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TITLE OF THIS CHAPTER SHALL GO HERE Aula 1.2 A GRANDE MAGIA Conteúdo licenciado para Marcos Antonio Orbaneça - 263.906.148-88 Em 1949, Arthur Albert e a sua esposa fizeram uma viagem lá do estado de Nova York para conhecer as aldeias da África ocidental e eles levaram uma câmera fotográfica, um Jeep e graças ao amor que o Arthur tinha a música, ele levou também um gravador que ficava ligado diretamente na bateria do Jeep. Lembra daqueles toca fitas e gravadores de fita cassete? Pois é, ele levou um desses para poder ouvir música durante sua viagem na África. O Arthur Albert ficou tão encantado pela música africana que decidiu gravar parte da apresentação na fita cassete para poder mostrar para o mundo a beleza da música africana. E essa ideia de gravar a música africana quase custou a vida do próprio Arthur, um nativo quando ouviu sua própria voz saindo do gravador, quis matá-lo, alegando que ele tinha roubado a sua língua. Se não fosse o Arthur Albert mostrar no espelhinho que a língua dele ainda estava lá, o nativo tinha matado o Arthur. Só podia ser magia negra. Mas pensa só comigo, estamos no final dos anos 40, por que é que seria possível gravar a voz? A voz não tem consistência, não tem forma, não tem cheiro. Aliás, quando a voz surge, ela some imediatamente! Como é que poderia a voz ser algo físico? Algo físico para poder estar em algo físico como uma fita cassete? Então para a gente poder gravar a voz, a gente ia precisar de uma máquina bem sensível capaz de identificar as pequenas variações da compressão do ar. E essa máquina mega avançada tem nome, microfone, que por sinal estava lá embutido no gravador de som do Arthur Albert. Aliás, essa máquina mega avançada, o microfone, é usada todos os dias por milhares de pessoas no mundo todo. Seja gravando música nos estúdios, seja nas rádios ou até mesmo no nosso celular existe um microfone que vai capturar a nossa voz, vai identificar essas variações da compreensão do ar e vai colocar em algo físico, mas quando Arthur Albert executou a música ficando no gravador, todos pensaram: “Só pode ser magia negra”. A g r a n d e m a g i a Conteúdo licenciado para Marcos Antonio Orbaneça - 263.906.148-88 Essa história do gravador pode parecer uma bobagem, né? Já que o microfone e o gravador estão ao nosso redor no dia a dia, a gente usa isso todos os dias, ninguém vai achar que é magia negra. O grande problema é que no nosso dia a dia a gente às vezes vai reagir igualzinho aquela tribo. Quando alguém comenta que o pensamento está no cérebro, imediatamente as pessoas questionam, né? “Como que poderia a emoção e o pensamento está decodificado na matéria? Ninguém pega o pensamento, o pensamento é instantâneo!” Pois é, assim como a voz, o pensamento também é produzido pela matéria física! E o engraçado é que quando a gente conta essa historinha da tribo africana as pessoas reagem assim: “Ah mas é claro que dá para gravar a voz”, mas quando a gente fala que os nossos pensamentos e nossas emoções estão no cérebro, as pessoas se negam a compreender. A gente sabe que nossos pensamentos, nossas emoções, nossas memórias, são todas produzidas pelo nosso cérebro e a gente já tem muitas evidências que até mesmo pequenos danos no tecido cerebral já são mais do que suficientes para a pessoa ter vários problemas cognitivos. Problemas envolvendo suas atitudes, seus pensamentos e as suas emoções. Imagina que você tá cortando o pão, aí sem querer você faz um leve corte no dedo, você vai ficar triste, vai doer e tal, mas rapidinho esse tecido vai se recuperar, talvez você nem coloque remédio, nem coloque band-aid nem nada mas o machucado rapidinho já sarou, já tá ótimo, mas se esse mesmo corte acontecesse no seu cérebro, grandes seriam as chances de você nunca mais ser o mesmo, como Phineas Gage! Phineas Gage foi um operário norte-americano que devido a um acidente com explosivos teve seu cérebro atravessado por uma barra de metal, no meio da explosão, a barra de ferro atravessou o lobo frontal do cérebro de Phineas Gage. O mais bizarro é que ele teve o cérebro atravessado e levantou normalmente, ele estava sangrando, levantou normalmente e foi andando para casa. Aparentemente as sequelas deixadas no corpo de Phineas Gage teriam sido muito pequenas, depois de ser atendido por três semanas pelos médicos, ele já foi liberado, já era visto andando nos arredores da sua vila. Phineas Gage nunca mais foi a mesma pessoa! Ele abandonou todos seus projetos de médio e longo prazo, começou a ficar impulsivo, agressivo, não aceitava conselho de ninguém, começava a atacar as mulheres na rua. Conteúdo licenciado para Marcos Antonio Orbaneça - 263.906.148-88 E esse caso foi muito importante porque foi um dos primeiros casos realmente documentados por cientistas e que nos permitiram entender o papel do lobo frontal do nosso cérebro, do nosso comportamento, das nossas interações sociais, do nosso auto-controle, no controle da impulsividade. Antes do caso Phineas Gage, os cientistas consideravam que o lobo frontal não tinha nenhuma função no ser humano, afinal, Phineas Gage falava normalmente, andava normalmente, ele só não era mais o mesmo. Então qualquer dano no nosso cérebro, de acordo com a região que tivesse esse dano, poderia afetar nossa habilidade de entender música, entender idiomas, de conversar, de interagir com as pessoas, de reconhecer o rosto das pessoas. Qualquer dano no nosso cérebro pode trocar inclusive a nossa personalidade, foi o que aconteceu com o Phineas Gage! Então apesar dos nossos pensamentos realmente nos darem a impressão de que é algo sem consistência, algo sem cheiro que não dá para tocar nem nada, ele é produzido pelo nosso cérebro. E aí vai vir a primeira lição do nosso curso, a nossa consciência tem uma participação muito pequena no nosso comportamento! E esse eu que decide acordar de manhã e tomar um café, que decide ou não ir para academia, que decidiu vir aqui no estúdio gravar essa aula para você, ele é responsável por muito pouco do meu comportamento e até mesmo quando eu decido fazer alguma coisa, por exemplo eu decidi levantar esse braço, antes que eu consiga levantar o braço uma série de processos já foram desempenhados pelo meu organismo, a contração, relaxamento de alguns músculos, hormônios a serem liberados, o tempo todo meu sistema nervoso está produzindo tudo isso! Os movimentos peristálticos do meu aparelho digestivo, a minha circulação sanguínea, até mesmo a minha respiração, tudo isso é gerado pelo meu sistema nervoso e grande parte deles eu não tenho controle algum. Para você ter uma ideia em uma pesquisa bem recente, pegaram vários homens para participar de experimentos que seria o seguinte, olhar para uma foto de uma mulher e falar se ela era bonita ou não, se ela era atraente ou não, moleza né? Mas sem que os homens soubessem metade das fotos foram alteradas no Photoshop, colocaram a pupila maior artificialmente no programa de computador! Então quando os homens foram testados colocavam as mesmas fotos das mulheres mais variando apenas as pupilas, ou seja, a mesma mulher aparecia tanto com a pupila grande, quanto com a pupila pequena. Conteúdo licenciado para Marcos Antonio Orbaneça - 263.906.148-88 Resultado, a maior parte das mulheres escolhidas como mais atraentes estavam com a pupila dilatada! Durante a pesquisa o homem não sabia disso conscientemente, o homem não chegou “Nossa gostei dessa gatinha porque a pupila dela está 2 milímetros maior do que da outra”, não, não rolou isso! Eles simplesmente se sentiram mais atraídos por algumas mulheres do que por outras. Geralmente a gente nem consegue explicar a atração sexual e foi o que aconteceu com esses homens. Mas então quem que escolheu essas mulheres? No funcionamento do cérebro em uma parte que realmente é inacessível a nossa consciência, ela é como se fosse uma caixa preta, existe um registro que pupila dilatada significa excitação sexual, vontadede fazer sexo e o cérebro daqueles homens sabia disso, eles não sabiam, mas o cérebro sabia. Aliás, muito dessa concepção do que que é belo, atração física, foi codificada no nosso DNA, nos nossos genes e foi selecionada após milhares de anos de seleção natural. Por algum motivo os homens que faziam certas escolhas acabaram sendo escolhidos e deixaram mais descendentes. Claro, existem questões culturais na atração? Claro que existem! Por exemplo homens ou mulheres serem mais magros ou mais gordos vai ser uma questão muito cultural. Na Coreia, por exemplo a mulher bela é aquela que tem a perninha super fina, já no ocidente não! O ocidente valoriza mais a mulher que tem a perna maior, mas existem elementos que são comuns a todas as regiões do mundo, simetria, por exemplo. Aliás, hoje existe essas cirurgias, né? De harmonização facial, cara esse negócio de mexer no rosto não sei como esse povo anima, enfim, a harmonização facial é justamente isso, é buscar a simetria. O nosso DNA tem lá a programação de que simetria significa que a pessoa é saudável, e se é saudável pode deixar melhores descendentes tanto pro homem quanto para a mulher. Então muito do que a gente acha belo está codificado no nosso DNA, é como se a nossa consciência realmente não tivesse acesso ao nosso cérebro, é como se ele fosse uma caixa preta, inacessível. A consciência vai tomar decisões baseadas numa série de processos que vão acontecer antes e que ela não tem controle nenhum, independentemente se a gente tá falando de pupilas mais dilatadas, nossas crenças, nossas emoções, essa aula, grande parte disso foi criado por processos que eu não tenho menor controle. Nossa consciência vai funcionar em grande parte do tempo no modo de piloto automático como se fosse espectadora daquilo que já foi decidido. Conteúdo licenciado para Marcos Antonio Orbaneça - 263.906.148-88 Aliás, a gente tem prova muito concreta disso, eu lembro que teve um jogo do Atlético e Grêmio, e eu sou atleticano né? E o Bernard, era aquele time de 2013, campeão da Libertadores tudo mais, e o Bernard que era do Atlético Mineiro fez um golaço no Grêmio em que ele fez dois chapéus ou lençol, sei lá onde que você mora, que deu dois chapéus nos jogadores do Grêmio e fez o gol. E o repórter foi perguntar para o Bernard: “E como que foi essa sua decisão de dar os chapéus e fazer o gol?” e ele falou alguma coisa assim: “Na verdade eu estava lá, eu vi que ia dar e deu, fiz o gol!”. Observa que quando atleta vai descrever o seu desempenho, a sua execução, ele frequentemente vai dar a clara noção que ele não teve tempo para pensar, o corpo reage antes. Assim como quando você dirige, você tá dirigindo o carro e parece uma criança com uma bola e você pisa direto no freio, a consciência não tem tempo, a consciência vai pensar depois, “Nossa ainda bem que eu parei o carro”. Assim como quando você tá cozinhando, né? Aí você coloca a mão na panela quente, você tira a mão para depois sentir a dor e depois pensar sobre a queimadura, o seu corpo reage antes! Como diz um grande filósofo contemporâneo, Roger Waters do Pink Floyd, “Tem alguém na minha cabeça, mas não sou eu.”. Bom, mas o objetivo aqui nessa aula do nosso curso não é criar um problema filosófico, se existe livre arbítrio, se não existe, tipos de livre-arbítrio. Aliás, é um tema que eu adoro! A gente pode até discutir lá nos grupos depois, no grupo secreto do Facebook, mas o objetivo é outro, se o cérebro está decidindo tudo isso, será que a consciência, será que esse pedacinho aí da consciência que sobrou, será que ele consegue mudar alguma coisa, como controlar a ansiedade? Essa ideia da consciência como espectadora fica muito clara quando a gente pensa numa síndrome do pânico, no ataque de pânico, a pessoa claramente sabe, “não corro risco algum”, mas ela acha que vai morrer, ela acha que vai morrer porque o cérebro dela já soltou essa informação e ela acaba tendo que lidar com isso. Conteúdo licenciado para Marcos Antonio Orbaneça - 263.906.148-88 Então nas próximas aulas, eu vou ensinar você, como que seu cérebro funciona e os melhores mecanismos para ele conseguir lidar melhor com várias situações, muitas vezes a gente tem uma crise de ansiedade e as pessoas falam, “se acalma”, como que eu vou me acalmar? Meu batimento cardíaco está acelerado, eu estou em hiperventilação com a minha respiração, estou com sensação de aperto no estômago, eu tenho adrenalina no meu sangue, eu quero sair, correr, eu quero atacar! Como assim você fala para eu ficar mais calmo? Eu não consigo ficar mais calmo, meu pensamento não é capaz de me deixar mais calmo, mas dá para fazer bastante coisa e é isso que você vai aprender nas próximas aulas. E aí tá gostando desse novo curso de neurociência e a ansiedade, controle da ansiedade? Então vai agora no nosso grupo fechado, secreto, do Facebook e deixe seu comentário, e deixe sua dúvida, e até a próxima aula! 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