Buscar

MICHAEL FOUCAULT

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MICHAEL FOUCAULT
Primeiramente é importante compreender que Foucault não buscou apresentar uma Teoria do PODER, mas apontou caminhos para identificar de que forma os sujeitos atuam sobre os outros sujeitos. Ele preferia chamar de “cuidados metodológicos” ou perspectiva analítica, mas não uma teoria com “T” maiúsculo.
Diferentemente da tradição da Ciência Política, para Foucault o poder não está localizado ou centrado em uma instituição, e nem tampouco como algo que se transmite por meio de contratos jurídicos ou políticos. Enquanto na teoria política tradicional se atribui ao Estado o monopólio do poder, em Foucault nota-se a existência de uma espécie de rede de microfísica do poder articulado ao Estado e que atravessa toda a estrutura social. Desta forma, para ele, é importante ver como o poder se relacionam com a estrutura mais geral do poder, no caso, o Estado. Trata-se, assim, de uma leitura ascendente das relações de poder. Em suas palavras,
.
Trata-se (…) de captar o poder em suas extremidades, em suas últimas ramificações (…) captar o poder nas suas formas e instituições mais regionais e locais, principalmente no ponto em que ultrapassando as regras de direito que o organizam e delimitam (…) Em outras palavras, captar o poder na extremidade cada vez menos jurídica de seu exercício. (FOUCAULT, 1979, p.182).
.
É importante estarmos atentos ao fato de que Foucault não nega a importância do Estado, mas demonstra que as relações de poder ultrapassam o nível estatal e está presente por toda a sociedade, estando “dissolvida” por todo o tecido social.
 .
Para Foucault o poder é uma prática social constituída historicamente. São formas díspares, heterogêneas, em constante transformação. Constata Foucault que o poder está por toda parte e provoca ações e uma relação flutuante, não estando em uma instituição nem em ninguém. Não está no rei, no presidente, em uma pessoa, mas nas relações sociais existentes, sendo ações sobre ações.
 .
Foucault aborda arte de governar por duas óticas: ascendente e descendente.  Na ótica ascendente, Foucault (1979, p.281) afirma que “aquele que quer poder governar o Estado deve primeiro saber se governar, governar a sua família, seus bens, seu patrimônio”. Com relação a ótica descendente nota-se que “quando o Estado é bem governado, os pais de família sabem governar suas famílias, seus bens, seu patrimônio e por sua vez os indivíduos se comportam como devem”.
 .
As relações de poder, seja pelas instituições, escolas, prisões, foram marcadas pela disciplina e por ela que as relações de poder se tornam mais facilmente observáveis, pois é por meio da disciplina que estabelecem as relações: opressor-oprimido, mandante-mandatário, subordinador-subordinado, etc. Trata-se de uma relação assimétrica que institui a autoridade e a obediência, e não como um objeto preexistente em um subordinador. Trata-se de uma concepção do poder que se irradia da periferia para o centro, de baixo para cima, que se exerce permanentemente, dando sustentação à autoridade.
 .
Desta forma, o poder em Foucault é um conjunto de relações que produz assimetrias e age de forma permanente, se irradiando de baixo para cima, sustentando as instâncias de autoridade, sobretudo os “poderes” instituídos do Estado.
 .
.
Referência 
FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Organização e tradução de Roberto Machado. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1979.
 
Filósofo francês, Michel Foucault é conhecido por suas teorias acerca da relação entre poder e conhecimento, e como estes são usados para o controle social através das instituições. Iniciou seu trabalho com uma aproximação do movimento teórico em antropologia social conhecido como estruturalismo, do qual veio a se distanciar mais tarde, que lhe rendeu o desenvolvimento de uma técnica historiográfica própria, a qual chamou "arqueologia".
Foucault procurou colocar sua posição filosófica em prática, tornando-se membro ativo de diversos grupos envolvendo campanhas anti-racismo, anti-abusos de direitos humanos e lutas por reformas do sistema penal. Entre seus trabalho mais relevantes estão A Arqueologia do Conhecimento, Vigiar e Punir, e História da Sexualidade, nos quais desenvolveu seus métodos arqueológicos e genealógicos de leitura histórica, através dos quais enfatizava o papel do poder na evolução do discurso em sociedade.
De acordo com o filósofo americano Philip Stokes, de forma geral, o trabalho de Foucault é obscuro e pessimista, mas permite algum espaço para o otimismo, na medida em que ilustra como a filosofia pode nos auxiliar a enxergar áreas de dominação. Stokes afirma ainda que, ao enxergarmos estas áreas com maior clareza nós somos capazes de entender como somos dominados e conceber estruturas sociais que minimizem o risco da dominação. Em todos estes desenvolvimentos, de acordo com a forma como Stokes vê a filosofia de Foucault, deve imperar a atenção aos detalhes, são os detalhes que individualizam as pessoas.
Posteriormente Foucault defendeu que o seu trabalho tratava de caracterizar os diferentes modos pelos quais a sociedade expressa o uso do poder para objetificar os sujeitos. Diferindo de interpretações gerais que entendiam seu trabalho como uma tentativa de analisar o poder como um fenômeno. O ponto que subjaz todo o trabalho de Foucault é a relação entre poder e conhecimento. O autor procurava entender como o conhecimento é usado para controlar e definir o poder. Esta pesquisa tomou três formas especificas:
1. A autoridade científica que classifica e ordena o conhecimento acerca das populações humanas.
2. A categorização dos sujeitos humanos em padrões normativos, identificando elementos como problemas mentais, características físicas e doenças.
3. Uma tentativa de compreender como o impulso de padronizar a identidade sexual acaba por ser uma espécie de treinamento de rotinas e práticas que levam a reprodução dos padrões estabelecidos na sociedade da qual o sujeito faz parte.
A conexão entre estes três itens está na afirmação de que, aquilo que a autoridade afirma ser conhecimento científico seria na verdade uma forma de controle social. Foucault defende que não há conhecimento científico genuíno e que, por exemplo, a loucura seria meramente uma classificação para marginalizar sujeitos indesejados pelo padrão da sociedade.
O filósofo Richard Rorty argumentou que a chamada arqueologia do conhecimento de Foucault não apresenta qualquer aspecto positivo, ao falhar no estabelecimento adequado de qualquer nova teoria do conhecimento, sendo fundamentalmente negativa, ao apenas recusar a teoria do conhecimento estabelecida. De acordo com Rorty, tudo que Foucault faz é apresentar algumas máximas acerca de como a história deve ser lida, mas nenhuma teoria realmente estruturada. Embora traga bons lembretes sobre como ler a história sem prender-se a assunções historiográficas antigas.
Referências bibliográficas:
FOUCAULT, M. "Soberania e disciplina". In: Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
GUATTARI, F.; ROLNIK, S. "Cultura: um conceito reacionário?". In: Micropolítica: cartografias do desejo. Petrópolis: Vozes, 1996.
MILLER, James. The Passion of Michel Foucault . New York: Simon and Schuster, 1993.
MARSHALL, J. On what we may hope: Rorty on Dewey and Foucault. Studies in Philosophy and Education, New York, v. 13, n. 3-4, p. 307-323, Sept. 1994.

Continue navegando