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RELAÇÕES DE PODER PARA MICHEL FOUCAULT SOCIOLOGIA 1) Introdução a. Foucault estudou o poder não para criar uma teoria de poder, mas para identificar os sujeitos atuando sobre outros sujeitos b. Foucault acreditava ser possível a luta contra padrões de pensamentos e comportamentos, mas impossível se livrar das relações de poder c. Ao estudar as condições de possibilidade para o surgimento e constituição do sujeito, Foucault mostra quão relativa é a realidade d. Foucault acreditava que os acontecimentos deveriam ser considerados em seu tempo, história e espaço e. Se as regras, as instituições, a verdade e os tipos de relações de poder são relativos ao tempo, história e espaço, quer dizer que nada é essencial, imutável ou inquestionável. -> Nada é essencialmente “fundamental” f. Ou seja, “novos mundos” em tempo, história e espaço diferentes resultariam em novas relações de poder g. O poder em Foucault é pensado como relação, ele raramente usa a palavra poder, mas a expressão - relações de poder - e quando usa a primeira é sempre no sentido da segunda. h. O poder pensado como relações de poder traz a ideia de força, a força nunca está no singular, ela tem como característica essencial estar em relação com outras forças, além disso, toda força já é relação, isto é, não tem objeto nem sujeito. i. O poder só existe em ato, apenas se exerce poder, nunca se tem poder. j. O poder não possui um determinado lugar na sociedade como se analisado pela teoria política clássica (por exemplo, figura do Rei, do Papa, do Executivo) onde é claramente identificável ou “Macrofísico” ... Macroscópico -> Para Foucault o poder é microfísico, está presente em todas as relações sociais (por exemplo, relação familiar, escola, grupo de amigos) k. Todos exercem o poder e sofrem o exercício do poder l. A liberdade é condição para a existência de poder (o filho obedece ao pai pois acredita na sua autoridade, considera sua palavra sábia, ou apenas tem medo de ficar de castigo) 2) Agora que temos uma ideia geral das relações de poder em Foucault, vamos analisar 5 pontos destacados em sua teoria a. O poder se exerce i. Poder não é posse, é uma ação que está em constante mutação, as relações de poder variam com o contexto ii. Ou seja, o poder não é um bem, ninguém tem poder, se exerce o poder iii. Se você for promovido a chefe você ganha o direito de exercer poder sobre alguém, ao mesmo tempo sofre poder por os que estão acima b. As relações de poder são imanentes i. O poder emana das relações sociais, é um efeito delas e pertence a sua natureza, as relações de poder surgem naturalmente das relações sociais ii. pode-se pensar como se fossem duas coisas indissociáveis se temos sociedade e relações sociais existem relações de poder iii. Desde quando existe relação social, existem relações de poder entre as pessoas. c. O poder vem de baixo (superação da perspectiva marxista de lugares fixos para dominadores e dominados) i. As relações microscópicas de poder mantêm as relações macroscópicas de poder, ou seja, as percepções visíveis de poder (Rei, Papa etc.) são reflexos e são mantidas pelas que ocorrem em pequena escala ii. Para Foucault, o patrão exerce poder sobre o trabalhador, mas o trabalhador também exerce poder sobre o patrão iii. Para relacionar com a questão da liberdade (ver tópico 1, item L), caso as greves sejam criminalizadas e o trabalhador for impedido de resistir (exercer sua relação de poder) não seria mais uma relação de poder, iniciaria uma relação de dominação d. As relações de poder são intencionais i. Ninguém exerce poder “sem querer” ii. Todo poder é estratégico, quem exerce o poder possui uma intenção e quem obedece também obedece conscientemente iii. O objetivo de quem exerce o poder não necessariamente é originado de um sujeito especifico, mas de um lugar político que aquele sujeito ocupa iv. O pai “Hélio” pode exercer poder sobre seus filhos, mandando-os estudar por exemplo, cuja importância não necessariamente surge do sujeito especifico “Hélio”, mas do lugar politico (pai) que ele ocupa, que se relaciona com um sistema educacional centralizado na nota, que se vincula a uma sociedade meritocrática e de livre concorrência e. Se há poder há resistência i. A resistência ao poder faz parte do poder, é uma condição de sua existência ii. Ou seja, desde quando existe poder, existe oposição a esse poder iii. A resistência é uma relação de poder que faz com que outras relações de poder mudem suas estratégias iv. Uma mudança de estratégia de ensino de um professor é uma resposta a uma resistência de um aluno v. Um chefe sempre terá que provar para seus funcionários a necessidade de obedecê-lo, seja mostrando porque ele está certo no que está pedindo ou ameaçando demitir quem o desobedeça. Do outro lado, o funcionário pode obedecer porque concorda com a visão do chefe ou porque não quer perder o emprego vi. As resistências podem ser capturadas, apropriadas e transformadas vii. Por exemplo: O uso de calça rasgada como uma resistência ao consumismo pode ser apropriado por empresas de moda que adota a calça rasgada ao seu catálogo 3) Apontamentos sobre Promoção da Saúde e o pensamento de Michel Foucault - A noção foucaultiana de biopoder será utilizada como instrumento para problematizar a discursividade da promoção da saúde. a. Apresentando o conceito de biopoder: Em resumo, biopoder refere-se a uma técnica de poder que busca criar um estado de vida em determinada população para produzir corpos economicamente ativos e politicamente dóceis b. Um dos aspectos mais importantes para a promoção de saúde é o deslocamento nas políticas de saúde da centralidade da assistência médica para a convocação de todos para a gestão dos cuidados em saúde c. Outro aspecto de realce é uma compreensão mais ampliada do processo saúde-doença, afastando-se da ênfase no corpo doente na direção de evidenciar determinantes mais plurais, evidenciando um conceito ampliado de saúde como definido pela OMS d. A Politica Nacional de Promoção da Saúde permite uma analise a partir de dois aspectos i. O primeiro afirma o caráter progressista, o projeto da Nova Promoção da Saúde “representa um esforço de atualização dos compromissos com o bem comum, a equidade social e os princípios democráticos” (Carvalho, 2004, p. 671) ii. O segundo considera que os discursos da promoção da saúde refletem a ótica das formações neoliberais, individualistas, voltado para a regulação e a vigilância e. A problematização da promoção de saúde na perspectiva do biopoder em Foucault se dá justamente pela presença de relações de poder que possuem o “proposito de promover a saúde” -> Não coma gordura! Não beba! Não Fume! f. Também se faz a analise do conceito de normalidade e de como o que foge disso é enquadrado como estranho. Processos de classificação e exclusão REFERÊNCIAS SANTOS, P. R. A concepção de poder em Michel Foucault. Especiaria: cadernos de ciências humanas, Santa Catarina, v. 16, n. 28, p. 261-280, jan./jun. 2016. FERREIRINHA, Isabella Maria Nunes, e Tânia Regina Raitz. “As relações de poder em Michel Foucault: reflexões teóricas”. Revista de Administração Pública, vol. 44, no 2, abril de 2010, p. 367–83. DOI.org (Crossref), https://doi.org/10.1590/S0034-76122010000200008. FERREIRA NETO, João Leite, et al. “Apontamentos sobre promoção da saúde e biopoder”. Saúde e Sociedade, vol. 18, no 3, setembro de 2009, p. 456–66. DOI.org (Crossref), https://doi.org/10.1590/S0104-12902009000300010. https://doi.org/10.1590/S0034-76122010000200008
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