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CAPITALISMO E DESIGUALDADE SOCIAL SST SOUZA, Joana Darc Capitalismo e desigualdade social / Joana Darc Souza Ano: 2020 nº de p. 13 Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados. 3 CCAPITALISMO E DESIGUALDADE SOCIAL Apresentação Neste momento, trataremos de um assunto relacionado ao Capitalismo e desigualdade social. Estudaremos sobre a formação da pobreza, contextualizando- a na história e seus principais indicativos para evidenciar que as pessoas possam estar em situação de pobreza. Também estudaremos sobre o capitalismo seus pressupostos e a condição para a formação do acúmulo que por sua vez gera a desigualdade social. E, por fim, iremos estudar a respeito das concepções sobre a pobreza contextualizando-as em um cenário de capitalismo concorrencial. Fique atento a todas as informações presentes aqui, e vamos juntos ao processo de conhecimento e aprendizagem a respeito da relevância desses assuntos para a compreensão de sociedade e das necessidades sociais e humanas, mormente das pessoas mais vulneráveis social e economicamente. Bons estudos. CONCEITO DE POBREZA X DESIGUALDADE SOCIAL = EXCLUSÃO SOCIAL A pobreza não pode ser caracterizada de forma única e universal, uma vez que ela faz referência à situação de desprovimento em que os indivíduos não obtêm um padrão mínimo de vida condizente com as referências socialmente estipuladas em um determinado contexto histórico. Assim, verificamos que existem famílias e indivíduos que sobrevivem com uma renda per capita abaixo da renda mínima, não conseguindo satisfazer suas necessidades básicas humanas. Conceituada nos países de primeiro mundo, a pobreza está associada: • ao baixo consumo; • à desnutrição; • às condições precárias de vida e baixa escolaridade. 4 O que acarreta, como resultado, exclusão social, cultural e política, definição organizada após a reconstrução do pós-guerra (ROCHA, 2006). A pobreza teve maior visibilidade com o fim do feudalismo, isso aconteceu para os grandes burgueses construírem as plantações de algodão para a fábrica têxtil e para a criação de ovelhas para a indústria de lã, fato que deixou as famílias desamparadas e obrigadas a se abrigarem ao redor das indústrias, em busca de meios e de condições de se manterem e manterem as famílias. Pobreza Fonte: Plataforma Deduca (2020) Essas famílias agora estavam sem terras e alimentos, dependendo da venda de sua mão de obra. Encontravam-se em situação de pobreza e eram vistas como um fato natural, um problema individual de caráter de ajustamento social, vivendo em uma sociedade dita perfeita e precisavam se adaptar a ela. Vivenciando essas condições precárias, a população se obrigava a trabalhar dentro das condições impostas pelos senhores burgueses donos dos minérios das grandes tecelagens: • Sem benefícios aos trabalhadores Sujeitos a longas jornadas de trabalhos, condições insalubres e sem seguros • Gestantes e idosos As mulheres durante a gravidez ou os trabalhadores em sua velhice não tinham nenhum benefício. • Pensão por morte Ao morrer no trabalho, os dependentes não recebiam pensão por morte, ficavam desamparados. 5 Por fim, precisamos ter o entendimento e compreensão de que a pobreza está associada a processos de exclusão social como: acesso nulo e/ou precário a bens e serviços, a escolarização básica, a oportunidades de cultura e lazer, a baixa comunicação, precariedade nos vínculos trabalhistas condições de moradia entre outros problemas sociais. Para saber mais sobre os conceitos de exclusão social e seus subtipos, deixamos aqui algumas informações para seu conhecimento e apreensão: Exclusão territorial: Se refere ao local em que a pessoa resida, isso geralmente ocorre quando a pessoa mora em um bairro muito distante dos grandes centros urbanos, e o território ao qual reside, tem aspectos de periferia. Exclusão Econômica: É determinada pela exclusão de pessoas que possuam rendas inferior, ou até mesmo quem sequer possui uma renda mínima. Saiba mais Contudo, esses problemas, podem ser minimizados quando o Estado passa a fomentar ações de políticas públicas sociais que visam a inclusão social com vistas a atender as pessoas na perspectiva da totalidade social objetivando o abarcamento das pessoas com vistas a superação dos efeitos dos processos de desigualdades sociais. Surgimento do sistema capitalista Entretanto, com a chegada do sistema capitalista, o cenário da sociedade até então passa a ser completamente alterado e, agora, além dos bens que eram produzidos de forma manufatureira, passam a ser industrializados e há uma necessidade de consumir aquilo que é produzido pelas indústrias. Porém, esse novo sistema alterou não só a forma de consumo, mas, também, a forma de produção e de vida. Com isso, em meio às muitas transformações ocorridas, surge uma sociedade com divisão diferente da divisão do sistema feudal. 6 Agora, a sociedade se dividia em duas classes: a burguesia e a classe trabalhadora, iniciando um processo de acumulação de capital pela classe dominante. A revolução industrial foi um movimento organizado pela classe operária na Inglaterra, que custou a vida de alguns trabalhadores, mas deu origem ao reconhecimento de uma nova classe social: a classe operária. Atenção Desse modo, o ser humano, ao longo da história, ao organizar-se em sociedade, estabeleceu formas diversas de produzir os bens necessários para sua existência e, em meio à ordem feudal, nascia um novo sistema social e econômico, o capitalismo. Capitalismo Fonte: Plataforma Deduca (2020) Após a Revolução Industrial, o capitalismo se tornou o sistema predominante. Isso porque houve um momento de acumulação primitiva do capital, pois só por meio desta apropriação foi possível os burgueses derrubarem os senhores feudais e fazerem os servos de trabalhadores. Por outro lado, os industriais estimulavam os fazendeiros a investir na produção agrária, expulsando as famílias de suas terras, ficando em pequenos espaços. Como essas terras eram poucas e não tinham mais como plantar para sua subsistência, os camponeses saíam à procura trabalho para seu sustento e o de sua família. Assim, eram obrigados a trabalhar por longas jornadas e receber salários. Observamos que o desenvolvimento industrial acabou com a produção dos artesãos, uma vez que as fábricas produziam mais rapidamente e em grande escala. 7 Para maiores detalhes e aprofundamento no tema a respeito do sistema capitalista, deixamos aqui algumas sugestões de leitura: A primeira oferta se refere ao processo histórico que originou o capitalismo.Disponível em: <https://brasilescola.uol.com.br/historiag/ origem-capitalismo.htm>. Acesso em: 19 set. 2020 Saiba mais Nesse cenário de grande migração do campo para as cidades em busca de uma forma para sobreviver, os camponeses começaram a se alojar nos centros urbanos (DIAS, 2005). Com a evasão dos agricultores para as cidades, houve uma grande degradação nos centros urbanos, e estes começaram a ser um espaço vulnerável de risco para a população, em função da contaminação das águas e do acúmulo de detritos humanos e das fábricas (DIAS, 2005). Nesse contexto, inúmeras doenças começaram a surgir, muita fome, entre outros problemas. Com isso, identificamos as primeiras expressões da questão social na nova sociedade, a sociedade capitalista. CONCEPÇÕES SOBRE A POBREZA NO CAPITALISMO CONCORRENCIAL O grande processo de desenvolvimento socioeconômico humano foi um marco para toda a humanidade, tanto nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Mudança no trabalho Fonte: Plataforma Deduca (2020). 8 Entre os países latino-americanos, o Brasil foi o que teve maior crescimento após a Segunda Guerra, até os anos 1980. Essa década obteve o pior crescimento na América Latina de forma geral, ou seja, todos os países tiveram um crescimento baixo, porém continuavam crescendo. Com isso, houve um maiornúmero de pessoas desempregadas, submetendo-se a subempregos para suprir suas necessidades, além de aumentar a marginalização de forma generalizada (ARBEX, 2009). A macroeconomia divulgada em 1936 foi criação de John Maynard Keynes, trazendo em seu conceito a teoria geral do emprego, propunha uma decomposição diferenciada dos fenômenos econômicos, a qual ficou denominada como economia monetária de produção. No entanto, o exercício econômico na situação e âmbito monetário de produção comprometeu uma sequência de características. Características do exercício econômico no âmbito monetário Características do âmbito monetário Indecisão Contratos nomeados em moedas Estima por liquidez Não imparcialidade da moeda Direção casual do investimento para a poupança Fonte: Elaborada pela autora (2020) No universo clássico, a economia é gerada operando pelas organizações de equilíbrio automático. Isso será possível com a existência de um mercado livre, permitindo que as forças desse mercado sejam alocadas com eficácia sobre os recursos, de modo a fazer o reajuste do produto ao nível do pleno emprego. Com a crise econômica dos anos de 1930, foi necessário criar força política Estatal e institucional capaz de regulamentar e manter o controle, pois essas ações o capitalismo por si só era incapacitado de fazer, surgindo, então, um novo padrão de acumulação capitalista. Com isso, a partir desta teoria keynesiana, surgiu o Welfarestate, buscando garantir alguns direitos sociais à classe trabalhadora. Esses direitos agora adquiridos contribuíram para o crescimento, ampliação e progresso econômico, sustentados pelos governos. Sendo assim, a economia internacional precisou se reformular. 9 Para saber, trataremos aqui dos conceitos de Welfare State e do conceito neoliberalismo, pois são conceitos cruciais para o entendimento da conjuntura da formação do sistema capitalista: • Welfare State - Estado de bem estar social (tradução de Welfare State)- Conjunto de beneficios sociais de alcance universal, promovido pelo Estado. tem por responsabili- dade ofertar condições mínimas de sobrevivência para a população e contribuir para uma melhor qualidade de vida. • Neoliberalismo - Política econômica em que orienta a di- minuição do Estado nas várias decisões, sobretudo nas áreas social e econômica; tendo como direcionamento para o campo social, políticas fragmentadas e por critério de elegibilidade, e na economia deixando o mercado ser livre e se autorregular sem interferência estatal. Atenção Sobre o sistema clássico, como explica Carvalho (2002, p. 27), “Keynes não concordava com a inadequação da base quantitativa, e com a insignificância prática ao se centralizar em posição de coerência de extenso prazo”. Assim, o autor apresenta uma visão diferente dos clássicos que viam a moeda como uma conveniência, e não como uma ação ativa. Seu pensamento foi tão forte que mudou este quadro. Por outro lado, surgem novos modelos de produção do trabalho realizado pelo homem como o sistema de produção fordista. O fordismo surgiu no Japão e em países da Eurásia, mas só após a II Guerra Mundial, nos Estados Unidos, que começou a ganhar forças. Para isso, Henry Ford organizou o trabalho implantando a linha de montagem, através de sua invenção patenteada da esteira em T. A invenção consistia em plataformas volantes que conduziam as peças de um departamento para outro na linha de produção, com a finalidade de atingir a economia de escala e a fabricação eficiente a baixo custo. Desse modo, o sistema buscava colocar toda a vida do trabalhador voltada para os interesses da empresa, sua vida pessoal, social e até seu lazer. Consequentemente, as transformações tecnológicas do século XX mudaram, mais uma vez, o mundo do trabalho e a produtividade do capitalismo, alterando, assim, a produção da riqueza social. 10 Automação Fonte: Plataforma Deduca (2020) Foi um período em que a automação, a robótica e a microeletrônica entraram no mundo das fábricas, desenvolvendo as relações de produção e trabalho, o que deu início a um modo de produção mais intenso, consolidado, tendencial e embrionário. Essas mudanças marcaram a vida dos operários e do setor de produção a ponto de ficarem conhecidas como a Segunda Revolução Industrial, desta vez nos Estados Unidos, visto que a nova difusão do modo taylorista/fordista de organização do trabalho requer do trabalhador um conhecimento especializado para executar as tarefas e operacionalizar as máquinas. Única função Nessa organização, cada um só podia executar uma única função para aumentar o sistema de produção. Produção em sequência O modelo seguia a administração científica da elaboração de Frederick WislowTaylor e foi iniciado pela produção em sequência de Henry Ford. Aumentar a produtividade Com isso o Taylorismo e/ou administração cientifica do trabalho nasceu com o proposito de aumentar a produtividade que estava em baixa, pois, mas fábricas no modelo antigo existia uma inconstância de tempo e de proveito no trabalho individual dos empregados 11 Uniformidade Nesse contexto, este modelo trouxe, uma organização do trabalho referente ao pessoal que exigia normas e procedimentos disciplinados, por meio da observação, da descrição e da medição dos operários. Contudo, os operários continuavam sem direito, ou seja, precisavam se adequar às novas normas a eles impostas sem direito de escolha, Dessa forma, o trabalhador vai sendo cada vez mais alienado de seu produto, sem o poder de decisão, sem ao menos poder entender esse processo no qual está inserido. Por isso, o trabalhador sofre interferências em seus meios de relações sociais, adquirindo um adoecimento psicossocial, uma vez que suas relações sociais são bruscamente modificadas. O operário, então, assume a posição de máquina que opera outra máquina. Assim, os países que já tinham um capitalismo avançado pós- anos 1980, vivenciaram grandes transformações no mundo do trabalho, ou seja, sua maneira de inserção e suas estruturas de produção. Essas mudanças se estenderam para as representações sindicais e políticas. Nesse contexto, com a crise do sistema de produção, o taylorismo/fordismo passou por um reordenamento por parte do capital para organizar o sistema político de dominação, o qual buscou um novo modelo econômico, o Toyotismo. Então, com o objetivo de aumentar sua dominação sem a interferência do Estado, planejava-se o neoliberalismo, pela privatização do Estado, a desregulamentação dos direitos do trabalho e a desmontagem do setor produtivo. Assim, houve mais uma vez a reestruturação da produção e do trabalho (ANTUNES, 2011). Com isso, verificamos que a delimitação do trabalho do pós fordismo demonstra a carência do sistema capitalista ao tentar controlar a classe operária e continuar produzindo para o acúmulo da mais-valia. Desse modo, observamos que as indústrias pós-fordistas se tornam grandemente competitivas e maleáveis, sendo preciso desenvolver, assim, uma espécie de iniciativa, atividade cognitiva, a inteligência de discurso lógico, bem como desenvolver a criatividade para dar respostas diretas aos funcionários. Por essa óptica, compreendemos que a maneira de contensão aderida no toyotismo busca atingir um espaço psicossocial do seu corpo funcional. Em termos gerais, pode-se analisar que esse sistema de produção é o fordismo/taylorismo com uma nova roupagem. 12 Fechamento Aprendemos a respeito do conceito de pobreza, seus fatores determinantes e a compreensão de como se constitui nas sociedades. Também estudamos sobre a desigualdade social e os diversos tipos de exclusão social. Estudamos a formação do sistema capitalista e a respeito de conceitos que tangenciam o capitalismo. Estudamos o conceito de Estado de Bem-estar social e conceitos a respeito do modelo Keynesiano. Por fim, podemos também ter acesso ao conhecimento sobre os diversos tipos de modelo de produção no sistema capitalista e seus atenuantes navida dos trabalhadores e da sociedade de modo geral. 13 Referências ANTUNES, R. Adeus ao trabalho: ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2011. ARBEX, M. A. Economia política: Serviço Social. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. BRASÍLIA, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. CARVALHO, J. M. de. Cidadania no Brasil. O longo caminho. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. Assembleia Geral das Nações Unidas em Paris. 10 dez. 1948. DIAS, R. Introdução à Sociologia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. ROCHA, S. Pobreza no Brasil: afinal de que se trata? 3. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
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