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Introdução e História da Psicanálise Profa. Dra. Carolina Molena Profa. Dra. Carolina Molena Graduação em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP-RP) Mestrado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP-RP) Doutorado em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP-RP) Quem foi Sigmund Freud? Nascido na Morávia (1856-1939), cursou medicina em Viena (1881), tornando-se neurologista nas décadas seguintes. Insatisfeito com a psiquiatria clássica, Freud interessou- se pelo estudo da histeria e, pelas mãos do psiquiatra francês Charcot, conheceu o método hipnótico. Em 1895 publicou “Estudos sobre a Histeria” com o médico austríaco Joseph Breuer. Período pré-psicanalítico: • O cientista Breuer formulou sua teoria para explicar a existência de ideias apartadas da consciência, o que influenciou Freud, a partir do atendimento do caso de Anna O. • Anna O., aos 21 anos, foi tratada por Breuer entre dezembro de 1880 e junho de 1882. Ela apresentava um conjunto de sintomas: paralisias, perturbações da fala e da visão, inibições e alucinações. • Esses sintomas tiveram origem na época em que ela cuidara do pai enfermo (julho de 1880 - abril de 1881). Nesse período, ela havia tido pensamentos e afetos que se referiam a um desejo de que o pai morresse. Estas ideias e sentimentos foram reprimidos e substituídos pelos sintomas. • Com a rememoração de determinadas cenas e vivências sob hipnose, os sintomas desapareciam. Este desaparecimento ocorria devido à liberação das reações emotivas associadas ao evento traumático. • Breuer denominou de método catártico o tratamento que possibilitaria a liberação de afetos e emoções ligadas a acontecimentos traumáticos, que não puderam ser expressos na ocasião da vivência desagradável ou dolorosa. Método hipnótico • Em 1886, em Viena, Freud iniciou sua prática clínica. • Seu principal instrumento de trabalho no tratamento dos distúrbios nervosos era o método hipnótico. • Na sugestão hipnótica, o paciente era induzido a um estado de consciência alterado. • Freud então questionava a origem da doença sob hipnose • Introduzia novas ideias, a fim de provocar o desaparecimento do sintoma. A descoberta do inconsc iente • A partir de 1892 o embrião da psicanálise começou a tomar forma, com a descoberta da etiologia sexual das neuroses e o abandono do "método hipnótico", enquanto método de abordagem do inconsciente, em favor do método da “concentração“ (Mezan, 2006). • Ao notar uma força psíquica que se opunha a tornar consciente um pensamento ou um afeto, Freud a denominou de resistência. A PRIMEIRA TEORIA SOBRE A ESTRUTURA DO APARELHO PSÍQUICO stes conteúdos psíquicos reprimidos localizavam-se no inconsciente • Freud chamou de repressão esta força que se mobiliza para que o sujeito não seja ferido em seus ideais éticos e estéticos, que tira da consciência a percepção de acontecimentos cuja dor o sujeito não poderia suportar. Dessa forma, ficou demonstrado que a repressão seria uma consequência lógica da resistência. • Em 1900, no livro “A interpretação dos sonhos”, Freud apresenta a primeira concepção sobre a estrutura e o funcionamento da personalidade. Essa teoria refere-se à existência de três sistemas ou instâncias psíquicas: inconsciente, pré-consciente e consciente. “A teoria da repressão é a pedra angular sobre a qual repousa toda a estrutura da psicanálise” (Freud, 1914, p. 26). O inconsciente é constituído por conteúdos reprimidos, que não têm acesso aos sistemas pré-consciente/consciente, pela ação da repressão. Freud salienta que o inconsciente é uma parte do sistema psíquico que é dirigida por leis próprias de funcionamento. O pré-consciente é articulado com o consciente e funciona como uma espécie de barreira, que seleciona aquilo que pode ou não passar para o consciente. É um local intermediário entre os estados de consciência e o estado de inconsciência. No funcionamento do aparelho psíquico, é por meio da consciência que percebemos o mundo exterior e interior, e podemos pensar a respeito. Id, ego e superego • A segunda tópica freudiana apresenta um novo trio de instâncias que integram o aparelho psíquico: id, ego e superego. Essa divisão começa a ser apresentada em “Além do Princípio do Prazer” (1920), e se consolida no texto “O Ego e o Id” (1923). Como funciona a segunda tópica freudiana? • Id: reservatório inconsciente dos desejos e impulsos, é o lugar de onde emanam as pulsões de vida (Eros) e de morte (Tânato). Funciona pelo princípio do prazer. Inexiste o princípio da não contradição. É atemporal. Funciona pelos processos de condensação e deslocamento. Na segunda tópica, Freud não abandonou o que havia elaborado na primeira teoria do aparelho psíquico, na verdade, ele realizou uma série de elaborações que reafirmaram a supremacia conferida aos processos inconscientes. • Ego: desenvolve-se a partir da diferenciação das capacidades psíquicas em contato com a realidade exterior. É o sistema que estabelece o equilíbrio entre as instâncias psíquicas, procurando garantir a autopreservação do organismo. Organiza a simbolização e é sede da angústia. • Superego: origina-se a partir da internalização das proibições, dos limites e da autoridade. A moral e os ideais são funções do superego. O conteúdo do superego refere-se às exigências sociais e culturais. • O sujeito freudiano é habitado por pensamentos e desejos que nele operam à revelia de qualquer controle racional. • O passo revolucionário dado por Freud no tocante à segunda tópica reside na introdução do conceito de "pulsão de morte“ no ensaio “Além do princípio do prazer” (1920). • A supremacia do conflito intersistêmico cede lugar ao conflito da dualidade, de forças opostas entre pulsões de vida e pulsões de morte. • O que conduz Freud a postular que o "princípio do prazer" não regula mais de forma exclusiva a economia do aparelho psíquico. • A grande novidade da segunda tópica freudiana é a invenção do superego como instância que legifera, ou seja, dá ordens ao sujeito e o vigia.
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