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- AS DIFERENTES ABORDAGENS EM PSICOLOGIA CLÍNICA - PERSPECTIVAS ATUAIS E CRÍTICAS À PSICOLOGIA CLÍNICA PSICOLOGIA E PROCESSOS CLÍNICOS O Surgimento das PSicoterapias As psicoterapias têm suas raízes na história da filosofia, da medicina, da psiquiatria e da psicologia. Formas primitivas de psicoterapias sempre existiram, fazendo alusões a curandeiros ou xamãs como psicoterapeutas primordiais. O Surgimento das PSicoterapias Tal tipo de analogia só é possível porque a empatia, o entendimento e a necessidade de darmos e recebermos auxílio são elementos fundamentais do gregarismo humano e do processo civilizatório. Efeitos benéficos sobre o sofrimento existencial de certos rituais religiosos ou manifestações culturais e aquilo a que atualmente chamaríamos de seus efeitos psicoterapêuticos. O Surgimento das PSicoterapias Teatro na Grécia. Confissão na religião católica. Por fim, há os que preferem vincular o surgimento das psicoterapias ao surgimento da medicina. O Surgimento das PSicoterapias Para compreender como surgiram as psicoterapias, não basta fazermos conjecturas históricas simplistas, que apenas criam mitos sobre seu surgimento. Importância de entender o longo caminho epistemológico que nos permitiu abandonar explicações míticas para os fenômenos mentais e chegarmos a sistemas explicativos racionais e científicos. RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – Grécia antiga A preocupação com a alma e a razão humanas já existia entre os gregos antes da era cristã. Psyché – alma, logos – razão RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – Grécia antiga A alma ou espírito era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção. Sócrates: razão como diferenciador dos homens em relação aos animais. Platão: cabeça como local da razão Separação entre alma (imortal) e corpo (mortal) RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – Grécia antiga Aristóteles: Psyché como princípio ativo da vida Estóicos - Para eles, as emoções negativas resultavam de erros de julgamento, e uma pessoa sábia era aquela que não deixava que as emoções guiassem seu comportamento, tentando viver em sintonia com o que o destino oferecesse e, dessa forma, em harmonia com as leis da natureza (o cosmos). RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – Grécia antiga Para Epicteto (55-135 d.C.), “o que perturba as pessoas não são a s coisas em si, mas o que elas pensam sobre as coisas” RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – Grécia antiga RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – idade média Cristianismo Santo Agostinho (354-430) Tal como Platão, fazia distinção entre alma e corpo A alma como sede da razão e a prova de uma manifestação divina no homem Mundo interior RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – idade média São Tomás de Aquino (1225-1274) Retoma em Aristóteles a distinção entre essência e existência Somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência em termos de igualdade RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – idade moderna Ruptura da Igreja Católica Protestantismo Surgimento do Capitalismo Revolução Francesa Revolução Industrial RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – idade moderna RENASCIMENTO Processo de valorização do homem Início da sistematização do conhecimento científico – estabelecimento de métodos e regras básicas para a construção do conhecimento científico. RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – idade moderna René Descartes (1596-1659): Separação entre mente (alma, espírito) e corpo O ser humano possui uma substância material e uma substância pensante O corpo desprovido do espírito é apenas uma máquina Dualismo mente-corpo torna possível o estudo do corpo humano morto, possibilitando o avanço da Anatomia e Fisiologia, que iria contribuir e muito para o progresso da própria Psicologia. RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – idade moderna A crença na ciência Sociedades Feudais: a razão estava submetida à fé como garantia de centralização do poder. A autoridade era o critério de verdade. RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – idade moderna Transformações O conhecimento tornou-se independente da fé, tornou-se fruto da razão Os dogmas da igreja foram questionados Racionalidade humana como grande possibilidade de construção do conhecimento Condições materiais para o surgimento da ciência moderna A possibilidade de desvendar a Natureza e suas leis pela observação rigorosa e objetiva O mundo como uma máquina A experiência da subjetividade Nem sempre e nem todos os grupos sociais sentem e pensam a sua existência da mesma maneira. Vida privada. Valorização da vida pessoal. A experiência da subjetividade O capitalismo impôs sua forma de pensar cada humano como consumidor e produtor individual, livre para vender a sua força de trabalho. A ideia de “eu” como produto da modernidade. “Penso, logo existo” - Descartes A experiência da subjetividade Perda de referências – desamparo. A experiência subjetiva entra em crise. O sujeito que conhece pode não conhecer tudo. O destino humano agora estava nas mãos dos próprios humanos. A experiência da subjetividade Eclosão de conflitos. Necessidade de uma ciência que estudasse e produzisse visibilidade para a experiência subjetiva. A Psicologia é o produto das dúvidas do homem moderno, esse humano que se valorizou enquanto indivíduo e que se constituiu como sujeito capaz de se responsabilizar e escolher o seu destino. O positivismo Positivistas como Augusto Comte (1798-1857) passaram a defender que tudo deveria ser provado e verificado. Se opunham ao idealismo e ao romantismo, que valorizava as emoções e a subjetividade Propunham como único método geral de aquisição do conhecimento a observação dos fenômenos e a primazia da experiência, única capaz de produzir, a partir dos dados concretos (positivos) RAÍZES FILOSÓFICAS DAS PSICOTERAPIAS – a psicologia científica O caminho natural que os fisiologistas da época seguiam, quando passavam a se interessar pelo fenômeno psicológico enquanto estudo científico era a Psicofísica. Os fenômenos psicológicos vão adquirindo status de científicos. 1879 Wilhem Wundt (1832-1920) instalou o Laboratório de Psicologia Experimental, em Leipzig, na Alemanha. Primeiras escolas da psicologia Funcionalismo – William James O que fazem os homens? Por que o fazem? Pragmatismo Consciência como centro de preocupação Estruturalismo – Titchener Associacionismo - Thorndike Os estados elementares da consciência como estruturas do SNC. Introspeccionismo Conhecimentos produzidos em laboratórios - experimentais Aprendizagem como processo de associação de ideias Lei do Efeito A explosão das psicoterapias no século XX (1) o modelo psicanalítico, criado por Freud, que leva em conta o determinismo dos conflitos psíquicos inconscientes e dos mecanismos de defesa do ego sobre os sintomas mentais e a conduta humana; (2) o modelo comportamental, que foca as for mas de comportamento aprendido e condicionado de Pavlov, Watson, Skinner, Wolpe e Bandura; A explosão das psicoterapias no século XX (3) o modelo cognitivo, desenvolvido por Ellis e Aaron Beck, que enfatiza o papel de cognições disfuncionais como fator responsável pelos sintomas, principalmente depressaivos e ansiosos; (4) o modelo existencial/humanista/centrado na pessoa, de Carl Rogers e Viktor Frankl, que, fundamentado na fenomenologia e no existencialismo, propõe que o sofrimento humano decorre da perda de significado existencial; A explosão das psicoterapias no século XX (5) o modelo dos fatores comuns ou não específicos, proposto por Jerome Frank, que preconiza que a boa relação, a empatia e o calor humano com o paciente são suficientes para melhorar os sintomas; e (6) o modelo dos fatores biopsicossociais, proposto originalmente por George Engel (191 3-1999), que preconiza que fatores biológicos, psicológicos e sociaisdeterminam todas as doenças mentais e que fundamentou intervenções específicas para os diferentes fatores, como a terapia interpessoal, a terapia familiar e a terapia de grupo. Referências Bock, A. M. B.; Furtado, O. & Teixeira, M. L. T. Capítulo 2: A evolução da Psicologia (pp. 32-45). In: Bock, A. M. B.; Furtado, O. & Teixeira, M. L. T. Psicologias: Uma introdução ao estudo da psicologia. 14ª edição: São Paulo: Saraiva, 2008. CASTANHEIRA, N. P.; GREVET, E. H.; CORDIOLI, A. V. Capítulo 1 – Aspectos conceituais e raízes históricas das psicoterapias. In: ARISTIDES V. CORDIOLI; EUGENIO H. GREVET. Psicoterapias: Abordagens Atuais. Porto Alegre: Artmed. 4ª ed. (pp. 31 – 63).
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