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Sustentabilidade e paisagismo Apresentação A concepção da natureza como fonte inesgotável de recursos é uma ideia há muito superada; o processo de industrialização e a ascensão da sociedade de consumo tornaram indispensável uma reflexão sobre a maneira como as sociedades utilizam os recursos naturais. Essa reflexão, inevitavelmente, teve um impacto considerável na construção civil, uma das indústrias que mais consome esses recursos. Nesta Unidade de Aprendizagem, você reconhecerá o que qualifica um projeto como sustentável, além de identificar as características de um projeto sustentável. Por fim, analisará materiais e princípios que poderá aplicar em seus próprios projetos, a fim de otimizar o aproveitamento de recursos. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar projetos sustentáveis e não sustentáveis.• Caracterizar um projeto sustentável de paisagismo.• Reconhecer materiais com princípios sustentáveis.• Desafio O paisagismo é mais uma das áreas da arquitetura e urbanismo que, atualmente, vêm prezando pela sustentabilidade. Essas áreas que lidam diretamente com a natureza e o meio ambiente devem ser projetadas com ainda maior atenção, tanto sob o ponto de vista da preservação ambiental quanto por seu caráter educativo. Afinal, um bom projeto sustentável acaba sendo uma forma de despertar na população a curiosidade e o desejo por ambientes que preservem a natureza. A partir do exposto, responda: a) Quais tipos de piso você usará na nova pavimentação? Por quê? b) Quais argumentos você utilizará para garantir a manutenção da vegetação existente? Infográfico Utilizar espécies nativas ou adaptadas à região é uma das maiores estratégias de paisagismo sustentável, uma vez que as plantas necessitarão de menos irrigação, manutenção e uso de fertilizantes para se desenvolver. O Brasil é dos países com a flora mais diversa do planeta. Neste Infográfico, você conhecerá as principais plantas ornamentais nativas do nosso país, que representam excelentes escolhas para projetos de paisagismo sustentável. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/28d0abe9-053e-465a-9068-af20926bd468/9b2b3b3c-c572-4505-8f64-41e70afd35a8.jpg Conteúdo do livro A sustentabilidade é um assunto cada vez mais pertinente, principalmente em projetos de arquitetura e paisagismo. É de se esperar que essa área, que pode ser responsável pela geração de grandes desequilíbrios ambientais, mas tem um grande potencial na luta pela preservação, seja pioneira na busca de soluções sustentáveis. No capítulo Sustentabilidade e paisagismo, da obra Projetos de paisagismo e de construções rurais, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você conhecerá as principais diretrizes do paisagismo sustentável, assunto muito discutido e atualizado nos últimos anos. Você também compreenderá esses conceitos por exemplos e reconhecerá materiais e práticas que serão muito úteis no desenvolvimento de projetos de paisagismo sustentável. Boa leitura. PROJETOS DE PAISAGISMO E DE CONSTRUÇÕES RURAIS Anna Carolina Manfroi Galinatti Sustentabilidade e paisagismo Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Diferenciar projetos sustentáveis de não sustentáveis. Caracterizar um projeto sustentável de paisagismo. Reconhecer materiais com princípios sustentáveis. Introdução O crescimento das cidades e da população que nelas habitam tem tornado a discussão sobre sustentabilidade e responsabilidade ambiental cada vez mais pertinente. Uma vez que os recursos naturais não são infini- tos, é esperado que qualquer projeto que impacte o ambiente natural, seja ele uma grande construção ou um paisagismo de pequena escala, desenvolva-se a partir de premissas sustentáveis, com uso de recursos, de técnicas e de materiais não agressivos à natureza. Sendo a construção civil uma das indústrias que mais consome recursos, é imprescindível que os profissionais da área otimizem seus projetos de forma a aproveitar melhor os recursos. Neste capítulo, vamos definir as premissas de um projeto de pai- sagismo sustentável. Assim, serão apresentadas as características que projetos ambientalmente responsáveis devem apresentar, bem como os materiais e técnicas mais adequados. 1 Estratégias para projetos sustentáveis A sustentabilidade é uma característica cada vez mais buscada nos projetos de arquitetura, sejam esses edifícios, casas ou jardins e parques. A consciência sobre a necessidade da preservação dos recursos naturais é, atualmente, um fator indiscutível nas sociedades ao redor do mundo. No paisagismo, existem diversos dispositivos de projeto que os profissionais podem adotar para tornar seus espaços mais condizentes com essa consciência. Esses recursos podem estar ligados tanto à escolha de revestimentos ou de espécies vegetais quanto à proposição de jardins que permitam que a fauna nativa da região prospere. A seguir, vamos ver em detalhes alguns desses dispositivos e estratégias. Economia de água A água, como todos sabem, é um recurso essencial para a vida no planeta Terra. Para Sue Roaf (2014) são quatro os fatores que contribuem para a crescente importância da preservação da água: 1. o desenvolvimento das populações mundiais; 2. as mudanças climáticas; 3. a crescente interferência do homem nos cursos naturais d’água; 4. a poluição. Segundo a autora, em 1990, a Organização Mundial da Saúde estimou que 1,23 bilhão de pessoas não tinham acesso à água potável, número que, segundo pesquisa citada por ela, aumentou desde então. “Adicione a isso o problema já crônico dos impactos devastadores das mudanças climáticas e os resultados podem ser catastróficos, mesmo nos países mais desenvolvidos” (ROAF, 2014, p. 200). No paisagismo, a economia de água pode se dar de diversas maneiras, desde a escolha de materiais cuja fabricação utilize menos esse recurso até a especificação de espécies vegetais cuja manutenção demande menos irrigação. Além disso, o aproveitamento da água da chuva, com sistemas de retenção de água para uso posterior, tem capacidade de reduzir drasticamente o consumo de água da rede pública. Atualmente, a preocupação com a preservação dos recursos fez fabricantes de materiais de construção se esforçarem para melhorar a eficiência de suas instalações, o que é refletido no consumo de água para a fabricação dos pro- dutos. Geralmente, as empresas que tomam esses cuidados divulgam essas características nas propagandas e nos rótulos de seus produtos, facilitando a escolha por materiais cuja fabricação consuma menos água. O jardim, porém, é a área onde o projeto de arquitetura realmente pode fazer uma grande diferença, visto que os projetos de paisagismo geralmente são cons- truídos para durar vários anos, multiplicando o impacto das decisões de projeto. A maneira mais eficiente para reduzir o consumo de água na manutenção de Sustentabilidade e paisagismo2 jardins é optar por espécies vegetais nativas da região onde se está projetando, de forma que a necessidade de irrigação se reduz à quase zero, sendo necessária apenas para situações atípicas, como longos períodos de estiagem, quando se pode optar por utilizar água armazenada em reservatórios de água da chuva. Calor Os jardins, os parques e as praças são, geralmente, refúgios onde as tempera- turas são consideravelmente mais baixas que em outros lugares, especialmente quando se trata de grandes cidades com ruas asfaltadas. Lamberts, Dutra e Pereira (2014) apontam que a radiação solar é a principal fonte de calor, mas que, felizmente, pode ser modulada com o uso correto de vegetação e outros dispositivos de sombra: A vegetação é diferente de outras possíveis obstruções no bloqueio da radiação solar. As folhas árvores com folhas caducas, por exemplo, podem sombreara edificação no verão, enquanto que no inverno permitem a passagem do sol. Em locais arborizados, a vegetação pode interceptar entre 60 e 90% da radiação solar, causando uma redução substancial da temperatura na superfície do solo (LAMBERTS, DUTRA; PEREIRA, 2014, p. 112). Na Figura 1, você pode ver como uma árvore tem capacidade de bloquear a radiação solar ao mesmo tempo que permite a passagem de ar para resfriar o ambiente, ao contrário de uma edificação, que geralmente traz sombra, mas bloqueia os ventos. Figura 1. Vegetação, sol e vento. Fonte: Lamberts, Dutra e Pereira (2014, p. 83). 3Sustentabilidade e paisagismo Além da temperatura, outros fatores, como a umidade relativa do ar, con- tribuem para a percepção de conforto ambiental. Para isso, os arquitetos podem prever o uso de corpos hídricos, como lagos e espelhos d'água, para aumentar a umidade em regiões onde o clima é seco, contribuindo para um maior conforto. Na Figura 2, você pode ver um espelho d'água em brasília, região bastante seca. Figura 2. SEBRAE Distrito Federal, por grupoSP + Luciano Margotto. Fonte: Kon (2010, documento on-line). Drenagem O projeto de espaços abertos possibilita, aos arquitetos, especificar revesti- mentos que constribuam para a drenagem das águas das chuvas, reduzindo os riscos de enchentes e de alagamentos nas grandes cidades. Existem, atualmente, materiais com capacidade de drenar grande quantidade da água da chuva que entre diretamente para o solo, reduzindo a necessidade de canalização. Na Figura 3, você pode ver dois exemplos desse tipo de piso: os blocos de pisograma, fabricados em concreto com espaço para que a vegetação nasça no solo, e os pisos intertravados drenantes, fa- bricados com um espaçamento entre os elementos que permite passagem da água. Sustentabilidade e paisagismo4 Figura 3. (a) Pisos intertravados e (b) pisograma. Fonte: Braston ([201-?], documento on-line). Corredores de fauna Por fi m, um aspecto muitas vezes negligenciado nos projetos de paisagismo é a fauna local, os animais (especialmente as aves) que habitam os ambientes urbanos. Uma solução para esse tipo de situação é a adoção de corredores ecológicos, ou corredores de fauna. Almeida (2020, p. 129) conceitua essa estratégia da seguinte maneira: “[...] corredores ecológicos constituídos por espaços protegidos ou rela- tivamente conservados, necessários à interligação entre dois ou mais fragmentos naturais”. Ou seja, o paisagismo pode ser utilizado para criar ligações vegetais entre grandes áreas vegetadas, permitindo que a fauna se movimente naturalmente de um bolsão vegetado para outro, sem prejuízo para seus hábitos naturais. Nesta seção, vimos existem diversos dispositivos que podem ser utilizados pelos projetistas para tornar os projetos mais sustentáveis tanto em relação ao 5Sustentabilidade e paisagismo clima e à economia de energia quanto em relação à preservação de espécies nativas de plantas e de animais. A seguir, veremos alguns projetos exemplares, nos quais princípios foram aplicados. 2 Projetos de paisagismo sustentáveis O paisagismo tem diversas escalas, o que permite que os projetistas proponham intervenções com diferentes níveis de complexidade. Os projetos podem variam desde pequenos jardins em residências até parques com centenas ou milhares de hectares, demandando estratégias completamente diferentes. A seguir, analisaremos alguns projetos de paisagismo em escalas e situações ambientais contrastantes para entendermos que não existe uma fórmula única para a criação de projetos paisagísticos sustentáveis, mas, sim, uma linha de pensamento que promove a preservação dos recursos naturais sem prejudicar as propriedades sensoriais dos espaços. Casa Modico, por Atelier Branco Essa casa, projetada na praia de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, utiliza vegetação adaptada ao local e elementos construtivos simples e naturais para reduzir drasticamente o impacto ambiental e a necessidade de manutenção do jardim. Na Figura 4, você pode observar como os arquitetos utilizaram vegetação que não necessita de regas e pedras locais em tons claros para minimizar a absorção do calor. Figura 4. Casa Modico, por Atelier Branco. Fonte: Cairoli (2019, documento on-line). Sustentabilidade e paisagismo6 Essa casa, projetada para ser utilizada apenas como um refúgio de férias, integra perfeitamente o interior e o exterior. Observe, na Figura 5, como a interface entre a área fechada e o pátio é feita com uma calha com brita branca, aumentando a permeabilidade do solo. Fica claro, nessa imagem, como a vegetação escolhida pelos arquitetos é bem adaptada ao clima do Nordeste brasileiro. Figura 5. Casa Modico - Atelier Branco Fonte: Cairoli (2019, documento on-line). Praça Eliane, por Hanazaki Paisagismo Nesse projeto, feito para um jardim em um espaço comercial de São Paulo, os projetistas utilizaram espelhos d'água e espécies tropicais adaptadas ao clima paulista para criar um ambiente intimista e sombreado, onde a temperatura é regulada pela sombra das árvores e pela evaporação da água. Na Figura 6, você pode ver a mistura da água com a vegetação. 7Sustentabilidade e paisagismo Figura 6. Praça Eliane, por Hanazaki Paisagismo. Fonte: Seródio (2016, documento on-line). O acesso a esse jardim é feito por um corredor coberto por um pergolado escuro, que filtra a luz direta. Na parede desse espaço, uma estrutura de parede verde foi utilizada, com aplicação de espécies bem adaptadas à sombra, como os pacovás. Na Figura 7, você pode ver como piso do caminho foi revestido com porcelanato, deixando uma zona permeável na periferia. Figura 7. Praça Eliane, por Hanazaki Paisagismo. Fonte: Seródio (2016, documento on-line). Sustentabilidade e paisagismo8 Inhotim Esse museu a céu aberto inaugurado em 2006 ocupa, atualmente, cerca de dois mil hectares de uma fazenda na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais. A área foi projetada segundo orientações passadas por Roberto Burle Marx ainda nos anos 1990 e desenvolvida, inicialmente, por Carlos Luiz Orsini e, posterior- mente, por uma equipe de paisagistas ligadas diretamente ao Instituto Inhotim. O tamanho da área demanda soluções diversas de paisagismo, adaptando-se às solicitações dos artistas cujas obras estão expostas. Uma obra que demonstra a preocupação dos projetistas com a sustentabilidade é o Centro Educativo Burle Marx, construído sobre um lago e com um jardim em sua cobertura. Na Figura 8, você pode ver o caminho que passa por cima do edifício, coberto com água e vegetação. Essa solução melhora a performance térmica do interior, economizando energia e diminuindo a necessidade de impermeabilização. Figura 8. Centro Educativo Burle Marx, por Arquitetos Associados. Fonte: Coelho e Mansur (2009, documento on-line). Além das galerias de exposição, o Inhotim é um dos mais importantes Jardins Botânicos do Brasil, plantando e preservando exemplares de espécies ameaçadas de extinção, como o Xaxim. As espécies cultivadas no jardim va- riam entre exóticas e nativas da Mata Atlântica, com o cuidado para utilização de espécies adaptadas ao clima: O Jardim Botânico Inhotim (JBI) mantém, propaga e propicia estudos com as espécies botânicas de seu acervo de aproximadamente 5.000 espécies, repre- 9Sustentabilidade e paisagismo sentando mais de 28% das famílias botânicas conhecidas no planeta. A ênfase do trabalho do JBI é dada às espécies ameaçadas, à conservação de recursos genéticos e à disposição das espécies de forma paisagística. A introdução de espécies pouco conhecidas de forma paisagística é uma das estratégias utilizadas para divulgar e sensibilizar os visitantes sobre a importância da biodiversidade vegetal para a sobrevivência humana (INHOTIM, 2020, documento on-line). Na Figura 9, você pode ver as diversas escalas do paisagismo no Inho- tim, desde o lago até as áreas com forração com gramíneas, passando pelos caminhos executados em pedras locais, a integração comas edificações e as áreas de preservação natural da Mata Atlântica, demonstrando o cuidado com a preservação dos recursos naturais. Figura 9. Restaurante Oiticica, por Rizoma Arquitetura. Fonte: Queiroga (2010, documento on-line). As diferentes escalas do paisagismo trazem desafios e oportunidades distintas para os projetistas, que podem aproveitá-las em seus projetos. Na casa Modico, por exemplo, o clima e as condições de uso do jardim demandaram soluções de pouca manutenção; já no Inhotim, a escala gigantesca permitiu projetar com diversos níveis de intervenção, desde jardins intimistas até a mata nativa. A seguir, você verá materiais que trazem atributos sustentáveis a seus projetos. 3 Materiais com princípios sustentáveis Como vimos anteriormente, o paisagismo não se limita à escolha de espécies vegetais para a criação de jardins. Os espaços externos acabam necessitando Sustentabilidade e paisagismo10 de pisos, de paredes e de outros elementos para possibilitar seu uso prolongado. É nesses materiais que o impacto ambiental pode ser maior. A seguir, vamos explorar alguns tipos de materiais e produtos com proprie- dades que colaboram para a sustentabilidade dos projetos, apresentando-os em categorias como pisos, paredes, elementos de jardinagem e manutenção. Pisos Os pisos podem interferir na sustentabilidade de um projeto de diversas ma- neiras, seja pela impermeabilização do solo, que impede a penetração da água no lençol freático, seja pela absorção de raios solares, que gera o aquecimento do ambiente. Felizmente, existem diversos materiais que ajudam a mitigar essas questões. Quanto à permeabilidade do solo, os pisos podem apresentar essa pro- priedade de duas maneiras: aqueles que são vazados, permitindo a passagem da água e da vegetação por aberturas em sua geometria, e aqueles fabricados com materiais porosos, que apresentam superfícies praticamente lisas, mas permitem que a água passe pelas suas porosidades. Na Figura 10, você pode ver como os pisos do tipo Megadreno podem ser usados como pavimentação de caminhos da mesma maneira como pedras ou outras placas monolíticas, sem prejuízo para a acessibilidade. Figura 10. Piso Megadreno. Fonte: Braston ([201-?], documento on-line). 11Sustentabilidade e paisagismo Esse tipo de piso é produzido por vários fabricantes, tendo diversos aca- bamentos, que podem ser escolhidos de acordo com o projeto paisagístico. Na Figura 11, você pode ver uma amostra da variedade de cores e de acabamentos disponíveis em um desses fabricantes. Figura 11. Padrões de piso drenante. Fonte: Braston ([201-?], documento on-line). Os pisos que permitem a permeabilidade pelas aberturas nas peças e entre elas podem ter graus variados de abertura, tornando a trafegabilidade mais ou menos fácil. Os pisos do tipo concregrama são bastante utilizados em estacionamentos, por resistirem à carga dos veículos, mas podem ser um pouco desconfortáveis para caminhar. Veja, na Figura 12, um exemplo de aplicação desse piso. Sustentabilidade e paisagismo12 Figura 12. Concregrama. Fonte: Braston ([201-?], documento on-line). Para facilitar a caminhada sobre essas superfícies, muitas vezes os paisagistas preenchem algumas das aberturas com cimento ou com peças especiais para isso, atribuindo maior acessibilidade aos projetos, como você pode ver na Figura 13, que mostra um caminho delimitado em uma grande superfície de concregrama. Figura 13. Caminhos em concregrama. Fonte: Braston ([201-?], documento on-line). 13Sustentabilidade e paisagismo Além desses, o uso de pedras para pavimentação pode ser uma opção sustentável, uma vez que esses elementos podem ser instalados diretamente sobre o solo, sem a necessidade de contrapisos, o que permite que a água escoe e que plantas nasçam entre elas. Na Figura 14, você pode ver como o caminho que leva ao restaurante Oiticica, no Inhotim, foi pavimentado. Figura 14. Acesso ao restaurante Oiticica, por Rizoma Arquitetura. Fonte: Queiroga (2010, documento on-line). Paredes Quando é preciso fazer alguma contenção de terreno, as soluções mais sus- tentáveis são aquelas que mantêm as características do terreno, sem grandes modifi cações. Nesses casos, uma das tecnologias mais simples e efetivas é o uso de gabiões, gaiolas metálicas preenchidas com pedras. Esses elementos garantem a integridade estrutural e permitem que as plantas, a água e até alguns insetos sigam suas tendências naturais. Na Figura 15, você pode ver uma estrutura de contenção executada em gabi- ões. Observe como a altura é vencida com duas paredes, evitando uma grande superfície construída, o que prejudicaria estética e estruturalmente a solução. Sustentabilidade e paisagismo14 Figura 15. Contenção com gabiões. Fonte: Cre8 design/Shutterstock.com. Jardinagem e manutenção Muitos jardins são delimitados por divisores de plantas, elementos plásticos que evitam que uma espécie se propague por toda a área. Esse é um modo de reduzir a necessidade de manutenção manual das plantas, mas pode representar um poluente a mais nas obras. Para evitar isso, deve-se preferir divisores fabricados em materiais reciclados ou biodegradáveis. Para a manutenção dos jardins, como você sabe, um dos maiores gastos é com irrigação. Inicialmente, deve-se preferir espécies nativas da região, que, normalmente, necessitam de menos regas, economizando água. Caso seja necessário irrigar as plantas para mantê-las vivas, o mais recomendado é a adoção de um sistema de irrigação automatizado, calibrado para entregar a quantidade suficiente de água sem que haja desperdícios. Atualmente, existem diversos tipos de sistemas de irrigação, adaptados para diferentes escalas. Para grandes áreas, o sistema mais recomendado é do tipo aspersor, que pulveriza água sobre a vegetação, como você pode ver na Figura 16. 15Sustentabilidade e paisagismo Figura 16. Irrigação por aspersão. Fonte: Stepanenko Lera/Shutterstock.com. Por jogar água no ar, os aspersores acabam desperdiçando bastante água. Para uma rega mais controlada, pode ser utilizado o sistema de gotejamento. No entanto, esse sistema é recomendado para pequenas áreas, por exigir o uso de mangueiras que chegam diretamente na planta a ser irrigada, como você pode ver na Figura 17. Figura 17. Irrigação por gotejamento. Fonte: Floki/Shutterstock.com. Sustentabilidade e paisagismo16 Neste capítulo, vimos que o paisagismo é um espaço de atuação dos ar- quitetos que permite realizar intervenções no espaço aberto, melhorando a qualidade de vida nas cidades. Por isso, os projetos de paisagismo podem ser uma grande oportunidade para que essas intervenções tenham impacto ambiental positivo, tanto pela diminuição do calor na cidade quanto pela economia de recursos em suas construção e manutenção. ALMEIDA, A.; SANTOS, F. Corredores Ecológicos e Passagens de Fauna: Estratégias de Manutenção da Biodiversidade no Parque Estadual do Juquery-Sp a partir da Biogeografia da Conservação. Boletim Paulista de Geografia, n. 103, p. 123-147, 2020. Disponível em: https://www.agb.org.br/publicacoes/index.php/boletim-paulista/ article/viewFile/1980/1623. Acesso em: 25 out. 2020. BRASTON. Pisograma. [201-?]. 1 fotografia. Disponível em: https://www.archdaily.com. br/catalog/br/products/9615/pisograma-braston. Acesso em: 25 out. 2020. BRASTON. Piso intertravado — Bloquetes maciços ou permeáveis. [201-?]. 1 fotografia. Dis- ponível em: https://www.archdaily.com.br/catalog/br/products/9637/piso-intertravado- -bloquetes-macicos-ou-permeaveis-braston. Acesso em: 25 out. 2020. BRASTON. Piso Megadreno Granili Acabamento Klasse. [201-?].1 fotografia. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/catalog/br/products/9635/piso-megadreno-granili- -acabamento-klasse-braston. Acesso em: 25 out. 2020. BRASTON. Piso Megadreno Granili Acabamento Levigado. [201-?].1 fotografia. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/catalog/br/products/9636/piso-megadreno-granili- -acabamento-levigado-braston. Acessoem: 25 out. 2020. CAIROLI, F. Casa Modico / Atelier Branco Arquitetura. 2019. 1 fotografia. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/943907/casa-modico-atelier-branco-arquitetura. Acesso em: 25 out. 2020. COELHO, M.; MANSUR, D. Centro Educativo Burle Marx / Arquitetos Associados. 2009. 1 fotografia. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-18858/centro-educativo- -burle-marx-arquitetos-associados. Acesso em: 25 out. 2020. KON, N. Sede do SEBRAE / gruposp + Luciano Margotto. 2010. 1 fotografia. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-402/sede-do-sebrae-gruposp. Acesso em: 25 out. 2020. INHOTIM. Jardim Botânico. [2020]. Disponível em: https://www.inhotim.org.br/inhotim/ jardim-botanico/jardim-botanico/. Acesso em: 25 out. 2020. 17Sustentabilidade e paisagismo Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos testados, e seu fun- cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links. LAMBERTS, R.; DUTRA, L.; PEREIRA, F. O. R. Eficiência Energética na Arquitetura. 3. ed. Rio de Janeiro: ELETROBRAS/PROCEL, 2014. Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/ sites/default/files/apostilas/eficiencia_energetica_na_arquitetura.pdf. Acesso em: 25 out. 2020. QUEIROGA, H. Restaurante Oiticica / Rizoma Arquitetura. 2010. 1 fotografia. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-34999/restaurante-oiticica-rizoma-arquitetura. Acesso em: 25 out. 2020. ROAF, S. Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável. Porto Alegre: Bookman, 2014. SERÓDIO, Y. Praça Eliane / Hanazaki Paisagismo. 2016. 1 fotografia. Disponível em: ht- tps://www.archdaily.com.br/br/938507/praca-eliane-hanazaki-paisagismo. Acesso em: 25 out. 2020. Sustentabilidade e paisagismo18 Dica do professor Você sabia que mais de 70% da superfície da Terra é composta de água, um dos elementos mais abundantes e essenciais em nosso planeta? Apesar disso, os projetos de paisagismo nem sempre aproveitam todo o seu potencial, costumando se limitar a usá-lo de forma decorativa ou em objetos inanimados. Existe, porém, uma forma muito interessante de introduzir o uso da água no paisagismo, pelas chamadas piscinas biológicas. Na Dica do Professor, você conhecerá o conceito de biopiscinas, entenderá como esse sistema de uso de água funciona e qual é sua importância e contribuição para o paisagismo sustentável. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/09c7df3ed6a2cfc282a71b0d4e64f19c Exercícios 1) A água é um recurso natural essencial para a vida na Terra e um componente indispensável nos projetos de paisagismo. Observe as afirmações abaixo e as preencha com V para verdadeiro e F para falso. ( ) A crescente interferência dos seres humanos nos cursos naturais de água torna premente a discussão sobre a preservação desse recurso. ( ) Em função do crescente acesso a bens de consumo e recursos naturais, uma parcela muito pequena da população mundial não tem acesso à água potável. ( ) Na disciplina de Paisagismo, a preocupação sobre o uso da água vai além da escolha de sistemas de irrigação, entrando no mérito da escolha de materiais que utilizam esse recurso. ( ) Ecológica e economicamente, o aproveitamento de água não faz sentido para construções residenciais. A sequência que preenche corretamente as lacunas é a seguinte: A) V - V - V - F. B) V - V - F - F. C) V - F - F - F. D) F - F - V - V. E) V - F - V - F. 2) A gestão do calor é um componente essencial na construção de espaços de qualidade. Para que um ambiente seja considerado agradável, não pode ser muito quente e nem muito frio. Sobre o calor e seu impacto no ambiente construído, pode-se afirmar o seguinte: A) Parques e praças, geralmente, têm uma média de temperatura acima dos demais ambientes urbanos. B) A principal fonte de calor em ambientes urbanos é gerada pela temperatura dos usuários desses locais. C) A radiação solar pode ser bloqueada por elementos como vegetação, mas não modulada. D) Árvores com folhas caducas mantêm as folhas durante todo o ano, mantendo constante proteção contra os raios solares. E) A temperatura não é o único fator a contribuir no conforto térmico. Fatores como a umidade relativa do ar contribuem para a sensação de desconforto. 3) Um projeto de paisagismo deve atender às necessidades de quem o contratou. Além disso, há uma série de requisitos implícitos, como adequação ao clima e uma preocupação com o ambiente no qual será inserido. Observe as informações a seguir sobre o projeto de paisagismo: I - Paisagismo é uma disciplina subordinada ao Urbanismo. Por isso, quando se fala de projeto de paisagismo nos limita a grandes intervenções urbanas, como praças e parques. II - Além de elementos vegetais, projetistas podem utilizar outros elementos naturais, como a água, e não naturais, como revestimentos industrializados, em suas composições. III - O projeto de paisagismo também pode resolver problemas de arquitetura, promovendo a habitabilidade das edificações por materiais que regulam a temperatura dentro dos edifícios. Estão corretas as seguintes assertivas: A) I, apenas. B) II, apenas. C) III, apenas. D) I e II. E) II e III. Os elementos não vegetais do paisagismo podem ser responsáveis por grande parte do seu impacto no ambiente; por isso, é necessário escolher materiais que colaborem com a sustentabilidade do projeto. Considere as seguintes afirmações: I - Pisos permeáveis são contraindicados para uso em áreas externas. II - O piso concregrama, embora muito indicado para áreas externas, é pouco resistente para o tráfego intenso. 4) III - As pedras são materiais muito indicados para pisos de jardins, por não necessitarem de contrapiso. Estão corretas: A) I, apenas. B) II, apenas. C) III, apenas. D) I e II. E) II e III. 5) A manutenção de um jardim pode representar um grande gasto econômico e energético nos projetos, sendo a irrigação um dos processos que exige mais cuidado, uma vez que pode se tornar pouco sustentável. Assinale como verdadeiras (V) ou falsas (F) as seguintes afirmações: ( ) Para que não haja necessidade de rega constante, é indicado o uso de plantas exóticas. ( ) O sistema de irrigação aspersor pulveriza água sobre a vegetação e é indicado para grandes áreas, como gramados. ( ) O gotejamento é um sistema recomendado para pequenas áreas, por exigir o uso de mangueiras. Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas. A) V - V - V. B) F - F - F. C) V - F - F. D) F - V - V. E) F - V - F. Na prática Um bom projeto de paisagismo sustentável pode ser facilmente identificado pelos usuários e servir como fonte propagadora de conhecimento. O uso de estratégias sustentáveis faz muito sentido em intervenções de paisagismo e urbanismo em grandes cidades, nas quais a crescente urbanização pode trazer consequências negativas ao ambiente natural. Neste Na Prática, você conhecerá o projeto de um espaço aberto de sustentabilidade, a Praça Victor Civita, no qual diversas premissas ecologicamente corretas serviram como base para a criação de um ambiente de lazer interativo e educativo para os usuários. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://statics-marketplace.plataforma.grupoa.education/sagah/aab89a32-57ed-487b-b11b-89ddf623a8ec/d255c6ee-ea50-49db-a672-0bce66d4586c.jpg Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Olson Kundig projeta primeiro centro de compostagem humana do mundo Saiba mais sobre o projeto que oferece uma alternativa sustentável aos métodos funeráriostradicionais. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Pisos permeáveis: economia, design e eficiência Conheça os principais tipos de pisos permeáveis disponíveis no mercado. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. Arquitetura e paisagismo vertical: alternativa estética e de qualificação ambiental Este artigo analisa o paisagismo vertical como alternativa estética e de qualificação ambiental. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://www.archdaily.com.br/br/929158/olson-kundig-projeta-primeiro-centro-de-compostagem-humana-do-mundo https://www.temsustentavel.com.br/pisos-permeaveis-economia-design/ https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/16.188/5907
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