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13 Os sete habitos da criatividade

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OS SETE HABITOS 
DA CRIATIVIDADE 
2 Os sete habitos da criatividade 
APRESENTAÇÃO
Funções que até pouco tempo atrás exigiam anos de preparação hoje são 
exercidas com mais eficiência por sistemas tecnológicos. 
Muitas profissões estão destinadas a virar coisa do passado e as que 
estão sobrevivendo às transformações do mercado precisam se reinventar 
constantemente.
Diante desse panorama, como podemos fazer nosso trabalho se destacar em 
um mundo que nos avisa constantemente que estamos desatualizados? Como 
ganhar a atenção de um consumidor que tem pressa, está a um clique de qualquer 
informação e recebe ofertas de acordo com o seu perfil?
Analistas de mercado apostam na valorização crescente do nosso grande 
diferencial produtivo com relação às máquinas: a criatividade. 
Em todas as profissões, o potencial criativo não somente sobrevive a qualquer 
revolução tecnológica: ele se torna cada vez mais necessário na disputa pelo 
interesse do cliente, das empresas e dos empregadores.
Por isso, essa é na atualidade uma das competências mais procuradas pelas 
empresas na hora de contratar. 
Isso não significa que essas empresas busquem grandes artistas para representar 
serviços ou produtos. Criatividade não é um privilégio de poucos, nem é algo 
restrito às artes ou ao mundo das invenções. 
O cérebro humano já vem equipado com essa competência e tem o potencial 
para desenvolvê-la, é só exercitar essa competência.
Mas afinal o que é criatividade? Você já parou para tentar defini-la? O que é 
preciso para que um projeto ou uma forma de abordar o cliente, por exemplo, 
possa ser considerada criativa? 
Ao longo desse curso, você irá dominar essas questões e verá o mundo das 
ideias de uma forma bem diferente, pois irá entender como elas se formam e 
como determinados hábitos podem te ajudar a encontrar soluções originais.
Você pode estar pensando: mas por quê, afinal, eu deveria ser mais criativo, se 
meu trabalho não depende diretamente das minhas ideias? 
3 Os sete habitos da criatividade 
Você pode não ter como objetivo lançar um novo produto ou serviço, mas 
certamente irá se beneficiar se utilizar formas mais originais de fazer o que você 
já faz.
Você pode usar criatividade na forma como se comunica e como oferece os 
produtos que representa. 
Na forma como resolve os problemas e imprevistos envolvendo clientes ou 
colegas. 
E pode arranjar meios criativos de atrair novos clientes e de manter tudo o que 
já conquistou no trabalho. Em qualquer profissão, esse pode ser seu grande 
diferencial.
Afinal, são as soluções audaciosas, que fogem do lugar comum, que hoje 
caracterizam o mercado de consumo da geração que está se tornando conhecida 
como CX – uma sigla que define não a idade ou ideologia de um grupo, mas sua 
experiência de consumo. 
É uma geração de consumidores bem informados, que não fazem mais uma 
distinção muito definida entre o real e o virtual; e que precisam, acima de tudo, 
ser surpreendidos.
POR QUE ENTRAMOS NA ERA DA CRIATIVIDADE E O QUE ISSO SIGNIFICA? 
No início do século 20, as cidades começaram a crescer rapidamente com a 
industrialização, o que gerou uma demanda crescente por novos produtos. 
Para atender a essa classe emergente, a indústria focou na eficiência produtiva, 
ou seja, em produzir mais em menos tempo e com custo menor.
O processo de fabricação precisava ser otimizado ao máximo e os trabalhadores 
tinham funções restritas, repetitivas e automáticas para não perderem tempo. 
Trabalhavam contra o relógio, em sistemas rigidamente organizados. Os primeiros 
automóveis, por exemplo, eram todos pretos.
Eles eram pretos não porque estava na moda ou porque outras opções eram 
inviáveis, mas pelo fato de secarem mais rapidamente, o que que garantia mais 
produtividade.
Superada a escassez de produtos, o mercado tratou de aumentar nas pessoas 
o desejo pelo consumo. 
4 Os sete habitos da criatividade 
Foi então que, na década de 50, a publicidade ganhou força, com estratégias 
criativas que convenciam as pessoas de que elas precisavam de mais e mais 
produtos. 
A criatividade passou a ser uma peça importante para o aumento de consumo, 
mas sua demanda era restrita a alguns segmentos, como comunicação e artes.
E o apelo criativo – juntamente com incentivos econômicos – funcionou tão bem 
que o consumo excessivo logo revelou seu lado negativo, com o uso irresponsável 
do crédito e o surgimento de problemas éticos e ambientais.
Na sequência, o mercado se deparou com novos desafios: agora precisava se 
adaptar a um consumidor já mais consciente e comedido, em um mundo onde a 
informação passou a ser excessiva e, por conta desse excesso, a atenção tornou-
se escassa. A solução foi transformar o consumo em “experiências de consumo”.
Como a criatividade e o engajamento são antídotos para a desatenção, para 
atrair uma geração mergulhada em distrações passou a ser necessário engajar 
as pessoas, envolvê-las em uma rede de criação e de ideias que conecta tudo e 
todos.
Mais que alvo final de produtos e projetos que são impostos pelo mercado, o 
consumidor passou a participar diretamente da construção das novidades. 
Veja os exemplos do Uber, Wikipedia, AirBnB. Ou os projetos culturais e até 
científicos viabilizados por crowdfunding, financiados pelo público – e não mais 
por uma grande entidade que escolhe o que iremos consumir.
Essa rede de conexões e ideias, em constante movimento e aprimoramento, 
possibilita que a criatividade corra solta e se destaque como a marca do nosso 
tempo. 
Quanto mais informações estão acessíveis, mais são geradas possibilidades de 
combinações diferentes de todo esse conhecimento.
O economista Paul Saffok concluiu que o status deixou de ser representado pelo 
preço ou pela quantidade de coisas; passou a ser representado pelo “NOVO”. 
O “NOVO” construído em conjunto, como experiência social e cultural.
Entramos, segundo ele, na era do criador. Em que a criatividade, apesar de ainda 
pouco estimulada pela educação formal, é quase um pré-requisito para o sucesso 
nas nossas interações sociais e profissionais.
5 Os sete habitos da criatividade 
O físico teórico e futurista Michio Kaku prevê que a criatividade é uma espécie de 
atalho para o futuro, pois estamos nos distanciando do repetitivo e do previsível 
e voltando o interesse ao que escapa do senso comum. 
Os empregos de hoje são muito diferentes dos de antigamente. A automatização 
e as mudanças exigem que nossos diferenciais com relação às máquinas é que 
determinem o valor de um serviço. Para isso, mais que repetir tarefas, precisamos 
estar preparados para adaptações constantes.
A capacidade essencialmente humana de se adaptar a novas situações – o que 
chamamos de flexibilidade cognitiva – nunca se mostrou tão necessária. E essa 
flexibilidade é um dos pré-requisitos para a criatividade.
O novo é sempre fruto de práticas em transformação – seja por necessidade, 
seja pelo anseio da nossa espécie de buscar novidades e de surpreender 
constantemente.
Para investigar as habilidades nas quais mais devemos investir, o Fórum Econômico 
Mundial elaborou um documento chamado O Futuro do Trabalho, com base em 
uma ampla pesquisa com executivos de empresas líderes ao redor do mundo. 
Lançado em 2016, o relatório apontou a criatividade como terceira habilidade 
mais necessária pela força de trabalho nos próximos anos, atrás da capacidade 
de resolução de problemas complexos e do pensamento crítico. De acordo com 
o relatório, essa necessidade surge como consequência da abundância de novos 
produtos, tecnologias e formas de trabalhar. 
Portanto, vamos aprender como a criatividade acontece e como podemos buscar 
estratégias que favorecem o pensamento criativo. Aprenderemos por quê as 
ideias originais se formam a partir de alguns elementos chaves que podem se 
incorporar aos nossos hábitos. Nos próximos módulos,vamos falar de um a um. 
São eles:
- Planejamento
- Ação
- Flexibilidade
- Pensamento analógico
- Curiosidade
- Incubação de ideias
- Restriçõescriativas
6 Os sete habitos da criatividade 
3. 1º HÁBITO: PLANEJAMENTO. COMO EQUILIBRAR O INESPERADO COM A 
REPETIÇÃO.
Imagine que você tem um amigo que sempre que te encontra fala exatamente as 
mesmas coisas. Provavelmente não é a pessoa com quem você mais tem vontade 
de conversar. Afinal, estamos constantemente buscando novidades e ao mesmo 
tempo tentando surpreender os outros. 
Este é um dos fundamentos das interações sociais, que até as crianças 
naturalmente aprendem a dominar – basta ver como gostam de inventar histórias, 
de exagerar e de provocar risos e sustos.
Somos tão ávidos por novidades, e são elas – não a rotina e a repetição – que 
ativam o sistema de recompensa do cérebro, provocando sensações de prazer 
e euforia. 
É a atração pela novidade que nos faz criar, encontrar novas formas de fazer a 
mesma coisa, novas soluções para os mesmos problemas assim meios de seduzir 
um consumidor, por exemplo.
É por gostarmos tanto de ter as expectativas violadas que somos atraídos pelo 
humor, por exemplo. O que pode ser mais inesperado, e portanto, mais criativo, 
que algo que nos faça rir?
Entretanto, a matéria prima do novo é sempre a familiaridade. É a partir do 
cotidiano que o humorista apresenta situações — geralmente as que envolvem 
as falhas e tragédias humanas – de um ângulo novo e cômico. 
E é assim com todas as expressões de criatividade, de uma simples piada a 
uma descoberta científica: sempre surgem de uma combinação inédita de 
conhecimentos já consolidados.
Nosso cérebro é programado para que possamos prever o que vai acontecer, 
com base em padrões, e ao mesmo tempo somos programados para ser atraídos 
pelo inesperado. Assim, precisamos de rotina, familiaridade e repetições tanto 
quanto precisamos das novidades. Vamos te explicar melhor isso!
Na medida certa, as surpresas nos mantêm alertas, nos tornam mentalmente 
ágeis, flexíveis e socialmente mais interessantes. 
Sem elas, viveríamos como máquinas, condicionadas pela repetição. 
7 Os sete habitos da criatividade 
Mas em excesso, as surpresas nos desorientam e provocam um estado constante 
de estresse, que é pouco produtivo. 
A criatividade surge do equilíbrio desses opostos: o familiar e o imprevisível; a 
rotina e a mudança, o novo e o tradicional.
Para entender essa contradição e criar hábitos que promovam este equilíbrio, 
vamos primeiramente abordar o papel da rotina planejada e da disciplina.
O cérebro é um grande consumidor de energia. E cada vez que precisamos 
tomar uma decisão, resolver um problema, aprender algo novo ou fazer a mesma 
coisa de forma diferente, esse consumo de energia é maior. 
Então, para economizar energia, ele nos faz agir de maneira automática nas 
tarefas exercidas com frequência. A repetição nos torna confiantes e seguros. 
Passamos a fazer bem alguma coisa quando fazemos quase sem esforço, de 
tantas vezes que repetimos a ação. 
Um exemplo disso é dirigir um carro. Chega um momento em que não pensamos 
mais para acelerar ou frear, fazemos automaticamente. 
Por isso a rotina é tão importante: ela economiza energia nas pequenas decisões, 
feitas de maneira programada, para que possamos gastá-la em projetos e 
decisões importantes. 
Se cada dia fosse completamente diferente do outro, todo o combustível mental 
seria investido nas tarefas que nos garantem a sobrevivência e pouca energia 
restaria para nos dedicarmos a ideias inovadores e mudanças significativas. 
O caos não é inspirador. Uma quebra de rotina, sim – mas para que haja a 
quebra, é preciso haver uma rotina.
Mesmo parecendo o contrário, quando planejada a rotina, abre espaço para 
a novidade, e, portanto, para a criatividade. Ela não necessariamente deve ser 
chata e incluir apenas obrigações das quais você não consegue escapar. Um 
planejamento dos seus dias permite que você diversifique as suas atividades. 
Se deixar pré-estabelecidos dias para encontrar com pessoas que não vê com 
frequência, fazer uma nova atividade física ou intelectual, frequentar um museu 
ou um parque, por exemplo, terá muito mais estímulos a novas ideias do que se 
deixar o acaso definir seus programas.
8 Os sete habitos da criatividade 
4. 2º HÁBITO: AÇÃO - POR QUE AS IDEIAS DEPENDEM DA DISCIPLINA PARA 
GANHAR FORMA 
A rotina está relacionada a outro aspecto que é fundamental no desenvolvimento 
de novos projetos: a disciplina. Nos disciplinamos a fazer algo quando 
estabelecemos um tempo para isso durante um período, quando permitimos 
com que a atividade seja incorporada à rotina. 
Não existe maneira mais eficaz de evitar a procrastinação de certas tarefas do 
que usá-las para compor o dia a dia. 
A disciplina nos obriga a fazer o que precisa ser feito sem questionar ou consultar 
à vontade. Se fôssemos esperar à vontade aparecer para fazer um exercício físico, 
quase não existiriam academias. 
Todos sabem que perder peso ou moldar o corpo depende de muita persistência. 
Só consegue quem cria o compromisso, com horários e dias estabelecidos, que 
serão cumpridos mesmo que a vontade conteste.
Com criatividade não é diferente. É preciso dominar um conhecimento e tornar o 
seu exercício um compromisso, de preferência diário, para que ele se transforme 
em algo valioso. 
Qualquer projeto, qualquer ideia, qualquer nova solução, dependem de muito 
tempo de dedicação e isso só é possível quando ganham um espaço na sua 
agenda, que é cumprido sem questionamento. Não existe criatividade sem ação. 
A boa ideia é o início e nunca o fim de um processo. 
O americano Milton Glaser, criador de alguns ícones do design moderno, define 
criatividade– “um verbo que consome muito tempo, pois envolve tirar uma ideia 
da sua cabeça e transformá-la em algo real”. Nas palavras dele, se você está 
tendo muito trabalho, então está fazendo certo.
Nenhum projeto é bom de fato antes de ser materializado. 
E é a execução que abre caminho para as ideias; é durante o processo que elas 
se moldam até que o projeto ganhe utilidade e valor. 
Você acha que os autores já têm a história pronta antes de escrevê-las? Não 
é assim que acontece. Eles começam, muitas vezes de um ponto de partida 
ofuscado, e a narrativa vai ganhando forma no decorrer da escrita.
9 Os sete habitos da criatividade 
Se Beethoven fosse compor somente nos dias em que se sentisse disposto a 
isso, dificilmente o mundo saberia quem ele era. Para chegar às suas grandes 
obras, ele criou centenas de composições que nunca ficaram conhecidas e nem 
são consideradas muito boas. 
Sua genialidade nasceu da disciplina. Do esforço de produzir incansavelmente, 
aliado à sua grande tolerância à frustração.
A maior parte das invenções do Thomas Edison hoje é apresentada apenas 
como curiosidade no museu dedicado a ele. Foram criados mais de mil produtos 
– inclusive uma sinistra boneca falante – para que algumas de suas invenções 
ganhassem notoriedade.
James Dyson, criador do primeiro aspirador de pó sem saco, precisou fazer mais 
de cinco mil protótipos para chegar a um modelo que conquistasse o mercado. 
Certamente, se esperasse à vontade aparecer para produzir, teria desistido nos 
primeiros. 
Estes são exemplos extremos, é claro, de como uma ideia exige persistência e de 
como o sucesso é geralmente o precedido de inúmeros fracassos.
Picasso, antes de surgir com um estilo totalmente novo na pintura, passou muito 
tempo exercitando técnicas mais convencionais. Foram centenas de pinturas até 
ele arriscar um estilo considerado ousado e original. 
Tão original que durante muitos anos foi incompreendido. Antes de ser considerada 
revolucionária, a obra As Meninas de D’Avignon, principal representante do 
cubismo, foi severamente criticada até mesmo pelos artistas amigos do pintor.
A própria obra foi resultado de uma rotina de muitos meses de trabalho e da 
produção de centenas de esboços. 
Assim como qualquer projeto original, é construído e reconstruído em um 
processo que exige disciplina e persistência. 
5. 3º HÁBITO: FLEXIBILIDADE - A INOVAÇÃO ESTÁ NO ENCONTRODE 
DIVERSAS ÁREAS DO CONHECIMENTO
O processo do desenvolvimento de um novo estilo de pintura exemplifica bem 
como a criatividade funciona: é sempre resultado da transformação de um 
conhecimento consolidado a partir de um mosaico de referências, muitas vezes 
de áreas distantes.
10 Os sete habitos da criatividade 
Picasso dominou as técnicas tradicionais a ponto de sentir-se à vontade para 
modificá-las. Precisou, para tanto, de dedicação e disciplina. Mas isso não é 
suficiente para desenvolver algo criativo. 
Há muitos pintores que ganham habilidades incríveis com disciplina e repetição, 
mas não criam nada realmente original; muitos músicos que, com anos de prática, 
são virtuosos instrumentistas, mas nunca compuseram uma peça. 
No mundo dos negócios, a disciplina leva a reproduzir com eficiência técnicas de 
trabalho, mas não garante que criem métodos novos.
A originalidade nasce da combinação de várias habilidades e hábitos. Você lembra 
que já falamos que ela depende do equilíbrio da rotina com o novo? Falamos da 
importância da transformação de um projeto em ação por meio da disciplina, 
mas sem o desafio que a novidade nos impõe, teremos sempre o mesmo padrão 
de trabalho.
Picasso criou algo novo porque, além de praticar incansavelmente, ele não se 
contentou em reproduzir o que já dominava. 
Ele emprestou elementos de outros estilos, como esculturas ibéricas e africanas, 
e mesclou com aqueles que eram familiares para criar algo novo. 
Fez centenas de combinações e se dispôs a errar repetidas vezes até ficar 
satisfeito com o resultado.
Essa mescla original de várias fontes de informação é a marca da criatividade. 
Nesse processo, as influências, que são quebradas em pequenos blocos, vão 
sendo transformadas até muitas vezes ficar difícil de identificá-las. Não existe 
pureza na criatividade. Ela sempre é resultado da manipulação muito bem-feita 
de variadas referências.
Diferentemente de qualquer outra espécie, ou das máquinas mais sofisticadas, 
somos exímios DJs da informação, produzindo remixes originais a partir de 
materiais vindos de todos os estilos. 
Por isso, as soluções que criamos são geralmente aprimoramentos ou propostas 
novas para o que já existe. Não precisa ser totalmente novo para ser criativo, 
o objetivo da inovação não é chegar a um modelo definitivo. Basta contribuir 
para o processo de constante transformação do mundo produzido pela mente 
humana.
11 Os sete habitos da criatividade 
O escritor Mark Twain definiu muito bem esse processo, quando escreveu, em 
uma carta a uma amiga, que “todas as ideias são de segunda-mão, consciente 
ou inconscientemente compostas de milhões de fontes externas”.
Se você decidir escrever um texto para dividir uma ideia ou uma opinião com 
amigos, pode nem perceber, mas vai seguir um estilo parecido com aqueles que 
costuma ler. Vai usar informações vindas das mais diversas fontes para formar 
uma opinião que pode chamar de própria.
E mesmo que a colagem tenha se transformado em algo muito original, pessoas 
que você admira e confia têm participação inegável em seu trabalho. A criatividade, 
portanto, é um processo coletivo e cultural.
Uma ideia pode nascer de uma caminhada solitária, tomar forma enquanto 
você trabalha sozinho, mas necessariamente envolve muitas outras mentes, de 
conhecidos ou não, de contemporâneos seus ou de épocas bem distantes. 
E quanto mais referências você buscar, mais alimenta seu lado criativo.
O mundo das ideias nunca é linear. Funciona como um network. Cada nova 
informação tem potencial para se conectar a incontáveis outras, formando 
incontáveis novas possibilidades. Por isso é sempre imprevisível e inesgotável. 
Pense na quantidade de novidades que surgiram nos últimos anos, desde que a 
internet derrubou as barreiras nos caminhos à informação.
A teia de ideias vai continuar se expandindo em todas as direções, exigindo 
das pessoas cada vez mais flexibilidade. Para viver criativamente, é necessário 
quebrar a resistência a mudanças e abrir a mente para novas ferramentas e 
novos conceitos. 
E para não se desorganizar em meio a tantas informações desordenadas, devemos 
criar hábitos que induzam à busca contínua e consciente por referências.
Essas referências não necessariamente estão no campo de seu projeto ou sua 
área de atuação. A criatividade é altamente favorecida pela interdisciplinaridade. 
Afinal, uma solução original não é aquela que foge do óbvio? E para se distanciar 
do óbvio é necessário percorrer diferentes áreas do conhecimento, conhecer 
diferentes culturas e buscar a relação entre as informações. Ao diversificarmos 
as fontes, exercitamos a flexibilidade mental e ganhamos chance de enxergar as 
situações de outras perspectivas.
12 Os sete habitos da criatividade 
O escritor Phill Pulmann, quando questionado sobre como surgem suas ideias, 
costuma responder que ele apenas sabe onde procurá-las. E faz isso de forma 
consciente. 
“Quando estou lendo, estou procurando algo para roubar”, disse em uma 
entrevista. 
Se quisermos desenvolver ideias próprias, novas formas de trabalhar ou qualquer 
projeto inovador, devemos fazer como ele: ativamente procurar peças em diversas 
fontes e juntá-las de maneira que forme um quebra-cabeças original.
A caça a referências muitas vezes começa de uma boa pergunta – a si mesmo 
e aos outros. 
A pergunta certa pode nos levar a explorar novos caminhos e nos colocar em 
contato com informações que estavam escondidas em diferentes pontos de 
vista. No próximo módulo você aprenderá o poder de uma boa pergunta e como 
exercitar esse hábito. A seguir veja como você pode exercitar a sua flexibilidade 
mental buscando referências nas diversas áreas do conhecimento.
- Se você trabalha em uma empresa, esteja aberto a conhecer outros setores, 
converse com colegas de áreas diferentes e procure variar a forma como trabalha. 
Sistemas de rotatividade entre setores de uma empresa costumam trazer novas 
soluções.
- Considere aprender a fazer algo novo, que você não sabe nem por onde começar. 
Pode ser um hobby ou alguma atividade dentro da empresa onde trabalha.
- Colecione boas ideias. Faça disso um compromisso. Elas servirão de material 
para seus próprios projetos.
- Procure criar o hábito de levar um bloco de notas ou usar seu celular para 
anotar ideias, frases, histórias que podem lhe servir de inspiração.
- Busque na interdisciplinaridade leituras diferentes de mundo. Como uma 
mesma questão é tratada por pessoas de áreas diferentes?
- Seja curioso com relação às atividades dos outros e procure aprender com eles.
- Invista algumas horas por semana na pesquisa de assuntos que não estão 
relacionados às suas atividades cotidianas.
- Se você trabalha com vendas, não leia exclusivamente livros dessa área, por 
exemplo.
- Busque inspiração na ficção, em biografias e até nos clássicos. Mas não descarte 
blogs e revistas de assuntos variados.
13 Os sete habitos da criatividade 
6. 4º HÁBITO - CURIOSIDADE: POR QUE AS PERGUNTAS CERTAS LEVAM A 
CAMINHOS INEXPLORADOS
O exercício da flexibilidade mental é o exercício do questionamento, da 
capacidade exclusivamente humana de imaginar respostas para indagações, 
de projetar diversas possibilidades. Você já parou para pensar que todas as 
inovações começaram ou foram aprimoradas com a pergunta por que não ou 
com a pergunta “e se fosse diferente?” 
“E se conseguíssemos voar?” 
“E se conseguíssemos formas mais acessíveis de falar com quem está longe?” 
“Por que um edifício precisa ser retangular?” 
“Por que não inverter a estrutura de uma narrativa?”, 
“Por que precisamos trabalhar em salas fechadas?”
As perguntas também nos livram de fazer as coisas da mesma forma, de 
atravessar sempre o mesmo caminho quando buscamos soluções. O vocabulário 
alemão tem até um conceito para essa rigidez, que é o ônus da experiência: 
efeito Einstellung. 
Esse estado mental mecanizado pode ser combatido quando adotamos o 
conceito zen budista da “mente de incitante”.
Era o que Steve Jobs fazia: procuravaolhar o mundo, de vez em quando, com a 
mente aberta e flexível de uma criança e não de um especialista.
Assim como ele, se quisermos pensar “fora da caixa”, precisamos usar a curiosidade 
infantil como inspiração para usar mais “por quês” no próprio pensamento e nos 
abrirmos a novas perspectivas.
Quando alguém olha para um produto, uma cultura ou um sistema que sempre 
foi feito da mesma forma e questiona, está dando o primeiro passo em direção 
à inovação.
O filósofo Irlandês John O’Donohue já disse que o questionamento uma das 
formas mais estimulantes de pensamento. 
Para ele, “perguntas são como lanternas. Iluminam novos cenários e novas áreas 
à medida em que se move. Uma pergunta sempre parte do princípio de que 
existem várias dimensões para um pensamento que você não enxerga ou que 
não estava disponível”.
14 Os sete habitos da criatividade 
Sem encontrar as perguntas que nos façam enxergar as dimensões diferentes 
de uma situação, acabamos fazendo movimentos óbvios e repetindo os mesmos 
padrões e até mesmos erros. 
Einstein, certa vez, afirmou que se tivesse uma hora para resolver um problema 
do qual sua vida dependesse, gastaria 55 minutos pensando nas possíveis 
perguntas a serem feitas. Ao achar a pergunta certa, a resposta seria rapidamente 
encontrada.
Circular por áreas de conhecimento diferentes, significa também estar aberto 
a boas conversas sobre uma variedade de assuntos. E toda boa conversa 
necessariamente envolve perguntas. 
Elas levam as pessoas envolvidas a refletir e articular sobre um tema, oferecendo 
um ponto de vista singular ou uma história inspiradora que podemos usar na 
nossa própria mixagem criativa.
Boas perguntas costumam estimular o pensamento criativo. Podem envolver o 
diferencial humano de imaginar possibilidades, como as que começam com “e 
se”. 
“E se você pudesse escolher apenas um produto para levar consigo em uma 
viagem?” 
“E se você pudesse escolher uma idade para viver de novo?” 
Perguntas que fazem nossos amigos ou clientes imaginarem possibilidades 
resultam em informações relevantes que podem servir de material para nosso 
próprio trabalho. 
São as perguntas que guiam as conversas por caminhos mais criativos, inesperados 
e interessantes. Curiosidade também pode ser exercitada! Veja a seguir como 
chegar a novas soluções com as perguntas interessantes:
- Determine-se a fazer mais perguntas aos outros e a si mesmo.
- Inspire-se na curiosidade infantil e busque o porquê de tudo especialmente o 
por que não.
- As crianças também devem servir como modelo de mente aberta e flexível. Ao 
buscar uma solução, procure enxergá-la com mente de iniciante, sem conceitos 
pré-definidos.
- Questione-se sobre aquilo que faz automaticamente, ou seja, sem pensar. Por 
que você faz assim? Existem outras maneiras de fazer a mesma coisa?
- Perguntas que nos levem a imaginar possibilidades podem trazer as melhores 
soluções. “Como seria se” é uma maneira de questionar o modelo padrão do 
15 Os sete habitos da criatividade 
mundo e pensar de forma diferente.
- Torne suas conversas mais conscientes: procure falar menos de si e fique mais 
disposto perguntar e ouvir com atenção.
- Lembre-se de que boas perguntas podem tornar as conversas mais interessantes 
e te levar a aprender com as pessoas.
- Tenha a mente aberta quando alguém apresenta uma visão diferente da sua.
 
7. 5º HÁBITO - PENSAMENTO ANALÓGICO: COMO A COMUNICAÇÃO PODE 
SER MAIS EFICAZ E CRIATIVA
A coleta deliberada por fontes de inspiração te obriga a criar relações entre as 
informações aparentemente desconexas.
Isso não apenas favorece a geração de ideias que servirão como ponto de partida 
para projetos inovadores. 
Formar relações é um exercício que promove uma mudança para melhor na forma 
como você se comunica e como apresenta argumentos. Sabe por quê?
Ao treinar essa habilidade, você passa a encontrar mais facilmente bons exemplos 
para aquilo o que precisa explicar – exemplos emprestados de outras áreas, mas 
que ajudam as pessoas a visualizar e a entender o que você está falando. Você 
ganha material para criar metáforas, fazer analogias e contar pequenas histórias 
que ilustrem o que está tentando oferecer ou contar. O uso de analogias é 
considerado um dos recursos de maior impacto na comunicação. 
Uma analogia torna muito mais atraente e fácil de memorizar temas abstratos e 
difíceis de explicar. 
Traz criatividade ao discurso de temas abstratos, como o próprio pensamento 
criativo. 
Para descrevê-lo, a designer Paula Scher relacionou seu cérebro a uma máquina 
de caça-níqueis. Todas as referências que podem lhe servir de informação 
estão guardadas ali. E quando puxa a alavanca, as informações circulam 
desordenadamente para que, de vez em quando, as cerejas se alinhem e ela 
ganha as moedas. É quando tem uma boa ideia.
Pouco antes de morrer, Isaac Newton, para descrever a curiosidade que guiou 
suas teorias revolucionárias, fez uma relação que podemos facilmente entender 
e visualizar: 
16 Os sete habitos da criatividade 
“Não sei o que possa parecer aos olhos do mundo, mas aos meus pareço apenas 
ter sido como um menino brincando à beira-mar, divertindo-me com o fato de 
encontrar de vez em quando um seixo mais liso ou uma concha mais bonita que 
o normal, enquanto o grande oceano da verdade permanece completamente 
por descobrir à minha frente”.
Ele poderia ter dito algo como “explorei o mundo com curiosidade, mas o que 
descobri foi uma parte ínfima da realidade”. Mas certamente não teria o mesmo 
impacto da frase que acabamos de ouvir, você concorda?
Professores, pensadores ou vendedores: todos podem tornar um discurso ou 
uma ideia mais interessante ao usar cenas e elementos familiares a todos para 
ilustrar conceitos abstratos. 
Aliás, quando se trata de uma teoria muito longe da realidade do público, essas 
relações são fundamentais para que haja compreensão.
Um levantamento realizado por Barbara Oakley, engenheira e pesquisadora em 
aprendizagem, apontou o uso de analogias como um dos recursos mais eficazes 
de ensino. A pesquisa revelou os professores mais bem cotados entre os alunos 
de universidades americanas são aqueles que usam essa estratégia em suas 
explicações.
Inúmeras situações e objetos que fazem parte do mundo concreto estão 
disponíveis para a formação de incontáveis relações. 
Newton usou o menino e o mar para ilustrar o fascínio pelo conhecimento, Paula 
usou o caça-níqueis para ilustrar a geração de uma ideia.
Como você descreveria a sensação de insegurança, se fosse oferecer um plano 
de seguro, por exemplo? Com o que relacionaria a frustração de um desperdício 
de dinheiro para falar sobre o custo-benefícios de um produto? O que poderia 
usar para representar energia física ou mental, se você trabalha com produtos 
de saúde?
Não somente o cotidiano nos serve de inspiração a essas associações. A ciência e 
a tecnologia oferecem várias possibilidades de analogias, especialmente quando 
você precisa exaltar alguma característica inovadora de seus produtos. 
Procure se informar sobre curiosidades tecnológicas e pense em como associar 
essas informações com aquilo que você tem a oferecer.
17 Os sete habitos da criatividade 
O mundo dos esportes é uma rica fonte de metáforas. Pense nos movimentos, 
nas regras, nos conceitos de “bater na trave”, “levantar a bola”, “jogar a toalha” e 
muitas outras expressões que podem enriquecer a comunicação.
Filmes, livros, jornais e conversas também são grandes fontes de inspiração não 
somente de metáforas como de histórias que podem ilustrar o que você precisa 
dizer. 
Aprenda a retirar de diferentes fontes alguns fatos e acontecimentos curiosos. 
As pessoas ficarão muito mais receptivas ao seu discurso, pois histórias são 
uma das formas mais eficazes de cativar e de ganhar o interesse do público, de 
qualquer idade e perfil.
É muito mais fácil convencer alguém de um fato quando existe uma história 
envolvendo a ideia. 
Argumentos e discursos muitos abstratos costumam ser frios e,muitas vezes, 
distante da realidade das pessoas. 
Da mesma forma que as metáforas, as histórias são facilmente visualizadas e 
ajudam as pessoas a compreender a informação e a fazer associações entre 
conceitos de diferentes áreas. Einstein, dizia d que a melhor forma de criar uma 
criança inteligente é contando contos de fada a ela. 
Isso porque cada história traz a oportunidade de pensarmos sob diferentes 
pontos de vista e é carregada de informações que podem ser relacionadas a 
outras para uma compreensão mais rica do mundo. Você pode começar hoje 
mesmo a recolher conceitos e histórias que irão tornar muito mais interessante 
a forma como você se comunica. Conheça algumas estratégias:
- Lembre-se de que qualquer ideia abstrata, qualquer sensação, sentimento, 
fenômeno difícil de explicar, pode ser relacionado a algo concreto que pode ser 
visualizado.
- Exercite diariamente sua capacidade de fazer relações entre seu trabalho ou 
projeto e as informações que absorve de outras áreas.
- Colecione boas histórias e ouça com a intenção de reproduzi-las conforme a 
mensagem que você quer passar.
- Cartuns e charges são ótimas fontes de ideias de metáforas e representações 
concretas de ideias complexas. Considere usar esses recursos para reforçar sua 
mensagem e trazer mais humor a suas apresentações.
- Crie o hábito de anotar as boas ideias de analogias.
- Preste atenção nas metáforas e analogias que você encontra em livros, filmes 
e conversa. Elas podem te inspirar a criar as próprias.
18 Os sete habitos da criatividade 
- O jornal e portais de notícias são uma fonte rica de boas histórias que podem 
servir para ilustrar seu discurso sobre o produto ou projeto que você representa.
- Ao contar uma história, seja direto, breve e provoque a curiosidade das pessoas, 
iniciando com uma pergunta, por exemplo.
8. 6º HÁBITO - RESTRIÇÕES CRIATIVAS: POR QUE MENOS OPÇÕES LEVAM 
À SOLUÇÕES MAIS INOVADORAS 
Coloque uma criança em uma sala repleta de peças de legos, mas sem nenhum 
projeto para seguir. O mais provável é que seja construída alguma casa, um carro 
ou algo bem familiar. Ou que ela fique paralisada diante de tantas opções e não 
concretize ideia nenhuma.
Agora estabeleça regras que limitem as possibilidades da criança: ela deve usar 
um número máximo de peças, fazer algo que comece com uma determinada 
letra, não usar certos tamanhos de peças e tem tempo limitado para construir o 
projeto. 
E dessa brincadeira provavelmente não vai sair uma casa ou um carro, mas sim 
algo bem mais criativo e inesperado. Isso acontece com todos em qualquer 
situação. Uma variedade muito grande de matéria-prima dificulta muito a 
construção de algo novo.
Ficamos sem rumo quando temos à frente centenas de opções de estradas que 
podemos trafegar. 
Com medo de fazer a escolha errada, inevitavelmente consideramos várias 
opções disponíveis e, na dúvida, seguimos sem confiança pela rota escolhida ou 
ficamos sem ação.
Limitações nos dão o rumo. Nos trazem desafios partindo de necessidades pré-
definidas, fazendo com que a criatividade passe a ocupar o espaço da dúvida. As 
restrições podem ser circunstanciais ou conceituais e ambas levam a soluções 
mais interessantes. 
O primeiro caso é o mais comum do mundo dos negócios. Limitações como 
orçamento, tempo, público e distância levam as empresas a desenvolver 
alternativas baratas e práticas. 
As restrições fazem com que reavaliem o custo benefício de seus produtos, 
levantem e discutam questões negligenciadas e entreguem soluções totalmente 
novos. 
19 Os sete habitos da criatividade 
Restrições nos tiram da zona de conforto e nos ajudam a separar o importante 
do supérfluo – uma habilidade que pode ser atrofiada pela abundância de 
recursos. O excesso, seja de dinheiro, objetos, ou de tempo, pode esconder o 
que é realmente essencial, tanto na vida quanto no trabalho.
Das restrições nascem grandes parcerias, novas formas de promoção do produto, 
novos meios de alcançar o público e novos atributos que preservam ou até elevam 
a competitividade da empresa. 
O fundador da Ikea, que produz móveis de design, Ingvar Kamprad já disse 
que produzir coisas caras é fácil. Já desenvolver produtos que sejam baratos e 
duráveis é uma missão difícil, mas satisfatória.
No campo das restrições conceituais, vários artistas, escritores e chefs de cozinha 
costumam trabalhar dentro de limitações que muitas vezes eles mesmos criam 
para manter o foco e o rumo do trabalho. 
Veja o exemplo do desafio imposto ao autor Dr. Seuss por seu editor: escrever 
uma história para crianças com apenas 50 palavras. 
O resultado, o livro Green Eggs and Ham, acabou virando um clássico da literatura 
americana, vendendo mais de 200 milhões de cópias. 
O desafio se mostrou tão eficaz que Dr. Seuss passou a impor limites semelhantes 
às suas produções seguintes e foi assim com o famoso Cat in The Hat, traduzido 
em português como Gatola na Cartola.
Hemingway, outro escritor norte-americano, ganhou uma aposta escrevendo um 
mini conto de seis palavras. 
O episódio ficou conhecido e vários desafios e concursos inspirados nessa história 
foram lançados por veículos literários ao redor do mundo. Recentemente o jornal 
inglês The Guardian lançou o desafio a vários escritores e poetas. 
O resultado é uma ótima prova de que restrições não atrapalham e sim acionam 
a criatividade.
A grande prova de criatividade para os chefs de cozinha que competem em 
alguns programas é justamente criar algo especial com uma quantidade bem 
limitada de recursos e de tempo. 
20 Os sete habitos da criatividade 
As soluções são as mais variadas e inesperadas. Esses concursos televisivos 
representam claramente a incrível capacidade humana de se adaptar às condições 
externas, mesmo que signifique desviar da rota planejada, começar do início e 
retomar o problema de uma perspectiva diferente. 
E com flexibilidade, pensamento analógico, planejamento, ação, curiosidade 
e período para incubação das ideias, esses cozinheiros transformam qualquer 
limitação no fundamento do seu ilimitado potencial criativo. Mas são somente 
eles? Veja como você pode utilizar o recurso das restrições em seu processo 
criativo.
- Imponha-se limites e desafios ao planejar alguma criação;
- Mesmo que não exista pressão externa, procure estabelecer um prazo final e 
um objetivo diário para desenvolver seus projetos;
- Reformule suas perguntas a partir das limitações que surgem. Como ajustar 
seu projeto a esses objetivos? Como adaptá-lo a um novo orçamento?
- Não encare as restrições como limites para a sua criatividade; lembre que são 
um desafio estimulante;
- Antes de começar qualquer projeto, planeje uma estrutura com delimitações 
de tema, prazo e orçamento;
- Se for divulgar seu projeto em redes sociais ou blog, estabeleça restrições para 
suas postagens antes de criá-las. 
- Uma maneira de exercitar as restrições criativas é escolher um tema, definir 
quantidade e prazo para um hobby que você já tenha ou gostaria de ter. Se você 
gosta de fotografia, por exemplo, antes de viajar ou sair clicando, já tenha em 
mente o tema e o estilo escolhido. Seu projeto ficará mais criativo e consistente.
9. 7º HÁBITO - INCUBAÇÃO DE IDEIAS: COMO CRIAR OPORTUNIDADE PARA 
INSIGHTS CRIATIVOS 
Nas palavras da aclamada escritora Elizabeth Gilbert, “o universo esconde tesouros 
dentro de cada um”. O nosso desafio, se quisermos viver mais criativamente, é 
encontrá-los. Mas de que forma isso pode ser feito?
Vimos que a flexibilidade para transitar por diferentes áreas do conhecimento e 
para aceitar mudanças e inovações garante a matéria prima da criatividade. 
A disciplina garante a execução de um projeto criativo e seu aprimoramento. A 
rotina garante organização do tempo e energia mental que a execução de uma 
tarefa criativa demanda.
Mas o que promove a geração de uma ideia, a visualização de informações 
combinadas de uma forma original? O que está um passo depois da coleta de 
informações e um passo antes de colocarmos um projetoem ação?
21 Os sete habitos da criatividade 
A série de tentativas e erros, que nos disciplinamos a executar para dar forma a 
um projeto, geralmente parte daquilo o que chamamos de insight.
São eles os tesouros escondidos. Dificilmente são revelados quando estamos 
concentrados em um problema, tentando compreender algo complexo ou com a 
mente imersa em ocupações e preocupações.
Aparecem quando conseguimos tirar as complexidades da vida do meio do 
caminho; quando nos dedicamos a atividades que livram a mente do desgaste 
que a elaboração de pensamentos exigem.
Você já percebeu que não dizemos “eu formulei uma ideia”, e sim “eu tive uma 
ideia”? A impressão é de que, mesmo sendo apenas pontos de partida para 
algo que necessitará ser muito aprimorado, as ideias muitas vezes surgem como 
insights, quase de forma independente e não como resultado de um trabalho 
duro. 
Tanto é que na antiguidade acreditava-se que as pessoas eram escolhidas por 
entidades externas para executar trabalhos considerados geniais. Entendiam a 
criatividade como algo que vinha de fora para dentro, fora do nosso controle.
Afinal, as ideias realmente costumam surgir como se estivessem prontas, 
esperando para serem descobertas em um momento de descontração.
Basta lembrar da cena do Newton descansando sob a macieira quando teve o 
insight sobre lei a gravidade. Não se trata apenas de uma lenda: é um ótimo 
exemplo de como a mente criativa funciona. 
A história das invenções é repleta de exemplos semelhantes. Veja o exemplo de 
como as famosas canetas estilo Bic foram criadas. 
Na década de 30, ocorreu a Laszlo Bíró, um jornalista de Budapest, que deveria 
existir uma ferramenta mais prática para escrever que as canetas-tinteiro, que 
viviam vazando. 
Ao observar as prensas cilíndricas das gráficas rolando sobre os papéis, imaginou 
um sistema parecido, mas em miniatura e com a possibilidade de percorrer todas 
as direções. Quebrou a cabeça pensando em soluções. 
Até que um dia, enquanto caminhava na rua, viu crianças brincando com bolinhas 
de gude e reparou no caminho de água deixado por uma que rolou por uma 
poça d’água. 
22 Os sete habitos da criatividade 
Foi assim, em um momento de pausa e descontração, que teve o insight que 
levou à criação da primeira caneta esferográfica.
Logicamente, ainda teria muito trabalho pela frente: precisaria descobrir uma 
tinta que não fosse nem muito fina nem grossa demais e precisaria encontrar 
um parceiro que desenvolvesse as minúsculas esferas. 
Juntou-se a um profissional da área da aeronáutica e depois de desenvolverem, 
foram atrás de investidores. Durante muito tempo, canetas eram chamadas na 
Europa de “biros”, até um empresário chamado Marcel Bich comprou as licenças 
e surgiu a famosa Bic.
Para que se deparasse com a solução que tanto buscava, Bíró antes passou muito 
tempo pesquisando e refletindo – tanto antes quanto depois de ter tido uma 
ideia. Sem o esforço dedicado ao problema, seu cérebro não estaria preparado 
para fazer uma associação brilhante. 
Mas essa associação aconteceu durante um momento contemplativo. Como 
uma pedra preciosa bruta, ela foi descoberta durante a pausa, mas precisou de 
muita dedicação para ser lapidada.
As caminhadas pela rua, como a que o proporcionou a ele o encontro com a 
crianças brincando com as bolinhas, são famosos combustíveis para a criatividade. 
Elas nos incentivam a observar o mundo lá fora e tirar o foco dos próprios 
pensamentos. 
Como costumamos dispensar mais atenção ao novo, mudar de rota e buscar 
novos ambientes pode ser favorável a esse estado contemplativo. 
Grandes escritores relatam, com frequência, a importância das corridas e 
caminhadas ao ar livre para a formação das suas histórias.
Assim como tomar banho, pedalar, cuidar do jardim, fazer um trabalho manual 
ou qualquer outra ocupação que não dependa do raciocínio e uso da linguagem. 
Vamos entender melhor por que os insights aparecem nessas pausas mentais. 
Ao afastar a mente dos diálogos interiores, afastamos também a ansiedade que 
os acompanha. E o stress é um dos principais inimigos da criatividade. 
Os momentos em que deixamos o pensamento fluir livremente também nos 
permitem uma visão mais abrangente das situações. Nessas pausas, a informação 
transita pelas áreas subconscientes do cérebro e ganha a chance de se associar 
a outras informações aparentemente desconexas, formando um produto original. 
23 Os sete habitos da criatividade 
Seja qual for o produto, ele não surge como um passe de mágica, mas como 
resultado de um processo subconsciente, que é revelado quando as preocupações 
lhes dão licença.
Pode parecer estranho que nosso cérebro produza algumas pérolas que só de vez 
em quando conseguimos enxergar. Mas o fato é que mais de 90% dos processos 
mentais são inconscientes. Você pode promover mais oportunidades para a 
geração de ideias. Saiba como:
- Transforme em hábito atividades que te permitam livrar a mente de preocupações. 
Aquelas que você consideraria terapêuticas;
- Abra espaço em seu dia para caminhadas, corridas, pedaladas, meditação ou 
alguma atividade manual.
- Quando estiver mentalmente esgotado, pense que esse estado é inimigo da 
criatividade e providencie um momento de descanso à sua mente;
- Lembre-se de que atividades feitas em grupos, com muita música, barulho e 
conversas podem ser uma forma de descontrair, mas não favorecem o encontro 
com pensamentos que estavam escondidos em seu subconsciente.
- Considere usar menos o carro para realizar tarefas que podem ser feitas a pé. 
Você pode perder um tempo maior, mas favorece a produtividade e o pensamento 
criativo;
- Procure rotas alternativas e preste atenção nos aspectos naturais e culturais do 
ambiente. Esse tipo de contemplação favorece o pensamento criativo.
Este curso teve como objetivo fazer seu trabalho se destacar em um mundo 
em constantemente mudança. Para isso, buscamos apresentar a você forma 
de valorização do nosso diferencial produtivo com relação às máquinas: a 
criatividade. Desejamos a você muito sucesso em seu trabalho! 
Por fim, confira a seguir as referências bibliográficas utilizadas durante a pesquisa, 
para o desenvolvimento deste curso.
Berger, Warren. A More Beautiful Question. The Power of Inquiry to Spark 
Breakthrough Ideas. Bloomsbury USA, 2014.
Eagleman, David, Brant, Anthony. The Runaway Species. Catapult, 2017.
Gilbert, Elizabeth. Grande Magia: Vida Criativa Sem Medo. Ed. Objetiva, 2015.
Grant, Adam. Originais: Como os Inconformistas mudam o mundo. ed. Sextante, 
2017. 
Jukes, Peter. All His Materials – uma entrevista com Phill Pulman, disponível em 
www.aeon.com.
24 Os sete habitos da criatividade 
Kaku, Michio. The Evolution of Intelligence. Em bigthink.com/experts/michiokaku.
Kleon, Austin. Roube Como um Artista. Ed. Rocco, 2012.
Lehrer, Jonah. Imagine: How Creativity Works. Houghton Mifflin, 2012.
Lenski, Tammy. The Einstellung Effect in Problem Solving. Em www.lenski.com
Miller, Anne. Methaphorically Selling. Chiron Associates, 2004.
Morgan, Adam, Burden, Mark. A Beautiful Constraint. Willey, 2015.
 
O’Donohue, John. Walking on the Pastures of Wonder: ed Verita.
 
Oakley, Barbara. A Mind for Number, ed Tarcher 2014.
Popova, Maria. All Ideas Are Second Hand. Em www.brainpickings.org
Popova, Maria. Einstein on Fairy Tales and Education, em www.brainpickings.org
Popova, Maria. Standing on The Shoulders Of Giants. Em www.brainpickings.org 
Robertson, Larry. A Deliberate Pause. Morgan James Publishing, 2009
Robertson, Larry. The Language of Man. Daymark Press, 2016
Saffo, Paul, The Creator Economy, citado em Salt Summaries - Condensed Ideas 
About Long Term Thinking, Steward Brand. the Long Now Foundation.
The Eponymist. 99% Invisible, disponível em https://99percentinvisible.org/
episode/the-eponymist/
The Future of Jobs, World Economic Forum, em www.reports.weforum.org
Tierney, Leah. Cinco maneiras de pensar diferente e encontrar soluções mais 
criativas. www.shutterstock.com.
To cuta Long Story Short. The Guardian, 2007

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