão total e por passe no reator. (77% total e 17% por passe)
14. A carga virgem a um reator no qual ocorre a síntese de metanol a partir de CO e H2 contém 32,5% CO, 67,3%
H2 e 0,2% CH4 (base molar) e flui a uma taxa de 100 mol/h. A carga virgem é misturada a uma corrente de reciclo,
formando uma corrente de carga combinada que alimenta o reator. A corrente efluente do reator passa por um
separador que gera duas outras correntes: uma de metanol puro (100%) e outra contendo somente CO, H2 e CH4.
Parte dessa corrente é purgada do processo e o restante constitui a corrente de reciclo do processo. A corrente
de purga é necessária para evitar o acúmulo de metano e hidrogênio no processo. A corrente gasosa que sai do
separador contém 3,2% em mol de CH4. A conversão do CO por passe no reator é de 18%.
a) Calcule as vazões molares e composições de cada corrente do processo. Faça uma análise dos graus de
liberdade desse processo e verifique, inicialmente, se é possível resolver o problema.
b) Considere agora que a conversão global do CO no processo é de 96,15%. Verifique se este dado adicional é
consistente!
EQ 481 – Listas de Exercícios 138
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
7a Lista de Exercícios – Balanços de Massa em Processos de Combustão
1. Um gás contém 5% (em massa) de C3H8 , 5% C4H10 , 16%O2, 38% N2 e o restante é água. Calcular a composição
molar deste gás em base seca e em base úmida. Calcule também a razão (mol água/mol gás seco). (0,9723)
2. 100 mol/h de um gás (gás natural) contendo 94,4% mol de metano, 3,4% de etano, 0,6% propano e 0,5% de
butano são queimados com 17% de ar em excesso. Calcule a taxa de fluxo molar de ar requerido.(1153 gmol/h)
3. Uma mistura de 70 % em mol de butano e 30 % em mol de hidrogênio é queimada com 25% de excesso de ar.
A conversão do butano é de 85% e a do hidrogênio 90%. Do butano que reage, 95% queimam numa reação de
combustão completa e o restante sofre combustão parcial. Calcule a fração molar de água nos produtos gasosos.
(10,9%)
4. Deseja-se analisar um combustível gasoso constituído de propano e butano. Na ausência de um cromatógrafo,
optou-se por um experimento de combustão para realizar as medidas. Carregou-se uma quantidade de gás em
uma câmara evacuada e então adicionou-se ar à câmara. Após a ignição da mistura, sabendo-se que houve
combustão completa, realizou-se uma análise de Orsat em uma amostra do produto gasoso. A composição
determinada foi: 84,8% N2, 11,4% CO2 e 3,8% O2 (base molar). Qual a fração molar do propano no combustível
gasoso ? (52,8%)
5. Propano é queimado com ar. Determine a composição molar do produto gasoso, considerando que só ocorre
reação de combustão total, para os seguintes casos: a) ar teórico, 100% de conversão do combustível; b) 20 % em
excesso de ar, 100% de conversão; c) 20% em excesso de ar, 90% conversão. Calcular também a composição do
gás em base seca. Respostas (em fração molar do componente):
Letra C3H8 O2 N2 CO2 H2O
c 0,003 0,049 0,741 0,089 0,118
6. N-Hexano é queimado com excesso de ar. Em uma base seca, o produto gasoso contém 0,268% n-hexano;
7,60% oxigênio, 9,10% dióxido de carbono e o restante nitrogênio (base molar). Calcule a porcentagem em
excesso do ar alimentado no reator e a conversão do n-hexano. (30% e 85%)
7. A análise de um carvão indica 70% C, 20% H, 2% S e o restante cinzas (base mássica). O carvão é queimado a
uma taxa de 5000 kg/h e a taxa de alimentação de ar no forno é de 50 kgmol/min. Toda a cinza e 6 % do carbono
do combustível deixam o forno como uma massa fundida; o restante do carbono sai pela chaminé como CO e
CO2. O hidrogênio do carvão é oxidado a água e o enxofre emerge como SO2. A seletividade do CO2 em relação ao
CO é de 10:1. Calcule:
a) a porcentagem em excesso de ar alimentado no forno; (16%)
b) as frações molares dos poluentes gasosos (CO e SO2) no gás de chaminé; (0,0076 e 0,0010 respectivamente)
8. Um óleo combustível é alimentado em um forno e queimado com 25% em excesso de ar. O óleo contém 87,0%
de C, 10,0% de H e 3,0% de S. Uma análise dos gases de exaustão do forno acusou somente a presença de N2, O2,
CO2, SO2 e H2O. A taxa de emissão de dióxido de enxofre deverá ser controlada passando esta corrente de gases
de exaustão por um lavador, no qual a maior parte do SO2 será absorvida em uma solução alcalina. Os gases que
deixam o lavador (todo o N2, O2 e CO2 e um pouco de H2O e SO2) seguem para uma chaminé. O lavador tem uma
capacidade limitada e por isso uma fração da corrente de gases de exaustão segue por um bypass diretamente
para a chaminé. Em um determinado momento durante a operação do processo, o lavador remove 90% do SO2
da corrente gasosa que o alimenta, e a corrente combinada que segue para a chaminé (bypass + efluente do
lavador) contém 612,5 ppm de SO2 em base seca. Calcule a fração da corrente de bypass em relação à corrente
dos gases de exaustão neste momento. (30%)
EQ 481 – Listas de Exercícios 139
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8a Lista de Exercícios – Balanços de Energia com Reação Química
1. Vapor de água saturado a 250 oC é usado em um reator encamisado para aquecer uma mistura reacional,
saindo da camisa no estado de líquido saturado à mesma temperatura. O reator opera em batelada. A reação
absorve 2300 kJ/kg de material no reator. O calor dissipado pela camisa de vapor para o exterior é de 1,5 kJ/s. Os
reagentes são introduzidos no reator a 20 oC e ao final da reação o meio reacional está a 100 oC. Sabendo-se que a
carga consiste de 150 kg de material e que tanto os reagentes como os produtos têm uma capacidade calorífica
média igual a 3,26 J/(g.K), calcule quantos quilogramas de vapor de água são necessários por quilograma de
carga. O tempo de residência (tempo de batelada) no reator é de 1 h. (1,52 kg)
2. Dada a reação 4NH3(g) + 5O2(g) 4NO(g) + 6H2O(l) e sabendo-se que seu calor de reação a 1 atm e 298 K é
igual a – 279,6 kcal/mol, calcule o calor de reação a 920 oC e 1 atm, tendo como produto H2O na fase vapor.
(-216,7 kcal/mol)
3. N-butano é convertido a isobutano em um reator de isomerização, o qual opera isotermicamente a 149 oC.
Calcule o calor da reação de isomerização a 149 oC, utilizando dados tabelados de calor padrão de formação de n-
butano e isobutano. Suponha que a alimentação do reator contém 93% de n-butano, 5% de isobutano e 2% de
HCl (base molar) a 149 oC e que no reator é alcançada uma conversão de 40% do n-butano. A que taxa (em kJ/m3
CNTP de gás alimentado) o calor deverá ser removido ou fornecidoao reator? (-8701 J/gmol; 142,5 kJ/m3)
4. Tricloroetileno é muito usado na indústria como um solvente desengraxante para máquinas. Ele é produzido
por uma reação em duas etapas. Primeiramente o etileno é clorado formando tetracloroetano, o qual é
dehidroclorado para formar tricloroetileno. As reações são:
C2H4 (g) + 2 Cl2 (g) C2H2Cl4 (l) + H2 (g) rh
o = - 385,76 kJ/gmol
C2H2Cl4 (l) C2HCl3 (l) + HCl (g)
O calor padrão de formação do tricloroetileno é - 276,2 kJ/gmol.
a) Utilize os dados tabelados do calor padrão de formação do etileno e cloreto de hidrogênio para calcular o calor
padrão de formação do tetracloroetano a e o calor padrão de reação da segunda reação (-35,3 kJ/gmol)
b) Use a Lei de Hess p/ calcular o calor padrão de reação da seguinte reação: (-421 kJ/gmol)
C2H4 (g) + 2Cl2 (g) C2HCl3 (l) + H2 (g) + HCl (g)
c) Se 300 gmol/h de C2HCl3 (l) são produzidos de acordo com a reação da letra b e os reagentes e produtos estão
todos a 25oC, qual a quantidade de calor liberado ou absorvido no processo (Q = H) ? (-126305 kJ)
5. A redução da hematita (Fe2O3) com coque (carbono) nos altos-fornos em siderúrgicas, para a obtenção de
ferro-gusa é a primeira etapa na produção de aço. A reação básica é:
Fe2O3 (s) + 3C (s) 2Fe (s) + 3CO (g) rh
o = 2,111.105 Btu/lbmol
apesar de muitas outras reações ocorrerem paralelamente. Estime o calor necessário ao processo, para produzir
1 tonelada de ferro, utilizando os seguintes dados:
a) quantidades estequiométricas de minério e carbono são alimentadas a 77 oF, a reação é completa (100%
conversão), o ferro deixa o forno como líquido a 2800 oF e o CO sai a 570 oF.
b) A capacidade calorífica do Fe (s) na faixa de temperatura de interesse é: Cp (Btu/lbmol.oF) = 5,9 + 1,5.10-3T(oF).
c) O ferro se funde a 2794 oF e tem um calor de fusão de 6496 Btu/lbmol. A capacidade calorífica do ferro fundido
é igual a 8,15 Btu/lbmol.oF. (5,3.106 Btu/t)
EQ 481 – Listas de Exercícios 140
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
6. Um método para fabricar o “gás de síntese” (mistura de CO e H2) é o da reforma catalítica do CH4 com vapor a
alta temperatura, na pressão atmosférica. A reação principal é:
CH4 (g) + H2O (g) CO (g) + 3H2 (g).
A única outra reação que ocorre apreciavelmente é a reação do deslocamentodo gás de água:
CO (g) + H2O (g) CO2 (g) + H2 (g).
Quando o reator é alimentado com um gás contendo a proporção de 2 mols de vapor de água para 1 mol de
metano e recebe calor de forma a elevar a temperatura dos produtos até 1300 K, o metano é completamente
convertido, e o gás efluente tem 17,4 % de CO. Admitindo que os reagentes sejam pré-aquecidos a 600 K antes de
entrar no reator, calcule o calor fornecido ao reator. (327,7 kJ)
Dados:
Cp médio (a 600 K, Tref= 298 K): 10,46 cal/mol.K para o metano e 8,32 cal/mol.K para H2O.
Cp médio (a 1300K, Tref= 298 K): 7,60 cal/mol.K para CO; 7,12 cal/mol.K para H2; 11,97 cal/mol.K para CO2 e
9,28 cal/mol.K para H2O.
7. Dióxido de enxofre é oxidado a trióxido de enxofre em um pequeno reator de uma planta piloto. SO2 e 100 %
de ar em excesso são alimentados no reator a 450 oC. A reação procede com 65 % de conversão de SO2 e os
produtos saem do reator a 550 oC. A taxa de produção de SO3 é 100 kg/h. O reator é rodeado por uma camisa
d’água, na qual água a 25 oC é alimentada. Calcule a taxa mínima de fluxo de água de refrigeração se o aumento
de temperatura da água não pode exceder 15 oC. (1306 kg/h)
Dados: SO2 - Cp(T) = 38,91 + 3,904.10
-2T - 3,104.10-5T 2 + 8,606.10-9T 3
SO3 - Cp(T) = 48,50 + 9,188.10
-2T - 8,450.10-5T 2 + 32,40.10-9T 3 Cp em kJ/(kgmol.oC)
8. Uma caldeira é aquecida mediante a combustão de óleo combustível de boa qualidade (constituído apenas por
hidrocarbonetos), cujo poder calorífico superior é igual a 18.700 Btu/lbm. A temperatura do combustível e do ar
que entram na câmara de combustão é 77 oF. O ar está, por hipótese, seco. Os gases de combustão saem a 560
oF, e a sua análise média (base seca) é 11,2 % de CO2, 0,4 % de CO, 6,2 % de O2 e 82,2 % de N2. Calcule a fração do
poder calorífico do óleo que está disponível para ser transferida como calor à caldeira. (79,4%)
9. Coque pode ser convertido em CO - um combustível gasoso - na reação: CO2 (g) + C (s) 2CO (g). O coque,
contendo 84 % em massa de carbono e o restante cinzas não combustíveis, é alimentado ao reator, com uma
quantidade estequiométrica de CO2. O coque entra a 77
oF e o CO2 a 400
oF. Calor é transferido para o reator
numa quantidade de 5859 Btu/lbm de coque alimentado. Os produtos gasosos e o efluente sólido do reator
(cinzas e carbono não-queimado) saem do reator a 1830 oF. A capacidade calorífica dos sólidos que deixam o
reator é 0,24 Btu/(lbm.oF). Calcule a porcentagem de conversão do carbono no coque. (80,2%)
10. O óxido de etileno é um importante produto da indústria petroquímica, utilizado principalmente na produção
de glicóis. Um dos processos para sintetizar este composto é a oxidação do etileno. Uma corrente de alimentação
é composta de 8% C2H4, 19% O2 e 73% N2 (base molar). Essa corrente de alimentação se encontra a 1 atm e 200
oC e entra no conversor catalítico, onde ocorre a reação de oxidação. Nesse reator, 60% do etileno são
convertidos a óxido de etileno e 30% são queimados, gerando dióxido de carbono e água. Qual o calor que deve
ser removido do conversor, considerando 1 mol de corrente de alimentação, sabendo que os produtos gasosos
que deixam o reator estão a 250 oC ? (-35,2 kJ)
EQ 481 – Listas de Exercícios 141
Prof. José Vicente Hallak d’Angelo (DESQ/FEQ/UNICAMP)
11. Uma refinaria queima 6,7 Nm3/h de uma mistura gasosa em uma caldeira para gerar vapor de processo. A
mistura contém 95% de etano e 5% de hidrogênio (base molar). O vapor produzido pela caldeira da refinaria está
disponível a 650 oC e 2100 kPa e é utilizado nos refervedores das colunas de destilação da refinaria. Dos gases
efluentes do processo de combustão, uma parte é desviada até um trocador de calor, com a finalidade de pré-
aquecer a mistura gasosa de 25 oC a 60 oC, sendo esta a temperatura de entrada da mistura na caldeira. Após
deixar o trocador, os gases resfriados são enviados para a chaminé. A água é alimentada na caldeira na forma de
líquido saturado a 2100 kPa. O ar para o processo de combustão na caldeira é alimentado a 25 oC, com 20% em
excesso. Sabe-se que parte do etano é queimado numa reação de combustão parcial, produzindo CO (g) e H2O (g).
O hidrogênio é todo oxidado a vapor d’água. A caldeira não opera adiabaticamente, ocorrendo perda de calor a
uma taxa de 5611 kJ/h. Os gases efluentes da caldeira estão a 300 oC e uma análise destes gases indicou que a
concentração de CO é de 0,97% (base molar). Não foram detectados hidrogênio e etano nestes gases. Com base
nos dados fornecidos, pede-se:
a) o calor total liberado pelo processo de combustão; (-335156 kJ/h)
b) a vazão mássica do vapor produzido pela caldeira; (114,4 kg/h)
c) a fração dos gases efluentes que é desviada para o trocador de calor, sabendo que eles saem do trocador a 25
oC. (1,06%)
12. Uma refinaria de petróleo queima gás natural (essencialmente metano) em um forno, à taxa de 2,24 Nm3/h,
para aquecer uma mistura de hidrocarbonetos (C6-C9). Esta mistura é alimentada no forno a 25 oC e flui dentro
de tubos dispostos no interior deste forno, retirando calor do processo de combustão, saindo do forno a 65 oC.
Deste modo, o forno funciona como um trocador de calor. A mistura de hidrocarbonetos aquecida segue então
para uma coluna de destilação onde é fracionada. Com o passar dos anos, defeitos de construção e má operação
do forno, provocaram a ocorrência da reação paralela de combustão parcial do metano, produzindo CO (g) e H2O
(g). Uma tentativa de contornar este problema foi alimentar ar com 15 % em excesso. Uma análise dos gases
efluentes do forno continuou indicando a presença de CO na concentração de 1 % (base molar). Não foi detectada
a presença de metano. Com base nos dados fornecidos, pede-se:
a) a vazão da mistura de hidrocarbonetos que pode ser processada (kg/h), sabendo-se que o forno não opera
adiabaticamente, ocorrendo perda de calor a uma taxa de 1540 kcal/h. O ar e o metano são alimentados a 25 oC e
os gases de combustão deixam o forno a 350 oC; (633 kg/h)
b) faça uma análise do que você espera lucrar se os gases efluentes fossem desviados de modo a aproveitar o seu
calor sensível para pré-aquecer a mistura de hidrocarbonetos antes dela entrar no forno, sendo que a
temperatura de saída (65 oC) é um limite que deve ser respeitado.
Dados: Mistura de hidrocarbonetos: Cp (liq.) = 0,54 cal/(g.oC) ; temperatura de ebulição = 66 oC.
13. Calcule a temperatura adiabática de chama para a combustão do C3H6(g) a 1 atm quando queimado com 20 %
de ar em excesso, sendo que os reagentes entram na câmara de combustão a 25 oC. (1934oC)
14. Uma siderúrgica utiliza gás de alto-forno como combustível em alguns processos de produção. Seu gerente
deseja avaliar a possibilidade de separar o monóxido de carbono, que é um dos componentes do gás de alto-
forno, para utilizá-lo como combustível, como forma de aproveitar melhor o poder calorífico desse gás. Ele então
lhe pede para projetar uma unidade de separação por absorção. Também faz parte do seu projeto uma análise da
viabilidade de queimar o monóxido de carbono em um forno, alimentando-o a 100 oC, sendo queimado com ar
também a 100 oC, com 100% em excesso. Para fins de especificação do material de construção do forno, calcule a
temperatura máxima a qual ele estará submetido. (1560oC)
15. Metanol líquido está para ser queimado com ar 100% em excesso em um forno para geração de calor de
processo. Você, como engenheiro químico responsável pelo projeto do forno, deve calcular a temperatura mais
alta a que as paredes deste forno estarão submetidas, de modo a escolher um material de construção apropriado,
que suporte o calor do processo de combustão do metanol. Realize este cálculo, supondo que metanol é
alimentado a 25 oC e que o ar entra no forno a 100oC. (1256 oC)
Dados: CH3OH (líq.) + 1,5O2 (g) CO2 (g) + 2H2O (líq.)
o
ch - 726600 J/mol