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PROTETORES BUCAIS E SUA RELAÇÃO COM A PRÁTICA ESPORTIVA Breno Rodrigues Paulino1; Davi da Silva Alves1; Prof. Dr. Carlos Bandeira Junior2 ; Dr. Luiz Felipe Rodrigues Siqueira3 RESUMO INTRODUÇÃO: O esporte tem um papel fundamental para o estilo de vida das pessoas, porém sua prática podem provocar diversas lesões bucais. Desse modo, a segurança do atleta deve ser garantida sendo necessário o uso de protetores bucais OBJETIVOS: O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão de literatura do uso de protetores bucais na prática de esportes METODOLOGIA:Foram realizada busca de artigos a partir das bases de dados como, o Google Acadêmico e Pub Med. Os artigos selecionados têm a finalidade de nos esclarecer maiores dúvidas a respeito dos protetores bucais, como forma de prevenção durante as atividades esportivas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: É notável que o uso do protetor bucal reduz e pode até prevenir os traumas dentais, como consequência, o atleta sente uma segurança a mais no desempenho desportivo PALAVRAS-CHAVE: Lesões bucais, Protetores bucais, Traumas dentais. 1Acadêmico do Curso de Odontologia da Universidade Salgado de Oliveira 2Orientador: Prof. do Curso de Odontologia da Universidade Salgado de Oliveira 3Co-orientador INTRODUÇÃO O esporte tem um papel fundamental para o estilo de vida das pessoas que o praticam, sendo eles boxe, jiu-jitsu, karatê, futebol ou até mesmo aqueles que são praticados por lazer, podendo provocar desde micro à macrofraturas dentais, resultando em danos maiores as estruturas orofaciais, tais como fraturas nos maxilares e avulsão dentária (GOMES et al., 2014). Desta forma, o atleta deve receber máxima atenção durante a prática de esportes, para que não ocorra possível injúrias, como lesões dentais, que representam uma parte significativa entre as causas do traumatismo dentário, além de sofrer lesão em tecido mole da boca como língua, bochechas e lábios (ARAÚJO et al., 2020). Uma solução para a prevenção de traumas dentários em esportes trata- se do uso de protetores bucais, pois mantém os tecidos moles afastados dos dentes. Sendo assim, este mecanismo de proteção podem apresentar algumas funções como: amortecimento de golpes frontais diretos contra dentes anteriores, absorvendo e redistribuindo as forças do impacto por toda a arcada,evitar danos as cúspides ou às restaurações dos dentes posteriores causados pelo impacto de dentes antagonistas. (ARAÚJO et al., 2020) Ou seja, é de grande importância em esportes de alto nível o uso de protetores bucais, pois em sua prática é considerável o acarretamento de riscos de lesões dentárias. Para que esse procedimento seja realizado, é de suma importância protetores fabricados sob medida que de forma trabalhada o odontológo conseguirá proporcionar ao atleta melhor condicionamento, fabricando o protetor de acordo com a sua respectiva arcada. Trazendo não só segurança, como o auxilio em vantagens psicológicas, consequentemente aumentando a confiança do atleta em suas partidas.(NEWSOME, TRAN, COOKE, 2001). METODOLOGIA A metodologia utilizada para a confecção desta revisão de literatura foi realizada por meios de artigos científicos, encontrados a partir das bases de dado como: Google Acadêmico e Pub Med, utilizando as palavras chaves: protetores bucais, lesões dentais, odontologia do esporte, na língua portuguesa e inglesa. Os artigos selecionados têm a finalidade de nos esclarecer maiores dúvidas a respeito dos protetores bucais, como forma de prevenção durante as atividades esportivas. REVISÃO DE LITERATURA O protetor bucal surgiu no final do século XIX e era feito de borracha. Somente em 1921 é que surgiu um protetor reutilizável, criado por Philp Krause. Com isso, a partir de 1963, a federação nacional da associação de esportes americana determinou o uso de protetores bucal durante as práticas esportivas de contato direto, como artes marciais, lutas e boxe. (ANACLETO; SCHNEIDERS; SANTOS, 2007). Para Anacleto, Schneiders, Santos (2007) as principais características ideais dos protetores bucais é que devem prevenir lesões labiais, gengiva e dentes, não podendo obstruir ou dificultar a respiração, a fala ou ser desconfortável, além de recobrir todos os dentes do arco, exceto os 3° molares. Com isso, deve apresentar boa retenção, ser indolor, resistente, ter espessura adequada e ter mínima interferência oclusal. Acredita-se que os protetores bucais ajudam a reduzir as lesões orofaciais, atuando como dispositivo de absorção de impacto que dissipam a energia de um golpe traumático evitando a força direta nas estruturas orais, e servindo como um amortecedor entre a mandíbula e maxila, dessa forma reduzindo a gravidade das lesões relacionada ao deslocamento do côndilo mandibular, como luxação côndilar e trauma na articulação temporomandibular. (BAHAR & OZEL, 2014). Segundo Souza (2017) há várias lesões orofaciais, onde fraturas diretas dos dentes e lacerações de tecido mole são as mais comuns. Geralmente, os traumas quando relacionados com a prática de esportes requerem tratamentos diferenciados, como medicações, cirurgias e internações. Sendo assim, podendo interferir na carreira do atleta, por questões financeiras, a mudança de rotina e afastamento do esporte, durante o período de recuperação. Cabe ressaltar, que é de extrema importância o estabelecimento de políticas e medidas de proteção, durante as atividades esportivas, uma vez que a maioria dos traumas poderiam ser facilmente prevenidos. De acordo com Bahar & Ozel (2014), em caso de trauma dentofacial, podem observar as seguintes situações: fratura coronária, fratura coroa-raiz, fratura radicular, concussão e subluxação dentária, extrusão e luxação lateral, intrusão, lesões por avulsão e fratura do processo alveolar, com base nas recomendações da OMS. Figura 1. Trauma em esmalte (círculo) e esmalte e dentina (retângulo) (A); fratura coronária envolvendo esmalte, dentina e polpa (B); exposição pulpar (C). Figura 2. Avulsão dentária. Figura 3. Fratura coronária e radicular vertical (A); fratura radicular horizontal (B); luxação intrusiva (C). Lesões orofaciais sofridas durante atividades esportivas têm implicações generalizadas e problemáticas. Tais lesões podem impactar aspectos físicos, psicológicos e sociais do período de crescimento. As lesões orofaciais podem resultar em anormalidade na esfoliação dos dentes decíduos, falha na erupção dos dentes permanentes, hipoplasia, abscessos com perda dentária resultante e apinhamento dentário. Desta maneira essas deformações têm o potencial de causar problemas em termos de função, fonação, estética e bem-estar psicológico (BAHAR & OZEL, 2014). De acordo com a American Dental Associantion e a International Academy of Sports Dentistry, listou 29 esportes ou exercícios que são indicados à necessidade do uso de protetor bucal, dentre eles pode-se citar: basquete, squash, acrobacia, ciclismo, ginastica, boxe, esportes radicais, handebol, artes marciais, futebol entre outros. (BAHAR & OZEL, 2014). Para Gomes et al. (2014) as lesões orofaciais são maiores em esportes de contato. Segundo a Associação Paulista de Odontologia Desportiva (APOD), concluiu que esportes como Boxe, Handball, Karatê, Futebol, Kung Fu, Jiu-Jitsu são responsáveis pela maioria dos traumatismos dentários, e de fraturas nos maxilares. Já outros estudos verificaram que na prática de judô ocorrem contusão do tipo orofaciais, já no Tae-kwon-do algumas são lesões corporais, e outras orofaciais. Cabe ressaltar que os traumas dentais ocorridos por práticas de esportes representam o terceiro atendimento mais procurado, demonstrando um relevante problema odontológico de origem desportiva. Desta maneira, a providência de medidas preventivas podem reduzir o númeroe o grau das lesões nas estruturas da face. Consequentemente, estas medidas ganharam popularidade considerável durante a última década, reduzindo o número de traumas orofaciais. Contudo, a Academia Americana de Odontologia Esportiva relata que quando é utilizado o protetor bucal durante a prática esportiva, há uma redução de até 80% das possibilidades de injúrias bucodentais. (GOMES et al., 2014). De acordo com Parker et al. (2017) existem três tipos de protetores bucais: pré-fabricado de estoque, pré fabricado termoplástico e o individualizado. Os protetores bucais pré-fabricados de estoque, por serem “pré- fabricados”, não são ajustados especificamente ou adaptados ao paciente. Eles vêm em tamanhos diferentes (P, M, G), onde o paciente escolhe seu próprio tamanho de melhor ajuste. Geralmente, é o tipo mais barato de protetor bucal e estão prontamente disponíveis em muitas lojas de varejo, incluindo lojas de esportes, lojas de departamento e farmácias. (PARKER et al.,2017) Já os protetores bucais do tipo termoplástico, é conhecido como “aquece e morde” ou moldável, pois são feitos de material termoplástico que se torna macio e moldável quando aquecido. É aquecida uma borda termoplástica por um em água quente e depois colocada na boca do atleta e moldada por mordida e sucção. Esses protetores bucais tem um ajuste ruim nos dentes, apresentam baixa retenção e tendem a serem finos sobre os dentes proeminentes que são propensos a danos. (PATRICK, NOORT, FOUND, 2004). Por fim, os individualizados, conhecido como protetores bucais feitos sob medida. São fabricados por laboratórios de prótese dentária a partir de impressões dentárias. Geralmente são feitos de polietileno vinil acetato (EVA). O encaixe do protetor bucal é verificado pelo dentista ou ortodontista e geralmente tem um ajuste melhor do que os termoplásticos e de estoque, por serem especificamente adaptado ao paciente. As principais desvantagens dos protetores bucais feitos sob medida, são que eles envolvem pelo menos uma consulta odontológica e possuem um alto custo. (PARKER, NOORT, FOUND, 2017). Embora o protetor bucal sob medida ser a opção mais cara, a literatura recomenda seu uso, por apresentarem boa retenção, conforto, menos interferência da fala e da respiração. (ADA, 2006) Figura 4. Protetor bucal pré-fabricado de estoque(A); Protetor bucal pré-fábricado termoplástico(B); Protetor bucal invidualizado(C). DISCUSSÃO No Brasil a importância do profissional da odontologia presente no esporte ainda é bastante ignorada, desprezando que cirurgião-dentista é o principal responsável em prevenir lesões bucais, já que no Brasil, são poucos esportes que regulamentam o uso de protetores bucais obrigatórios (Silveira et. Al., 2012) As lesões orofaciais sofridas na prática de esportes são diversas, podendo resultar em danos e gravidades diferentes, embora a literaratura mostre que a maioria se concentra em fraturas dentais e lacerações de tecido mole, mais frenquetemente no lábio superior e incisivos centrais. A melhor forma de minimizar as sequelas produzidas por esses acidentes é com o uso do protetor bucal. (SOUZA, 2017) Segundo Silveira et al, (2013) os protetores bucais são dispositivos confeccionados de vinil ou de borracha, para proteger os dentes e tecidos adjacentes de traumatismo durante a prática de esporte. Os protetores reduzem e as vezes até eliminam os traumastimos especialmente na região anterior da cavidade oral, mas também são efetivos na proteção de fraturas coronais e radiculares, descolamentos, avulsões, lacerações de tecido mole entre outro. Para a maior eficácia do protetor bucal, ele deve recobrir todas as superfícies oclusais, prologando-se na vestibular até 3mm do sulco, e por lingua entre 4 e 6mm, com a espessura reduzida dentro dos limites de dimensão vertical de repouso (MARINATO et al., 2018). Infelizmente, os protetores mais conhecidos e mais usados são os menos indicados , o de estoque (tipo I) e o termoplástico (tipo II). O tipo I oferece proteção limitada por não adaptar-se bem, interferindo na fala e na respiração do atleta. Podem ser encontrados em lojas esportivas, possuem tamanho padrão, confeccionados de borracha, cloro poli vinil ou acetato-polivinil. Sua retençao somente é conseguida quando os arcos estão em oclusão. Sendo o protetor mais utilizados pelos atletas, devido seu baixo custo (ANACLETO, SCHNEIDERS, SANTOS, 2007). Já o tipo II, também conhecido como “ferve e morde”, sendo menos volumosos e mais confortáveis que os anteriores, porém não possui uma retenção ideal, por não ser feita nas medidas corretas do arco dentário do atleta. Confecionados de acetato polivinilíco. Apresenta como desvantagem a distorção dureza e a insensibilidade aos fluídos bucais. Assim, o protetor bucal mais recomendado é o tipo III (individualizado), o mesmo é personalizado com o molde de dentição do atleta pelo cirurgião-dentista, eles oferecem um adaptação adequada, melhor retenção e proteção do que os outros, proporcionando conforto e não interferindo na respiração do atleta.Este protetor requer visitas ao consultório odontólogico, portanto seu custo é maior. (ANACLETO, SCHNEIDERS, SANTOS, 2007). CONCLUSÃO É notável que, os protetores bucais tem grande eficácia na prevenção de traumas orofaciais, promovendo mais segurança, qualidade na prática de esportes, e melhor desempenho. Com base na literatura, foi concluído que, os individualizados são mais recomendados por apresentarem maior retenção e conforto ao paciente, porém possui maior custo e visitas odontológicas. Entretanto, os “pré-fábricados” apesar de não serem os mais indicados, são mais utilizados pelos atletas, pelo seu baixo custo, facilidade de acesso, ou até mesmo por conhecimento de qual seria o modelo ideal. REFERÊNCIAS ADA Council on Access, Prevention and Interprofessional Relations; ADA Council on Scientific Affairs. Using mouthguards to reduce the incidence and severity of sports- related oral injuries. J Am Dent Assoc. 2006 Dec;137(12):1712-20; quiz 1731 ARAUJO, S.A.F et al. Conhecimento dos acadêmicos de odontologia e educação física sobre o uso dos protetores bucais durante práticas esportivas. Brazilian Journal Of Surgery And Clinical Research. Vol.31,n.2,pp.60-64 (Jun-Ago 2020) ANACLETO F.N, SCHNEIDERS R, DOS SANTOS J.F.F. Uso de protetores bucais nas práticas esportivas. 2007 Tuna E.B, Ozel E. Factors affecting sports-related orofacial injuries and the importance of mouthguards. Sports Med. 2014 Jun;44(6):777-83. GOMES I.A et al. Importância do uso do protetor bucal na prevenção de traumas dentais durante a prática esportiva - artigo de revisão. Rev Pesq Saúde, 15(2): 304- 308, maio-agost,2014. NEWSOME P.R, TRAN D.C, COOKE M.S. The role of the mouthguard in the prevention of sports-related dental injuries: a review. Int J Paediatr Dent. 2001 Nov;11(6):396-404. PARKER K, MARLOW B, PATEL N, GILL D.S. A review of mouthguards: effectiveness, types, characteristics and indications for use. Br Dent J. 2017 Apr 21;222(8):629-633. PATRICK D.G, VAN NOORT R, FOUND M.S. Scale of protection and the various types of sports mouthguard. Br J Sports Med. 2005 May;39(5):278-81. SANABE M.E, CAVALCANTE L.B, COLDEBELLA C.R, ABREU-E-LIMA F.C.B. Urgências em traumatismos dentários: classificação, características e procedimentos. Rev. paul. pediatr. [online]. 2009, vol.27, n.4 SIZO S.R et al. Avaliação do conhecimento em odontologia e educação física acerca dos protetores bucais. Rev Bras Med Esporte – Vol 15, n.4 – Jul/Ago, 2009 SOUZA, B. C. Lesões Orofaciais em Atletas. Brazilian Journal Of Surgery and Clinical Research, v. 20, n. 1, p. 143-146, 2
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