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A evolução da Ciência Psicologia Profª. Msc. Sarah Monteiro sarah_mctf@hotmail.com Psicologia e História ■ A história da Psicologia tem em torno de dois milênios. ■ Esse tempo refere-se à Psicologia no Ocidente, que começa entre os gregos, no período anterior à era cristã. ■ Em cada momento histórico a construção da Psicologia está ligada: • Às exigências de conhecimento da humanidade; • Às demais áreas do conhecimento humano; • Aos novos desafios colocados pela realidade econômica e social; • Pela insaciável necessidade do homem de compreender a si mesmo. Grécia (700 a.C.) ■ Povo mais evoluído da época. ■ Possuía cidades-estado que geravam riquezas e crescimento voltado para diversas áreas: arquitetura, agricultura e organização social. ■ O uso de escravos permitia que o cidadão se ocupasse das coisas do espírito, como a Filosofia e a Arte. Desse modo, começou-se a especulação em torno do homem e da sua interioridade. ■ Primeira tentativa de sistematizar uma Psicologia pelos filósofos gregos. ■ Psicologia: do grego psyché = alma, e logos = razão. ■ Etimologicamente significa “estudo da alma”. ■ A alma ou espírito era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção. ■ É a partir das contribuições de Sócrates que a Psicologia na Antiguidade ganha consistência. Sócrates (469-399 a.C.) ■ Preocupava-se em definir o que separa o homem dos animais. ■ A razão como principal característica humana. ■ A razão permitia ao homem sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da irracionalidade. ■ A definição da razão como essência humana abre caminho para as teorias psicológicas da consciência. Platão (427-347 a.C.) ■ Discípulo de Sócrates. ■ Buscava definir um “lugar” para a razão no nosso próprio corpo. ■ A cabeça é o local em que se encontra a alma do homem. ■ A medula seria, o elemento de ligação da alma com o corpo. Para Platão, a alma seria separada do corpo. ■ Quando alguém morria, a matéria (o corpo) desaparecia, mas a alma ficava livre para ocupar outro corpo. Aristóteles (384-322 a.C) ■ Discípulo de Platão e um dos mais importantes pensadores da história da Filosofia. ■ Em oposição à seu mestre, postulava que alma e corpo não poderiam ser dissociados. ■ A psyché (alma) seria o princípio ativo da vida. Todo organismo que cresce, se reproduz e se alimenta possui a sua psyché. ■ Vegetais = alma vegetativa = função de alimentação e reprodução. ■ Animais = almas vegetativa e sensitiva = função de percepção e movimento. ■ Homem = almas vegetativa, sensitiva e racional = função pensante. Império romano e Idade média ■ 2.300 anos antes do advento da Psicologia científica, os gregos formularam teorias que influenciariam muito o desenvolvimento do conhecimento psicológico: a imortalidade da alma e sua separação do corpo; a mortalidade da alma e seu pertencimento ao corpo. ■ Período de surgimento e desenvolvimento do cristianismo. ■ Força religiosa que exerce influência dominante nas áreas da política, economia e saber. ■ O estudo do psiquismo estava relacionado ao conhecimento religioso. ■ Os filósofos de maior influência da época faziam parte do clero: Santo Agostinho e São Tomás de Aquino. Santo Agostinho (354-430) ■ Influenciado por Platão, defendia a cisão entre alma e corpo. ■ A alma como sede da razão e do pensamento, além de prova da manifestação divina no homem. ■ Imortalidade da alma por ser o elemento que liga o homem a Deus. ■ Devido a esse status, a Igreja investe em sua compreensão. São Tomás de Aquino (1225-1274) ■ Período pré-ruptura da Igreja Católica e surgimento do Protestantismo. ■ Fortes crises econômicas e sociais levam ao questionamento da Igreja e seus conhecimentos produzidos. ■ Necessidade de desenvolvimento de novas justificativas para a relação Deus - homem. ■ Distinção aristotélica: essência x existência. ■ Para Aristóteles o homem, na sua essência, busca a perfeição através de sua existência. ■ São Tomás de Aquino introduz o ponto de vista religioso, ao afirmar que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade. Portanto, a busca de perfeição pelo homem seria a busca de Deus. ■ O monopólio do estudo sobre o psiquismo permanece sob tutela da Igreja. Renascimento (Séc. XIV-XVII) ■ Época de transformações radicais no mundo europeu. ■ O mercantilismo leva à descoberta de novas terras (América, Índias, Rota do Pacífico). ■ Enriquecimento das nações europeias. ■ Transição para uma nova forma de organização econômica e social (Capitalismo). ■ Processo de valorização do homem que permite avanços na ciência. ■ Sistematização do conhecimento científico: métodos e regras básicas para a construção do saber. René Descartes (1596-1650) ■ Matemático francês que contribuiu diretamente para a psicologia moderna. ■ Libertou a investigação científica do controle das crenças intelectuais e teológicas dos séculos passados ao propor uma resolução do problema mente-corpo. ■ Doutrina mecanicista: O corpo é semelhante a uma máquina cuja operação pode ser explicada pelas leis da mecânica. Assim, o funcionamento do corpo pode ser explicado com base na física. ■ Corpo humano como um autômato: Comparava os nervos do corpo aos canos dentro dos quais corria a água e os músculos e tendões às engrenagens e molas. ■ Desenvolvimento de hipóteses científicas da previsibilidade do comportamento humano: se o modo de operação do corpo mecânico pode ser previsto e calculado desde que os estímulos sejam conhecidos, isso pode ser aplicado ao corpo humano. ■ Undulatio reflexa: movimento não comandado pela vontade consciente. Ações externas ao corpo influenciam o comportamento. ■ O homem possui uma substância material e uma substância pensante, e o corpo, desprovido do espírito, seria apenas uma máquina. ■ Dessacralização do corpo humano: o estudo do corpo morto gera avanços no conhecimento sobre Anatomia e Fisiologia. Modernidade ■ Século XIX: destaca-se o papel da ciência, e seu avanço torna-se necessário. ■ O Capitalismo impulsiona o processo de industrialização, para o qual a ciência deveria dar respostas e soluções práticas no campo da técnica. ■ Desenvolvimento da ciência para encontrar resoluções para os problemas gerados pela nova ordem econômica e social. ■ Weltanschauung: A ciência torna-se referencial para a visão de mundo. A noção de verdade passa, necessariamente, a contar com o aval da ciência. ■ Positivismo: Augusto Comte (1798-1857), postulava a necessidade de maior rigor científico na construção dos conhecimentos nas ciências humanas. Desta forma, propunha o método da ciência natural, a Física, como modelo de construção de conhecimento. ■ Século XIX: os temas da Psicologia passam a ser, também, investigados pela Fisiologia e Neurofisiologia. ■ Teorias sobre o SNC: demonstram que fenômenos como pensamento, percepções e sentimentos eram produtos desse sistema. ■Mecanicismo: O mundo como máquina - conhecer o seu funcionamento possibilita o conhecimento e suas leis. ■ Cérebro como máquina de pensar do homem: Psicologia associasse com a Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia. ■ Descobertas: -Neurologia: a doença mental é fruto da ação direta ou indireta de diversos fatores sobre as células cerebrais; -Neuroanatomia: a atividade motora nem sempre está ligada à consciência - fenômeno do reflexo. ■ Psicofísica: -1860 – Formulação da lei de Fechner-Weber: estabelece a relação entre estímulo e sensação, permitindo a sua mensuração. -A diferença que sentimos ao aumentarmos a intensidade de iluminação de uma lâmpada de 100 para 110 watts será a mesma sentida quando aumentamos de 1000 para 1100 watts. -Possibilidade de medida do fenômeno psicológico. -Fenômenos psicológicos ganham status de científicos - o que não era mensurável não era passível de estudo. A psicologia científica ■ Wilhelm Wundt (1832-1926) na Universidade de Leipzig (Alemanha),cria o primeiro laboratório para realizar experimentos na área de Psicofisiologia. ■ Temas de pesquisa: Estudo da consciência e seus processos básicos - sensação, percepção, atenção, sentimento, reação, associação, etc. ■ Paralelismo psicofísico: para cada fenômeno mental correspondem fenômenos orgânicos. Ex: Uma estimulação física, como uma picada de agulha na pele de um indivíduo, teria uma correspondência na mente deste indivíduo. ■ Introspeccionismo: o experimentador pergunta a um sujeito treinado para a auto-observação, os caminhos percorridos no seu interior por uma estimulação sensorial. ■ A Psicologia torna-se independente da Filosofia. ■ Surgem as primeiras abordagens em Psicologia, as quais deram origem às inúmeras teorias que existem atualmente. Funcionalismo ■ William James (1842-1910) ■ Ofereceu uma forma alternativa de analisar a mente. ■ A psicologia não tem como meta a compreensão dos elementos da consciência, mas o estudo sobre a adaptação dos seres humanos ao meio ambiente. ■ Propósito da consciência: proporcionar a capacidade de adaptação ao ambiente, permitindo-nos escolher e sobreviver. Quando estamos diante de um novo problema e temos de escolher uma forma de enfrentá-lo, a consciência entra em cena. ■ Incorporação de pesquisas: comportamento animal, bebês, crianças e adultos com dificuldades mentais. ■ Incorporação de outros métodos de estudo ao método introspectivo com dados obtidos por meio de pesquisa fisiológica, testes mentais, questionários e descrições objetivas do comportamento. Estruturalismo ■ Edward Titchner (1867-1927). ■ Objeto de estudo: a consciência. Foco nos aspectos estruturais da consciência como as estruturas do SNC. ■ A psicologia estrutural não se preocupava com a aplicação do conhecimento psicológico. A psicologia, não se propõe a curar mentes doentias nem a reformar a sociedade. Seu único propósito consiste na determinação da estrutura da consciência mediante a análise das suas partes componentes. ■ Posição contrária aos estudos de psicologia infantil, animal e outras áreas. ■ Introspeccionismo ■ Seus métodos de pesquisa, baseados na observação, experimentação e medição, ainda é empregado em diversas áreas da psicologia. Ex: Pesquisas em ambientes incomuns (gravidade). ■ Os relatórios clínicos de pacientes, bem como as respostas dos testes de personalidade e a análise do comportamento, são de natureza introspectiva. Associacionismo ■ Edward L. Thorndike (1874-1949) ■ Um dos principais pesquisadores para o desenvolvimento da psicologia animal. ■ Objetivo da Psicologia: estudar o comportamento, não os elementos mentais ou a experiência consciente. ■ Primeira teoria de aprendizagem na Psicologia. A caixa-problema ■ Thorndike projetou e construiu caixas-problema para utilizar nas pesquisas com os animais. ■ Para conseguir escapar da caixa, o animal tinha de aprender a mexer no trinco. Descrição do experimento ■ Um gato faminto era colocado na caixa de madeira. Deixava-se a comida do lado de fora da caixa como um prêmio por ele conseguir escapar. O gato tinha de puxar uma alavanca para afrouxar o trinco e conseguir abrir a porta. ■ No início, o gato exibia comportamentos aleatórios. Por fim, acabava executando o comportamento correto. Na 1ª tentativa, o comportamento ocorria sem querer. ■ Nas tentativas subsequentes, os comportamentos aleatórios eram menos frequentes. Então, o gato passava a demonstrar o comportamento apropriado assim que era colocado na caixa. ■ Uso de medições quantitativas da aprendizagem para registrar os dados: - Registrar o número de comportamentos incorretos; -Registrar o tempo decorrido do instante em que o gato era colocado na caixa até o momento em que conseguia sair. As leis da aprendizagem ■ Aprendizagem por tentativa e erro: A tendência de "gravar" ou "apagar" acontecia de acordo com o êxito ou o fracasso das consequências. A tendência a respostas fracassadas que não resultavam na abertura da porta para o gato sair da caixa tendia a desaparecer. A tendência a respostas que conduziam ao êxito eram gravadas. ■ Lei do efeito: Todo comportamento de um organismo vivo tende a se repetir, se nós recompensarmos o organismo assim que este emitir o comportamento. Por outro lado, o comportamento tenderá a não acontecer, se o organismo for castigado após sua ocorrência. O organismo irá associar essas situações com outras semelhantes. ■ Lei do uso e desuso: Qualquer resposta a determinada situação a ela se associa. Quanto mais usada a resposta mais sólida será a associação, assim como ocorre o contrário: o desuso prolongado da resposta tende a enfraquecer a associação. Referencial bibliográfico ■ Bock, A. M. M. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. São Paulo: Saraiva. 1999. ■ Cap. 02 - A evolução da ciência psicologia.
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