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Catalogação na publicação: Júlia Angst Coelho – CRB 10/1712 B193g Ballou, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial / Ronald H. Ballou ; tradução Raul Rubenich. – 5. ed. – Porto Alegre : Bookman, 2006. 616 p. ; 28 cm. ISBN 978-85-363-0591-2 1. Logística Empresarial. 2. Administração – Material – Logística. I. Título. CDU 658.7 _Ballou-Ronald_00_Iniciais 4/14/08 12:44 PM Page ii Coordenar o fluxo de bens e serviços entre insta-lações físicas é um dos principais focos na ges-tão da cadeia de suprimentos. Decidir quanto, quando e como movimentar os produtos e, igualmente, onde comprá-los, é preocupação constante. Essas deci- sões de programação ocorrem no canal de suprimentos, e a boa administração impõe que sejam coordenadas com outras atividades no todo da empresa, especial- mente com a produção. Neste capítulo, analisamos as melhores formas de abordar essas questões de progra- mação. Além disso, a função de compra é considerada uma atividade no processo da programação. Mesmo sendo basicamente isso – atividade de compra – muitas de suas decisões afetam diretamente o fluxo de bens ou serviços no canal logístico. Portanto, são examinadas apenas decisões selecionadas, sugerindo métodos para sua solução. Não há como abordar a função de compra em sua globalidade em apenas um capítulo, por isso re- comendamos ao leitor um dos muitos bons livros didá- ticos sobre compras para uma discussão mais abran- gente do assunto.1 COORDENAÇÃO NO CANAL DE SUPRIMENTOS Nunca é demais exaltar e insistir no valor da coordena- ção eficiente entre produção, comercialização, compra e todas as demais atividades do canal de suprimentos. A inter-relação dessas atividades é muitas vezes tão in- tensa que o simples fato de otimizar uma delas isolada- mente redunda em prejuízo para uma ou mais das ou- tras. Não reconhecer essa dependência pode afetar ne- gativamente o desempenho do canal de suprimentos. 10 C A P Í T U L O Decisões de Compras e de Programação dos Suprimentos O R G A N IZ A Ç Ã O P L A N E JA M E N TO C O N T R O L E • Processo de planejamento da rede • Decisões sobre localização Estratégia de localização Estratégia de estoque • Previsão • Decisões sobre estoque • Decisões sobre estocagem • Decisões de compras e de programação dos suprimentos • O produto • Serviço logístico • Processamento de pedidos e sistemas de informação Estratégia de transporte • Fundamentos do transporte • Decisões sobre transporte • Fundamentos de estocagem Objetivos do serviço ao cliente 1 Michiel R. Leeders, Harold E. Fearon, and Anna Flynn, Purchasing and Supply Management, 12ª ed. (Homewood IL: Irwin, 2001); e Robert Monczka, Robert Trent, and Robert Handfield, Purchasing and Supply Chain Management, 2ª ed. (Mason, OH: South-Western, 2002). _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 341 342 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE Havia uma empresa em que as políticas de compras e as regras de programação da produção interagiam com tamanha intensidade que o gerente do setor de trans- porte chegou a concluir que a capacidade inadequada de transporte era, isoladamente, a razão para a má pro- gramação registrada no canal de suprimentos. A logís- tica do suprimento foi aperfeiçoada concretamente quando os elementos da programação, compra e trans- porte da produção puderam ser balanceados. A partir do exemplo a seguir apresentado, é possível avaliar os efeitos de uma coordenação deficiente sobre as ativida- des do canal. Exemplo A Anchor Hocking, indústria de vidro, produz uma li- nha de utensílios de jantar destinada ao mercado in- terno. A demanda é relativamente constante ao longo do ano, com ligeira sazonalidade manifestando-se nas épocas de “dar presentes”. As principais matérias-primas da empresa são areia (75%), calcário (15%) e barrilha (10%). A areia é comprada localmente, o calcário, regionalmente, e a barrilha provém de minas localizadas no estado de Wyoming. Esses materiais são despachados em va- gões-tremonha obedecendo ao programa da produção mediante um contrato anual de compra. Os fornece- dores sabem quanto a indústria compraria anualmen- te deles, mas cabe à vidraria decidir quando os forne- cedores devem liberar (despachar) os materiais. O ciclo de suprimento da soda barrilha aparece na Figura 10-1. No momento em que os programadores de produção nas várias fábricas emitem um pedido de remessa ao fornecedor, este providencia um embar- que imediato, desde que disponha de vagões-tremo- nha suficientes para tanto. Não havendo essa disponi- bilidade, a solução é apelar à companhia ferroviária mais próxima. Se ainda assim o problema não for re- solvido, a solução será utilizar transporte especial, na forma de carretas rodoviárias. Os materiais de pré- produção são armazenados em silos com capacidade média para três a seis dias de produção. Devido à ca- pacidade relativamente pequena de armazenagem e ao alto custo do fechamento de um alto forno de vidro sempre que isso se fizer inevitável devido à escassez de matérias-primas, a norma é evitar sempre que pos- sível o atraso no cumprimento do programa de produ- ção recorrendo para tanto ao transporte especial, ape- sar do seu custo bem superior ao da movimentação dos materiais por via ferroviária. Antevendo uma es- cassez de vagões-tremonha no sistema ferroviário na- cional, a gerência estava disposta a investir na compra FIGURA 10-1 O ciclo de materiais para um fabricante de vidros. ? ? ? ? ?? ? ? ? Silo Contrato anual de compra Embarques liberados de acordo com as flutuações da produção Fornecedor Mina Transporte especial Transporte comum Pedido de vagões Fábrica de vidros _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 342 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 343 de vagões desse tipo para serviço exclusivo.2 A ques- tão que a gerência precisava então resolver se resumia nisto: quantos vagões seriam necessários para que realmente se chegasse a minimizar o custo do trans- porte especial? Essa pergunta indica que o transporte ferroviá- rio seria a melhor reação ao aumento acentuado ve- rificado nos custos dos transportes especiais. Até certo ponto, realmente era. No entanto, uma inves- tigação detalhada mostrou que os programadores da produção nas fábricas não estavam cuidando dos 14 dias entre o momento em que o material deveria ser embarcado pelo fornecedor e aquele em que se tornaria indispensável na produção. Na verdade, es- se prazo estava ficando em apenas cinco dias, logi- camente um tempo insuficiente para o transporte de barrilha das minas no Wyoming até as fábricas no Leste. Os programadores de produção estavam pois reagindo às imposições da produção, em lugar de se antecipar adequadamente a elas. Aumentar a ca- pacidade dos silos e o montante de matéria-prima neles armazenável não era a medida mais prática devido ao alto custo dos investimentos que exigiria. Portanto, sem mudança alguma nos procedimentos de programação, um investimento em 82 vagões- tremonha poderia ser justificado. Utilizando-se téc- nicas eficientes de planejamento para orientar a li- beração das remessas, a necessidade poderia baixar para 40 vagões. Ou seja, disciplinando-se a meto- dologia da liberação dos embarques seria possível reduzir em 42 o número de vagões-tremonha neces- sários segundo os cálculos originais, diminuindo-se assim em 50% o investimento potencial nesta me- lhoria geral da atividade da indústria de vidros e suas parceiras de negócio. A lição mais importante do estudo do caso da An- chor Hocking é: programas deficientes de procedimen- tos de produção levam a investimentos de outra forma desnecessários em equipamentos de transporte. O ge- rente da área de transportes estava tentando resolver a totalidade do seu problema pela aquisição de maior ca- pacidade de transporte. A coordenação entre todas as atividades que se refletem no abastecimento físico mos- trou-se indispensável a fim de que se alcançasse uma boa solução do problema. PROGRAMAÇÃODOS SUPRIMENTOS O prestígio dos conceitos just-in-time, resposta rápida e compressão de tempo ressalta a importância da progra- mação entre as várias atividades nos canais de suprimen- tos. Programar de acordo com as necessidades é uma al- ternativa para suprir as necessidades a partir dos esto- ques existentes. Cada uma delas representa os pontos principais em uma variação de alternativas estudadas pa- ra satisfazer a demanda, ou necessidades, de um canal de suprimentos. O Capítulo 9 foi dedicado a conceitos de gestão de estoques, por isso agora concentramos as aten- ções nas técnicas de programação conhecidas como pla- nejamento de necessidades, que podem minimizar os es- toques exigidos em um canal de suprimentos. No canal de suprimentos, são as necessidades da produção (ou, no caso de empresas de serviços, as ne- cessidades operacionais) que representam a demanda a ser atendida. Um gerente de materiais normalmente atende a essa demanda de duas formas. Em primeiro lu- gar, os suprimentos são programados para estarem dis- poníveis no momento exato em que se tornarem neces- sários para a produção. Uma técnica reconhecida e apoiada para orientar a mecânica do processo de pro- gramação é a do planejamento das necessidades de ma- teriais. Em segundo lugar, as necessidades são preen- chidas a partir de suprimentos mantidos em estoque. As regras da reposição mantêm os níveis desses estoques, e também especificam quando e em que quantidade os materiais deverão fluir no canal de suprimentos. Muitas empresas utilizam essas duas abordagens si- multaneamente. Veja, por exemplo, de que maneira um fabricante de motores industriais controla seu ritmo de produção. Exemplo A Power Equiment Division da Lear Siegler Corpora- tion produz uma linha de motores elétricos para var- redoras e lustradoras de chão industriais. São motores igualmente vendidos como subcomponentes a outros fabricantes de produtos acabados e, por isso, produzi- dos de acordo com as especificações de cada compra- dor. Estes fazem normalmente seus pedidos firmes com vários meses de antecipação em relação às suas necessidades, assim garantindo o cumprimento dos programas de produção. Motores padronizados po- dem ser previstos com razoável exatidão e assim pro- duzidos com base em programação de vendas. Com esta informação, prepara-se um programa de construção (ou programa mestre de produção) para um 2 Esses vagões seriam de propriedade da indústria de vidro e a ferrovia se en- carregaria de sua operação, proporcionando tarifas com descontos especiais. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 343 344 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE período de três próximos meses. Esta programação, jun- tamente com a lista de materiais necessários para cada motor encomendado, mostra ao programador da produ- ção a demanda de cada um dos componentes, e quando precisarão estar disponíveis. A essa altura, o programa- dor da produção verifica os componentes disponíveis no estoque. Normalmente, cerca de 3.000 (90%) de cada 3.300 peças solicitadas saem dos estoques existentes. As 300 peças restantes são itens críticos de alto valor e es- pecíficas a cada pedido – por exemplo, o eixo do motor. Esses itens são relacionados na lista de faltas do forne- cedor até serem postos à disposição da produção. O mesmo se faz em relação a todos os materiais não dispo- níveis nos estoques. Levando em conta a extensão do prazo de entrega, o programador da produção emite uma ordem de libe- ração de compra ao departamento de compras a fim de possibilitar que todos os suprimentos sejam programa- dos de maneira a chegar à medida das necessidades da produção. Quando todos os materiais, peças e supri- mentos estão disponíveis, o programador da produção libera os pedidos dos clientes à produção e montagem. À medida que os estoques se esgotam, sua reposição é feita pelo controle min-máx de estoques. A função do setor de compras é então selecionar as fontes de suprimentos, desenvolver procedimentos pa- ra os pedidos, negociar preços e termos de compra, es- pecificar os serviços de transporte a serem utilizados, e estimar os prazos de entrega. Neste caso, o departa- mento de compras coordena com a programação da produção o fluxo de materiais no canal de suprimentos. A relação entre a programação da produção e o supri- mento de materiais é diagramada na Figura 10-2. Programação Just-in-Time de Suprimentos A programação just-in-time (JIT) é uma filosofia operacio- nal que representa alternativa ao uso de estoques para que se possa cumprir a meta de disponibilizar os produtos cer- tos, no lugar certo e no tempo certo. É uma maneira de ge- renciar o canal de suprimentos de materiais popularizada a partir da experiência dos japoneses, que a desenvolveram com base nas circunstâncias econômicas e logísticas dife- FIGURA 10-2 O relacionamento entre programação da produção e suprimento de materiais. ? ? Reabastecimento de suprimentos e pedidos sob encomenda ? ? ?? ? ? ? ? ? ? Vendas Pedidos de clientes Previsão de vendas Programa de produção Lista de materiais Liberar para a produção Comparar Lista de faltas do fornecedor Ordem de compra Liberar ordens de compra a fornecedores para artigos em falta ou para reposição de estoque Temas Estoques Para a produção Canal de suprimentos Locais dos fornecedores Serviços de transporte Processamento dos pedidos _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 344 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 345 renciadas que imperaram em seu país nos últimos 40 anos. A programação just-in-time pode ser definida como uma filosofia de planejamento em que todo o canal de suprimentos é sincronizado para reagir às neces- sidades das operações dos clientes. Suas características principais são: • Relações privilegiadas com poucos fornecedores e transportadores • Informação compartilhada entre compradores e fornecedores • Produção/compra e transporte de mercadorias em pequenas quantidades são freqüentes e se tra- duzem em níveis mínimos de estoques • Eliminação das incertezas sempre que possível ao longo do canal de suprimentos • Metas de alta qualidade Quantidades econômicas de reabastecimento* tendem à unidade uma vez que os custos de preparação de coloca- ção do pedido são reduzidos a níveis quase que insignifi- cantes. Quando há economias de escala nas compras ou na produção, são exploradas ao máximo pela utilização de poucos fornecedores normalmente localizados bem perto dos pontos de demanda dos compradores. Uma íntima re- lação de trabalho é estabelecida com um número pequeno de fornecedores e transportadores. A informação do com- prador, especialmente na forma de programa de produ- ção/operação, é compartilhada com os fornedores a fim de que estes possam antecipar as necessidades dos compra- dores e reduzir o prazo de resposta e sua variabilidade. Dos fornecedores, poucos porém escolhidos, espera-se que procedam com pouca ou nenhuma variância em maté- ria de entregas no prazo certo. O efeito global do planeja- mento de acordo com uma filosofia just-in-time é a criação de fluxos de produtos que são cuidadosamente sincroniza- dos com as respectivas demandas. Embora seja grande a probabilidade de que se precise trabalhar bem mais na ges- tão do canal de suprimentos sob uma filosofia JIT do que sob uma filosofia de fornecimento a partir de estoques, seu benefício é operar o canal com o mínimo estoque possível e as economias e/ou melhorias nos serviços disso resultan- tes. No entanto, alguns desses lucros que o fabricante con- cretiza podem ser em função do aumento de custos e esto- ques para os fornecedores no canal de suprimentos. Aplicação A General Motors, fabricante norte-americano de au- tomóveis, decidiu implementar um sistema de progra- mação de suprimentos just-in-time por ocasião do lançamento da nova versão, totalmente modificada, de um dos seus modelos mais vendidos de automóvel. Uma fábrica que estava desativada desde que se tor- nara pequena demais para os padrões daera das ven- das em massa, foi reaberta depois da instalação de portas de correr ao longo de suas paredes laterais. Is- to fez com que os materiais pudessem percorrer uma distância bem mais curta até a linha de produção, dei- xando, ao mesmo tempo, reduzido espaço para os es- toques de produção. Construiu-se então um armazém com andaimes perto do prédio da montagem, arma- zém esse utilizado para receber e desembalar os mate- riais dos fornecedores antes de serem deslocados, conforme a demanda, para a linha de montagem. Fez-se também uma significativa redução (de al- guns milhares para algumas centenas) do número de fornecedores e transportadores. Os fornecedores não poderiam ter suas instalações a mais de 300 milhas (cerca de 480 quilômetros) de distância da fábrica da GM. Optou-se, por exemplo, por um fornecedor ex- clusivo de tintas. Com uma condição: ele precisaria manter um estoque perto da montadora da GM. Para assessorar esse fornecedor em seu planejamento, o fa- bricante dos automóveis permitiu seu acesso a um programa da futura produção dos carros. Isto sem dú- vida criou um nível de confiança fornecedor-compra- dor incomum no campo industrial. Exemplo A Hewlett-Packard passou a aplicar conceitos de pro- gramação just-in-time às operações do seu centro de distribuição. No período de um ano e meio, a empre- sa conseguiu reduzir em 40% seus estoques de produ- tos acabados, um crescimento composto de 2% ao mês na produtividade industrial, e uma melhoria de 44% na qualidade das remessas aos clientes.3 Kanban O KANBAN é o sistema de programação da produção da Toyota, e talvez um dos mais conhecidos exemplos de programação just-in-time. O KANBAN propriamen- te dito é um sistema de controle de produção baseado em cartões. Um cartão KAN aciona um centro de traba- lho ou um fornecedor para que produza um lote mínimo de determinado item. O cartão BAN ordena a reposição 3 Patrick Guerra, “Just-in-Time Distribution”, Annual Proceedings, Vol. 1 (St. Louis: Council of Logistics Management, October 27/30, de 1985), pág. 444. * N. de R.T: Refere-se a lotes econômicos de compras e lotes econômicos de produção. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 345 346 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE de um lote mínimo predeterminado de componentes ou itens de montagens no centro de trabalho. Esses cartões são usados como gatilhos para a produção e a movi- mentação dos itens. O sistema de programação KANBAN/JIT utiliza o método de controle de estoque de ponto de pedido para determinar lotes padronizados de produção-compra e funciona com custos muito baixos de planejamento e tempos de reposição reduzidos. Diversas características adicionais garantem sua eficiência como sistema just- in-time. Em primeiro lugar, os modelos no programa mestre da produção são repetidos continuamente e com- parados com uma programação construída para tirar proveito das economias de escala. Isto é, uma progra- mação de produtos de modelos A e B para explorar as economias de escala e reduzir os gastos de planejamen- to poderia ser AAAAAAABBBBBBBAAAAAAABBBBBB- BAAAAAAABBBBBBBB Contudo, a programação KANBAN poderia ficar assim: ABABABABABABABABABABABABABABA- BABABABABABAB Em segundo lugar, os tempos de reposição tornam- se altamente previsíveis porque são curtos. Os fornece- dores localizam-se nas imediações do local das opera- ções e as entregas podem ser feitas com freqüência, muitas vezes de hora em hora, sem grandes despesas com o transporte. Em terceiro lugar, os lotes pedidos são pequenos porque os custos de preparação e obtenção são manti- dos baixos. Como os lotes pedidos estão relacionados a esses custos de preparação e obtenção, tornam-se o alvo dos programas de redução de custos. Lotes pequenos de pedidos significam estoques baixos. O clássico método de controle de estoque de ponto de pedido é usado para determinar as quantidades de reposição. Em quarto lugar, usam-se poucos fornecedores, to- dos eles, evidentemente, obrigados a corresponder às al- tas expectativas neles depositadas. Um alto nível de cooperação entre o fabricante e o fornecedor surge para garantir a obtenção do desejado nível de desempenho do produto e da logística. A programação just-in-time entra em choque com a programação de suprimento para estoque. A Tabela 10-1 compara o KANBAN/JIT com a abordagem de progra- mação de suprimento para estoque. Lembre, são alterna- tivas, não sendo uma necessariamente melhor do que a outra. Observação Por operarem com níveis mínimos de estoque e pou- cos fornecedores, é grande o risco apresentado, pelos sistemas just-in-time, de interrupções na cadeia de su- primentos. A Toyota chegou a enfrentar a ameaça de precisar fechar 20 de suas fábricas de automóveis quando um incêndio destruiu a principal fonte de abastecimento de uma válvula fundamental de freio, de $ 5. No entanto, cinco dias depois do incêndio, as fábricas estavam novamente em produção. A chave dessa conquista foi a “família” de fornecedores de pe- ças da Toyota. Em um equivalente corporativo dos métodos de cultivo de cereais da seita Amish – em que todos trabalham para um, e vice-versa –, os forne- cedores e as empresas locais se lançaram ao socorro do gigante industrial. Assim, horas depois do incên- dio, já estavam obtendo os desenhos da válvula, im- provisando sistemas de ferramentas e instalando li- nhas provisórias de produção. Trinta e seis fornecedo- res, ajudados por mais de 150 outros subcontratados, instalaram cerca de 50 linhas separadas de produção de pequenos lotes da válvula de freio. A rápida recu- peração é atribuída à força do grupo, que deu conta do problema sem pensar em ganhar dinheiro ou em even- tuais contratos.4 Planejamento de Necessidades Em meados da década de 1970, o planejamento de ne- cessidades, algo que já se fazia havia muitos anos, foi formalizado como o planejamento de necessidades ma- teriais (MRP – materials requirements planning). Em- bora o MRP tenha a ver com a programação de supri- mentos, sua base lógica é diferente daquela do KAN- BAN. Trata-se de um método usado principalmente pa- ra programar peças especiais de alto valor, materiais e suprimentos cuja demanda seja razoavelmente conheci- da. O objetivo do MRP, do ponto de vista logístico, é evitar, tanto quanto possível, conservar itens como esses em estoque. Teoricamente, não é necessário criar esto- ques quando o montante e as necessidades dos produtos acabados são conhecidos. Levando-se em conta o prazo de entrega, a necessidade de peças, materiais e supri- mentos, as necessidades de produto acabado podem ser supridas no momento em que se manifestam. O mo- mento exato dos fluxos de materiais para suprir as ne- cessidades da produção é o princípio que constitui a ba- se do planejamento das necessidades materiais. 4 Valerie Reitman, “Toyota’s Fast Rebound After Fire at Supplier Shows Why It Is Tough”, Wall Street Journal, May 8, 1997, A1. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 346 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 347 T A B E L A 1 0- 1 U m a co m pa ra çã o en tr e as fi lo so fi as d e pr og ra m aç ão d e su pr im en to s K A N B A N /J IT e d e su pr im en to p ar a es to qu e F at or es P ro gr am aç ão K A N B A N /J IT P ro gr am aç ão d e su pr im en to p ar a es to qu e E st oq ue U m a fr aq ue za . T od os o s es fo rç os n ec es sá ri os p ar a el im in á- lo s U m a tiv o. P ro po rc io na p ro te çã o co nt ra e rr os d e pr ev is ão , de ve m s er e m pr ee nd id os . pr ob le m as c om e qu ip am en to e a tr as os n as e nt re ga s do s ve nd ed or es . Q ua nt o m ai or o e st oq ue , m ai or a “ se gu ra nç a” . Ta m an ho s de lo te s, A te nd e ap en as à s ne ce ss id ad es im ed ia ta s. U m a qu an tid ad e m ín im a Q ua nt id ad es d et er m in ad as p or e co no m ia s dee sc al a ou a qu an tid ad es d e co m pr as de r ep os iç ão é n ec es sá ri a ta nt o pa ra b en s m an uf at ur ad os q ua nt o pa rt ir d a fó rm ul a E O Q . N en hu m a te nt at iv a é re al iz ad a vi sa nd o co m pr ad os , s en do , p or ém , d et er m in ad a a pa rt ir d a fó rm ul a E O Q . a al te ra r os c us to s de p la ne ja m en to p ar a qu an tid ad es m en or es de p ro du çã o ou c om pr a. Pr ep ar aç õe s Sã o co ns id er ad as in si gn if ic an te . I st o ex ig e ou p re pa ra çõ es e xt re m am en te Pr io ri da de s ec un dá ri a. M ax im iz ar a p ro du çã o é a m et a rá pi da s pa ra m in im iz ar o im pa ct o na s op er aç õe s, o u di sp on ib ili da de m ai s co m um , e p or is so o s cu st os d e pr ep ar aç ão s e to rn am de m áq ui na s ad ic io na is . A s pr ep ar aç õe s rá pi da s fa ze m pr eo cu pa çã o se cu nd ár ia . co m q ue ta m an ho s de lo te s pe qu en os s e to rn em p rá tic os , e p er m ite a el ab or aç ão d e um a am pl a va ri ed ad e de p eç as . E st oq ue s de p ro du to E lim in á- lo s. Q ua nd o é pe qu en a a ac um ul aç ão d e es to qu e en tr e U m in ve st im en to n ec es sá ri o. A a cu m ul aç ão d e es to qu es em p ro ce ss o pr oc es so s, a n ec es si da de d e id en tif ic ar e r es ol ve r pr ob le m as en tr e pr oc es sa m en to s pe rm ite o s eg ui m en to d e op er aç õe s su rg e m ai s ce do . be m -s uc ed id as n a ev en tu al id ad e de u m p ro bl em a co m a o pe ra - çã o de a ba st ec im en to . A lé m d is so , a o pr op or ci on ar u m a se le çã o de e m pr eg os , a g er ên ci a da f áb ri ca te m g ra nd e op or tu ni da de d e co m pa ra r ha bi lid ad es d e op er ad or es e c ap ac id ad e de m aq ui ná - ri o, e d e co m bi na r as c on fi gu ra çõ es d e m an ei ra a c on tr ib ui r pa - ra a e fi ci ên ci a da o pe ra çã o. Fo rn ec ed or es Sã o co ns id er ad os c ol eg as d e tr ab al ho . O f or ne ce do r se e nc ar re ga d e U m r el ac io na m en to e st ri ta m en te p ro fi ss io na l é m an tid o. M úl ti- ve ri fi ca r e su pr ir a s ne ce ss id ad es d os c lie nt es , e o s cl ie nt es tr at am o s pl as f on te s sã o a re gr a ge ra l, se nd o no rm al jo ga r un s co nt ra o s fo rn ec ed or es c om o um a ex te ns ão d e su as p ró pr ia s em pr es as . P ou co s ou tr os a fi m d e ob te r os m el ho re s pr eç os . sã o us ad os , m as o r is co d e in te rr up çõ es n o su pr im en to p od e au m en ta r. Q ua lid ad e A m et a é a el im in aç ão d e de fe ito s. Q ua nd o a qu al id ad e nã o é 10 0% , A lg un s de fe ito s sã o to le rá ve is a fi m d e qu e se m an te nh am pr od uç ão e d is tr ib ui çã o en tr am e m c ri se . os p ro du to s fl ui nd o e ta m bé m p ar a ev ita r cu st os e xc es si vo s na bu sc a de u m a ltí ss im o ní ve l d e qu al id ad e. M an ut en çã o M an ut en çã o pr ev en tiv a, o u ca pa ci da de e xc es si va , é a r eg ra . A in te r- N a m ed id a da s ne ce ss id ad es . N ão é f un da m en ta l, em v is ta d a do s eq ui pa m en to s ru pç ão d os p ro ce ss os tr an st or na a s eq üê nc ia d e op er aç õe s qu an do re se rv a de e st oq ue s. nã o se c on ta c om e st oq ue p ar a fu nc io na r co m o ba rr ei ra . Te m po s de r ep os iç ão D ev em s er e xí gu os . I ss o m el ho ra o s te m po s de r ea çã o ao lo ng o do Te m po s de r ep os iç ão lo ng os n ão c on st itu em p ro bl em a, u m a ve z ca na l d e su pr im en to s/ di st ri bu iç ão e r ed uz a s in ce rt ez as e a n ec es - qu e po de m s er c om pe ns ad os p or e st oq ue s ad ic io na is . si da de d e es to qu es d e se gu ra nç a. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 347 348 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE O MRP é uma importante alternativa de progra- mação em relação à filosofia de programação de su- primento para estoque. A não ser quanto à forma de utilização dos procedimentos estatísticos de controle de estoques no KANBAN, eles não funcionam tão bem no canal físico de suprimentos quanto no canal físico de distribuição. Isso porque as suposições em que se baseia o controle estatístico de estoques não se confirmam seguidamente. Isto é, a demanda não é re- gular, aleatória, independente e não-enviezada. Ao contrário, os padrões de demanda de peças, materiais e suprimentos que compõem os produtos acabados são dependentes da demanda desses produtos. Padrões de demanda dependente surgem do conhe- cimento de que um número predeterminado de peças, materiais e suprimentos, tal como especificado na conta dos materiais, está presente no produto acabado. Por- tanto, os padrões de demanda desses materiais de pro- dução são irregulares. Se fossem usados procedimentos estatísticos de controle de estoques para determinar ní- veis de estoque, esses níveis seriam inaceitavelmente elevados em função da alta variância dos padrões irre- gulares da demanda. Essa irregularidade na demanda também pode ter como causa a aplicação de políticas padronizadas de es- tocagem em múltiplos níveis do canal de distribuição de suprimentos. Para ter-se uma idéia a respeito, veja-se a Figura 10-3. Um produto acabado é estocado em um de- pósito regional e submetido ao controle de ponto de pe- dido. O resultado dessa política é o envio intermitente de pedidos de reposição aos estoques da fábrica. Se so- mente alguns depósitos estão sendo reabastecidos a par- FIGURA 10-3 Demanda irregular de um componente quando o pro- duto acabado é controlado pelo ponto de pedido. ? ? ? ? ? 0 ? ? ? 0 ? ? ? ? ? ? ? 0 N ív el N ív el N ív el Tempo Tempo Tempo Ponto de pedido Ponto de pedido Ponto de pedido Colocação de pedido Liberação do pedido de produção Liberação da ordem de compra (a) Estoque de campo (produto acabado no armazém) (b) Estoque da fábrica (produto acabado na fábrica) (c) Estoque de componentes (estoque de suprimentos na fábrica) _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 348 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 349 tir dos estoques da fábrica, ou quando pedidos de vários armazéns surgem simultaneamente, o resultado é um padrão de disponibilidade de estoque em degrau, como mostrado na Figura 10-3(b). Em conseqüência, o esto- que de suprimentos de um componente do produto final precisa ser ainda maior para satisfazer as necessidades da produção resultantes do reabastecimento dos esto- ques de produto final da fábrica [ver a Figura 10-3(c)]. Devido às intermitentes reduções do estoque de compo- nentes, é preciso manter altos níveis de estoques, mes- mo quando desnecessários. Havendo a possibilidade, ainda que precária, de previsão da redução do nível dos estoques, torna-se possível postergar as encomendas pa- ra pouco tempo antes dessa redução, o que se traduzirá em uma boa economia a partir da queda dos custos de manutenção dos estoques. Mecânicas do MRP Não faz muito tempo que a metodologia do planeja- mento das necessidades dos materiais se tornou um pro- cedimento formal e computadorizado,mesmo sendo o conceito do planejamento das necesidades aplicado na prática há longos anos. Essa metodologia pode ser des- crita como ... um método mecânico formal de programação de suprimentos no qual o momento das compras ou saí- da da produção é sincronizado a fim de satisfazer as necessidades operacionais período a período ao com- pensar a requisição de suprimentos de acordo com a duração do tempo de reposição. O MRP é igualmente entendido como um planeja- mento de reabastecimento distribuido no tempo. Muitos fornecedores de softwares de computador (por exemplo, SAP) contam agora com programas facilmente instalá- veis em ambientes de produção a fim de coordenar a matemática de MRP indispensável para milhares de itens. A fim de ilustrar os conceitos básicos do método, analise um exemplo simplificado. Exemplo A Colonial Clocks fabrica e distribui, por catálogo, uma linha de reproduções de autênticos relógios mecânicos. Dois estilos, M21 e K36, usam o mes- mo mecanismo de relógio, o R1063. Como esse mecanismo se desgasta ou é facilmente danificado quando em uso, há uma demanda independente de 100 peças por semana. A Colonial monta o M21 e o K36 em quantidades mínimas, mas o mecanismo do relógio é comprado de outro fornecedor de acor- do com uma quantidade mínima. A demanda esti- mada do M21 e K36 nas próximas oito semanas é detalhada a seguir. Semanas a partir de agora M21 K36 1 200 100 2 200 150 3 200 120 4 200 150 5 200 100 6 200 90 7 200 110 8 200 120 A seguir, outras informações vitais sobre cada um dos itens: RELÓGIO ESTILO M21 Quantidade mínima de lote de produção = 600 unidades Tempo de fabricação do lote de produção = 1 semana Estoque disponível = 500 unidades Recebimento programado = 600 unidades no 2º período RELÓGIO ESTILO K36 Quantidade mínima de lote de produção = 350 unidades Tempo de fabricação do lote de produção = 2 semanas Estoque disponível = 400 unidades Recebimento programado = 0 MECANISMO DE RELÓGIO R1063 Quantidade mínima da ordem de compra = 1.000 unidades Prazo de entrega da compra = 2 semanas Estoque de segurança = 200 unidades a serem mantidas Estoque disponível = 900 unidades Demanda de peças de reposição = 100 unidades por semana A questão fundamental para a Colonial, a partir desses dados é: Quando e em que quantidades liberar as ordens de compra junto aos fornecedores? A metodologia MRP começa com uma árvore de estrutura de produtos (lista de materiais) que define as relações quantitativas entre os componentes e o produto acabado, tal como consta na Figura 10-4. Considerando apenas um componente (o mecanismo do relógio), sua demanda dependente vem da produ- ção dos dois modelos de relógio mais as necessida- _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 349 350 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE des das partes de reposição. Assim, sabendo-se quan- do e em que quantidade cada modelo será produzido, é viável desenvolver um programa para a compra dos mecanismos do relógio. A fim de organizar esses eventos no tempo e para manter o controle da chega- da dos materiais disponíveis e das necessidades de materiais que devem ser supridas, usa-se um mapa básico, como aquele na Figura 10-5(a). As necessida- des projetadas para o relógio K36 são mostradas em seus respectivos “pacotes de tempo” semanais (inter- valos de tempo, como uma semana ou mês). O esto- que atualmente disponível desses relógios é também anotado. A fim de suprir essas necessidades do produto acabado, é preciso desenvolver um programa estabele- cendo quando a produção deveria começar e quando e em que quantidade deveriam estar disponíveis os me- canismos de relógio. Para concretizar isto, comece com a semana 1 e deduza as necessidades da semana 1 do estoque disponível em mãos. Registre a quantidade disponível, como mostrado na Figura 10-5(b). Este procedimento é repetido para cada semana subseqüen- te até a quantidade disponível se tornar inferior a zero. A essa altura, um recebimento programado de relógios K36 acabados torna-se necessário. Como um prazo de entrega de duas semanas é indispensável para a produ- ção, os mecanismos de relógio devem estar à disposi- ção da produção duas semanas antes do recebimento programado. A produção determina a quantidade de lotes e seus tamanhos. O recebimento programado agrega-se à quantidade disponível de tal forma que um estoque suficiente para satisfazer a demanda esteja disponível. A diminuição das quantidades disponíveis continua até a sétima semana, para quando deve ser programado outro recebimento. E assim o processo continua até o fim do horizonte do planejamento. RELÓGIO ESTILO K36 Quantidade Mínima de lote de produção = 350 unidades Tempo de fabricação do lote de produção = 2 semanas Estoque disponível = 400 unidades Recebimentos planejados = 0 unidades A seguir, repete-se o procedimento para o relógio estilo M21, como mostrado na Figura 10-6. As princi- pais diferenças são a previsão de um recebimento an- teriormente estabelecido na segunda semana, e que o prazo de entrega é de uma semana. Com as liberações de produção agora conhecidas para ambos os estilos de relógio, as necessidades brutas do mecanismo do relógio podem ser calculadas para ca- da semana. Ou seja, as liberações para o K36 e o M21 são somadas nas semanas correspondentes aos pacotes de tempo das necessidades brutas do R1063. A essas são acrescidas a demanda de peças de reposição. Uma vez estabelecidas as projetadas exigências brutas, as compu- tações para determinar quando e quantos mecanismos de relógio deverão ser comprados prosseguem da mes- ma forma que nos casos do K36 e do M21. O resultado é a colocação de uma ordem de compra de 1.000 unida- des de mecanismos nas semanas 2 e 3 (Figura 10-7). RELÓGIO ESTILO M21 Quantidade mínima do lote de produção = 600 unidades FIGURA 10-4 Árvore da estrutura do produto e relações de quantidades para relógios da colonial. Relógio estilo K36 Relógio estilo M21 Necessidades de peças de reposição Mecanismo do relógio R1063 Fornecedor Muitos clientes _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 350 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 351 Tempo de fabricação do lote de produção = 1 semana Estoque disponível = 500 unidades Recebimento programado = 600 unidades no período 2 Deveria estar claro, a esta altura, que o fluxo de ma- teriais é controlado ajustando-se à necessidade dos mate- riais, levando-se em conta o prazo de entrega. As necessi- dades do produto acabado são dadas como conhecidas com certeza, da mesma forma que os tempos de reposi- ção. Os tamanhos dos lotes da compra e de produção são determinados. Ainda que a certeza seja apenas presumida, os efeitos da irregularidade nos níveis de necessidade e nos prazos de entrega estão sempre presentes. As quebras das taxas de transporte podem alterar a quantidade das or- dens de liberação. Analise de que maneira a abordagem por MRP poderia ser modificada a fim de alterar essas realidades. Demanda Irregular no MRP A abordagem MRP para o momento das compras su- põe que as necessidades da programação mestre sejam conhecidas. Na extensão em que podem ter variado ao longo do horizonte do planejamento, precisa-se da proteção de um certo estoque de segurança para que seja possível cumprir as necessidades. Se a variabili- dade das necesssidades pode ser representada por uma distribuição de probabilidade, o montante do estoque de segurança necessário na programação pode ser de- terminado de uma forma semelhante ao controle de es- toque. Contudo, isso talvez se mostre impraticável, pois as necessidades de qualquer produto ou compo- nente normalmente apresentam amplas variações devi- do às mudanças nos programas de produção, cancela- mentos de pedidos de clientes e previsões não cumpri- das. Isso pode levar a estimativas imprecisas dos ní- veis dos estoques de segurança. FIGURA 10-5 Cálculos para determinar as liberações planejadas de produção do Relógio Estilo K36. ? ? ? ? ? 400 1 100 2 150 3 120 4 150 5 100 6 90 7 110 8 120 ? ?? ? ? 400 1 100 2 150 3 120 4 150 5 100 6 90 7 110 8 120 ? 350 300 150 30 230 130 40 280 160 350 350 ? Semana Exigências brutas projetadas do relógio Recepções programadas Quantidade disponível Liberações planejadas de produção Exigências brutas projetadas do relógio Recepções programadas Quantidade disponível Liberações planejadas de produção Semana (b) Formulário completo do MRP (a) Formulário inicial do MRP FIGURA 10-6 Cálculos para determinar as liberações planejadas do relógio es- tilo M21. ? ? ? ? 500 1 200 2 200 3 200 4 200 5 200 6 200 7 200 8 200 ? 300 600 600 700 500 300 100 500 300 100 600 Exigências brutas projetadas do relógio Recepções programadas Quantidade disponível Liberações planejadas de produção Semana _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 351 352 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE Como uma alternativa, é possível manter um nível de estoque disponível fixo ou a partir de experiências práticas ou de meios semelhantes. Uma vez determinada a quantidade mínima disponível, as liberações de pedi- dos são desencadeadas à maneira normal do MRP, exce- to que a quantidade disponível cai a um mínimo determi- nado, em lugar de ser reduzida a zero. Embora se trate de um método de aproximação, é provavelmente o melhor que pode ser feito considerando-se a natureza inerente- mente irregular da demanda dependente. Incerteza do Tempo de Reposição em MRP Os tempos de reposição são algo geralmente imprevi- síveis. O momento de emitir o pedido de materiais depende da incerteza do prazo de entrega na medida em que esta ocasiona excesso ou escassez de estoque. O tempo ótimo T* de emissão da requisição de mate- riais conforme o andamento das necessidades é uma questão de balanceamento entre o custo relacionado com a chegada dos materiais antes de se tornarem ne- cessários, com isso incorrendo-se em custo de manu- tenção de estoques, com o custo relacionado à chega- da dos materiais depois de deflagrada a sua necessi- dade, com isso incorrendo-se em custo de atraso. Su- pondo-se que as necessidades durante um pacote de tempo sejam supridas a uma taxa constante e que os prazos de entrega sejam distribuídos normalmente, o número esperado de unidades faltantes para cobrir as necessidades da produção é LTE(z), em que sLT é o des- vio-padrão da distribuição do prazo de entrega e E(z) é a função perda normal. O número esperado de unida- des chegando muito cedo é sLTE(–z). O custo relevante total é então TC = PcsLTE(z) + CcsLTE(–z) (10-1) em que Pc = custo por unidade de receber os materiais de- pois de serem necessários ($ por unidade por dia) Cc = custo por unidade de ter os materiais antes de serem necessários ($ por unidade por dia) FIGURA 10-7 Determinação das necessidades brutas e das liberações de ordens de compra de mecanismos de relógio R1063. ? ? ? ? ? 400 1 2 3 4 5 6 7 8 100 150 120 150 100 90 110 120 350 350 300 150 30 230 130 40 280 160 350 350 ? ? ? ? ? ? 1 2 3 4 5 6 7 8 ? 200 200 200 200 200 200 200200 600 600 500 300 700 500 300 100 500 300 100 600 ? ? ? ? Estoque em mãos = 900 unidades ? ? ? ? ? 1 2 3 4 5 6 7 8 100 0 0 100 100 350 0 450 100 100 0 0 0 0 100 100 100 350 600 1.050 0 0 0 0 0 0 100 100 100 100 100 100 800 350 250 1.150 1.100 1.000 900 800 1.000 1.000 1.000 1.000 900 ? ? Semana SemanaRELÓGIO ESTILO K36 RELÓGIO ESTILO M21 Necessidade bruta projetada dos relógios Recebimentos programados Quantidade disponível Liberações planejadas de produção Necessidade bruta projetada dos relógios Recebimentos programados Quantidade disponível Liberações planejadas de produção Necessidade bruta projetada dos relógios Recebimentos programados Quantidade disponível Liberações planejadas de produção Semana MECANISMO DE RELÓGIO R1063 Quantidade mínima de pedido de compra = 1.000 unidades Prazo de entrega das compras = 2 semanas Estoque de segurança = 200 unidades a ser mantido permanentemente Demanda de peças de reposição = 100 unidades por semana Necessidade de peças de reposição _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 352 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 353 Usando o cálculo para encontrar o custo mínimo encontramos (10-2) em que P é a probabilidade de haver disponibilidade de mecanismos de relógio no momento necessário para a produção. Dado P, o número z de desvios-padrão é en- contrado no Apêndice A de forma que o tempo ótimo de liberação T* é T* = LT + z(sLT) (10-3) Custos de excesso ou de escassez de estoques nem sempre são conhecidos com exatidão. Num caso desses, pode-se atribuir a P um valor e T* computado de acor- do com a Equação (10-3). Exemplo Suponha que no exemplo da Colonial Clocks o pra- zo médio de entrega das compras para o mecanismo do relógio seja normalmente distribuído com uma média de 14 dias e um desvio-padrão de três dias. Há uma penalidade pela demora ou interrupção da produção: $ 500 por dia para cada mecanismo de re- lógio que não esteja disponível quando necessário. Se os mecanismos de relógio chegarem antes do pra- zo, incorre-se num custo de manutenção de estoque de $ 5 por dia, por unidade. Trata-se de uma questão de determinar quanto tempo deveria ser adicionado ao prazo de entrega mé- dio da compra para garantir-se contra incertezas no prazo de entrega. Especificamente, procuramos o tempo ótimo de entrega de compra T* na distribuição dos prazos de entrega, como se vê na Figura 10-8. Is- to pode ser encontrado depois de, em primeiro lugar, determinar-se P. Ou seja, Da área sob a curva normal de distribuição no Apêndice A, z@P = 0,99 = 2,33. Portanto, Quantidades de Liberação de Pedidos Embora seja possível determinar as quantidades de pe- didos de produção-compra por meio de quantidades mí- nimas ou montantes contratuais, é igualmente possível determiná-las por meio da comparação entre os custos de pedido e os de manutenção de estoques. Este proces- so é conhecido como balanceamento de custos de perío- dos parciais. Exemplo Suponha que não foi especificada a quantidade mí- nima de liberação para os mecanismos de relógio da Figura 10-7. O custo unitário desses mecanis- mos para a Colonial é de $ 15, e a taxa anual de ma- nutenção de estoque atinge 25%, ou $ 0,07 unida- de/semana. Cada emissão de pedido tem um custo de $ 150. Quando um pedido deve ser liberado na semana 2 para atender às necessidades para a semana 4, a questão é se a quantidade pedida deveria ser sufi- ciente para preencher as necessidades de uma sema- na, ou as necessidades de diversas semanas seguin- tes. Isto pode ser determinado testando-se várias op- ções óbvias, ou seja, testando quantidades de pedido iguais às necessidades de uma semana, de duas se- manas e assim por diante. Suponha que o estoque médio para a semana seja (estoque inicial + estoque final)/2, em que estoque inicial sejam os recebimen- tos programados + quantidade disponível. Estoque T LT z sLT* ( ) , ( ) = + = + = 14 2 33 3 21 dias antes do iníício da produção P P C P c c c = + = + =500 5 500 0 99, P P C P c c c = + FIGURA 10-8 Distribuição do tempo de reabastecimento com a liberação do pedido no ponto T*. ? ? ? SLT = 3 LT = 14 T* P T* = Tempo de reposição do pedido de compra P = Probabilidade de ter o material disponível quando necessário _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 353 354 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE final é o estoque inicial – necessidades. Começando com as necessidades de R1063 para a a semana 4, as estratégias seriam encomendar apenas para a sema- na 4; semanas 4 e 5; semanas 4, 5 e 6, e assim por diante. Sabendo-se da indispensável conservação de um estoque de segurança de 200 unidades, as quan- tidades pedidas para satisfazer os períodos 4, 5 e 6 seriam 50; 50 + 1050 = 1100; e 50 + 1050 + 100 = 1200, respectivamente. Quando os custos de manutenção de estoque se igualam aos custos de pedido, a quantidade ótima de pedido é encontrada. Encontre o custo de manutenção de estoquepara cada estratégia. (Q = 50) Semana 4 0,07(300 + 200)/2 = $ 17,50 (Q = 1.100) 0,07[(1.350 + 1.250)/2 Semanas 4 e 5 + (1.250 + 200)/2] = $ 141,75 (Q = 1.200) 0,07[1.450 + 1.350)/2 Semanas 4, 5 e 6 + (1.350 + 300)/2 + (300 + 200)/2] = $ 173,25 Como os custos de manutenção relacionados com uma quantidade de liberação de pedido de 1.100 estão mais próximos do custo de pedido de $150, esta é a melhor estratégia. Se os descontos de preços ou tari- fas especiais do transporte estivessem também pre- sentes neste problema, até mesmo quantidades maio- res de liberação poderiam justificar-se, uma vez que os custos adicionais de manutenção podem ser com- pensados por essas reduções nos custos mencionados. Programação da Distribuição Just-in-Time Os conceitos incorporados na programação de supri- mentos just-in-time podem ser também aplicados ao ca- nal de distribuição física. Comprimir o tempo decorrido entre a emissão dos pedidos pelos clientes e sua entrega a eles pode ser uma vantagem competitiva. Esta respos- ta rápida baseia-se em grande parte nas mesmas idéias que movem a programação just-in-time. Ou seja, usar a informação para reduzir incertezas e como substituto de ativos, especialmente os estoques. Usar a transmissão eletrônica da informação para reduzir o tempo do ciclo do pedido. Usar a tecnologia do computador para acele- rar a produção e/ou atendimento dos pedidos dos clien- tes. A cuidadosa aplicação desses conceitos ao canal de distribuição é um instrumento para aperfeiçoar o servi- ço ao cliente e reduzir os custos. Gestão Integrada do Canal de Suprimentos Do ponto de vista operacional, os métodos de MRP po- dem ser usados no canal de distribuição, chamado de pla- nejamento de necessidades de distribuição (DRP), com a finalidade de proporcionar uma programação integrada de suprimentos em todo o canal logístico de uma empresa, desde os fornecedores até os clientes. Veja o canal de su- primentos da maneira como generalizado na Figura 10-9. Não é raro ver a programação da distribuição física admi- nistrada em separado da produção ou do planejamento dos suprimentos. Os métodos de gerenciamento puxado de es- toque5 em armazéns regionais são comumente ensinados como formas de gerenciar níveis de estoques e para reco- mendar à produção quando e quanto produzir. A aplicação do conceito just-in-time expresso como DRP ao canal de distribuição física proporciona uma alternativa com diver- sos benefícios aos métodos mais tradicionais de puxar. Os benefícios são: • Cria-se uma base de informação similar para to- do o canal logístico/produção. Isso incentiva o planejamento integrado ao longo do canal. • Os conceitos de DRP são compatíveis com os do MRP usados na fábrica. • Uma vez que o DRP mostra remessas futuras planejadas, o processo decisório ganha reforço em áreas como planejamento da capacidade do transporte, despacho de veículos e suprimento de pedidos de armazéns. A flexibilidade incremen- tada e a melhoria da capacidade de reagir às mu- danças são igualmente notadas. • Quando do desenvolvimento de um programa, todas as fontes de demanda podem ser incorpora- das, não apenas a previsão. • Embora os sistemas ROP/EOQ* gerenciem nor- malmente itens individuais de armazéns múlti- plos independentes, o DRP permite que sejam gerenciados em conjunto. Há empresas informando a concretização de signi- ficativas melhorias em função da instalação de DRP em suas operações. Collins e Whybark apresentam diversos exemplos em tal sentido.6 Exemplos • A Abbott Laboratories do Canadá tinha três fábricas produzindo e fazia a distribuição por todo o país por intermédio de centros regionais. A instalação do DRP melhorou os níveis de serviço aos clientes de 85% para 97%, reduzindo ao mesmo tempo em 25% 5 Ver a discussão do ponto de recompra e os métodos de revisão periódica de controle de estoques no Capítulo 9. * N do R.T: ROP (ponto de pedido); EOQ (quantidade econômica de pedido). 6 Robert S. Collins and D. Clay Whybark, “Realizing the Potential of Distri- bution Requirements Planning”, Journal of Business Logistics, Vol. 6, nº 1 (1985), págs. 53-65. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 354 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 355 os estoques. Os custos totais da distribuição caíram em 15%. Mais ainda, houve uma redução de 80% na obsolescência dos produtos. • Um fornecedor de peças de serviço para equipamen- tos agrícolas da região do Meio-Oeste dos EUA, a Hesston, servia a 1.200 varejistas com oito centros de distribuição. Os benefícios do DRP foram descri- tos tanto em termos qualitativos como quantitativos. Além de uma redução de custos de 20% e de um sal- to para 97,5% nos níveis de serviços, a empresa no- tou uma melhoria na flexibilidade e capacidade de reagir à mudança. O planejamento das necessidades futuras melhorou e as análises de distribuição deno- taram acentuado aumento da produtividade. • A Howard Johnson usou DRP na distribuição de seus sorvetes na Costa Leste norte-americana. O resultado foi uma melhoria de 12% nos níveis de serviços e uma redução de 25% dos estoques. Os custos totais da distribuição caíram em 10%. A me- lhoria do controle dos estoques capacitou a empre- sa a concretizar uma redução de 80% na obsoles- cência (controle de frescor dos sorvetes). Mecânica do DRP O DRP é uma extensão da lógica do MRP, que já a des- crevemos. As atenções aqui voltam-se para as diferen- ças entre os dois. Em primeiro lugar, DRP começa com uma previsão de demanda de itens tão próxima daquela do cliente quanto possível, e que supomos ser a deman- da em um armazém de campo. Essa demanda é por um número de períodos no futuro e se desenvolve a partir da previsão do item, futuros pedidos dos clientes, pro- moções programadas e quaisquer outras informações relevantes para o padrão da demanda. Esta demanda é transformada em previsão de necessidades no DRP – o equivalente ao programa mestre de produção no MRP. Um exemplo do registro básico do DRP é mostrado na Figura 10-10. Observe-se a semelhança com o registro do MRP dado na Figura 10-5(a). FIGURA 10-9 Fluxo genérico de informações sobre pedidos na cadeia de suprimentos dos fornecedores aos clientes. ? ? ? ? ? ? ? ?? ? ? ? ? ? Clientes Pedidos dos clientes Estoque de campo Pedido de armazém Estoque de produtos acabados da fábrica Programa mestre de produção Trabalho em processo Pedido da loja Estoque de matéria-prima Ordens de compra Fornecedores Suprimento físico Distribuição física Produção _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 355 356 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE Os embarques previstos de um determinado item a partir de mais de um armazém são combinados para ge- rar as necessidades brutas do estoque central, por exem- plo, o estoque de bens acabados da fábrica. Suponha que os estoques da fábrica sejam utilizados para suprir embarques planejados do armazém de campo, e que a produção abasteça os estoques de bens acabados da fá- brica. Nós então implodimos os embarques planejados de um item de todos os armazéns a fim de gerar as ne- cessidades brutas do estoque da fábrica. O processo de implosão é mostrado na Figura 10-11. Uma vez conhe- cidas as necessidades brutas para o estoque central, de- senvolve-se um registro do planejamento das necessida- des a fim de determinar as liberações planejadas de pe- didos no nível de estoque da fábrica. Essas liberações planejadas são usadas para a geração de um programa mestre de produção. O processo de planejamento de ne- cessidades pode continuar para cima no canal de supri- mentos até chegar aos fornecedores, permitindo a pro- gramação de todo o canal. COMPRAS As compras envolvem a aquisição de matérias-primas, suprimentos e componentes para o conjunto da organi- zação. Entre as atividades associadas a elas incluem-se: • Selecionar e qualificar fornecedores • Avaliar desempenho de fornecedores • Negociar contratos • Comparar preço, qualidade e serviço • Pesquisar bens e serviços • Programar as compras • Estabelecer os termosdas vendas • Avaliar o valor recebido • Mensurar a qualidade recebida, quando esta não estiver incluída entre as responsabilidades do controle de qualidade • Prever mudanças de preços, serviços e, às vezes, da demanda FIGURA 10-10 Exemplo de um registro básico de DRP de um item único num armazém de campo. ? ? ? ? ? ? ? 250 1 2 3 4 5 6 7 8 200200100100150100200100 300 300 300 300 150 250 150 300 200 100 200 300 300300300300 Previsão de necessidades Em trânsito Quantidade disponível (em mãos) Embarques planejados Período Estoque de segurança = 50 unidades Prazo de entrega = 1 período Quantidade de remessa = 300 unidades FIGURA 10-11 Implodindo os embarques planejados de armazém para gerar as neces- sidades do estoque central. ? ? 1 1 2 3 4 5 6 7 8 300 300 300 300 ? 2 1 2 3 4 5 6 7 8 200200200200 ? 1 2 3 4 5 6 7 8 05003002000500200300? Embarques planejados Armazém de campo Armazém de campo Estoque da fábrica Necessidades brutas _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 356 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 357 • Especificar a forma em que os produtos devem ser recebidos Comprar afeta indiretamente o fluxo de produtos no canal de suprimento físico, embora nem todas as ativi- dades de aquisição sejam responsabilidade direta da lo- gística. Decisões relacionadas com a seleção dos pontos de embarque do fornecedor, a determinação das quanti- dades de compras, a coordenação dos fluxos dos supri- mentos e a seleção da forma do produto e métodos de transporte são algumas das mais importantes decisões que afetam os custos logísticos. É justo afirmar, por ou- tro lado, que as compras não deveriam ser de integral responsabilidade do encarregado da logística. Contudo, o inter-relacionamento entre compra e atividades de movimento de estoques pode ser substancial. A discus- são aqui é focada nas atividades de compras mais dire- tamente relacionadas aos fluxos dos produtos. A Importância de Compras O setor de compras ocupa uma posição importante na maioria das organizações, pois peças, componentes e suprimentos comprados representam, em geral, de 40 a 60% do valor final das vendas de qualquer produto. Is- so significa que reduções de custos relativamente baixas conquistadas no processo de aquisição de materiais po- dem ter um impacto bem maior sobre os lucros do que aperfeiçoamentos semelhantes em outras áreas de cus- tos e vendas da organização. A isso se dá o nome de princípio da alavancagem. Exemplo O princípio da alavancagem pode ser ilustrando usan- do coisas simples como uma declaração de lucros e perdas. O objetivo é duplicar os lucros. No momento, uma empresa com vendas brutas de $ 100 milhões e lucros de $ 5 milhões gasta 60% de suas vendas com bens e serviços comprados. Entre os custos restantes incluem-se os salários, benefícios relacionados e des- pesas indiretas. A questão é: quanto de um aumento ou redução em vendas, preços, salários e benefícios, despesas indiretas ou aquisições seria necessário para aumentar os lucros do seu nível atual de $ 5 milhões para $ 10 milhões? A Tabela 10-2 mostra a mudança total em cada categoria necessária para duplicar os lucros. Em cada coluna, exceto nas de Preços e Compras, a mudança no mercado deve ser drástica para que possa duplicar os lucros. Mesmo no caso dos Preços, a concorrência no mercado pode obstruir um aumento. Embora gran- de parte do custo dos bens comprados não possa ser administrada, muitas vezes procedimentos tão sim- ples quanto buscar as cotações de dois fornecedores para cada item comprado, trabalhar em colaboração com os fornecedores a fim de controlar os custos, ti- rando proveito de descontos por vendas de grande vo- lume, ou prestar cuidadosa atenção à origem, rotas e seleção dos modais de transporte são fatores desenca- deadores de substanciais reduções de custos. O per- centual de redução nem precisa ser grande demais pa- ra que se consigam redução de custos e melhoria dos lucros em termos financeiros absolutos. O efeito retorno-sobre-ativos também demonstra a importância das compras. Além de proporcionar au- mento de lucros, os preços menores das compras dimi- nuem o ativo-base da firma. Isto se traduz num retorno sobre ativos mais do que proporcionalmente maior que a redução dos preços. Exemplo Temos uma empresa com vendas anuais de US$ 10 milhões e despesas totais de US$ 9,5 milhões. Os ati- vos totalizam US$ 5 milhões, dos quais US$ 2 mi- lhões em estoques. Os custos dos materiais compra- dos representam 50% das vendas. Utilizando o mode- TABELA 10-2 Demonstração do princípio da alavancagem nas compras para atingir uma duplicação dos lucros Vendas Preços Salários e benefícios Despesas indiretas Compras Atuais + 17% + 5% – 50% – 20% – 8% Vendas $100 $117 $105 $100 $100 $100 Bens e serviços comprados 60 70 60 60 60 55 Salários e benefícios 10 12 10 5 10 10 Despesas indiretas 25 25 25 25 20 25 Lucros $ 5 $ 10 $ 10 $ 10 $ 10 $ 10 _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 357 358 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE lo-padrão do retorno sobre ativos, podemos desen- volver a Figura 10-2. As compras podem atingir uma redução de preços externos de 5%. Qual será o pro- vável aumento no retorno sobre ativos em tal situa- ção? Essa modesta redução de preços pode representar um aumento de 50% nos lucros. Tudo isso em decor- rência do efeito da alavancagem. Por outro lado, a re- dução dos preços diminui a base dos ativos ao situar o valor dos estoques em 95% da cotação anterior. Isto aumenta o giro de ativos dos anteriores 2,00 para 2,04. O retorno sobre ativos aumenta para 15,3% a partir dos anteriores 10%, o que representa um au- mento de 53%. Quando corporações do porte da General Electric, General Motors e United Airlines dão partida a iniciati- vas de economia de custos, é prática comum para elas exigir reduções de preços dos respectivos fornecedores. Reconhecendo que os materiais comprados compõem em média mais de 50% de suas despesas, os fornecedo- res são os focos óbvios das reduções nos custos. Algu- mas das estratégias utilizadas para isso são resumidas nos quatro pontos a seguir. • Renegociar contratos. Enviar aos fornecedores cartas cartas exigindo reduções de preços de 5% ou mais; fazer nova licitação dos contratos da- queles que se recusarem a reduzir custos. • Oferecer ajuda. Enviar equipes de especialistas às fábricas dos fornecedores para assessorá-los na reorganização de procedimentos e métodos e, também, a fim de sugerir outras mudanças ten- dentes a aumentar a produtividade; trabalhar com os fornecedores no sentido de simplificar e baratear a produção das peças. • Manter a pressão. Garantir a persistência dos melhoramentos, estabelecer metas anuais de re- dução de custos – quase sempre de 5%, ou mais. • Reduzir o número de fornecedores. Cortar o número total de fornecedores, quando necessá- rio em até 80%, e aumentar as compras dos re- manescentes a fim de melhorar as economias de escala.7 Fica mais do que claro que essas corporações enten- dem muito bem o princípio da alavancagem e o efeito do retorno sobre os ativos. Os leilões pela Internet são outra forma que as em- presas buscam a fim de reduzir os preços dos produtos e serviços que precisam comprar. Uma vantagem ineren- FIGURA 10-12 Retorno sobre os ativos antes e depois de uma redução de 5% nos preços das compras. Fonte: Adaptado de Michael R. Leeders and Harold E. Fearon, Purchasing and Supply Management, 11ª Ed. (Burr Ridge, IL: Irwin, 1997), pág. 17. ? ? ? ? ??? ? ? (–) ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? ? Vendas $ 10 milhões Custo totalª $ 9,5 milhões ($ 9,25 milhões)b Lucro $500 mil ($750 mil) Vendas $ 10 milhões Vendas $ 10 milhões Margem de lucro 5% Estoquec $ 2 milhões Dividido por Dividido por (7,5%) ($ 1,9 milhão) Ativos totais $ 5 milhões ($ 4,9 milhões) Giro do investimento 2 vezes Multiplicado por Retorno sobre os ativos 10% (15,3%) (2,04) ªAs compras representam 50% das vendas totais. bOs dados entre parênteses supõem uma redução de5% nos preços das compras. cO estoque é 40% dos ativos totais. 7 “Cut Costs or Else: Companies Lay Down the Law to Suppliers”, Business Week, March 22, 1993, págs. 28/29. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 358 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 359 te à Internet é a possibilidade de reunir inúmeros forne- cedores no processo de compra, de maneira eficiente e econômica. Preços menores são conseguidos devido ao fato de o mercado expandir-se com mais vendedores potenciais oferecendo seus serviços e produtos. Em ou- tros termos, o mercado perfeito é quase alcançado sem- pre que os preços são forçados aos seus menores níveis. Observação A United Technologies precisava de fornecedores para fabricar placas de circuitos no valor de US$ 24 milhões. A FreeMarkets, um serviço B2B de licita- ções online, avaliou cerca de mil potenciais fornece- dores e convidou para a licitação 50 dos mais quali- ficados dentre eles. Planejou então três horas de lici- tações competitivas virtuais, dividindo a tarefa em 12 lotes, cada um deles licitado em separado. Às 8 horas da manhã o primeiro lote, avaliado em US$ 2,25 milhões, foi colocado em licitação. A primeira proposta foi no valor de US$ 2,25 milhões – todos os participantes fazendo o mesmo preço. Minutos depois, um deles fez lance de US$ 2 milhões. Outros seguiram-se com reduções ainda mais acentuadas. Minutos antes do prazo do fechamento do primeiro lote, às 8h45min, o 42º licitante fez a proposta ven- cedora, no valor de US$ 1,1 milhão. Ao final do pro- cedimento, as propostas para todos os 12 lotes tota- lizaram US$ 18 milhões – uma economia de 35% para a United Technologies em relação ao valor ori- ginalmente avaliado.8 O profissional de logística visualiza oportunidades para reduções de custos substanciais nas atividades de compra, especialmente na sincronização dos fluxos de materiais, na determinação das quantidades compradas, na origem dos materiais e no estabelecimento das con- dições da transação. Ou seja, as questões fundamentais são quanto e quando comprar, onde comprar (ponto de embarque) e quais devem ser o peso, a formatação e o tamanho dos materiais na entrega. Até certo ponto, es- sas questões já foram abordadas em capítulos anterio- res. Os métodos para dar-lhes as respostas adequadas serão complementados aqui. Quantidades e Momento dos Pedidos As quantidades de cada compra e seu momento afetam os preços a serem pagos, os custos de transporte e de manutenção de estoques. Uma estratégia a este respeito é a de satisfazer as necessidades à medida que se mani- festem. É a estratégia do just-in-time, também conheci- da como a compra do estritamente necessário (hand-to- mouth buying). A alternativa é utilizar alguma forma de compra adiantada, ou antecipatória, vantajosa nos casos de produtos com expectativa de aumentos de preços. Há também as compras especulativas, em que os compra- dores procuram fazer hedge com relação a futuros au- mentos de preços. Os materiais, em geral commodities como cobre, prata e ouro, podem ser revendidos com bom lucro. A compra especulativa é diferente da com- pra adiantada na medida em que as quantidades das compras podem ser superiores a qualquer montante ra- zoável ditado por futuras necessidades. Outro fator capaz de afetar as quantidades das compras é o das reduções especiais de preços ofereci- das sazonalmente pelos fornecedores. Quem compra sente-se, então, tentado a formar estoques pelo melhor preço. Há também os compradores que, embora dis- postos a fazer negócios em função dos bons preços, buscam paralelamente formas de não ser obrigados a receber os estoques antes de precisarem recorrer a eles, evitando a acumulação física de estoques e todos os custos decorrentes. Uma Estratégia Mista de Compra Quando uma commodity tem padrões de preços sazo- nais razoavelmente previsíveis, a adoção de uma estra- tégia que mescle o estritamente necessário com a com- pra adiantada tende a garantir um preço médio mais bai- xo do que a compra do estritamente necessário. A com- pra adiantada é a ação de adquirir quantidades superio- res às necessidades presentes, sempre que não excedam as previsões do futuro próximo. Trata-se de uma estra- tégia atraente em relação a produtos com expectativa de aumento de cotações, pois garante compras dos adicio- nais futuros a preços mais baixos, ao mesmo tempo em que vai criando um excedente que precisa ter seus cus- tos avaliados e balanceados relativamente às vantagens derivadas dos preços mais baixos. Já a compra do estri- tamente necessário é vantajosa em épocas de queda de preços, pois evita que se comprem grandes quantidades em um momento em que é exatamente o adiamento das compras que pode resultar em preços mais baixos. Combinar eficientemente essas duas estratégias quando as necessidades são sazonais é procedimento capaz de render substanciais vantagens em matéria de preços. Exemplo Suponha uma commodity que tenha um preço padrão sazonal tal como mostrado na Tabela 10-3. As neces- sidades previstas para o ano ficam numa constante de 8 Jay Heizer and Barry Render, “How E-Commerce Saves Money”, IIE Solu- tions (August 2000), págs. 22/27. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 359 360 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE 20 mil unidades por mês. O objetivo então é encontrar a melhor estratégia combinada de compras do estrita- mente necessário e compras adiantadas. A Tabela 10-4 resume vários períodos de compras adiantamento: dois, três e seis meses de adiantamento. Como os pre- ços vão caindo de janeiro até junho, existe apenas uma estratégia de compras do estritamente necessário me- recedora de consideração para esse período. Escolher a melhor estratégia combinada exige que se comparem as reduções de custos conseguidas mediante compras adiantadas com o aumento dos custos de manutenção resultante do acúmulo dessas aquisições. Se o custo da manutenção de estoque de uma unidade é de $10 por ano, o custo médio de manutenção do estoque para a opção estritamente necessário é (10.000/2) $10 = $ 50 por ano. Isso significa que uma entrega de 10 mil uni- dades chega no início do mês e fica reduzida a zero no final do mês. Com a estratégia de compra com adian- tamento de dois meses, o custo de manutenção de es- toques no ano seria |← Primeiro Semestre →|← Segundo Semestre →| {(10.000/2) × 6/12 + (20.000/2 × 6/12} × $10 = $75.000/ano O custo do estoque para as estratégias de compra adiantada de três meses e seis meses seria de $100.000 e $175.000, respectivamente. O custo mínimo total é o da estratégia de compra do estritamente necessário ao longo do ano. À medida que se exploram períodos mais alongados de compras adiantadas, o custo da manuten- ção de estoques aumenta mais rapidamente do que as vantagens de não pagar preços maiores. Contudo, ha- vendo descontos nos preços ou privilégios em matéria de taxas de transportes com base no volume da compra, a compra adiantada pode ser mais econômica. É, sem dúvida, uma possibilidade merecedora de avaliação de- talhada. TABELA 10-3 Padrão sazonal de preço da commodity do exemplo Preço Preço Mês ($/unidade) Mês ($/unidade) Jan 3,00 Jul 1,00 Fev 2,60 Ago 1,40 Mar 2,20 Set 1,80 Abr 1,80 Out 2,20 Mai 1,40 Nov 2,60 Jun 1,00 Dez 3,00 TABELA 10-4 Estratégia mista de compras usando períodos diferentes de tempo para a compra adiantada quando os preços estão subindo Compras com 6 Compras estritamente Compras com 2 Compras com 3 meses de necessárias meses de adiantamento meses de adiantamento adiantamento Mês Custo das compras Custo das compras Custo das compras Custo das compras Jan $30.000 $30.000 $30.000 $30.000 Fev 26.000 26.000 26.000 26.000 Mar 22.000 22.000 22.000 22.000 Abr 18.000 18.000 18.000 18.000 Mai 14.000 14.000 14.000 14.000 Jun 10.000 10.000 10.000 10.000 Jul 10.000 20.000a 30.000b 60.000c Ago 14.000 — — — Set 18.000 36.000 — — Out 22.000 — 66.000 — Nov 26.000 52.000 — — Dez 30.000 — — — Subtotal $240.000 $228.000 $216.000 $180.000 Custo de manutenção 50.000 75.000 100.000 175.000 doestoque Total $290.000 $303.000 $316.000 $355.000 a Compra de necessidades de dois meses aos preços de julho. b Compra de necessidades de três meses aos preços de julho. c Compra de necessidades de seis meses aos preços de julho. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 360 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 361 Preço Médio Para que a compra adiantada tenha bons resultados, é indispensável que os padrões sazonais de preços sejam razoavelmente estáveis e previsíveis. Para concretizar- se a mesma meta do preço mínimo de compra do mé- todo da compra adiantada, é possível utilizar-se o pre- ço médio. Este método admite que os preços venham a aumentar com o tempo, ao mesmo tempo que tendem a flutuar com a incerteza. As compras são feitas a pra- zos fixos, mas a quantidade a ser comprada depende do preço no momento da compra. Determina-se um orçamento com base no preço médio para um período razoável de tempo – no mínimo um ciclo sazonal com- pleto. O preço é dividido pelo montante do orçamento a fim de determinar as quantidades a serem compra- das. O resultado disto é que se compra mais unidades quando os preços estão baixos do que quando estão em alta, se é que os preços estão realmente subindo. O ris- co desta estratégia está na possibilidade de não se dis- por das quantidades suficientes para suprir as necessi- dades exatamente em um momento de alta dos preços. Proteção na forma de carregamento de algum estoque pode ser necessária. Exemplo Um suprimento de escritório deverá custar $2,50 a unidade ao longo do ano seguinte. A utilização tam- bém está prevista em 20 mil unidades por mês, com as compras sendo feitas trimestralmente. Os custos de manutenção do estoque representam 25% por ano. O primeiro passo na estratégia do preço médio é desenvolver o orçamento para as compras trimestrais. Em termos simples, isso representa 20.000 × 3 × 2,50 = $ 150.000. Gastamos esse montante em cada com- pra. Supondo que os preços reais no ano seguinte se desenvolvam como a seguir: Preço Preço Mês ($/unidade) Mês ($/unidade) Jan 2,00 Jul 2,55 Fev 2,05 Ago 2,65 Mar 2,15 Set 2,75 Abr 2,25 Out 2,80 Mai 2,35 Nov 2,83 Jun 2,45 Dez 2,86 Se somarmos os preços e os dividirmos por 12, o preço médio real será $2,47 por unidade. A pri- meira quantidade de compra para três meses seria, em janeiro, $150.000/$2,00 por unidade = 75.000 unidades Dando continuidade a este tipo de cálculo para cada período trimestral, teríamos O custo médio unitário é $600.000/254.062 = $2,36. Comparado com as compras mensais do estri- tamente necessário, isto oferece uma redução de pre- ço de [(2,47 – 2,36)/2,47] × 100 = 4,45%. O custo to- tal da compra do estritamente necessário seria 254.062 × $2,47/unidade = $627.533. Agora contabilizamos os custos de manutenção dos estoques. O custo anual da manutenção de esto- que para as compras mensais do estritamente necessá- rio é de (20.000/ 2) × 2,47 × 0,25 = $6.175. E para o preço médio, é de 31.758 × 2,36 × 0,25 = $18.737. Resumindo os custos anuais das duas estratégias, temos que A estratégia mais econômica neste mercado de preços em constante elevação é a do preço médio. (Observação: um estoque adequado deverá ser manti- do a fim de que se possa suprir a demanda durante pe- ríodos de compra de pequenas quantidades.) Descontos por Quantidade O agente de compra é seguidamente incentivado a com- prar em grandes quantidades. Os fornecedores certamen- te oferecerão preços mais baixos para a compra de gran- des quantidades, pois isto fará com que se beneficiem pe- la economia de escala e consigam inclusive repassar par- Custo da Custo do Custo Estratégia compra estoque total Estritamente necessário, mensal $627.533 +6.175 = 633.708 Preço médio $600.000 +18.737 = 618.737 Nº de Preço Custo Estoque Mês unidades ($/unidade) total médio Jan 75.000 2,00 $ 150.000 37.500a unid. Abr 66.667 2,25 $ 150.000 33.334 Jul 58.824 2,55 $ 150.000 29.412 Out 53.571 2,80 $ 150.000 26.786 254.062 $ 600.000 31.758b unid. a 75.000 /2 = 37.500 unidades b Média anual, ou (37.500 + 33.334 + 29.412 + 26.786)/4 = 31.758 unidades. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 361 362 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE te desses benefícios aos compradores mediante incentivos sobre preços. Duas são as formas de incentivos sobre pre- ços mais comuns: inclusivo e não-inclusivo. Um plano in- clusivo de incentivo a desconto por quantidade é aquele em que, para quantidades de compras progressivamente maiores, cobra-se um preço com desconto que se aplica a todas as unidades compradas. Trata-se de algo comum pa- ra inúmeros itens de consumo. Em contraste, sob o plano não-inclusivo de incentivo a desconto por quantidade de compras, as reduções de preços se aplicam apenas àque- las unidades que fazem parte do intervalo da quantidade beneficiada. A taxa de excesso em transporte é um exem- plo. Se as quantidades compradas já são grandes – ou se- ja, maiores do que o desconto oferecido da última quanti- dade de quebra de preço – nada além disso precisa ser considerado. Contudo, quando as quantidades compradas são pequenas, o comprador precisa decidir qual é a me- lhor opção: pagar um preço alto pela menor quantidade ou comprar mais e incorrer no custo adicional com a ma- nutenção de estoques. Passaremos a analisar essas duas políticas de precificação. Plano de Incentivo de Desconto Inclusivo de Preço por Quantidade. Um esquema simples de desconto inclusivo de preço por quantidade é assim representado: sendo Qi a quantidade comprada, e P1 o preço pago por unidade por toda a Qi. P1 aplica-se para quantidade en- tre 1 e menor que Qi, pois de outra forma aplica-se P2. Não esquecer que P2 é menor que P1. Encontrar a quantidade ótima de compra exige que se encontre o menor custo total, que compreende o cus- to da compra, o custo do pedido e o custo da manuten- ção do estoque. Matematicamente, esse custo total é: (10-4) Sendo TCi = custo relevante total da quantidade Qi Pi = preço por unidade para a quantidade Qi D = demanda média anual em unidades S = custo de aquisição em $ por pedido Qi = quantidade a comprar em unidades I = custo da manutenção de estoque em % por ano Ci = custo do item no ponto do estoque em $ por unidade A curva do custo total de um plano de incentivo de desconto inclusivo de preço por quantidade é mostrada na Figura 10-13. Descobrir a quantidade ótima de com- pra não é tão simples quanto sob um plano de preço úni- co por causa do ponto de descontinuidade na curva do custo total. No entanto, é possível desenvolver um pro- cedimento informatizado que requer um número míni- mo de cálculos. Ele seria assim: TC PD DS Q IC Q i i i i i= + + 2 Quantidade, Qi Preço, Pi 0 � Qi � Q1 P1 Qi � Q1 P2 FIGURA 10-13 Curva de custo total com uma quebra para um plano de in- centivo de desconto inclusivo de preço por quantidade. ? ? ? ? ? ? 0 C us to to ta l Quantidade (lote) de compra, Qi Custo para 0 < Qi < Q1 Custo para Qi ≥ Q1 Q1 Região viável Região inviável _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 362 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 363 • Calcule o lote econômico de pedido (EOQ) para cada preço, Pi. Encontre o EOQ que esti- ver na faixa viável de sua curva de custo total. Se o EOQ viável estiver na curva mais baixa de custo, o lote ótimo foi encontrado. Se não estiver, compute TCEOQ e vá para a próxima etapa. • Faça Qi igual à quantidade mínima i na faixa e calcule TCi. Compare todo TCi e TCEOQ. • Selecione a quantidade (lote) Qi, representando o custo mínimo total. Exemplo Um item é regularmente comprado com uma demanda estimada de 2.600 unidades/ano. A preparação dos pe- didos custa $10 por unidade, e o custo de manutenção do estoque fica em 20% por ano. O fornecedor ofere- ce dois preços – $5 a unidade em quantidades inferio- res a 500 unidades, e um desconto de 5% aplicável a todas as unidades nas compras de 500 unidades ou mais. Os preços incluem a entrega. Qual deveria ser a quantidade encomendada pelo agente
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