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Centro Universitário Euro-Americano Campus Águas Claras Curso de Graduação em Odontologia ARTHUR HENRIQUE AUGUSTO DA SILVA FABIANO MENDONÇA REIS ODONTOLOGIA DO ESPORTE E SEU PAPEL NA PERFORMANCE DO ATLETA: REVISÃO DE LITERATURA. Brasília – DF 2022 ARTHUR HENRIQUE AUGUSTO DA SILVA FABIANO MENDONÇA REIS ODONTOLOGIA DO ESPORTE E SEU PAPEL NA PERFORMANCE DO ATLETA: REVISÃO DE LITERATURA. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Odontologia do Campus Águas Claras do Centro Universitário Euro-Americano de Brasília como requisito parcial para obtenção de título de Bacharelado em Odontologia. Orientador: Profa. Dra. Milla Bernat Brasília – DF 2022 Página destinada a FOLHA DE APROVAÇÃO ADD: Trauma Dento alveolar PBS: Protetores Bucais CD: Cirurgião-Dentista METODOLOGIA Este estudo se característica por uma pesquisa descritiva, bibliográfica de fonte primaria, por meio de revisão de literatura, de abordagem qualitativa, que tem como tema Odontologia do esporte e seu papel na performance do atleta. Este estudo visa elucidar a seguinte questão norteadora: Qual a importância da odontologia do esporte na saúde bucal do atleta. As seguintes bases de dados foram pesquisadas na plataforma pubmed (National Library of Medicine) Portal Regional Da BVS, Scielo (Scientifie Eletronic Library Online). Considerou-se as publicações de Outubro de 2017 até Outubro de 2022, utilizando o operador Booleano “AND” e descritores nos idiomas português e inglês a partir dos Descritores em Ciências da Saúde (DECS), sendo eles: “odontologia esporte”, “saúde oral”, “sports medicine”, “oral health”, “mouth protectors”, “tooth injuries”. Por meio de associações dos descritores mencionados foram encontrados 229 artigos. Salvos os artigos EndNote foram obtidos 220 antigos e quando tirados os duplicados foi obtido 107 artigos, destes foram selecionados 50 artigos mediante a leitura dos títulos e 35 resumos e, posteriormente do artigo completo 12. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados em artigos publicados Outubro de 2017 até Outubro de 2022, no idioma inglês. Além de notas técnicas completas, publicações internacionais indexadas em periódicos científicos discorressem acerca da correlação entre traumatismo orofaciais na pratica do exercício físico e uso de protetores bucais. Os critérios de exclusão aplicados foram: publicações científicas que abordassem as variáveis do estudo na pratica da atividade física em crianças e adolescentes e artigos pagos. REVISÃO LITERATURA ODONTOLOGIA DO ESPORTE O campo de atuação da Odontologia do Esporte é amplo, englobando não só a abordagem de injúrias na região bucomaxilofacial e/ou confecção de protetores bucais, mas também prevenção e tratamento de doenças bucais; aumento na probabilidade de reparação dos tecidos musculares lesionados durante a prática do esporte; vigilância do doping; desordens das articulações temporomandibulares (ATM); alterações respiratórias dentre outros, evitando que tais fatores interfiram no rendimento do atleta (ALVES; ANJOS; GIOVANNINI; LIMA et al.). A Literatura mostra que o excesso de treinamento ("overtraining"), a necessidade de equilíbrio hídrico, a natureza da dieta, o uso contínuo de isotônicos e energéticos, o risco de imunossupressão, a pressão comportamental e emocional pelo excelente desempenho esportivo, entre outros, são características da vida do atleta que têm consequências importantes na cavidade bucal. O controle e trânsito de micro-organismos da boca para outros nichos do corpo físico, tanto a nível sistêmico, (humoral e celular) como local, (quantidade de fluxo e composição da saliva), podem estar significativamente alterados em atletas submetidos a altas cargas de treinamento (PASTORE; MOREIRA; BASTOS; GALOTTI et al.). Á importância da saúde bucal na busca pela excelência esportiva, alguns cuidados odontológicos, que antes não eram considerados, passam a despertar a atenção das equipes técnicas e de saúde, de modo a evitar ausências nos treinos ou comprometimento do rendimento físico (ALVES; ANJOS; GIOVANNINI; LIMA et al.). O conhecimento da etiologia e patogenia da doença periodontal e das patologias pulpares com seus desdobramentos, e os princípios da medicina periodontal, sejam alguns pré-requisitos para o bom entendimento do processo de acompanhamento e controle de saúde bucal para atletas de alto rendimento. Justificando, assim, a incorporação dos cirurgiões-dentistas nas equipes de profissionais de saúde que acompanham qualquer equipe esportiva, sobretudo, nas categorias profissionais (PASTORE; MOREIRA; BASTOS; GALOTTI et al.). CIRUGIÃO-DENTISTA SUA ATUAÇÃO NA SAÚDE ORAL DOS ATLETAS A saúde bucal é parte integrante e inseparável da saúde geral do indivíduo, estando diretamente relacionada a riscos de disseminações sistêmicas de bactérias com consequente diminuição do rendimento físico em atletas. Assim, torna-se fundamental a divulgação no meio esportivo sobre a importância da manutenção da saúde bucal (ALVES; ANJOS; GIOVANNINI; LIMA et al.). A atuação do CD no contexto esportivo não se resume apenas à indicação e confecção de protetores bucais como medida de prevenção a traumatismos dentários. Seu campo de trabalho é bem mais amplo, contemplando o estudo das manifestações bucais diretas ou indiretas que possam comprometer o desempenho do esportista. Além disso, estudos sugerem que a dor de origem dentária pode provocar queda de rendimento do atleta e alterar seu desempenho, gerando a necessidade de medicamentos que também podem interferir em suas atividades. Por isso, o acompanhamento odontológico deve fazer parte da rotina do atleta, sendo possível, assim, prevenir o aparecimento de certas patologias através de exames clínicos e radiográficos (ALVES; ANJOS; GIOVANNINI; LIMA et al.). Também CD que integra a equipe multidisciplinar de uma entidade esportiva, ele principalmente proporcionar aos atletas que em qualquer informação sobre promoção de saúde, preventiva ou terapêutica, que se possa minimizar o trânsito de microrganismos para outras áreas do organismo (PASTORE; MOREIRA; BASTOS; GALOTTI et al.) LESÕES OROFACIAIS O trauma dentoalveolar (ADD) é considerado uma patologia irreversível, que inclui um conjunto de lesões que envolvem os dentes e/ou suas estruturas de sustentação, como resultado de um impacto violento direto ou indireto. Trata-se de um grave problema de saúde pública, que tem alta prevalência, apesar de a região oral compor apenas 1% da área total do corpo (CORRAL; MERCADO; LATAPIAT; VELIZ et al.). A ocorrência de trauma é ligeiramente mais prevalente nos homens do que nas mulheres (PINHEIRO; SOUSA; SIGUA-RODRIGUEZ; GOULART). Estudos mostram que em relação a saúde bucal do atleta encontrou-se uma elevada de placa de tártaro e cáries. Fica evidente que só a atuação do dentista não é suficiente para melhorar os índices de tratamento. É necessária a participação mais efetiva de outros profissionais, principalmente aqueles que estão mais próximos dos atletas, especificamente seus treinadores (ROSA; COSTA; SILVA; ROXO et al.). Em atividades esportivas, os atletas têm até 10% mais chance de sofrer um traumatismo orofacial em uma temporada de competição e 33% a 56% de probabilidade de sofrê-la durante a sua carreira (SAMPAIO; TAVARES; DRUMOND; LISBOA et al.). Ao contrário das lesõesesportivas, que incluem uso excessivo crônico e acúmulo de danos, a maioria das lesões dentárias relacionadas ao esporte são causadas por impactos diretos acidentais. Portanto, não foram encontradas associações significativas entre lesões odontológicas relacionadas ao esporte e fatores de risco mais comuns em lesões esportivas (por exemplo, IMC, esportes de contato, carreira de jogador e interrupção do sono). No entanto, assim como as lesões esportivas, os fatores ambientais de jogo, incluindo estilos de coaching autopersucidos, estão positivamente associados à autopercepção da prevalência de lesões dentárias relacionadas ao esporte. Assim, a prevalência de lesões dentárias relacionadas ao esporte entre jovens atletas, especialmente do sexo masculino, devem ser reconhecida como associada não apenas a uma carga de trabalho excessiva, mas também ao estresse psicológico (TSUCHIYA; TSUCHIYA; MOMMA; SEKIGUCHI et al., 2017). A maioria das lesões dentárias traumáticas ocorreu nos incisivos centrais maxilares (primários e permanentes). No entanto, os dentes primários, especificamente os incisivos centrais maxilares primários (direita ou esquerda), foram os mais afetados pelo trauma. que inclui ambas as dentições. Isso parece estar relacionado com o início do desenvolvimento de habilidades motoras e os acidentes durante esta fase de desenvolvimento. No entanto, outros estudos que incluem ambas as dentições referem que, ao contrário do que esta investigação relata, os dentes que mais sofreram traumas foram os incisivos centrais maxilares permanentes. Os incisivos centrais maxilares são o conjunto de dentes mais afetados pelo trauma provavelmente devido à sua erupção anterior, sendo predispostos a um período de exposição mais longo (LOPES; FERREIRA). A respeito do uso de energéticos e/ou isotônicos na prática esportiva, sabe-se que a ingestão de soluções que contém carboidratos como os isotônicos, tem efeitos diferentes no organismo, dependendo do momento da ingestão. Por exemplo, ao ingerir antes do exercício físico, aumentam-se as reservas de glicogênio para o ato físico. Ao ingerir durante o exercício, mantém-se os benefícios da ingestão prévia ao exercício, enquanto que a ingestão pós exercício auxilia na recuperação do atleta. O consumo de energéticos libera mais energia para o exercício físico, mas também pode trazer malefícios devido à presença do ácido cítrico, que por sua vez aumenta o potencial erosivo da bebida na estrutura dentária. As bebidas que contém ácido cítrico apresentam pH menor do que 5,5 e sua ingestão favorece a diminuição do pH da saliva resultando na redução de sua capacidade tamponante, responsável pela proteção dos dentes contra a desmineralização do esmalte (erosão dentária). Apesar da ação desmineralizante das bebidas isotônicas ser menor, comparada à ação das bactérias bucais cariogênicas, também pode provocar prejuízos bucais com desencadeamento de dor e alterações estéticas (ALVES; ANJOS; GIOVANNINI; LIMA et al.). Muitos atletas consomem bebidas esportivas, que normalmente contêm eletrólitos como sódio, potássio e cloreto, e uma alta porcentagem de açúcar para restaurar a energia. Bebidas esportivas têm um efeito sobre a erosão ácida, sejam elas consumidas antes ou depois de usar um protetor bucal. Essas bebidas contêm muito açúcar e algumas têm um pH baixo que pode ser a causa da cárie dentária e erosão ácida (LLOYD; NAKAMURA; MAEDA; TAKEDA et al., 2017). A ação erosiva sobre o esmalte dentário, resultante da frequente ação de contato com bebidas energéticas, pode inferir que atletas que ingerem líquidos energéticos em alta frequência podem sofrer erosão do esmalte superficial de seus dentes e isto pode ser prevenido com a orientação do cirurgião-dentista para a forma de consumo de energéticos . Portanto, a composição da saliva como potencial remineralizador; a capacidade tampão e o fluxo salivar atuando como fatores protetores da estrutura mineral do esmalte e dos tecidos dentais. Porém, nos atletas de alto rendimento que ingerem estes produtos várias vezes ao dia para reidratação e reposição da capacidade energética, os cuidados para evitar a erosão dentária devem ser maiores e praticados (PASTORE; MOREIRA; BASTOS; GALOTTI et al.). PROTETORES BUCAIS O protetor bucal é um dispositivo de proteção normalmente usado na mandíbula superior, para reduzir lesões nos dentes, mandíbulas e tecidos moles circundantes. Os protetores bucais têm um papel definitivo na prevenção de lesões nos dentes e no rosto, e por isso, são fortemente recomendados para todas as atividades esportivas onde há risco de trauma nos dentes e estruturas associadas ( LOYD; NAKAMURA; MAEDA; TAKEDA et al., 2017). O uso de protetores bucais fora usado com mais frequência durante as partidas do que durante o treinamento, enfatizando a importância dos árbitros para a execução adequada de novos regulamentos. Os jogadores acham que um protetor bucal é caro e, portanto, raramente substituem o protetor bucal. Embora a resistência de um protetor bucal seja em torno de 2 anos, apenas um terço dos jogadores substituem seu protetor bucal dentro de 2 anos. Assim, a maioria dos jogadores continua usando um protetor bucal que provavelmente não funciona de forma ideal. As estratégias de prevenção devem considerar não apenas o desgaste de um protetor bucal, mas também na manutenção e substituição corretas (CICEK; DHAMO; WOLVIUS; WESSELINK et al., 2021). O uso de protetores bucais ainda está bem restrito aos esportes de contato, principalmente as lutas. Atletas e praticantes de determinados esportes, como o surfe, no qual não existe um histórico de uso de protetores bucais, continuam relutantes em usar o dispositivo. Dessa forma, seria interessante uma campanha de conscientização para que todas as medidas preventivas de lesões bucofaciais fossem implantadas para os atletas do surfe e de outras modalidades que usam pranchas (CORDEIRO; FORTE; NERI; SANTOS et al.). O melhor protetor bucal é aquele que é personalizado, multilaminado. Este protetor age como um amortecedor para que a força não seja transferida para o crânio, uma vez que sua função mais importante é estabilizar a mandíbula e minimizar o risco de contusão e lesões cerebrais (DÍAZ VALDÉS; VALLE LIZAMA; RODRÍGUEZ ORTIZ). O uso de um PBS laminado de pelo menos 3 mm pode ser eficaz na redução da força de impacto para os dentes e é superior aos protetores bucais over-the- counter (LLOYD; NAKAMURA; MAEDA; TAKEDA et al., 2017). O PBS é importante para prevenção de lesões neurológicas, pois absorvem os impactos que podem projetar a mandíbula contra a base do crânio. Existem quatro tipos de protetores bucais: protetores bucais de estoque, que são pré- fabricados e vêm em vários tamanhos (Tipo I); protetores bucais termoplásticos, que são aquecidos para formar a arcada dentária (Tipo II); protetores bucais individualizados single-laminados, que são obtidos através da moldagem de arco dentário e usam copolímero de acetato e etileno e vinil como matéria-prima (Tipo III); e protetores bucais multi-laminados (Tipo IV), feitos do mesmo material do Tipo III e moldagem, mas com a possibilidade de usar mais de uma camada de material dependendo das demandas do esporte (PINHEIRO; SOUSA; SIGUA- RODRIGUEZ; GOULART). Para a fabricação do PBS individualizado, o registro de arcade superior e inferior foi feito com impressão de alginato incluindo o fundo do vestibular, em baldes de metal tipo Rimlock, mais tarde o registro de mordida foi feito com silicone pesado. As estampas foram lançadas em pedra de gesso, para obter modelos. Os modelos e o registro de mordidas foram encaminhados ao laboratório odontológico, com as indicações do tipo de PBS exigida, neste caso da categoria Heavy e a indicação de desenho de cores que o paciente selecionou.A categoria PB de Heavy corresponde a um avião com chapa dupla de acetato de polietileno polietileno, com três bandas de transmissão de energia em caso de impacto, que é feito com técnica de laminação de pressão (CORRAL; MERCADO; LATAPIAT; VELIZ et al.). Os PBS oferecem proteção absorvendo e dissipando energia de impactos que não seriam transferidos diretamente para tecidos dentários. Além disso, há evidências de que os PBS também são eficazes na proteção contra concussão e lesões na coluna cervical e na articulação temporomandibular (CORRAL; MERCADO; LATAPIAT; VELIZ et al.). REFERÊNCIAS CICEK, T.; DHAMO, B.; WOLVIUS, E. B.; WESSELINK, P. R. et al. Effectiveness of the new mandatory mouthguard use and orodental injuries in Dutch field hockey. Phys Sportsmed, 49, n. 4, p. 455-462, Nov 2021. CORDEIRO, J. B. F.; FORTE, L. B.; NERI, J. R.; SANTOS, S. E. et al. Fatores etiológicos e prevalência de lesões bucofaciais em surfistas de Fortaleza. CORRAL, C.; MERCADO, M.; LATAPIAT, A.; VELIZ, A. et al. Protector bucal por laminado a presión en paciente deportista. DÍAZ VALDÉS, L.; VALLE LIZAMA, R. L.; RODRÍGUEZ ORTIZ, M. Nivel de información sobre protectores bucales y avulsión dentaria en entrenadores deportivos. LLOYD, J. D.; NAKAMURA, W. S.; MAEDA, Y.; TAKEDA, T. et al. Mouthguards and their use in sports: Report of the 1st International Sports Dentistry Workshop, 2016. Dent Traumatol, 33, n. 6, p. 421-426, Dec 2017. LOPES, L. B. P. M.; FERREIRA, J. F. Dental trauma in contact sports. PASTORE, G. U.; MOREIRA, M.; BASTOS, R.; GALOTTI, M. et al. ODONTOLOGIA DO ESPORTE - UMA PROPOSTA INOVADORA. PINHEIRO, G. H. C.; SOUSA, L. A. D.; SIGUA-RODRIGUEZ, E. A.; GOULART, D. R. Prevalence of facial trauma in contact sports practitioners in the Federal District of Brazil. ROSA, A. F.; COSTA, S. B. D.; SILVA, P. R. S.; ROXO, C. D. M. N. et al. Estudo descritivo de alterações odontológicas verificadas em 400 jogadores de futebol. SAMPAIO, E. S.; TAVARES, R. A.; DRUMOND, C. L.; LISBOA, J. L. et al. Atitudes imediatas dos praticantes de artes marciais frente à avulsão dentária. TSUCHIYA, S.; TSUCHIYA, M.; MOMMA, H.; SEKIGUCHI, T. et al. Factors associated with sports-related dental injuries among young athletes: a cross- sectional study in Miyagi prefecture. BMC Oral Health, 17, n. 1, p. 168, Dec 29 2017. ALVES, D. C. B.; ANJOS, V. D. L. D.; GIOVANNINI, J. F. B. G.; LIMA, R. P. E. et al. Odontologia no esporte: conhecimento e hábitos de atletas do futebol e basquetebol sobre saúde bucal.
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